relatório de intercâmbio - ufsj · comprar a janta e o almoço por um preço muito baixo e uma...

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Página 1 de 7 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI ASSESSORIA PARA ASSUNTOS INTERNACIONAIS PROGRAMA DE INTERCÂMBIO ACADÊMICO INTERNACIONAL PARA GRADUAÇÃO Relatório de Intercâmbio Aluno(a): FABRÍCIO MATHIAS CASTELLO BRANCO Período de intercâmbio: 01-07-2010 a 20-01-2011 Matrícula: 0902038-1 Curso: LETRAS Telefone: (21)88347720 E-mail: [email protected] Instituição de destino: Universidade Eduardo Modlane Cidade: Maputo País: Moçambique Orientação 1: Além de funcionar como uma forma de Avaliação do intercâmbio realizado por você, este relatório também tem como objetivo passar informações aos futuros alunos intercambistas, portanto, solicitamos que você o preencha com informações bem detalhadas. Orientação 2: Após entregar este Relatório à ASSIN você deverá enviar uma foto sua, que será colocada na página da Assessoria, junto com o Depoimento solicitado no final deste documento. Disciplinas cursadas: (favor listar) Literatura Portuguesa Comunicação na África Austral 1. A quantidade de matérias escolhidas foi adequada? Comente. Não. A princípio me inscrevi em cinco disciplinas que por motivo de força maior, das quais só concluí duas. Explico: o padrão de funcionamento de uma Universidade Africana difere-se do praticado aqui. Não há uma cobrança quanto a horários e normas, prova disto foi descobrir que uma das matérias matriculadas não seria oferecida já no meio do semestre (pelo professor que se atrasara em seu mestrado na Europa), e a impossibilidade de cursar outras duas pela troca de horário imprevista no fim do semestre coincindindo com outras atividades e aulas previamente matriculadas. 2. Você conseguiu se matricular nas disciplinas que queria? Se não, qual o motivo? Houve algum tipo de auxílio por parte da escola a esse respeito (academic advisor)? Consegui. Apesar de só tomar conhecimento das matérias oferecidas no semestre quando cheguei em Maputo. Os contatos via internet são realmente dificultosos por aqueles lados, seja pela falta do hábito ou simplesmente pela precariedade do funcionamento das redes. Vale lembrar que ainda cursei disciplina à noite (turno pós-laboral), como um precedente aberto a mim, já que o convêncio da UFSJ é apenas para os cursos diurnos (laborais), segundo a norma de reciprocidade por serem os únicos gratuitos da instituição receptora. 3. Quais das seguintes facilidades eram oferecidas pela Instituição anfitriã? Biblioteca Restaurantes/ Lanchonetes Centro Esportivo Alojamento Outras: 4. Você teve dificuldade para acompanhar as aulas devido a problemas com idioma? Não. O idioma é o mesmo, variando apenas no sotaque de fácil adaptação. 5. Fale sobre a Universidade.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

ASSESSORIA PARA ASSUNTOS INTERNACIONAIS

PROGRAMA DE INTERCÂMBIO ACADÊMICO INTERNACIONAL PARA GRADUAÇÃO

Relatório de Intercâmbio Aluno(a): FABRÍCIO MATHIAS CASTELLO BRANCO Período de intercâmbio: 01-07-2010 a 20-01-2011

Matrícula: 0902038-1 Curso: LETRAS

Telefone: (21)88347720 E-mail: [email protected]

Instituição de destino: Universidade Eduardo Modlane Cidade: Maputo País: Moçambique

Orientação 1: Além de funcionar como uma forma de Avaliação do intercâmbio realizado por você, este relatório também tem como objetivo passar informações aos futuros alunos intercambistas, portanto, solicitamos que você o preencha com informações bem detalhadas. Orientação 2: Após entregar este Relatório à ASSIN você deverá enviar uma foto sua, que será colocada na página da Assessoria, junto com o Depoimento solicitado no final deste documento.

Disciplinas cursadas: (favor listar) Literatura Portuguesa

Comunicação na África Austral

1. A quantidade de matérias escolhidas foi adequada? Comente. Não. A princípio me inscrevi em cinco disciplinas que por motivo de força maior, das quais só concluí duas. Explico: o padrão de funcionamento de uma Universidade Africana difere-se do praticado aqui. Não há uma cobrança quanto a horários e normas, prova disto foi descobrir que uma das matérias matriculadas não seria oferecida já no meio do semestre (pelo professor que se atrasara em seu mestrado na Europa), e a impossibilidade de cursar outras duas pela troca de horário imprevista no fim do semestre coincindindo com outras atividades e aulas previamente matriculadas. 2. Você conseguiu se matricular nas disciplinas que queria? Se não, qual o motivo? Houve algum tipo de auxílio por parte da escola a esse respeito (academic advisor)? Consegui. Apesar de só tomar conhecimento das matérias oferecidas no semestre quando cheguei em Maputo. Os contatos via internet são realmente dificultosos por aqueles lados, seja pela falta do hábito ou simplesmente pela precariedade do funcionamento das redes. Vale lembrar que ainda cursei disciplina à noite (turno pós-laboral), como um precedente aberto a mim, já que o convêncio da UFSJ é apenas para os cursos diurnos (laborais), segundo a norma de reciprocidade por serem os únicos gratuitos da instituição receptora. 3. Quais das seguintes facilidades eram oferecidas pela Instituição anfitriã?

Biblioteca Restaurantes/ Lanchonetes Centro Esportivo Alojamento Outras:

4. Você teve dificuldade para acompanhar as aulas devido a problemas com idioma? Não. O idioma é o mesmo, variando apenas no sotaque de fácil adaptação. 5. Fale sobre a Universidade.

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A Universidade ainda precisa de desenvolver como Centro de Pesquisa. Apesar de possuir Campus grandes e acolher a um grande número de alunos ainda funciona como um "Olimpo" dando o status de "Deuses" a quem atravessa àqueles umbrais. O deslocamento é dificultoso. As salas são pouco ventiladas e permanecem a todo o momento de janelas fechadas, mesmo fazendo um calor de 40 graus a cultura imposta ali ainda é dominante e não raro se vê pessoas socialmente vestidas (lê-se passeio completo) em aulas em meio ao verão Os funcionários exercem apenas o trabalho estipulado, sendo incapazes de resolver maiores problemas que excedem sua alçada. Os professores são o "Centro do Conhecimento" A Biblioteca existente no Campus Central da Universidade não disponibiliza os livros para empréstimo de seus estudantes. Havendo necessidade de consulta somos obrigados a permanecer no local, ou tirar fotocópias, enfrentando filas intermináveis, que na maioria das vezes não são respeitadas. O deslocamento entre um prédio e outro é feito através a pé ou de carro quando se consegue uma carona (boléia, como eles dizem) com algum outro aluno. Há entre a entrada principal e o prédio das salas de aula uma distância de aproximadamente dois kilômetros que deve ser percorrida diariamente, esse percursso ocorre sobre um chão de areia batida, que se transforma em densa lama nos dias chuvosos. Ao lado do portão de entrada, existe uma vegetação não controlada, de onde ocasionalmente surgem cobras. 6. A parte acadêmica atingiu suas expectativas? Por quê? Não. A dificuldade de efetivação do meu horário atrapalhou em meus planos de estudos. Quando percebi que não poderia cursar as matérias propostas, já não dava tempo de transferir-me de turma. Os professores - em sua maioria bacharéis - são acometidos de um distanciamento dos alunos, na tentativa de afirmar sua posição em sala de aula. Não há possibilidade de discussões,a nota é variável de 0 a 20, sendo que um professor jamais lhe dará a nota máxima, porque acredita que não há perfeirção. Se ele assim o fizer, assumirá que seu conhecimento é equiparável ao dele. As avaliações são baseadas em seus erros e não em seus acertos. O conhecimento dos professores é parco. Valem-se de seu título para demonstrar alguma autoridade. A organização das aulas também é complicada. Há muita falta de professores, e não existem pessoas com quem se reclamar. A dificuldade de consultas em livros também é outro fator. Existem pouquíssimas bibliotecas e livrarias em Maputo. O preço dos livros é exorbitante! Integração 7. Houve atividades de recepção/integração para os estudantes estrangeiros? Como foram? Eram organizadas pela Instituição anfitriã? Não houve nenhuma atividade. 8. Havia indicação, por parte da Instituição anfitriã, de um aluno para auxiliá-lo (a)? Não. 9. Você teve mais contato com estudantes nativos ou com estrangeiros? Estrangeiros. 10. Como foi a receptividade dos professores? Eram acessíveis fora das aulas? Particularmente fui bem recebido pelos professores. Fui melhor tratado do que os alunos locais. A questão de ser um aluno intercâmbista era um status que me fazia diferente aos olhos deles. A maioria me questionava porque havia escolhido Moçambique. Alguns haviam se graduado no Brasil e acreditavam que a educação aqui era melhor. Fora das salas de aula não os encontrei. Burocracia 11. Houve problemas/dificuldades em relação ao visto? Alguma dica para facilitar o processo? A obtenção do visto é fácil. Pode ser tirada no Brasil, ou na fronteira de Moçambique pela metade do preço. Ao chegar, consegue-se um visto temporário de um mês. O visto de permanência de seis meses é conseguido pela própria Universidade. No departamento que recebe os alunos. Deixa-se com eles o passaporte, e depois de um mês recebemos o visto definitivo. Mas é muito importante que se faça uma cópia e a autentique em cartório. Constantemente somos parados por policiais que exigem ver nossos documentos. A relação da polícia local com os estrangeiros é complicada. Procuram sempre qualquer razáo para extorquir algum dinheiro.

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12. Você teve que se registrar no país onde realizou intercâmbio? Como foi esse processo? (especifique prazos, taxas, documentos necessários) Não foi necessário. Apenas o visto registrado no passaporte. 13. Na universidade/faculdade, você teve que fazer documentos, como carteirinhas e outros?

DOCUMENTO e FINALIDADE TAXA

Carteirinha de estudante. Era usada para acesso a biblioteca, isenção de algumas taxas, como: entrada grátis em museus.

Grátis

Moradia 14. Você morou em:

Alojamento da Universidade/ Instituição República Casa de Família Apartamento alugado

Individual Com outro estudante Outro:

15. A Universidade oferece Alojamento? É pago ou gratuito? Oferece. O alojamento é pago, mas o valor é baixo, 1500 meticais, que é aproximadamente R$80,00. 16. Se não ficou no alojamento da universidade/faculdade, como você conseguiu o contato do local onde ficou? 17. Você recomenda esta moradia? Dê características do local bem como o endereço, telefone e outras formas de entrar em contato. Não. Havendo a possibilidade de um aluguel individual eu recomendaria ao estudante. Fiquei alojado no último andar de um prédio de 11 andares sem elevador. Dividi o único apartamento existente na moradia com mais cinco pessoas, e era o local mais confortável. Todas as outras vagas são em quartos coletivos sem banheiros ou espaço para alimentação. No segundo andar do prédio existe o refeitório, onde se pode comprar a janta e o almoço por um preço muito baixo e uma qualidade proporcional. O prédio é aberto e qualquer um sobe a qualquer horário.Por sorte, o fato de sermos estrangeiros nos garantiu maior conforto e privacidade. Mesmo assim, a água faltava constantemente e sempre nos deparavamos com enormes ratos que vagavam por todos os andares. Pasmem: eles chegavam menos cansados que nós no décimo-primeiro andar! A localização também é outro mistério. Não existem números nas fachadas indicando o endereço das casas. Sabe-se que fica na Av. Karl Marx, literalmente em frente ao Mercado do Povo. 18. Foi necessário depósito de segurança? Como os pagamentos eram realizados? Era necessário permanecer por um tempo mínimo? Não foi necessário. Os pagamentos são feitos direto no Standard Bank, em uma conta informada por eles. Ao início de cada mês você deve apresentar o comprovante de pagamento. O tempo mínimo informado era de um ano, mas eles abriram um precedente para nós, acomodando-nos com outros brasileiros que já estavam no apartamento. 19. Qual a qualidade do local em que você ficou com relação à limpeza, conforto e facilidades oferecidas? Péssimo. Mas eu não esperava viver confortavelmente na África. Me dispus a quebrar meus paradigmas. O apartamento é a melhor moradia do prédio, que abriga aproximadamente 150 homens que constantemente ficam sem tomar banho pela falta de água. Fomos constantemente surpreendido por afro-roedores, e os banheiros dos andares que são utilizados pelos dormitórios...só de lembrar do cheiro me revira o estômago! 20. Era próximo à escola e/ou próximo a lugares de interesse? Muito próximo ao Campus onde cursei a disciplina no curso de Jornalismo e relativamente distante onde cursei a disciplina de Letras. O local é privilegiado, fica na Baixa, o centro financeiro e comercial da cidade.

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Está cercado de lojas, padarias, de um shopping e restaurantes. Além do que concentra a vida noturna da cidade. Alimentação e transporte 21. Onde você fazia suas refeições? Por que fez esta opção? Em casa. Não me adaptei a comida do alojamento. Eu comprava a comida e a fazia. 22. Você estranhou a comida local? Fale um pouco sobre os alimentos mais e menos consumidos. A alimentação foi meu maior problema. Não me adaptei ao tempero local. Tudo é tão apimentado que parece que o céu da boca fica em chamas. Eles cozinham com piri-piri, a pimenta deles. Há muito frango e batata frita, nesses eu me arriscava, e valia demais. São especialistas em frango assado na brasa. Os pratos mais comuns são a Xima, um acompanhante como o nosso arroz, feito à base de fuba ou angú, e a Matapa, umas folhas com leite de coco e camarão. Uma misturada só...! Comer em restaurante era muito barato. Em um restaurante quatro estrelas pagava-se Mtz 300,00, aproximadamente R$15,00 23. Qual meio de transporte você utilizava? Fale sobre o transporte na cidade e o custo (ônibus, metrô, aluguel de bicicleta, etc.). Não existem ônibus coletivos. O principal meio de transporte era os xapas, uma van capaz de levar 35 passageiros em um espaço para 12. O preço era Mtz 5,00, aproximadamente R$0,25.Há uma cultura interna para se andar neste tipo de transporte, sendo o usuário obrigado sempre a trocar de posição quando sai alguém do fundo para que o próximo que entrar fique na frente. É possível que nos horários de rush as pessoas venham sentadas em seu colo. Não se assute! O cheiro no interior é insuportável, e as pessoas costumam não abrir as janelas, principalmente as mulheres que ostentam penteados bem trabalhados. Não recomendo que se pegue este tipo de transporte no final do dia! Cuidado também com seus pertences, não há tantos roubos em Moçambique pela cultura de linxamento local, onde os bandidos são severamente punidos pela própria sociedade, mas constantemente existem furtos. Na maioria das vezes, optei por ir caminhando pela cidade, uma boa forma de se conhecer melhor onde se está vivendo! Clima 24. Quais as condições climáticas que você enfrentou durante o período de intercâmbio e que roupas você aconselha que sejam levadas para o mesmo período? Quando cheguei fazia frio, mas nada que se comparasse com o clima do inverno de São João del-Rei. Uma jaqueta jeans dá conta do recado. Quando o verão chegou era até difícil andar na rua. Saia do banho já suando e subir os 11 andares era um martírio. Recomendo que sejam levadas muitas blusas de malha e demais roupas leves. Os shorts e bermudas são vistos como desrespeito em alguns lugares, como a universidade e os bancos, mas meus professores entendiam meus costumes e liberaram. Não se deve ir de boné a uma sala de aula. Ocasionalmente haverá alguma cerimônia pomposa na Universidade, recomendo que se leve um blaser e um par de sapatos. Para encarar o areal, recomendo o uso de tênis escuros, e para as viagens de desbravamento uma bota de boa qualidade para trilhas, de preferência impermeável. Seguro Saúde 25. Qual seguro-saúde você contratou para o período de intercâmbio? Travel Ace Assistance. 26. Você precisou usar o seguro saúde durante o período de intercâmbio? Como foi o atendimento? Não precisei utilizar o seguro. Custos

27. Qual a moeda local? Metical

28. Qual o valor aproximado do dólar americano com relação à moeda local na última semana de seu intercâmbio? US$ 1 = 35 MZN 29. Cite abaixo os gastos mensais que teve e os valores (para alguns itens somente o gasto mensal):

ITEM VALOR UNITÁRIO GASTO MENSAL

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Alojamento: 1500 MZN

Transporte Local: 5 MZN 200 MZN

Alimentação em casa: Variável 6000 MZN

Alimentação fora de casa: Variável 900 MZN

Luz: GRÁTIS

Água: GRÁTIS

Gás: GRÁTIS

Fotocópia: 0,75 MZN 2500 MZN

Livros: Variável 10000 MZN

Outros: Saídas Noturnas 250 MZN 1500MZN

Total aproximado de gasto mensal: 22600 MZN

Informações gerais

30. Fale sobre a cidade onde ficou (com relação a pontos turísticos, restaurantes, bares, teatro, atividades culturais) e comente se o local atingiu suas expectativas. Apesar de não ter desenvolvido plenamente seu potencial turístico, Maputo revela-se com boas opções de entretenimento e lazer. Aos sábados há um mercado onde se vendem produtos e souvenirs locais, fica em frente a reitoria da Universidade. Há bem perto dali o Forte, ponto estratégico pra quem quer conhecer um pouco da história da cultura imperialista de Portugal. Em frente está o Museu da Moeda, bem próximo ao Teatro que fica na mal falada Rua do Bagamoyo. Há também a CFM, Cia Ferroviária de Maputo, com sua permanente exposição de trens antigos. O local se orgulha de ter sido escolhido pela produção do filme "Diamantes de Sangue", com Leonardo Di Caprio, para servir de Hotel onde ocorre a trama. O jardim dos namorados é o ponto mais nobre. O restaurante que recomendo é o Mimmo`s um italiano com boa comida e preço justo. O bar que recomendo é o Gil Vicente, onde ocorre um karaoke ao vivo às terças feiras, e uma Jam Session às quintas. Não deixe de conferir as exposições dos artistas locais no Centro Cultural Franco Moçambicano (só não vá comer lá! eles praticam os preços franceses), e no Museu de Arte Moderna. Há ainda o museu de História Natural e para os mais aventureiros recomendo uma feira de usados chamada Xipamanine. Entretanto recomendo que vá com pouco dinheiro e muita prudência, não é comum estrangeiros neste local. 31. Visitou outros lugares? Quais? O que achou? Dentro de Moçambique conheci: Província de Maputo, Cidade de Maputo, Praia de Catembe, Praia de Bilene Província de Sofala, Zavala e Beira. Província de Manica, Cidade de Chimoio Província de Cabo Delgado, Cidade de Mocimboa da Praia e Cidade de Pemba. Zimbabwe: Cidade de Masvingo, Cidade de Harare. Zambia: Cidade de Lusaka, New Kapiri Mposhi Tanzânia: Cidade de Dar es Salaam, Cidade de Zanzibar Africa do Sul: Kruger Park, Johannesburg e Cape Town O único lugar em que temi foi a Zambia, onde minha companheira de viagem sofreu uma tentativa de assalto e os homens a desrespeitavam nas ruas. Indico que tenha-se muito cuidado com a boa vontade alheia, um casal de paulistas que viajava conosco foi sequestrado por um taxista e seus comparsas e obrigados a sacar o dinheiro da conta corrente. 32. Que passeios/locais você indicaria? E quais podem ser dispensados? Conhecer as províncias do país é a forma mais interessante de fazer o intercâmbio valer a pena. Com a segmentação das tribos que por ali existiam, a separação territorial nada contribuiu para a efetivação do

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português como língua oficial. Por isso, é comum encontrar (e aprender) novas expressões Bantu de acordo com o tempo de viagem que se gaste nesta empreitada. Todas as províncias de Moçambique são recomendadas. Para os que sofrem com o calor - assim como eu - recomendo que se visite Tete ainda no inverno. As temperaturas são muito altas no verão. Quanto ao redor, de Moçambique indico todos os países e ressalto minha preocupação quanto à Zâmbia. Se o dinheiro sobrar indico um pulo ao norte do continente com uma passada pelo Egito e Marrocos. Quanto à Angola, dispense a visitação. Além de caro, o povo demonstra-se muito rude para com os estrangeiros. Não deixe de visitar a Tanzânia, águas cristalinas na mesma proporção só serão vistas no Caribe! Zimbabwe é parada obrigatória. A história do Império mais antigo da região se concentra ali. De resto, faça suas próprias descobertas e me conte como foi... 33. Qual seu principal local de acesso a internet (Universidade, bibliotecas, alojamento, cybercafés, acesso público)? Aos domingos recorria ao restaurante New Milano, que localizada na Avenida 24 de Julho, no Bairro central. Nos demais dias não acessava. A internet é dificultosa e não existem muitos lugares disponíveis na cidade. A Universidade oferece uma Lan House que para de funcionar as 17hs. Conclusão 28. Pontos positivos do intercâmbio: Qualquer experiência como essa excede as expectativas iniciais. Através deste intercâmbio, fiz-me mais consciente das diferenças existentes no mundo e aprendi a valorizar as coisas simples da vida. Conheci pessoas felizes, que em sua maioria, fogem do padrão capitalista imposto para se realizar na sociedade. Tive um contato antropológico ao extremo, e reconheci minha cultura através da observação do contato com o outro. Trago na bagagem muito mais que fotos, trago histórias e memórias que hoje formam meu caráter e minha conduta, tornando-me um cidadão melhor que pretende disseminar esse conhecimento ao seu redor, na construção de um mundo novo. 29. Pontos negativos do intercâmbio: Não há. 30. Maiores dificuldades/desafios encontrados: A alimentação, a moradia, o transporte público e a dificuldade de comunicação com o Brasil. Fatores facilmente superáveis a partir do pleno momento do entendimento da realidade local. 31. Qual o valor do Programa de Intercâmbio para sua vida pessoal, acadêmica e profissional? Um valor inestimado. Nunca se volta o mesmo de uma experiência como essa. O desbravar de um novo mundo torna-se pequeno diante do desbravar de si mesmo. Um contato como esse é capaz de perdurar em minha memória, e ouso dizer, é o determinandte para minha atual conduta de vida. Morar em Moçambique fez-me redirecionar minha carreira, e alinhavar meus sonhos ao encontro de novas metas. Estando ali, pude entender um pouco da história de meu povo, tão presente nas feições que, como as nossas, assemelham-se culturalmente na busca insitente pela Portugal metrópolea. Por aquelas bandas, entendi que a vida tem seu próprio ritmo, e desprezar as diferenças humanas ao seu redor é lutar contra a própria natureza. Moçambique fez-me um ser humano melhor. Apesar de pouco proveito no lado acadêmico, essa experiência valeu-me por uma vida inteira de aprendizado. Espero poder contribuir com o meu redor depois de todo essa lição de vida! 32. Quais conselhos e/ou dicas você daria para estudantes que pretendem fazer intercâmbio no mesmo local em que você esteve? Prepare-se! Seu intercâmbio começa no Brasil. Moçambique é um Brasil atrasado, portanto imagine-se dependendo de uma burocracia estatal mal planejada e pouco informatizada. Contatos por telfone ou e-mail não resolvem muita coisa. Trate todos os assuntos burocráticos pessoalmente e certifique-se de colher nome e sobrenome de todos os atendentes universitários. Recomendo que trate direto com o Chefe do departamento a que pretender estudar. Ao chegar você deve ter em mente que será sempre um estrangeiro, e mesmo que sua raça seja a negra, te enxergarão como um branco, por isso tente se nivelar com os nativos de forma a não impor sua cultura sobre a cultura local. Aprenda! Ouça mais do que fale. Ande sempre com uma cópia do passaporte autenticada no bolso, eventualmente você poderá ser parado por algum policial que tentará lhe extorquir dinheiro. Em caso de relações amorosas, use sempre camisinha! Há uma alta taxa de

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soropositivos na região. Mulheres, não saiam desacompanhadas durante a noite, há um alto número de estupros e você será tratada como prostituta. Homens, cuidado com as mulheres que conhecer, a norma manda que você as convide para sair assumindo completamente os seus gastos. Leve pouca bagagem, roupas leves e claras. Use filtro solar fator 60, se você usar lentes de contato leve um estoque de solução do Brasil, o mercado farmaceutico de Moçambique é precário. Quando viajar, carregue um mosquiteiro (uma tela para por sobre a cama), há casos sérios de Malária. Beba água mineral. Não discuta notas com professores, eles são "senhores da razão".Tenha suas próprias histórias e acredite, vale muito a pena!