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Projecto LIFE Estepárias - Conservação da Abetarda, Sisão e Peneireiro-das-torres nas estepes cerealíferas do Baixo Alentejo LIFE07/NAT/P/654 Relatório da Acção C.1 Promover sinergias com gestores cinegéticos para a conservação da Abetarda e do Sisão Equipa técnica: Hugo Lousa (LPN) Beatriz Estanque (LPN) João Guilherme (LPN) Liliana Barosa (LPN) Rui Constantino (LPN) Rita Alcazar (LPN) Castro Verde, Dezembro de 2012

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Projecto LIFE Estepárias - Conservação da Abetarda, Sisão e Peneireiro-das-torres nas estepes

cerealíferas do Baixo Alentejo

LIFE07/NAT/P/654

Relatório da Acção C.1

Promover sinergias com gestores cinegéticos para a

conservação da Abetarda e do Sisão

Equipa técnica:

Hugo Lousa (LPN)

Beatriz Estanque (LPN)

João Guilherme (LPN)

Liliana Barosa (LPN)

Rui Constantino (LPN)

Rita Alcazar (LPN)

Castro Verde, Dezembro de 2012

Beneficiário Coordenador: Beneficiários Associados:

Programa de Financiamento Comunitário:

Com a contribuição do instrumento financeiro LIFE da Comunidade Europeia (75%) Co-financiadores:

O financiamento da REN é uma Medida financiada no âmbito do Plano de Promoção e Desempenho Ambiental aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

RESUMO

Esta Acção teve como objectivo implementar as medidas comtempladas pelos protocolos de

gestão elaborados no âmbito da Acção A.2. As medidas contempladas pelos protocolos de

gestão foram baseadas por um lado nas medidas que as ZC e os proprietários já aplicam no

terreno e por outro em soluções testadas no âmbito da Acção A.4. Estas medidas visam

permitir uma gestão sinérgica das espécies cinegéticas (Perdiz-vermelha, Coelho-bravo e

Lebre) e duas das espécies alvo do projecto (Abetarda e Sisão) através do fornecimento de

recursos suplementares (alimento e água) e a redução da pressão de predação sobre estas

espécies. De modo a estabelecer o protocolo gestão e implementar as medidas foram

seleccionadas as zonas de caça prioritárias. A selecção resultou num total de 29 zonas de caça

prioritárias cujos responsáveis pela sua gestão foram contactados e foram-lhes apresentados o

projecto e os objectivos da Acção. Durante esta Acção foram assinados 12 protocolos de

gestão (10 na ZPE de Castro Verde, 1 na ZPE do Vale do Guadiana e 1 na ZPE de Piçarras). Os

protocolos assinados correspondem à implementação de 35 pontos de abeberamento, 37

pontos de alimentação e 5 marouços para Coelho-bravo numa área intervencionada de 18.121

ha. Os pontos de abeberamento e de alimentação implementados foram utilizados tanto por

espécies cinegéticas como por fauna silvestre. Os marouços construídos mostram alguns sinais

de ocupação que se prevê que venha a aumentar. Como resultado principal este Acção

demonstra que é possível compatibilizar a gestão cinegética com a conservação das aves

estepárias.

ABSTRACT

This Action’s main goal was the implementation of the measures described in the management

agreements established in accordance with Action A.2. The measures established on the

agreements were based on the solutions that game managers and landowners already use in

the field and on the solutions tested in Action A.4. This measures aim to allow a synergistic

management of game species (Red-legged partridge, Wild rabbit and Hare) and project’s

target species (Great bustard and Little Bustard) by using the same solutions for both. In order

to set the management agreements and implement the considered measures the priority

game reserves were selected. A total of 29 game reserves were selected as priority, and the

managers were contacted in order to present them the project and the Action’s goals. During

this Action 12 management agreements were signed (10 in Castro Verde SPA, 1 in Vale do

Guadiana SPA and 1 in Piçarras SPA). These agreements represent the implementation of 35

feeding points, 37 water troughs and 5 wild rabbit shelters in an area of 18.121 ha. The feeding

points and water troughs installed were used by game species and other wild animals. The

rabbit shelters show some signs of colonization and we predict that shelters occupancy will

rise. This Action’s main outcome shows that game management and steppe birds conservation

can be compatible.

ÍNDICE:

1. LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................................... 1

2. ENQUADRAMENTO ............................................................................................................... 2

3. PROBLEMÁTICA ..................................................................................................................... 2

3.1. A importância da Actividade Cinegética ....................................................................... 2

3.2. Alterações Climáticas .................................................................................................... 3

3.3. Perturbação humana ..................................................................................................... 4

3.4. Pressão exercida por predadores .................................................................................. 4

4. IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS DE CAÇA PRIORITÁRIAS ........................................................... 4

5. MEDIDAS PRECONIZADAS ................................................................................................... 11

6. IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO ...................................................................... 12

6.1. Pontos de abeberamento – Bebedouros do tipo manilha .......................................... 14

6.2. Pontos de alimentação – Pontos de espalhamento e suvadouros ............................. 15

6.3. Marouços para Coelho-bravo...................................................................................... 18

6.4. Estratégias desenvolvidas por cada ZC ....................................................................... 19

6.4.1. ZCA da Corte Ruiva .............................................................................................. 19

6.4.2. ZCA da Herdade dos Mouras e Outras ................................................................ 20

6.4.3. ZCA das Entradas ................................................................................................. 20

6.4.4. ZCA de Albernoa .................................................................................................. 21

6.4.5. ZCA de Albernoa 2 ............................................................................................... 21

6.4.6. ZCA do Carregueiro ............................................................................................. 21

6.4.7. ZCA dos Bispos e Outras ...................................................................................... 22

6.4.8. ZCT da Sobreira e Outras ..................................................................................... 22

6.4.9. ZCT do Monte Rolão ............................................................................................ 22

6.4.10. ZCT dos Castelejos e Anexas ............................................................................... 23

6.4.11. ZCA da Cabeça da Serra ....................................................................................... 23

6.4.12. ZCA dos Braciais .................................................................................................. 23

7. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ................................................................................................ 24

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 28

9. ANEXO I ............................................................................................................................... 29

1. ZCA da Corte Ruiva ......................................................................................................... 30

2. ZCA da Herdade dos Mouras e Outras ........................................................................... 31

3. ZCA das Entradas ............................................................................................................ 33

4. ZCA de Albernoa ............................................................................................................. 35

5. ZCA de Albernoa 2 .......................................................................................................... 37

6. ZCA do Carregueiro ........................................................................................................ 39

7. ZCA dos Bispos e Outras ................................................................................................. 40

8. ZCT da Sobreira e Outras ................................................................................................ 42

9. ZCT do Monte Rolão ....................................................................................................... 44

10. ZCT dos Castelejos e Anexas .......................................................................................... 45

11. ZCA da Cabeça da Serra.................................................................................................. 47

12. ZCA dos Braciais ............................................................................................................. 48

1

1. LISTA DE ABREVIATURAS

CPAC – Condicionamento Parcial da Actividade Cinegética

CTAC – Condicionamento Total da Actividade Cinegética

LPN – Liga para a Protecção da Natureza

ZPE – Zona de Protecção Especial para as Aves

SPA – Special Protection Area for Birds

ZC – Zona de Caça

ZCA – Zona de Caça Associativa

ZCM – Zona de Caça Municipal

ZCT – Zona de Caça Turística

2

2. ENQUADRAMENTO

A manutenção das estepes cerealíferas de acordo com as necessidades de conservação das

espécies de aves estepárias como a Abetarda, o Sisão e o Peneireiro-das-torres, exige o

envolvimento de todos os agentes que, directa e indirectamente, são responsáveis pela gestão

do território. A conservação a médio e longo prazo destes sistemas agro-ambientais depende,

assim, da implementação de práticas que permitam harmonizar as actividades económicas que

se desenvolvem nestes territórios. O envolvimento de proprietários, agricultores e gestores

cinegéticos e caçadores é essencial, uma vez que a agricultura e a actividade cinegética são

actividades com elevada influência ao nível da gestão de recursos e são, ao mesmo tempo,

actividades com grande expressão económica. Paralelamente, ao envolver estes agentes, os

próprios abandonam uma postura passiva ou contra os objectivos de conservação das aves

estepárias e adoptam uma posição mais consciente e activa.

A Acção C.1 teve como objectivo desenvolver Planos de Gestão para Zonas de Caça em

conjunto com diversas associações, clubes e outras entidades responsáveis pela gestão

cinegética nas Zonas de Protecção Especial (ZPE) de implementação do Projecto LIFE

Estepárias. Os Planos de Gestão visaram implementar as boas práticas de gestão identificadas

no âmbito da Acção A.4 (Previsão dos impactes das alterações climáticas nas espécies-alvo e

definição de medidas de mitigação), nomeadamente a implementação de bebedouros e

pontos de alimentação, disponíveis para Abetarda e Sisão. Com a normalização destas boas

práticas, nomeadamente através da disseminação sob a forma de um manual de boas práticas

previsto na Acção D.7 (Produção de manuais de boas práticas), pretende-se que as aves

estepárias disponham de uma rede de locais que garanta a disponibilidade de recursos aos

quais possam recorrer durante acontecimentos climáticos extremos como os períodos de seca.

Os Planos de Gestão foram desenvolvidos conjuntamente com as entidades com as quais

foram celebrados Protocolos de Gestão no âmbito da Acção A.2 (Definição de acordos de

gestão para explorações agrícolas e para Zonas de Caça). As Zonas de Caça (ZC) envolvidas no

Projecto foram previamente identificadas como prioritárias tendo por base a informação

compilada no âmbito da Acção A.1 (Cartografia das áreas prioritárias para as espécies alvo) e

durante as acções de monitorização do Projecto (Acção E.4 – Monitorização do Projecto).

3. PROBLEMÁTICA

3.1. A importância da Actividade Cinegética

A actividade cinegética tem um importante papel no meio rural, tanto a nível cultural como a

nível económico, desempenhando, por isso, um papel relevante a nível social. O território

cinegético encontra-se dividido em terrenos não ordenados e terrenos ordenados, sendo estes

3

últimos designados por Zonas de Caça Nacional (ZCN), Zonas de Caça Municipal (ZCM), Zonas

de Caça Turística (ZCT) e Zonas de Caça Associativa (ZCA), consoante a natureza dos objectivos

que prosseguem. Nas ZPE de implementação do Projecto LIFE Estepárias, a grande maioria do

território cinegético é ordenado e é constituído por ZCA e ZCT. De uma forma geral, considera-

se que as ZCA são geridas através do associativismo dos caçadores sob a forma de associações

ou clubes sem fins lucrativos. Para estes grupos, a caça é essencialmente uma actividade de

lazer que permite reunir amigos e companheiros num ambiente alegre, descontraído e festivo.

A gestão das ZCA é normalmente feita pelos caçadores associados e, regra geral, os recursos

disponíveis são mais parcos comparativamente com as ZCT. Já as ZCT têm como principal

objectivo gerar aproveitamento económico através da venda de caçadas. Nas ZCT há uma

tendência para a gestão cinegética ser mais intensiva e com um maior investimento

económico, com a finalidade de vender o maior volume de caçadas possível em cada época

venatória.

No Baixo Alentejo encontram-se densidades elevadas de populações de espécies cinegéticas,

particularmente Perdiz-vermelha, Coelho-bravo e Lebre-ibérica, que atraem anualmente

centenas de caçadores tornando bastante expressivo o impacte económico da actividade

cinegética nesta região.

De modo a melhorar as condições e a adequabilidade do habitat, com o objectivo de

incrementar as densidades de espécies cinegéticas e, assim, obter melhores caçadas, os

gestores cinegéticos intervêm, geralmente, ao nível da disponibilização de recursos através da

instalação de pontos de água e de pontos de alimentação. Estes pontos são por norma

utilizados pelas espécies cinegéticas e adquirem particular importância em períodos de

escassez de água e de alimento. No entanto, na maioria dos casos, o tipo de bebedouros e

comedouros adoptados pelos gestores cinegéticos para as espécies de caça menor, como a

Perdiz-vermelha, Coelho-bravo e Lebre-ibérica, não estão acessíveis para serem utilizados pela

Abetarda e pelo Sisão.

3.2. Alterações Climáticas

Estudos recentes, nomeadamente realizados no âmbito da Acção A.4, demonstram que as

alterações climáticas poderão ter um impacto negativo sobre as aves estepárias,

nomeadamente na Abetarda e no Sisão. A subida das temperaturas médias e as secas poderão

influenciar negativamente os recursos alimentares e água disponíveis para estas e outras

espécies, como as espécies cinegéticas, durante o período mais seco do ano. Desta forma, a

compatibilização dos bebedouros utilizados pelos gestores cinegéticos com as aves estepárias

constitui uma medida que facilmente pode contribuir para a mitigação do problema de

4

escassez de água disponível durante o Verão. Por outro lado, tornar os locais de reforço

alimentar mais naturais, optando por áreas onde se procede ao espalhamento de sementes,

para além das vantagens em termos sanitários, permite que também a Abetarda, o Sisão e

outras espécies de aves sensíveis utilizem este recurso nas épocas de maior escassez. Esta

estratégia também poderá ser utilizada para fidelizar o uso de bebedouros instalados no

campo.

3.3. Perturbação humana

Um outro aspecto importante para a conservação das aves estepárias, nomeadamente da

Abetarda e Sisão que são espécies particularmente sensíveis e desconfiadas, é a perturbação

humana. A actividade cinegética implica maior número de pessoas a circular pelos campos

agrícolas normalmente tranquilos. Para além dos caçadores, os cães de caça de que se fazem

acompanhar e que procuram activamente presas, constituem um motivo acrescido de stress

para estas espécies. Uma das medidas importantes para reduzir este efeito de perturbação é a

delimitação de áreas de condicionamento à caça dentro das ZC. Praticamente todas as ZC

identificadas como prioritárias possuem já áreas de Condicionamento Parcial à Caça.

3.4. Pressão exercida por predadores

Naturalmente, as áreas com maiores densidades de espécies presa, como é o caso da maioria

das espécies cinegéticas (Perdiz-vermelha, Coelho-bravo e Lebre-ibérica), são áreas bastante

atractivas para aves de rapina e outros predadores. As quatro ZPE de intervenção do Projecto

são áreas com densidades de espécies de aves de rapina bastante elevadas, destacando-se a

presença abundante de predadores de topo como a Águia-imperial-ibérica, a Águia de Bonelli

e o Bufo-real. Desta forma, a pressão sobre a Abetarda e Sisão é igualmente bastante elevada.

O reforço das condições para o estabelecimento e aumento das populações de espécies

cinegéticas, nomeadamente do Coelho-bravo, é uma ferramenta importante para reduzir a

pressão dos predadores sobre a Abetarda e Sisão.

4. IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS DE CAÇA PRIORITÁRIAS

O processo de identificação das ZC prioritárias teve como base a informação disponível sobre

as espécies nas 4 ZPE do Projecto, quer aquela obtida anteriormente ao início do Projecto,

quer a informação obtida durante os censos reprodutor e pós-reprodutor nos dois primeiros

anos do Projecto. A informação entretanto obtida no terceiro e quarto anos do Projecto

permitiu corroborar a informação anterior. Desta forma, uma vez que as actividades de gestão

cinegética têm particular relevância para o período pós-reprodutor, foram privilegiadas as ZC

5

onde a informação disponível (e também o conhecimento empírico da equipa técnica do

Projecto) indica serem mais importantes para a Abetarda durante o período pós-reprodutor.

Uma vez que não existem dados disponíveis para o Sisão – fruto da dificuldade técnica que um

censo pós-reprodutor para esta espécie implica – assumiu-se que as áreas especialmente

importantes para a Abetarda são, igualmente, prioritárias para o Sisão.

As Figuras 1 e 2 apresentam os dados referentes ao censo reprodutor e censo pós-reprodutor,

realizados durante os três primeiros anos do Projecto LIFE Estepárias, nas quatro ZPE de

intervenção.

Figura 1 - Censo reprodutor de Abetarda realizado em 2009, 2010 e 2011. Cada ponto representa a observação de pelo menos um indivíduo da espécie.

6

Figura 2 - Censo pós-reprodutor de Abetarda realizado em 2009, 2010 e 2011. Cada ponto representa a observação de pelo menos um indivíduo da espécie.

Na Figura 3, está representada a probabilidade de distribuição de Sisão durante o período

reprodutor em parte da ZPE de Castro Verde.

7

Figura 3 - Probabilidade de ocorrência de Sisão. Dados disponíveis apenas para uma parte da ZPE Castro Verde (Moreira et al 2007).

Conforme ilustrado na Figura 4, foram determinadas como prioritárias um total de 29 Zonas de

Caça, em três ZPE (exceptuando-se a ZPE de Mourão/Moura/Barrancos). A informação

referente a cada ZC está detalhada na Tabela 1.

8

Figura 4 - Zonas de Caça seleccionadas como prioritárias.

Todas as ZC identificadas foram contactadas pela equipa técnica no sentido de apresentar o

Projecto LIFE Estepárias, os seus objectivos gerais de conservação da Abetarda, Sisão e

Peneireiro-das-torres, bem como as estratégias específicas (i.e. boas práticas) que se

pretendem implementar conjuntamente com as ZC. Estes contactos permitiram também ficar

a conhecer o interesse de cada gestor cinegético nas questões relacionadas com a conservação

das aves estepárias e o interesse e disponibilidade dos concessionários em colaborar com o

LIFE Estepárias, bem como ficar a conhecer os modelos de gestão já implementados nestas ZC.

Ao conhecer com maior detalhe as medidas já implementadas pelos gestores cinegéticos nas

várias ZC, a equipa técnica pôde, por um lado, excluir algumas das ZC identificadas como

prioritárias uma vez que as medidas de gestão já implementadas pelos gestores foram

consideradas “boas” – isto é, as medidas implementadas estão acessíveis às espécies alvo -

(ex. ZCT da Carriça em que as sementes e água disponibilizada se encontra acessível à

Abetarda) e, por outro lado, perceber quais as melhores medidas a implementar em cada ZC.

Estes contactos foram realizados pessoalmente, tendo a equipa do Projecto LIFE Estepárias

acompanhado os gestores cinegéticos numa visita pela ZC para a verificação das condições do

habitat e das medidas implementadas.

9

Na ZPE de Castro Verde, fruto dos esforços de conservação e sensibilização levados a cabo pela

LPN durante as duas últimas décadas, a grande maioria dos gestores cinegéticos mostraram-se

bastante sensibilizados relativamente à problemática da conservação das aves estepárias e

disponíveis para cooperar com o Projecto LIFE Estepárias. Nas restantes ZPE, o grau de

sensibilização foi variável mas de modo geral os gestores cinegéticos mostraram-se disponíveis

para a colaboração com o Projecto LIFE Estepárias.

10

Tabela 1 - Zonas de Caça consideradas prioritárias, com indicação do concessionário.

ZPE Zona de Caça Concessionário Nº processo Pessoa de Contacto Telefone

Castro Verde ZCA da Albergaria e Outras Associação de Caça e Pesca da Branqueira 1242 João Arez (Presidente) 965 096 581

João Alegre (Guarda) 969 724 877

ZCA da Corte Pequena Clube de Caça e Pesca Monteiros da Corte Pequena 3342 - -

ZCA da Corte Ruiva Associação de Caçadores da Corte Ruiva 4448 Nelson Mestre (Gestor) 961 486 635

ZCA da Herdade dos Mouras e Outras Clube de Caçadores de Entradas 3953 António Raposo (Presidente) 965 592 356

ZCA das Entradas Clube de Caçadores de Entradas 3343 965 592 356

ZCA de Albernoa Clube de Caçadores do Monte da Vinha 5417 Manuel Mateus (Presidente) 966 353 125

António Romão (Guarda) 914 848 960

ZCA de Albernoa 2 Clube de Caçadores do Monte da Vinha 5442 Manuel Mateus (Presidente) 966 353 125

António Romão (Guarda) 914 848 960

ZCA do Carregueiro Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro 4198 Carlos Ferreira (Presidente) 936 874 989

ZCA do Monte Aipo Associação de Caçadores Corte Pão e Água Alvares e João Serra 3724 José Santos 936 261 674

ZCA do Pão Branco António Raúl Mira de Brito 5749 José Manuel 919 472 053

ZCA dos Bispos e Outras Associação de Caçadores Os Nhucas 4202 Fernando António (Presidente) 919 236 838

ZCA Os Protectores da Caça Clube de Caça e Pesca Os Protectores da Caça 3865 Francisco 919 257 314

ZCT dos Castelejos e Anexas Cremilde Natália Garrido de Brito Paes 4341 Joaquim Brito Paes (Gestor) 961 946 084

ZCT da Carriça Sociedade Agrícola da Carriça e Casinha 3387 Paulo Meireles 966 222 048

ZCT da Sobreira e Outras Manual Caetano Mestre 1816 Carlos Ferreira (Gestor) 936 874 989

ZCT das Neves Graça José Guerreiro Martins 2477 José Guerreiro Perón Martins 919 662 410

ZCT de Cocilhas António José Bogarim Lage 3094 António José Bogarim Lafe - UNITA -

Júlio Canas 917 252 900

ZCT de Penilhos e outras Maria José da Paz Rodrigues Palma 2203 José Carlos Palma (Gestor) 966 025 261

Manuel Eduardo (Guarda) 966 483 384

ZCT do Campo Branco António José Bogarim Lage 1541 Júlio Canas 917 252 900

ZCT do Monte Rolão Castro Caça - Sociedade Túristica de Caça Lda 1176 Álvaro Mestre 967 053 114

ZCT do Monte Ronqueiro Sociedade Agro Pecurária do Monte Ronqueiro 4087 Cristino -

Piçarras ZCA da Herdade de Negreiros e Outras Associação de Caçadores de Alengarve 747 - -

ZCA da Horta da Corte Associação de Caçadores e Pescadores da Freguesia do Rosário 2445 - -

ZCA de Cabeça da Serra Associação de Caçadores da Cabeça da Serra 3460 Francisco Maria Eugénio (Guarda) 915 079 245

João Simões (Presidente) 919 212 853

Vale do Guadiana ZCA de Vale Carapetos Zona de Caça Associativa - Vale Carapetos 3733 José Luís Cravinho 965 070 592

ZCA dos Braciais Associação de Caçadores dos Braciais 2239 Raúl Mestre(Presidente) 961 308 920

ZCT da Herdade de Dorde José Manuel Braizinha Sebastião 4190 José Manuel Braizinha Sebastião 963 154 647

ZCT de Aracelis Luís Jorge Fíuza Lopes 2234 Luís Jorge Fiúza Lopes -

ZCT do Monte do Guiso Associação de Caçadores Os Falcões 4699 Manuel Martins Barbosa 965 046 919

968 772 228

11

5. MEDIDAS PRECONIZADAS

Em conjunto com diferentes ZC, pretendeu-se elaborar Planos de Gestão que prevejam a

implementação de medidas chave, que pretendem minimizar os problemas identificados e

descritos anteriormente. Desta forma pretende-se harmonizar a actividade cinegética com os

objectivos de conservação das aves estepárias, aumentando a qualidade do habitat quer para

as espécies cinegéticas (Perdiz-vermelha, Coelho-bravo e Lebre-ibérica), quer para a Abetarda

e Sisão.

A colaboração directa com gestores cinegéticos e caçadores permite contribuir para a

sensibilização deste grupo, relativamente à importância do seu papel na correcta gestão do

território para a conservação e potenciação do habitat para as espécies cinegéticas e do seu

papel fundamental, enquanto actores no terreno, na conservação das aves selvagens,

nomeadamente da Abetarda e Sisão.

Assim, foram identificadas pela equipa técnica quatro medidas principais a implementar nas

diferentes ZC. Estas medidas foram adaptadas em cada caso à realidade do território, bem

como aos planos e objectivos de gestão particulares de cada ZC. Estas quatro medidas são:

• Instalação de bebedouros do tipo manilha de betão em pontos estratégicos da ZC;

• Fornecimento de mistura corrente de sementes e de trigo, por meio de espalhamento,

junto aos bebedouros instalados;

• Fornecimento de mistura corrente de sementes e de trigo por meio de espalhamento

em suvadouros instalados em locais estratégicos na ZC;

• Construção de luras artificiais para coelhos (“marouços”) para aumentar a

conectividade entre as luras já existentes no terreno e contribuir para a recuperação

das populações de Coelho-bravo, de modo a reduzir a pressão de predação sobre as

aves selvagens e outras espécies cinegéticas.

Anteriormente à implementação dos planos de gestão foram realizadas visitas a cada uma das

ZC de modo a aumentar o conhecimento da equipa técnica sobre o território de cada ZC e de

modo a verificar quais as infra-estruturas e recursos já disponíveis para as espécies-alvo,

nomeadamente no que concerne a pontos de abeberamento e pontos de alimentação. Para a

quantificação dos pontos de abeberamento consideram-se pontos de água que se mantêm

sem secar durante grande parte da estação seca e que se sabe que são utilizados pelas

espécies-alvo, e os bebedouros que se consideram ser acessíveis às espécies alvo. Como

pontos de alimentação consideram-se apenas os comedouros ou suvadouros que

indubitavelmente poderiam ser utilizados ou que se sabe serem utilizados pelas espécies-alvo.

12

Esta informação permitiu seleccionar quais das medidas previamente identificadas seriam mais

adequadas a cada ZC e serviu de base para ajudar às decisões de natureza técnica (p. ex:

localização das medidas a implementar e transporte de material). As visitas foram

acompanhadas pelos gestores de cada uma das ZC e as medidas a implementar, bem como a

sua localização, foram discutidas até se obter um consenso entre as partes.

Os planos de gestão para cada uma das ZC foram celebrados através da assinatura de um

contrato/protocolo entre a LPN e cada um dos concessionários (ver Anexo I).

6. IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO

No âmbito da Acção C.1 foram estabelecidos 12 Planos de Gestão com ZC. Estes Planos foram

implementados em 12 ZC que, no total das três ZPE de implementação destas medidas do

Projecto, somam 19366ha, com 18121ha incluídos estritamente dentro dos limites das ZPE

(Tabela 2).

Tabela 2 - Área total de cada ZC e respectiva área de interesse para implementação das medidas do Projecto

Zona de Caça Área total Área de interesse

ZCA da Corte Ruiva 397 397

ZCA da Herdade dos Mouras e Outras 2.161 2.161

ZCA das Entradas 4.194 4.194

ZCA de Albernoa 694 694

ZCA de Albernoa 2 2.228 1.667

ZCA do Carregueiro 1.084 1.084

ZCA dos Bispos e Outras 2.054 1.675

ZCT da Sobreira e Outras 2.089 2.089

ZCT do Monte Rolão 1.596 1.596

ZCT dos Castelejos e Anexas 567 567

ZCA da Cabeça da Serra 836 531

ZCA dos Braciais 1.466 1.466

TOTAL: 19.366 18.121

A maior expressão de Planos de Gestão implementados (nove planos) refere-se à ZPE de

Castro Verde. Na ZPE de Mourão/Moura/Barrancos não foi implementado qualquer plano.

Para as outras duas ZPE, ZPE de Piçarras e ZPE do Vale do Guadiana, foram implementados um

Plano de Gestão em cada uma.

A Tabela 3 resume o número de Planos de Gestão efectivamente implementados no terreno.

13

Tabela 3 – Número de ZC prioritárias e número de Planos de Gestão implementados.

ZPE Área total

da ZPE (ha) ZC

prioritárias ZC com Planos

de Gestão

Castro Verde 85344 21 10

Mourão/Moura/Barrancos 84904 0 0

Piçarras 2827 3 1

Vale do Guadiana 76546 5 1

TOTAL: 30 12

Os 12 Planos de Gestão correspondem a um total de 10 entidades gestoras que constam da

seguinte tabela.

Tabela 4 - Entidades com as quais foram estabelecidos Planos de Gestão

ZPE Entidade gestora da ZC

Castro Verde Associação de Caçadores da Corte Ruiva

Associação de Caçadores “Os Nhucas”

Castro Caça - Sociedade Turística de Caça Lda

Clube de Caçadores de Entradas

Clube de Caçadores do Monte da Vinha

Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro

Maria José da Paz Rodrigues Palma

Cremilde Garrido de Brito Paes

Vale do Guadiana Associação de Caçadores dos Braciais

Piçarras Associação de Caçadores da Cabeça da Serra

Relativamente às medidas incluídas nos Planos de Gestão e implementadas no terreno, foram

instalados um total de 37 pontos de alimentação, 35 pontos de abeberamento e 5 marouços

para Coelho-bravo. As medidas implementadas por ZPE podem ser consultadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Número de ZC intervencionadas e medidas implementadas por ZPE. * Cada marouço é constituído por quatro ilhas mais ou menos separadas conforme a configuração do terreno.

ZPE Total de ZC

Medidas implementadas

Pontos de alimentação

Bebedouros do tipo manilha

Marouços *

Castro Verde 10 29 27 4 [16]

Piçarras 1 4 4 0 Vale do Guadiana 1 4 4 1 [4]

Total 12 37 35 5 [20]

Na Tabela 6, as medidas implementadas encontram-se discriminadas por ZC.

14

Tabela 6- Medidas implementadas por ZC.

ZPE ZC

Medidas implementadas

Pontos de alimentação

Bebedouros do tipo manilha

Marouços

Castro Verde ZCA da Corte Ruiva 2 0 2 [8]

Castro Verde ZCA da Herdade dos Mouras e Outras 0 0 0 Castro Verde ZCA das Entradas 5 5 0 Castro Verde ZCA de Albernoa 2 1 0 Castro Verde ZCA de Albernoa 2 3 3 0 Castro Verde ZCA do Carregueiro 0 3 0 Castro Verde ZCA dos Bispos e Outras 10 10 1 [4]

Castro Verde ZCT da Sobreira e Outras 0 2 0 Castro Verde ZCT do Monte Rolão 3 3 0 Castro Verde ZCT dos Castelejos e Anexas 4 0 1 [4]

Piçarras ZCA de Cabeça da Serra 4 4 0 Vale do Guadiana ZCA dos Braciais 4 4 1 [4]

Total 37 35 5 [20]

Para além das acções implementadas no campo referidas anteriormente, sensibilizou-se e

aconselhou-se os gestores cinegéticos para executarem um planeamento das jornadas de caça

e actividades relacionadas com a gestão da ZC. Nomeadamente, aconselhou-se o planeamento

de todas as actividades relacionadas com a prática cinegética ou outras de forma a não

destruir ou perturbar locais de nidificação da Abetarda e do Sisão, e locais onde sejam

avistadas fêmeas com as crias durante o período pós-reprodutor (o qual coincide com a época

venatória).

Os detalhes de cada Plano de Gestão protocolado com as respectivas ZC e a estratégia

considerada para cada uma podem ser consultados no Anexo I do presente documento.

6.1. Pontos de abeberamento – Bebedouros do tipo manilha

O número de bebedouros, a localização e a frequência de reabastecimento foram acordados

previamente com os gestores cinegéticos. Para a escolha da localização de novos bebedouros

deu-se preferência a locais em que se sabe que são frequentados pelas espécies-alvo e que

apresentam um menor grau de perturbação (principalmente humana) e teve-se em conta o

factor acessibilidade (proximidade de caminhos agrícolas) de modo a não dificultar o acesso

para manutenção e reabastecimento dos bebedouros. Em alguns casos, fez-se a substituição

de bebedouros já existentes mas inadequados para aves estepárias por bebedouros do tipo

manilha. Nestes casos optou-se por manter a mesma localização uma vez que os animais já se

encontram habituados à localização destas estruturas.

15

A manutenção dos bebedouros ficou a cargo dos gestores cinegéticos, que devem zelar pelo

bom funcionamento e limpeza do bebedouro e gamela de modo a manter a boa qualidade da

água. Aconselhou-se a manter água disponível durante todo o ano ou a fazer um mínimo de

um reabastecimento mensal durante o período que se estende do início de Julho ao final de

Outubro de modo a que nunca falte água durante o período mais seco. Caso contrário, poderá

acontecer que os animais deixem de visitar determinado ponto. Indicou-se que a bóia das

gamelas deve ser regulada para permitir a disponibilização do nível máximo de água possível

para que aves como a Abetarda consigam beber.

O número máximo de bebedouros implementados, em 5 das ZC (das quais 2 ultrapassam)

satisfaz a densidade mínima de 1ponto/100ha, noutras 5 ZC fica muito próxima da densidade

mínima e apenas em 2 a densidade ficou significativamente abaixo do mínimo (Figura 5).

Figura 5 – Número de pontos de abeberamento permanentes existentes no território de cada ZC antes e depois da finalização da Acção C.1. 1: na ZCA da Herdade dos Mouros e Outras foram instalados 3 bebedouros no âmbito da Acção A.4.

6.2. Pontos de alimentação – Pontos de espalhamento e suvadouros

As quantidades (kg), tipos de semente (trigo; mistura; ervilha), localização dos pontos e

frequência dos espalhamentos foram pré-acordados com os gestores cinegéticas. Para a

escolha da localização dos pontos de espalhamento deu-se preferência a locais em que foram

instalados bebedouros do tipo manilha. Através da conjugação dos dois recursos no mesmo

local, espera-se o aumento da probabilidade dos animais que localizem a área de

espalhamento de sementes localizem e se aclimatizem aos bebedouros. Na prática, a mesma

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

ZCA daCorte Ruiva

ZCA daHerdade

dosMouros e

Outras

ZCA dasEntradas

ZCA deAlbernoa

ZCA deAlbernoa 2

ZCA doCarregueiro

ZCA dosBispos eOutras

ZCT daSobreira e

Outras

ZCT doMonteRolão

ZCT dosCastelejose Anexas

ZCA deCabeça da

Serra

ZCA dosBraciais

Antes Depois Mínimo (1/100ha)

1

16

localização para os dois recursos também reduz o esforço de manutenção e reabastecimento

destes pontos para os gestores cinegéticos. Em alguns casos, optou-se por fazer o

espalhamento de sementes em suvadouros – áreas de solo gradadas onde se espalham as

sementes – uma vez que para além das espécies cinegéticas, existe a indicação de que as

Abetardas utilizam estes locais para se alimentarem.

Os espalhamentos ficaram a cargo dos gestores cinegéticos. Optou-se pela execução dos

espalhamentos no período que se estende entre o início do mês de Julho até ao final do mês

de Outubro, uma vez que se considera a época em que o alimento se torna mais escasso.

Sensibilizou-se os gestores cinegéticos para a necessidade de dar continuidade aos

espalhamentos de sementes, na eventualidade de existir disponibilidade financeira, sendo que

a aplicação desta medida deve ser garantida no mínimo até ao final da vigência dos contratos.

Aconselhou-se que os espalhamentos fossem realizados em torno dos bebedouros

implementados pelo projecto LIFE Estepárias, em pontos de abeberamento já existentes ou

em suvadouros, conforme descrito em cada Plano de Gestão. De um modo geral indicou-se um

raio máximo de 10 metros para efectuar os espalhamentos sementes. Indicou-se também que

cada espalhamento deve consistir de um misto do tipo de sementes disponibilizadas (trigo,

mistura e ervilha) totalizando cerca de 8kg (aprox. um balde) ou 12kg (aprox. um balde e

meio), e deve ser realizado com uma frequência de um, dois ou, idealmente, quatro

reabastecimentos mensais. Sabe-se que o consumo das sementes espalhadas pode variar e

portanto aconselhou-se os gestores a equilibrar a quantidade de sementes distribuídas e a

frequência dos espalhamentos consoante o consumo verificado no terreno.

O stock de sementes para espalhamento foi entregue aos gestores cinegéticos no início e

durante o período definido para o reforço alimentar, nas quantidades acordadas (Tabela 7).

Tabela 7 – Quantificação das sementes distribuídas às ZC pelo LIFE Estepárias durante os anos de 2011 e 2012. 1: sementes para espalhamento em 2012 e 2013; 2: sementes para espalhamento em 2013; 3: sementes para espalhamento em 2012, 2013 e 2013; 4: sementes pra espalhamento em 2013 e 2014.

2011 Trigo

Mistura

Ervilha

ZC Quantidade

(Kg)

Quantidade (Kg)

Quantidade (Kg)

ZCA da Corte Ruiva 200 200 120

ZCA das Entradas 320

275

80

ZCA de Albernoa 80

25

0

ZCA de Albernoa 2 120

175

80

ZCA dos Bispos e Outras 400

300

0

ZCT do Monte Rolão 160 100 0

TOTAL: 2635 1280 1075 280

17

2012 Trigo

Mistura

Ervilha

ZC Quantidade

(Kg)

Quantidade (Kg)

Quantidade (Kg)

ZCA da Corte Ruiva 1520 1 800 1 0

ZCA das Entradas 1320 3 800 3 0

ZCA de Albernoa 880 1 400 1 0

ZCA de Albernoa 2 400 1 200 1 0

ZCA dos Bispos e Outras 1000 2 200 2 0

ZCA do Monte Rolão 280 1 200 1 0

ZCT dos Castelejos e Anexas 200 2 200 2 0

ZCA da Cabeça da Serra 200 2 200 2 0

ZCA dos Braciais 400 4 400 4 TOTAL: 9600 6200

3400

0

Durante a implementação dos planos de gestão foram distribuídos 7480kg de trigo, 4475kg de

mistura corrente para caça e 280kg de ervilha somando um total de mais de 12 toneladas de

semente para ser espalhada nos pontos de alimentação implementados (Tabela 8).

Tabela 8 - Quantificação da quantidade total de sementes (kg) distribuída às ZC.

ZPE ZC

Tipo de semente Total (kg)

Trigo (kg) Mistura

(kg) Ervilha

(kg)

Castro Verde ZCA da Corte Ruiva 1720 1000 120 2840

Castro Verde ZCA da Herdade dos Mouras e Outras 0 0 0 0

Castro Verde ZCA das Entradas 1640 1075 80 2795

Castro Verde ZCA de Albernoa 960 425 0 1385

Castro Verde ZCA de Albernoa 2 520 375 80 975

Castro Verde ZCA do Carregueiro 0 0 0 0

Castro Verde ZCA dos Bispos e Outras 1400 500 0 1900

Castro Verde ZCT da Sobreira e Outras 0 0 0 0

Castro Verde ZCT do Monte Rolão 440 300 0 740

Castro Verde ZCT dos Castelejos e Anexas 200 200 0 400

Piçarras ZCA de Cabeça da Serra 200 200 0 400

Vale do Guadiana ZCA dos Braciais 400 400 0 800

Total (kg) 7480 4475 280 12235

O número máximo de pontos de alimentação implementados, na maioria dos casos, não

permitiu completar o número de pontos mínimo para satisfazer a proporção de 1

ponto/100ha em cada ZC (Figura 6). No caso dos pontos de alimentação só foram

contabilizados aqueles deliberadamente instalados para alimentação da fauna selvagem. É

18

evidente que no terreno existem mais fontes de alimento cuja contabilização não é

praticável, como é o caso dos locais onde existem sementes (faixas de leguminosas

plantadas no âmbito da ITI de Castro Verde; searas; restolhos) e os pousios onde se

encontram grandes quantidades de artrópodes.

Figura 6 - Número de pontos de alimentação existentes no território de cada ZC antes e depois da finalização da Acção C.1. 1: na ZCA da Herdade dos Mouros e Outras foram instalados 4 pontos de alimentação no âmbito da Acção A.4.

6.3. Marouços para Coelho-bravo

A escolha das ZC nas quais foram construídos marouços para Coelho-bravo teve em conta

conhecimento empírico que a equipa possui do terreno relativamente à existência de

populações de Coelho-bravo e pressão predatória que existe sobre as aves, nomeadamente

Abetarda. Inicialmente os marouços foram pensados como um unidade constituída por quatro

subunidades (ilhas) separadas no máximo por 50 metros. No entanto, em algumas situações,

dadas as características do terreno, optou-se por aumentar a distância de separação entre

ilhas. Para maximizar o sucesso desta intervenção, a escolha do local teve em linha de conta os

seguintes aspectos:

• Construção em locais próximos de uma área onde já existam populações de Coelho-

bravo;

• Evitar seleccionar locais em que o solo se apresente muito compactado e onde

existam linhas de escorrência ou acumulação de água.

Os marouços foram construídos à base de paletes e pedras. Optou-se por não utilizar qualquer

tipo de protecção antipredadores uma vez que com base em experiencia prévia e por

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

ZCA daCorte Ruiva

ZCA daHerdade

dosMouros e

Outras

ZCA dasEntradas

ZCA deAlbernoa

ZCA deAlbernoa 2

ZCA doCarregueiro

ZCA dosBispos eOutras

ZCT daSobreira e

Outras

ZCT doMonteRolão

ZCT dosCastelejose Anexas

ZCA deCabeça da

Serra

ZCA dosBraciais

Antes Depois Mínimo (1/100ha)

1

19

observação dos marouços de pedra já existentes no terreno se admitiu que o risco de

predação nos marouços não coloca em risco o objectivo pretendido com esta acção.

Aconselhou-se os gestores cinegéticos a evitarem qualquer tipo de actividade venatória

dirigida particularmente ao Coelho-bravo nas imediações dos marouços de forma a não

resultar no seu afugentamento ou abate excessivo e impedir o aumento da população desta

espécie.

Foram construídos quatro marouços na ZPE de Castro Verde e um na ZPE do Vale do Guadiana,

totalizando cinco abrigos para Coelho-bravo (Tabela 6).

A instalação de marouços foi bem-sucedida na medida em que pela data de conclusão do

Projecto (Dezembro de 2012) algumas destas estruturas já demonstrava sinais de ocupação

pela espécie (algumas latrinas frescas junto das entradas para o interior dos marouços – Figura

7).

Figura 7 – Excrementos de Coelho-bravo frescos junto à entrada de um dos marouços construídos no âmbito da Acção C.1.

6.4. Estratégias desenvolvidas por cada ZC

No Anexo I do presente relatório é possível consultar todos planos de gestão estabelecidos

com as ZC, celebrados entre as partes sob a forma de protocolo.

6.4.1. ZCA da Corte Ruiva

A ZC dispõe de uma rede de seis pequenas barragens que disponibilizam água durante toda a

estação seca, para além de 2 pequenos pegos a sul do Mte da Chada que mantêm água ou

alguma vegetação verde durante aproximadamente metade da estação. Assim considerou-se

não existir necessidade de implementar novos bebedouros. Quanto aos pontos de

alimentação, optou-se por continuar com a mesma prática implementada pela gestão da ZC

20

uma vez que tanto as Abetardas como as espécies cinegéticas já estão familiarizadas com a

prática e com os locais, apenas aumentando-se o período de espalhamento de sementes para

começar em início de Julho quando antes o começo era mais tardio.

Dado que nas propriedades limítrofes da ZC existem manchas de habitat com densidades

significativas de Coelho-bravo e o território da ZC encontra-se desprovido de bons abrigos para

a espécie, considerou-se importante a construção de dois marouços para permitir a expansão

e incremento da população de Coelho-bravo nesta área. O território da ZC é regularmente

utilizado por aves de rapina de grande porte (nomeadamente juvenis de Águia-imperial-ibérica

durante o inverno) e por mamíferos carnívoros (p. ex.: raposa e sacarrabos), pelo que também

a elevada pressão de predação que poderá existir na área justificou a construção destas

estruturas.

6.4.2. ZCA da Herdade dos Mouras e Outras

Nesta ZC, a estratégia envolveu exclusivamente a interdição da actividade cinegética na área

defina no Plano de Gestão e que coincide com os limites da Herdade das Figueiras, uma das

Reservas Biológicas propriedade da LPN. O Clube de Caçadores de Entradas realizada poucas

caçadas nesta ZC pelo que a interdição da caça na área referida não comporta grandes perdas

ou constrangimentos. Assim a interdição da caça teve como objectivo salvaguardar uma zona

inclusa numa importante área de lek para a Abetarda e também numa importante área para o

período pós-reprodutor. Em termos de pontos de abeberamento, esta ZC está bem servida

com uma ampla rede de barragens acessíveis às espécies alvo. Apesar de, no verão, o nível

destas barragens diminuir bastante, não é comum secarem por completo.

Como já mencionado no Anexo I, esta ZC engloba a reserva da biodiversidade da Herdade das

Figueiras, onde no âmbito da Acção A.4 foram instalados três pontos de abeberamento e

quatro pontos de alimentação suplementares.

6.4.3. ZCA das Entradas

Nesta ZC existe uma rede de pontos de abeberamento disponíveis para a Abetarda com uma

distribuição relativamente homogénea pela ZC. Algumas das nascentes que fazem parte desta

rede mantêm água durante todo o verão mas em alguns casos, quando existe gado na área, a

qualidade da água degrada-se. Os pegos identificados na Ribeira de Terges, apesar de

acessíveis à Abetarda, encontram-se muito perto de fontes de perturbação humana, o que

pode inibir a aproximação destas aves a estes pontos de água. Tendo em conta as limitações

destes pontos de abeberamento, optou-se pela instalação de novos bebedouros em áreas da

21

ZC menos sujeitas a perturbação. A área da ZC mais afastada do IP2 é regularmente

frequentada por bandos de Abetardas durante todo o ano e são as zonas que apresentam

menor grau de perturbação humana. Nos mesmos locais foram também instalados pontos de

espalhamento de forma a não duplicar o esforço que a entidade gestora tem de despender

para fazer a manutenção e reabastecimento dos mesmos, e a reduzir a perturbação. No caso

desta ZC, o número ideal para satisfazer a proporção de um ponto de

abeberamento/alimentação por cada 100 hectares – cerca de 42 pontos – é demasiado

elevado para a capacidade de reabastecimento e manutenção da entidade gestora.

6.4.4. ZCA de Albernoa

Esta ZC é atravessada a meio pelo IP2 pelo que não é muito comum observar indivíduos das

espécies alvo nas imediações da área central da ZC. Na parte Oeste da ZC existem pelo menos

dois pegos na Ribeira de Terges, cujas margens têm vegetação de porte arbóreo bem

desenvolvido e mantêm água durante todo o verão. Tendo estes factos em conta, optou-se

por concentrar a implementação das medidas na parte Este da ZC, uma vez que nesta área os

pontos de abeberamento semi-naturais têm um maior risco de secar totalmente durante o

verão. Para evitar um aumento da perturbação e do esforço necessário para se fazer os

reabastecimentos de sementes e de água, optou-se por implementar o ponto de

espalhamento na mesma parte da ZC. O suvadouro implementado encontra-se nas margens

de uma barragem construída para o gado mas que é regularmente utilizada por Abetardas

durante o verão.

6.4.5. ZCA de Albernoa 2

As opções tomadas para esta ZC foram semelhantes às escolhas para a ZCA de Albernoa uma

vez que os factores a ter em conta foram, na prática, os mesmos. Fez-se um reforço dos

pontos de abeberamento através da instalação de três bebedouros do tipo manilhas. Em redor

dos novos bebedouros foram implementados pontos de espalhamento de sementes.

6.4.6. ZCA do Carregueiro

Uma grande parte dos terrenos afectos a esta ZC é cultivada com cereal de sequeiro e assim a

entidade gestora não considerou a implementação de pontos de alimentação suplementares,

uma vez que considera que o grão que cai no solo após a ceifa é suficiente para alimentação

das espécies silvestres. Desta forma, o Plano de Gestão elaborado não contemplou a

implementação de pontos de espalhamento e focou-se na disponibilização de pontos de

abeberamento. Seleccionaram-se as áreas em que se verificou a ausência de pontos de

22

abeberamento acessíveis à Abetarda e instalaram-se os bebedouros nos locais mais afastados

de fontes de perturbação para as aves e que ao mesmo tempo permitissem à entidade gestora

fazer a manutenção e reabastecimento dos bebedouros sem sobrecarregar o seu esforço.

6.4.7. ZCA dos Bispos e Outras

Nesta ZC, são poucos os pontos de abeberamento permanentes durante todo a estação seca,

com excepção de três pequenas barragens. O número de pontos de abeberamento acessíveis à

Abetarda é insuficiente em relação à proporção recomendada – um por cada 100ha. Dada a

disponibilidade demonstrada pela entidade gestora, o Plano de Gestão incluiu um reforço ao

nível de pontos de alimentação e pontos de abeberamento em número relativamente mais

elevado do que nas restantes ZC. Os locais seleccionados são regularmente utilizados por

Abetarda e ficam próximos de caminhos que são correntemente utilizadas pela equipa que faz

a gestão da ZC, pelo que as aves já se encontram ambientadas a este grau de perturbação.

6.4.8. ZCT da Sobreira e Outras

A estratégia nesta ZC envolveu a implementação de pontos de abeberamento. As opções

tomadas para esta ZC foram semelhantes às escolhas para a ZCA do Carregueiro uma vez que

os factores a ter em conta foram, na prática, os mesmos. A maioria dos terrenos afectos a esta

ZC é cultivada com cereal de sequeiro e a entidade gestora considera que após o corte do

cereal a quantidade de grão remanescente no solo é mais do que suficiente para alimentar as

espécies silvestres. Desta forma, o Plano de Gestão elaborado não contemplou a

implementação de pontos de espalhamento e focou-se na disponibilização de pontos de

abeberamento. Tal como na ZCA do Carregueiro seleccionaram-se as áreas em que se verificou

a ausência de pontos de abeberamento acessíveis à Abetarda e instalaram-se os bebedouros

nos locais mais afastados de fontes de perturbação para as aves e que ao mesmo tempo

permitissem à entidade gestora fazer a manutenção e reabastecimento dos bebedouros sem

sobrecarregar o seu esforço.

6.4.9. ZCT do Monte Rolão

Nesta ZC existem vários pontos de abeberamento permanentes durante todo a estação seca,

nomeadamente pequenas barragens e dois pegos na parte Norte da ZC. A sua distribuição é

relativamente homogénea e muitos deles encontram-se em zonas com pouca perturbação

humana. De forma consensual com a entidade gestora da ZC optou-se por fazer o reforço dos

23

pontos de abeberamento com a instalação de três bebedouros e de três pontos de

espalhamento em redor dos mesmos.

6.4.10. ZCT dos Castelejos e Anexas

Nesta ZC existem vários pontos de abeberamento permanentes durante todo a estação seca,

existindo na proporção recomendada. As três barragens construídas para o abeberamento do

gado bovino mantêm uma qualidade de água aceitável durante a estação seca e normalmente

são utilizadas por espécies de aves estepárias, inclusive a Abetarda. A sua distribuição é

relativamente homogénea tendo em conta que o quadrante Sul/Sudeste da ZC é ocupado por

matos, áreas que as Abetardas e outras espécies estepárias geralmente não frequentam.

Assim considerou-se mais adequada a instalação de pontos de alimentação através de

espalhamento de sementes nas margens dos pontos de abeberamento já existentes e que

oferecem um menor grau de perturbação humana. O Plano de Gestão contemplou ainda a

construção de um marouço cujas quatro ilhas foram dispersas ao longo das zonas de mato

adjacentes à Ribeira de Alvacar de modo a contribuir para a expansão e incremento dos

efectivos de Coelho-bravo nesta área, que é frequentemente utilizada por aves de presa

(Águia-real, Águia de Bonelli e Águia-imperial-ibérica).

6.4.11. ZCA da Cabeça da Serra

Os pontos de abeberamento naturais ou seminaturais (barragens) existentes nesta ZC são

escassos, sendo que no verão se poderá considerar que, para além de quatro bebedouros, não

existem mais pontos de abeberamento acessíveis à Abetarda. Não foi possível chegar a um

consenso com a entidade gestora para a instalação de mais bebedouros, uma vez que segundo

a própria tal implicaria sobrecarga do seu esforço. A mesma entidade tem detectado que

recorrentemente os reservatórios (bidões plásticos) dos bebedouros instalados são

derrubados pelo gado. Assim, o Plano de Gestão comtemplou a substituição dos bebedouros

por outros do tipo manilhas, de modo a evitar que estes sejam derrubados e a água seja

desperdiçada. Optou-se por manter as mesmas localizações dos bebedouros uma vez que as

aves (Abetardas inclusive) já se encontram habituadas a estes locais. O Plano de Gestão

comtempla ainda o espalhamento de sementes nos quatro bebedouros identificados

anteriormente, uma vez que é uma prática já utilizada pela entidade gestora, que apesar de

nunca ter presenciado Abetardas a alimentarem-se das sementes espalhadas, é muito

provável que aconteça.

6.4.12. ZCA dos Braciais

24

Nesta ZC, a área de maior interesse coincide de grosso modo com a área de Condicionamento

Parcial da Actividade Cinegética (CPAC). Assim, no Plano de Gestão, deu-se especial atenção a

esta área onde se contemplou a instalação de quatro bebedouros e de quatro pontos de

alimentação através do espalhamento de sementes em torno dos mesmos. Fora dos limites da

CPAC foi instalado um marouço para Coelho-bravo com quatro ilhas dispersas pelas manchas

de mato existentes de modo a permitir a expansão e incremento da população desta

importante espécie presa nesta área.

7. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

No decorrer da Acção C.1 foi possível ultrapassar a área de intervenção prevista num máximo

de 3000ha de ZC, sendo que se interveio em cerca de 18122ha de ZC em três das quatro ZPE

abrangidas pelo Projecto. O número de Planos de Gestão implementados ao nível das ZPE

apresenta uma distribuição assimétrica que resulta de um esforço desigual para cada uma das

ZPE. O esforço desenvolvido pela equipa técnica e o número de Planos de Gestão reflecte a

dimensão de cada ZPE, a área de habitat aberto e a situação das populações das espécies alvo.

As ZPE de Castro Verde, de Mourão/Moura/Barrancos e do Vale do Guadiana têm uma

dimensão relativamente semelhante (ver Tabela 3). A ZPE de Castro Verde apresenta a maior

área de habitat aberto e as maiores densidades das espécies alvo (Pinto et al 2005; Contagens

conduzidas no âmbitos da Acção E.4) o que justificou um maior esforço desenvolvido junto das

ZC locais. Na ZPE de Mourão/Moura/Barrancos observa-se uma perda e fragmentação de

habitat resultante da alteração das culturas de sequeiro para culturas de regadio e do

aumento da área ocupada por vinha e olival. Nesta ZPE, a população reprodutora de Abetarda

é reduzida (Pinto et al 2005; Contagens conduzidas no âmbitos da Acção E.4) e a sua gestão

implicará outras medidas que não as preconizadas nos Planos de Gestão. A ZPE do Vale do

Guadiana tem uma extensão similar à ZPE de Castro Verde, mas aqui o habitat pseudo-

estepário ocorre em pequenas bolsas isoladas. Nesta ZPE, as densidades das espécies alvo,

apesar de reduzidas, apresentam uma tendência estável na zona de Moreanes (Pinto et al

2005; Contagens conduzidas no âmbitos da Acção E.4). Os contactos com gestores cinegéticos

foram concentrados principalmente nessa área. No caso da ZPE de Piçarras, a sua dimensão é

mais reduzida quando comparada com as outras três ZPE, sendo uma grande parte da sua área

ocupada por habitat pseudo-estepário com algum montado com árvores esparsas. A sua

dimensão reflecte um número comparativamente mais reduzido de Planos de Gestão

implementados. A maior concentração de medidas implementadas na ZPE de Castro Verde

justifica-se, assim, por esta ser a área que apresenta habitat pseudo-estepário em maior

25

extensão e em melhor estado de conservação e onde as populações de aves estepárias

apresentam efectivos mais elevados (Costa et al 2003) inclusivamente as populações de

Abetarda (Pinto et al 2005).

De um modo geral, com a implementação dos Planos de Gestão foi possível aumentar o

número de pontos de disponibilização de recursos suplementares (ver Figura 5 e Figura 6). A

meta estabelecida inicialmente para o número mínimo dos pontos (1 ponto/100ha) revelou-se

difícil de cumprir na maioria das ZC intervencionadas, não tanto no que toca aos pontos de

abeberamento mas principalmente na questão dos pontos de alimentação. Existem alguns

constrangimentos que se verificaram no terreno e que impediram a instalação de mais pontos:

• A área de cada ZC não representa exclusivamente locais habitualmente frequentados

por Abetarda e, portanto, não se considerou a implementação de pontos nesses locais;

• Existem áreas com boas condições em termos de habitat mas cujos acessos para

manutenção e reabastecimento dos pontos é complicado ou impossível;

• A grande maioria dos gestores cinegéticos tem actividades profissionais paralelas à

gestão cinegética e como tal não têm disponibilidade total para esta actividade. O

aumento do número de pontos significaria um investimento de tempo muitas vezes

incomportável.

Considerando estes constrangimentos, optou-se por instalar apenas bebedouros e pontos de

espalhamento nos locais de acesso fácil e num número que não demasiado elevado de modo a

garantir que, com o decorrer do tempo, os gestores cinegéticos não abandonem a

manutenção e reabastecimento destes locais.

Inicialmente considerou-se incluir um reforço de leguminosas na mistura de sementes a

espalhar, dado que estas sementes fazem parte da dieta de Abetarda (Rocha et al. 2005) e são

recorrentes as observações de animais a alimentarem-se de sementes em faixas de

leguminosas. Contudo, aquando da aquisição de sementes, os fornecedores contactados não

dispunham de quantidade suficiente de leguminosas (nomeadamente ervilha, Pisum sativum e

grão-de-bico, Cicer aeritinum) e não foi possível disponibilizar estas sementes. Este facto não é

preocupante uma vez que a “mistura corrente para caça” tem uma percentagem de sementes

de leguminosas que incluem a ervilha Pisum sativum e a faveta Phaseolus lunatus,

colmatando-se esta falha.

Durante os testes efectuados pela equipa do Projecto na Acção A.4, verificou-se que a

permanência das sementes nos locais de espalhamento é baixa, sendo consumida por

26

formigas, pequenos mamíferos e aves. Idealmente, os espalhamentos seriam realizados 4

vezes por mês, de modo a aumentar o tempo de permanência de sementes nos locais de

espalhamento. Esta frequência de espalhamentos representa um orçamento avultado para

compra de sementes e, apesar de serem fáceis de executar, os espalhamentos podem ser

morosos e não compatíveis com o tempo que os gestores dispõem. Assim, a quantidade e

frequência de reabastecimentos foi combinada com cada gestor de modo a não tornar a tarefa

incomportável. A indisponibilidade financeira pode ser um constrangimento à continuidade da

aplicação desta prática nos anos seguintes ao final da vigência dos protocolos.

Através da técnica de armadilhagem fotográfica levada a cabo durante a monitorização de

alguns dos pontos de abeberamento e alimentação implementados (ver relatório da Acção E.4)

foi possível comprovar a utilização destes recursos por espécies de fauna silvestre (p. ex:

Texugo, Raposa, Rolieiro, Chasco-ruivo, etc.) e por espécies cinegéticas (p.ex.: Coelho-bravo,

Lebre-ibérica, Perdiz-vermelha). Através da análise das fotografias recolhidas é possível

constatar que as espécies cinegéticas habituam-se rapidamente a estas novas fontes de

recursos. Já as aves estepárias parecem necessitar de um maior período de habituação a estes

locais, uma vez que só no final do período de monitorização se verificou a utilização de pontos

de alimentação (Figura 8 e Figura 9).

Figura 8 – Bando de Abetardas a alimentarem-se num dos suvadouros da ZCA da Corte Ruiva.

27

Figura 9 – Fêmea e cria de Abetarda a alimentarem-se de sementes espalhadas em torno de um dos bebedouros da Herdade das Figueiras (ZCA da Herdade dos Mouras e Outras).

Durante a monitorização não foi possível confirmar com registos fotográficos a utilização dos

bebedouros por Abetardas. Noutras ocasiões, a equipa do Projecto registou por observação

directa pequenos bandos de Abetarda a alimentarem-se em locais de espalhamento de

sementes, bem como um indivíduo a beber de uma estrutura muito semelhante aos

bebedouros instalados no âmbito desta Acção. É expectável que com o decorrer do tempo as

espécies mais sensíveis, como a Abetarda, criem maior habituação a estes locais e usufruam

dos recursos disponibilizados.

No que diz respeito à ocupação dos marouços por Coelho-bravo é importante salientar que em

alguns locais da ZPE de Castro Verde, os marouços de pedras já existentes no terreno abrigam

aproximadamente uma a duas dezenas de indivíduos (observação pess.) e outros marouços,

semelhantes aos implementados pelo Projecto, têm densidades semelhantes. Durante a Acção

E.4 foram monitorizados dois marouços que a equipa considerou serem os mais prováveis de

serem ocupados em menor período de tempo. Não foi possível obter registos fotográficos da

utilização dos abrigos, mas encontraram-se excrementos frescos de Coelho-bravo em algumas

das entradas dos marouço, o que indicia a sua ocupação. A verificação da ocupação de alguns

dos marouços é um bom indicador, sendo expectável que a longo prazo a volume de ocupação

destas estruturas aumente, à semelhança das situações referidas anteriormente.

Com a finalização desta Acção foi possível implemenar uma rede de disponibilização de

recursos (água e sementes) aos quais as aves estepárias, nomeadamente a Abetarda, podem

recorrer em períodos de maior escassez (verão e início do outono) ou durante eventos

28

climatéricos extremos (por exemplo, as secas). Por um lado, os Planos de Gestão

implementados garantem que os recursos alimentares são disponib ilizados no período mais

crítico do ano e, por outro lado, permitiram demonstrar que as medidas preconizadas

beneficiam tanto a conservação das aves estepárias como a gestão das espécies cinegéticas.

Considerações finais

• É possível compatibilizar a gestão cinegética com a conservação das aves estepárias

através de pequenas adaptações nas técnicas já utilizadas pelos gestores cinegéticos.

• A implementação de pontos de espalhamento de sementes pode ser uma técnica a

utilizar durante episódios de seca extrema de modo a minimizar potenciais efeitos

negativos nas populações de aves estepárias.

• O espalhamento de sementes é uma solução de fácil implementação, mas que poderá

ser economicamente dispendiosa. Mas como os espalhamentos favorecem tanto as

aves estepárias como as espécies cinegéticas, é possível convencer as entidades

gestoras a implementarem esta prática de benefícios mútuos.

• É necessário continuar a monitorização dos bebedouros do tipo manilha para

comprovar com fiabilidade a sua utilização por Abetardas outras aves estepárias (p.ex.:

através de armadilhagem fotográfica).

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Costa, L. T., Nunes, M., Geraldes, P. & Costas, H. (2003) Zonas Importantes para as Aves em

Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa.

Moreira, F., Leitão, P. J., Morgado, R., Alcazar, R., Cardoso, A., Carrapato, C., Delgado, A.,

Geraldes, P., Gordinho, L., Henriques, I., Lecoq, M., Leitão, D., Marques, A. T., Pedroso, R.,

Prego, I., Reino, L., Rocha, P., Tomé, R., & Osborne, P. E. (2007) Spatial distribution patterns,

habitats correlates and population estimates of steppe birds in Castro Verde. Airo, 17, pp. 5-

30.

Pinto, M., Rocha, P. & Moreira, F. (2005) Long term trends in great bustard (Otis tarda)

populations in Portugal suggest concentration in single high quality area. Biological

Conservation, 124, pp. 415-423.

Rocha, P., Marques, A. T. & Moreira, F. (2005) Seasonal variation in great bustard Otis tarda

diet in south Portugal with a focus on the animal component. Ardeola, 52 (2), pp.371-376.

29

9. ANEXO I

30

1. ZCA da Corte Ruiva

A Zona de Caça Associativa da Corte Ruiva esta concessionada à Associação de Caçadores da

Corte (concessão, Portaria nº 1126 / 2006, de 24 de Outubro). Esta ZC situa-se na ZPE de

Castro Verde, na freguesia de São Marcos da Ataboeira, e engloba diversas propriedades que

totalizam uma área de caça com cerca de 397ha. Esta ZC, inclui-se, quase na totalidade, num

dos mais importantes núcleos de reprodução de Abetarda da ZPE de Castro Verde. A ZC está

adjacente à Herdade de Belver e à Herdade da Chada, duas das Reservas de Biodiversidade da

LPN. O habitat e os recursos existentes em praticamente toda a área constituem uma área

adequada para a reprodução de Abetarda e Sisão e como território de caça para o Peneireiro-

das-torres. Nas estações de Outono e Inverno é frequente observar bandos de Abetarda e de

Sisão nos terrenos afectos a esta ZC. Considera-se que esta ZC é particularmente importante

para a Abetarda durante o seu período pós-reprodutor, podendo ser observados bandos da

espécie nesta área, incluindo fêmeas acompanhadas de juvenis.

A gestão de habitat promovida pela Associação de Caçadores da Corte Ruiva a nível de

disponibilidade de água para a espécies cinegéticas, não contempla a implementação de

bebedouros, uma vez que existe uma rede ampla de pequenas barragens na maior parte do

terreno afecto à ZC, que na prática constituem pontos de abeberamento que mantêm água

durante todo o Verão para as diversas espécies que aí ocorrem, incluindo espécies estepárias

como a Abetarda e o Cortiçol-de-barriga-negra. A nível de reforço alimentar para as espécies

cinegéticas, a gestão levada a cabo nesta ZC baseia-se principalmente no reforço alimentar a

partir do mês de Julho, para assegurar uma maior sobrevivência dos juvenis de Perdiz-

vermelha e Rola-brava até ao início da época venatória. Nos últimos anos este reforço é

realizado através de espalhamento de sementes em suvadouros (“rodados”) que a Associação

de Caçadores da Corte Ruiva tem implementado na sua ZC. Sabe-se que alguns indivíduos de

Abetarda recorrerem a estes locais para se alimentarem, sendo frequentemente possível fazer

a observação de bandos desta espécie a alimentarem-se neste estes suvadouros durante o

Verão e início do Outono.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em suvadouros;

• Construção de duas unidades composta por quatro marouços cada uma para

recuperação das populações de Coelho-bravo, e redução da pressão de predação

sobre a Perdiz-vermelha, a Abetarda e o Sisão;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC.

31

Tabela 9. - Cronograma das medidas a implementar pela Associação de Caçadores da Corte Ruiva. a) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em suvadouros; b) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a Associação deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

2011 a

2014

a) 1 31

b) 1 31

2015 a

2016

a) 1w 31w

b) 31

Figura 10 - Mapa da ZCA da Corte Ruiva com localização das medidas implementadas.

2. ZCA da Herdade dos Mouras e Outras

O Clube de Caçadores de Entradas é concessionário da Zona de Caça Associativa de Herdade

dos Mouras e Outras (concessão, Portaria nº 348 / 2005, de 1 de Abril). Esta Zona de Caça

Associativa (ZCA) situa-se na Zona de Protecção Especial (ZPE) de Castro Verde, nas freguesias

de Castro Verde e de Entradas, município de Castro Verde. Esta ZC tem uma área total de 2161

hectares, englobando diversas propriedades, entre as quais a Herdade do Monte das Figueiras

e é contígua também à Herdade do Monte do Paraíso duas das Reservas Biológicas da LPN. A

Zona de Caça (ZC) engloba áreas de extrema importância para as três espécies-alvo (Abetarda,

32

Sisão e Peneireiro-das-torres) - durante o período reprodutor e para a Abetarda e o Sisão

durante o período pós-reprodutor, bem como, durante todo o Inverno. Esta ZC inclui uma

parte significativa da área de parada nupcial de Abetarda. É de referir que existem muitos

registos de aves juvenis desta espécie, durante o período pós-reprodutor, e de bandos de

dimensão variável durante o resto do ano. Nesta ZC existem diversas colónias e territórios de

caça de Peneireiros-das-Torres.

O número de jornadas de caça promovidas pelo Clube de Caçadores de Entradas é

relativamente reduzido o que, por consequência, reflecte uma gestão de habitat mínima nesta

ZC. Existem várias barragens e charcas que são regularmente utilizadas pelas espécies

cinegéticas e, também, pela Abetarda e por outras aves estepárias como o Cortiçol-de-barriga-

negra. O nível de água em algumas destas charcas durante o verão diminui consideravelmente

mas geralmente não secam completamente. Ao longo do troço da Ribeira de Terges que

atravessa a ZC existem alguns pegos que mantem água durante toda a época seca. Dado o

fraco aproveitamento desta ZC a entidade gestora não considera a colocação de bebedouros

e/ou comedouros.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Interdição da actividade cinegética na área acordada;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC;

Tabela 10 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores de Entradas. a) Interdição da actividade cinegética na área acordada; b) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC.

Meses

Ano Medidas

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

2011 a

2016

a) 1 31

b) 1 31

33

Figura 11 - Mapa da ZCA da Herdade dos Mouras e Outras com localização das medidas implementadas.

3. ZCA das Entradas

O Clube de Caçadores de Entradas é concessionário da Zona de Caça Associativa de Entradas

(Portaria nº 809 / 2003, de 13 de Agosto; com anexação de prédios rústicos em 2005, Portaria

nº1031 / 2005, de 19 de Setembro). Esta ZCA situa-se na ZPE de Castro Verde, na freguesia de

Entradas, no concelho de Castro Verde, e engloba diversas propriedades que totalizam uma

área de caça com cerca de 4194 hectares, e é contígua à Herdade do Vale Gonçalinho, uma das

Reservas da Biodiversidade da LPN. A ZC engloba áreas de extrema importância para as três

espécies-alvo (Abetarda, Sisão e Peneireiro-das-torres) durante o período reprodutor e para a

Abetarda e Sisão durante o período pós-reprodutor, bem como durante todo o Inverno. Para

além da importância desta ZC durante o período reprodutor, é de referir que existem muitos

registos de Abetardas juvenis, durante o período pós-reprodutor, e de bandos de dimensão

variável durante o resto do ano. Na ZCA de Entradas podem-se encontrar das maiores

densidades de Sisão, durante a época reprodutora, na ZPE de Castro Verde. Nesta ZC existem

diversas colónias e territórios de caça de Peneireiros-das-Torres.

A nível de gestão de habitat, o Clube de Caçadores de Entradas promove a implementação de

bebedouros para as espécies cinegéticas em locais estratégicos da ZC. No âmbito da estratégia

de aumentar a disponibilidade de água, têm sido construídos charcos artificiais em locais de

34

nascente ou onde existem poços. Na área afecta à ZC existem ainda várias barragens e charcas

que são regularmente utilizadas pelas espécies cinegéticas e, também, pela Abetarda, Sisão e

por outras aves estepárias como o Cortiçol-de-barriga-negra. A nível da disponibilidade de

alimento, o Clube de Caçadores tem implementado vários comedouros mas devido à sua

tipologia ou localização não se encontram acessíveis à Abetarda.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

1. Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

2. Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros;

3. Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 11 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores de Entradas. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato o Clube deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2014

a) 1

31

b) 1 31

c) 1 31

2015 a

2016

a) 1

31

b) 1w

w w

31w

c) 1 31

35

Figura 12 - Mapa da ZCA das Entradas com localização das medidas implementadas.

4. ZCA de Albernoa

O Clube de Caçadores do Monte da Vinha é concessionário da Zona de Caça Associativa de

Albernoa (concessão, Portaria nº 144 / 2010, de 27 de Julho). Esta ZCA situa-se na ZPE de

Castro Verde, na freguesia de Albernoa, e engloba diversas propriedades que totalizam uma

área de caça com 694 hectares. A área afecta a esta ZC é regularmente utilizada por Abetarda,

especialmente durante o Inverno. Embora nesta área as características estepárias sejam

menos marcadas, a presença de alguns olivais tradicionais representa um recurso importante

para a Abetarda uma vez que é comum observar pequenos bandos desta espécie a

alimentarem-se de azeitonas caídas no chão. Também, em anos anteriores ao Projecto LIFE

Estepárias, foram registadas fêmeas de Abetarda com juvenis não-voadores durante o período

pós-reprodutor.

A nível de gestão do habitat, o Clube de Caçadores do Monte da Vinha tem instalado na ZCA

bebedouros e comedouros para as espécies cinegéticas. No entanto, a maior parte não está

acessível às aves estepárias como a Abetarda e Sisão. Na estratégia de gestão desta ZC têm

sido construídos marouços para coelhos e foi realizada uma acção de repovoamento com esta

espécie.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

36

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros e

de um suvadouro;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 12 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores do Monte da Vinha. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros e suvadouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato o Clube deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

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R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

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DEZ

2011 a

2013

a) 1 31

b) 1 31

c) 1 31

2014 a

2016

a) 1 31

b) 1w w w 31w

c) 1 31

37

Figura 13 - Mapa da ZCA de Albernoa com localização das medidas implementadas.

5. ZCA de Albernoa 2

O Clube de Caçadores do Monte da Vinha é concessionário da Zona de Caça Associativa de

Albernoa 2 (Portaria nº 671 / 2010, de 11 de Agosto; com anexação de prédios rústicos em

2011, Despacho nº 488, de 22 de Setembro). Esta ZCA situa-se parcialmente na ZPE de Castro

Verde, na freguesia de Albernoa, e engloba diversas propriedades, sendo que a área da ZCA

que se encontra inclusa na ZPE totaliza uma área de caça com 1667 hectares. A área afecta a

esta ZC é regularmente utilizada por Abetarda, especialmente durante o Inverno. Tal como na

ZCA de Albernoa, nesta área as características estepárias são menos marcadas, mas a presença

de alguns olivais tradicionais representa um recurso importante para a Abetarda uma vez que

é comum observar pequenos bandos desta espécie a alimentarem-se de azeitonas caídas no

chão. Também, em anos anteriores ao Projecto LIFE Estepárias, foram registadas fêmeas de

Abetarda com juvenis não-voadores durante o período pós-reprodutor. Esta ZC inclui ainda

uma pequena área de parada nupcial de Abetarda.

A nível de gestão do habitat, o Clube de Caçadores do Monte da Vinha tem instalado na ZCA

bebedouros e comedouros para as espécies cinegéticas. No entanto, a maior parte não está

acessível às aves estepárias como a Abetarda e Sisão. Na estratégia de gestão desta ZC têm

38

sido construídos marouços para coelhos e foi realizada uma acção de repovoamento com esta

espécie.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 13 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores do Monte da Vinha. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros e suvadouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato o Clube deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2013

a) 1 31

b) 1 31

c) 1 31

2014 a

2016

a) 1 31

b) 1w w w 31w

c) 1 31

39

Figura 14- Mapa da ZCA de Albernoa 2 com localização das medidas implementadas.

6. ZCA do Carregueiro

O Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro é concessionário da Zona de Caça

Associativa do Carregueiro (concessão, Portaria nº 94 / 2006, de 30 de Janeiro; com anexação

de prédios rústicos em 2010, Portaria nº 170 / 2010, de 19 de Março). Esta ZCA situa-se na ZPE

de Castro Verde, na freguesia e concelho de Aljustrel, e engloba diversas propriedades que

totalizam uma área com cerca de 1084 hectares. Esta ZC engloba parte de uma importante

área de parada nupcial de Abetarda. No entanto, esta ZC assume especial importância durante

o período pós-reprodutor dado que, nesse período, existem muitos registos de fêmeas de

Abetarda acompanhadas de aves juvenis. Esta área representa também habitat de elevada

qualidade para Sisão.

A gestão cinegética praticada nesta ZC baseia-se no reforço dos pontos de água disponíveis

para as espécies cinegéticas. De entre os pontos de abeberamento identificados nesta ZC,

quatro são manilhas iguais às adoptadas pelo projecto LIFE Estepárias. Ao nível de

disponibilidade de alimento, quase toda a área é ocupada por culturas de cereal de sequeiro

pelo que o Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro opta por não fazer qualquer tipo

de reforço alimentar.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

40

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas. Um dos bebedouros substituiu um

do mesmo modelo instalado pela ZC e que se encontrava danificado (Mealheira Velha

– ver mapa);

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 14 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

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AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2016

a) 1 31

b) 1 31

Figura 15 - Mapa da ZCA do Carregueiro com localização das medidas implementadas.

7. ZCA dos Bispos e Outras

A Associação de Caçadores “Os Nhucas” é concessionária da Zona de Caça Associativa dos

Bispos e Outras desde 2006 (concessão, Portaria nº 93 / 2006, de 30 de Janeiro; com anexação

de prédios rústicos em 2010, Portaria nº 1137 / 2010, de 2 de Novembro). Actualmente, esta

41

ZC engloba uma área de 2.054 hectares dos quais 1675 hectares estão inseridos na ZPE de

Castro Verde na freguesia e concelho de Castro Verde. Uma grande parte desta ZC refere-se à

Herdade dos Bispos, propriedade do Lar Jacinto Faleiro, entidade com a qual foi celebrado um

Contrato de Gestão para levar a cabo intervenções ao nível das vedações existentes nesta

propriedade (no âmbito das Acções A.2 / A.4 do LIFE Estepárias). O Monte dos Bispos (656

hectares) e as propriedades anexas situam-se num dos principais núcleos reprodutores de

Abetarda, sendo regularmente utilizadas pela espécie ao longo de todo o ciclo anual,

destacando-se a presença de machos em exibição nupcial e a nidificação regular de fêmeas.

Destacam-se nesta área boas densidades de Sisão sendo provável a sua nidificação. Nesta ZC

existem várias colónias de Peneireiro-das-torres e toda a área é regularmente utilizada por

muitos indivíduos desta espécie como território de alimentação.

A gestão cinegética levada a cabo na ZC por parte desta Associação baseia-se no

abastecimento regular de bebedouros e de comedouros localizados em locais estratégicos

para as espécies cinegéticas. A grande maioria dos modelos de bebedouros e de comedouros

utilizados não estão disponíveis à Abetarda ou Sisão.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros.

• Construção de um marouço, constituído por quatro ilhas, na área da ZC, para

recuperação das populações de Coelho-bravo e redução da pressão de predação sobre

a Perdiz-vermelha, a Abetarda e o Sisão.

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 15 - Cronograma das medidas a implementar pela Associação de Caçadores “Os Nhucas”. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a Associação deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2013

a) 1 31

b) 1 31

42

c) 1 31

2014 a

2016

a) 1 31

b) 1w w w 31w

c) 1 31

Figura 16 - Mapa da ZCA dos Bispos e Outras com localização das medidas implementadas.

8. ZCT da Sobreira e Outras

Manuel Caetano Mestre é concessionário da Zona de Caça Turística da Sobreira e Outras

(renovação da concessão em 2005, Portaria nº 1064 / 2005, de 18 de Outubro; com

desanexação de prédios rústicos em 2010, Despacho nº 591, de 26 de Outubro de 2010). Esta

ZCT situa-se na ZPE de Castro Verde, na freguesia e concelho de Aljustrel, e na freguesia de

Casével, concelho de Castro Verde. Esta ZC engloba diversas propriedades que totalizam uma

área de caça com cerca de 2089 hectares e integra parte de uma importante área de parada

nupcial de Abetarda. No entanto, esta ZC assume especial importância durante o período pós-

reprodutor, dado que nesse período existem muitos registos de fêmeas de Abetarda

acompanhadas de aves juvenis. Esta área representa também habitat de elevada qualidade

para Sisão.

Nesta ZC, a gestão está a responsabilidade do Clube de Caçadores e Pescadores do

Carregueiro. A gestão baseia-se no reforço dos pontos de água disponíveis para as espécies

43

cinegéticas. De entre os pontos de abeberamento identificados nesta ZC (ver mapa 9), seis são

manilhas iguais às adoptadas pelo projecto LIFE Estepárias. Ao nível de disponibilidade de

alimento, quase toda a área é ocupada por culturas de cereal de sequeiro pelo que o Clube de

Caçadores e Pescadores do Carregueiro opta por não fazer qualquer tipo de reforço alimentar.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 16 - Cronograma das medidas a implementar pelo Clube de Caçadores e Pescadores do Carregueiro. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC;

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2016

a) 1 31

b) 1 31

Figura 17 - Mapa da ZCT da Sobreira com localização das medidas implementadas.

44

9. ZCT do Monte Rolão

A Castro Caça – Sociedade Turística de Caça, Lda. é concessionária da Zona de Caça Turística do

Monte Rolão (renovação Portaria nº 340 / 2008, de 30 de Abril). A ZC situa-se na ZPE de Castro

Verde e engloba vários prédios rústicos sitos nas freguesias de Castro Verde, Entradas e São

Marcos da Ataboeira, no concelho de Castro Verde que totalizam uma área de 1596ha. Toda a

ZC e sua envolvente é regularmente utilizada por Abetarda, tendo sido recenseados indivíduos

durante os períodos reprodutor e pós-reprodutor. Parte desta ZC está incluída numa das mais

importantes áreas de parada nupcial de Abetarda da ZPE de Castro Verde. Relativamente ao

Sisão, nesta ZC podem-se encontrar densidades elevadas desta espécie durante o período

reprodutor. É ainda de realçar a existência de várias colónias e territórios de caça de

Peneireiro-das-torres dentro dos limites da ZC.

No que trata à gestão de habitat, a entidade gestora da ZC tem implementada uma ampla rede

de bebedouros e comedouros do tipo tubo para o reforço alimentar das espécies cinegéticas.

Estes bebedouros e comedouros encontram-se inacessíveis à Abetarda. No entanto, a ZC

dispõe de oito pequenas barragens acessíveis à Abetarda, das quais seis garantem a

disponibilidade água durante a maior parte do período seco.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros.

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 17 - Cronograma das medidas a implementar pela Castro Caça – Sociedade Turística de Caça, Lda. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a entidade gestora deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2011 a

2013

a) 1 31

b) 1 31

c) 1 31

2014 a

2016

a) 1 31

b) 1w w w 31w

c) 1 31

45

Figura 18 - Mapa da ZCT do Monte Rolão com localização das medidas implementadas.

10. ZCT dos Castelejos e Anexas

Em 2006, a Zona de Caça Turística dos Castelejos e Anexas foi concessionada a Cremilde

Garrido de Brito Paes. Esta ZC abrange uma área de 567ha, englobando vários prédios rústicos

sitos na freguesia de São Marcos da Ataboeira, município de Castro Verde e na freguesia de

Alcaria Ruiva, município de Mértola. A ZC encontra-se totalmente inserida na ZPE de Castro

Verde. No período pós-reprodutor, a área afecta a esta ZC é regularmente utilizada por fêmeas

e juvenis de abetarda, e geralmente nesta área é possível observar a espécie durante todo o

ano.

A gestão cinegética levada a cabo nesta ZCT contemplou a instalação de comedouros com vista

a disponibilizar alimento às espécies cinegéticas, nomeadamente Perdiz-vermelha e Coelho-

bravo. A nível de disponibilização de água, existem três barragens construídas para

fornecimento de água ao gado e que são também utilizadas por espécies cinegéticas e outras

espécies silvestres, como a Abetarda. Ao longo do troço da Ribeira de Alvacar que atravessa a

ZC, existem pelo menos três pegos que normalmente mantêm água durante todo o Verão e

são também utilizadas pelas espécies já mencionadas.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

46

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros e

outros pontos de água;

• Construção de um marouço, constituído por quatro ilhas, na área da ZC, para

recuperação das populações de Coelho-bravo e redução da pressão de predação sobre

a Perdiz-vermelha, a Abetarda e o Sisão.

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 18- Cronograma das medidas a implementar pela entidade gestora. a) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros e outro pontos de água; b) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a entidade gestora deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2012 b) 1 31

2013 a) 1 31

b) 1 31

2014 a

2017

a) 1w w w 31w

b) 1 31

.

Figura 19 - Mapa da ZCT dos Castelejos e Anexas com localização das medidas implementadas.

47

11. ZCA da Cabeça da Serra

A Associação de Caçadores da Cabeça da Serra é concessionária da Zona de Caça Associativa

da Cabeça da Serra desde 2003 (concessão, Portaria nº 1083 / 2003, de 29 de Setembro).

Actualmente, esta ZC engloba uma área de 836 hectares dos quais 531 hectares estão

inseridos na ZPE de Piçarras e que abrangem vários prédios rústicos na freguesia e concelho de

Ourique. Esta ZC abrange uma importante área para a Abetarda uma vez que compreende um

importante núcleo de reprodução desta espécie e existem vários registos de fêmeas

acompanhadas de crias durante a época pós-reprodutora. O habitat e recursos existentes na

ZC tornam-na adequada para a reprodução de Sisão e como área de caça para o Peneireiro-

das-torres. A gestão cinegética levada a cabo na ZC por parte desta Associação baseia-se no

fornecimento suplementar de água e alimento em locais estratégicos para as espécies

cinegéticas. A grande maioria dos modelos de bebedouros não está disponível à Abetarda ou

ao Sisão. Contudo, o alimento é disponibilizado sobre a forma de semente espalhadas

directamente no chão, pelo que é provável que outras espécies para além das espécies

cinegéticas usufruam deste alimento, como é o caso da Abetarda.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas:

• Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

• Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros;

• Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 19 - Cronograma das medidas a implementar pela Associação de Caçadores da Cabeça da Serra. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a Associação deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2013

a) 1 31

b) 1 31

c) 1 31

2014 a

2017

a) 1 31

b) 1w w w 31w

c) 1 31

48

Figura 20 - Mapa da ZCA da Cabeça da Serra com localização das medidas implementadas.

12. ZCA dos Braciais

A Associação de Caçadores dos Braciais é concessionária da Zona de Caça Associativa os

Braciais (Portaria nº 677 / 2010, de 12 de Agosto). Esta Z) situa-se na ZPE do Vale do Guadiana,

na Freguesia Santana de Cambas, Município de Mértola, e engloba diversas propriedades que

totalizam uma área de caça com cerca de 1466 hectares. A área mais a nordeste da ZC inclui-se

num dos núcleos mais importantes para Abetarda na ZPE do Vale do Guadiana. O habitat e

recursos existentes nesta área tornam-na adequada para a reprodução de Abetarda e Sisão, e

como área de caça para o Peneireiro-das-torres. No período pós-reprodutor, é frequente

observar algumas Abetardas dispersas em pequenos grupos de indivíduos nos terrenos afectos

a esta ZC. Esta ZC é particularmente importante dado que abrange um dos núcleos de

reprodução mais distanciado dos núcleos de maior dimensão de Castro Verde, e por isso a sua

conservação é relevante.

A nível de disponibilidade de água e de alimento para a espécies cinegéticas, a Associação de

Caçadores dos Braciais tem instalado pequenos parques com bebedouros e comedouros, que

se encontram distribuídos de forma homogénea e estratégica pelo território afecto à ZC. Estes

parques encontram-se vedados e apesar da área vedada permitir a entrada de aves voadores,

49

os juvenis de Abetarda e Sisão não voadores poderão ter dificuldade em aceder ao interior

destes parques e aos recursos disponibilizados.

Nesta ZC implementaram-se as seguintes medidas

1. Instalação e abastecimento de pontos de água acessíveis à Abetarda e Sisão e a

espécies cinegéticas como Coelho-bravo, Lebre-ibérica e Perdiz-vermelha, como forma

de minimizar o impacte das alterações climáticas;

2. Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor dos bebedouros;

3. Construção de um marouço, constituído por quatro ilhas, na área da ZC, para

recuperação das populações de Coelho-bravo e redução da pressão de predação sobre

a Perdiz-vermelha, a Abetarda e o Sisão.

4. Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da zona de

caça.

Tabela 20 - Cronograma das medidas a implementar pela Associação de Caçadores da Cabeça da Serra. a) Abastecimento de bebedouros do tipo “manilha”; b) Reforço alimentar através do espalhamento de sementes em redor de bebedouros; c) Planeamento das jornadas de caça e actividades relacionadas com a gestão da ZC; w) Durante os restantes anos de vigência do contrato a Associação deverá, sempre que disponha de verba, dar continuidade ao espalhamento de sementes no período definido no cronograma mesmo que a quantidade e periodicidade sejam inferiores ao indicado no Plano de Gestão.

Meses

Ano Medidas

JAN

FEV

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SET

OU

T

NO

V

DEZ

2012 c) 1 31

2013 a

2014

a) 1

31

b) 1

31

c) 1 31

2015 a

2017

a) 1

31

b) 1w

w w

31w

c) 1 31

50

Figura 21 - Mapa da ZCA dos Braciais com localização das medidas implementadas.