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Relatório de Conforto acústico: Mapeamento de Ruído no Zoológico

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Relatório de Conforto acústico:

Mapeamento de Ruído no

Zoológico

MSc Antonio Eduardo Turra Alunos: RA: Amanda Alves Silva 201024201

Daniel Takeshi Martins 200811701

Márcio Miazaki 200913071

Thiago Augusto Buozo Bertozo 200913181

Ilha Solteira, 09/06/2014

2

Sumário 1.  Objetivo ........................................................................................................ 3 

2.  Introdução Teórica ....................................................................................... 3 

3.  Procedimentos ............................................................................................. 4 

4.  Resultados e discussão ............................................................................... 5 

5.  Conclusão .................................................................................................. 11 

6.  Referência Bibliográfica ............................................................................. 12 

3

1. Objetivo

O objetivo deste trabalho foi o de estudar e analisar os ruídos existentes ao

redor do zoológico de Ilha Solteira, que podem afetar diretamente animais e

moradores das proximidades e, através dos dados obtidos nas medições in

loco, construir o mapa de ruído da região de estudo com o auxílio do software

CadnaA.

2. Introdução Teórica

A definição de ruído encontrada no Dicionário da Língua Portuguesa

(Ferreira, 2009) diz que ele é um som confuso e/ou prolongado. Já a Lei

caracteriza o ruído como “som capaz de causar perturbação ao sossego

público ou efeitos psicológicos e fisiológicos negativos em seres humanos e

animais”.

Segundo o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição

Sonora, conhecido como Silêncio, a poluição sonora é definida como o

conjunto de todos os ruídos provenientes de uma ou mais fontes sonoras,

manifestadas ao mesmo tempo num ambiente qualquer. Ela é o terceiro tipo de

poluição ambiental mais perigosa, precedida apenas pela poluição do ar e da

água (WHO 1999).

Frequentemente as pessoas são expostas a várias fontes de ruídos,

sendo o tráfego rodoviário a fonte principal. O crescimento populacional, a

urbanização e o desenvolvimento tecnológico são os fatores que contribuem

para o aumento desse tipo de poluição nas cidades (WHO 1999).

Os ruídos podem ser prejudiciais tanto física quanto psicologicamente.

Dentre os efeitos provocados, podemos citar distúrbios do sono, deficiências

auditivas, diminuição do desempenho no trabalho, reações de estresse,

alterações de comportamento e aumento da incidência de doenças

cardiovasculares e hipertensão e, além disso, eles não são a causa direta, mas

podem intensificar o desenvolvimento de doenças mentais (Stansfeld &

Matheson, 2003; WHO, 1999).

4

Estudos realizados entre 1970 e 1990 mostram que também em animais

os ruídos causam problemas fisiológicos, sendo esses semelhantes aos

causados em humanos, como o aumento da frequência cardíaca e alterações

no metabolismo hormonal (Raddle, 1998). Além disso, alterações de

comportamento também são observadas e estas podem ocasionar lesões

corporais, perda de energia, diminuição do consumo de alimento, evasão e

abandono do habitat e perdas reprodutivas (Raddle, 1998).

Tendo conhecimento dos prejuízos que os ruídos podem trazer para o

bem-estar dos animais foi feito uma análise dos ruídos em torno do zoológico

de Ilha Solteira.

3. Procedimentos

Para a realização deste trabalho foram utilizados alguns materiais como:

dois deciberímetros, um para mapeamento da área e um para realizar as

medidas; além dos materiais para anotação.

Primeiramente definiu-se um local estratégico como ponto de partida tendo

previamente em mãos mapas tanto do zoológico como das áreas nas

proximidades. Realizaram-se as medidas necessárias no primeiro ponto

deixando o equipamento captar todos os sons e ruídos locais durante um

período de três minutos. Em seguida o mesmo procedimento foi feito a

cinquenta metros do local inicial, e seguiu-se assim ao longo de praticamente

todo o perímetro do zoológico, de cinquenta em cinquenta metros, alterando-se

esta sequência apenas onde era impossível chegar.

Alguns pontos estratégicos na parte interior, próximas às jaulas dos

animais, também foram tomados em consideração para a realização do

trabalho. Todos os dados bem como as discussões realizadas estão descritas

no item ‘resultados e discussão’.

Nos locais onde foi permitido, devido a visibilidade, foi realizada a contagem

de carros, que é um dos parâmetros fundamentais inseridos no programa e que

ajuda a garantir que o modelo simulado se aproxima da realidade.

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Tabela 1: Resultados das medições no zoológico.

Pontos  LAeq  Lmin  Lmax  Desvio Padrão  L90  L10 

Número de Carros por 

Hora 

1  44.7  36  59.4  3.5  37.9  44.5  ‐ 2  46.1  37.5  62.4  3.5  39.4  46.3  ‐ 3  50.4  42.4  63.8  3.9  43.8  53.4  260 4  60.7  45.2  70.8  6.1  48.2  64.9  300 5  61.8  51.2  70.7  5.2  52.5  66.1  220 6  58.1  47.9  70.5  3.8  51  60.5  460 7  54.7  44.7  64.5  4.1  47.9  58  ‐ 8  54.2  44.2  64.2  4.6  46.2  57.9  ‐ 9  58.1  42.9  69.9  6.1  45.2  62.2  ‐ 10  55.7  42.6  69  5.1  45.3  58.2  ‐ 11  62.7  45.5  73.7  6.6  47.8  66.9  ‐ 12  60.2  39.2  72.2  8.6  41.8  64.4  210 13  40.9  34.2  48.6  3.8  35.2  45.9  ‐ 14  51.6  40.5  64.6  4.8  42.3  54.1  ‐ 15  48.6  37.6  58.8  5  39.5  53.6  ‐ 16  42  35.4  49.5  2.9  37.6  45.1  ‐ 

Com os valores da contagem de carros anotados, se faz possível a primeira

simulação com o CadnaA. Para as ruas cuja contagem não foi realizada,

valores para o número de carros por hora foram estimados. As ruas e

construções ao redor do zoológico foram desenhadas no próprio software com

a ajuda da importação de imagem do Google Earth em alta qualidade, a figura

3 apresenta a modelagem obtida através do processo descrito anteriormente.

Com os valores da tabela 1, o seguinte gráfico pode ser obtido.

Figura 2: Representação dos valores de LAeq, L90 e L10.

010203040506070

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

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Foram adicionados receptores a 1,2 metros do chão nos 16 pontos onde

foram realizadas as medidas no zoológico para assim podermos verificar a

proximidade da simulação com o ambiente real, o resultado desta comparação

está exibido na tabela 2.

Tabela 2: Comparação das medidas reais e da simulação.

Pontos  LAeq Simulado Diferença  Pontos  LAeq 

Simulado Diferença

1  49.4 4.7  9 62 3.92  50.4 4.3  10 63.8 8.13  52.9 2.5  11 62.9 0.24  60.1 0.6  12 67.6 7.45  61.7 0.1  13 48.1 7.26  64.7 6.6  14 50.6 17  60.4 5.7  15 49.9 1.38  61 6.8  16 46.9 4.9

Como pode ser observado na tabela acima, dos 16 pontos de medição,

apenas 4 destes tiveram diferenças menores do que 1 dB. Este problema na

simulação ocorreu devido à falta de valores da contagem de carros, levando a

necessidade da utilização de valores estimados, que excederam o valor real.

Utilizando os valores de número de carros por hora obtidos durante a

realização do trabalho que avaliou o impacto da construção de um hotel na

esquina oposta ao zoológico, se fez possível uma segunda simulação sem que

fosse necessário retornar ao local. Outro valor retirado do mesmo trabalho foi o

da intensidade sonora gerada pela serralheria, pois, durante a aferição dos

pontos 5 e 8, o ruído de uma serra aumentava o ruído de fundo.

A figura 5 apresenta o mapeamento acústico após a inserção dos novos

valores, o resultado comparativo entre os valores reais e simulados pode ser

observado na figura 6, onde é apresentado o resultado das medições em

campo, junto com seus respectivos desvios padrões, e das duas simulações.

Avaliando-se os resultados obtidos para a segunda simulação, chega-se à

conclusão que apenas quatro pontos (1, 2, 13 e 16) dos 16 estão fora da

tolerância de 1 dB. Considerando o desvio padrão destas medidas, somente o

ponto 13 não está conseguindo representar a realidade.

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5. Conclusão Quanto aos pontos que, mesmo após a segunda simulação, apresentaram

valores acima da tolerância estabelecida de 1dB, duas hipóteses foram

formuladas:

• O aumento do ruído de fundo, gerado pelo cantar dos pássaros, fez

com que um maior fluxo de carros por hora fosse necessário nas vias

mais ruidosas, aumentando assim o nível de pressão sonora nas

zonas mais silenciosas;

• As áreas de vegetação do programa CadnaA geram uma dissipação

de energia sonora menor do que aquela que ocorre na realidade,

uma vez que o único parâmetro que pode ser adicionado para estes

elementos é a altura;

A primeira destas é pouco provável pois os valores obtidos para as vias

mais ruidosas, rodovia e avenida atlântica, estavam de acordo com as

medições com a contagem de carros realizada no local.

Grandes variações podem ser observadas para os desvios padrões, mas

este resultado era esperado devido ao fluxo intermitente de veículos. Os

valores mais altos foram obtidos nos pontos 11 e 12 pois as medições destes

foram realizadas em movimento.

Considerando o ruído de atividade (L10), a rodovia apresenta o maior valor,

seguido da avenida atlântica, enquanto o menor ruído de fundo (L90) é obtido

nos pontos localizados nos fundos do zoológico.

Mesmo com as dificuldades de adequação do modelo computacional à

realidade, apenas um dos dezesseis pontos ficou fora da tolerância e as

possíveis hipóteses para este comportamento já foram enunciadas. Com isso é

possível afirmar que o mapa de ruído obtido após a derradeira simulação

representa, com fidelidade, a situação atual do zoológico de Ilha Solteira. Por

este motivo é possível afirmar que as duas vias mencionadas anteriormente

como as mais ruidosas são as que geram o maior incomodo, aos animais do

zoológico e aos habitantes e trabalhadores da região, enquanto as vias

residenciais apresentam um volume tão baixo de tráfego que a influência

destas pode ser negligenciada sem comprometer os resultados.

12

6. Referência Bibliográfica

WHO (World Health Organization). Guidelines for Community Noise, WHO-

expert task force meeting held in London, April, UK, 1999;

STANSFELD, S. A. e MATHESON, M. P. Noise pollution: non-auditory effects

on health. British Medical Bulletin, v. 68, p 243-57, 2003;

http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/34845/Monografia%20

Camila%20Keiko%20Sato.pdf?sequence=1;