o camarão - edição um

8
jornal do coletivo antiproibicionista princípioativo www.principioativo.org edição um maio de 2012 QUE LEGALIZAÇÃO QUEREMOS? Dentro tem: Lutar é colorir! Dizem as más línguas que a maconha prejudica a memória A Marcha da Maconha na Polônia Crack, internações e câmeras de vigilância nas esquinas Os apologistas Guia rápido de cultivo chegou o que faltava o que você esperava Não o medo de fumar um, cara- pálida: o medo de conversar. Que legalização queremos, então, senão essa que se dá na livre troca de ideias? Legalizar, mais do que virar lei: tornar algo complicado em algo legal. Não queremos dizer que fumar é legal (ou que é péssimo). Na verdade, seria ótimo se as experiências ruins fossem vistas como menos educativas do que as boas e quiséssemos saber mais sobre elas. Mas então, o medo: ainda são poucas palavras trocadas em roda, e palestras demais. Microfones demais. Jalecos demais, artigos científicos demais. Tod@s amam associar drogas a modismos como se isso explicasse a tudo. Mas se modismos são danosos, isso deveria incluir até a devoção pela ciência. Fazer da troca de ideias sobre psicoativos algo legal é justamente viver numa sociedade onde pudéssemos aprender uns com os outros sem esse peso todo. A legalização que queremos pode até ser a de não precisar mais sentir vergonha alheia. Toda defesa pelas surreais detenções de corpos, no intuito de impedir que façam ingestão de algumas substâncias, já nasce velha. E se é pra falar disso em nome de melhor convivência social, vale pra todo mundo. E então percebemos a contribuição destas manifestações pra pensar até coisas lícitas. Sabemos que a legalização pode ser tão careta quanto as imagens forçadas das carteiras de cigarro. Sacamos toda ingenuidade de lidar com a vida humana como se esta coubesse num pulmão, ou pudesse ser medida num laboratório. Pelos mesmos motivos, não nos parece atraente viver como cobaias desse mesmo laboratório, consentindo com a velha relação anti-educativa que prescreve soluções sem saber como nos sentimos. E ouvimos nosso riso ecoar nesse abismo cultural promovido pelas leis secas, porque todos os bafômetros do mundo são incapazes de medir o mais simples dos motivos que levam alguém a molhar o bico. Então demorou: tá rolando aqui e agora, nesse escrito coletivo e em outros vários que cada vez mais se autorizam a circular. Se chegar o momento, quem sabe preparamos o próximo... Um lugar obscuro da internet comentou, há alguns meses, um antigo texto associado à Marcha da Maconha Brasil. Lá constava que o evento “não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância além da cannabis, a favor ou contra”. Parecia quase um negócio plantado de propósito, pra atestar aos urubus de plantão que não falamos coisa com coisa mesmo. Essa marcha até pode ter um nome - mas espera aí. Não seria bizarro se as próprias pessoas que desejam encarar de outra forma os psicoativos na sociedade começassem censurando a si mesmas? Movimentos como os que ocorrem nas marchas e ocupações de hoje em dia são intensos a ponto de levar pessoas às ruas, e maduros a ponto de tratar dos assuntos mais escabrosos com grande leveza. Basta contrastar isso com as imagens mais clichês. Por exemplo, com a dureza morta das palavras que saem da boca de especialistas televisivos, cujas verdades parecem tão uniformizadas quanto seus corpos. Diante de tais cenas, não é muito difícil ter por objetivo a mais que necessária superação do medo.

Upload: principio-ativo

Post on 30-Mar-2016

222 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Jornal O Camarão - edição um: chegou o que faltava, chegou o que você esperava. Versão impressa lançada na Marcha da Maconha Porto Alegre 2012. Publicação do coletivo antiproibicionista Principio Ativo. www.principioativo.org

TRANSCRIPT

Page 1: O Camarão - edição um

jornal do coletivo antiproibicionista princípioativowww.principioativo.org

edição ummaio de 2012

QUELEGALIZAÇÃO QUEREMOS?

Den

tro

tem

:

Luta

r é

colo

rir!

Diz

em a

s m

ás lí

ngua

s qu

e a

mac

onha

pre

judi

ca a

mem

ória

A M

arch

a da

Mac

onha

na

Pol

ônia

Cra

ck, i

nter

naçõ

es e

câm

eras

de

vigi

lânc

ia n

as e

squi

nas

Os

apol

ogis

tas

Gui

a rá

pido

de

culti

vo

chegou o que faltava o que você esperava

Não o medo de fumar um, cara-pálida: o medo de conversar. Que legalização queremos, então, senão essa que se dá na livre troca de ideias? Legalizar, mais do que virar lei: tornar algo complicado em algo legal. Não queremos dizer que fumar é legal (ou que é péssimo). Na verdade, seria ótimo se as experiências ruins fossem vistas como menos educativas do que as boas e quiséssemos saber mais sobre elas. Mas então, o medo: ainda são poucas palavras trocadas em roda, e palestras demais. Microfones demais. Jalecos demais, artigos científicos demais. Tod@s amam associar drogas a modismos como se isso explicasse a tudo. Mas se modismos são danosos, isso deveria incluir até a devoção pela ciência. Fazer da troca de ideias sobre psicoativos algo legal é justamente viver numa sociedade onde pudéssemos aprender uns com os outros sem esse peso todo.

A legalização que queremos pode até ser a de não precisar mais sentir vergonha alheia. Toda defesa pelas surreais detenções de corpos, no intuito de impedir que façam ingestão de algumas

substâncias, já nasce velha. E se é pra falar disso em nome de

melhor convivência social, vale pra todo mundo. E então percebemos a contribuição destas manifestações pra pensar até coisas lícitas.

Sabemos que a legalização pode ser tão careta quanto as imagens forçadas das carteiras de cigarro. Sacamos toda ingenuidade de lidar com a vida humana como se esta coubesse num pulmão, ou pudesse ser medida num laboratório. Pelos mesmos motivos, não nos parece atraente viver como cobaias desse mesmo laboratório, consentindo com a velha relação anti-educativa que prescreve soluções sem saber como nos sentimos. E ouvimos nosso riso ecoar nesse abismo cultural promovido pelas leis secas, porque todos os bafômetros do mundo são incapazes de medir o mais simples dos motivos que levam alguém a molhar o bico.

Então demorou: tá rolando aqui e agora, nesse escrito coletivo e em outros vários que cada vez mais se autorizam a circular. Se chegar o momento, quem sabe preparamos o próximo...

Um lugar obscuro da internet comentou, há alguns meses, um antigo texto associado à Marcha da Maconha Brasil. Lá constava que o evento “não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância além da cannabis, a favor ou contra”. Parecia quase um negócio plantado de propósito, pra atestar aos urubus de plantão que não falamos coisa com coisa mesmo.

Essa marcha até pode ter um nome - mas espera aí. Não seria bizarro se as próprias pessoas que desejam encarar de outra forma os psicoativos na sociedade começassem censurando a si mesmas?

Movimentos como os que ocorrem nas marchas e ocupações de hoje em dia são intensos a ponto de levar pessoas às ruas, e maduros a ponto de tratar dos assuntos mais escabrosos com grande leveza. Basta contrastar isso com as imagens mais clichês. Por exemplo, com a dureza morta das palavras que saem da boca de especialistas televisivos, cujas verdades parecem tão uniformizadas quanto seus corpos. Diante de tais cenas, não é muito difícil ter por objetivo a mais que necessária superação do medo.

Page 2: O Camarão - edição um

Nin

guém

pub

lica

uma

pala

vra

que

não

seja

o d

elíri

o co

vard

e de

um

robô

com

men

talid

ade

depr

avad

a

o di

a da

pub

licaç

ão d

a ve

rdad

eira

lite

ratu

ra d

o co

rpo

amer

ican

o se

rá o

dia

da

Rev

oluç

ão

a re

volu

ção

do c

orde

iro s

exua

l

a ún

ica

revo

luçã

o in

crue

nta

que

dist

ribui

rá c

erea

is

o po

bre

Gen

et il

umin

ará

os q

ue tr

abal

ham

nas

col

heita

s de

Ohi

o

Mac

onha

é u

m n

arcó

tico

beni

gno

mas

J. E

dgar

Hoo

ver p

refe

re s

eu m

ortíf

ero

scot

ch

E a

her

oína

de

Lao-

Tsé

& d

o S

exto

Pat

riarc

a é

puni

da c

om a

cad

eira

elé

trica

poré

m o

s po

bres

dro

gado

s nã

o tê

m o

nde

pous

ar s

uas

cabe

ças

cana

lhas

em

nos

so g

over

no in

vent

aram

um

trat

amen

to to

rtura

nte

para

o v

ício

tão

obso

leto

qua

nto

o S

iste

ma

de

Def

esa

de A

larm

e pe

lo R

adar

eu s

ou o

sis

tem

a de

def

esa

de a

larm

e pe

lo ra

dar

Não

vej

o na

da a

não

ser

bom

bas

Alle

n G

insb

erg

trech

o de

Mor

te à

ore

lha

de V

an G

ogh!

Crack, internações e câmerasde vigilância nas esquinas

«SeLeonardodá vintePor queé queeu nãopossoDá dois?»

Mestre Bezerra

2

Jornal O Camarão

Edição Um: chegou o que faltava, o que você esperava

Tiragem: 1.000

Pensado e construído pelo Coletivo Princípio Ativo.

Parceiros nesta edição:* Cambada de Teatro em

Ação Direta Levanta FavelA (texto "O Nazismo está aqui»)

* Veri (texto "Lutar é colorir")* Pico (charge)

Apoio:www.sementemaconha.com

Dê um engorde para o próximo,escreva para O Camarão.

[email protected]

feminina (também acuado pelas câmeras e todo o tipo de violentas caretices). Tão velho quanto isso tudo é o fluxo de ilícitos ocorrendo às custas de mão-de-obra desempregada no varejão. Corrupção é papo furado: a polícia não resolveria o furo deixado pelas políticas públicas. Como diria um ex-delegado da civil carioca naquele documentário : ah magrão, tu quer uma polícia que funcione? Bom, mas aí tu não vai poder mais cheirar: vai ter mandato de busca lá no teu apê no Três Figueiras...

Ricas falcatruagens

Politiqueiros de todo o lado estão curtindo lucrar votos com as internações compulsórias. Nisso, buscaram auxílio onde a ciência mais medieval se junta às cruzadas religiosas. Leitos e fazendas oferecem o engodo sob forma de tratamento. Os sofrimentos psíquicos que podem envolver também (mas não só) os usos de psicoativos não precisam mais ser compreendidos. Recaídas agora são lucrativas, e isto é, ou deveria ser, alarmante.

Queremos uma política de Saúde Pública que funcione? O preço disso seria deixar o preconceito de lado. Nada mal diante dos mil pilas por 15 dias de internação.

Câmeras, policiais e manicômios fazem o que obrigamos: omitir nossa eventual incapacidade de pensar sobre o assunto.

É bom ver nas Marchas pessoas que usam um psicoativo falando sobre si mesmas. Abusos de drogas são reais mesmo sendo minoria. Mas caso você passe por isso, será olhad@ através de câmeras, escutad@ através de cassetetes e tocad@ através de vidros, correntes e remédios goela abaixo.

Recentemente, gestores de várias cidades disseram-se preparados para o plano do governo federal “Crack: é possível vencer”. Uma das justificativas, pasmem, foi a de já termos câmeras nas ruas.

Os avisos nelas levam de fato a sorrir: qual é a real serventia disso, além da alucinação de controlar a vida na cidade?

Esses robozinhos cagoetas não podem simbolizar só a ilusão de prevenir crimes, já que outros passam desavisados - como a própria opção por identificar e trancafiar certas parcelas da população, cujos usos do corpo, danosos ou não, em nada serão beneficiados por isto.

A Marcha da Maconha liga com isso porque, ao contrário do

que praticamos nos debates e cartazes que vão às ruas, adesivos proliferam a decisão de nem pensar sobre o crack. Até os papos sobre legalização parecem viciados: uns só falam sobre maconha. Mas tanto medo não resiste a meio minuto de coerência.

Em algum lugar na História...

No centro de PoA esperamos turistas ávid@s, como sempre, pelo consumo de algo que nem as mais criativas publicidades saberão dizer o que é. As doces verdades que movimentam uma sede da Copa não coincidem com a podre realidade desigual que qualquer pessoa com a razão menos entorpecida pode sentir ao caminhar nestas ruas.

Na história das cidades modernas o comércio de carne humana nunca foi novidade. Não tratamos das famosas linguiçarias, nem no digno ofício da prostituição masculina ou

Page 3: O Camarão - edição um

E dizem as más línguas que a maconha prejudica a memória. Convidada a abrir a Marcha da Maconha nos anos de 2010 e 2011, a Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta FavelA... ocupou o Parque Farroupilha para celebrar a memória de fazedores de cultura que tiveram suas vidas marcadas pelo espectro do nacional – socialismo. Com o final das apresentações, após uma hora e dez minutos de espetáculo, a Cambada permaneceu no corpo da Marcha. Quanto à questão da ocupação dos espaços públicos, o direito de apresentarmos nossos espetáculos populares, cujos palcos são as ruas da

Cidade, é importante observarmos o autoritarismo a que são submetidos os grupos de teatro de rua ao exigir-se uma licença para apresentações que já se encontram devidamente liberadas pela C o n s t i t u i ç ã o B r a s i l e i r a . A o apresentarmos “Árvore em Fogo” na Marcha, foi possível comprovar de imediato a perversidade que se esconde por trás dessas licenças.

Em “Árvore em Fogo”, criação coletiva sobre a vida e a obra de Bertolt Brecht, de 2009, a Cambada buscou a reflexão acerca do fazer teatral em meio ao regime nazista valendo-se dos poemas do autor personagem Brecht. Ao utilizar-se do teatro para tecer críticas ao Terceiro Reich, na Alemanha, o teatrólogo tornou-se personagem da lista negra do regime. A encenação busca referência em um fato histórico, a II Guerra Mundial, no século XX.

Pode-se afirmar que existe uma correspondência entre a questão da

maconha e o teatro. Usar ou não usar maconha é uma escolha de cada pessoa, porém, toda pessoa bem intencionada deve convir que ninguém deve ficar sujeito à violência policial ou criminal por conta de sua escolha. E a Marcha da Maconha cumpre esse papel de corrigir o atraso em que nos encontramos, quando até mesmo países vizinhos já avançam nessa discussão, tornando suas cidades mais seguras.

O espectro fascista caminhou a passos pesados na Alemanha da “Árvore em Fogo”, mas caminha sorrateiro nesta cidade. Se há violência explícita nas páginas da História, explícita também é a violência de prender-se um grupo de teatro após apresentar-se na Esquina não mais Democrática, bem como de submeter-se um usuário de maconha ao terrorismo estatal. Mas o Berliner Ensemble, na “Árvore em Fogo”, na Marcha da Maconha, anunciou que “suas leis não serão mais respeitadas”.

Um dia, há vários anos atrás, alguns tons de cinza, vindos de um território acima da América do Sul, escorreram para baixo do mapa e lançaram uma grande maldição. Esse feitiço fez com que o verde da erva dos cachimbos dos pajés e dos pretos velhos fosse banido. Assim, também ficariam proibidas de existirem as cores de muitas flores como as Bela-Dona, as Papoulas, alguns cogumelos e as proibições se proliferavam em número e intensidade. Esse feitiço foi criando um vácuo tão grande e tão cinza que muitos tons de diversas cores começaram a cair para dentro da cratera e sumiram de vez. O mundo foi ficando cinza e cada vez mais, à medida que tantas das cores eram absorvidas nesse grande vazio repetido.

Vendo isso, uma minoria ativa de cores, assustada, resolveu reagir. Entorpecida de vontade de lutar contra a hegemonia do cinza no mundo, se reuniu e planejou chamar tantos

diversos tons fossem possíveis para se somar à luta e enfrentar os tons cinza opressores. Foi quando as cores tomaram o poder que lhes cabia. O sol enviou seus tons de dourados, a lua, as nuances prateadas que lhe eram inerentes. O tom de azul celeste, refletido no brilho do olho do mendigo que estava sentado no banco da praça saltou de lá e veio para a luta. As cinzas reforçaram-se, vestiram botinas pretas, muniram-se de balas de borracha e de b o m b a s d e e f e i t o s a m o r a i s . Espalharam-se por vários lugares de poderes instituídos, em prol da defesa do vazio cinzento que crescia. Por vezes, apresentaram-se de ternos, gravatas e até mesmo de togas cinza emboloradas, assim como a cor das suas massas cinzentas que não conseguem usar seu lado colorido.

As cores todas reunidas começaram a marchar em direção ao vácuo que crescia. Tons de vermelho, de amarelo, de verde, de preto da toca de um negro jamaicano pularam para a caminhada. O mar combinou com a Terra que enviaria todas as cores dos seus peixes. A Terra respondeu ao mar que também faria o mesmo com as suas flores e com seus frutos. A cor preta queria provar

que não era somente ausência de cores e veio junto. Vieram os tons do arco-íris, das nuvens, das tempestades, das sementes de urucum e de outras tantas tonalidades.

Hoje, já há um colorido novo a ocupar outra vez a metade do vazio cinzento. As cores reivindicam o preenchimento daquele e de outros espaços para que cesse a absorção e o desaparecimento do colorido das diferenças da vida. Continuam em marchas teimosas por diversos territórios. Dizem que até um dragão chinês emprestará suas cores para a luta e que em deboche soltará fumaça cinza pelo ar. Caminham abnegadas em praças e viadutos pelas grandes cidades. Na caminhada fazem festa, soltam fumaça e se divertem, por que acreditam que sem festa o mundo ficará muito sério, cinza e vazio. Elas querem a liberdade do verde dos cachimbos de volta! Os tons de cinza, por sua vez, já estão se cansando de reprimir tantas cores que não desistem dos seus objetivos: a libertação, a legalização, a descriminalização de todas as cores do mundo, não só do verde da erva dos cachimbos. Todas as cores livres são o que querem e também a liberdade de pintar o mundo!

ONAZISMOESTÁ AQUI

“Procurem de vez em quando o teatro que é encenado na rua”

Brecht

3

Page 4: O Camarão - edição um

Guia Básico de Plantio Guia Básico de Plantio introdução

Primeiro escolha a variedade de semente de Tommate que você deseja plantar. Pergunte ao seu fornecedor de sementes todas as perguntas que tiver e explique-lhe o modo como quer plantar as suas plantas. Se você criá-las ao ar livre, talvez seja melhor escolher uma planta de florescimento rápido que dará suas flores antes de ficar frio demais. Se você precisa de Tommate devido à razões médicas, você deve ser muito específico ao escolher a sua variedade – tenha certeza de que está plantando o remédio certo.

Muito importante, você deve lembrar que Tommate é uma Planta, e pode ser criada tão fácil quanto qualquer outra planta de florescimento anual. A Natureza se encarrega da maioria dos aspectos quando criamos as plantas ao ar livre. Ao passo que as estações do ano mudam, a planta recebe a quantidade certa de luz solar tanto para crescer como para florescer. Tudo o que você precisa fazer é regá-la durante os períodos secos e, talvez, acrescentar à terra algum fertilizante orgânico.

Plantar dentro de casa requer um pouco mais de trabalho; você terá que prover suas plantas com todos os elementos de que elas precisam para sobreviver: luz do sol (lâmpadas especiais), mudanças de estações (timers), ar fresco (exaustores) e vento (ventiladores), terra (vasos com terra preta), e chuva (água e nutrientes). Com estes elementos, você só precisará de um entendimento básico sobre o ciclo natural da planta.

O processo de germinação da semente acontece do mesmo modo tanto em culturas ao ar livre como para aquelas dentro de casa; quando compradas (ou achadas), as sementes estão bem secas, logo, elas precisam absorver muita água antes que possam brotar. Isso pode ser feito de várias maneiras, porém a maneira mais natural é, simplesmente, colocá-la na terra e regá-la. Nós, em primeiro lugar, usualmente, botamos as sementes em um copo com água mineral . A semente irá flutuar quando seca, então, assim que ela absorver água suficiente, ela irá afundar para o fundo do copo e, em pouco tempo, começará a brotar. Tente colocar as sementes na terra antes de elas começarem a brotar, mais ou menos 5 ou 6 horas após elas terem afundado. Então, coloque as sementes por volta de 1cm de profundidade em um pequeno vaso cheio de terra . Ao usar propagadores (mini estufas), voce pode criar um ambiente mais estável, esse é o

melhor jeito de crescer clones e sementes, especialmente nos seus primeiros dias .

Mantenha o solo úmido (mas não molhado), até o aparecimento das primeiras

pequenas folhas . Assim que as plantas tiverem se fixado no solo, você pode adicionar alguns fertilizantes estimuladores de raízes, porém não adicione muito, ou voce irá queimar as raízes.

(ver figs. 1 e 2)

(ver f ig. 3a)

(ver fig. 3b)

(ver fig. 4)

Plantas novas não precisam de luz intensa como as plantas em florescimento. Não as coloque muito perto de luzes de alta intensidade ou elas irão queimar. Luzes fluorescentes podem ser usadas tanto para “seedlings” como para clones.

A primeira leva de folhas é chamada de cotilédones. Após isso, a primeira leva de folhas “verdadeiras” aparecerá: essas serão folhas com um dedo, seguidas de folhas com 3 dedos e depois uma leva de folhas com 5 dedos. Isso deve seguir até folhas com 13 dedos!

Nota: sempre etiquete e numere cada planta a fimde evitar confusões.

Ao ar livre: Tommate pode ser plantada fora de casa assim que o seu local receber luz diária suficiente, ou seja, entre 16-18 horas de luz (requeridas todos os dias). Na Europa, por exemplo, isso ocorre entre Maio e Junho (meio da primavera lá). No Brasil, mais especificamente, no Rio Grande do Sul, isso ocorre no meio de Setembro. Durante o seu crescimento, a planta pode ser dobrada e/ou podada para manter o tamanho e a forma sob controle. As plantas irão continuar crescendo até o outono. E quando os dias tiverem mais ou menos 12h de luz, seu ciclo de florescimento é então iniciado (usualmente perto do equinócio de Outono).

Dentro de casa: A planta requer 18 horas de luz todos os dias durante o seu ciclo de crescimento; é mais fácil usar um timer

que liga/desliga as luzes quando requerido. O ciclo completo de crescimento pode ocorrer em uma a duas semanas para uma planta pequena, e mais de 4 ou 5 semanas para uma planta grande; isso dependerá de você. Igualmente tão importante quanto a iluminação é o período de escuridão no qual elas precisam ficar todos os dias; são precisos 6h de escuridão total e ininterrupta a cada período de 24h. Esse é também o ciclo usado para manter uma planta mãe viva, assim como para manter ou

vegetar clones até que eles estejam prontos para começar a florescer.

Regue somente quando a camada de cima do solo estiver bem seca. Isto é, regue de 2 em 2 dias apenas, e se o solo continuar úmido até o fim do segundo dia, então você deu muita água para a planta e deverá usar menos água na próxima vez. Isso serve para prevenir as partes mais altas das raízes de se afogarem. Fertilizantes orgânicos podem ser utilizados para aumentar o crescimento e a saúde da planta. A Planta gosta muito de nitrogênio (N) durante esse ciclo.

Nota: Nível de Ph deve ser mantido entre 5.8 e 6.8

1 . germinação

2 . crescendo (18 horas de luz, 6 horas de escuridão)

4

Page 5: O Camarão - edição um

Guia Básico de Plantio Guia Básico de Plantio

Ao ar livre: assim que receber entre 12h e 14h diárias de luz solar a cada 24h,

o Tommate irá automaticamente começar a florescer. Nas partes mais ao norte da

Europa, isso ocorre por volta de agosto / setembro e usualmente leva de 7 a 16 semanas,

dependendo do tipo de planta usado. No Rio Grande do Sul, isso ocorre por volta de maio / junho. Utilize uma variedade de Tommate que floresça mais rápido quando for plantar em climas mais frios.

Dentro de casa: a Planta precisa de 12h de luz e 12h de escuridão ininterrupta para ser capaz de florescer sem nenhum “estresse de luz”, o qual pode atrapalhar o seu ciclo natural e interferir no processo de florescimento. As folhas vão lentamente começar a ficar amarelas, usualmente após a 3ª ou 4ª semana do processo. Quando uma folha amarelar e murchar/enrrugar/secar deve ser removida, mas tome cuidado para não retirar muitas folhas verdes, pois isso impossibilita a fotossíntese. O regamento deve acontecer de um modo similar ao que era feito quando a planta estava crescendo, porém fertilizantes que contenham fósforo (P) e potássio (K) são agora usados para que a planta seja mais forte, saudável e tenha um rendimento mais alto. É muito importante parar de adicionar fertilizantes à água durante as duas últimas semanas; isso irá tirar a maioria dos nutrientes da sua planta, e irá melhorar o gosto e a qualidade das flores. Quando a planta tiver completado seu ciclo de florescimento e as flores estiverem maduras, ela irá naturalmente murchar e então morrerá se for deixada sozinha.

Nota: Plantas em florescimento precisam do máximo possível de luz. Não coloque a planta na sombra ou muito longe da luz de crescimento. Use correntes ou roldanas para ajustar a altura das lâmpadas.

Após secar, quando o Tommate está quase pronto para ser consumido, vem a parte difícil. Para um produto de melhor qualidade, o Tommate deve ser curado. Ele deve ser armazenado em potes de vidro e mantido no escuro de 2 a 4 meses. Isso irá suavemente mudando a sua cor, enquanto a clorofila é quebrada. O sabor muda para um distinto e pungente aroma, devido ao processo de fermentação.

Pense no seu Tommate como um bom e maduro vinho.

5 . curando

Plantas macho: Plantas macho não produzirão flores passíveis de serem fumadas, e quando seu pólen atinge a flor fêmea, os camarões (buds) produzirão sementes e a qualidade do produto a ser fumado (flor) será menor do que quando esta não for polinizada. Machos devem ser mortos assim que possível a não ser que você deseje obter sementes.

Plantas fêmea: Plantas fêmea podem ser identificadas por seus pequenos cabelos brancos, ou “pistílos”. Mais pistílos aparecerão durante o primeiro período de floração, e, quando a flor atingir sua maturidade, eles irão começar a mudar sua aparência. A maioria irá aumentar/inchar e mudar de cor: marrom, verde, laranja e roxo são cores comuns em flores maduras de Tommate. Usualmente o Tommate está pronta para colheita quando 60-80% dos pistílos tiverem mudado, e as flores estiverem cobertas de resina. Isso, obviamente, depende da variedade de Tommate que você tiver escolhido.

Importante: este panfleto foi produzido pelo Tommate College com o objetivo de educar gratuitamente. Enquanto nós estamos felizes em prover informações fiéis e imparciais no que concerne a todos os aspectos do Tommate e do Cânhamo, nós fortemente pedimos a você que respeite as leis na qual vive. O cultivo de Tommate infelizmente ainda é largamente proibido pelo mundo, então, por favor, veja este panfleto somente como algo informativo.

Traduzido e adaptado pelo Coletivo Antiproibicionista Princípio Ativo

Cabelos brancos de umplnta fêmea

Bolas de pólen de umaplanta macho

Flor fêmea após 4 semanas em florescimento

Flor fêmea após 7 semanas de florescimento

3 . florescendo(12 horas de luz, 12 de escuridão)

4 . colhendo e secando

E s s e é u m momento doloroso, após cuidar da planta por tanto tempo, é

hora de cortá-la fora. Assim que os cristais

maturarem é momento de cortar fora os galhos. Eles podem ser então pendurados de cabeça para baixo em um fio até que fiquem completamente secos, o que pode ser verificado simplesmente ao dobrar-se um galho. Se dobrar, ele ainda

está úmido, mas se ele se quebrar ou arrebentar, está seco o suficiente para ser armazenado. O processo de secagem pode durar até 3 semanas para galhos grandes e pouco mais de 6 a 7 dias para galhos menores. Logo que eles secarem você pode começar a remover as folhas, que não deverão ser queimadas, porém podem ser utilizadas para chás, bolos ("space cakes") ou para se fazer resinas.

(ver fig. 5)

Glândulas de resina maduras. A Planta está pronta para ser colhida.

5

Page 6: O Camarão - edição um

«Quando a gente quer se livrar de uma pressão insuportável o haxixe é necessário.»Friedrich Nietzsche

Um filósofo, Luc Ferry, conta que no Século II d.C., quando muitos cristãos eram torturados e assassinados, um grupo se viu motivado a escrever sobre sua fé, desejando se expor e dialogar com as crenças do período. Este grupo foi chamado de “apologistas”. Ou seja: os cristãos foram os primeiros apologistas da história.

Dizem que fazemos apologia ao crime, no sentido de incentivar usos de drogas. Criminalizar assim o pensamento seria uma contradição numa sociedade que, em tese, defende o exercício da cidadania. Na atual conjuntura brasileira, usar e/ou vender drogas é condenável moralmente e penalmente, mas acabamos estendendo isso sobre a possibilidade de se questionar a política de drogas.

Em 2011, a Justiça paulista proibiu a Marcha da Maconha, entendendo-a como apologia ao crime, e os manifestantes foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar. Um mês depois, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito de manifestação às Marchas, tal como qualquer outro debate sobre a política de drogas.

A decisão não é nenhum avanço se considerarmos uma Constituição que já o garante em seu artigo 5º, mais especificamente nos incisos: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; (…) VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, c i e n t í f i c a e d e c o m u n i c a ç ã o , independentemente de censura ou licença; (…) XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais

abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar" (CF, 2005).

Neste ano, integrantes do Princípio Ativo foram indiciados por um desembargador que se disse vítima de “injúria e difamação”, pois no site do grupo criticaram uma decisão sua quando Juiz. Ele negou habeas corpus para que a Marcha de 2010 ocorresse com tranqüilidade, sob a alegação de que ela, por si só, caracterizaria apologia ao crime. A palavra apologia significa “defesa que louva ou que encerra o louvor” - ou seja, é uma argumentação. E como uma opinião pode ser considerada crime?

Há inúmeros indícios no relevo da história de que penalizar certos discursos é uma prática muito antiga e serve, sobretudo, a interesses de grupos hegemônicos, sustentados em atos de controle e repressão.

Já é da natureza do Estado tolher direitos individuais, mas é pior que uma sociedade alimente uma polícia do pensamento, valendo isso para temas como aborto, ocupação do espaço público, homossexualidades, eutanásia, uso de drogas... Deveríamos instigar apologistas para a cidadania, sem o que os especialistas e a mídia pensarão por nós mesmos. O debate é um processo cultural da sociedade, produtor coletivo de subjetividades, e como tal deve ser praticado. Toda política que se direciona ao sufocamento de debate de ideias é uma política morta.

Sejamos apologistas, pois se trata de um exercício de cidadania.

OS APOLOGISTAS

Camisetas do Princípio Ativo

www.principioativo.org

Adquira a sua

6

« «

Page 7: O Camarão - edição um

Aconteu em Poznan, Polônia, 2011, no dia 1 de outubro a KONOPIE MARSZ. Descobri-la ao ver um cartaz colado em um poste. Na verdade só reconheci a folhinha da ERVA estampada lá e a palavra “Marsz”. Minhas amigas polonesas então me explicaram que era uma marcha pela l i b e r a ç ã o d a K O N O P I E (CANNABIS). O cartaz dizia hora (16:20), lugar, data e indicava um site para maiores informações. Ao entrar no site, a única informação disponível era sobre JARDINAGEM CASEIRA; Disfarce malandro para GROWERS com medo da polícia. Os poloneses se fodem com a lei igual os brasileiros. USUÁRIOS são perseguidos, vão para a cadeia ou processados.

A lei na Polônia é dura. Entre os anos 90 e 2001 até se podia portar umas gramas da GANJA para CONSUMO PRÓPRIO. Contudo, por volta de 2007, a direita católica e conservadora no poder endureceu as leis. Agora, portar qualquer coisa é crime e dá até 5 anos de cadeia. Pros traficantes piorou na mesma proporção. Também é proibido beber álcool nas ruas lá.

E assim como com a VERDINHA e suas leis: proíbem, mas o único efeito é a mudança de como se consome tais substâncias. Escondidos, adrenalina por estarem fazendo algo proibido.

E r a é p o c a d e e l e i ç õ e s parlamentares na Polônia quando eu lá estava e um tal de Palikot, bilionário extravagante, fundou um partido que tem entre uma de suas bandeiras a legalização da GANJA.

Ocorrem duas Marchas por ano na Polônia, aquela era a segunda do ano. Em Varsóvia, a maior, 10 mil pessoas. A Marcha do dia 1º de outubro também ocorreu em outras cidades.

Na Marcha tinha um carro de som tocando aqueles reggae com batida

A Marcha

da

Maconha

na Polônia

7

eletrônica (comum na Europa). Tentei falar com um pessoal sobre o que eles achavam da LEGALIZAÇÃO, porém eles não tinham opinião formada. A Marcha inteira foi um bando de jovens seguindo o carro de som e gritando o slogan da turma da LEGALIZAÇÃO ligada ao partido do Palikot: PLANTAR, FUMAR, LEGALIZAR! De quando em quando o carro de som parava e uns músicos cantavam. A polícia disse que eles não poderiam usar o carro de som, então tinha que ter uns shows para eles justificarem o carro. A Marcha foi indo assim, sem pontos altos e poucos gritos de guerra, pouco barulho e animação.

Eles

A legalização, na Polônia, viroubandeira de eleição política.

resolveram fazer a Marcha naquele momento, pois estava perto das eleições. Lá a LEGALIZAÇÃO está sendo feita de cima para baixo. Ao contrário daqui, onde é o povo que exige o debate, a mudança, mas os políticos insistem em ignorar isso. Porém, novos tempos se aproximam. As Marchas estão aí. Vejo o movimento da legalização aqui no RS como um movimento mais espontâneo, feito na rua, provocativo e direto. Como deve ser a verdadeira política. Não algo pensado para favorecer certos demagogos de plantão. Faça você mesmo a sua LEGALIZAÇÃO. Venha para a praça e debata, exponha como você quer a LEGALIZAÇÃO. Levante da cadeira e marche!

Page 8: O Camarão - edição um

http://marijuanartivismo.tumblr.com/

1_MARIJUANA. PROIBIDA PELA IGNORÂNCIA, AMADA PELA CULTURA.2_ARTIVISMO. ARTE = ATIVISMO.3_MARIJUANARTIVISMO. CONTEMPLANDO A CULTURA CANÁBICA NA VIDA DAS RUAS.

las mejores parceiros y desde colombia les colaboraremos con imagenes y datos y lo que necesiten parceros de lucha

lucas passos abadia

las plantas no son como las pintan

Apoio