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Relatório do II Seminário Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso: avaliação dos avanços e novos desafios Cuiabá – Mato Grosso, 20-21 de Agosto de 2012 Organização: ICV, SEMA-MT e CIPEM Parceria: IBAMA Apoio: FIEMT e Climate Works Fundation

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Relatório do II Seminário

Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato

Grosso: avaliação dos avanços e novos desafios

Cuiabá – Mato Grosso, 20-21 de Agosto de 2012

Organização: ICV, SEMA-MT e CIPEM

Parceria: IBAMA

Apoio: FIEMT e Climate Works Fundation

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

2

RESUMO EXECUTIVO

Apesar de grandes avanços desde 2006, a gestão florestal de Mato Grosso ainda

apresenta vários gargalos no monitoramento e controle da exploração madeireira. Além dos

entraves administrativos que continuam dificultando o bom desenvolvimento da atividade, o

problema central é a persistência de um alto nível de exploração ilegal, principalmente fora

dos Planos de Manejo Florestal Sustentável. A maior parte dessa produção não autorizada

acaba sendo “legalizada”, aproveitando-se de várias brechas nos diferentes componentes do

sistema de monitoramento e controle. Essa situação gera prejuízos não somente ao meio

ambiente, como também ao próprio setor, criando uma concorrência desleal para aqueles que

trabalham na legalidade.

Partindo desse diagnóstico compartilhado, organizações da sociedade civil e

representações do setor florestal vêm colaborando com os órgãos ambientais em busca de

soluções. O Instituto Centro de Vida (ICV), o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras

de Madeira (CIPEM) e a Secretária de Estado de Meio Ambiente (SEMA/MT), realizaram em

Agosto de 2012 em Cuiabá, com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

recursos naturais (IBAMA), o II Seminário sobre o tema.

O primeiro resultado desse encontro foi a constatação de que a situação evoluiu pouco

de um ano para o outro: de forma geral, os problemas continuam os mesmos e muitas das

soluções propostas no I Seminário, de 2011, ainda não foram implementadas. O principal fator

identificado para reverter isso é o investimento e compromisso governamental. Nesse sentido,

tanto a SEMA/MT quanto o IBAMA estão desenvolvendo novas versões de seus sistemas de

controle, o SISFLORA e o DOF, respectivamente, que devem contribuir para resolver parte das

fragilidades apontadas.

Além disso, o encontro permitiu aprofundar mais o diagnóstico e as propostas de

melhoria. Na sequencia, os organizadores detalharam as ações e acordaram uma agenda de

compromissos cujos principais elementos são:

Implementação do projeto de reestruturação do licenciamento ambiental na SEMA-

MT, incluindo a adequação das bases de dados e das normas e procedimentos do

manejo florestal;

Renovação dos sistemas de controle florestal, com a implementação do SISFLORA

2.0 e do DOF 2.0, junto com o refinamento dos índices de conversão no

processamento da madeira;

Melhor coordenação entre o IBAMA e a SEMA/MT na fiscalização da exploração

florestal, considerando a nova legislação federal em vigor;

Fortalecimento do monitoramento do manejo florestal, por meio de novas

ferramentas nos sistemas, de instrumentos de sensoriamento remoto, da melhoria

dos relatórios entregues pelos responsáveis técnicos e da revisão do formato das

vistorias em campo;

Aprimoramento da transparência das informações e da integração entre os

sistemas SIFLORA e DOF.

Com essas ações, espera-se uma melhora decisiva no monitoramento e controle

florestal, que beneficiará ao setor e a toda sociedade.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

3

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 5

2. APRESENTAÇÕES E DISCUSSÕES .......................................................................................................... 7

2.1 Abertura ....................................................................................................................................... 7

2.1 Atualização sobre o sistema de monitoramento e controle florestal .............................................. 7

2.3 Debate em plenária..................................................................................................................... 12

3. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................................................... 14

CONCLUSÕES........................................................................................................................................ 26

INDEX DAS TABELAS

Síntese dos problemas e propostas de melhoria dos sistemas de controle florestal identificados pelo

Cipem................................................................................................................................................... 11

Tabela 1: Resultados do grupo de trabalho sobre Licenciamento, autorização e monitoramento do

manejo florestal ................................................................................................................................... 15

Tabela 2: Resultados do grupo de trabalho sobre Gestão dos sistemas de controle dos estoques e

transporte de produtos florestais, incluindo a definição dos papéis de fiscalização, controle e auditoria

do sistema. ........................................................................................................................................... 20

Tabela 3: Resultados do grupo de trabalho sobre Integração e transparência dos sistemas de

informações ......................................................................................................................................... 23

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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SIGLAS

APP – Área de preservação permanente

AUTEX – Autorização de Exploração Florestal

CIPEM - Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso

DOF - Documento de Origem Florestal e Sistema Federal de controle florestal Federal

GF - Guia Florestal- Documento de transporte de produtos florestais usado pelo SISFLORA

GF1 – Modelo de guia florestal usada para transporte de toras

GF2 – Modelo de guia florestal usado para transporte de produtos florestais como o carvão

GF3 – Modelo de guia florestal usado principalmente para o transporte de madeira processada

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICV – Instituto Centro de Vida

IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

IN – Instrução Normativa

LAF – Licenciamento Ambiental Florestal

NFC – Novo Código Florestal

PMFS - Plano de Manejo Florestal Sustentável

RT – Responsável Técnico

SEMA/MT - Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso

SIMLAM - Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental

SISFLORA - Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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1.INTRODUÇÃO

Desde 2006, os Estados da Amazônia Legal passaram a compartilhar com a escala

federal as tarefas da gestão florestal. Em Mato Grosso, o monitoramento e o controle da

exploração florestal tornou-se assim, uma competência compartilhada entre Secretaria

Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos

Naturais Renováveis (Ibama). Para o controle da cadeia de exploração florestal, as duas

instituições implementaram, respectivamente, a nível estadual, o Sistema Integrado de

Monitoramento e Licenciamento Ambiental (Simlam) e o Sistema de comercialização e

transporte de produtos florestais (Sisflora) e, a nível federal, o sistema do Documento de

Origem Florestal (DOF).

Em 2011, o Instituto Centro de Vida (ICV), a Sema/MT e o Centro das Indústrias

Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem) organizaram o I Seminário de

Avaliação do Sistema de Monitoramento e Controle Florestal de Mato Grosso. Nessa ocasião,

os diferentes atores da gestão florestal do Estado identificaram problemas chave nos sistemas

de controle florestal e construíram coletivamente propostas de melhoria.

As mesmas instituições, em parceria com o Ibama, realizaram nos dias 20 e 21 de

Agosto de 2012 o II Seminário de Avaliação do Sistema de Monitoramento e Controle Florestal

de Mato Grosso. Além das instituições organizadoras, o evento contou com a participação de

representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Serviço Florestal Brasileiro (SFB),

Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Ministério Público Federal (MPF),

Sema/PA, Naturatins/TO, Sedam/RO, Sudema/PB, Sema/BA, Instituto de Proteção do Meio

Ambiente do Amazonas (Ipaam), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon),

Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Instituto

Floresta Tropical (IFT), Greenpeace, Instituto Ação Verde, WWF Brasil, ONF Brasil, Conservação

Internacional, além de outros órgãos do governo estadual, de prefeituras municipais, de

técnicos da área florestal e de representantes de empresas do setor florestal.

Partindo de um diagnóstico1 dos avanços com relação ao ano anterior e atualização

sobre os desafios do sistema, o evento organizou-se em palestras1, debates em plenária e

trabalhos em grupo, conforme a programação apresentada a seguir. Uma comissão composta

pelas instituições organizadoras e o Ibama reuniu-se novamente em 11 de Setembro de 2012

para consolidar os encaminhamentos.

O presente relatório apresenta um resumo das palestras e discussões e uma

consolidação dos resultados do seminário, enfocando os principais problemas levantados, as

soluções propostas e os respectivos encaminhamentos.

1 O relatório de avaliação e as apresentações realizadas durante o evento estão disponíveis na página do relato do evento no site do ICV: http://www.icv.org.br/quem_somos/noticias/governo_e_sociedade_concordam_que_controle_da_exploracao_florestal_em_mato_grosso_precisa_melhorar.icv

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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Programação do II Seminário sobre o Sistema de Monitoramento e Controle Florestal de Mato Grosso

20 de agosto de 2012

Período Bloco Palestra/ Atividade

14h30 –

15h00

Abertura - Vicente Falcão - Secretário de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso - Cibele Ribeiro - Superintendente do IBAMA em Mato Grosso - Laurent Micol - Coordenador Executivo do ICV - Álvaro Leite - Diretor Executivo do CIPEM

15h00-

18h00

Atualização sobre

o sistema de

monitoramento e

controle florestal

- Avaliação dos avanços e novos desafios no Sistema de Monitoramento e Controle Florestal de MT: Julio Bachega, Consultor do ICV

- Atualização sobre o CC-SEMA e SISFLORA e os trabalhos do Grupo de Trabalho sobre legislação do licenciamento ambiental: Suely Bertoldi, Secretária Adjunta SEMA-MT

- A situação do DOF e do sistema de controle federal: Sandro Yamauti, Coordenador da COMON-IBAMA

- Perguntas e respostas

21 de agosto de 2012

Período Bloco Palestra/ Atividade

08h00-

10h00

Fragilidades e

desafios do

sistema de

controle florestal

de Mato Grosso

- A ilegalidade na exploração florestal em Mato Grosso (Transparência do Manejo Florestal Mato Grosso): André Monteiro, IMAZON

- A visão do usuário: o que mudou nesse ano e quais são os problemas remanescentes: Vanderlei Nunes e Vanderlei Chruszak, CIPEM

- Perguntas e respostas

10h00-

11h00

Debate em

plenária

- As grandes prioridades para aprimorar o sistema de monitoramento e controle florestal de Mato Grosso

- Divisão dos grupos

11h00-

14h30

Trabalhos em

grupo sobre as

prioridades

identificadas

Grupos de trabalho:

- Licenciamento, autorização e monitoramento do manejo florestal

- Gestão dos sistemas de controle dos estoques e transporte de produtos florestais, incluindo a definição dos papéis de fiscalização, controle e auditoria do sistema

- Integração e transparência dos sistemas de informações

14h30-

18h00

Síntese e

conclusões

- Apresentação e discussão dos resultados dos grupos de trabalho

- Acordo inicial sobre os encaminhamentos

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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2. APRESENTAÇÕES E DISCUSSÕES

2.1 Abertura

Os representantes das instituições organizadoras (Sema/MT, ICV e Cipem) e parceira

(Ibama) compuseram a mesa de abertura.

Todos destacaram a importância do evento e do esforço conjunto entre os órgãos de

nível estadual e federal, o setor florestal e as organizações da sociedade civil para a melhoria

do sistema de monitoramento e controle florestal na Amazônia.

O Secretário Vicente Falcão justificou da demora em alguns encaminhamentos de

responsabilidade da Sema/MT pela necessidade de planejar as mudanças de forma cuidadosa

a fim de assegurar o sucesso das novas soluções a serem implementadas.

Laurent Micol do ICV comentou sobre os níveis ainda muito elevados de degradação

florestal e de ilegalidade na exploração florestal no Estado, gerando prejuízos não somente

ambientais como também econômicos.

Cibele Ribeiro do Ibama destacou a importância de eventos voltados para a

identificação coletiva de soluções e parcerias entre os diferentes atores do controle florestal.

Por fim, Álvaro Leite do Cipem sublinhou a importância do seminário de 2011, a

necessidade do planejamento e da execução de ações conjuntas e coordenadas entre o Ibama

e a Sema/MT e o valor desses esforços para melhoria do setor florestal em Mato Grosso.

2.2 Atualização sobre o sistema de monitoramento e controle florestal

Julio Bachega, consultor do ICV, apresentou o diagnóstico dos avanços e dos desafios

atuais nos sistemas de monitoramento e controle em vigor em Mato Grosso. Em seguida,

Suely Bertoldi, Secretária Adjunta de Mudanças Climáticas da Sema/MT, apresentou os

projetos de restruturação do Programa de Regularização Ambiental (PRA) e as consequências

para o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Paulo Miguel Renó, da Coordenadoria de Créditos de

Recursos Florestais da Sema/MT, completou as informações com uma apresentação dos

projetos de Sisflora 2.0 e de processo de manejo digital. Finalmente, Sandro Yamauti Freire,

coordenador de Monitoramento e Controle Florestal do Ibama, explicou como o DOF e o

sistema de controle federal estão sendo modificados para atender os desafios do

monitoramento e controle florestal no Brasil.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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2.2.1 Sistema de Monitoramento e Controle Florestal de Mato Grosso: Avaliação dos

avanços e novos desafios (ICV)1

Após um resgate do diagnóstico e das ações propostas no seminário anterior, o

consultor Julio Bachega apresentou uma avaliação da implementação destas ações, realizada

com a participação da Sema/MT, Ibama e Cipem. De forma geral, a avaliação apontou que, na

maioria, as soluções propostas ainda não tinham sido implementadas ou tinham sido

implementadas parcialmente.

Na sequência, descreveu os aspectos críticos do monitoramento e controle florestal

em Mato Grosso:

As fragilidades dos sistemas em termo de produção de relatórios e de

transparência da informação;

As diferenças de nomenclaturas de produtos entre os sistemas;

Os problemas relacionados aos índices de conversão;

A burocracia na emissão das autorizações de exploração florestal;

As insuficiências no monitoramento dos PMFS;

As incompatibilidades de volume existentes nos relatórios dos sistemas

disponíveis ao público.

A apresentação finalizou com uma reflexão sobre as implicações da Lei Complementar

140/2011 e do Novo Código Florestal, que requerem novos entendimentos sobre os papéis da

Sema/MT e do Ibama na fiscalização e controle florestal.

2.2.2 Projeto de Reestruturação dos procedimentos de Regularização Ambiental no âmbito

do Estado de Mato Grosso (Sema/MT)2

Os representantes da Sema/MT, Suely Bertoldi e Paulo Miguel Renó, apresentaram

elementos do projeto de reestruturação que pretende contemplar a maioria das melhorias

propostas no seminário de 2011. Esse projeto foi discutido no âmbito do Grupo de Trabalho

sobre a legislação do licenciamento ambiental3 formado para adequar a gestão florestal de

Mato Grosso de acordo com as mudanças na legislação federal.

1 Link para o relatório:

http://www.icv.org.br/w/library/27215relatorio_ii_avaliacao_monitoramento_controle_florestal_mt_2012.pdf Link para a apresentação: http://icv.org.br/w/library/90846julio_bachega_relatorio_consultor_icv.pdf 2 Link para as apresentações:

http://www.icv.org.br/w/library/87918suely_bertoldi_projeto__Semamt.pdf, http://www.icv.org.br/w/library/47591suely_bertoldi_cadastro_Semamt.pdf, http://www.icv.org.br/w/library/18084paulo_miguel_reno_sisflora_20_Semamt.pdf 3Participam desse GT instituições públicas (Sema/MT, Casa Civil, Assembleia Legislativa) e

algumas entidades de representação setorial (Cipem, Amef, Crea, Abrageo e Famato).

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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A reestruturação dos procedimentos para regularização ambiental de imóveis rurais

institui o Programa de Regularização Ambiental – PRA. As seguintes modificações foram

detalhadas:

Extinção da Licença Ambiental Única (LAU) e continuidade do Cadastro

Ambiental Rural (CAR) integrado ao Simlam e Sisflora;

Criação da Licença Florestal (LF), substituindo a LAU para as propriedades com

PMFS;

Criação da Certidão de Regularidade Ambiental (CA).

A reorganização do Simlam em volta do CAR, consequência da reestruturação,

pretende trazer mais agilidade e transparência no acompanhamento dos processos com a

disponibilização de termos de ajustamento de conduta (TAC), certidões emitidas, e outros

documentos que envolvem regularização e licenciamento ambientais.

Paralelamente, deverá ser implementada uma nova versão do Sisflora (Sisflora 2.0). A

principal inovação da nova versão do Sisflora é o processo de manejo digital, onde as árvores

são georreferenciadas no inventário e são monitoradas individualmente durante as fases de

abate, desdobro e transporte até o primeiro depósito. Esse acompanhamento da exploração

por árvore dará maior precisão no controle de volume explorado e do saldo de madeira real e

virtual.

Os palestrantes também deixaram claro que não se tem atualmente garantia de

recursos para implementação das propostas e sua sustentabilidade em longo prazo.

2.2.3 A situação do DOF e do Sistema de Controle Florestal (Ibama)1

O coordenador de Monitoramento e Controle Florestal do Ibama, Sandro Yamauti

Freire, apresentou o quadro de controle florestal federal baseado na implantação do Cadastro

Ambiental Rural (CAR), do Licenciamento Ambiental Florestal (LAF) e do novo sistema DOF.

Primeiro passo para o licenciamento ambiental de um imóvel rural, o CAR é um

registro público nacional obrigatório, similar ao já existente em Mato Grosso. Com o CAR, gera-

se um diagnóstico ambiental da propriedade com a indicação das florestas nativas

remanescentes e a localização das Áreas de Preservação Permanentes (APPs), da área de

Reserva Legal.

O Sistema de Licenciamento Ambiental Florestal (LAF) está em fase de construção na

fábrica de softwares do Ibama, com lançamento previsto para Junho de 2013. Trata-se de um

modelo a ser utilizado nos estados que não apresentam um sistema de licenciamento local. O

sistema deve centralizar a emissão de qualquer autorização2 no âmbito da propriedade rural

1 Link para a apresentação:

http://www.icv.org.br/w/library/17242sandro_yamauti_freire_dof_ibama.pdf 2Autorização para o uso alternativo do solo (pastagens, agricultura, carcinicultura), PMFS, supressão de

vegetação, exploração de floresta plantada, gerenciamento de Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad), Reposição florestal e Plano de Suprimento Sustentável (PSS).

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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cadastrada. Com a tramitação de diferentes documentos on line, o sistema deve possibilitar

uma atualização em tempo real e uma maior celeridade.

Controlando o transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de

origem nativa a nível federal, o sistema do Documento de Origem Florestal (DOF) está sendo

aperfeiçoado com a implantação de melhorias na segurança de acesso, bem como diversas

restrições e bloqueios relacionados a ilícitos, como ,por exemplo, as placas de veículos ou as

rotas inversas. Prevê-se também o incremento de módulos de análises gerenciais com alertas

automáticos e a implementação de um sistema DOF 2.0 que permitirá uma melhor adequação

à realidade produtiva e comercial dos usuários.

2.3 Fragilidades e desafios do sistema de controle florestal de Mato Grosso

André Monteiro apresentou as conclusões das análises do Imazon sobre a exploração

florestal em Mato Grosso de Agosto de 2010 a Julho de 2011. Em seguida, Vanderlei Nunes e

Vanderlei Chruszak, representantes do setor madeireiro, falaram sobre as dificuldades do

setor madeireiro enquanto usuário do sistema.

2.3.1 A ilegalidade da exploração florestal em Mato Grosso (Imazon)1

No estudo de Transparência do Manejo Florestal, o Imazon utiliza as bases de dados

dos sistemas Simlam e Sisflora e o tratamento de imagem de satélite para apurar a

regularidade dos PMFS, a qualidade do manejo executado, e a geografia da exploração legal e

ilegal. Nesse seminário o pesquisador André Monteiro apresentou os resultados do estudo

para o período de agosto de 2010 a julho de 2011.

O Imazon identificou casos de irregularidades ou inconsistências na exploração de

Planos de Manejo Florestal no Estado em 2% dos casos de Autorizações de Exploração florestal

analisados. Tais inconsistências incluíram: manejo autorizado não executado, porém

constando débito dos créditos no sistema; área explorada maior que a área autorizada; área já

desmatada antes da autorização de manejo; ou ainda manejo executado antes da autorização.

Outro aspecto levantado pelo Imazon foi a qualidade do manejo executado nos PMFS,

classificada como alta, intermediária e baixa. Entre 2010 e 2011, foi registrada uma redução da

área de manejo florestal de baixa qualidade – porém, este manejo de baixa qualidade ainda

representa 46% da área total de manejo, enquanto o de qualidade intermediária representa

51% e o de alta qualidade somente 3%.

O Imazon também mapeou toda a área onde ocorreu exploração florestal no Estado

no período analisado, permitindo distinguir a exploração autorizada em PMFS e PEF da

exploração não autorizada. Segundo esse levantamento, a área total explorada nesse período 1 Link para a apresentação: http://icv.org.br/w/library/85347andre_monteiro_ilegalidade_na_exploracao_florestal_em_mt_imazon.pdf O relatório completo está disponível no site do Imazon (www.imazon.org.br), na rubrica Transparência do Manejo Florestal.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

11

reduziu com relação ao ano anterior (foi 139 mil hectares em 2010/2011 contra 226 mil

hectares em 2009/2010), porém a proporção de área explorada ilegalmente aumentou,

passando de 41 para 47% do total. Nesse período, a exploração ilegal reduziu em áreas

protegidas e aumentou em assentamentos da reforma agrária, porém a grande maior parte

dela (99%) ocorreu em propriedades privadas.

Por fim, o desmatamento em áreas de PMFS está bem controlado, já que 99% da área

de manejo florestal cadastrada no Simlam continua conservada.

As informações foram validadas com a Sema/MT, porém o Cipem considera os dados

como provocativos e não conclusivos, sendo necessário que outras instituições apresentem

também análises sobre a legalidade/ilegalidade da exploração florestal em Mato Grosso.

2.3.2 A visão do usuário do sistema de monitoramento controle florestal (Cipem)

Os representantes do Cipem relacionaram algumas dificuldades encontradas pelos

usuários dos sistemas Sisflora e DOF, desde cadastro de pessoa física/ jurídica até

comercialização dos produtos florestais, e formularam sugestões de melhoria, conforme

segue:

Síntese dos problemas e propostas de melhoria dos sistemas de controle florestal identificados pelo Cipem

Problema Solução proposta

Demora para inclusão de usuário no Sisflora pela Sema/MT

Implementar um sistema de validação por certificação digital

Lançamento de informações perdido decorrente de baixa velocidade das conexões à internet

Criar a opção “salvar rascunho”

Desigualdade na competividade criada por exigências distintas entre o DOF e o Sisflora

Exigir do Ibama que implante sistema de exigências no DOF semelhante ao exigido no Sisflora, para nivelar os dois sistemas

Necessidade de recebimento de GF vencida em casos específicos

Incluir no Sisflora uma opção de justificativa para autorização de recebimento de GF vencida

Falta implantar sistema de identificação de veículos transportadores de cargas.

Relacionar o Sisflora com o número de Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM) do veículo informado para transporte

Falta de critério técnico para conceituar as rotas inversas

Capacitar os operadores dos sistemas sobre compatibilidade de rotas

Procedimentos complexos e muito demorados para devolução de carga de madeira

Adotar procedimentos para dar maior agilidade na geração de nova GF e DOF

Falta de classificação de beneficiamento secundário do Sisflora, provocando problemas no estoque

Adotar procedimentos semelhantes ao DOF no Sisflora e não classificar somente como produto acabado

Identificação botânica diferenciada entre o Indea e o Sisflora

Adotar um único método de identificação botânica e de produto acabado

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

12

Finalmente, foi sugerida a criação de um incentivo ao setor produtivo em atuar na

legalidade. A proposta foi a criação de um “selo verde” e divulgação midiática de boas notícias

relacionadas ao setor produtivo.

2.4 Debate em plenária

O debate em plenária organizou-se em torno de alguns temas prioritários para a

melhoria da gestão florestal: 1) as competências para fiscalização florestal, 2) a viabilidade de

se ter dois sistemas, 3) a segurança das informações e o monitoramento dos sistemas e 4) o

monitoramento da exploração e da cadeia de custódia.

2.4.1 As competências para fiscalização florestal

As recentes alterações da legislação definiram competências específicas de cada órgão

no âmbito da fiscalização. Sendo assim, é necessário traduzir essas alterações em termos de

planejamento conjunto e execução compartilhada. A fiscalização das indústrias madeireiras,

por exemplo, não pode ficar descoberta. Caso o Ibama venha a reduzir a fiscalização rotineira e

executar ações mais estratégicas, baseadas no monitoramento do sistema, essas atividades

teriam que ser assumidas pela Sema/MT. Porém, o órgão estadual não tem isso no seu

planejamento nem possui estrutura para aumentar o esforço de fiscalização. Por isso a

necessidade de um planejamento conjunto, repartindo entre os dois órgãos as atividades de

fiscalização a serem executadas.

2.4.2 A viabilidade da duplicidade de sistemas de controle florestal

No controle florestal, a Sema/MT e o Ibama apresentam, com o Sisflora e o DOF, dois

sistemas similares, porém distintos e ainda não completamente integrados. Considerando os

objetivos comuns e a atual fase de restruturação dos dois sistemas, foram feitas diversos

questionamentos pelos participantes sobre a viabilidade de se manter dois sistemas. A

unificação dos sistemas traria melhoria na fiscalização da exploração e operação dos mesmos e

permitira reduzir os gastos públicos.

No entanto, foi lembrado também que não se pode deixar de considerar as

especificidades e autonomia dos Estados na gestão florestal. O Sisflora tem algumas

funcionalidades mais desenvolvidas, além de ser adequado à realidade de Mato Grosso. Já o

sistema DOF, mesmo na nova versão, procura atender diferentes realidades e pode ter

limitações para implementar especificidades estaduais.

De toda forma, ficou claro que a agenda de integração dos sistemas e de colaboração

entre os órgãos no seu desenvolvimento e gestão deve avançar.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

13

2.4.3 A segurança das informações e o monitoramento dos sistemas de controle florestal

Outro aspecto discutido foi o da segurança das informações nos sistemas de controle

florestal. A implementação de captcha (teste de segurança), restrições de tentativas e outras

ferramentas como a utilização de certificado digital poderiam aumentar essa segurança.

Além disso, discutiu-se sobre a utilização de ferramentas automáticas para detectar

possíveis fraudes. Nesse aspecto, o bloqueio de rotas inviáveis e outras ferramentas

representaram um avanço, mas a as fraudes também se tornaram mais especializadas em e

difíceis de serem detectadas. Foi sugerido a utilização sistemática de blocos de comandos

acionados por gatilhos (triggers) baseados na checagem automatizada da consistência das

informações lançadas pelos operadores.

2.4.4 O monitoramento da exploração e da cadeia de custódia

Foi feito uma avaliação de que mesmo sistemas muito aperfeiçoados de controle

florestal só seriam eficazes para combater a exploração ilegal se houver um acompanhamento

efetivo das operações realizadas em campo – o monitoramento da exploração. Nesse sentido,

os sistemas podem ser considerados ferramentas de apoio a esse monitoramento, que podem

ajudar a viabilizá-lo e torna-lo mais eficiente, mas não podem substituí-lo totalmente. Isso

significa que é necessário também fortalecer o monitoramento, por exemplo, com a efetivação

das vistorias de acompanhamento, além de aperfeiçoar os sistemas.

Além disso, foi colocado que esse monitoramento precisa envolver toda a cadeia de

custódia. O monitoramento inverso da cadeia de custódia, partindo do mercado consumidor,

já apresentou bons resultados em outros setores produtivos e poderia ser desenvolvido no

setor florestal.

Outro tema chave a ser aprofundado em um segundo momento foi a questão da

qualidade das práticas de manejo e dos impactos da exploração florestal. Atualmente, mesmo

a exploração considerada legal emprega muitas vezes práticas exploratórias que

comprometem a integridade da floresta manejada e a viabilidade econômica do manejo no

longo prazo.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

14

3. CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS

Com base nos problemas e fragilidades diagnosticados e nas novas soluções apresentadas

pela Sema/MT e Ibama, dividiu-se a plenária em 03 Grupos de Trabalho (GT) para aprofundar a

reflexão sobre os seguintes temas:

1. Licenciamento, autorização e monitoramento do manejo florestal;

2. Gestão dos sistemas de controle dos estoques e transporte de produtos florestais,

incluindo a definição dos papéis de fiscalização, controle e auditoria do sistema;

3. Integração e transparência dos sistemas de informações.

As tabelas a seguir registram os resultados de cada um dos GT, incorporando os resultados das

discussões em plenária e o detalhamento dos encaminhamentos realizado na sequencia entre

Sema/MT, Ibama, CIPEM e ICV.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

15

Tabela 1: Resultados do grupo de trabalho sobre Licenciamento, autorização e monitoramento do manejo florestal

Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

Demora e burocracia no processo de aprovação dos PMFS e AUTEX

Novo formato de licenciamento resolve parcialmente o problema, pois: i) a regularização ambiental será separada do licenciamento das atividades; ii) a exigência documental será simplificada (ex. não exige mais CLO, a não ser que haja conflito); iii) o PMFS é digital, portanto há resolução de problemas anterior ao protocolo do PMFS; iv) só haverá uma etapa de pendências na análise , ou seja, um oficio de pendências (LC 140). Porém, ainda precisa aprovar o projeto de lei de reestruturação que está na mão do executivo, bem como garantir os recursos financeiros para implementação das propostas. Além disso, alguns problemas continuam sem solução: - Vistoria prévia e análise técnica continuarão gerando atrasos na emissão da AUTEX pela falta de infraestrutura e servidores - Problemas da base (ver abaixo) - Risco de interferências externas na ordem de análise dos processos de licenciamento

- Implementar o novo formato de licenciamento - Fazer adequações necessárias ao novo modelo de CAR, e harmonizar com o CAR nacional - Implantar o manejo digital - Rever formato da vistoria prévia: simplificar a vistoria prévia e colocar mais ênfase na vistoria de acompanhamento. - Criação de uma lista de ordem de entrada e análise dos processos de licenciamento/ autorizações da Sema

Junho/2013 (ref. prazo de implementação do NCF) Já está feito. Junho/2013 A ser especificado

- SEMA: reunião com MMA; Casa Civil: encaminhamento da mensagem do projeto de lei; - SEMA: assegurar recursos (R$ 6-7 mi) para implementação: recursos orçamentários, parcerias institucionais; em médio prazo: Fundo Amazônia - SEMA: verificar com Ibama possibilidade de disponibilizar imagens RapidEye. - SEMA: encaminhar decreto 1862 (está em fase final de revisão, parte da reestruturação) - SEMA: avaliar proposta

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

Lacunas no licenciamento de serrarias

Serrarias podem ser licenciadas em áreas onde não há viabilidade de fornecimento de matéria prima de origem legal.

- Fortalecer o monitoramento e fiscalização de serrarias (ref. itens específicos abaixo), incluindo a utilização de gatilho nos sistemas.

Março/2013 - SEMA

Inventário e vistoria pré-exploratória podem ser fraudados.

Sisflora 2.0 ajudará a resolver esse problema, facilitando o controle da origem das toras, pois estas serão controladas individualmente, aumentando a transparência no volume transportado e estocado na serraria, permitindo descobrir fraudes em qualquer fase, da exploração ao processamento da tora. Porém, a resolução completa depende do fortalecimento do monitoramento e fiscalização.

- Sistematizar critérios/procedimentos de monitoramento para direcionar fiscalização.

Dezembro/2013 - SEMA

Inventário amostral em PEFs e DALIs abre possibilidade de gerar créditos fictícios.

Geração de crédito maior que o real. - Efetivar o inventário 100% para PEFs e DALIs em áreas florestais; - Em áreas de cerrado, pode se manter inventário amostral, porém há necessidade de vistoria de acompanhamento, o que requer o fortalecimento do monitoramento e fiscalização

Dezembro/2012

- SEMA: resgatar Decreto que altera o Decreto nº 1.862 de 24 de março de 2009 para inventariar PEF em 100%.

Indefinições e imprecisões na base cartográfica geram insegurança, imprecisões e pendências no licenciamento e autorização.

- Deslocamento de polígonos na base. - Deslocamento das imagens em relação ao campo.

- Reprocessar base existente para adequar com novo sistema de coordenadas. - Estabelecer procedimento claro para o registro dos polígonos no CAR e LF, tratando casos de deslocamento, inclusive quando a propriedade é georreferenciada pelo INCRA.

Junho/2013 Junho/2013

- Viabilizar orçamento do projeto de reestruturação. - SEMA: desenvolver IN (já está pronta no projeto de restruturação).

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

- Imprecisão no mapa de vegetação gera insegurança no processo de licenciamento ambiental e AUTEX. - Base de hidrografia apresenta divergência com hidrografia real, gerando pendências nos processos e/ou autorizações de exploração em APP.

- Curso sobre tipologia para servidores da Sema; - Assegurar finalização do novo mapa de vegetação pela SEPLAN e IBGE; - Desenvolver proposta de solução, podendo incluir: aquisição de imagens de satélite da alta resolução; aquisição de DEM de alta resolução; confecção de nova base utilizando imagens SPOT e SRTM já disponíveis; utilização/ validação de bases produzidas por parceiros (municípios)? (- Definir forma de resolver diferenças entre base e levantamentos de campo).

Sendo feito Dezembro/2013 Junho/2013

- SEMA - SEMA: cobrar da SEPLAN mapa finalizado. - Estabelecer parcerias institucionais, prevendo homologação dos produtos pelo Exército e/ou IBGE - Geotecnologias SEMA e ICV: desenvolver proposta.

O monitoramento do manejo florestal está muito precário.

- O monitoramento da execução dos PMFS dentro do SISFLORA não é sistemático.

- Já existe um alerta para emissão/ recebimento de guia em prazo muito curto; - Outros alertas e travamentos precisam de integração com SEFAZ e DETRAN; - Incrementar lista de alertas, inclusive sistematizar verificação de volumetria aparentemente excessiva para determinada espécie no inventário, mesmo que já tenha sido verificado na Autex e vistoria.

Dezembro/2013 - SEMA: criar e implementar relação de alertas e travamentos; - Parceiros: fazer sugestões de alertas e travamentos

- O monitoramento da exploração florestal por sensoriamento remoto dentro e fora dos PMFS ainda é muito pouco utilizado para alertar sobre possíveis fontes de geração de créditos fictícios, identificar áreas de exploração ilegal e orientar a fiscalização em campo.

- Criar sala de monitoramento; - Implantar monitoramento de exploração por sensoriamento remoto em tempo quase real; - Integrar o monitoramento por sensoriamento remoto com o controle das AUTEX e GFs;

Junho/2013 - Parceria FAMAD/CIPEM com SEMA para implantação dos equipamentos; - SEMA: assegurar recursos para o funcionamento em médio/ longo prazo; - SEMA/ CG: verificar a

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

- Reestruturar a Coordenadoria de Geotecnologia para separar as atividades de monitoramento das atividades de análises processuais, com a criação de uma gerência de monitoramento com equipe destinada para esse fim.

proposta técnica, rotinas e protocolos; - SEMA: Especificar reestruturação da Coordenadoria de Geotecnologia (CG)

- A capacidade de monitoramento em campo da SEMA está muito aquém da capacidade de gerar autorizações – vistorias de acompanhamento e pós-exploratórias não são feitas sistematicamente.

- Analisar viabilidade de implantar sistema baseado em verificação independente por empresas credenciadas.

Junho/2013 - Cooperação entre SEMA, CIPEM, ICV, AMF para realizar estudo de viabilidade de modelo de análise e monitoramento por terceiros (base legal, modelos existentes, avaliação de opções).

Falta de acompanhamento dos PMFS pelos responsáveis técnicos.

- Não acontece a apresentação, ao órgão, dos relatórios de exploração nem dos relatórios de monitoramento das parcelas permanentes. - Dificuldade em responsabilizar os responsáveis técnicos por irregularidades na exploração ou na emissão de créditos.

- Criar ferramenta para emissão de relatório digital trimestral no SIMLAM Técnico, com ART; - Criar ferramenta de verificação automática no SIMLAM para confrontar dados do relatório do SIMLAM Técnico com os dados do CC-SEMA; - Implementar bloqueio do PMFS no Sisflora em caso de atraso de 30 dias na entrega dos relatórios; - Após a implantação do Sisflora 2.0, não haverá necessidade do relatório do engenheiro. - Efetivar aplicação da lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 e decreto 6.514 de 22 de julho de 2008 para responsabilização tanto

Março/2013 Sendo feito

- SEMA com Tecnomapas: Desenvolver solução simples que funcionará até implantação efetiva do Sisflora 2.0. Já está acontecendo.

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

do proprietário quanto do responsável técnico - Avaliar a proposta de exigir que executor seja o mesmo operador do CC-SEMA. - Exigir do CREA comunicação imediata da baixa de ART

Março/21013 Março/2013

ICV: produzir análise de vantagens/ desvantagens da proposta. - SEMA: convênio com CREA.

Faltam instrumentos para monitoramento e controle dos extratores de toras

Detalhar melhor o problema: consequências de não ter cadastro dos extratores de toras.

- Avaliar a proposta de implementar cadastro dos extratores de toras no CC-SEMA e vincular esse cadastro à emissão de GF. Com Sisflora 2.0, será exigido. - Normatizar a responsabilização dos extratores de toras (especialmente apreensão e embargo) em caso de exploração ilegal ou sem cadastro.

Março/2013 Junho/2013

ICV: amadurecer proposta para avaliação do grupo (avaliar vantagens e desvantagens). SEMA: Câmara Técnica desenvolver proposta de decreto.

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Tabela 2: Resultados do grupo de trabalho sobre Gestão dos sistemas de controle dos estoques e transporte de produtos florestais, incluindo a definição dos papéis de fiscalização, controle e auditoria do sistema.

Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

Necessidade de esclarecer os papéis da SEMA e do IBAMA na fiscalização e controle considerando LC 140/2011 e Novo Código Florestal.

- Existe entendimento de que a fiscalização dos PMFS e dos pátios de madeireiras continua sendo uma competência comum entre SEMA e IBAMA, resguardada a prevalência da SEMA, como órgão licenciador, na lavratura de autos de infração, e que a coordenação e fiscalização do sistema nacional de controle florestal é responsabilidade do IBAMA. Precisa formalizar esse entendimento e estabelecer um formato de trabalho compartilhado da fiscalização florestal dos dois órgãos. - A atribuição de auditoria do sistema não está claramente definida. Porém, para o Sisflora, o acesso já é aberto a várias instituições, de acordo com a demanda, por meio do Sisflora auditoria. Para o DOF é preciso estabelecer um Termo de Cooperação Técnica para poder acessar as informações do sistema.

- Definir claramente os papéis e o modus operandi da fiscalização no Termo de Cooperação Técnica entre SEMA e IBAMA; - Estratégia compartilhada/estratégias complementares de fiscalização? (Assegurar tanto fiscalização de rotina dos PMFS e pátios de madeireiras quanto fiscalização mais estratégica baseada no monitoramento do sistema). - Aprimorar os relatórios do Sisflora Auditoria - Implementar o módulo de análises gerenciais do DOF

Dezembro/2012 Março/2013 Fevereiro/2013

SEMA: realizar ajustes no Termo de Cooperação Técnica. SEMA: desenvolver com prestador de serviços, com base em consultas com usuários do Sisflora Auditoria. Ibama: agilizar a codificação do módulo com base nos requisitos já estabelecidos junto à área técnica de fiscalização

Sobras nos índices de conversão são utilizadas para gerar créditos fictícios.

- Índice padrão não é adequado, pois existe uma grande variabilidade entre espécies; - A medida da madeira utilizada na GF (comercial vs. ambiental) também pode gerar

- Implementar no Sisflora a rastreabilidade das toras da origem até o primeiro processamento. Dessa forma, os índices são gerados automaticamente e ficam

Outubro/2013

- SEMA: desenvolver e apresentar proposta para a Câmara Técnica Florestal.

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

sobra. sendo de responsabilidade da empresa. - Estabelecer parâmetros mínimos e máximos por espécie para as perdas na primeira transformação; - Para o DOF, estabelecer nova IN do IBAMA - Implementar possibilidade de descarte de resíduos posteriormente à transformação (baixa de saldo ou destinação final), para fins de adequação do saldo contábil do sistema ao estoque físico

Outubro/2013 Dezembro/2012 Dezembro/2013

- Estabelecer GT na Câmara Técnica Florestal. Envolver academia. Utilizar resultados do estudo CIPEM/Embrapa. Considerar índices próprios das empresas que já os possuem (cerca de 90 empresas em MT). - Em discussão no Comitê Técnico de Sistemas de Controle Florestal - SEMA: avaliar pertinência dessa proposta

A regularização dos saldos de conversão pode também ser utilizada para fraudes.

- No DOF, a regularização de saldo depende de um procedimento burocrático que pode desincentivar o empresário; - No SISFLORA, a regularização é feita pelo empresário e pode ser utilizada estrategicamente, ,por exemplo, em função

- Normatizar, com a nova IN do DOF, a possibilidade de informar volume de saída inferior ao calculado pelo índice constante da Resolução Conama 411/2009, com maior gama de resíduos aproveitáveis (curtos e geração de energia térmica) - Limitar no Sisflora a baixa do saldo de desdobro (consumo) em no máximo 10% do estoque por dia

Dezembro/2012 Dezembro/2012

IBAMA: agilizar publicação da IN SEMA: Ordem de Serviço para Tecnomapas

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Principais problemas ou fragilidades identificados

Detalhamento Propostas de soluções Prazo para

implementação Encaminhamentos e

responsáveis

de operações de fiscalização.

Existe possibilidade de falsificar informações de veículo e rotas de transporte na emissão das GF.

- Existe utilização fraudulenta de placas e casos de movimentação simultânea com o mesmo veículo ou movimentação de volumes não coerentes com o tipo do veículo; - Existem casos de GF de transporte de toras com distância, tempo ou rotas “ilógicos”.

- Vincular ao cadastro da SEFAZ o cadastro do veículo no Sisflora e na GF; - Verificar alertas de GF suspeitas disponíveis no Sisflora Auditoria e estabelecer novos alertas. Incluindo restrições automáticas de GF com base em rotas consideradas inversas ou economicamente inviáveis; - Estabelecer rotinas de análise de GF no Sisflora, de forma otimizada entre Sema e Ibama

Março/2013 – depende da SEFAZ Março/2013 ver prazo definido no Termo de Cooperação Técnica)

SEMA: fazer gestão junto à SEFAZ para obter acesso via webservice. - SEMA: Estabelecer novos critérios de alertas e encaminhar com Tecnomapas. - Constar no Termo de Cooperação Técnica Sema-Ibama.

Dificuldades do usuário na utilização do Sisflora.

- Com a internet fraca, Sisflora cai quando se está preenchendo a GF(3) e o processo deve ser reiniciado; - Não existe possibilidade para justificar recebimento de carga depois da GF vencida; - Identificação dos produtos na transformação da tora gera risco ao usuário na fiscalização.

- Criar no Sisflora opção “salvar rascunho” (idem para o DOF); - No Sisflora, criar campo no recebimento de GF para justificativa de recebimento de GF vencida; - Separar o saldo por categorias (da Resolução 411) no sistema, mantendo os produtos existentes em cada categoria; - Normatizar: para efeito de fiscalização, considerar o saldo por categoria.

Março/2013 Março/2013

SEMA: passar Ordem de Serviço para Tecnomapas. Ibama: solicitar à fábrica de software Tecnomapas: apresentar modelo que atenda as duas ações propostas, para ser acordado pelo grupo, para então ser passada a Ordem de Serviço pela SEMA.

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Tabela 3: Resultados do grupo de trabalho sobre Integração e transparência dos sistemas de informações

Principais problemas ou

fragilidades identificados Detalhamento Propostas de soluções

Prazo para implementação

Encaminhamentos e responsáveis

Falta de integração entre os

sistemas

- Conceitos e nomenclaturas não são padronizados entre o DOF e o SISFLORA

- O Sisflora não dispõe de aceite automático do DOF.

- Na movimentação intra-estadual e localização de pátios e autorizações de exploração, não há visualização de informações especificas entre os usuários de diferentes sistemas. Os dois sistemas têm lastros diferentes (SISFLORA: empreendimento (CEPROF)/DOF: CPF ou CNPJ)

- Publicação de Instrução Normativa do IBAMA para padronização das nomenclaturas no DOF

- A IN não padroniza todos os sistemas

(Sisflora - Sisflora e DOF- Sisflora), para resolver isso, será necessário uma resolução do CONAMA ou a regulamentação do artigo nº 35 do NCF pelo IBAMA

- TI do IBAMA precisa implementar os requerimentos do ofício encaminhado pela Sema-PA para melhorar a apropriação do webservice.

- Precisa de uma alteração do webservice

Dezembro/ 2012

Dezembro/2012

Novembro/2012

Novembro/2012

IBAMA: agilizar publicação da norma

IBAMA: setor Jurídico precisa avaliar qual melhor solução para resolver essa falta de padronização.

IBAMA: cobrar adoção das providências por parte da área de TI, para a qual já foi encaminhado o referido ofício em 28/8/2012

Sema-MT: acompanhar

IBAMA: cobrar resposta oficial da Tecnomapas ao ofício já encaminhado para efetuar essas alterações

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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Principais problemas ou

fragilidades identificados Detalhamento Propostas de soluções

Prazo para implementação

Encaminhamentos e responsáveis

Sisflora e Simlam não estão totalmente integrados.

- O Simlam não permite que algumas autorizações sejam acessadas pelo Sisflora. Nesse caso, as autorizações são emitidas manualmente e não são registradas de forma transparente.

- Criar uma comissão para gestão do sistema que deve priorizar e consolidar a integração entre o Simlam e Sisflora; - Efetivar a integração dos sistemas, como parte do projeto de reestruturação. Depois de integrados os sistemas, extinguir possibilidade de ajuste na AUTEX.

Já existe (desde meados de 2012). Dezembro/2013 (toda a reestruturação).

SEMA

A disponibilização de

informação ao público pelos

sistemas de controle florestal

é incompleta e pouco analítica.

- Nenhuma agência fornece hoje relatórios públicos satisfatórios em termo de análise crítica; - Os relatórios não diferenciam os produtos obtidos da primeira transformação da tora, no transporte de GF3; - Não existe relatório dos índices de conversão alterados individualmente para empresas; - Não existem relatórios públicos ou gerenciais atualizados sobre a situação dos PMFS autorizados;

- Utilizar Portal Nacional de Informação como um canal para organização dessas informações (SFB); - Melhorar os relatórios públicos a partir de uma nova lista de informações a disponibilizar e de algumas análises básicas a serem realizadas; - Gerar um relatório sobre as alterações de índices de conversão autorizadas até hoje; - A partir da implementação no Sisflora da rastreabilidade das toras da origem até o primeiro processamento, publicar os índices gerados automaticamente; -LAF e Sisflora 2.0 devem providenciar um módulo para isso com atualização em tempo real, com toda a informação pública, inclusive sobre monitoramento e vistoria;

Junho/2013 Março/2013 Março/2013 Março/2013 Dezembro/2013

IBAMA, SFB ICV: fazer proposta, considerando uso e legislação aplicável. SEMA e IBAMA ICV: fazer proposta das informações que serão disponibilizadas nos relatórios a serem gerados automaticamente SEMA E IBAMA

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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Principais problemas ou

fragilidades identificados Detalhamento Propostas de soluções

Prazo para implementação

Encaminhamentos e responsáveis

- Falta transparência sobre a gestão e o controle do próprio sistema, e não há informação pública sobre as ocorrências de ilegalidades dentro do sistema.

- Foi avaliado que essa divulgação permitirá mostrar que o órgão está agindo e prever outras fraudes pelo efeito de publicidade. No entanto, isso deixaria também público todos os problemas das agências podendo facilitar fraudes. Por isso, foi decidido manter uma reflexão sobre o que é ou não é sigiloso.

Dezembro/2013 SEMA E IBAMA: emitir parecer sobre a possibilidade de dar transparência à informação sobre as ocorrências de ilegalidades no sistema

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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CONCLUSÕES

O II Seminário “Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso:

avaliação dos avanços e novos desafios” reforçou o entendimento comum entre o governo do

estado, as entidades do setor de base florestal, o governo federal e as organizações da

sociedade civil sobre a necessidade de resolver as falhas que ainda existem no sistema de

monitoramento e controle florestal em Mato Grosso. Por outro lado, evidenciou também que

houve poucos avanços concretos com relação às proposta de melhoria realizadas no I

Seminário, e que para que os avanços possam acontecer será necessário um nível maior de

compromisso político e investimento por parte do governo federal e estadual.

O evento permitiu identificar de forma mais detalhada as lacunas no sistema e

determinar uma série de soluções e encaminhamentos concretos para aprimora-lo. Esses

encaminhamentos deverão ser acompanhados ao longo do ano, servindo de base para uma

nova avaliação a ser realizada para o próximo seminário.

Além disso, como essa agenda diz respeito a toda a Amazônia, deverá se articular com

iniciativas em outros estados e em escala nacional para aprimorar o monitoramento e controle

do setor florestal.

Relatório do II Seminário sobre Sistema de Controle e Monitoramento Florestal de Mato Grosso

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CAR /LAU

LAF/ LF

PMFS

Inventário Amostral

EXPLORAÇÃO

RELATÓRIOS

TRIMESTRAIS

POA

Inventário 100%

GF1

Autex

Transporte p/ indústria

ou final (transformação

índice de conversão)

Transporte para

indústria

(transformação

índice de conversão)

transporte

(produto final)

GF3/

DOF

Análise técnica

e documental

Vistoria prévia

Vistoria de

acompanhamento

Vistoria pós

exploratória

Monitoramento

do sistema

Fiscalização

Anexo 1:

Esquema resumo do funcionamento do sistema de monitoramento e controle florestal

Monitoramento

por

sensoriamento

remoto

GF3/ DOF