relatório de supervisão 2007 - bna.aof4fa1956-2fdb-425b-939f-f668867bc901}.pdf · aprovados em...
TRANSCRIPT
���������������� ����
Relatório de Supervisão 2007
�������������� ������������������������������������� ��
RELATÓRIO DE SUPERVISÃO
BANCO NACIONAL DE ANGOLA
2007
Índice
1.0 Prólogo……………………………………………………………………………1
1.1 Introdução ..................................................................................................... 1 2. Estrutura e Evolução das Instituições Financeiras supervisionadas pelo BNA4
2.1 Estrutura e composição do sistema bancário............................................ 4 2.2 Actividade dos bancos............................................................................... 6
2.2.1 Activos ................................................................................................ 6 2.2.2 Passivos............................................................................................ 10 2.2.3 Fundos Próprios................................................................................ 12 2.2.4 Risco de Liquidez.............................................................................. 12 2.2.5 Risco de Crédito ............................................................................... 15 2.2.6 Risco de Mercado: Risco Taxa de Câmbio....................................... 18
2.3 Solvabilidade do Sistema Bancário ......................................................... 20 2.4 Resultados das Instituições Bancárias.................................................... 22
3. A Actividade de Supervisão Bancária .......................................................... 23 3.1 A Supervisão Directa e Indirecta ............................................................ 25 3.3 Elaboração de um novo Plano de Contas das Instituições Financeiras.. 28 3.4 Projecto da Central de Risco................................................................... 29 3.5 Branqueamento de Capitais .................................................................... 30 3.6 Capacitação dos Recursos Humanos ..................................................... 31
4. A Actividade de Regulamentação Prudencial .............................................. 32 5. Plano de Actividades de Supervisão 2008.................................................... 36
5.1 Aplicativo de Supervisão ......................................................................... 37 5.2 FSAP ....................................................................................................... 37 5.3 Regulamentação da Lei das Instituições Financeiras ............................. 38
6. Anexos .......................................................................................................... 40 A. Organigrama do Departamento de Supervisão ........................................ 41 B. Instituições Bancárias Supervisionadas.................................................... 42 C. Quadros Estatísticos................................................................................... 0
1
1.0.Prólogo
No âmbito das funções que lhe são acometidas pela Lei nº6/97, de 11 de Julho, Lei do Banco
Nacional de Angola, incumbe ao Banco Nacional de Angola (BNA) velar pela estabilidade do
sistema financeiro nacional. Compete ainda ao Banco Nacional de Angola na sua relação com as
instituições financeiras a supervisão das mesmas e zelar pela sua solvabilidade e liquidez. Deste
modo, ao Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras (DSI) do BNA cabe a
responsabilidade de monitorar e acompanhar a actividade e o desempenho das instituições
financeiras, identificar os riscos envolventes, as suas perspectivas futuras e aferir sobre a sua
robustez, bem como divulgar informação sobre as instituições financeiras supervisionadas.
O presente relatório retrata de forma resumida as actividades de supervisão desenvolvidas pelo
Banco Nacional de Angola através do Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras às
instituições bancárias e não bancárias, nomeadamente, bancos, casas de câmbios e escritórios de
representação no âmbito das competências atribuídas pela Lei nº 13/05, de 30 de Setembro, Lei
das Instituições Financeiras.
Para os usuários de serviços bancários, o relatório contém informações relevantes do desempenho
do sistema financeiro angolano referente ao ano de 2007, que poderá servir para aferir sobre a
saúde do sistema financeiro e estabilidade do mesmo.
1.1. Introdução
O exercício económico findo em Dezembro de 2007, foi marcado pela continuação da consolidação
do processo de estabilização macroeconómica iniciado com a conquista da Paz em Fevereiro de
2002,com benefícios para a economia nacional, caracterizada pela desaceleração da taxa de
inflação e pela valorização do Kwanza em relação as moedas estrangeiras, com destaque para a
apreciação da moeda nacional face ao Dólar Americano. A redução da taxa anual de inflação de
12.2% em Dezembro 2006 para 11.8% em Dezembro 2007, e o contínuo crescimento do PIB
Angolano, que se cifrou em920,9%, foram as variáveis macroeconómicas que mereceram maior
destaque em 2007.
2
Em Dezembro de 2007, o activo agregado da banca representava cerca de 28% do produto interno
bruto, contra 20% em Dezembro 2005. Os depósitos captados pelo sistema bancário também
aumentaram o seu peso em relação ao PIB, cerca de 19% em 2007 contra 14% em 2005. O
crescimento verificado no sector bancário é resultado em grande parte da estabilidade macro
económica que a economia angolana atravessa e do melhor ambiente de negócios daí resultante.
A desaceleração da inflação e a valorização da moeda nacional têm aumentado a confiança dos
agentes económicos nacionais e estrangeiros na economia angolana. Assim, tem-se assistido à
Constituição de novos bancos bem como ao aumento de pedidos de autorização de constituição de
instituições financeiras junto do Banco Central e uma expansão no volume de crédito concedido a
clientes.
Gráfico 1. Participação dos Activos e Depósitos no PIB
O activo total do sistema bancário no final de 2007, totalizou cerca de 1.355 mil milhões de
kwanzas, uma variação nominal acentuada de 63,4% comparativamente aos 830 mil milhões de
kwanzas registados em 2006, ou seja, uma taxa de crescimento superior à taxa de 56% registada
em 2006. Contudo, tendo em conta, a taxa de inflação de 11,8% de 2007, o activo dos bancos,
registou um acréscimo real de 46,1%. A maior expansão do activo consubstanciou-se no aumento
das operações de crédito em 225,8 mil milhões de kwanzas (82 %) e no aumento dos títulos em
210,3 mil milhões de kwanzas (130,3 %). O crescimento dos activos foi acompanhado pelo
aumento dos fundos próprios dos bancos. Em Dezembro de 2007 o conjunto dos bancos detinha
fundos próprios avaliados em cerca de 124,1 mil milhões de kwanzas, correspondendo a um
aumento de 60 % face aos cerca de 77,3 mil milhões de Kwanzas registados em Dezembro de
2006.
3
Em 2007 os bancos acentuaram o uso dos depósitos para o financiamento dos créditos. A
percentagem das captações sob a forma de depósitos usada na concessão de crédito situou-se em
Dezembro de 2007 em 54% contra 47% verificado em Dezembro de 2006, o que representa um
aumento de 7 pontos percentuais.
A carteira de crédito é constituída maioritariamente pelo crédito em moeda estrangeira, com uma
concentração no sector privado que detém um valor correspondente a 90% do total da carteira,
sendo 77% concedido a empresas e 23% a particulares. Apesar do crédito ao sector privado
empresarial continuar a dominar as aplicações em operações de crédito da banca, a participação
dos mesmos no crédito total tem vindo a diminuir a favor do crédito ao sector privado particular que
tem evidenciado um crescimento acentuado.
Em Dezembro de 2007 do crédito total concedido, cerca de 15 mil milhões de Kwanzas,
correspondia ao crédito vencido, representando 3% da carteira, contra os 5% do período
homólogo. A redução da percentagem do crédito vencido no total da carteira é resultado do
crescimento do crédito concedido.
Os resultados agregados declarados pelas instituições financeiras evidenciam uma tendência
crescente, o que evidência de forma inequívoca a aposta da banca no aumento das operações de
crédito e de títulos. O resultado líquido do sistema bancário no final de 2007 totalizou 35 mil
milhões de kwanzas, um crescimento considerável de 58% face ao período homólogo, que se
traduziu num retorno dos activos aplicados em de 2.66%.
No contexto da supervisão das instituições bancárias o DSI continua o processo de fortalecimento
do arcabouço prudencial e a sua adequação às sãs práticas internacionais. Deste modo, foram
aprovados em 2007 um conjunto de normas prudenciais consistentes com os princípios básicos
para uma supervisão eficiente e em conformidade com os 25 Princípios de Basileia, após ampla
discussão com os bancos comerciais e outras instituições externas ao BNA. Fazem parte deste
pacote, entre outras, as normas sobre a exigência do Limite Mínimo de Capital e Fundos Próprios
Regulamentares, Rácio de Solvabilidade Regulamentar, Limite de Exposição ao Risco de Câmbio,
Limite de exposição por cliente, Limite do imobilizado, Actualização monetária, e Equivalência
patrimonial.
4
O BNA em 2007 iniciou um projecto de constituição de uma Central de Informação e Risco de
Crédito moderna, com vista a conferir segurança, eficiência e fiabilidade à informação e
consequentemente incentivar a sua utilização pelas Instituições Financeiras. O serviço da Central
de Informação e Risco de Crédito (CIRC) visa centralizar a informação do crédito concedido sob
qualquer forma ou modalidade pelas Instituições Financeiras; e deverá constituir um instrumento de
auxílio na avaliação dos riscos assumidos nas operações de intermediação financeira.
2. Estrutura e Evolução das Instituições Financeiras supervisionadas pelo BNA
2.1 Estrutura e composição do sistema bancário
Até 2003, o sistema bancário contava apenas com 9 (nove) bancos, dos quais 2 (dois) de capitais
públicos e 7 (sete) de capitais privados, sendo 3 (três) destes últimos sucursais de bancos
portugueses. No final de 2007 o número de bancos passou para 19 (dezanove), o que representou
um aumento absoluto de 10 bancos. Dos actuais dezanove bancos, 3 (três) são de capitais
públicos, 16 (dezasseis) privados e, destes 6 são filiais de bancos estrangeiros, perfazendo um
total de 412 agências disseminado por todo o território nacional, sendo que mais de metade se
encontram localizados em Luanda.
Banco de acordo com o controlo accionário
Bancos 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Públicos 2 2 2 2 3 3
Privados 3 4 5 7 9 10
Filiais 4 4 4 4 5 6
Total 9 10 11 13 17 19
Para além dos bancos estão sob jurisdição do BNA as casas de câmbio cuja actividade principal
consiste na realização das operações de câmbio manual, ou seja, compra e venda de moeda
estrangeira e de cheques de viagem. No final de 2007 estavam em funcionamento 13 casas de
câmbios.
A ausência de regulamentação para as instituições financeiras não bancárias tem inibido o
surgimento de instituições com vocação para micro e pequenos créditos, bem como de locação e
5
de cessão financeira. Contudo, 3 (três) dos 19 (dezanove) bancos a operar no mercado angolano
realizam actividades de micro crédito (BPC, BSOL e Novo Banco). Para colmatar este vazio
regulamentar, está em curso a elaboração de normas prudenciais para as instituições financeiras
não bancárias.
Em Dezembro de 2007 os activos do sistema financeiro bancário totalizaram 1.355 mil milhões de
kwanzas, contra os kwanzas 830 mil milhões de kwanzas do período homólogo encontrando-se
concentrados num número relativamente reduzido de bancos. Assim, quatro bancos (BAI, BFA,
BIC e BPC), conjuntamente detinham 68% dos activos, 57% dos fundos próprios, 71% dos
depósitos e 73% do crédito concedido. A participação destes bancos nos activos totais do sistema
bancário decresceu 6 pontos percentuais no ano 2007 comparativamente a Dezembro de 2005.
Adicionalmente, 83% do crédito vencido estava concentrado apenas em quatro bancos (BAI, BCI,
BFA e BPC) do sistema financeiro. Apesar disto, não existem sinais evidentes de monopólio quanto
à fixação de preços dos produtos e serviços financeiros.
O sistema bancário em 2006 contava com cerca de 313 agências em todo o País, este número no
final de 2007 passou para cerca de 412 agências. A maior parte das mesmas encontram-se
localizadas na província de Luanda que detém 217 agências. O quadro abaixo, ilustra a
distribuição geográfica das agências por província.
Província 2006 2007 Bengo 4 5 Benguela 33 41 Bié 5 7 Cabinda 11 13 Cunene 11 13 Huambo 6 12 Huíla 14 26 Kuando - Kubango 2 5 Kwanza - Norte 4 6 Kwanza - Sul 12 15 Luanda 170 217 Lunda - Norte 8 11 Lunda - Sul 4 4 Malange 4 5 Moxico 3 5 Namibe 9 10 Uíge 4 4 Zaire 9 13 Total 313 412
6
2.2 Actividade dos bancos
2.2.1 Activos
O activo total do sistema bancário angolano no final de 2007, totalizou cerca de Kwanzas 1.355 mil
milhões, uma variação nominal acentuada de 63,4% comparativamente aos Kwanzas 830 mil
milhões registados em 2006, com uma taxa de crescimento superior a taxa de 56% registada em
2006. Considerando os efeitos da inflação, cuja taxa foi de 11,8% em 2007, o activo dos bancos,
registou um acréscimo real de 46,1% em relação á 2006. O forte crescimento do activo nos últimos
dois anos, contribuiu para a expansão do activo no final de 2007, cujo valor corresponde duas
vezes e meia ao valor do activo registado em finais de 2005, tudo isto num contexto de redução da
taxa de inflação e apreciação do Kwanza. Em termos de crescimento trimestral, o activo da banca
registou um incremento permanente ao longo do período compreendido entre 2005 e 2007, tendo
atingido um crescimento de cerca de 17% no quarto trimestre de 2007.
Gráfico 2. Activo do Sistema Bancário
O crescimento dos activos foi principalmente liderado pelos bancos privados, cujos activos
cresceram 240 %, com uma participação no total do sistema bancário de 44% contra 32% em
Dezembro de 2005. Quanto aos bancos públicos, o crescimento dos activos foi de 59%, e por
conseguinte, a sua participação nos activos do sistema reduziu-se em 20,3%. Os activos das filiais
dos bancos estrangeiros cresceram a uma taxa de 141%, mantendo-se inalterada a sua
participação no mercado.
7
Gráfico 3. Activo do Sistema Bancário por Controlo Accionário
Estrutura dos Activos
A expansão do activo reflectiu o aumento das operações de crédito em 225,8 mil milhões de
kwanzas (82%), o aumento dos títulos em 210,3 mil milhões de kwanzas (130,3%) e, o reforço das
disponibilidades em 70,6 mil milhões de kwanzas (46,57%) face ao ano de 2006. Assim sendo, as
operações de crédito e os títulos constituem as principais aplicações da banca nacional, com 38%
e 27% na estrutura do activo respectivamente. As aplicações em títulos em 2007, compreendem
maioritariamente os títulos do banco central, aproximadamente com 15% e os títulos da divida
pública em moeda estrangeira (obrigações e bilhetes do tesouro) com cerca de 12%.
Em 2007 foi notória a contracção das aplicações no exterior, e por conseguinte uma menor
exposição face aos riscos inerentes às actividades dos bancos com o exterior, o que resultou numa
redução do peso das aplicações em instituições de crédito no estrangeiro em cerca 22,2 mil
milhões de Kwanzas, ou seja 12% do activo contra 22% em 2006. Por outro lado, a expansão das
disponibilidades contribuiu para o aumento dos depósitos das instituições financeiras no Banco
Nacional de Angola.
8
Gráfico 4. Estrutura do Activo (Mil Milhões de Kwanzas e Percentagem)
A participação do crédito no total das aplicações, aumentou cerca de 5 pontos percentuais em
relação a 2006 e cerca de 17 pontos percentuais em relação ao ano de 2005. Os créditos em
moeda estrangeira representam cerca de 70% do total de crédito concedido, tendo reduzido a sua
participação em 2007, como consequência da apreciação do Kwanza face ao Dólar Americano.
Gráfico 5. Crédito Total (em Percentagem do Activo)
9
A estrutura do crédito do sistema bancário é constituída maioritariamente pelos créditos de médio e
longo prazo em moeda estrangeira concedido ao sector privado empresarial, sector que se
confirma como o maior parceiro no processo de intermediação da banca, sendo este também o
sector com o maior volume de depósitos junto da banca comercial no final de Dezembro 2007, ou
seja 40% da carteira das captações.
Gráfico 6. Crédito por prazo e moeda
Em Dezembro 2007, os títulos da dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco
Nacional de Angola em posse do sistema financeiro bancário totalizaram 372 mil milhões de
kwanzas, um acréscimo nominal de 130% face aos 161 mil milhões de kwanzas registados em
Dezembro 2006. As aplicações da banca em títulos da dívida pública nos dois últimos trimestres de
2005 eram dominadas pelos títulos da divida pública emitidos pelo Tesouro Nacional em moeda
nacional, atingindo 16% do total das aplicações. No entanto, a partir do primeiro trimestre de 2006,
o crescimento dos títulos da divida pública emitidos pelo Tesouro Nacional desacelerou em relação
aos títulos de dívida pública emitidos pelo banco central em moeda nacional, reflectindo o maior
envolvimento do Banco Central na utilização dos seus papéis como instrumento de política
monetária. Os títulos do Banco Central registaram um crescimento acentuado desde o último
trimestre de 2006, representando em Dezembro de 2007, cerca de 18% do activo total da banca.
10
Gráfico 7. Composição e participação dos Títulos no Activo
2.2.2 Passivos
O passivo exigível da banca totalizou 1.116 mil milhões de kwanzas em Dezembro 2007, um
acréscimo nominal de 60% face aos 729,4 mil milhões de kwanzas registados em Dezembro 2006,
traduzindo-se num crescimento real de 43%. O crescimento das exigibilidades da banca foi mais
acelerado em 2006 do que em 2007, com excepção do último trimestre de ambos os anos, altura
em que o passivo cresceu 16,5% em 2007 contra 9,2% em 2006.
* TN – Tesouro Nacional
Gráfico 8. Exigibilidade do Sistema Bancário
�
�
�
�
���
���
���
���
���
���� � ���� � ���� ������ ���� � ���� � ���� ������ ���� � ���� � ����
������������������ !��"� # �$ %� �$& ������������������ !��"� # �$ %
� �'&
����������(�"��) ������$
11
Os depósitos de clientes, como fonte tradicional de financiamento da actividade bancária,
continuam a ser a principal fonte de captação correspondendo a 77% (896,5 mil milhões de
kwanzas) do passivo e registaram um aumento de 46% (280,7 mil milhões de Kwanzas),
comparativamente aos 615,8 mil milhões de Kwanzas registados em Dezembro de 2006. Os outros
recursos, sobretudo os recursos provenientes dos acordos de recompra de títulos da dívida pública
são a segunda maior fonte de captação de recursos da banca, tendo crescido cerca de 91,8 mil
milhões de Kwanzas (183%) em relação a Dezembro de 2006.
Gráfico 9. Estrutura do Passivo (Mil Milhões de Kwanzas e Percentagem)
Por outro lado os bancos do sistema têm aumentado as trocas de liquidez junto de outras
instituições financeiras através do mercado interbancário, os recursos de outras instituições
financeiras representam 5% das captações em Dezembro de 2007, contra 1% em Dezembro de
2006.
Gráfico 10. Depósitos e Exigibilidades Gráfico 11. Depósitos por Sectores
12
Os depósitos de clientes da banca nacional são maioritariamente depósitos em moeda estrangeira
captados principalmente junto do sector privado empresarial (38%) e privado particular (34%).
2.2.3 Fundos Próprios
Em Dezembro de 2007 o conjunto dos bancos detinha fundos próprios avaliados em cerca de
124,1 mil milhões de kwanzas, uma expansão de 60 %, face aos 77,3 mil milhões de Kwanzas
registados em Dezembro de 2006. O aumento dos fundos próprios foi suportado pelos resultados
obtidos, o qual se reflecte sobretudo no aumento das reservas sinalizando o reinvestimento dos
lucros obtidos. Contribuíram também para o aumento dos fundos próprios totais do sistema
bancário, mas em menor escala, os aumentos de capital social realizado por alguns bancos no
decurso do ano em análise, por via da injecção adicional de capital e a entrada de novos bancos
no sistema.
Gráfico 12. Evolução dos Fundos Próprios
2.2.4 Risco de Liquidez
O ponto 1 do artigo 2º, do Aviso N.º 06 de 10 de Março, define o risco de liquidez como a falta de
correspondência entre os prazos de realização dos activos e de exigibilidade dos passivos, que
afecta a capacidade de pagamento da instituição.
Deste modo a transformação dos depósitos de curto prazo em operações de crédito de médio e
longo prazo torna os bancos vulneráveis ao risco de liquidez, com efeitos negativos tanto a nível da
instituição como do mercado no seu conjunto. Virtualmente cada transacção financeira ou
compromisso tem implicações para a liquidez de um banco. A gestão eficaz do risco de liquidez
assegura que o banco seja capaz de cumprir com as obrigações do fluxo de caixa, as quais se
afiguram incertas na medida em que são afectadas por eventos externos e pelo comportamento de
outros agentes. A gestão de riscos da liquidez é de importância primordial porque um défice de
liquidez em uma única instituição pode ter repercussões para todo o sistema.
13
Os depósitos totais são a maior fonte de captação de recursos das instituições bancárias no
sistema financeiro, representando cerca de 80% das exigibilidades em Dezembro de 2007,dos
quais , cerca de 80% são depósitos à ordem e 20% corresponde os depósitos a prazo. Em termos
de moeda, os depósitos à ordem em moeda estrangeira (ME) representam 48% dos mesmos e
cerca de 32% são depósitos à ordem em moeda nacional (MN). Os depósitos a prazo apresentam
a mesma estrutura verificada nos depósitos à ordem, i.e., os depósitos a prazo em moeda
estrangeira (ME) detêm cerca de 11%, enquanto os depósitos em moeda nacional (MN) detêm
apenas 9%. Em 2007, foi notória a migração dos depósitos a prazo em moeda estrangeira para os
depósitos em moeda nacional.
Gráfico 13. Estrutura de Depósitos por Prazo e Moeda
O indicador de transformação dos depósitos em operações de crédito situou-se em 54% em
Dezembro de 2007,contra 47% no período homólogo, o que representa um aumento de 8 pontos
percentuais. A estabilidade da economia nacional e o crescimento da rede bancária em todo o
território nacional explicam este comportamento.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Jun 05
Set 05
Dez 05
Mar 06
Jun 06
Set 06
Dez 06
Mar 07
Jun 07
Set 07
Dez 07
Depósitos a Ordem MN
Depósitos a Ordem ME Depósitos a Prazo
MN Depósitos a Prazo ME
14
Gráfico 14. Indicador de Transformação dos Depósitos
Os indicadores de liquidez apresentaram uma tendência contraccionista em relação aos períodos
homólogos, os activos líquidos em relação ao passivo de curto prazo diminuíram em 2 pontos
percentuais, ou seja 34% em Dezembro de 2007, contra os 36% do período homólogo. Os activos
remunerados sobre passivos remunerados, registaram um ligeiro acréscimo de 2 pontos
percentuais., tendo passado de 93% em 2006 para 95% em 2007.
Gráfico 15. Risco de Liquidez
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1.000
Jun 05
Set 05
Dez 05
Mar 06
Jun 06
Set 06
Dez 06
Mar 07
Jun 07
Set 07
Dez 07
Mil milhões de Kwanzas
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Crédito Totais
Depósitos Totais
Rácio de transformação (eixo direito)
15
2.2.5 Risco de Crédito
A actividade principal dos bancos assenta na transformação das captações em aplicações, com
vista garantir a sua continuidade no mercado cada vez mais competitivo. Associada a esta
actividade está o risco que as instituições correm de não reaverem os fundos cedidos. Esta
natureza de risco designa-se por Risco de Crédito. O risco de crédito é geralmente considerado
como o mais importante risco subjacente à actividade bancária e consiste na probabilidade da
ocorrência de perdas devido ao incumprimento dos pagamentos na data contratada, por parte dos
devedores das instituições financeiras. Estes pagamentos não se limitam aos empréstimos
(titulados ou não titulados) tradicionais, mas podem igualmente decorrer de operações extra
patrimoniais (por exemplo, execução de uma garantia bancária).
No âmbito das suas funções de regulador do sistema financeiro, o BNA através do Aviso nº 08/07,
de 12 de Setembro, estabelece as condições essenciais para a realização de operações de crédito
e de prestação de garantias, com as devidas restrições, bem como os limites máximos de
exposição ao risco por cliente, fixando em 25% dos fundos próprios regulamentares o limite
máximo de exposição por cliente a ser observado pelas instituições financeiras na concessão de
crédito e prestação de garantias e em 300% dos fundos próprios o limite máximo de exposição ao
risco para os 20 (vinte) maiores devedores da instituição financeira.
Para o reforço do processo de monitoramento das operações de crédito, o BNA através do Aviso nº
09/07, de 12 de Setembro, determinou a classificação dos créditos concedidos e as garantias
prestadas, em 7 (sete) níveis de risco. Por outro lado, as provisões para o crédito passam a serem
constituídas tendo em atenção o nível de risco atribuído ao tomador de crédito.
Em 31 de Dezembro de 2007, o crédito total concedido pelo SFA, cifrou-se em 507 mil milhões de
Kwanzas, representando um crescimento de 255,4% e 81,9% face a Dezembro 2005 e Dezembro
2006 respectivamente. A taxa média de crescimento trimestral do crédito do sistema financeiro foi
de 16%. O crédito total sobre depósitos totais apresentou no período de Junho 2005 a Dezembro
2007 rácios entre 46% e 54%, sendo que o crédito total sobre activo total situou-se entre 31% e
37% no mesmo período.
Gráfico 17. Crédito
16
A carteira de crédito é constituída maioritariamente pelo crédito em moeda estrangeira, com uma
concentração no sector privado que detém um valor correspondente a 90% do total da carteira,
sendo 77% concedido a empresas e 23% a particulares.
Apesar do crédito ao sector privado empresarial continuar a dominar as aplicações em operações
de crédito da banca, a participação dos mesmos no crédito total tem vindo a diminuir a favor do
crédito ao sector privado particular que tem evidenciado um crescimento acentuado, sinalizando a
maior confiança que se regista na banca em relação as operações com clientes particulares e o
crescimento da rede de agências bancárias. O crédito ao sector privado particular cresceu cerca de
127%, aumentando a sua participação no total de crédito concedido para 21%, contra os 10%
registados em Dezembro de 2006.
Gráfico 18. Distribuição do Crédito por Sectores de Actividade
As operações de crédito dos cinco maiores bancos no conjunto das dezassete instituições que
operam no SFA somaram 432 mil milhões de Kwanzas correspondentes a 85% do crédito total
concedido. Comparativamente a Dezembro 2005 e Dezembro 2006 estas instituições tiveram um
crescimento na ordem de 101% e 77%. As restantes doze instituições respondem por 15%, tendo
registado um crescimento relativamente a Dezembro 2005 de 62% e a Dezembro 2006 de 97%.
Em termos de participação por segmentos de bancos, no total do sistema financeiro, em Dezembro
de 2007, os bancos privados filiais de bancos estrangeiros respondiam por 39%, os restantes
bancos privados por 38% e os bancos públicos por 22%. Comparativamente a Dezembro de 2005
e Dezembro de 2006, os bancos públicos registaram uma diminuição de 5 pontos percentuais e 12
pontos percentuais respectivamente, mantendo-se constante a posição dos bancos privados filiais
de bancos estrangeiros e um crescimento de 11 pontos percentuais e 5 pontos percentuais nos
restantes bancos privados, respectivamente.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Jun 05
Set 05
Dez 05
Mar 06
Jun 06
Set 06
Dez 06
Mar 07
Jun 07
Set 07
Dez 07
Sector Público Administrativo
Sector Público Empresarial Sector Privado
Empresarial Sector Privado Particular
17
Gráfico 19. Crédito por Controlo Accionário e por Moeda
Em Dezembro de 2007, cerca de 15 mil milhões de Kwanzas do crédito estava vencido e
representava 3% do crédito total, ou seja, houve uma redução de 38% relativamente a Dezembro
2006. A menor participação do crédito vencido no total de crédito resultou do aumento considerável
do crédito concedido à economia. Ao longos dos últimos três anos, o crédito vencido tem vindo a
apresentar uma variação inconstante, realçando-se as diminuições mais acentuadas nos meses de
Dezembro, ou seja, no final dos exercícios económicos. Os bancos constituíram provisões
específicas, as quais em Dezembro de 2007 representavam 37% dos créditos vencidos para a
cobertura de prováveis perdas.
Gráfico 20. Crédito Vencido e Provisões
18
2.2.6 Risco de Mercado: Risco Taxa de Câmbio
O risco de mercado advém da possibilidade de ocorrerem perdas mediante movimentos
desfavoráveis no mercado. Deste modo o risco de taxa de câmbio, é o risco de perda de dinheiro
resultante da mudança ocorrida no valor percebido de um instrumento. O Acordo de Basileia
estabelece a necessidade dos bancos manterem fundos próprios para fazer frente aos riscos de
taxa de juros e de títulos na carteira para negociação e aos riscos de câmbio e de mercado.
A dolarização do sistema financeiro de Angola faz com que o risco cambial seja um dos riscos de
mercado mais importante do sistema bancário. O risco de câmbio deriva da exposição cambial dos
bancos. A exposição líquida cambial resulta das posições activas e passivas assumidas em moeda
estrangeira ou indexadas à variação cambial. Estas podem ser longas (compradas) quando o valor
das posições activas for superior ao valor das posições passivas, ou curtas (vendidas), quando o
valor das posições passivas for superior ao valor das posições activas. O limite de exposição
cambial é calculado pela diferença entre os activos em moeda estrangeira e os passivos em moeda
estrangeira em relação aos fundos próprios.
Atendendo ao objectivo de estabilidade do sistema financeiro o BNA aprovou a 12 de Setembro de
2007, o Instrutivo n.º06/07, que regulamenta a forma de cálculo do capital exigido para a cobertura
do risco de câmbio e ouro. Ademais, o Aviso n.º 06/07, de 26 de Setembro estabelece que a
exposição cambial está limitada a 100% (cem %) dos Fundos Próprios Regulamentares para as
posições activas (longas) e a 40% (quarenta %) para as posições passivas (curtas).
A posição líquida envolvendo as instituições do sistema bancário, cotada em Kwanza de Junho
2005 a Dezembro 2007 permaneceu comprada (longa). Essa posição cambial longa é
maioritariamente em dólares americanos. A exposição cambial aberta líquida, decresceu 5%, de
743 milhões de dólares em Dezembro 2006 para 707 milhões de dólares em Dezembro 2007. Com
respeito ao comportamento da exposição cambial em termos de Kwanzas, a exposição cambial
aberta líquida, decresceu 11%, de 59,7 mil milhões de Kwanzas em Dezembro 2006 para 53 mil
milhões de Kwanzas em Dezembro 2007, enquanto os fundos próprios das instituições do sistema
financeiro angolano, passaram de 80 mil milhões de Kwanzas em Dezembro 2006 para 160 mil
milhões de Kwanzas em Dezembro 2007. Como consequência da apreciação ocorrida com a
moeda nacional e do aumento dos fundos próprios dos bancos, o rácio de exposição cambial
experimentou um decrescimento de 56% em 2007.
19
Gráfico 21. Exposição Cambial
No cômputo geral o sistema financeiro, em termos de exposição cambial enquadra-se nos limites
estabelecidos pelo Aviso 06/07 de 12 de Setembro. É de realçar que este intervalo vigorará apenas
a partir de 12 de Setembro 2008. Mais, o comportamento é diferente de acordo com o controlo
accionário dos bancos. O rácio de exposição cambial dos bancos públicos e privados está acima
dos limites de flutuação permitida pelo Aviso supracitado. Em Setembro de 2005, encontrava-se
abaixo da banda dos 100%, enquanto que em Dezembro do mesmo ano atingiu os 200%. Em
Março de 2006, houve uma desaceleração pese embora se tenha situado acima dos limites de
100% e com uma tendência crescente.
Os bancos privados tiveram o mesmo comportamento que os bancos públicos, tendo apresentado
uma desaceleração de 300% para 120% de Junho a Setembro de 2005, mantendo posteriormente
a tendência crescente e encontrando-se acima dos limites de 100%. As filiais estrangeiras, de
Junho a Dezembro de 2005 tiveram uma desaceleração e registraram uma ligeira subida de Março
a Junho de 2006, mas no ano 2007 as suas posições tornaram-se curtas (vendidas). Não obstante
este comportamento mantiveram-se dentro dos limites fixado por lei até Setembro de 2007. Em
Dezembro de 2007 ultrapassaram o limite inferior.
Gráfico 22. Exposição Cambial por Controlo Accionário
20
2.3 Solvabilidade do Sistema Bancário
As instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Nacional de Angola (BNA) devem
manter um nível de fundos próprios compatível com a natureza e a escala das suas operações, de
acordo com os riscos inerentes, mantendo o Rácio de Solvabilidade Regulamentar (RSR) igual ou
superior a 10%1. O Rácio de Solvabilidade Regulamentar (RSR) corresponde à relação entre os
Fundos Próprios Regulamentares (FPR) e o valor do património exposto aos riscos inerentes às
operações realizadas pela instituição financeira. As exigências de capital feitas pelo BNA têm em
conta os riscos de crédito e de câmbio.
Para fins do cálculo da exposição ao risco de crédito, o factor de ponderação de risco deve ter em
consideração a natureza da operação e corresponder ao intervalo que vai de 0 (zero) a 100% (cem
%). Os Fundos Próprios Regulamentares são constituídos pelos fundos próprios de base e pelos
fundos próprios complementares. Os fundos próprios de base integram o capital social, resultados
transitados, resultados do exercício e algumas reservas, ao passo que os fundos próprios
complementares englobam fundos, outras reservas, e dívidas subordinadas, conforme estabelecido
pelo Aviso nº 05/07, de 12 de Setembro. O rácio mínimo de solvabilidade exigido aos bancos em
Angola é de 10%, superior ao rácio mínimo recomendado pelo Comité de Basileia (8%) e tem como
finalidade dar maior estabilidade ao sistema financeiro, tendo em conta as características do País.
Em 2007 o total dos activos dos bancos aumentou 526 mil milhões de kwanzas (63%), tendo
alcançado cerca de 1,355 mil milhões de kwanzas. Os activos ponderados pelo risco registaram
um aumento de 300 mil milhões de kwanzas, ou seja, 69%, tendo passado de 434 mil milhões de
kwanzas em Dezembro 2006 para 734 mil milhões de kwanzas. A expansão do crédito esteve na
base deste aumento. Consequentemente, a exigência dos fundos próprios regulamentares
aumentou de 43 mil milhões de kwanzas para 73 mil milhões de kwanzas.
Gráfico 23. Solvabilidade
1 O rácio de solvabilidade mínimo é regulamentado pelo Aviso Nº05/07 de 12 de Setembro de 2007.
21
Apesar do aumento dos fundos próprios alocados para os activos ponderados pelo risco, o rácio de
solvabilidade do sistema financeiro aumentou em 3 pontos percentuais. Tendo-se situado em 22%
em Dezembro 2007, contra 19% em Dezembro 2006. Contribuiu para o efeito o aumento dos
fundos próprios regulamentares em 80 mil milhões de kwanzas com destaque para o aumento dos
fundos próprios de base, pois, alguns bancos capitalizaram-se com entrada de “dinheiro fresco”.
Portanto, o sistema bancário angolano opera com níveis de solvabilidade acima do mínimo exigido
pela norma prudencial em vigor.
Gráfico 24. Rácio de Solvabilidade
A maior parte das instituições financeiras registou um rácio de adequação dos fundos próprios
acima do limite mínimo estabelecido de 10% exigido pelo BNA.
Gráfico 25. Rácio de Solvabilidade (RS)
22
2.4 Resultados das Instituições Bancárias
Os resultados agregados da banca evidenciam uma tendência crescente, como consequência da
aposta das instituições em operações de intermediação financeira e títulos ao contrário dos anos
anteriores em que os lucros em operações financeiras representavam a maior fatia da estrutura
dos proveitos totais. O resultado líquido no final de 2007 totalizou 35 mil milhões de kwanzas, o que
corresponde a um crescimento de 58% face ao período homólogo, que se traduziu num retorno de
2.66% sobre o activo.
Gráfico 26. Resultado Líquido e Retorno de Activos
O incremento do resultado líquido, decorre do comportamento favorável registado na margem
financeira, apesar da ligeira diminuição das taxas de juro activas do mercado.
Gráfico 27. Retorno do Activo
23
Pese embora o resultado líquido do exercício ter aumentado na ordem dos 58% em relação a
Dezembro de 2006 e 120% em relação a Dezembro de 2005, ainda assim, os indicadores de
rentabilidade (ROA e ROE) registaram um ligeiro decréscimo.
O custo com pessoal registou um aumentou de 168% em Dezembro de 2007, cerca de 296 mil
milhões de Kwanzas, reflectindo o aumento dos salários e outras remunerações bem como o
aumento do número de empregados. Por outro lado, os prejuízos em operações financeiras
aumentaram na ordem dos 101% em Dezembro de 2007, sendo que, 94,2% do mesmo,
corresponde aos prejuízos e diferenças de reavaliação da posição cambial.
O rácio cost-to-income2 decresceu, tendo-se situado em 80,96%, ou seja, 8,35 pontos percentuais
abaixo do valor verificado em 2005.
3. Actividade de Supervisão Bancária
A Direcção de Supervisão Bancária (DSB), criada em princípios da década de 90, passou a
adoptar em 1993 uma estrutura orgânica dividida em três departamentos técnicos a saber;
Acompanhamento Directo (DAD), Acompanhamento Indirecto (DAI) e Consultadoria e Autorizações
(DCA), com o suporte administrativo de um secretariado.
No âmbito dos trabalhos desenvolvidos ao abrigo do Projecto de Desenvolvimento Organizacional
do Banco Nacional de Angola, através do Despacho nº 29/04, de 12 de Agosto, passou a
denominar-se Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras (DSI), dividindo-se então
em quatro áreas: Divisão de Acompanhamento Directo, Divisão de Acompanhamento Indirecto,
Divisão de Organização do Sistema Financeiro e Divisão de Pesquisa e Normas, mantendo-se o
suporte administrativo do secretariado.
Num mercado caracterizado pela liberdade contratual e pela inovação financeira, compete ainda ao
Banco Nacional de Angola verificar o cumprimento dos requisitos mínimos de informação aos
clientes sobre as condições financeiras praticadas nas várias operações e serviços, bem como
sobre os respectivos riscos.
2 (Custo com Pessoal + Fornecimentos e Servico de terceiros +Outras despesas administrativas)/ Produto Bancário
24
Portanto, a supervisão assenta na avaliação sistemática dos riscos financeiros assumidos pelas
instituições e grupos, na verificação do cumprimento das regras prudenciais em vigor, através da
análise da informação reportada numa base regular e de inspecções in loco, e, ainda, na
verificação da qualidade da respectiva gestão, de forma a habilitar o Banco Nacional de Angola a
responder a problemas emergentes antes que eles se tornem críticos ou de difícil gestão.
Assim, o Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras (DSI) do Banco Nacional de
Angola no âmbito da sua função de supervisão do sistema financeiro, combina na sua actuação as
técnicas de inspecção no local “on site” e o acompanhamento à distância “off site”, em obediência
ao princípio 20º do Comité de Basileia.
A supervisão directa (inspecção in loco) visa uma avaliação objectiva levada a cabo na instituição
financeira de forma a determinar a sua situação económico financeira, o cumprimento das normas
regulamentares e comprovar as informações prestadas ao Banco Central. De forma geral o
processo de inspecção compreende:
- Planeamento inicial que visa definir o escopo da inspecção em função do perfil de risco da
instituição, das preocupações levantadas pela análise “off site”, plano de actividades da área e
outras;
- O exame in loco que incluí a avaliação e gestão de riscos, a verificação da observância às leis e
regulamentos, o exame às transacções e operações bancárias, a avaliação da administração e
outras áreas conforme o plano;
- A elaboração do relatório de inspecção com base nas constatações, contendo recomendações a
observar pelo banco.
A supervisão indirecta (análise “off site”,) é feita no Banco Central, a partir das informações
prestadas pelas instituições financeiras, visando:
- A análise da performance económica e financeira das instituições com base nas regras
prudenciais e práticas bancárias internacionalmente recomendáveis;
- O monitoramento do cumprimento da regulamentação em vigor e identificação de eventuais
discrepâncias relevantes que deverão posteriormente ser comunicadas à supervisão directa para
efeitos de investigação no local;
- A análise da evolução e tendências do sistema financeiro nacional como um todo, servindo de
importante instrumento para a tomada de decisões do Banco Central;
25
- A utilização de mecanismos de avaliação atempada da situação das instituições financeiras de
forma a permitir uma intervenção oportuna que mitigue ou reduza os focos de risco antes que estes
se tornem incontroláveis;
- A classificação das instituições como via de promover uma salutar concorrência entre elas e
propiciar um estímulo ao aumento da eficiência e eficácia da actividade bancária;
- A avaliação do processo de constituição de instituições financeiras sujeitas à jurisdição do Banco
Nacional de Angola.
3.1 A Supervisão Directa e Indirecta
No decurso dos anos, o Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras emitiu um
conjunto de normas regulamentares, com o objectivo de aperfeiçoar e reforçar os instrumentos de
supervisão já existentes às melhores práticas a nível internacional. Assim, a 10 de Março foram
publicados os Avisos N.º 2/2006 – sobre os Controlos Internos; N.º 3/2006 – sobre a Auditoria
Externa e o N.º 4/2006 sobre o risco de liquidez.
Supervisão Directa
De acordo com os programas de actividade são definidas as inspecções globais, de
acompanhamento e específicas. As inspecções têm como objectivo avaliar:
• as políticas, práticas e os procedimentos relacionados com a concessão de crédito e decisões
de investimentos;
• a qualidade dos activos;
• os sistemas de gestão de risco e os procedimentos de controlos internos;
• o cumprimento das normas e limites prudenciais;
• os aspectos relacionados com a governação corporativa;
• o acompanhamento da implementação das recomendações do Banco Nacional de Angola;
Outrossim, são realizadas inspecções pontuais resultantes da supervisão indirecta e de
solicitações de outras unidades de estrutura.
26
O relatório final sintetiza as principais constatações e é enviado uma carta de recomendações às
instituições objecto de inspecção para comentários e adopção de medidas correctivas, cuja
implementação é objecto de acompanhamento subsequente.
Antes do início de uma inspecção é efectuada uma reunião com a Administração da instituição,
onde são colocados os principais objectivos do trabalho a realizarem. No final da mesma é
realizada uma reunião de encerramento em que são comunicados os aspectos relevantes. Porém,
no decurso dos trabalhos são realizados encontros pontuas com a Administração da instituição, se
disso houver necessidade.
Portanto, sempre que um Banco é submetido a uma inspecção, resulta desta uma carta com
recomendações onde são apresentados, formalmente, todos os aspectos passíveis de correcção.
Posteriormente é feito o respectivo acompanhamento para se aferir do seu cumprimento.
Durante o período de 2007 realizou-se 1 (uma) inspecção global, 5 (cinco) de acompanhamento e
3 (três) específicas. No decorrer de 2006 foram realizadas apenas 3 (três) inspecções globais, 3
(três) de acompanhamento e 1 (uma) específica; em 2005 a BNA realizou 8 (oito) inspecções, das
quais 4 (quatro) globais, 2 (duas) de acompanhamento e 2 (duas) específicas, conforme o mapa a
seguir:
Inspecções 2007 2006 2005
Globais 1 3 4
Acompanhamento 5 3 2
Específicas 3 1 2
Total 9 7 8
O sistema financeiro angolano era composto por 12, 14 e 17 bancos, nos anos de 2005, 2006 e
2007, respectivamente.
27
Supervisão Indirecta
No que concerne à informação remetida ao Departamento de Supervisão, assume particular relevo
a análise (i) da estrutura patrimonial das instituições financeiras, (ii) dos fundos próprios e a
respectiva adequação às exigências de capital para o grau de riscos dos activos e cambial, (iii) da
exposição aos grandes riscos, (iv) da qualidade do crédito e outros activos e respectivos níveis de
provisão, (v) do cumprimento dos rácios e limites prudências, (vi) bem como dos indicadores de
qualidade dos activos, rendibilidade e liquidez.
A análise dos relatórios e contas anuais e de controlo interno permite, ainda, avaliar de forma
qualitativa as políticas de gestão e os procedimentos de controlos internos.
No decorrer de 2007 foram aplicadas 8 (oito) sanções às instituições financeiras por incumprimento
no envio atempado da informação.
3.2 Relações com outras entidades de supervisão.
Nos últimos anos registou-se a abertura de vários bancos de capital estrangeiro em Angola, assim
como a abertura de filiais de bancos angolanos no estrangeiro. Este facto tem estado a demandar
trabalhos conjugados com outros supervisores. Os princípios básicos para uma supervisão
bancária efectiva estabelecem que “os supervisores bancários devem realizar uma supervisão
global consolidada aos grupos financeiros bancários, em particular aos que actuam
internacionalmente, monitorando adequadamente e estabelecendo normas prudenciais adequadas
para todos os seus negócios de alcance internacional (Princípio 24). Outro elemento chave da
supervisão é o estabelecimento de contactos e intercâmbio de informações com outros
supervisores, em particular os do país de acolhimento. Os supervisores bancários devem ainda
requerer que as operações locais de bancos estrangeiros sejam conduzidas com o mesmo padrão
de exigência requerido às instituições locais e devem poder fornecer informações requeridas por
autoridades supervisoras do país de origem, visando possibilitar-lhes a supervisão consolidada
(Principio 25).
No cumprimento das suas atribuições, o BNA adoptou os Princípios de Basileia. Assim, ao longo
dos anos o BNA vem estabelecendo trocas de informações com outros países, destacando-se,
Portugal, Rússia, Camarões, e África do Sul.
28
3.3 Elaboração de um novo Plano de Contas das Instituições Financeiras
A Auto - Avaliação elaborada pelo Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras (DSI),
do Banco Nacional de Angola (BNA), relativa às informações contabilísticas/estatísticas que têm
sido remetidas pelas Instituições Financeiras nos moldes do Plano de Contas das Instituições
Financeiras (PCIF) mostrou algumas limitações que a seguir destacamos:
1. Um grande volume de documentos com informações específicas tem sido remetido ao BNA;
2. As reconciliações dos vários documentos remetidos ao BNA têm registado diferenças
relevantes;
3. Ausência de flexibilidade para emissão de relatórios com informações integradas pelos vários
sistemas do BNA;
4. Duplicação de algumas informações.
Tendo em conta, dentre outras insuficiências, as limitações acima descritas, houve a necessidade
de se proceder à elaboração de um novo plano de contas – CONTIF, com a finalidade de que a
remessa de todas as informações necessárias à execução dos trabalhos da Supervisão Bancária
seja feita numa única base de dados, a partir da qual diversos relatórios de gestão possam ser
elaborados, inclusive por outras áreas do BNA.
O CONTIF tem por objectivo uniformizar os registos contabilísticos, sistematizar os procedimentos
e critérios de registo, estabelecer regras para divulgação de informações, tudo em consonância
com as melhores práticas internacionais. Além disso, o CONTIF visa racionalizar e padronizar a
utilização das contas, de modo a possibilitar o acompanhamento do sistema financeiro,
particularmente no que se refere à análise, avaliação do desempenho e controlo das actividades
desenvolvidas pelas instituições sob supervisão do Banco Nacional de Angola (BNA).
Para atingir este objectivo, procurou-se fazer convergir os procedimentos contabilísticos
estabelecidos no CONTIF com as normas internacionais de contabilidade (IFRS3 – International
Financial Reporting Standards) emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB).
3 IFRS inclui os IAS (International Accounting Standards) e as SIC (Interpretações).
29
Nesse contexto, foram incorporados critérios contabilísticos recomendados internacionalmente
como a mensuração pelo valor justo, hedge accounting, método da equivalência patrimonial,
reavaliação de activos, actualização monetária, imparidade, entre outros, assim como
procedimentos para propiciar o melhor conhecimento da situação económico-financeira do
conglomerado ou grupo económico no qual a instituição está inserida, como a consolidação de
demonstrações financeiras e as regras de evidenciação.
Adicionalmente, a estrutura conceptual do CONTIF tem o propósito de simplificar e reduzir a
quantidade de informação a ser prestada pelas instituições de forma segmentada. Concebido para
atender plenamente às necessidades actuais do BNA em termos de informação financeira, o plano
é flexível e permite alterações e expansões teoricamente ilimitadas, que propiciarão a inclusão,
alteração ou exclusão de quaisquer tipos de informações.
O DSI/BNA espera, com a implementação do CONTIF, contribuir para o aperfeiçoamento
organizacional, melhorar a gestão dos riscos e propiciar ganhos de produtividade nas instituições
financeiras em Angola, capacitar o Sistema Financeiro frente às transformações contínuas no
mercado financeiro internacional, e fornecer informações que beneficiem os usuários da
contabilidade, especialmente do sistema financeiro que detém extensa ligação com todos os
agentes económicos. Concomitantemente, o CONTIF pretende oferecer maior quantidade de
informação qualitativa para a melhoria dos trabalhos da Supervisão do BNA, na busca constante
da solidez do Sistema Financeiro Angolano.
3.4 Projecto da Central de Risco
O BNA iniciou no ano de 2007 um projecto de constituição de uma Central de Informação e Risco
de Crédito moderna, com vista a conferir segurança e fiabilidade à informação e
consequentemente incentivar a sua utilização pelas Instituições Financeiras.
O serviço da Central de Informação e Risco de Crédito (CIRC) tem por objectivo centralizar a
informação do crédito concedido sob qualquer forma ou modalidade pelas Instituições Financeiras,
e prestar informação que auxilie a avaliação dos riscos na concessão de crédito pelas Instituições
Financeiras;
30
Os bancos, as cooperativas de crédito, as sociedades de cessão financeira, as sociedades de
locação financeira, as sociedades de micro-crédito e outras Sociedades que sejam como tal
qualificadas por Lei devem fornecer ao Banco Nacional de Angola, a informação requerida,
referente ao crédito concedido, a residentes e a não residentes cambiais. A informação constante
na Central de Informação e Risco de Crédito é de inteira responsabilidade das Instituições
Financeiras que a tenham fornecido, cabendo exclusivamente a estas proceder à sua alteração ou
rectificação.
As informações da Central de Informação e Risco de Crédito podem ser utilizadas para fins de
Supervisão das Instituições Financeiras e melhor gestão do risco de crédito pelas Instituições
Financeiras. A informação constante da Central de Informação e Risco de Crédito está sujeita ao
dever de segredo nos termos da Lei das Instituições financeiras.
3.5 Branqueamento de Capitais
O branqueamento de capitais (branqueamento de capitais) constitui um conjunto de operações
comerciais ou financeiras que visam a introdução na economia de cada país de bens ou direitos
adquiridos de forma ilícita.
Esta prática geralmente envolve múltiplas transacções, usadas para ocultar a origem dos activos
financeiros e permitir que eles sejam utilizados sem comprometer os criminosos. A dissimulação é,
portanto, a base para toda a operação de lavagem que envolve dinheiro proveniente de um crime
antecedente.
Durante os últimos dez anos, inúmeras organizações envolveram-se na luta contra o
branqueamento de capitais, promovendo a cooperação para assegurar que as instituições
financeiras tomem as providências necessárias a fim de minimizar os efeitos danosos desta
prática. O tema do branqueamento de capitais, embora conhecido desde a década de 80, difundiu-
se, nos últimos anos, em conferências internacionais e a preocupação com os aspectos práticos do
combate a esse crime começou a materializar-se de forma mais ampla no início dos anos 90.
Desde então, diversos países têm tipificado o crime e criado agências governamentais
responsáveis pelo combate ao branqueamento de capitais. Estas agências são conhecidas
mundialmente como Unidades de Inteligência Financeiras (UIF).
Os acordos internacionais ou tratados que formam a estrutura para cooperação em assuntos de
branqueamento de capitais incluem:
31
• A Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e de Substâncias
Psicotrópicas, 1988, Viena;
• As 40 recomendações sobre branqueamento de capitais do Grupo de Acção Financeira sobre
branqueamento de capitais (GAFI/FATF32) - de 1990, revistas em 1996 e referidas como
Recomendações do GAFI/ FATF; mais as 9 recomendações sobre financiamento do terrorismo
do ano 2003.
• A Declaração Política e o Plano de Acção contra Branqueamento de Capitais, adoptados na
Sessão Especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre o Problema Mundial das
Drogas, 1998, Nova Iorque.
Na nossa região existe uma organização Anti-branqueamento de Capitais da África Oriental e
Austral (Eastern and Southern África Anti-Money Laundering Group- ESAAMLG). O ESAAMLG é
uma organização dos países da África Oriental e do Sul voltada para a promoção da cooperação
na implementação de políticas de combate ao branqueamento de capitais e de luta contra o
financiamento do terrorismo.
No ano de 2007, o BNA levou a cabo um conjunto de actividades voltadas para dinamização da
temática relacionado com o branqueamento de capitais em coordenação com outras instituições
nacionais, visando a promoção da cooperação no combate ao branqueamento de capitais e a luta
contra o financiamento ao terrorismo. Refira-se também que o BNA tem vindo a capacitar os seus
quadros no sentido de dotá-los de conhecimentos que poderão vir a ser de grande utilidade no
combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.
3.6 Capacitação dos Recursos Humanos
Um dos objectivos estratégicos do Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras,
consiste no fortalecimento da supervisão através de um processo contínuo de capacitação dos
seus técnicos. São pressupostos desta estratégia, o reforço da capacidade interna, a diminuição
da dependência externa e a optimização na utilização dos recursos existentes.
Os objectivos prioritários visam a promoção da melhoria da qualidade do sistema de formação dos
técnicos do departamento e a criação de condições que possibilitem um desenvolvimento auto-
sustentável.
32
Com a capacitação continua dos técnicos, pretende-se também criar uma base de conhecimentos
comum sobre as normas internacionais de supervisão, assim como as estratégias e metodologias
de intervenção no sector financeiro.
No âmbito do cumprimento do seu plano de formação, o Departamento de Supervisão de
Instituições Financeiras, participou em vários cursos, seminários e estágios dentro e fora de país,
relacionados com matérias de supervisão baseada no risco, Basileia II, risco de crédito,
branqueamento de capitais, risco de mercado, processos administrativos e de penalizações.
4. Normas Prudenciais
As regras prudenciais emitidas pelo BNA têm como desiderato, por um lado, a manutenção da
estabilidade do sistema financeiro, ou seja, a segurança e solidez financeira das instituições, e por
outro lado, a protecção dos depositantes e outros investidores contra perdas resultantes de uma
gestão deficiente, de fraudes e falências dos provedores de serviços financeiros.
A Lei das Instituições Financeiras estabelece um conjunto de regras que são regulamentadas
mediante Avisos do BNA e que devem ser observadas pelas instituições financeiras sob sua
jurisdição. Destacam-se aqui o controlo da aquisição de participações qualificadas, a verificação da
idoneidade e experiência dos membros dos órgãos de administração e de fiscalização, o valor
mínimo dos fundos próprios a determinar em função do grau de risco dos activos, o limite de
participações sociais, os limites à concentração de riscos e às imobilizações, os limites mínimos
para as provisões destinadas à cobertura de crédito e outros riscos ou encargos, e as normas em
matéria de supervisão em base consolidada. A maioria dos requisitos e limites prudenciais têm
relação com os fundos próprios regulamentares.
Além dos objectivos já identificados, o estabelecimento de regras prudenciais tem em vista criar
uma base uniforme de enquadramento para a actuação das instituições no mercado. Tratam-se,
por isso, de instrumentos simplificados e de carácter preventivo, motivo pelo qual essas regras têm
de ser entendidas como complemento de uma gestão sã e prudente, nunca podendo substituir
sistemas eficazes de avaliação de riscos, gestão e de controlo interno. Estes sistemas devem ser
desenvolvidos pelas próprias instituições financeiras, tendo em conta as suas responsabilidades
perante os accionistas, depositantes, credores, assim como a sociedade em geral.
33
O Banco Nacional de Angola produziu um pacote de normativos ajustados às Normas
Internacionais de Contabilidade e aos princípios de boa técnica bancária, destacando-se a
aprovação de um novo Plano de Contas para as Instituições Financeiras (CONTIF).
A Auto-Avaliação elaborada pelo Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras do
Banco Nacional de Angola relativa ao cumprimento dos vinte e cinco Princípios do Comité de
Basileia do Banco de Pagamentos Internacional (BIS) realizada em 2004, revelou a necessidade
de se proceder à revisão e elaboração do conjunto de normas prudenciais em vigor para as
instituições financeiras sob supervisão do Banco Central, com o objectivo de as adequar aos
padrões internacionais.
De sublinhar que os princípios básicos para uma supervisão bancária efectiva constituem uma
referência na avaliação da eficiência e eficácia dos regimes de supervisão bancária a nível
internacional.
Adicionalmente, a posterior alteração da Lei-Quadro do sistema financeiro, nomeadamente a
publicação da Lei nº13/ 05, de 30 de Setembro – Lei das Instituições Financeiras, que revogou a
Lei 01/99, de 23 de Abril, contribuiu também para a necessidade de adequação da regulamentação
prudencial actual.
Finalmente, a evolução que o sistema financeiro, em particular o sistema bancário, tem
apresentado, expressa no crescimento do número de instituições financeiras a operar no país,
assim como no aumento que tem vindo a ocorrer na complexidade e sofisticação dos produtos,
serviços e operações, requerem a existência de normas prudenciais em conformidade com os
padrões internacionalmente aceites.
Deste modo, o conjunto de normas prudenciais publicado no ano de 2007, foi amplamente
discutido com as instituições financeiras sob jurisdição do BNA, beneficiando da contribuição das
mesmas o que permitiu uma melhor adaptação à realidade Nacional e está alicerçado nos
princípios básicos para uma supervisão eficiente e eficaz extraídos do documento “Core principles
for effective banking supervision” elaborado pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basiléia (Basel
Committee on Banking Supervision) do BIS (Bank for International Settlements).
34
Principais Normas Aprovadas:
1. O Aviso nº 04/07 sobre “Limites Mínimos de Capital e Fundos Próprios” regulamenta os
valores mínimos de capital e fundos próprios necessários para garantir o funcionamento das
instituições. Os fundos próprios devem ser suficientes para absorver perdas prováveis
independentemente do perfil dos activos, passivos e de itens extra-patrimoniais que compõem o
cálculo do rácio de solvabilidade.
2. O Aviso nº05/07 sobre “Rácio de Solvabilidade Regulamentar – RSR e Fundos Próprios
Regulamentares - FPR” estabelece o limite operacional para exposição aos riscos inerentes às
actividades de intermediação financeira, consubstanciado no rácio de solvabilidade, bem como as
definições de fundos próprios regulamentares, níveis I e II. Estabelece a exigência de capital para
cobertura de riscos de mercado, nomeadamente, o risco de câmbio, para além da exigência de
capital para cobertura do risco de crédito.
3. O Aviso nº06/07 sobre “Limite de Exposição ao Risco de Câmbio” estabelece o limite de
exposição ao risco de câmbio, decorrente do desfasamentos de montantes activos e passivos em
moeda estrangeira ou indexados à variação cambial.
4. O Avisonº07/07 sobre “Limite de Imobilização” estabelece o limite para aplicação de recursos
em activos imobilizados. Tem por finalidade assegurar liquidez e recursos para a intermediação
financeira, que constitui o objecto social das instituições financeiras.
5. O Aviso nº08/07 sobre “Princípios ou Regras para Concessão de Crédito e Operações
Vedadas” estabelece as regras para a concessão de crédito e prestação de garantias e define o
limite de exposição ao risco de crédito. O objectivo desta norma consiste na redução do risco de
concentração das aplicações e na apresentação de um conjunto de recomendações e de práticas
que assegurem a observância dos preceitos de prudência e de segurança na realização de
operações de crédito.
6. O Aviso nº09/07 sobre “Classificação das Operações de Crédito e de Locação Financeira”
estabelece os procedimentos e critérios a serem observados na concessão de crédito e de locação
financeira, com vista à classificação do crédito pelo nível de risco.
35
7. O Aviso nº10/07 sobre “Actualização Monetária” estabelece o índice e os procedimentos de
actualização monetária aplicáveis às demonstrações financeiras das instituições financeiras,
considerando os efeitos da modificação no poder de compra da moeda nacional.
8. O Aviso nº11/07 sobre “Reavaliação do Imobilizado Corpóreo” estabelece as condições e
procedimentos aplicáveis à instituição financeira quando esta optar por este critério de
avaliação do imobilizado de uso próprio.
9. O Aviso nº12/07 sobre “Condições e Procedimentos para Instalação de Sucursais no
Exterior e para Participação Societária” estabelece as condições e procedimentos para
instalação de sucursais no exterior, bem como as regras para a participação societária, directa
ou indirecta, no país e no exterior.
10.O Aviso nº13/07 sobre “Requisitos e Procedimentos para Constituição de Instituições
Financeiras” revoga o Aviso 4/98, de 30 de Novembro e estabelece os requisitos e
procedimentos a serem seguidos no processo de constituição e revogação de instituições
financeiras à luz da Lei 13/05, de 30 de Setembro – Lei das Instituições Financeiras.
11.O Aviso nº14/07 sobre “Procedimentos para Elaboração das Demonstrações Financeiras
Consolidadas” estabelece os procedimentos a observar na elaboração das demonstrações
financeiras consolidadas, incluindo a forma proporcional e integral, para instituições financeiras
pertencentes a conglomerados financeiros e/ou grupos económicos. A finalidade desta norma
consiste na obtenção de uma visão consolidada de todas as instituições pertencentes ao
conglomerado financeiro e grupo económico, imprescindível à correcta avaliação dos riscos
inerentes às actividades operacionais, bem como ao conhecimento da situação económico-
financeira das Instituições.
12.O Aviso nº15/07 sobre “Elaboração e Publicação das Demonstrações Financeiras”
estabelece a periodicidade para a elaboração e publicação das demonstrações financeiras das
Instituições financeiras, assegurando a disponibilidade de informação para os aforradores e
para o mercado.
13.O Aviso nº16/07 sobre “Atraso no envio de informação” estabelece, de forma prática e
simplificada, a aplicação de multas relativas aos atrasos no envio de informação contabilística e
extra-contabilística para o Banco Nacional de Angola.
36
14.O Instrutivo nº08/07 sobre “Método da Equivalência Patrimonial - Procedimentos para
Avaliação de Participações Societárias em Sociedades Coligadas ou Equiparadas”
estabelece os procedimentos para a avaliação de participações societárias em sociedades
coligadas ou equiparadas.
15.O Instrutivo nº05/07 sobre “Exposição ao Risco de Crédito” estabelece os factores de
ponderações do risco tendo em conta a natureza das operações para o apuramento do rácio de
solvabilidade regulamentar.
16.O Instrutivo nº06/07 sobre “Cobertura do Risco de Câmbio e Ouro” estabelece a fórmula de
cálculo do capital exigido para a cobertura do risco de câmbio e ouro, para efeitos de
determinação do rácio de solvabilidade regulamentar.
17.O Instrutivo nº07/07 de “criação de contas”, cria as novas contas no âmbito do Plano de
Conta das Instituições Financeiras (PCIF) em vigor, de forma a adequá-lo às necessidades e
exigências do momento.
18.A Directiva nº02/07 sobre “Diversificação de Risco de Clientes” estabelece o formato e a
periodicidade para envio desta informação ao BNA.
19.A Directiva sobre “Exposição Cambial”, estabelece as contas a serem consideradas no
preenchimento dos mapas de exposição cambial diária e mensal e a respectiva forma de
cálculo do limite de exposição cambial a ser observada pelas instituições financeiras.
5. Plano de Actividades do DSI para 2008
No marco do fortalecimento da supervisão do sistema bancário, o Departamento de Supervisão
das Instituições Financeiras definiu 4 (quatro) grandes projectos para os anos de 2008 e 2009; (i) a
substituição do actual sistema informático de suporte à supervisão (BSA - Banking Supervision
Application) por outro, designado Sistema de Supervisão das Instituições Financeiras (SSIF). Esta
substituição é necessária pelo facto do mesmo não ser compatível com o novo plano de contas
(CONTIF); (ii) a realização de actividades preparatórias do Programa de Avaliação do Sector
Financeiro (FSAP); (iii) a regulamentação da Lei das Instituições Financeiras na parte referente às
Instituições Financeiras não bancárias e (iv) a implementação de uma Central de Informação e
Risco de Crédito Moderna.
37
5.1 Aplicativo de Supervisão
O BNA pretende substituir o actual sistema informático de suporte às actividades de supervisão
Banking Supervision Application (BSA), por outro designado Sistema de Supervisão de Instituições
Financeiras (SSIF), que funcionará no Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras
(DSI) do BNA.
A substituição do actual sistema, decorre do facto do mesmo não ser compatível em termos de
absorção das contas previstas no novo plano de contas (CONTIF).
O SSIF terá as seguintes vantagens: ser um sistema robusto, flexível, de fácil manuseio (user
friendly), totalmente adequado às necessidades actuais de negócio, flexível em termos de
evolução, com características de segurança apropriadas, tanto no sistema de fluxo das
informações quanto no seu processamento e armazenamento.
Este sistema terá como objectivos: validar, criticar e armazenar os dados enviados pelas
instituições financeiras, calcular rácios e limites operacionais, disponibilizar consultas e relatórios
padronizados e dinâmicos, alertar sobre situações preestabelecidas, enfim, propiciar o
desenvolvimento de instrumentos e de metodologias que permitam o monitoramento, a análise e
avaliação da situação económico-financeira e dos riscos inerentes às actividades das instituições
financeiras e conglomerados.
5.2 Programa de Avaliação do Sector Financeiro ( FSAP)
O Programa de Avaliação do Sector Financeiro (FSAP) é um programa conjunto do Banco Mundial
(BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), utilizado pelos países membros, como um
instrumento para a avaliação abrangente do sistema financeiro tendo em vista o diagnóstico das
suas vulnerabilidades e dos seus pontos fortes, e serve também para a identificação das
necessidades de desenvolvimento e de aperfeiçoamento dos sistemas financeiros em matéria de
enquadramento legal, regulamentar e de supervisão, no sentido da promoção da convergência
para as melhores práticas internacionais.
38
5.3 Regulamentação da Lei das Instituições Financeiras
No ano de 2008, o DSI vai iniciar a preparação da regulamentação da Lei das Instituições
Financeiras no que se refere às Instituições Financeiras não bancárias, designadamente,
sociedades cooperativas de crédito, sociedades de micro crédito, sociedades de locação
financeira, sociedades cessão financeira e outras sob a jurisdição do BNA, assim como a
elaboração de um projecto de código de ética para os supervisores.
5.4 – Central de riscos.
A institucionalização da Central de Informação e Risco de Crédito (CIRC), tem-se mostrado cada
vez mais premente e urgente, enquanto ferramenta necessária ao registo das informações sobre
as operações de crédito ocorrido no sistema financeiro angolano, com a finalidade de dar cobertura
ao disposto no artigo 64º, da Lei 13/05, de 30 de Setembro – Lei das Instituições Financeiras.
Assim, a efectivação da CIRC passa pela implementação de um aplicativo informático que permita
às Instituições Financeiras participantes fazer uma melhor gestão de riscos de crédito, bem como
ao Banco Nacional de Angola, na qualidade de Organismo de Supervisão das Instituições
Financeiras, dispor de informações sobre as operações de crédito concedidas no sistema
financeiro angolano. A ausência desta informação tem fragilizado o processo de gestão do risco de
crédito pelas instituições financeiras.
A CIRC terá fundamentalmente como funcionalidade proceder ao registo e disponibilizar um
conjunto de informação sobre as operações de crédito praticadas pelas instituições financeiras que
exerçam funções de crédito e sujeitas à jurisdição do Banco Nacional de Angola, nomeadamente,
bancos, sociedades de cooperativas de crédito, sociedades de cessão financeira, sociedades de
micro crédito e outras sociedades como tal qualificadas por Lei.
39
6. Anexos
A. Balanço Patrimonial
40
B. Demonstração de Resultados
41
C. Organigrama do Departamento de Supervisão
42
D. Instituições Bancárias Supervisionadas
LISTA DOS BANCOS COMERCIAIS EM ACTIVIDADE NOME DO BANCO SIGLA 1. BANCO DE POUPANÇA E CRÉDITO B.P.C. 2. BANCO DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA B.C.I. 3. BANCO DE FOMENTO, S.A. B.F.A. 4. BANCO TOTTA DE ANGOLA, S.A. BTA 5. BANCO MILLENNIUM ANGOLA, S.A. BMA 6. BANCO COMERCIAL ANGOLANO, S.A. B.C.A. 7. BANCO SOL S.A. BSOL 8. BANCO ESPÍRITO SANTO ANGOLA, S.A. B.E.S 9. BANCO REGIONAL KEVE, S.A. BRK 10. NOVO BANCO, S.A. NVB 11. BANCO BIC, S.A. BIC 12. BANCO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAL S.A. BNI 13. BANCO ANGOLANO DE NEGÓCIOS E COMÉRCIO BANC 14. BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE ANGOLA BDA 15. BANCO PRIVADO ATLÂNTICO, S.A. BPA 16. VTB ÁFRICA, S.A. VTB 17. BANCO AFRICANO DE INVESTIMENTOS BAI
BANCO AUTORIZADOS POR INICIAR ACTIVIDADE 1. BANCO QUANTUM CAPITAL INTERNACIONAL 2. FINIBANCO LISTAGEM DAS CASAS DE CÂMBIO AUTORIZADAS E FUNCIONAMENTO: 1-MONETA,LDA – LUANDA 2-NEV – LUANDA 3-NOVACÂMBIOS S.A. – LUANDA 4-FERNANDES LDA – LUBANGO 5-CASA DE CÂMBIOS EXPRESSO, LDA – LUANDA 6-UNIVERSAL CÂMBIOS, S.A. – LUANDA 7- HUÍLA CÂMBIOS LDA – LUBANGO 8- ENOQUE & IRMÃO, LDA – LUBANGO 9-SOFICHANGE,LDA – LUANDA 10-KUZUCA LDA – SUMBE 11-TRANSGLOBAL,SARL – LUANDA 12- ALMAC CASA DE CÂMBIOS LDA – LUBANGO 13- SPOTCÂMBIOS, LDA – LUANDA
E. Q
uad
ros
Est
atís
tico
s
E
sc
alo
na
me
nto
de
cré
dit
os
P
razo
s r
es
idu
ais
de
De
pó
sit
os
Mo
nta
nte
s e
m M
ilha
res
de
Kw
an
zas
A
te t
rês
me
ses
De
3 m
ese
s a
u
m a
no
M
ais
de
um
an
o
Ate
trê
s m
ese
s D
e 3
me
ses
a
um
an
o
De
um
an
o a
5
an
os
Ma
is d
e 5
a
no
s
Ba
nco
Afr
ica
no
de
In
vest
ime
nto
s S
.A.
96
9.4
76
9
.08
1.1
95
5
1.7
83
.83
5
20
6.3
23
.66
3
5.0
31
.03
8
61
1.8
48
1
7.9
65
B
an
co A
ng
ola
no
de
Ne
gó
cio
s e
Co
mé
rcio
S
.A.
75
5
0.7
24
5
3.8
56
15
.38
0
Ba
nco
BIC
S.A
.
9
1.9
56
.56
0
27
.08
8.5
01
2
.49
6.9
74
Ba
nco
Co
me
rcia
l An
go
lan
o S
.A.
1
.24
8.3
05
3
.25
9.8
68
1
.84
0.2
50
2
.27
5.1
51
Ba
nco
de
Co
mé
rcio
e I
nd
úst
ria
S.A
.
9
.94
1.8
68
Ba
nco
de
De
sen
volv
ime
nto
de
An
go
la
E.P
.
7
8.2
95
5
8.7
43
.00
0
Ba
nco
de
Fo
me
nto
S
.A.
10
9.3
59
.09
8
10
.32
4.0
11
1
10
.20
9
Ba
nco
de
Ne
gó
ios
Inte
rna
cio
na
l S.A
.
37
1.8
28
5
.77
9.1
05
5
.11
4.4
30
1
.17
0.6
99
1
63
.32
8
Ba
nco
de
Po
up
an
ca e
Cré
dito
9
3.6
99
.76
0
11
.07
2.6
95
3
2.9
86
.06
9
16
.83
3
Ba
nco
de
Esp
irito
Sa
nto
An
go
la S
.A.
6
04
.45
4
27
.61
7.5
54
3
4.9
78
.65
7
54
.73
4.4
38
3
1.9
55
.12
4
3.7
45
.99
3
32
3.6
93
Ba
nco
Mill
en
niu
m A
ng
ola
S.A
.
1
2.6
35
.87
8
3.7
25
.87
0
1.4
23
.15
0
Ba
nco
Pri
vad
o A
tlán
tico
S.A
.
3
.01
2.7
43
1
.97
1.7
63
4
.14
9.7
92
Ba
nco
Re
gio
na
l Ke
ve S
.A.
2.7
65
.01
7
2.1
99
.95
1
2.0
84
.68
5
2.4
39
.67
8
70
1.9
94
Ba
nco
So
l S.A
. 9
25
.97
7
3.5
70
.58
6
4.4
87
.96
8
8.1
78
.78
9
58
9.4
78
4
.77
1
Ba
nco
To
tta
de
An
go
la S
.A.
11
.36
3.1
95
4
.17
7.8
65
1
.18
2.2
21
No
vo B
an
co S
.A.
80
.61
5
51
4.3
12
1
20
.18
3
2
15
.34
6
VT
B Á
fric
a S
.A.
89
.66
3
1
98
.77
6