sinergias entre o ativismo transmídia e as mídias locativas e móveis
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Sinergias entre o ativismo transmídia e as mídias locativas
João Massarolo - PPGIS/UFSCar.............
Mobilidade e localidade
Paisagem tecnológica (Seller & Urry, 2006)
Espaços híbridos (Souza e Silva, 2006) Espaços aumentados (Manovich, 2006) Espaços intersticiais (Santaella, 2007) Territórios informacionais (Lemos, 2008)
Ativismo transmidia
Mobilização transmídia envolve e conecta as bases de um movimento social na produção colaborativa de espaço através das multiplataformas de mídia.
Mídias Locativas
Mídias locativas agregam conteúdo a uma localidade/objetos, servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento, GPS, localização, anotação ou jogos.
Além dessas funções de controle, o espaço produzido pelas mídias locativas pode ser configurados como um lugar de resistência.
Produção de espaços
Computação ubíqua e pervasiva – Mark Weiser (1991)
Integração das funcionalidades da redes digitais nos objetivos do dia-a-dia e em ambientes físicos de forma orgânica/invisível.
Da mesma forma a escrita e a eletricidade evoluíram de tal forma a se tornarem essenciais a vida cotidiana, a computação também segue esse caminho.
Produção de espaços
Em “Game design as narrative architecture”, Henry Jenkins analisa o potencial dos videogames como meio comunicativo na perspectiva de quatro diferentes formas de espaços narrativos. (JENKINS, 2008).
(<http://web.mit.edu/cms/People/henry3/games&narrative.html)
Produção de espaços
Narrativas evocativas: imersão em espaços que apresentam novas experiências narrativas através da manipulação de histórias, personagens e lugares pertencentes ao imaginário popular.
Narrativas encenadas: a criação narrativa se apresenta através de incidentes localizados combinados com objetivos e conflitos pré-definidos.
Produção de espaços
Narrativas embutidas: espaços para experimentação onde a história pode ser vista menos como uma estrutura temporal e mais como um corpo de informação a ser combinada possibilitando múltiplos caminhos narrativos.
Narrativas emergentes: narrativas que não são pré-estruturadas e que tomam forma durante a gameplay, onde os personagens são providos de desejos e vontades que podem entrar em conflito e produzir encontros dramáticos atraentes.
Narrativas geolocativas
Narrativas geolocativas são espaços de
compartilhamento de histórias produzidas
em contextos que permitem ao usuário
explorar o ambiente e resgatar memórias,
além de criar suas próprias histórias e
armazená-las nas mídias móveis.
7scenes
ARGs: espaços imersivos
Os espaços imersivos produzido pelos alternate reality games (ARGs), ou jogos de realidade alternada, se estruturam em camadas, com diferentes níveis de experiência para os jogadores, onde as atividades cotidianas se transformam em domínio da ficção, tecendo sinergias entre o mundo da história e o mundo real.
Estratégias móveis de resistência
Estratégias ativistas que utilizam a conectividade pessoal móvel (Celular, GPS, IPAD, mídias locativas, entre outras) e redes sociais (Facebook, Twitter, MySpace, etc), para desafiar o controle do Estado.
Estratégia de circulação
“Em uma estratégia de mobilização transmídia, os textos de mídia produzidos através de práticas participativas podem ter uma circulação mais ampla e produzir narrativas de circulação multimodal que alcancem e envolvam públicos diversos.” (Berkman)
Movimento dos direitos dos imigrantes latinos em Los Angeles
Os jovens imigrantes latinos foram mobilizados nas redes sociais e os idosos pela mídia tradicional: uma rádio em língua espanhola e “um filme documentário sobre protestos latinos em Los Angeles, dos anos 1960, que foi ao ar pouco antes das manifestações.” (Costanza-Chock)
O Efeito Facebook - Colômbia
Para David Kirkpatrick, autor do livro, casos como “os da Colômbia ou do Irã, significa que as pessoas comuns estão originando a transmissão em broadcast.” (p. 16)
O movimento Anti-FARC (final de 2007) se espalhou de forma viral pela sociedade; difundiu informações na grande mídia e permitiu ao governo obter êxitos inesperados.
Plataformas sociais: caso queniano
“Kenyan Pundit” – blog criado em 2007 pela ativista Mwai Kibaki para relatar a violência étnica na eleição queniana.
“Ushahidi.com” – plataforma criada em 2008 que permite a qualquer usuário montatr sua base de dados através de mensagens de texto recebidas de telefones celulares. (Shirky, p. 19-20)
O Efeito Facebook - Egito
“Somos todos Khaled” - (junho de 2010). Página criada a partir da morte do ativista egípcio Khaled Said num cibercafé, em Alexandria.
Khaled Said teria postado na internet um vídeo com policiais dividindo um montante em drogas apreendidas depois de uma operação.
Campanha Google maps – ‘Hell’
Spoof – paródia de Avatar
Um grupo de ativistas palestinos se fantasiou de Na´vi (seres azuis de Avatar) para fazer uma analogia com a sua situação e protestar contra Israel:
http://www.youtube.com/watch?v=KStnbXWfnuk&feature=player_embedded
Características das redes móveis
No artigo publicado na Revista GEMInIS (http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis) sobre mobilidade e ativismo, Tarciso T. Silva retoma as três características centrais das redes móveis, segundo Castells (2009):
flexibilidade escalabilidade sobrevivência
Estrutura das redes móveis
Imediaticidade – “Nas manifestações no Egito, foi aberto um centro de mídia no acampamento na praça Tahrir no Cairo a fim de recolher materiais produzidos pelos manifestantes. Nesta galeria aberta no Flick (Egypt Revolution 20115), cujas fotos foram recebidas pelo centro, percebe-se o teor presencial das fotos, com vários elementos indicando um tipo de assinatura, uma marca na participação dos eventos.” (Silva)
Descentralidade
No Egito e na Líbia, a internet chegou a ser desligada e as operadoras de telefonia celular foram bloqueadas pelos regimes totalitários numa tentativa de conter a organização política dos manifestantes.
Imersão / agenciamento
Imersão – Aplicativos para celulares que geram efeitos de imersão (ponto de vista do usuário), servem como porta de entrada para a mobilização e o envolvimento de grupos em defesa de uma causa.
Agenciamento – sensação experimentada por uma pessoa de que a participação num ação é resultado de sua decisão ou escolha.
Mobilização transmídia
Para Costanza-Chock, a mobilização transmídia deve ser pensada na relação entre os movimentos sociais e a estrutura de oportunidades das mídias, levando em consideração as ferramentas e as práticas utilizadas pelos atores sociais para difundirem suas idéias.
A cultura da participação
Shirky (2010), descreve as três formas de uso do ‘excedente cognitivo’:
Meios: a ‘mídia’ é o tecido conjuntivo da sociedade
Motivos: motivações sociais e pessoais
Oportunidades: produção social colaborativa
Tropa de Elite – fãs como produtores
“Tropa de Elite 3 – O Inimigo Agora é no Complexo do Alemão”. Vídeo mescla imagens dos filmes e da cobertura televisiva: (http://www.youtube.com/watch?v=7rQiLsVMyrI)
“Tropa de Elite 3 – Operações em Niterói” (2007) – documentário feito por policiais.
Zonas de contato
Para o escritor Hakim Bey (Peter Lamborn Wilson), o ‘cosmopolismo pop’, caracterizado por Deleuze e Guattari como ‘monadologia’ ou ‘máquina de guerra’, é uma estratégia de resistência que transforma a pressão exercida para que os indivíduos se tonem cidadãos do mundo, globalizados, além de portadores de sua cidadania local, em zonas autônomas temporárias (TAZ).
Zonas de ativismo transmídia
“Abra um mapa do território; sobre ele, coloque um mapa das mudanças políticas; sobre ele, ponha um mapa da internet, especialmente da contra-net, com sua ênfase no fluxo clandestino de informações e logística; e, por último, sobre tudo isso, o mapa 1:1 da imaginação criativa, estética, de valores.” A malha resultante... são as zonas de ativismo transmídia.
Considerações finais
“A maioria dos atuais protestos têm sido de pequena escala e vindos da esquerda, mas se o movimento Tea Party decidir que todos devem se vestir como um Jedi e retratar Obama como Darth Vader? Como George Lucas responderia ou reagiria?” ( Bennett)
Referências
Bennett, J. Transmedia Activism: Politics, Avatar and Harry Potter. Disponível em: (http://www.jawbone.tv/articles/item/494-transmedia-activism-politics-avatar-and-harry-potter.html) Acesso: 19/05/2011.
BEY, H. Zona autônoma temporária. (pdf) Disponível em: (www.sabotagem.cjb.net) Acesso: 19/05/2011.
COSTANZA, S. C. Transmedia Mobilization. Disponível em (http://cyber.law.harvard.edu/events/luncheon/2011/03/costanzachock>) Acesso: 19/05/2011.
SHIRKY, C. A Cultura da participação. Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2010.
Referências
SILVA, T.T. Mobilidade e ativismo: novas estratégias na luta contra o Estado hegemônico. Revista GEMInIS, Ano 2 -n.1. Disponível em: (revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis). Acesso em: 19/05/2011)
KIRKPATTRICK, D. O Efeito Facebook. Rio de Janeiro, Editora Intrínseca Ltda, 2010.
ORAM, A. Media old and new are mobilized for effective causes. Disponível em:(<//radar.oreilly.com/2011/03/media-old-and-new-are-mobilize.html>) Acesso: 19/05/2011.