relatório cpmi do cachoeira parte 1

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CONGRESSO NACIONAL COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO destinada a investigar, no prazo de cento e oitenta dias, práticas criminosas do senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente como Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e privados, desvendadas pelas operações "Vegas" e "Monte Carlo", da Polícia Federal, nos termos que especifica”. RELATÓRIO FINAL Presidente: Senador Vital do Rego (PMDB/PB) Relator: Deputado Odair Cunha (PT/MG) Brasília Novembro de 2012

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Primeira parte do relatório do relatos da CPMI do Cachoeira Odair Cunha

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  • 1. CONGRESSO NACIONAL COMISSO PARLAMENTAR MISTA DE INQURITOdestinada a investigar, no prazo de cento e oitenta dias, prticas criminosas do senhor CarlosAugusto Ramos, conhecido vulgarmente como Carlinhos Cachoeira, e agentes pblicos eprivados, desvendadas pelas operaes "Vegas" e "Monte Carlo", da Polcia Federal, nos termosque especifica.RELATRIO FINAL Presidente: Senador Vital do Rego (PMDB/PB)Relator: Deputado Odair Cunha (PT/MG) Braslia Novembro de 2012

2. Agradecimentos Equipe de Trabalho da Assessoria do Relator da CPMI Ao trmino dessa rdua jornada percorrida nos ltimos sete meses, hora de destacarmos o esforo e a dedicao da equipe de assessores disposio da Relatoria, sem a qual o produto final ora apresentado no seriapossvel.Agradecemos de forma especial a todos os servidores que atuaramjunto a essa relatoria e aos seus respectivos rgos de origem pela cesso. Fizeram um trabalho rduo e incansvel diante dos desafios que lhesforam propostos e dignificaram a funo pblica e o compromisso democrtico queos movem profissionalmente. Fao uma deferncia especial e congratulo a equipe que coordenouos trabalhos junto minha assessoria. Agradeo em especial minha Chefe deGabinete, Rebeca de Souza Leo Albuquerque, por ter se doado nesta missode maneira singular com tamanho zelo a frente da Coordenao Geral. Agradeoao Dr. Alberto Moreira Rodrigues, Assessor Jurdico da Liderana do PT naCmara, pelo seu primor na elaborao deste Relatrio, pela incansvel dedicaoe pela competncia. Agradeo ao Dr. Alexandre da Silveira Isbarrola, Delegadoda Polcia Federal, por compartilhar conosco a sua valorosa experincia. Agradeoao Senhor Frederico Lopes de Almeida, Servidor do Tribunal de Contas daUnio, por ter sido um espelho de profissionalismo a toda nossa equipe tcnica.Agradeo tambm ao Dr. Marcos Rogrio de Souza, Assessor Jurdico daLiderana do PT no Senado, pela dedicao e pertinentes intervenes nasanlises jurdicas e polticas, ao Assessor Marcelo Bormann Zero, da Lideranado PT no Senado Federal, pelo esmero nas suas anlises e elaborao doRelatrio e ao Dr. Nilson Karoll Mendes de Arajo, Assessor Jurdico do meugabinete pela competncia e dedicao em todos os momentos. Agradeo a MarioJorge Taveira de Almeida, Policial do Senado, pelo seu profissionalismo e de suaequipe no hercleo trabalho dos cruzamentos de dados desta Comisso.Agradeo ainda a toda a minha valorosa equipe tcnica quecontriburam decisivamente para a elaborao deste relatrio:Cmara dos DeputadosAlan Wellington Soares Santos 3. Bianca Gomes BennEdmo Luiz da Cunha PereiraGeter Borges de SousaMrcio Eduardo Gonalves da SilvaMaria Regina ReisNaiara Cunha TeixeiraAdilson Jos Paulo BarbosaAntnia Vanda Trigueiro CaldasMauro SantosSenado FederalAderbal de Oliveira NetoGabriel Carlos dos Reis Costa DiasKariny Maria Santos GuedesThiago Luiz Silva CamposLuiz Fernando Concon LiaresBanco CentralElbem Cesar Nogueira AmaralRonaldo Malagoni de Almeida CavalcanteControladoria Geral da UnioAlexandre Gomide LemosRodrigo Vieira MedeirosReceita Federal do BrasilFbio CembranelJoo Ribeiro Amorim 4. Polcia FederalCairo Costa DuarteChristian Robert WursterTribunal de Contas da UnioLiliane Galvo ColaresMinistrio Pblico do Estado de Minas GeraisAndr Estevo UbaldinoAgradecemos por derradeiro, aos Chefes de Gabinetes daLiderana do PT na Cmara Federal, Sr. Marcos Braga e no Senado Federal,Sylvio Petrus, pela compreenso na liberao dos respectivos servidores paracolaborarem com os trabalhos dessa Comisso. 5. SUMRIOApresentao 11PARTE I A Comisso Parlamentar Mista de Inqurito (CPMI) 171. Sobre a CPMI. 171.1. O papel de uma CPMI 171.2. Da criao da CPMI e suas competncias. 19 1.2.1. Ato de criao e composio da CPMI. 22 1.2.2. Justificativa da criao da CPMI.261.3. A Composio da CPMI. 281.4. Da Instalao e das primeiras reunies. 33 1.4.1. Os primeiros documentos recebidos e a Sala-Cofre.342. Dos trabalhos realizados. 352.1. Metodologia da investigao 35 2.1.1. Do silncio dos convocados e a singularidade das oitivas 38 desta CPMI2.2. Dos Requerimentos aprovados. 422.3. Das Reunies da CPMI.422.4. Das oitivas Resumo de cada depoimento. 632.5. Das Quebras de Sigilos. 2313. Os dados recebidos - quantitativo.2323.1. Volume do material analisado. 232a) Sigilo bancrio, fiscal e telefnico233b) Escutas, inquritos e demais relatrios 2334. Documentos enviados pelo Poder Judicirio 235a) Operao Monte Carlo235b) Operao Vegas. 238c) 2. Remessa Monte Carlo e Vegas 2445. Relatrios descritivos dos documentos apreendidos pela Polcia 248Federala) Busca e apreenso Volume 1.,1.6. terabyte 248b) Relatrios de material apreendido.250 6. PARTE II Da Organizao Criminosa 2721. Conceito de Organizao Criminosa2721.1. O Conceito de organizaes criminosas no ordenamento274jurdico brasileiro1.2. Corrupo: elemento central da organizao criminosa 2792. O Marco Legal dos Jogos No Brasil2852.1. A Explorao das Loterias em Gois 2933. O surgimento do personagem Carlinhos Cachoeira 2983.1. O Controle de Carlos Cachoeira na Loteria do Estado de Gois ea expulso da mfia espanhola 3003.2. Na Mira da CPI dos Bingos3174. De Bicheiro a Empresrio.3344.1. Os cabeas da organizao criminosa voltada para jogos 3344.2. A Famlia Queiroga 3384.3. Organograma da organizao criminosa de explorao dos jogos342ilegais5. As Operao Vegas e Monte Carlo da Polcia Federal e a ampliao375das atividades ilticas para alm do jogo eletrnico5.1. A Operao Vegas 3755.2. A Operao Monte Carlo 3815.3. Descobertas das Operaes Vegas e Monte Carlo: evoluo dasatividades ilcitas para alm da explorao do jogo eletrnico4006. Associao de Carlos Cachoeira com Empresas da Construo403Civil CRT e DELTA6.1. A Associao de Carlos Cachoeira com Cludio Abreu (Diretorda Delta Construes) 4046.2. A Associao de Carlos Cachoeira com Rossine AiresGuimares (Scio da Construtora Rio-Tocantins - CRT)4326.3. A Operao Saint-Michel da Polcia Civil do DF 4616.3.1. Heraldo Puccini Neto, Paulo Vieira de Souza e Luiz Antonio466PagotPARTE III Do Financiamento da Organizao Criminosa 5011. Breves consideraes sobre a Teoria Econmica do Crime501Organizado2. A Organizao Criminosa de Carlinhos Cachoeira e a Construode um "Tringulo de Ferro" em Gois 512 7. 2.1. O Tringulo de Ferro de Gois 5123. O Vrtice das Atividades Ilegais5193.1. Jogos O Capital Inicial 5333.2. Anlise da movimentao financeira internacional dos 590investigados.3.3. Sub-organizao criminosa: Famlia Queiroga 6033.4. Factoring 6214. O Vrtice das Empresas com Atividades Formalmente Legais6574.1. Empresas de Medicamentos6594.2. Empresas de Comunicao 6615. O Vrtice das Empresas Fantasmas e do Mundo Poltico6916. Um Captulo Importante: Empresas com operaes suspeitas nodiretamente vinculadas organizao criminosa11587. Concluses gerais sobre as empresas1590PARTE IV Das Vinculaes da Organizao Criminosa com AgentesPolticos e Pblicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio da1608Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios e com o MinistrioPblico Federal e Estadual.1. Das vinculaes com integrantes do Poder Executivo Estadual do1609Estado de Gois2. Das vinculaes com integrantes do Poder Executivo Municipal no2682Estado de Gois3. Das vinculaes com integrantes do Poder Executivo do Distrito2824Federal4. Das vinculaes com integrantes do Poder Executivo Municipal noEstado de Tocantins 29995. Das vinculaes com integrantes do Poder Legislativo Federal 30136. Das vinculaes com integrantes do Poder Legislativo Municipalno Estado de Gois32837. Das vinculaes com integrantes do Poder Judicirio Federal34078. Das vinculaes com integrantes do Ministrio Pblico do Estado3441de Gois. 8. PARTE V Das Vinculaes da Organizao Criminosa com Agentes3454Privados.1. Dos principais auxiliares do Lder da organizao criminosa3455Carlos Cachoeira:1.1. Wladimir Garcez Henrique.34561.2. Gleyb Ferreira da Cruz.35421.3. Geovani Pereira da Silva.36171.4. Lenine Arajo de Souza.36391.5. Adriano Aprgio de Souza.36941.6. Idalberto Matias de Arajo.37051.7. Andr Teixeira Jorge.37441.8. Leide Ferreira da Cruz 37632. Dos papis desempenhados pela esposa e pela ex-esposa de3769Carlos Cachoeira:2.1. Andressa Alves Mendona de Morais37702.2. Andra Aprgio de Souza. 38043. Das vinculaes entre Carlos Cachoeira e empresrios:. 38443.1. Cludio Dias de Abreu. 38453.2. Rossine Aires Guimares38653.3. Walter Paulo de Oliveira Santiago39473.4. Fernando Antnio Cavendish Soares. 39913.5. Marcelo Henrique Limrio Gonalves 40434. Dos papis desempenhados pelas pessoas de: 41144.1. Antnio Perillo41664.2. Rubmaier Ferreira de Carvalho. 41955. Sntese dos Indiciamentos e Recomendaes de AgentesPolticos, Pblicos e Privados - da PARTE III - Empresas e; do4216ANEXO 2. - Policiais CooptadosPARTE VI A Organizao Criminosa e suas ramificaes nos Meios4269de Comunicao.PARTE VII O Procurador-Geral da Repblica e a Operao Vegas da4618Polcia Federal. 9. PARTE VIII Proposies Legislativas4654I. Das Proposies 46541. Proposio Legislativa sobre Organizaes Criminosas46612. Proposio Legislativa que criminaliza a prtica de jogos deazar e modifica outros tipos penais 46763. Proposio Legislativa que altera Prazos Prescricionais 46854. Da Proposta de Emenda Constituio, que amplia a legitimaode atuao perante o STF e as atribuies do Conselho Nacional 4695do Ministrio Pblico5. Proposio Legislativa contra a utilizao de Pessoa Interposta 4705(Laranja).6. Proposio Legislativa que modifica a Lei de Improbidade 4724Administrativa.7. Proposio Legislativa que cria o Cadastro Nacional de Dados47628. Proposio Legislativa sobre a fiscalizao das empresas de 4770Factoring.II. Das Recomendaes. 4783 1. Recomendao pela aprovao do PL 6578/2009 (PLS 150/2006), que trata de organizaes criminosas e tramita na Cmara dos4783 Deputados 2. Recomendao e Diligncia acerca do Sigilo Bancrio4784 3. Recomendaes sobre o Sigilo Telefnico4791 4. Recomendao para aprovao do Substitutivo ao Projeto de Lei de Reforma Poltica, que tramita em Comisso Especial na Cmara dos4795 Deputados. 5. Recomendao pela aprovao do Projeto de Lei 5.363/2005 que trata da Criminalizao do Enriquecimento Ilcito e tramita na Cmara 4799 dos Deputados. 6. Recomendao pelo aperfeioamento dos mecanismos de pesquisa no Dirio Oficial das administraes pblicas estaduais e municipais4800 10. ANEXOSANEXO 1. Do Patrimnio da Organizao CriminosaANEXO 2. - A Organizao Criminosa no Aparelho de SeguranaPblica do Estado de Gois.ANEXO 3. Requerimentos ApreciadosANEXO 4. Relatrios DescritivosANEXO 5. Representao ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico 11. 11 APRESENTAOConcidados! No nos podemos furtar Histria!Ns, deste Congresso e desta Administrao, seremos lembrados a despeito de ns mesmos. Nenhuma de nossas virtudes, nenhum de nossos defeitos poder poupar a qualquer de ns.O julgamento a que seremos submetidos nos far jazer em honra ou desonra at a ltima das geraes (Abraham Lincoln 1809 1865).Recebemos como Congressistas desta imensa nao uma relevante,rdua e ao mesmo tempo gratificante misso da sociedade brasileira: investigar asprticas criminosas do Senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente comoCarlinhos Cachoeira, e agentes pblicos e privados, desvendadas pelas operaesVegas e Monte Carlo, da Polcia Federal.Conquanto o caminho a trilhar pudesse se divisar primeira vistarelativamente singelo, em funo de todo acervo investigativo que j havia sidoproduzido pela Polcia Federal no bojo das operaes denominadas Vegas e MonteCarlo, tnhamos plena cincia da grandiosidade e da responsabilidade que iramosenfrentar nos meses que se seguiram instalao dessa Comisso Parlamentar Mistade Inqurito.Com efeito, o elogivel e abrangente trabalho inicial da Polcia JudiciriaFederal, embora j apontasse para a abrangncia das atividades da organizaocriminosa chefiada por Carlos Cachoeira tinha objetivos mais delimitados, na medida em 12. 12que se concentrara inicialmente na investigao e represso dos jogos de azar e nasprticas criminosas decorrentes dessas condutas. J substanciados nesse cabedal probatrio preliminar, mergulhamosnesses ltimos sete meses, de forma incansvel e diuturna, numa imensa cachoeira dedados e informaes produzidos a partir das decises democrticas desse colegiado.Como consequncia desse trabalho essa Comisso Parlamentar Mista de Inquritoidentificou em pormenores uma das maiores e mais complexas organizaes criminosasj estruturas no Pas e que h alguns anos vinha assacando de modo mais frontal oerrio e a sociedade goiana e divisava, com a mesma nsia e a total falta de pudoresque detinha estender seus tentculos para todo o Pas, no fosse a intervenodemocrtica da Polcia Federal e do Ministrio Pblico Federal. Cumprimos com denodo nossa misso. O silncio dos investigados emnenhum momento abalou nossa capacidade probatria. Os recessos e paralisaes quelevaram, em determinados momentos, suspenso parcial das assentadas pblicas daComisso, em funo dos compromissos democrticos da Nao e da sociedade, emnenhum instante interferiram no cumprimento da nossa tarefa. Fizemos uma investigaoprofunda,consistente, serenaecompromissada com a Nao brasileira. A organizao criminosa chefiada por CarlosCachoeira foi dilucidada exausto. O modus operandi do grupo criminoso, as relaescom agentes pblicos e polticos, suas fontes de financiamento, relaes empresarias,enfim, todo o organograma e funcionamento dessa complexa estrutura criminosa foiminuciosamente delineada em nosso trabalho. Estribados na Constituio Federal que nos outorga uma competncia deinvestigao,produzimos um trabalho que certamente alimentar as tarefas da PolciaFederal, do Ministrio Pblico Federal e dos Ministrios Pblicos Estaduais, rgos deinvestigao e persecuo permanentes do Estado brasileiro. 13. 13Nada passou ao largo de nossa investigao. Identificamos, sem paixesou perseguies e apenas com base na realidade probatria amealhada nainvestigao, todos os agentes pblicos e privados que aderiram ou colaboraram com aorganizao criminosa. Outrossim, afastamos em nossa investigao as suspeitasventiladas contra tantos outros cidados. Deambulamos sobre as fontes definanciamento da organizao criminosa a partir da empresa Delta, que por sua vezalimentava empresas de fachadas conduzidas e administradas pelos lderes do grupocriminoso.Seguimos e identificamos todos os beneficirios (pessoas fsicas ejurdicas) dos recursos oriundos dessas empresas de fachada, de modo que o caminhodo dinheiro est apontado e dever ser percorrido, como dito, pelos rgos deinvestigao permanente do Estado. Localizamos diversos bens mveis e imveisadquiridos com recursos da organizao criminosa. E em parceria com o MinistrioPblico Federal conseguimos o sequestro e a indisponibilidade de um grande acervopatrimonial da quadrilha.Fora do fato determinado que direcionou nosso trabalho, mas em sintoniade conexo com o objeto da investigao que fazamos, identificamos outras supostasirregularidades tambm alimentadas financeiramente a partir da empresa Delta ediversas empresas fora da regio centro oeste. No nos omitimos diante dessarealidade. Dentro das limitaes constitucionais do nosso trabalho, identificamos todasessas empresas, os valores movimentados e as irregularidades que as caracterizam, demodo que tambm encaminharemos Polcia Federal e ao Ministrio Pblico Federalum trabalho bastante avanado, com um acervo investigativo que permitir acontinuidade e o aprofundamento das investigaes.Identificamos ainda, profissionais ligados aos meios de comunicao quede alguma forma aderiram aos desgnios da organizao criminosa ou colaboraram comCarlos Cachoeira. Respeitando todos os limites e garantias constitucionais, 14. 14especialmente a liberdade de imprensa, dedicamos tambm um captulo especfico denosso relatrio para discorrer sobre as condutas desses profissionais. No haver impunidades. Ningum ser protegido ou imunizado por essaComisso Parlamentar Mista de Inqurito. Dentro da quadra constitucional que nos erapermitido esgotamos os elementos de investigao. Tnhamos um compromisso comesse Colegiado, com o conjunto de nossos pares, mas substancialmente a sociedade eo Estado Democrtico de Direito. Esse compromisso foi cumprido. Trata-se de um texto verde, azul e amarelo, um relatrio com as cores doBrasil e com a responsabilidade constitucional que temos como representantes daNao no Congresso Nacional. A dureza com que divisamos algumas condutas nesserelatrio diretamente proporcional ao tratamento que o cidado ou cidad atingido(a)por este Relatrio dispensaram sociedade e ao errio brasileiro. No somos defensores, acusadores ou juzes de ningum. Todas asaes e condutas delineadas no presente relatrio recebero tratamento democrtico doMinistrio Pblico e do Poder Judicirio e aqueles que tiveram seus nomes aquiventilados, de uma forma ou de outra, sabem que tero assegurado nas instnciascompetentes todas as garantias constitucionais. A Nao brasileira est unida no enfrentamento da criminalidade e oCongresso Nacional exerce um papel fundamental nesse campo. O Brasil signatrio eest compromissado com vrios organismos internacionais (ONU, OEA, OCDE)1 quepossuem o escopo de combater a corrupo, fato que por vezes acontece por meio dadisseminao de tcnicas de combate, estipulao de metas e cooperaes entre ospases. O Relatrio Final desta CPMI est dividido em nove partes. A parte Iretrata o papel da CPMI, os trabalhos realizados com procedimentos investigativos,1 ONU Organizao das Naes Unidas; OEA Organizao dos Estados Americanos e OCDE Organizaopara Cooperao e Desenvolvimento Econmico. 15. 15dados compartilhados dos rgos de controle, documentos partilhados pelo PoderJudicirio e Relatrios descritivos consequentes das operaes da Polcia Federal. A Parte II traz a definio de ORGCRIM, o marco legal da explorao dosjogos no Brasil, discorre sobre as duas operaes da Polcia Federal - Vegas e MonteCarlo; elucida o aparecimento do personagem Carlos Cachoeira e sua associao comas empresas de construo civil. Do Financiamento da Organizao Criminosa o tema da Parte III dopresente Relatrio, a construo do que vem a ser o Tringulo de Ferro no Estado deGois e a Organizao Criminosa de Carlos Cachoeira, apontando e identificando cadaum dos vrtices desse tringulo (vrtice das atividades ilegais, vrtice das empresascom atividades formalmente legais e o vrtice do mundo poltico), bem como apresenta,ainda, os vasos comunicantes do Tringulo de Ferro que resultaram na lavagem dodinheiro. As partes IV e V indicam as vinculaes entre o grupo investigado eintegrantes de diferentes nveis do Estado Federado Brasileiro, Unio, Estados, DistritoFederal e Municpios, bem como nas trs esferas do Poder: Executivo, Legislativo eJudicirio, demonstrando ampla teia de relacionamentos da Organizao Criminosa deCarlos Cachoeira e tambm as implicaes com agentes privados. A Parte VI descreve a participao de policiais e servidores da Secretariade Segurana Pblica do Estado de Gois na organizao criminosa. J a Parte VIIdiscorre sobre as relaes da Organizao Criminosa com funcionrios e at mesmoproprietrios de veculos de comunicao. Por derradeiro, divisamos responsabilidades e fazemos propostas esugestes de aperfeioamento da legislao brasileira, visando dotar o Estado de maise melhores instrumentos de enfrentamento da criminalidade. 16. 16 Agradecemos, na pessoa do Presidente desta Comisso ParlamentarMista de Inqurito, Senador Vital do Rego Filho, as importantes colaboraes de todasas Deputadas e Deputados, de todas as Senadoras e Senadores. Todos,independentemente de suas vises de mundo e da quadra ideolgica em que sedirecionam, demonstram muita serenidade e compreenso em todo o desenrolar dainvestigao e deixaram claro seu compromisso com a sociedade e a Nao. Honramos e dignificamos os mandatos que nos foram outorgados pelasociedade brasileira. Estamos em paz e cientes de que fizemos um grande trabalho emdefesa da democracia, do errio e da cidadania. 17. 17Parte I A Comisso Parlamentar Mista de Inqurito (CPMI)1. Sobre a Comisso Parlamentar Mista De Inqurito - CPMI1.1. O papel de uma CPMI Um dos princpios basilares da Democracia moderna o da Separaode Poderes. Das Revolues Americana (1776) e Francesa (1789) resultaramConstituies estruturadas na concepo da Separao de Poderes que opensador Charles de Montesquieu trouxe em sua clssica obra O Esprito das Leis(1748), na qual tratou de conceitos de formas de governo e de autoridade polticaque se tornaram pontos doutrinrios essenciais para a cincia poltica. Trata-se deum perodo que marcou o rompimento do Estado Absolutista e a transio para oEstado Liberal, dentro da evoluo do conceito ocidental de Estado Moderno. A Constituio Democrtica Brasileira de 1988 estabeleceu, em seu art.2, que os Poderes devem ser independentes e harmnicos entre si. Para isto serpossvel, fundamental que se impea o cometimento de abusos no exerccio dasfunes estatais. Sendo assim, alm de definir as atribuies especficas de cadaPoder, a Constituio tambm determinou que cada um deles exera atividades defiscalizao sobre os demais e de cooperao entre eles. o chamado equilbriopor meio de freios e contrapesos. O Poder Legislativo possui instrumentos de fiscalizao e controle. AComisso Parlamentar de Inqurito (CPI) um dos meios de investigao queexerce sua prerrogativa investigando fatos referentes atuao da AdministraoPblica e de interesse da sociedade (CF, art. 58, 3), ainda que praticados porparticulares. As competncias da CPI nos tempos atuais so o resultado de umavano que se deu com a institucionalizao e fortalecimento da Democracia no 18. 18Brasil. A prerrogativa de investigar e, assim, contrabalanar os demais Poderes caracterstica do sistema poltico e do avano em relao ao trato transparente daCoisa Pblica. Sendo assim, a histria das CPIs est diretamente associada aoprogresso da Democracia, na qual o inqurito parlamentar mostrou ser instnciaespecial, no centro das disputas polticas, capaz de gerir crises e administrarinteresses plurais.Segundo SANTI (2012) 1, desde a promulgao da Constituio Federalde 1988, consoante s novas orientaes democrticas, o instituto das CPIs teveampliados os seus poderes de investigao, que foram equiparados ao dasautoridades judiciais, o que significa, como regra, poder de agir sem a necessidadede prvio consentimento do Judicirio, prerrogativa que no existira no perodoautoritrio e que limitava a ao dessas comisses.O Parlamento brasileiro, dentro de sua competncia do poder defiscalizar e de decidir, aponta fatos de interesse da sociedade que demandaminvestigao, investiga-oscolegiadamente e encaminhaconcluseseindiciamentos aos rgos permanentes de controle, alm de debruar-se sobre arealidade que venha a conhecer e que exige a aplicao ou aperfeioamento denovas leis.A partir das concluses das CPIs podem ser instaurados processosdestinados a punir eventuais infratores, sejam eles autoridades, servidores oucidados; processos esses que podem ser de natureza poltica, administrativa,penal ou civil. As concluses costumam, ainda, servir como subsdios elaboraolegislativa que se verificar necessria, em razo do que for constatado no Inqurito(SANTI, 2012) e no intuito de promover melhorias e aperfeioamentos queimpeam ou dificultem a recorrncia, no futuro, de irregularidades idnticas sinvestigadas.1Comisses Parlamentares de Inqurito e Democracia no Brasil do Tempo Presente (1985-2010). Universidade de Braslia. 2012 19. 19Assim, o papel de uma CPMI deve ser em sua essncia:1) Contribuir para a transparncia da Administrao Pblica aorevelar para a sociedade fatos e circunstncias que provavelmente no seriam, deoutra forma, do conhecimento pblico;2) Examinar criticamente a legislao aplicvel ao caso sobinvestigao;3) Propor abertura de processo contra Senador ou DeputadoFederal, na respectiva Casa do Congresso Nacional, sempre que o nome doparlamentar estiver vinculado a fatos ou atos que possam indicar quebra dedecoro;4) Interceder junto a rgos da Administrao Pblica para sustarirregularidades ou prticas lesivas identificadas pela investigao;5) Apontar ao Ministrio Pblico os delitos que caracterizam prejuzo Administrao Pblica para que esse rgo possa responsabilizar civil epenalmente os implicados; e,6) Propor modificaes e atualizaes na legislao de forma acontribuir para o efetivo aperfeioamento da Democracia no Pas e a plenaconfiana do cidado nas instituies do Estado Democrtico de Direito.1.2. Da criao da CPMI e suas competncias: A Constituio Federal de 1988 trata da Comisso Parlamentar deInqurito (CPI) no seu art. 58 3, que estatui: As Comisses Parlamentares deInqurito, que tero poderes de investigao prprios das autoridades judiciais,alm de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, sero criadaspela Cmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou 20. 20separadamente, mediante requerimento de um tero de seus membros, paraapurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for ocaso, encaminhadas ao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidadecivil ou criminal dos infratores.Segundo jurisprudncia do Supremo Tribunal de Federal, a CPI podeinvestigar tudo o que disser respeito ao fato bem delimitado, ou seja, podeinvestigar os fatos que se ligam, intimamente, com o fato principal, no podendoalargar o seu inqurito para alm do que, direta ou indiretamente, disser respeitoao objetivo para o qual foi criada. No Requerimento de criao da Comisso, necessrio que seja indicado com clareza o fato determinado que ela seprope a investigar, evitando, dessa forma, devassas generalizadas e abusos nainvestigao de fatos vagos, o que geraria afrontas irresponsveis s liberdadesindividuais. importante ressaltar que a criao de Comisso Parlamentar deInqurito independe de deliberao e concordncia da maioria da Casa. uminstrumento de garantia das minorias e, para ser criada, basta preencher osseguintes requisitos: subscrio do requerimento de constituio da CPI por, nomnimo, um tero dos membros da Casa Legislativa; indicao de um fatodeterminado a ser objeto da apurao legislativa; e temporariedade da ComissoParlamentar de Inqurito.Consta no 3 do art. 58 da Constituio Federal que as ComissesParlamentares de Inqurito podem ser institudas em cada Casa do Parlamento ouainda serem mistas. Alm de estabelecer que o inqurito parlamentar sejarealizado por um prazo certo.O art. 21 do Regimento Comum do Congresso Nacional determina queas Comisses Parlamentares Mistas de Inqurito so criadas em Sesso Conjunta,sendo automtica a sua instituio se requerida por 1/3 (um tero) dos membros 21. 21da Cmara dos Deputados e 1/3 (um tero) dos membros do Senado Federal. Opargrafo nico do art. 21 traz ainda que tero o nmero de membros fixado noato da sua criao, devendo ser igual a participao de Deputados e Senadores,obedecido o princpio da proporcionalidade partidria. Por se tratar de Comisso Mista, a CPMI em tela se sujeita aoRegimento Comum do Congresso Nacional e s normas Regimentais do Senadonaquilo que o Regimento Comum for omisso, sendo complementado peloRegimento da Cmara naquilo que o do Senado for omisso. Alm disso, seaplicam s Comisses Parlamentares de Inqurito algumas regras da legislaoprocessual penal. O art. 145 do Regimento Interno do Senado Federal (RISF) estabeleceque a criao de uma Comisso Parlamentar de Inqurito ocorre medianterequerimento de um tero de seus membros, e que o requerimento determinar ofato a ser apurado, o nmero de membros, o prazo de durao da comisso e olimite das despesas a serem realizadas. No obstante, o art. 152 do RISFestabelece que o prazo da CPI poder ser prorrogado, automaticamente (no cabedeliberao do Plenrio), tambm a partir de requerimento de um tero dos seusmembros, comunicado por escrito Mesa e lido em Plenrio. O 3 do art. 35 do Regimento Interno da Cmara dos Deputados porsua vez, estabelece que, para as CPIs instaladas naquela Casa, o prazo defuncionamento de 120 (cento e vinte) dias, sendo prorrogvel at sua metade,mediante deliberao do Plenrio. O Supremo Tribunal Federal decidiu, com basena Lei n 1.579/52, que as prorrogaes podem ir at o final da Legislatura,divididas em perodos de 60 (sessenta) dias cada uma, para atender a exignciaregimental. A prorrogao na Cmara dos Deputados depende de requerimento dopresidente da CPI dirigido ao Presidente da Mesa Diretora, que o submeter aoPlenrio da Casa para deliberao. 22. 22 Alm disso, importante pontuar que as Comisses Parlamentares deInqurito funcionam sob o princpio da colegialidade, devendo suas decises sertomadas em votaes no colegiado, sob pena da deliberao reputar-se nula. As CPIs podem, no exerccio de suas atribuies, determinar asdiligncias que considerem necessrias e requerer a convocao de ministros deEstado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais oumunicipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitarde reparties pblicas e autrquicas informaes e documentos e transportar-se alugares para diligncias. No cabe CPI fazer julgamentos. A Constituio Federal instituiu sCPIs poderes de investigao prprios de autoridades judiciais, mas no lhesestendeu os poderes de julgamento, devendo suas concluses ser encaminhadasao Ministrio Pblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dosinfratores.1.2.1 Ato de criao e composio da CPMI Em 19 de abril de 2012, foi apresentado Mesa do Senado Federal oRequerimento n 1, de 19 de abril de 2012, que, com fundamento no art. 58, 3da Constituio Federal, combinado com o art. 21 do Regimento Comum doCongresso Nacional, requereu a criao de Comisso Parlamentar Mista deInqurito, composta de 17 senadores e 17 deputados, e igual nmero desuplentes, destinada a investigar, no prazo de 180 dias, prticas criminosasdesvendadas pelas operaes Vegas e Monte Carlo, da Polcia Federal, comenvolvimento do Senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente comoCarlinhos Cachoeira, e agentes pblicos e privados, sem prejuzo da investigaode fatos que se ligam ao objeto do principal, dentre estes, a existncia de umesquema de interceptaes e monitoramento de comunicaes telefnicas etelemticas ao arrepio do princpio de reserva de jurisdio. 23. 23 24. 24 25. 25 26. 26 Em 1 de novembro de 2012 foi lido no Plenrio do SenadoFederal o Requerimento de prorrogao dos trabalhos da CPMI, por mais 48dias. 1.2.2 Justificativa da criao da CPMI As atividades criminosas do Senhor Carlos Augusto Ramos, tambmconhecido como Carlinhos Cachoeira, tinham se tornado pblicas com adeflagrao das Operaes Vegas e Monte Carlo quando o Congresso Nacionaldecidiu instalar a CPMI para realizar investigao, fiscalizar as condutas omissivas ou comissivas de agentes pblicos encarregados da imposio deobservncia de leis e aprimorar a legislao existente. As investigaes levadas a cabo pela Polcia Federal com autorizaoda Justia, nas Operaes Vegas, entre os anos de 2008 e 2009, e Monte Carlo,entre os anos de 2010 e 2012, evidenciaram um espectro de ilicitudes queenvolvem o Senhor Carlos Cachoeira, e seu envolvimento com o Poder Pblico,estendendo-se ao Executivo, Legislativo e Judicirio do Estado de Gois, bemcomo membros do Ministrio Pblico. O objeto desta Comisso Parlamentar Mista de Inqurito (CPMI),apelidada CPMI Caso Cachoeira, ou simplesmente CPMI do Cachoeira, investigar as prticas criminosas levadas a cabo pelo Senhor Carlos Cachoeira eaveriguar como a organizao criminosa por ele liderada conseguiu infiltrar-se nasestruturas de Estado e quais os agentes pblicos e privados que com elecolaboravam. Os indcios tambm apontavam para uma rede de espionagem polticae econmica, na qual a organizao criminosa se baseava em comprarinformaes sigilosas muitas vezes por meio de interceptaes telefnicasclandestinas. 27. 27 Os efeitos da atuao da Organizao Criminosa em tela so portanto acorrupo e cooptao de agentes polticos, de foras de segurana pblica e deinteligncia e de demais autoridades; a infiltrao nas instituies estatais comdeturpao das mesmas; abuso de poder; explorao de prestgio; cometimentode crimes como lavagem de dinheiro, entre outros, com o comprometimento deInstituies do Estado Democrtico de Direito, em diferentes esferas. Antes da criao desta CPMI, informaes dos resultados dasOperaes Vegas e Monte Carlo suscitavam na opinio pblica, as seguintessuspeitas sobre o contraventor: a)Trfico de influncia com objetivo de legalizar explorao de jogosde azar; b)Prtica de crimes de corrupo, prevaricao, condescendnciacriminosa, advocacia administrativa, violao de sigilo funcional, violao edivulgao de comunicao telefnica e telemtica, exerccio de atividade cominfrao de deciso administrativa, explorao de prestgio e formao dequadrilha por agentes pblicos, associados ou no a agentes privados, comfinalidade de impedir a cessao de atividades ilcitas no setor de jogos de azar,bem como, em consequncia, a obstruo da persecuo, do processo e dapunio criminal; c)Transferncia de dinheiro ilegalmente obtido por meio daexplorao de jogos de azar para empreendimentos supostamente legais, direta ouindiretamente; d)Fraude em licitaes com objetivo de obter vantagens decorrentesda adjudicao do objeto licitado para empresas supostamente legais, direta ouindiretamente; e)Manuteno,modificao ouprorrogao de contratoadministrativo firmado em decorrncia de procedimento licitatrio irregular, com 28. 28objetivo de proporcionar vantagem a empresas supostamente legais de suapropriedade ou que a ele estivessem associadas, direta ou indiretamente. O nome Carlos Cachoeira j esteve em evidncia em outras CPIs,como na CPMI dos Correios, criada em 2005, e na CPI dos Bingos, instalada em2005 no Senado Federal. Nessas duas oportunidades, os Parlamentares no seaprofundaram nas atividades empresariais de Cachoeira, para alm da jogatina. Foi, portanto, baseado em preocupaes sobre as prticas ilegais detrfico de influncia, fraude em licitaes, lavagem de dinheiro, explorao deprestgio e formao de quadrilha por agentes pblicos que o Parlamento, comsuas Casas unidas, decidiu instaurar uma Comisso Parlamentar Mista deInqurito. Foi, portanto, baseado na preocupao sobre o envolvimento de CarlosCachoeira com o Poder Pblico, envolvimento tal capaz de comprometer ao todo eem partes Instituies Democrticas de Direito que, 396 (trezentos e noventa eseis) Deputados e 72 (setenta e dois Senadores) assinaram o Requerimento decriao da Comisso Parlamentar Mista de Inqurito. Neste relatrio, esto depositados o acervo probatrio, indicirio e asrecomendaes para que as Instituies Permanentes de Investigao e os rgosdo Poder Judicirio, possam dar continuidade ao trabalho de investigaoproduzido por esta Comisso Parlamentar Mista de Inqurito, e promover aresponsabilidade civil e criminal das pessoas fsicas e jurdicas envolvidas com aorganizao criminosa, dando encaminhamentos s recomendaes aquipropostas.1.3. A Composio da CPMI A composio da CPMI mudou ao longo dos meses, tendo a seguinteconfigurao em novembro de 2012: 29. 29Senadores titulares: Vital do Rgo (PMDB-PB), Presidente; JosPimentel (PT-CE), Jorge Viana (PT-AC), Ldice da Mata (PSB-BA), Pedro Taques(PDT-MT), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Ricardo Ferrao (PMDB-ES), SrgioSouza (PMDB-PR), Ciro Nogueira (PP-PI), Paulo Davim (PV-RN), Jayme Campos(DEM-MT), lvaro Dias (PSDB-PR), Cssio Cunha Lima (PSDB-PB), FernandoCollor (PTB-AL), Vicentinho Alves (PR-TO), Marco Antnio Costa (PSD-TO) eRandolfe Rodrigues (Psol-AP).Senadores Suplentes: Walter Pinheiro (PT-BA), Anibal Diniz (PT-AC),Angela Portela (PT-RR), Delcdio Amaral (PT-MS), Wellington Dias (PT-PI),Benedito de Lira (PP-AL), Cyro Miranda (PSDB-GO), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Cidinho Santos (PR-MT), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Sergio Peteco (PSD-AC). Deputados titulares: Odair Cunha (PT-MG), Relator; Paulo Teixeira(PT-SP), Vice-Presidente; Cndido Vacarezza (PT-SP), ris de Araujo (PMDB-GO),Luiz Pitiman (PMDB-DF), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Domingos Svio (PSDB-MG), Gladson Cameli (PP-AC), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Maurcio QuintellaLessa (PR-AL), Glauber Braga (PSB-RJ), Miro Teixeira (PDT-RJ), Rubens Bueno(PPS-PR), Slvio Costa (PTB-PE), Filipe Pereira (PSC-RJ), Delegado Protgenes(PCdoB-SP), Jos Carlos Arajo (PSD-BA), Armando Verglio (PSD-GO).Deputados Suplentes: Dr. Rosinha (PT-PR), Luiz Srgio (PT-RJ),Emiliano Jos (PT-BA), Leonardo Picciani (PMDB-RJ), Joo Magalhes (PMDB-MG), Vaz de Lima (PSDB-SP), Vanderlei Macris (PSDB-SP), Iracema Portella (PP-PI), Mendona Prado (DEM-SE), Ronaldo Fonseca (PR-DF), Paulo Foletto (PSB-ES), Vieira da Cunha (PDT-RS), Sarney Filho (PV-MA), Arnaldo Faria de S (PTB-SP), Hugo Leal (PSC-RJ), J Moraes (PCdoB-MG), Roberto Santiago (PSD-SP) eCsar Halum (PSD-TO). 30. 30 31. 31 32. 32 33. 331.4. Da Instalao da CPMI e suas primeiras reuniesA CPMI foi instalada em 25 de abril de 2012, ocasio em que foieleito por aclamao o Presidente, Senador Vital do Rgo (PMDB-PB), e indicadoo Relator, Deputado Federal Odair Cunha (PT-MG).O Presidente e o Relator subscreveram Requerimento n 1/2012que, com base no art. 148 do Regimento Interno do Senado Federal, aplicadosubsidiariamente aos trabalhos da CPMI, e no art. 151 do Regimento Comum,solicitaram ao Supremo Tribunal Federal, ao Ministrio Pblico e Polcia Federalcpia do inteiro teor das Operaes Vegas e Monte Carlo da Polcia Federal.Ainda na reunio de instalao da CPMI, o Relator se comprometeua apresentar um Plano de Trabalho na reunio administrativa subsequente, o queaconteceu em 2 de maio de 2012. Nessa segunda reunio, o Relator fez a leitura do Plano de Trabalho,tendo o Presidente o colocado em votao, que foi aprovado pela maioria daComisso, com trs votos contrrios. Nesta ocasio, ainda foram apreciados 65requerimentos, dentre eles a quebra de sigilo bancrio, fiscal e telefnico de CarlosAugusto de Almeida Ramos e os convites para prestar depoimento CPMI aosDelegados Federais Dr. Matheus Mela Rodrigues e Dr. Raul Alexandre Marquesde Souza, e aos procuradores Dr. Daniel Resende Salgado e Dr La Batista deOliveira. Tambm foram aprovadas a requisio e cesso de servidores federaispara colaborar com a Comisso, dos rgos a saber: Banco Central, ReceitaFederal, Controladoria-Geral da Unio; Polcia Federal; Advocacia-Geral da Unio(AGU), Ministrio Pblico Estadual. Outros requerimentos aprovados solicitavamcompartilhamento integral, em papel e meio eletrnico, das informaes daOperao Monte Carlo e Vegas.A terceira reunio da CPMI aconteceu em 8 de maio de 2012,iniciada s 14 horas e 51 minutos, tornou-se secreta s 15 horas e 34 minutos,aps votao nominal que deliberou pela oitiva do Delegado de Polcia Federal, 34. 34Raul Alexandre Marques de Souza, responsvel pela Operao Vegas, em reuniosecreta, que s terminou s 22 horas e 35 minutos.A quarta reunio da CPMI, destinada oitiva, em Reunio Secreta,do Delegado Matheus Mella Rodrigues, responsvel pela Operao Monte Carlo,ocorreu em 10 de maio de 2012, tendo sido iniciada s 10 horas e 35 minutos eencerrada s 19 horas e 23 minutos.1.4.1. Os primeiros documentos recebidos e a Sala-Cofre No dia 2 de maio, s 10h, dois oficiais de Justia entregaram CPMI oInqurito do Supremo Tribunal Federal em nove CDs, com 15 mil pginas e 40volumes, contendo a Operao Vegas; no dia 7 do mesmo ms, a CPMI recebeu oinqurito da Operao Monte Carlo com 10 mdias: duas delas, com documentosrelativos s operaes Monte Carlo e Vegas e oito com anexos. No foramentregues materiais em meio impresso. No dia 28 de maio, o STF encaminhou 19 mdias contendo o Inqurito3430. Em junho, a Polcia Federal encaminhou mais 6 mdias contendo cpia dosrelatrios de inteiro teor das apreenses efetuadas pela Operao Monte Carlo. Nodia 24 de agosto, a CPMI recebeu da Polcia Federal mais 280 mdias(documentos, planilhas, fotos, vdeos, extratos, udios, relatrios analticos)reunindo a digitalizao de todo o material apreendido pela Polcia Federal parainvestigao. Os materiais encaminhados para a CPMI so enviados paraSubsecretaria de Apoio s Comisses Especiais e Parlamentares de Inqurito doSenado Federal que os armazena em uma sala cofre. A sala permanece fechada achave, com vigilncia 24 horas, inclusive com cmeras, e entrada autorizadaapenas para parlamentares e assessores cadastrados.O material digitalizado fica 35. 35restrito a acesso mediante senha. A Secretaria Especial de Informtica do SenadoFederal (Prodasen) responsvel pelo processamento dos dados de sigilobancrio e pela segurana desses dados na rede interna do Senado Federal pelasdependncias do Congresso Nacional.2. Dos Trabalhos Realizados2.1. Metodologia da investigaoA primeira etapa dos trabalhos da Comisso Parlamentar Mista deInqurito (CPMI) foi dedicada a oitivas da acusao, com depoimentos dosdelegados da Polcia Federal responsveis pelas Operaes Vegas e Monte Carlo.Na sequncia, foi a vez da defesa, com a abertura de datas para sesses dequestionamentos a Carlos Augusto de Almeida Ramos e demais pessoasidentificadas nas Operaes Vegas e Monte Carlo. As oitivas dos Procuradoresresponsveis, anteriormente prevista para essa fase, acabou ocorrendo na 26reunio, em 21 de agosto de 2012.Uma CPMI ou CPI tem os mesmos poderes de investigao de umaautoridade judicial, podendo, atravs de deciso colegiada: solicitar quebra desigilo bancrio, fiscal e telefnico (incluindo dados); requerer informaes edocumentos sigilosos diretamente s instituies financeiras ou atravs do BancoCentral, desde que aprovadas pelo Plenrio da Cmara dos Deputados, doSenado ou da CPIs (Artigo 4, 1, da Lei Complementar 105/01); ouvirtestemunhas, sob pena de conduo coercitiva; ouvir investigados ou indiciados.Esse exerccio parajudicial feito por meio de ofcios e requerimentos dosParlamentares integrantes de uma CPI ou CPMI.No entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), alguns poderesda CPI no so idnticos aos dos magistrados, j que estes ltimos tm alguns 36. 36atributos assegurados na Constituio e que so exclusivos da magistratura.Alguns exemplos da jurisprudncia do STF:Impende referir, ainda, que a existncia simultnea de investigaes jinstauradas por outros rgos estatais (como o Departamento de PolciaFederal, o Ministrio Pbico Federal, o Tribunal de Contas da Unio, aControladoria-Geral da Unio, o Ministrio da Defesa, a Infraero e a ANAC)no impede que Casas do Congresso Nacional promovam inquritosparlamentares, pois estes tal como tem sido reconhecido pelajurisprudncia do Supremo Tribunal Federal (RTJ 177/229, Rel. Min. Celsode Mello, v.g.) possuem independncia em relao aos procedimentosinvestigatrios em curso perante outras instncias de Poder: Autonomia dainvestigao parlamentar. O inqurito parlamentar, realizado por qualquerCPI, qualifica-se como procedimento jurdico-constitucional revestidode autonomia e dotado de finalidade prpria, circunstncia esta quepermite Comisso legislativa sempre respeitados os limitesinerentes competncia material do Poder Legislativo e observados osfatos determinados que ditaram a sua constituio promover apertinente investigao, ainda que os atos investigatrios possamincidir, eventualmente, sobre aspectos referentes a acontecimentossujeitos a inquritos policiais ou a processos judiciais que guardamconexo com o evento principal objeto da apurao congressual.Doutrina. Precedente: MS 23.639-DF, rel. min. Celso de Mello (Pleno). (RTJ190/191-193, Rel. Min. Celso de Mello, Pleno). (MS 26.2441-MC, rel. mi.Celso de Mello, deciso monocrtico, julgamento em 29-3-2007, DJ de 9-4-2007.). No mesmo sentido: HC 100.341, rel. min. Joaquim Barbosa,julgamento em 4-11-2010, Plenrio, DJE de 2-12-2010; MS 23.652, rel. min.Celso de Mello, julgamento em 22-11-2000, Plenrio, DJ de 16-2-2001, MS23.639, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 16-11-2000, DJ de 16-2-2001.Se, conforme o art. 58, pargrafo 3, da Constituio, as comissesparlamentares de inqurito detm o poder instrutrio das autoridades judiciais e no maior que o dessas , a elas se podero opor os mesmo limitesformais e substanciais oponveis aos juzes (...). (HC 79.244, rel. min.Seplveda Pertence, julgamento em 23-2-2000, Plenrio, DJ de 24-3-2000.) 37. 37 Portanto, uma CPI no pode: determinar indisponibilidade de bens doinvestigado; decretar priso preventiva (apenas em flagrante); determinarinterceptao/escuta telefnica; determinar afastamento de cargo ou funopblica durante a investigao; e decretar busca e apreenso domiciliar dedocumentos. Segundo jurisprudncia do STF, h a possibilidade de o investigado ouacusado permanecer em silncio, evitando autoincriminao. Assim, so seusdireitos: a) silenciar diante de perguntas cuja resposta implique autoincriminao;b) no ser presa em flagrante por exercer essa prerrogativa constitucional; c) noter o silncio interpretado em seu desfavor. Para exercer poderes judiciais, as CPIs devem seguir diretrizes fixadasa juzes no artigo 125 do Cdigo de Processo Civil (CPC). Por intermdio deofcios ou requerimentos, podem determinar as provas necessrias instruo doprocesso, indeferindo as diligncias inteis ou meramente protelatrias (CPC,artigo 130). Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstraras suas alegaes, mas a uma CPI lcito investigar livremente os fatos eordenar de ofcio a realizao de quaisquer provas (CPC, art. 1.107). A partir deofcio ou requerimentos, pode uma CPI em qualquer fase do processoinvestigatrio, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de obter esclarecimentosobre fato que interesse ao objeto da investigao (CPC, art. 440). Igualmente importante o poder de cautela, perante o qual a Comissopode determinar as medidas provisrias que julgar adequadas, quando houverreceio fundamentado de prejuzo dos trabalhos de investigao por atos lesivosde difcil reparao (CPC, art. 798). So alguns dos poderes de uma CPI com osquais o pargrafo 3 do artigo 58 da Constituio de 1988 tornou enrgicas asinvestigaes parlamentares. 38. 38 A efetividade do trabalho da CPMI obra de todos os Parlamentarespor meio da apresentao de requerimentos, objetos de reunies administrativas.A investigao desta CPMI teve por base os autos da Polcia Federal e doMinistrio Pbico nas Operaes Vegas e Monte Carlo. A Comisso tambmrequisitou quebras de sigilo bancrio, fiscal e telefnico dos envolvidos conformeas informaes foram surgindo no decorrer dos trabalhos. Do cruzamento dedados, foram encontrados indcios de movimentao financeira ilcita e suspeita deinfiltrao da Organizao Criminosa no Estado de Gois. Alm disso, osrequerimentos aprovados pelo colegiado tambm solicitaram o encaminhado CPMI de documentos e informaes por parte de rgos pblicos e empresasprivadas, alm de pessoas fsicas, que muito contriburam para o avano destainvestigao.2.1.1. Do silncio dos convocados e a singularidade das oitivas desta CPMI:As convocaes e os depoimentos prestados s ComissesParlamentares de Inqurito em geral so importantes para a investigao doseventos sob o foco do inqurito. Os depoimentos revelam fatos, enriquecem aanlise sobre os eventos investigados e confirmam ou refutam vnculos pessoais,econmicos, profissionais que so importantes para a investigao.Qualquer pessoa pode ser intimada na qualidade de testemunha,com o compromisso de dizer a verdade do que souber ou lhe for perguntado,sendo advertida das penas de falso testemunho, segundo o art. 210 do Cdigo deProcesso Penal (CPP).Na qualificao, a testemunha deve declarar nome, idade, Estado eresidncia, profisso, lugar onde exerce atividade, se parente de alguma daspartes ou quais suas relaes com qualquer uma delas (art. 203). 39. 39Recusando-se a depor, salvo das hipteses permitidas em lei, aCPMI poder efetuar priso em flagrante por crime de desobedincia, previsto noart. 330 do Cdigo Penal.Quem pode se recusar a depor, segundo art. 206 do CPP, so: oascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cnjuge ainda quedesquitado , o irmo e o pai, a me, ou o filho adotivo do acusado, salvo quandono for possvel por outro modo obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suascircunstncias; o advogado, em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ousobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quandoautorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigiloprofissional.Outras so proibidas de depor em razo de funo, Ministrio, ofcioou profisso, devendo guardar segredo salvo se, desobrigadas pela parteinteressada, quiserem dar o seu testemunho (art. 207). Senadores e DeputadosFederais no so obrigados a testemunhar sobre informaes recebidas noexerccio da funo, nos termos do art. 53, pargrafo 5 da Constituio Federal.Isto no veda a possibilidade de comparecimento perante a CPI na qualidade detestemunhas, com a prerrogativa de se eximirem de falar acerca desses fatos.A Comisso pode requisitar autoridade policial a apresentao datestemunha que, regularmente intimada, deixar de comparecer sem motivojustificado (art. 218). O no-atendimento da convocao pela testemunha constituicrime de desobedincia ordem legal de funcionrio pblico, previsto no art. 330do CPP, com penas de deteno de 15 dias a seis meses e multa. Neste caso, faz-se a necessria interferncia judicial, por se tratar de medida de cartercondenatrio, o que foge alada da CPI, limitada esfera investigativa. 40. 40 Portanto, a testemunha no pode recusar-se a depor perante a CPI,tendo a Comisso poder de intimao. Nesse sentido, a jurisprudncia previstapelo Supremo Tribunal Federal, a seguir: Ningum pode escusar-se de comparecer a Comisso Parlamentar de Inqurito para depor. Ningum pode recusar-se a depor. Contudo, a testemunha pode escusar-se a prestar depoimento se este colidir com o dever de guardar sigilo. O sigilo profissional tem alcance geral e se aplica a qualquer juzo, cvel, criminal, administrativo ou parlamentar. No basta invocar sigilo profissional para que a pessoa fique isenta de prestar depoimento. preciso haver um mnimo de credibilidade na alegao e s a posteriori pode ser apreciado caso a caso. A testemunha no pode prever todas as perguntas que lhe sero feitas. O Judicirio deve ser prudente nessa matria, para evitar que a pessoa venha a obter HC para calar a verdade, o que modalidade de falso testemunho. (HC n 71.039 RJ, Relator Ministro Paulo Brossard). Quanto s oitivas, esta Comisso Parlamentar Mista de Inquritovivenciou uma peculiaridade ao se deparar com uma Organizao Criminosa(ORGCRIM) que possui evidente pacto de silncio, que reproduziu ocomportamento mostrado nas instncias judiciais, pois tanto os investigadosquanto as testemunhas recorreram ao direito constitucional de permanecer emsilncio, sob a escusa do direito a no auto-incriminao (21 pessoas quepossuem algum tipo de relao com Carlos Cachoeira vieram CPMI e ficaram emsilncio). 41. 41Alm disto, a CPMI aprovou em votao nominal o Rito adotado paraas oitivas. Na 19 reunio no dia 3 de julho de 2012, o Presidente da CPMIconvocou os lderes de cada partido integrante da Comisso para uma reunioextraordinria em seu gabinete, realizada aps a reunio do dia, para discutir comoseria encaminhado o Rito das oitivas (se o depoente, ao invocar o silncio seriadispensado no incio do depoimento, ou se a recusa seria manifesta a cadapergunta feita pelos membros da Comisso). A dispensa foi adotada pela CPMI apartir da 7 reunio, quando Carlos Augusto de Almeida Ramos, o CarlosCachoeira, optou por permanecer em silncio e foi dispensado imediatamente.Esse rito foi adotado por economia processual, aps debates,dilogos e entendimentos com diversos Parlamentares, para que as pessoas noficassem repetindo perante a CPMI o direito de permanecer em silncio.A proposta em discusso era mudar esse rito dispensarimediatamente os convocados que optassem por permanecer em silncio e noproduzir provas contra si. Em votao na reunio seguinte, dia 5 de julho, houvediscusses sobre a invocao desse direito ao silncio dos depoentes munidos deHabeas Corpus, sem nem ao menos ouvir as perguntas dos parlamentares; outrosargumentaram que no se poderia mudar naquele momento um rito que vinhasendo adotado desde as oitivas anteriores.Depois dos encaminhamentos, a votao concluiu pela manutenodo Rito como estava, 20 votos contra 8, que gostariam de voltar ao rito regimentalanterior oitiva de Carlos Cachoeira.Compreenderam os senhores Parlamentares a caractersticadiferenciada desta CPMI, na qual a anlise dos documentos, dos sigilos ecruzamentos de dados se fizeram mais importantes do que muitas das oitivas. 42. 42 o caso de se afirmar que o silncio das pessoas convocadas,muitas vezes, falou mais do que o prprio depoimento. Muitas pessoas vieram nacondio de testemunha e mesmo assim deixaram de colaborar com os trabalhosda CPMI, evitando prestar esclarecimentos que pudessem ser importantes para ainvestigao. Ficou ntido o pacto de silncio das pessoas que de alguma formacolaboraram com a complexa organizao criminosa de Carlos Cachoeira.2.2. Dos Requerimentos Aprovados A CPMI aprovou 275 requerimentos ao total. Convocou 109 (cento enove) pessoas para prestarem esclarecimentos e convidou outras 4 (quatro).Foram oficiados (agendados) 40 depoimentos, dentre os quais 24 pessoasoptaram por no responder s perguntas dos parlamentares evocando o direito depermanecerem em silncio. Dos 275 requerimentos aprovados, 144 foram de providncias ourequisio de documentos e informaes a rgos pblicos e instituies privadas. Sobre os requerimentos de quebra de sigilo, a CPMI aprovou ao total aquebra de 92 sigilos bancrios, 91 sigilos fiscais e 88 sigilos telefnicos. Dos 92sigilos bancrios, 60 foram de pessoas jurdicas e 32 de pessoas fsicas. Dossigilos ficais afastados, 60 foram de pessoas jurdicas e 31 de pessoas fsicas. Eem relao aos sigilos telefnicos, foram 58 quebras de pessoas jurdicas e 30 depessoas fsicas. A lista com requerimentos apreciados e aprovados e as providnciassolicitadas pela CPMI encontram-se no captulo Anexos deste Relatrio.2.3. Das Reunies da CPMI 43. 43 1 Reunio 25/04/2012 Instalao da CPMI com eleio doPresidente, senador Vital do Rgo (PMDB-PB), e indicao do Relator, deputadoOdair Cunha (PT-MG). Foram aprovados requerimentos de compartilhamento deinformaes das Operaes Vegas e Monte Carlo, por parte do Supremo TribunalFederal, Procuradoria-Geral da Repblica e Polcia Federal. 2 Reunio 03/05/2012 Reunio administrativa, quando foi aprovado oplano de trabalho apresentado pelo Relator e tambm 65 requerimentos. Foipedida a quebra de sigilo bancrio, fiscal e telefnico do senhor Carlos Augusto deAlmeida Ramos bem como sua convocao para prestar depoimento CPMI.Tambm foram aprovadas as convocaes do Senador Demstenes Torres e dosinvestigados Cludio Dias de Abreu, Lenine Arajo de Souza, Gleyb Ferreira daCruz, Wladmir Garcez Henrique, Idalberto Matias de Arajo (o Dad), JairoMartins de Souza, Geovani Pereira da Silva e Jos Olimpio de Queiroga Neto.Alm deles, tambm foram convidados a depor os Delegados Matheus MellaRodrigues e Raul Alexandre Marques de Souza, e os Procuradores Dr. DanielRezende Saugado e Dra. La Batista de Oliveira. Foram solicitadas cpias empapel e meio magntico do inteiro teor das Operaes Vegas e Monte Carlo junto Polcia Federal, ao Supremo Tribunal Federal e Procuradoria-Geral daRepblica. 3 Reunio 08/05/2012 Reunio secreta, com oitiva do Delegado dePolcia Federal, Raul Alexandre Marques de Souza (responsvel pela OperaoVegas). As informaes prestadas foram bastante significativas para acontinuidade dos trabalhos da CPMI. 4 Reunio 10/05/2012 Reunio secreta, com oitiva do Delegado daPolcia Federal Matheus Mella Rodrigues (responsvel pela Operao MonteCarlo). Seu depoimento trouxe importantes contribuies para os trabalhos daCPMI. 44. 445 Reunio 15/05/2012 Reunio administrativa (em substituio oitiva anteriormente prevista do Sr. Carlos Cachoeira). Ministro Celso de Melloproferiu despacho suspendendo a presena do Sr. Carlos Cachoeira neste dia CPMI mediante habeas corpus (HC 113/548) do Supremo Tribunal Federal (STF).Justificou sua deciso baseando-se no direito do impetrante e de seus advogadosde terem acesso aos autos de investigao penal e parlamentar para proferirdefesa. Foram aprovados nesta reunio quatro requerimentos, sendo um delessolicitando informaes ao Procurador-Geral da Repblica, Roberto Gurgel.6 Reunio 17/05/2012 Reunio administrativa com aprovao de 139requerimentos. A saber: pedidos de quebra de sigilo fiscal, bancrio e telefnicodas seguintes pessoas: Cludio Dias de Abreu, Geovani Pereira da Silva, GleybFerreira da Cruz, Idalberto Matias de Arajo, Andria Aprgio de Souza, LenineArajo de Souza, Rosalvo Simprini Cruz, Roberto Coppola, Wladmir GarcezHenrique e Leonardo de Almeida Ramos. Quebra de sigilos das empresas Alberto& Pantoja Construes e Transportes Ltda, Brava Construes e TerraplanagemLtda, Brazilian Gaming Partnes, Ideal Segurana Ltda, Emprodata Adminstraode Imveis e Informtica, Laser Press Tecnologia e Servios, Larami Diverses eEntretenimento, JM Terraplanagem e Construo, Construtora Rio Tocantins CRT,Vitapan Indstria Farmacutica, Bet Capital Ltda, JR Prestadora de ServiosConstrutora e Incorporadora, Misano Ind. Imp. Exp., Let Laminados Estruturados eTermoformatados, MZ Construes Ltda, Fundao Cultural Aprigio Ramos Fundar, Organizao Independente de Comunicao, Delta Construes S/ATocantis e Delta Construes S/A Gois.Entre os convocados para depor, segundo os requerimentos aprovadosnesta reunio, estavam: Deuselino Valadares dos Santos, Joo Carlos Feitoza (oZunga), Rosalvo Simprini Cruz, Francisco Claudio Monteiro, Sebastio deAlmeida Ramos Junior, Alvaro Ribeiro da Silva, Marcelo Vieira da Silva, RogrioDiniz, Adriano Aprgio de Souza, Andr Teixeira Jorge, William Vitorino, Andria 45. 45Aprigio de Souza, Carlos Antonio Nogueira, Rosely Pantoja da Silva, JoaquimGomes Thom Neto, Joo Macedo de Miranda, Edson Coelho dos Santos, PauloRoberto de Almeida Ramos, Anderson Aguiar Drumond, Fernando Antnio HeredaByron Filho, Marcos Antnio de Almeida Ramos, Carlos Alberto de Lima, ArnaldoRbio Junior, Roberto Coppola, Benedito Torres, Marcelo Henrique Limrio, AluizioAlves de Souza, Alex Sandro Klein da Fonseca, Rossine Aires Guimares,Edgardo Mendona Guimares, Antnio Lorenzo, Alexandre Loureno, EdemundoDias, Jayme Rincn, Walter Paulo Santiago, Rodrigo Moral Dall Agnol, Marcello deOliveira Lopes, Wladmir Garcez Henrique, Ronald Christian Alves Bicca, EdivaldoCardoso de Paula, Alexandre Baldy, Wesley Jos Ferreira e Leonardo de AlmeidaRamos.Foram feitas as seguintes solicitaes de documentos ou provdincias:ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre movimentaesatpicas de Carlos Augusto Ramos, Cludio Abreu, Idalberto Matias, o Dad, JosOlmpio Queiroga e da empresa Vitapan Indstria Farmacutica; a todos ospartidos componentes desta Comisso a indicar servidores que tero acesso documentao; Polcia Federal o encaminhamento CPMI dos udios brutosdas Operaes Vegas e Monte Carlo e do Hard Disk (HD) com informaesobtidas pelo programa Guardio; ao STF a revogao do segredo de justiaimposto ao Inqurito 3430 (Operao Vegas) e Operao Monte Carlo; aoMinistrio Pblico o sequestro de bens mveis e imveis de Carlos Augusto deAlmeida Ramos e em poder de terceiros; Polcia Civil do Distrito Federal a cpiado inteiro teor dos autos do Inqurito da Operao Saint-Michel; ao Ministrio daJustia e ao Ministrio das Relaes Exteriores informaes sobre os registros desadas do Brasil, no perodo de dez anos, dos Srs. Carlos Augusto Ramos eDemstenes Torres, e da mulher deste, Flavia Coelho; Anvisa pedido dedocumentao; Polcia Feeral os relatrios dos delegados federais a respeito dasOperaes Vegas e Monte Carlo; ao Departamento de Recuperao de Ativos e 46. 46Cooperao Jurdica Internacional do Ministrio da Justia a negociao decooperao jurdica internacional para identificao de contas bancrias e bensmveis e imveis de Carlos Augusto de Almeida Ramos, Demstenes Torres eoutros referidos nas Operaes Vegas e Monte Carlo; Polcia Federal asgravaes em que Cachoera fala com Policarpo Junior e aquelas em que estejornalista citado por integrantes da organizao criminosa. 7 Reunio 22/05/2012 Oitiva do Sr. Carlos Cachoeira, quecompareceu mas permaneceu calado. Diante da insistncia do depoente em noresponder a nenhuma das inquiries, optando pelo seu direito constitucional depermanecer em silncio e s responder perante um juiz, a comisso, por iniciativada Senadora Ktia Abreu, decidiu pelo encerramento da reunio. 8 Reunio 24/05/2012 Oitiva dos Srs. Wladmir Garcez Henrique,Idalberto Matias de Arajo e Jairo Martins de Souza. O Sr. Wladmir HenriqueGarcez, devidamente acompanhado por seu advogado, Dr. Ney Moura Teles, falou Comisso. Os senhores Idalberto Matias de Arajo e Jairo Martins de Souzativeram a assistncia do mesmo advogado, Dr. Leonardo Picoli Gagno, que haviasolicitado adiamento do depoimento, em funo do pouco tempo que a defesa tevepara tomar conhecimento das 20 mil pginas da investigao, e reivindicoutambm o direito de seus clientes de permanecerem em silncio, evitandoresponder perguntas que pudessem incrimin-los. 9 Reunio 29/05/2012 Reunio administrativa. Foram distribudas 6chaves de acesso ao programa i2 (chave 1, chave de acesso ao sr. Relator,Deputado Odair Cunha; chave 2, chave de acesso aos partidos PMDB, PP e PSC;chave 3, chave de acesso ao Partido dos Trabalhadores e PRB; chave 4, chave deacesso ao PSDB e Democratas; chave 5, chave de acesso ao PSB, PR, PTB ePCdoB; chave 6, chave de acesso ao PTB, PSD, PPS, PV e PSOL); eleio dovice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Aprovao de 52requerimentos, sendo dois de quebra de sigilos fiscal, telefnico e bancrio da 47. 47empresa Delta Construes S/A e dos investigados pela Operao Saint Michel,alm das convocaes de: Heraldo Puccini Neto, Wilder Pedro de Morais, EliasVaz, Mauro Sebben, Sejana Martins, Lucio Fiuza Gouthier, Fernando GomesCardozo, Eliane Pinheiro, cio Antnio Ribeiro, Carlos Antnio Elias e dosresponsveis em exerccio pelas empresas Ideal Segurana, JR Prestadora deServios, JM Terraplanagem, Larami Diverses, MZ Construes, VitapanFarmacutica, Bet Capital, Brava Construes, Brazilian Gaming Partners,Construtora Rio Tocantins CRT, Alberto & Pantoja, Emprodata Administrao deImveis, Delta Construes S/A Distrito Federal, Delta Construes S/A Gois,Delta Construes S/A Mato Grosso do Sul e Delta Construes S/A Tocantins.Tambm foram aprovados requerimentos solicitando: Polcia Federal astranscries dos dilogos que envolvam pessoas com prerrogativa de foro nasOperaes Vegas e Monte Carlo; a ntegra dos autos das Operaes Vegsas eMonte Carlo; os relatrios do inteiro teor das apreenses efetuadas e os relatriosde anlise e vigilncia das Operaes Vegas e Monte Carlo; a lista dos PoliciaisFederais e Estaduais (Civis e Militares) citados nas operaes; cpia do inteiro teordo depoimento do Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos 11 Vara Federal deGoinia; cpia ao Comando da Aeronutica do depoimento de Idalberto Matias deArajo, o Dad; informaes dos Cadastros Especficos do INSS das construtorasRegional Consultoria, Aprgio Construtora, Brava Construes, Alberto & Pantoja,JR Prestadora de Servios, Delta Construes S/A. MZ Construtora, MapaConstrutora; e informaes de 27 empresas aos Tribunais de Contas dosMunicpios e aos Tribunais de Contas Estaduais. Em atendimento ao ofcio n 1 desta CPMI, o Ministro RicardoLewandowski deferiu pedido de compartilhamento de informaes sigilosas dosinquritos das Operaes Vegas e Monte Carlo. 48. 48Levantamento parcial do sigilo de Justia da documentao do Inqurito3.430 deferido pelo Ministro Ricardo Lewandowski, com compartilhamento deinformaes processuais restrito CPMI: 49. 49 50. 50 51. 51 52. 52 53. 53 54. 54 55. 55 10 Reunio 30/05/2012 Oitiva dos Srs. Cludio Dias de Abreu; JosOlmpio de Queiroga Neto; Gleyb Ferreira da Cruz; e Lenine Arajo de Souza. OSr. Gleyb compareceu munido de Habeas Corpus (HC 113646), deferido peloMinistro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, assim como o Sr. CludioAbreu, com Habeas Corpus (HC 113665) deferido pela Ministra Crmen Lucia. OSr. Queiroga Neto se reservou ao direito de permanecer calado, sem responderperguntas cujas respostas pudessem incrimin-lo, conforme orientao de seuadvogado, Dr. Luciano Picoli Gagno. O Sr. Lenine foi ouvido pela Comisso. Nestadata, foram aprovados requerimentos de convocao dos Governadores MarconiPerillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) e rejeitado o requerimento deconvocao do Governador Srgio Cabral (PMDB-RJ). O Sr. Jayme EduardoRincn, convocado como testemunha, apresentou atestado mdico dizendo queest sendo submetido a tratamento devido a um aneurisma cerebral. O Sr. RodrigoMoral Dall Agnol, convocado como testemunha, apresentou Habeas Corpus noqual questiona sob em que condio se daria o seu depoimento. Diante da dvida,a Presidncia o dispensou comprometendo-se a proceder nova convocaoesclarecendo a condio de testemunha. Foram aprovados tambm 25requerimentos, em sua maioria quebras de sigilos fiscal, bancrio e telefnico deempresas: Auto Posto T-10 Ltda, Mapa Construes, WCR Produo eComunicao Ltda, Royal Palace Diverses Ltda, Planeta Center DiversesEletrnicas, Star Game Com. Imp. Exp., Antares Assessoria Adm.e Part. Ltda,Adriano Aprgio de Souza ME, Gois Game Diveres Eletrnicas Ltda, PlanetaCatariennse Serv. Ativ. Lotrica Ltda, Aprgio Construtora e Incorporadora Ltda,American Center Bingo, Calltech Combustveis e Servios Ltda, Fundao NelsonCastilho, Maquinaria Publicidade e Propaganda, Radio Gois Sul FM Ltda, RedeBrasiltur de Televiso e Data Traffic. Tambm foram pedidas as quebras de sigilode Cludio Kratka e do Senador Demstenes Torres. Os Governadores AgneloQueiroz e Marconi Perillo foram convocados e foi feita ao Coaf solicitao para que 56. 56encaminhasse as movimentaes consideradas atpicas feitas pelso Srs.Demstenes Torres e Carlos Ramos. 11 Reunio 31/05/2012 Oitiva do Senador Demstenes Torres (poca no DEM-GO), que se reservou ao direito de permanecer calado e a sessofoi encerrada. Demstenes teve seu mandato cassado pelo Senado Federal em 11de julho de 2012, em decorrncia da quebra de decoro parlamentar, e ficarinelegvel por oito anos. Foi acusado de usar o mandato em favor de CarlosCachoeira, segundo revelaes feitas pela CPMI. 12 Reunio 05/06/2012 Oitiva do Sr. Walter Paulo de OliveiraSantiago, da Sra. Sejana Martins, do Sr. cio Antonio Ribeiro e da Sra. ElianeGonalves Pinheiro. Apenas o Sr. Walter Paulo de Oliveira Santiago falou Comisso. A Sra. Sejana Martins, amparada por Habeas Corpus, no falou; e o Sr.cio Antonio Ribeiro e a Sra. Eliane Gonalves Pinheiro, apesar de convocados,no compareceram mediante a apresentao de atestados mdicos. 13 Reunio 12/06/2012 Oitiva do Governador de Gois, MarconiPerillo (PSDB). 14 Reunio 13/06/2012 Oitiva do Governador do Distrito Federal,Agnelo Queiroz (PT). 15 Reunio 14/06/2012 Reunio administrativa, na qual foramaprovados 36 requerimentos, dentre os quais quebra de sigilo fiscal, telefnico ebancrio de: Marconi Perillo, Agnelo Queiroz, Andr Teixeira Jorge, Lucio FiuzaGouthier, Alcino de Souza e Rubmaier Ferreira de Carvalho, e das empresasExcitant Confeces Ltda, Rental Frota Logstica Ltda, GM Comrcio de Pneus ePeas, Faculdade Padro - Sociedade de Educao e Cultura de Goinia Ltda eMestra Administrao e Participaes. Novas convocaes foram aprovadas:Andressa Mendona, Hillner Ananias, Luiz Carlos Bordoni, Joo Furtado deMendona Neto, Lucio Fiuza Gouthier, Rubmaier Ferreira de Carvalho, Ana 57. 57Cardozo de Lorenzo, Aredes Correia Pires, Alexandre Milhomem e Alcino deSouza. Os Parlamentares solicitaram: ao Detran e Receita Federal informaesreferente aos veculos vendidos pelas empresas Elevis Comrcio de Veculos, StarMotors, Cotril Motors, Saga S/A e Kasa Motors; ao Ministrio Pblico do DF cpiada Ao Penal 51163-4/2012 na 5 Vara Criminal de Braslia; ao Sub-Procurador-Geral da Repblica, Dr. Geraldo Brindeiro, informaes sobre transferncias dedinheiro feitas empresa Morais, Castilho e Brindeiro feitas por Geovani Pereira,contador de Carlos Cachoeira; Polcia Federal cpia do material apreendido naOperao Monte Carlo e os DVDs de vdeos apreendidos na casa de AdrianoAprgio. 16 Reunio 26/06/2012 Oitiva dos Srs. cio Antonio Ribeiro, LucioFiza Gouthier e Alexandre Milhomem. Apenas o arquiteto Milhomem falou CPMI. Os demais permaneceram calados. 17 Reunio 27/06/2012 Oitiva da Sra. Eliane Pinheiro e do Sr. LuizCarlos Bordoni. Apenas o jornalista Bordoni falou CPMI. 18 Reunio 28/06/212 Oitiva dos Srs. Marcelo Ribeiro de Oliveira,Joo Carlos Feitoza e Claudio Monteiro. Apenas o Sr. Claudio Monteiro falou CPMI. 19 Reunio 03/07/2012 Oitiva do Sr. Joaquim Gomes Thom e daSra. Ana Cardoso de Lorenzo. Ambos no compareceram. 20 Reunio 05/07/2012 Reunio administrativa com aprovao de112 requerimentos, sendo 8 de convocao para prestar depoimento FernandoAntnio Cavendish Soares, Jos Augusto Quintella, Romnio Marcelino Machado,Luiz Antnio Pagot, Andria Aprigio de Souza, Raul de Jesus Lustosa Filho, AdirAssad e Paulo Vieira de Souza e 18 de quebras de sigilo bancrio, fiscal etelefnico das empresas Flexafactoring Fomento Mercantil, Midway InternationalLabs. Ltda, ZUK Assessoria Empresarial, Terra Pneus e Lubrificantes Ltda, G & C 58. 58Construes e Incorporaes (Adcio & Rafael Construes e Terraplanagem),Eletrochance do Brasil Indstria de Mquinas, Eletrochance SRL, GerplanGerenciamento e Planejamento Ltda, Tecnologic Tecnologia Eletrnica Ltda,MCGL Empreendimentos e Participaes SA e Construtora Veloso e Conceio;alm das pessoas investigadas Fbio Passagllia, Jayme Rincn, Eliane Pinheiro,Edivaldo Cardoso de Paula, Sebastio de Almeida Ramos Junior e Luiz CarlosBordoni e Bruna Bordoni (ambos de abril a maio de 2011).A maioria dos requerimentos aprovados nesta reunio faz vriassolicitaes, entre as quais: nomes e CPFs das pessoas do grupo de CarlosCachoeira que possuam aparelhos Nextel habilitados nos EUA; informaes daPolcia Federal e da Receita Federal do Brasil relativas entrada e sada doterritrio nacional dos investigados Andrea Aprgio de Souza, Carlos Augusto deAlmeida Ramos, Cludio Dias de Abreu, Geovani Pereira da Silva, Idalberto Matiasde Arajo e Wladmir Garcez Henrique; quebra de sigilo de SMS e relatrios deERBs (Estao Rdio Base) de 18 investigados; informaes do Banco Central doBrasil relativas movimentao de 48 empresas e 19 investigados de entrada esada de recursos financeiros envolvendo outros pases; convite ao Juiz FederalPaulo Augusto Moreira Lima para prestar depoimento a respeito de ameaa querecebeu em seu gabinete; sitao de queba de sigilo judicial da Operao SaintMichel; informaes CELG - Distribuio e Saneamento de Gois SANEAGO;cpias de processos administrativos que tramitaram em Gois na Polcial Civil,Procuradoria Geral e Secretaria de Segurana Pblica tendo como investigado oDelegado Edemundo Dias de Oliveira Filho; documentos e informaes junto aocomando da Polcia Militar e chefia da Polcia Civil de Gois e tambm junto Secretaria de Estado de Transparncia e Controle do Distrito Federal; cpia decontratos, convnios, processos e procedimentos firmados entre os governos doTocantins, Distrito Federal, Gois e Prefeitura de Palmas-TO e as empresas DeltaConstrues SA e Construtora Rio Tocantins; informaes de 17 empresas 59. 59listadas a respeito de depsitos efetuados pelas empresas Alberto & Pantoja eBrava Construes e Terraplanagem Ltda com valores entre R$ 10 mil e R$ 400mil. 21 Reunio 10/07/2012 Oitiva do Prefeito de Palmas-TO, Raul Filho(PT), que compareceu e falou CPMI. 22 Reunio 07/08/2012 Oitiva da Sra. Andressa Mendona e do Sr.Joaquim Gomes Thom Neto. Ambos compareceram e usaram direito depermanecer em silncio. 23 Reunio 08/08/2012 Oitiva da Sra. Andrea Aprgio e do Sr.Rubmaier Ferreira de Carvalho. Andrea usou do direito de permanecer em silncio,mas ouviu todas as perguntas em sesso reservada. Rubmaier respondeu asquestes dos parlamentares. 24 Reunio 14/08/2012 Reunio administrativa com aprovao de105 requerimentos, a maioria tratando de solicitaes diversas. Entre os pedidosde convoo para depoimento est a reconvocao de Carlos Augusto de AlmeidaRamos, o Carlinhos Cachoeira. Os demais so o Deputado Federal Carlos AlbertoLeria, Alex Antonio Trindade, Leide Ferreira da Cruz, Polyana Barbosa deCarvalho, Francisco de Assis Oliveira, Marcos Teixeira Barbosa, Conrado CaiadoViana Feitosa, Frederico Mrcio Arbex, Cel. Edson Costa Arajo, e os prefeitos GilTavares e Geraldo Messias. Foram pedidas quebras de sigilo fiscal, bancrio e telefnico deAndressa Alves Mendona, mulher de Carlos Cachoeira, e das pessoas fsicasFrederico Aurlio Bispo, Marcelo Henrique Limrio Gonalves e Rossine AiresGuimares, alm das empresas Boldt SA, Miranda e Silva Construes, Bet Co.Ltda, ICF - Instituto de Cincias Farmacuticas e Estudos e Pesquisa, IdoneaFactoring, Libra Factoring e Instituto Nova Educao Ltda. 60. 60Entre as solicitaes da CPMI esto: cpia do relatrio da PolciaFederal que comunica envolvimento do Governador Marconi Perillo com oesquema de Carlinhos Cachoeira; remessa dos laudos periciais realizados pelaPolcia Federal no material encontrado na casa de Andressa Alves Mendona eeventual depoimento prestado a autoridade policial; quebra dos sigilos telefnicosincluindo dados de Estao de Rdio Base (ERB), mensagens e informaescadastrais dos telefones ou rdios mencionados; cpias de processo judiciais emtrmite na 3 Vara de Fazenda Pblica de Goinia; informaes junto ao DeputadoJoo Sandes Junior; informaes a pessoas fsicas e jurdicas que fizerampagamentos ou receberam recursos das empresas Alberto & Pantoja Construese Transportes, GM Comrcio de Pneus e Peas, JR Prestadora de ServiosConstrutora, Brava Construes e Terraplanagem; aos governos de DistritoFederal, Gois, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul cpias integrais doscontratos celebrados com a empresa Delta matriz de 1 de janeiro de 2007 at apresente data; aos governos de Distrito Federal, Gois, Tocantins e Mato Grossocpias integrais de todos os contratos e convnios firmados com as empresasDelta Construes SA, JM Terraplanagem e Rio Tocantins Construes; requisioao governo de Gois das filmagens de segurana das entradas do Palcio doGoverno (Palcio das Esmeraldas) entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembrode 2011; requisio ao governo de Gois de cpias dos processos de nomeaode Camila Alvez Gomes e tala Barbosa Vaz; cpia junto ao governo de Gois doprocesso de licitao para fornecimento de marmitas para presos de Ceraigovencido pela Coral Refeies Industriais; cpia integral da Reclamao Disciplinarinstaurada em face do Desembargador do TRT 18 Regio dr. Juio Cesar Cardosode Brito e lista de aes propostas que envolvam empresas ligadas a CarlosCachoeira; ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico cpia integral doprocedimento instaurado em face do Procurador de Justia de Gois BeneditoTorres; ao Senado cpia das portarias de nomeao e exonerao de funcionriosdo gabinete do ex-Senador Demstenes Torres; cpia do inteiro teor do Inqurito 61. 613444, em desfavor do Deputado Federal Joo Sandes Junior, do Inqurito 3443,em desfavor do Deputado Federal Carlos Alberto Leria, e do Inqurito 3445, emdesfavor do Deputado Federal Stepan Nercessian, instaurados no STF emdecorrncia das Operaes Vegas e Monte Carlo; ao Coaf para encaminharinformaes sobre movimentaes atpicas da Delta Construes SA e de todas asPessoas Fsicas e Jurdicas com quebra de sigilo; encaminhamento de pedido aoCoaf para que solicite s unidades de inteligncia financeira de outros pasesinformaes sobre movimentaes atpicas de todas as Pessoas Fsicas eJurdicas com quebra de sigilo; encaminhamento ao Senado norte-americano depedido de informaes sobre constataes de atividades do HSBC em lavagem dedinheiro; ao Procurador-Geral ou Ministrio da Justia informaes junto aosEstados Unidos sobre movimentaes financeiras/bancrias da empresa OceanDevelopment II; pedido de encaminhamento de informaes a 11 empresasrelativo a depsitos de valores entre R$ 18 mil e R$ 515 mil feitos pela empresaBrava Construes e Terraplanagem.Alm dessas, tambm constam solicitaes de informaescomplementares relativas quebra de sigilo das empresas Alberto & Pantoja juntoao banco HSBC; da Construtora Rio Tocantins CRT (Construtora Vale do LontraLtda) junto ao Banco Rural; WCR Produo e Comunicao Ltda junto ao BancoMercantil do Brasil; Sociedade de Educao e Cultura de Gouinia Ltda(Faculdade Padro) junto ao Banco Industrial e Comercial; Royal Palace DiversesLta-ME junto ao Banco do Brasil; Planeta Center Diverses Eletrnicas Ltda juntoao Banco Ita e Banco do Brasil; Organizao Independente de Comunicao Ltdajunto ao Banco Unibanco; Mapa Construes junto Caixa Econmica Federal eBanco Ita; MZ Construes Ltda junto Caixa Econmica Federal e Banco Ita;Emprodata Administrao de Imveis e Informtica Ltda junto ao Banco do Brasil;Data Traffic junto ao Banco do Brasil e Banco HSBC; Brava Construes eTerraplanagem junto ao Banco ABN Amro Real e Banco Unibanco; JR Prestadora 62. 62de Servios Construtora e Incorporadora Ltda junto ao Banco Bradesco; e da GMComrcio de Pneus e Peas Ltda junto ao Banco Ita.25 Reunio 15/08/2012 Oitiva dos Srs. Edivaldo Cardoso de Paula eHillner Ananias, e da Sra. Rosely Pantoja. Apenas a Sra. Rosely Pantoja falou Comisso.26 Reunio 21/08/2012 Oitiva dos Procuradores La Batista deOliveira e Daniel Rezende Salgado. Ambos compareceram e falaram CPMI.27 Reunio 22/08/2012 Oitiva dos Srs. Jayme Rincn e AredesCorreia Pires. Ambos entraram com Habeas Corpus. O pedido HC 114.831 foideferido pelo Ministro Joaquim Barbosa, do STF, para o sr. Rincn, quecompareceu a CPMI, mas permaneceu em silncio. O mesmo fez o Sr. CorreiaPires, munido do HC 114.879, concedido pelo ministro Marco Aurlio de Melo.28 Reunio 28/08/2012 Oitiva dos Srs. Luiz Antonio Pagot e AdirAssad. Ambos compareceram Comisso, mas apenas Pagot deu respostas aosDeputados e Senadores da CMPI.29 Reunio 29/08/2012 Oitiva dos Srs. Paulo Viera de Souza Preto,Fernando Cavendish e Gilmar Carvalho Moraes. O Sr. Paulo Vieira Souza,apelidado Paulo Preto, atendeu aos questionamentos da CPMI. O Sr. Cavendishapresentou Habeas Corpus e no falou. O Sr. Gilmar, ex-marido de RoselyPantoja, decidiu comparecer espontaneamente CPMI, sem requerimento deconvocao, alegando temer represlias da organizao criminosa.30 Reunio 04/09/2012 Oitiva do Sr. Deputado Federal CarlosAlberto Leria (PSDB-GO) e do Sr. Andr Teixeira Jorge. O Sr. Leria alegoucompromisso e no pode comparecer, sugerindo adiar para outra data. O Sr.Andr compareceu mas permaneceu calado. 63. 63 31 Reunio 09/10/2012 Oitiva do Sr. Deputado Federal CarlosAlberto Leria (PSDB-GO). O Deputado compareceu e falou Comisso, edisponibilizou alguns documentos para a CPMI. 32 Reunio 30/10/2012 Reunio administrativa.2.4. Das oitivas - Resumo de cada depoimento A CPMI ouviu 40 pessoas em oitivas, sendo que 24 optaram pelodireito de no responder as perguntas dos parlamentares. Alguns desses,porm, fizeram uso da palavra dos minutos iniciais. Nos resumos relatados aseguir, constam os principais trechos das oitivas dos convocados quecompareceram com a transcrio de perguntas do Relator e dos parlamentares edas respostas dos depoentes a respeito dos temas que corroboraram oucolaboraram com as investigaes feitas pela CPMI a partir dos trabalhos daPolcia Federal nas Operaes Vegas e Monte Carlo. a) RAUL ALEXANDRE MARQUES DE SOUZA 3 Reunio 08/05/2012 oitiva secreta Delegado da Polcia Federal, Raul Alexandre Marques de Souza foiconvidado para prestar depoimento Comisso Parlamentar Mista de Inqurito(CPMI) Vegas/Monte Carlo por ter sido o responsvel pela conduo dos trabalhosda Operao Vegas. Compareceu 3 Reunio da CPMI, realizada no dia 8 demaio, em atendimento aprovao do requerimento n 192, de autoria dos Srs.Senadores Jos Pimentel (PT-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Walter Pinheiro(PT-BA). 64. 64O Presidente da CPMI, o Senhor Senador Vital do Rgo (PMDB-PB),iniciou a sesso s 14h51 colocando em votao requerimento de n 238, deautoria do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) e da Senadora Ktia Abreu (PSD-TO), propondo que as reunies destinadas a ouvir delegados da Polcia Federal emembros do Ministrio Pblico fossem secretas. O requerimento foi aprovado por17 votos a 11.Assim, o depoente utilizou os vinte minutos iniciais para fazer suaexposio e, em seguida, foi arguido pelo Relator, Sr. Deputado Federal OdairCunha (PT-MG), e pelos demais membros da CPMI.Aps responder aos questionamentos dos integrantes da CPMI, oPresidente, Sr. Senador Vital do Rgo (PMDB-PB), encerrou a 3 Reunio. b) MATHEUS MELLA RODRIGUES 4 Reunio 10/05/2012 oitiva secretaO delegado da Polcia Federal Matheus Mella Rodrigues foiresponsvel pela Operao Monte Carlo que resultou na priso de pessoas queintegram a Organizao Criminosa montada pelo Sr. Carlos Augusto de AlmeidaRamos, o Carlinhos Cachoeira, objeto maior de investigao desta ComissoParlamentar Mista de Inqurito (CPMI).Presente 4 Reunio da CPMI, realizada no dia 10 de maio de 2012, odelegado Matheus Mella Rodrigues prestou esclarecimentos aos Parlamentaresque integram a Comisso em sesso secreta, em decorrncia da aprovao dosrequerimentos 193, dos Srs. Senadores Jos Pimentel (PT-CE), Humberto Costa(PT-PE) e Walter Pinheiro (PT-BA), 019, do Sr. Deputado Federal Onyx Lorenzoni(DEM-PR) e 174, do Sr. Relator, Deputado Federal Odair Cunha (PT-MG). 65. 65 O depoente forneceu informaes essenciais sobre a Operao MonteCarlo. Aps nove horas de depoimento, realizado em sesso secreta, o Presidenteda CPMI, Sr. Senador Vital do Rgo (PMDB-PB), encerrou a 4 Reunio,agradecendo ao Delegado Matheus Mella Rodrigues pelos esclarecimentos econtribuies prestados aos trabalhos da Comisso.c) CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA RAMOS 7 reunio22/05/2012 O Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, comumente conhecido comoCarlos Cachoeira, apontado pelas operaes Vegas e Monte Carlo, realizadaspela Polcia Federal, como chefe de um esquema de jogos ilegais que atua emGois e no entorno de Braslia. Alm disso, figura como suspeito de comandaraes que visam a fraudar licitaes e obter vantagens em contratos com o setorpblico. H suspeitas tambm de que tenha praticado evaso de divisas, uso delaranjas para encobrir bens e propriedades adquiridas a partir de atividades ilcitas,corrupo de agentes pblicos e uso de empresas fantasmas para encobrirmovimentaes financeiras. Foi convocado para depor Comisso Parlamentar de Inqurito (CMPI)por fora da aprovao dos requerimentos ns 09, 42, 85, 99, 134, 99, 134, 155,188 e 167, de autoria de diversos Parlamentares que integram a Comisso, com afinalidade de ouvir o Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos sobre os resultadosdas investigaes da Polcia Federal, em especial, no tocante s suas relaescom servidores pblicos e polticos. O Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos compareceu CPMI no dia 22de maio de 2012 acompanhado de seu advogado, oportunidade em que anunciousua disposio de permanecer calado, visto que responde a inqurito policial, eque s falaria aps seu depoimento em Juzo. Perguntado pelo presidente da 66. 66CPMI, Senador Vital do Rgo (PMDB-PB), se aceitaria falar em sesso secreta,voltou a repetir que permaneceria em silncio, e assim o fez, negando-se aresponder s perguntas formuladas pelo Sr. Relator Deputado Federal OdairCunha (PT-MG) e por outros membros desta Comisso. Diante a opo do depoente de no tecer esclarecimentos sinvestigaes da CPMI, respondendo aos questionamentos dos Parlamentares, opresidente da Comisso, Senador Vital do Rgo (PMDB-PB), decidiu encerrar aoitiva, com a dispensa do investigado.d) WLADMIR GARCEZ HENRIQUE 8 Reunio 24/05/2012 Wladmir Garcez Henrique ex-vereador da Cmara Municipal de Goise trabalhava como assessor do ento diretor da Delta no Centro-Oeste, Sr. CludioAbreu. Concomitantemente, Garcez prestava servios para o Sr. Carlos AugustoAlmeida Ramos em seus negcios e na Vitapan, empresa de medicamentospertencente a Cachoeira. Wladmir Garcez deps Comisso Parlamentar Mista deInqurito (CPMI) no dia 24 de maio de 2012, em decorrncia da aprovao dosrequerimentos ns 53, 194 e 272, de autoria dos Srs. Parlamentares CarlosSampaio (PSDB-SP), Jos Pimentel (PT-CE), Humberto Costa (PT-PE), WalterPinheiro (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O requerimento assinado em conjunto pelos Srs. Senadores JosPimentel (PT-CE), Humberto Costa (PT-PE) e Walter Pinheiro (PT-BA) justifica aconvocao de Garcez aps a constatao, na investigao da Polcia Federal, desua participao junto organizao comandada por Carlos Augusto de AlmeidaRamos. Segundo as investigaes da Polcia Federal, Wladmir Garcez era umdos principais colaboradores da organizao criminosa. Na condio de ex-vereador e de pessoa bem relacionada nos meios polticos de Goinia, Wladmircumpria o importante papel de fazer a articulao da organizao criminosa comagentes pblicos de Gois, descreve o requerimento. 67. 67 Para o sr. senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), em inmerasgravaes fica evidente que o Sr. Wladmir Garcez funcionava como elo entre aOrganizao Criminosa e a estrutura do governo estadual. Segundo o requerimento de Carlos Sampaio (PSDB-SP), torna-seimprescindvel consecuo das investigaes a cargo desta Comisso, uma vezque o Sr. Wladmir Garcez Henrique est envolvido nas atividades ilcitaspraticadas pela organizao criminosa, ocupando a funo de facilitador do grupojunto s polcias civil e militar do Estado de Gois. Convocado para contribuir CPMI, Wladmir Garcez Henrique utilizou otempo concedido para suas falas iniciais, porm no respondeu aosquestionamentos dos parlamentares, recorrendo ao direito constitucional de semanter em silncio. Segundo disse em seu depoimento, Wladmir Garcez recebia,mensalmente, R$ 20 mil da Delta e R$ 5 mil de Cachoeira, como se segue emconformidade com os registros desta CPMI: O SR. WLADMIR GARCEZ HENRIQUE: [...] Minha funo era s de assessoramento ao Dr. Cludio e, por isso, ganhava em torno de R$20 mil. Tambm assessorava o Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, nos seus negcios e na sua empresa de medicamentos Vitapan mas no participei de nenhum negcio dele nem de nenhum negcio ilcito, e ganhava por isso R$5 mil. Um dos pontos que o assessor da Delta abordou em seu depoimentodiz respeito a nomeaes polticas no governo de Gois em nome de CarlosAugusto Ramos. Garcez disse que indicava pessoas em nome de CarlinhosCachoeira, como era vulgarmente conhecido Carlos Augusto Ramos, mas quenenhuma delas foi concretizada. Disse Garcez: O SR. WLADMIR GARCEZ HENRIQUE - Jamais fiz qualquer indicao diretamente ao Governador Marconi Perillo, pois tratava sempre com seus 68. 68 auxiliares, com seus secretrios. Para me classificar junto ao Carlinhos, dizia ele que eu tinha mais poder, mais fora. Queria usar o nome dele para conseguir esse emprego. Vaidoso como sempre, ele achava aquilo muito bom. E levei algumas indicaes, sendo que nenhuma dessas indicaes, como vocs podem ter visto nas gravaes que foram mostradas, foi feita. No consegui as nomeaes que falaram por a. Nenhuma das pessoas que levei foi nomeada pelo Governador Marconi Perillo.Outro episdio tratado por Wladmir Henrique Garcez em sua fala aosparlamentares envolve a venda da casa do governador do Estado de Gois,Marconi Perillo. O Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, alvo principal dasinvestigaes conduzidas por esta CPMI e suspeito de ser o lder da OrganizaoCriminosa instalada na regio Centro-Oeste do pas, residia na casa que pertenceuao Sr. Perillo poca em que foi preso pela Polcia Federal em decorrncia dasinvestigaes realizadas no mbito da Operao Monte Carlo.Acerca da transao, o sr. Wladmir Henrique Garcez afirmou emdepoimento CPMI ser o comprador da casa de Marconi Perillo pelo valor de R$1,4 milho. Segundo Garcez informou Comisso, a casa foi paga em trs vezescom cheques emprestados por seu patro, o diretor da Delta no Centro-oeste,Cludio Abreu. O depoente, contudo, disse no ter conhecimento da origem doscheques, como se segue: O SR. WLADMIR HENRIQUE GARCEZ: [...] O Governador queria receber logo, e eu queria ficar com a casa para mim ou para vender para outra pessoa, pois vi que o preo estava baixo e eu estava querendo ganhar uma comisso em cima da venda dessa casa. Fiquei com medo de perder o negcio. Eu no podia conseguir o dinheiro e ficar com a casa ou vend-la por um preo maior e ganhar algum. Ento, pedi ao Cludio, meu patro, e ao Carlinhos que me emprestassem o valor de R$1,4 milho, para eu repassar ao Governador. O Cludio me arranjou trs cheques, um de R$500 mil, outro de R$500 mil e outro de R$400 mil, para os meses de maro, abril e maio. No lembro bem a data desses cheques, mas lembro que eram para o incio de cada ms. No sei quem so os emitentes, nem perguntei de 69. 69quem o Cludio recebeu esses cheques. Repassei os cheques para o Lcio,assessor do Sr. Governador. Os cheques eram nominais ao Sr. Governador.No entanto, o funcionrio de Carlos Augusto Ramos diz que noconseguiu quitar o emprstimo feito com Cludio Abreu e que foi obrigado avender a manso para um empresrio goiano, de nome Walter Paulo, chamadopelo depoente de professor Walter, e recebeu R$ 100 mil de comisso pelavenda:O SR. WLADMIR HENRIQUE GARCEZ: Tentei vender a casa por um valormaior, mas no consegui. E tambm no consegui arranjar dinheiro. Tenteivender um apartamento que eu tinha, tentei vender um carro e fazer umfinanciamento no Banco Ita, no qual no consegui crdito para fazer essefinanciamento. O Cludio passou a me pressionar para receber o valor dostrs cheques. Com medo de perder meu emprego, resolvi novamenteprocurar o Professor Walter. No consegui vend-la por um valor maior. Eu avendi pelo valor de R$1,4 milho. Recebi em dinheiro e repassei ao Cludio,quitando, assim, a dvida dos trs cheques. O Professor Walter me deuR$100 mil, que foram pagos em forma de comisso pela venda dessa casa.Segundo o depoimento de Wladmir Garcez, a casa chegou at CarlosAugusto Ramos por meio do emprstimo da residncia pelo sr. Walter Paulo namorada de Cachoeira, Andressa Mendona. A ver:O SR. WLADMIR HENRIQUE GARCEZ: Aps a compra da casa, houve oepisdio que envolveu a separao da atual esposa do Carlinhos, a SrAndressa Mendona, com o suplente do Senador Demstenes Torres. Naseparao, foi dada a ela uma casa no Alphaville, no mesmo condomnioonde est a casa do Professor Walter. Pedi ao Professor Walter essa casaemprestada (...), a casa do Prof. Walter. Eu pedi ao Prof. Walter essa casaemprestada at que a casa e a reforma da casa da Sr Andressa ficassemprontas. E ele me emprestou essa casa por um perodo de dois, trs meses.Ele tinha co