cpmi dos correios - relatório final volume 1

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R ELATÓRIO F INAL DOS T RABALHOS DA CPMI “ DOS C ORREIOS (Volume I) “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não venha a ser revelado, e nada há de escondido que não venha a ser conhecido.” Jesus Cristo, in Mateus, 10:26 Presidente: Senador DELCÍDIO AMARAL Vice-Presidente: Deputado ASDRUBAL BENTES Relator: Deputado OSMAR SERRAGLIO Relator-Adjunto: Deputado EDUARDO PAES Relator-Adjunto: Deputado MAURÍCIO RANDS Sub-Relator do IRB: Deputado CARLOS WILLIAN Sub-Relator de Contratos: Deputado JOSÉ EDUARDO CARDOZO Sub-Relator de Movimentação Financeira: Deputado GUSTAVO FRUET Sub-Relator de Normas de Combate à Corrupção: Deputado ONYX LORENZONI Sub-Relator de Fundos de Pensão: Deputado ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES NETO Brasília, 2006 R EPÚBLICA F EDERATIVA DO B RASIL C ONGRESSO N ACIONAL C OMISSÃO P ARLAMENTAR M ISTA DE I NQUÉRITO DOS C ORREIOS

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Relatório Final da CPMI dos Correios, Volume 1.

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0 REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL CONGRESSO NACIONAL COMISSO PARLAMENTAR MISTA DE INQURITO DOS CORREIOS

R ELATRIO F INALT RABALHOS DA CPMI DOS C ORREIOS DOS

(Volume I)No tenhais medo dos homens, pois nada h de encoberto que no venha a ser revelado, e nada h de escondido que no venha a ser conhecido. Jesus Cristo, in Mateus, 10:26

Presidente: Senador DELCDIO AMARAL Vice-Presidente: Deputado ASDRUBAL BENTES Relator: Deputado OSMAR SERRAGLIORelator-Adjunto: Deputado EDUARDO PAES Relator-Adjunto: Deputado MAURCIO RANDS Sub-Relator do IRB: Deputado CARLOS WILLIAN Sub-Relator de Contratos: Deputado JOS EDUARDO CARDOZO Sub-Relator de Movimentao Financeira: Deputado GUSTAVO FRUET Sub-Relator de Normas de Combate Corrupo: Deputado ONYX LORENZONI Sub-Relator de Fundos de Penso: Deputado ANTNIO CARLOS MAGALHES NETO

Braslia, 2006

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. I

Sumrio (Volume I)1 Introduo ___________________________________________________ 111.1 Apresentao ___________________________________________________11 1.2 Natureza e Objetivos de uma Comisso Parlamentar de Inqurito _______12 1.3 A CPMI dos Correios __________________________________________13

2 O papel do Congresso Nacional e de uma CPI ______________________ 172.1 O papel fiscalizador do Congresso __________________________________18 2.2 O Inqurito Parlamentar _________________________________________20

3 Balano dos trabalhos da CPMI dos Correios ____________________ 24 4 Os Focos de Investigao________________________________________ 34 5 A Espionagem nos Correios _____________________________________ 385.1 Introduo _____________________________________________________38 5.2 A Gravao_____________________________________________________40 5.3 O Mandante Direto da Gravao: O Sr. Arthur Wascheck. _____________41 5.4 O fornecedor da maleta: o Sr. Jairo Martins de Souza _________________48 5.5 Sobre a possvel participao da ABIN ______________________________55 5.6 Concluso ______________________________________________________61

6 Correios______________________________________________________ 636.1 Publicidade _____________________________________________________636.1.1 6.1.2 6.1.3 6.1.4 Breve Histrico ____________________________________________________63 Digresso a Respeito das Aes de Publicidade no Setor Pblico _____________63 Contratos de publicidade_____________________________________________72 O Processo licitatrio _______________________________________________76Preparao do Processo de Licitao_____________________________________ 76 Edital de Licitao ___________________________________________________ 77 O Processo Licitatrio ________________________________________________ 80Proposta Tcnica ________________________________________________________ 81 Aspectos Contbeis do Procedimento Licitatrio _______________________________ 82 Ausncia de Audincia Pblica _____________________________________________ 84 Elaborao Inadequada de Briefing__________________________________________ 85 6.1.4.2.1 Indicaes da ECT: ______________________________________________________ 80

6.1.4.1 6.1.4.2 6.1.4.3

6.1.4.3.1 6.1.4.3.2 6.1.4.3.3 6.1.4.3.4

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. II

6.1.4.3.5 Subjetividade no Julgamento da Proposta Tcnica ______________________________ 86

6.1.4.4 6.1.5.1

A Contratao ______________________________________________________ 88 Aspectos documentais ________________________________________________ 90

6.1.5 Execuo do Contrato _______________________________________________90 6.1.6 6.1.7 6.1.8 6.1.9 Movimentao financeira ____________________________________________91 Garantias Financeiras _______________________________________________92 Aspectos fiscais ____________________________________________________93 Achados de auditoria TCU e CGU _____________________________________94Contratos com Objetos Mltiplos _______________________________________ 94 Honorrios sem Prestao do Servio e Sobrepreo em aes de publicidade _____ 95 Planejamento e Execuo das Aes de Publicidade ________________________ 97 Conseqncias da Ausncia de Planejamento Adequado _____________________ 98 Veiculao de Anncios em Revista sem Justificativa Adequada_______________ 98 Concesso Indevida de Patrocnio _______________________________________ 99 Irregularidade na Situao Fiscal das Empresas Subcontratadas _______________ 101 Ausncia de Aferio de Resultados das Aes de Publicidade ________________ 102 Resciso de Contrato da SMPB_________________________________________ 106

6.1.9.1 6.1.9.2 6.1.9.3 6.1.9.4 6.1.9.5 6.1.9.6 6.1.9.7 6.1.9.8 6.1.9.9

6.1.9.8.1 Compra Antecipada de Mdia e Pagamentos___________________________________ 103

6.1.10 Concluso ________________________________________________________107

6.2 Rede Postal Noturna _____________________________________________1136.2.1 Introduo ________________________________________________________1136.2.1.1 6.2.1.2 6.2.2.1 6.2.2.2 6.2.2.3 6.2.3.1 6.2.3.2 6.2.3.3 As Empresas Envolvidas ______________________________________________ 116 Skymaster Airlines Ltda ______________________________________________ 116 Termo de compromisso de subcontratao firmado entre Skymaster e Beta ______ 121 Formao de sociedade de fato entre a Skymaster e o Grupo Promodal__________ 125 Ex-presidente da Beta defende interesses da Skymaster junto aos Correios _______ 127 Dispensa De Licitao n 002/2001______________________________________ 128 Prego n 045/2001 - Linhas A e C __________________________________ 137 Prego n 106/2003 - Linhas A e C __________________________________ 143Contratao do Brigadeiro Venncio Grossi ___________________________________ 143 Renegociao dos Contratos _______________________________________________ 144 Processo Licitatrio______________________________________________________ 147 Termos Aditivos Ao Contrato 12.405/2003 ___________________________________ 152

6.2.2 Relaes Entre Os Agentes Privados Envolvidos __________________________120

6.2.3 Anlise das Contrataes da Skymaster - Linhas A e C _____________________1286.2.3.1.1 Termos Aditivos Ao Contrato n 10.721/2001 _________________________________ 137 6.2.3.2.1 Impugnaes Ao Edital ___________________________________________________ 140 6.2.3.2.2 Termos Aditivos ao Contrato n 11.008/2001__________________________________ 142 6.2.3.3.1 6.2.3.3.2 6.2.3.3.3 6.2.3.3.4

6.2.3.4 6.2.3.5 6.2.3.6 6.2.3.7

Prego n 105/2004 - Linhas A e C __________________________________ 153 Fragilidade dos Preos de Referncia da ECT______________________________ 155 Irregularidades e Atos Suspeitos ________________________________________ 161 Clculo do Superfaturamento Linhas A e C ______________________________ 162

6.2.3.7.1 Elementos ratificadores da ocorrncia de Superfaturamento ______________________ 178 6.2.3.7.1.1 Remunerao em Nvel Acima da Mdia de Mercado _______________________ 179 6.2.3.7.1.2 Consumo de Combustvel das Aeronaves _________________________________ 182 6.2.3.7.1.3 Prejuzo Declarado No Se Comprovou em 2004 ___________________________ 182 6.2.3.7.2 Valores de Arrendamento Superiores aos de Mercado ___________________________ 184 6.2.3.7.3 Posicionamento do DAC sobre os valores de arrendamento da Skymaster ___________ 185 6.2.3.7.4 Contabilizao fraudulenta dos pagamentos de arrendamento _____________________ 187 6.2.3.7.5 Pagamentos de Arrendamento de Aeronave Sem Autorizao do DAC para Voar _____ 189 6.2.3.7.6 Relao entre Skymaster e Arrendadores de Aeronaves __________________________ 190 6.2.3.7.7 Simulao Quanto Propriedade das Aeronaves Arrendadas______________________ 191 6.2.3.7.8 Duplicidade de Contratos de Arrendamento da para a Mesma Aeronave _____________ 198 6.2.3.7.9 Operao de Aeronaves sem Autorizao do DAC______________________________ 198

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. III

6.2.3.7.10 Baixo Nvel de Utilizao das Aeronaves Arrendadas ___________________________ 200 6.2.3.7.11 Indcio de Superfaturamento na Importao de Peas____________________________ 201 6.2.3.7.12 Remessa de Divisas para o Exterior _________________________________________ 202 6.2.3.7.13 Simulao de pagamento Skycargas________________________________________ 205 6.2.3.7.14 Grande Volume de Saques em Espcie _______________________________________ 207 6.2.3.7.15 Prtica de emisso de cheques nominais prpria Skymaster a fim de serem endossados e sacados no caixa _________________________________________________________________ 209 6.2.3.7.16 Elevadas quantias em espcie em mos dos scios da Skymaster __________________ 211 6.2.3.7.17 Aquisio de bens pela prpria Skymaster destinados ao patrimnio dos seus scios ___ 211 6.2.3.7.18 Fortes indcios de prtica de falsificao de documentos pela Skymaster ____________ 212

6.2.4 Anlise das contrataes da Beta ______________________________________2146.2.4.1 6.2.4.2 6.2.4.3 6.2.4.4 6.2.4.5 6.2.4.6 6.2.4.7 6.2.4.8 6.2.4.9 6.2.4.10 6.2.4.11 6.2.5.1 6.2.5.2 Dispensa de licitao n 001/2000 _______________________________________ 215 Dispensa de licitao n 003/2000 _______________________________________ 218 Concorrncia 010/2000 _______________________________________________ 223 Superfaturamento dos Contratos da Beta Linha F _________________________ 227 Os Preos de Referncia dos Correios____________________________________ 231 A Atuao do Sr. Pedro Vieira de Souza__________________________________ 235 A Questo do ICMS _________________________________________________ 238 Pagamento de Propina ao Diretor dos Correios_____________________________ 247 Presidente da Beta Presenteia Diretor dos Correios com Dois Aquecedores leo_ 250 Pagamentos realizados pela empresa BETA ao Sr. Joo Herrmann Neto _________ 255 Planilha de acertos de pagamentos entre as empresas Beta e Skymaster _________ 257 Nova Malha da Rede Postal Noturna_____________________________________ 275 Clusulas Editalcias Restritivas ________________________________________ 2806.2.4.2.1 Indcios de montagem do processo de dispensa de licitao n 003/2000_____________ 220 6.2.4.2.2 Deciso dos Correios sobre consulta s licitantes anterior prpria consulta__________ 221 6.2.4.3.1 Apresentao de Certido Falsa pela Beta ____________________________________ 224 6.2.4.3.2 Aceitao pelos Correios de Certido Positiva da Beta___________________________ 226

6.2.5 Concorrncia n 006/2004 ____________________________________________2756.2.5.2.1 Exigncia de regularidade fiscal e de sade financeira de empresa que no licitante __ 280 6.2.5.2.2 Exigncia de Certificado de Matrcula, de Certificado de Aeronavegabilidade e de Especificaes Operativas _________________________________________________________ 283 6.2.5.2.3 Fixao da capacidade de carga dos trechos em valores superiores ao necessrio ______ 293

6.2.5.3 6.2.5.4 6.2.5.5

Economicidade da Nova Malha da RPN __________________________________ 295 Comisso de licitao composta por membros da mesma cadeia hierrquica______ 299 Reajuste do preo do combustvel com base na variao de preos do produtor ___ 300

6.2.6 Concluses da Controladoria-Geral da Unio_____________________________3006.2.6.1 Ausncia de justificativas consistentes para adoo de critrios na determinao do valor de referncia dos servios nos processos de licitao. _______________________________ 301 6.2.6.2 Falta de divulgao dos valores de referncia nos processos de licitao _________ 302 6.2.6.3 Inconsistncia no relatrio DEGEO002/2001 que subsidiou a fixao dos preos de referncia para a DL 002/01. Referncia no corpo do relatrio a fato ocorrido em data posterior a sua assinatura. ______________________________________________________________ 302 6.2.6.4 Ausncia de audincia pblica no incio do processo licitatrio. _______________ 303 6.2.6.5 Adoo de critrios distintos para casos semelhantes na desclassificao de empresas em certames licitatrios. _________________________________________________________ 303 6.2.6.6 Irregularidades na formao das comisses de licitao ______________________ 303 6.2.6.7 Contratao emergencial por dispensa de licitao sem respaldo legal. __________ 304 6.2.6.8 Contrataes por dispensa de licitao sem publicao tempestiva. _____________ 304

6.2.7 Providncias e Encaminhamento ______________________________________304 6.2.8 Concluso ________________________________________________________310

6.3 Contratos de Informtica _________________________________________3146.3.1 Aquisio de sistema de gesto empresarial contrato n 10.353/00___________314 6.3.2 Contrato GPGEM/ERP n 11.826/03 ___________________________________317

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. IV

6.3.3 Contrato GPGEM/ERP n 13.180/04 ___________________________________319 6.3.4 Programa Banco Postal Contrato n 10.805/2001 ________________________3236.3.4.1 Incluso de agncias terceirizadas na abrangncia do Contrato celebrado com o Bradesco, mediante o 1 Termo Aditivo, no obstante o disposto no art. 3, inciso I, da Portaria GM/MC n 588, de 04/10/2000 __________________________________________________________ 324 6.3.4.2 Possibilidade de incluso de novos servios, bem como de novas agncias ao objeto do contrato versus pagamento nico: _______________________________________________ 327 6.3.4.3 Substituio de 237 das 5.299 agncias inicialmente previstas, sem a celebrao de Termo Aditivo ao Contrato: ___________________________________________________ 329 6.3.4.4 Ampliao do objeto em cerca de 50%, tendo, como contrapartida, pagamento correspondente a 31% do preo inicialmente pactuado ______________________________ 329 6.3.4.5 Prazo de vigncia do contrato __________________________________________ 332 6.3.4.6 Apuraes da Controladoria Geral da Unio CGU a respeito da implantao do Programa Banco Postal _______________________________________________________ 335

6.3.5 Aquisio e prestao de assistncia tcnica por 24 meses de diversos equipamentos utilizados na soluo de automao das agncias da ECT Contrato n 11.346/2002 ___3386.3.5.1 Concesso Irregular de Reequilbrio Econmico-finaceiro____________________ 340 6.3.5.2 Tentativa de reviso indevida de valores previamente acordados _______________ 345 6.3.5.3 No-aplicao de multas propostas pelas Diretorias Regionais em funo de demora no atendimento de chamados durante a garantia ______________________________________ 348

6.3.6 Aquisio de Soluo Integrada para Fornecimento de Endereo Eletrnico Permanente Contrato n 11.290/2002 _______________________________________3516.3.6.1 6.3.6.2 6.3.6.3 6.3.6.4 6.3.6.5 6.3.6.6 Restrio ao Carter Competitivo no Edital _______________________________ 352 Superfaturamento do Subitem Manuteno de Aplicao_____________________ 353 Mascaramento de Aumento de Custo no Termo Aditivo _____________________ 355 Fuga Licitao no Termo Aditivo______________________________________ 357 Execuo de Servio sem a Cobertura Contratual___________________________ 359 Cobrana Intempestiva e Reduo Indevida de Multa Contratual_______________ 362

6.3.7 Concorrncia n 004/2004 - soluo integrada de automao do Seguro Postal __364 6.3.8 Concorrncia n 07/2004 - Sistemas de automao do atendimento comercial ___370 6.3.9 Contratao da prestao de servios de manuteno corretiva e preventiva em equipamentos da rede de atendimento Contratos n 13.477/05 e n 13.482/05________373

6.4 Franquias ______________________________________________________3756.4.1 6.4.2 6.4.3 6.4.4 6.4.5 6.4.6 6.4.7 6.4.8 Introduo ________________________________________________________375 Assinatura de Contrato de Franquias sem Licitao ________________________376 Sntese dos Depoimentos ____________________________________________377 Anlise dos Depoimentos ____________________________________________381 Migrao sem Limite _______________________________________________383 Omisso do Ministrio das Comunicaes _______________________________384 Migrao de grandes clientes para a rede franqueada_______________________385 Depoimentos ______________________________________________________386Anlise dos Depoimentos _____________________________________________ 389

6.4.8.1

6.4.9 Anlise do Sigilo Bancrio e Fiscal da ACF Shopping Tambor ______________395 6.4.10 Concluso ________________________________________________________404

6.5 Correio Hbrido Postal ___________________________________________4066.5.1 Histrico _________________________________________________________407 6.5.2 Conceito de Correio Hbrido Postal e Projeto da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos - ECT ________________________________________________________408 6.5.3 Concorrncia Internacional n 12/2002 E Contrato 13.159/2004 ______________410 6.5.4 Relatrio Controladoria-Geral Da Unio ________________________________420

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. V

6.5.4.1 Variao injustificada no valor contratado, em relao ao estimado_____________ 421 6.5.4.2 Inconsistncia entre os estudos de viabilidade econmico-financeira____________ 421 6.5.4.3 Riscos de manipulao por terceiros de dados protegidos por sigilo ____________ 422 6.5.4.4 Estimativa inadequada de preo do Software GPDD ________________________ 422 6.5.4.5 Levantamento insuficiente para definio do valor de referncia do projeto ______ 423 6.5.4.6 Exigncia de atestado de capacidade tcnica restritiva competio ____________ 423 6.5.4.7 Exigncia de tecnologia de impresso restritiva competio _________________ 424 6.5.4.8 Alterao injustificada dos percentuais e das bases de clculo de multas da primeira para a ltima verso do Edital______________________________________________________ 424 6.5.4.9 Antecipao de pagamento contratada __________________________________ 424

6.5.5 Relatrio Tribunal de Contas da Unio__________________________________4256.5.5.1 6.5.5.2 6.5.5.3 6.5.5.4 6.5.5.5 Restrio competio _______________________________________________ 425 Adoo de critrios inadequados de qualificao e pontuao tcnica ___________ 426 Ausncia de critrios objetivos para fixao de preos _______________________ 426 Superfaturamento dos servios contratados________________________________ 426 Proposta de Encaminhamento __________________________________________ 427

6.5.6 Recomendaes____________________________________________________430

6.6 Outros Contratos dos Correios_____________________________________4326.6.1 Denncia Original __________________________________________________4326.6.1.1 6.6.1.2 6.6.1.3 6.6.1.4 6.6.1.5 6.6.1.6 6.6.1.7 Irregularidades em Processos de Readmisso na ECT _______________________ 439 Trfico de Influncia no Contrato ECT-AUTOTRAC _______________________ 443 Recomendaes _____________________________________________________ 446 Contratao da Empresa Autotrac _______________________________________ 446 A Denncia do Sr. Edson Maurcio Brockveld _____________________________ 458 Comentrios________________________________________________________ 459 rea de Suprimento de Materiais _______________________________________ 462COMAM ______________________________________________________________ 462 Medicamentos __________________________________________________________ 466 Caixetas Plsticas _______________________________________________________ 467 Xerox_________________________________________________________________ 469 Espao Aberto __________________________________________________________ 471

6.6.1.7.1 6.6.1.7.2 6.6.1.7.3 6.6.1.7.4 6.6.1.7.5

6.6.1.8

Denncia da Empresa Gadotti Martins ___________________________________ 474

7 As Atividades de Marcos Valrio O Valerioduto ___________________ 4807.1 Introduo _____________________________________________________480 7.2 Histrico _______________________________________________________481 7.3 A Suposta Origem dos Recursos Os Emprstimos _________________4987.3.1 Emprstimos como Fonte e Intermediao do Valerioduto ________________4987.3.1.1 7.3.1.2 Introduo _________________________________________________________ 498 As Caractersticas dos Emprstimos ___________________________________ 4997.3.1.2.1 Emprstimos Tomados pelo PT ____________________________________________ 499 7.3.1.2.2 Emprstimos Tomados pelas Empresas do Sr. Marcos Valrio ____________________ 502

7.3.2 Repasses de Marcos Valrio para o Partido dos Trabalhadores _______________5217.3.2.1 7.3.2.2 7.3.3.1 A Falsa Figura de Emprstimos ao PT__________________________________ 521 Repasses dos Recursos Criao da Figura Emprstimos __________________ 522 Resultados da Fiscalizao do BACEN nos Bancos Rural e BMG______________ 529

7.3.3 O Papel do Banco Central e os Emprstimos ___________________________5277.3.3.1.1 Banco BMG ___________________________________________________________ 529 7.3.3.1.2 Banco Rural____________________________________________________________ 530

7.3.4 Pretenso de Marcos Valrio e dos Bancos Bmg e Rural que Justificariam suas Participaes no Valerioduto _______________________________________________530

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. VI

7.3.4.1

Marcos Valrio Trfico de Influncia para Obteno dos Emprstimos ________ 532

7.3.4.1.1 Depoimentos do Sr. Marcos Valrio Fernandes de Souza (Anexo 6.9 Emprstimos) __ 532

7.3.4.2 Benefcios dos Bancos BMG e Rural para a Concesso de Linhas de Crditos a Marcos Valrio e ao PT _____________________________________________________________ 539

7.3.5 Concluso ________________________________________________________544 7.3.6 Benefcio do Banco BMG ____________________________________________5457.3.6.1 7.3.6.2 7.3.6.3 7.3.6.4 7.3.6.5 7.3.6.6 7.3.6.7 7.3.6.8 Crditos Consignados ________________________________________________ 545 Relatrio de Auditoria do TCU _________________________________________ 546 Depoimento do Presidente do BMG, Sr. Ricardo Annes Guimares ____________ 550 Parereces de Consultores do BMG para Avaliar a Transao com a CEF ________ 552 Valora Participaes _________________________________________________ 555 Concluso BMG x CEF _______________________________________________ 557 Consideraes sobre a dvida do Partido dos Trabalhadores___________________ 559 Os Fatos ___________________________________________________________ 560

7.3.6.8.1 Dvida com Marcos Valrio _______________________________________________ 560 7.3.6.8.2 Coteminas _____________________________________________________________ 560 7.3.6.8.3 Publicitrio Duda Mendona_______________________________________________ 561 7.3.6.8.4 Emprstimos Contrados pelo PT nos Bancos BMG e Rural ______________________ 562 7.3.6.8.4.1 Banco BMG________________________________________________________ 562 7.3.6.8.4.2 Banco Rural________________________________________________________ 562 7.3.6.8.5 Operaes de Leasing de Equipamentos de Informtica no Banco do Brasil _________ 562 7.3.6.8.6 Informaes do Partido dos Trabalhadores ____________________________________ 563

7.4 A Verdadeira Origem dos Recursos_________________________________5647.4.1.1 7.4.1.2 7.4.1.3 7.4.1.4 7.4.1.5 7.4.1.6 7.4.2.1 7.4.2.2 7.4.2.3 Visanet ____________________________________________________________ 564 Aspectos importantes sobre o funcionamento do Fundo Visanet _______________ 567 Os Repasses Realizados Pela Visanet ____________________________________ 568 A utilizao dos recursos adiantados pela Visanet DNA ____________________ 581 As vantagens de Marcos Valrio ________________________________________ 596 Auditoria Interna Realizada pelo Banco do Brasil na Operao Visanet _________ 609 Brasil Telecom______________________________________________________ 617 Grupo Usiminas e Cosipa _____________________________________________ 624 Concluso _________________________________________________________ 634

7.4.2 As Verdadeiras Origens Outras Fontes Privadas _________________________615

7.5 Intermediao __________________________________________________6357.5.1 Informaes sobre as Contas com Sigilos Afastados _______________________6357.5.1.1 Composio Resumida das Movimentaes Financeiras _____________________ 6497.5.1.1.1 Correo Manual da Base de Dados _________________________________________ 649

7.5.1.2 Anlise Concentrao das Movimentaes Financeiras (Origens) por Banco Grupo Econmico Marcos Valrio __________________________________________________ 657 7.5.1.3 Anlise Concentrao das Movimentaes Financeiras por Titular de Conta Corrente das Pessoas que Compem o Grupo Econmico Marcos Valrio_____________________ 660 7.5.1.4 Relao dos Maiores Depositantes das Origens dos Recursos nas Empresas do Grupo Econmico Marcos Valrio __________________________________________________ 663 7.5.1.5 Relao dos Maiores Beneficirios das Empresas do Grupo Marcos Valrio ___ 667 7.5.1.6 Relao dos Saques nas Empresas do Grupo econmico Marcos Valrio ______ 670 7.5.1.7 Concluso _________________________________________________________ 676

7.5.2 Modus Operandi ___________________________________________________6777.5.2.1 7.5.2.2 Marcos Valrio como captador e operador do Valerioduto____________________ 677 Modelo Padro de Operao ___________________________________________ 6777.5.2.2.1 O Modelo Padro do Valerioduto - Fase 1 (de Fevereiro a Maio de 2003) Fontes: Banco BMG e Banco Rural ______________________________________________________________ 679 7.5.2.2.2 Fase dois do Valerioduto (Junho a Agosto de 2003) Fontes: Banco Rural, Banco do Brasil e Brasil Telecom __________________________________________________________________ 682

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. VII

7.5.2.2.3 Fase Trs do Valerioduto (Setembro a Dezembro de 2003) Fonte: Banco Rural______ 684 7.5.2.2.4 Fase Quatro do Valerioduto (Janeiro a Maro de 2004) Fonte: Visanet ____________ 685 7.5.2.2.5 Fase Cinco do Valerioduto (abril a julho de 2004) Fontes: Visanet/BMG___________ 686 7.5.2.2.6 Fase Seis do Valerioduto (Julho de 2004 em diante) Fonte: Visanet / Usiminas / Cosipa / Brasil Telecom __________________________________________________________________ 687

7.5.2.3 7.5.2.4 7.5.3.1 7.5.3.2 7.5.4.1

Segundo Modelo Repasses a Partir de Intermedirios ______________________ 688 Outras Operaes____________________________________________________ 689 Bnus Banval_______________________________________________________ 692 Guaranhuns ________________________________________________________ 702 O Valerioduto por Marcos Valrio ______________________________________ 708

7.5.3 Bnus Banval e Guaranhuns __________________________________________6927.5.3.1.1 As diferentes verses para a movimentao financeira ocorrida____________________ 694 7.5.3.1.2 Resumo dos Fatos na Movimentao Financeira da Bnus Banval _________________ 702

7.5.4 A Farsa Contbil ___________________________________________________7067.5.4.1.1 A verso contbil de Marcos Valrio para a Relao de pessoas indicadas pelo PT ___ 710 7.5.4.1.2 Distribuio de Lucros Graffiti____________________________________________ 715 7.5.4.1.3 Conta caixa ____________________________________________________________ 716

7.5.4.2 7.5.4.3 7.5.5.1 7.5.5.2

Lanamentos Contbeis para Partidos Polticos ____________________________ 719 Concluso _________________________________________________________ 725 Informaes Analisadas_______________________________________________ 726 Aspectos Relevantes Identificados ______________________________________ 727

7.5.5 A Fraude Fiscal ____________________________________________________7267.5.5.2.1 Marcos Valrio e Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza (esposa) _____________ 728 7.5.5.2.1.1 Dividendos Recebidos ________________________________________________ 728 7.5.5.2.1.2 Evoluo Patrimonial ________________________________________________ 729 7.5.5.2.1.3 Movimentao financeira fiscal de Marcos Valrio _________________________ 729 7.5.5.2.1.4 Movimentao financeira fiscal de Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza __ 730 7.5.5.2.2 Cristiano de Mello Paz ___________________________________________________ 730 7.5.5.2.2.1 Dividendos recebidos ________________________________________________ 730 7.5.5.2.2.2 Evoluo Patrimonial ________________________________________________ 731 7.5.5.2.2.3 Movimentao Financeira Fiscal________________________________________ 731 7.5.5.2.3 Simone Reis Lobo de Vasconcelos __________________________________________ 732 7.5.5.2.3.1 Dividendos ________________________________________________________ 732 7.5.5.2.3.2 Evoluo patrimonial_________________________________________________ 732 7.5.5.2.3.3 Movimentao fiscal financeira_________________________________________ 732 7.5.5.2.4 Outros Scios no Analisados______________________________________________ 733 7.5.5.2.5 Evoluo das Receitas de Prestao de Servios________________________________ 734 7.5.5.2.6 Movimentao Fiscal Financeira____________________________________________ 735 7.5.5.2.6.1 DNA Propaganda Ltda. _______________________________________________ 735 7.5.5.2.6.2 SMP&B So Paulo Comunicao Ltda. __________________________________ 736 7.5.5.2.6.3 SMP&B Comunicaes Ltda. __________________________________________ 736 7.5.5.2.6.4 Graffiti Participaes Ltda. ____________________________________________ 737 7.5.5.2.7 Relatrio do COAF ______________________________________________________ 738 7.5.5.2.7.1 Ofcio Coaf n 1376/2005 _____________________________________________ 738 7.5.5.2.7.2 Ofcio Coaf n 5201/2005 _____________________________________________ 739 7.5.5.2.8 Relatrio Receita Federal _________________________________________________ 739 7.5.5.2.8.1 SMP&B Comunicao Ltda. ___________________________________________ 739 7.5.5.2.8.2 DNA Propaganda Ltda. _______________________________________________ 740 7.5.5.2.8.3 Graffiti Participaes Ltda. ____________________________________________ 742 7.5.5.2.8.4 2S Participaes Ltda. ________________________________________________ 743

7.5.5.3

Concluso _________________________________________________________ 743

7.5.6 Consideraes Finais sobre o Valerioduto _______________________________743

7.6 Destinatrios: O Mensalo ________________________________________7467.6.1 Consideraes Iniciais_______________________________________________7467.6.1.1 7.6.1.2 O Mensalo: Uma Realidade ___________________________________________ 746 Mensalo no Caixa Dois ____________________________________________ 748

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. VIII

7.6.1.3 7.6.2.1 7.6.2.2 7.6.2.3 7.6.2.4

A CPMI da Compra de Votos __________________________________________ 751 A Denncia de Roberto Jefferson _______________________________________ 754 Os deputados Jos Mcio e Arnaldo Faria confirmam as afirmaes de Roberto Jefferson 757 O testemunho do Deputado Miro Teixeira ________________________________ 758 A denncia da Deputada Raquel Teixeira corrobora a afirmao de Roberto Jefferson 759

7.6.2 A Divulgao Pblica do Esquema_____________________________________753

7.6.3 7.6.4 7.6.5 7.6.6

A Participao de Jos Dirceu_________________________________________760 A Cincia do Presidente Lula _________________________________________766 Padres do Mensalo________________________________________________768 A Distribuio de Recursos aos Partidos, segundo Delbio Soares e Marcos Valrio 770 7.6.7 A Distribuio de Recursos ao Partido Liberal e a Suposta Destinao_________7727.6.7.1 7.6.7.2 7.6.8.1 7.6.8.2 7.6.8.3 Os Recursos Recebidos por Valdemar Costa Neto __________________________ 772 As Explicaes de Valdemar Costa Neto sobre suas Despesas de Campanha _____ 773 Os Recursos Sacados por Joo Cludio Genu ______________________________ 782 A Distribuio de Recursos ao Deputado Vado Gomes _____________________ 785 As Explicaes do Deputado Pedro Correa________________________________ 790

7.6.8 A Destinao de Recursos ao Partido Progressista _________________________782

7.6.9 A distribuio de recursos ao Partido Trabalhista Brasileiro e a suposta destinao 793 7.6.10 A Destinao de Recursos para Pagamento de Despesas de Campanha de Partidos da Base Aliada_____________________________________________________________796 7.6.11 O que Levou ao Fim do Esquema de Cooptao de Apoio Poltico? ___________799 7.6.12 Anlises Complementares sobre a Existncia do Mensalo __________________800 7.6.13 A Identificao de Sacadores, Intermedirios e Beneficirios.________________8037.6.13.1 Os Procedimentos de Investigao ______________________________________ 804

7.6.14 Metodologia de Trabalho ____________________________________________8067.6.14.1 Resultados Alcanados _______________________________________________ 810

7.6.15 Padres do Mensalo________________________________________________8157.6.15.1.1 7.6.15.1.2 7.6.15.1.3 7.6.15.1.4 (PTB) 7.6.15.1.5 7.6.15.1.6 7.6.15.1.7 7.6.15.1.8 Metodologia Adotada ____________________________________________________ 816 Diagrama 01 - Valerioduto ________________________________________________ 818 Diagrama 2 Fluxo de Recusos e Eventos Relacionados ao Partido Liberal (PL) ______ 819 Diagrama 3 Fluxo de Recursos e Eventos Relacionados ao Partido Trabalhista Brasileiro 821 Diagrama 4 Fluxo de Recursos e Eventos Relacionados ao Partido Progressista (PP) _ 822 Diagrama 5 - Distribuio de recursos e votaes no Congresso Nacional ___________ 825 Diagrama 6 - Repasse de recursos a Duda Mendona____________________________ 826 Diagrama 7 - Distribuio de recursos a eleies municipais ______________________ 827

7.6.16 Anlises Complementares ____________________________________________8287.6.16.1 A Anlise Procedida pelo Deputado Jlio Delgado no Processo de Cassao do Deputado Jos Dirceu 828 7.6.16.2 A Periodicidade e Regularidade na Distribuio de Recursos ao Partido Liberal___ 830 7.6.16.3 A Identificao dos Beneficirios das Transferncias Efetuadas Guaranhuns ____ 838 7.6.16.4 A Relao da Guaranhuns com o Partido Liberal ___________________________ 844 7.6.16.5 Os contatos telefnicos entre Jacinto Lamas e pessoas vinculadas SMP&B Comunicao Ltda___________________________________________________________ 862 7.6.16.6 A operao do mensalo por intermdio da Bnus Banval ____________________ 866 7.6.16.7 Algumas anlises de fluxos de emprstimos e pagamentos informados por Marcos Valrio 892 7.6.16.8 Indcios de uma possvel relao entre recursos repassados por Marcos Valrio Bnus Banval e recursos trazidos do exterior por Carlos Quaglia ____________________________ 905 7.6.16.9 Sntese e Recomendaes _____________________________________________ 910

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. IX

7.7 Outros Contratos Pblicos de Marcos Valrio ________________________9137.7.1 Banco do Brasil e coligadas __________________________________________9137.7.1.1 7.7.1.2 7.7.1.3 7.7.1.4 7.7.1.5 7.7.1.6 7.7.1.7 7.7.1.8 Banco do Brasil _____________________________________________________ 913 Procedimentos Licitatrios ____________________________________________ 914 Quanto ao Contrato __________________________________________________ 916 Concorrncia 1.131/99 Contrato vigente entre maro/00 e setembro/03 ________ 918 Concorrncia 01/2003 Contrato no vigente a partir de setembro de 2003._______ 919 Subjetividade na Contratao das Agncias de publicidade ___________________ 921 Bonificao de Volume _______________________________________________ 924 Banco Popular do Brasil ______________________________________________ 927

7.7.1.8.1 Apresentao ___________________________________________________________ 927 7.7.1.8.2 Contrato de Publicidade. __________________________________________________ 927 7.7.1.8.3 Definio das Agncias de Publicidade para Atender o Banco Popular ______________ 927 7.7.1.8.4 Gastos com Publicidade __________________________________________________ 929 7.7.1.8.4.1.1 Gastos com Publicidade e Promoo_________________________________ 930 7.7.1.8.5 Resultados Operacionais Banco Popular do Brasil ______________________________ 931 7.7.1.8.6 Execuo da Publicidade no Banco Popular ___________________________________ 932 7.7.1.8.7 Concluso _____________________________________________________________ 935

7.7.1.9 Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho Fundacentro Ministrio do Trabalho______________________________________________________ 9377.7.1.9.1 Concluso _____________________________________________________________ 956

7.7.1.10 Ministrio Do Esporte ________________________________________________ 957 7.7.1.11 Centrais Eltricas do Norte do Brasil S/A Eletronorte ______________________ 9597.7.1.11.1 Recebimento de comisso pela Agncia sem a prestao de servio ________________ 960 7.7.1.11.2 Concesso de patrocnio sob a forma de veiculao _____________________________ 960 7.7.1.11.3 Produo de outdoors ___________________________________________________ 963 7.7.1.11.4 Produo de busdoor ___________________________________________________ 964 7.7.1.11.5 Confeco de camisetas___________________________________________________ 964 7.7.1.11.6 Pagamento por prestao de servios fora do objeto do contrato ___________________ 965 7.7.1.11.7 Contratao de servios com intermediao desnecessria da Agncia de Publicidade __ 967 7.7.1.11.8 Pagamento indevido agncia, em funo de subcontratao de servio de criao.____ 972 7.7.1.11.9 Pagamento por servios no comprovados ____________________________________ 974 7.7.1.11.10 Contratao de servios sem a apresentao de trs propostas __________________ 975 7.7.1.11.11 Possveis Propostas Fraudulentas para Respaldar a Subcontratao de Servios ____ 975 7.7.1.11.12 Concesso de patrocnios que fogem ao objetivo institucional da Eletronorte ______ 979 7.7.1.11.13 Fiscalizao do contrato deficiente _______________________________________ 980 7.7.1.11.14 Contratao de pessoal para atividades prprias da Eletronorte _________________ 981 7.7.1.11.15 Atualizao de cadastro para envio da revista Corrente Contnua________________ 981 7.7.1.11.16 Prestao de servio de assessoria de imprensa______________________________ 981 7.7.1.11.17 Ausncia de avaliao dos resultados obtidos pelos patrocnios concedidos________ 983 7.7.1.11.18 Concesso de patrocnios sem aprovao da SECOM_________________________ 984 7.7.1.11.19 Gastos com patrocnio superiores ao estabelecido no Plano Anual de Comunicao _ 984 7.7.1.11.20 Concluso __________________________________________________________ 985

7.7.1.12 Cmara dos Deputados _______________________________________________ 9857.7.1.12.1 Introduo _____________________________________________________________ 985 7.7.1.12.2 Irregularidades Encontradas _______________________________________________ 987 7.7.1.12.2.1 Contratao fora do objeto do contrato ___________________________________ 987 7.7.1.12.3 Incluso de Perguntas de Interesse Poltico____________________________________ 989 7.7.1.12.4 Ausncia de Projeto Bsico________________________________________________ 990 7.7.1.12.5 Prorrogao Irregular do Contrato___________________________________________ 991 7.7.1.12.6 Inexecuo do Servio de Consultoria _______________________________________ 992 7.7.1.12.7 Ausncia de Controle sobre a Veiculao _____________________________________ 994 7.7.1.12.8 Subcontratao e Fuga ao Processo Licitatrio_________________________________ 994 7.7.1.12.9 Fiscalizao Deficiente do Contrato _________________________________________ 996 7.7.1.12.10 Despesa em Valor Superior ao Orado ____________________________________ 996 7.7.1.12.11 Concluso __________________________________________________________ 997

7.7.2 Consideraes Finais sobre os outros Contratos Pblicos de Marcos Valrio ____999

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. X

7.8 Casos Especficos ________________________________________________10007.8.1 Emprstimos de 1998 Minas Gerais __________________________________10007.8.1.1 7.8.1.2 7.8.2.1 7.8.2.2 7.8.2.3 A posio do Senador Eduardo Azeredo __________________________________ 1001 Depoimento do Sr. Cludio Roberto Mouro da Silveira _____________________ 1003 Consideraes Preliminares____________________________________________ 1015 Contextualizao ____________________________________________________ 1027 Comentrios do TCU sobre o Setor de Oramentao da Engenharia da Petrobras _ 10307.8.1.2.1 Das garantias do emprstimo ______________________________________________ 1009

7.8.2 Silvio Pereira/GDK: Caso Exemplar de Trfico de Influncia ________________1015

7.8.2.3.1 Algumas Irregularidades Observadas pela Equipe de Auditoria do Tribunal de Contas da Unio no Contrato n 899.2.001.04.4, para a Adaptao da Planta da FPSO P-34 ____________________ 1030 7.8.2.3.1.1 Incluso Indevida do Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISSQN), da Contribuio para os Programas de Integrao Social (PIS) E da Contribuio Para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) ___________________________________________________ 1033 7.8.2.3.1.2 Incluso Indevida do Imposto de Renda Sobre Pessoas Jurdicas (IRPJ) e da Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido (CSLL) _____________________________________________ 1034 7.8.2.3.1.3 Incluso em Duplicidade de Valores para Administrao Central (Over Head), Riscos e Seguros, Lucro e Contingncias no Oramento da Petrobras____________________________ 1036 7.8.2.3.1.4 Incluso em Duplicidade de Valores Destinados Mo-de-obra Direta (Salrios + Encargos Sociais) para os Servios Adicionais ______________________________________ 1037 7.8.2.3.1.5 Incluso Indevida do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Importao (II) e Ausncia de Destaque do ICMS no Oramento e sua Reduo quando da Definio do Local da Obra e da Proposta do Licitante ________________________________________ 1038 7.8.2.3.1.6 Incluso Indevida da Contribuio Provisria sobre a Movimentao ou Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) ________________________ 1040 7.8.2.3.1.7 Oramento da Petrobras com a Excluso das Irregularidades Apontadas _________ 1041 7.8.2.3.2 Anlise Tcnica do TCU sobre a Gerncia e a Fiscalizao desse Contrato___________ 1045 7.8.2.3.2.1 Breves Comentrios da Equipe de Auditoria sobre o Sistema de Controle Interno no mbito da Petrobras ___________________________________________________________ 1046

7.8.2.4

Concluso _________________________________________________________ 1046

7.8.3 Movimentao no Exterior (Duda Mendona) ____________________________10587.8.3.1 Trechos de Depoimentos ______________________________________________ 1058 7.8.3.2 Campanhas do Partido dos Trabalhadores_________________________________ 1063 7.8.3.3 Primeira Contradio _________________________________________________ 1067 7.8.3.4 Segunda Contradio _________________________________________________ 1072 7.8.3.5 Movimentao Bancria da Conta Dusseldorf _____________________________ 1078 7.8.3.6 Outras Divergncias Constatadas entre o Depoimento Prestado e os Documentos Bancrios Analisados ________________________________________________________ 1084 7.8.3.7 Outras Situaes a Serem Investigadas ___________________________________ 1085 7.8.3.8 Tipificao das Condutas______________________________________________ 1087

7.8.4 Furnas ___________________________________________________________10887.8.4.1 7.8.4.2 Contrato de Aquisio de Servio de Digitalizao de Documentos ____________ 1088 Lista de Furnas______________________________________________________ 10947.8.4.1.1 Metodologia de Medio Inadequada ________________________________________ 1090 7.8.4.1.2 Quantificao do dbito___________________________________________________ 1092 7.8.4.2.1 Laudo da Polcia Federal__________________________________________________ 1098 7.8.4.2.2 Outras Percias _________________________________________________________ 1101 7.8.4.2.3 Consideraes Finais_____________________________________________________ 1102

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. 11

1 Introduo1.1 Apresentao

O Congresso Nacional, detentor do Poder Legislativo, tem a competncia precpua de legislar. Ao lado dessa, est outra que lhe inerente e essencial para constituir sua natureza de Poder autnomo: a fiscalizao dos atos do Poder Executivo e de entes pblicos ou privados que recebem recursos pblicos. A competncia fiscalizadora do Congresso Nacional extensa, e essa extenso alcana todos os limites de sua competncia legislativa. Vale dizer: o Congresso Nacional tem poder de fiscalizar todos os assuntos e temas a respeito dos quais est capacitado, pela Constituio, para legislar. As comisses parlamentares de inqurito (CPIs) constituem um dos mais importantes instrumentos de que o Congresso Nacional dispe para exercer sua competncia constitucional. No por acaso, perceptvel a qualquer observador atento que o funcionamento de uma CPI (ao lado do manejo do instituto da medida provisria e do controle de constitucionalidade das leis) traduz uma das pedras de toque do modelo brasileiro de repartio funcional dos Poderes, entre o Executivo, o Legislativo e o Judicirio. Uma comisso de inqurito instituda no mbito do Congresso Nacional pode funcionar em uma s Casa: uma CPI do Senado Federal ou da Cmara dos Deputados. Sendo assim, formada nos termos do regimento interno de cada instituio legislativa. Certas matrias, entretanto, por sua importncia, amplitude, dimenso e complexidade, exigem a ateno de ambas as Casas do Congresso Nacional. Nesse caso, forma-se uma comisso parlamentar mista de inqurito, composta por Senadores e Deputados Federais. A vida poltica brasileira tem demonstrado que, independentemente da vontade de quem ocupe os cargos de liderana no Poder Executivo, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, o funcionamento das comisses parlamentares de inqurito, a edio de medidas provisrias e a discusso sobre a constitucionalidade das leis esto, rotineiramente, entre os temas polticos que mais suscitam controvrsias, pelo grande relevo dos assuntos que manejam, o que tem provocado crescente interesse da sociedade.

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. 12

Diante disso, vemos que a plena afirmao do Congresso Nacional como um rgo autnomo de poder somente ocorrer quando dispusermos, no Legislativo, de todos os meios, instrumentos e poderes necessrios para que uma comisso parlamentar de inqurito possa funcionar exitosamente, e oferecer sociedade os resultados que a sociedade espera. A presente Comisso Parlamentar Mista de Inqurito dos Correios expresso de um movimento poltico srio e grave a irromper na histria recente do Brasil. Seu funcionamento resultado de um entendimento entre lideranas polticas responsveis e equilibradas que se tm articulado para, com o mximo de critrio e a possvel iseno, investigar fatos que, inequivocamente, desonraram e desonram a Administrao Pblica Brasileira.

1.2

Natureza e Objetivos de uma Comisso Parlamentar de Inqurito

Por uma questo tica essencial (como soem ser as questes ticas), queremos deixar claro, de incio, aquilo que a sociedade brasileira pode esperar de uma comisso parlamentar de inqurito. Pois, como ocorre com qualquer instituio do Estado, no regime democrtico, os poderes das CPIs esto sujeitos a limites. Parcela da mdia, no raro, mede o xito de uma CPI pela quantidade de autoridades, agentes polticos e cidados que, em funo dela, venham a ser punidos. Ser esse o critrio adequado? Os objetivos de uma CPI devem ser claramente definidos e proclamados, at para que no se estimulem iluses, e no se pretenda alcanar objetivos que no lhe dizem respeito. Pode-se exigir de uma CPI: 1. que contribua para a transparncia da Administrao Pblica, medida que revela, para a cidadania, fatos e circunstncias que, de outra forma, no seriam do conhecimento pblico; 2. que, na qualidade de rgo do Poder Legislativo, possibilite o exame crtico da legislao aplicvel ao caso sob investigao;

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. 13

3. que proponha Casa respectiva do Congresso Nacional, sempre que cabvel, a abertura de processo contra Senador da Repblica ou Deputado Federal, quando o nome do parlamentar estiver vinculado a fatos ou atos que possam implicar prejuzo imagem do Congresso Nacional, ou seja, sempre que ali se possa identificar possvel quebra do decoro parlamentar; 4. que interceda junto aos rgos responsveis da Administrao Pblica para sustar as irregularidades e/ou as prticas lesivas que suas investigaes identifiquem; 5. que aponte ao Ministrio Pblico os fatos que possam caracterizar delitos ou prejuzo Administrao Pblica, para que esse rgo estatal possa promover a responsabilidade civil e penal correspondente. 6. que proponha modificaes no arcabouo legal e institucional, de forma a contribuir para o aperfeioamento constante da democracia do Pas, evitando a reincidncia no fato examinado.

1.3

A CPMI dos Correios

O semanrio Veja, em sua edio n 1.905, de 18 de maio de 2005, publicou matria intitulada O homem chave do PTB, na qual so transcritos dilogos de que participava o Sr. Maurcio Marinho, ento diretor do Departamento de Contratao e Administrao de Material da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT). Esses dilogos indicaram a ocorrncia de atos de corrupo ativa e passiva no mbito daquela empresa estatal e sugeriram diversos outros equvocos administrativos. Revelaram, ademais, informaes a respeito de supostos procedimentos de troca de apoio poltico, no Congresso Nacional, por cargos e posies de mando em empresas estatais e diversos rgos pblicos da Administrao Direta e Indireta. A partir dessa data, o ento Deputado Federal Roberto Jefferson, Presidente Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro, que fazia parte da base de apoio e sustentao do Governo no Congresso Nacional, passou a apontar, em inmeras manifestaes na mdia nacional, a existncia de um complexo sistema de financiamento ilegal dessa base de apoio, seja em processos polticos ou eleitorais, seja fora deles. Cunhou-se, ento, o vocbulo mensalo para descrever esse esquema e apontar os que nele se envolveram, destacando a participao, sobretudo, de parlamentares de deputados federais.

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. 14

Esta CPMI aprovou, conjuntamente com a CPMI da Compra de Votos, ainda no ano passado, um Relatrio Parcial especfico a esse respeito. Os fatos descritos no Relatrio motivaram a instalao, no Conselho de tica da Cmara dos Deputados, de diversos processos contra deputados federais. Em funo desses processos, alguns deputados federais j renunciaram aos seus mandatos, outros foram cassados e outros tm os seus processos em andamento. A responsabilidade poltica pela conduo de tais processos pertence, hoje, exclusivamente Cmara dos Deputados. Os trabalhos desta CPMI, a vigilncia da mdia, a ateno da sociedade civil so, certamente, elementos ponderveis que contriburam para que o Parlamento brasileiro pudesse tomar algumas das duras e difceis medidas que vem tomando, no plano do decoro parlamentar e no mbito de seu prprio processo de funcionamento, voltadas ao aprimoramento do Poder Legislativo, assim como buscando sua aproximao com a sociedade brasileira. Esses esforos desenvolvidos, e a realidade por eles exposta, contriburam, tambm, para que o Congresso Nacional decidisse promover mudanas na legislao eleitoral, voltadas reduo dos custos das campanhas e sua moralizao. So alteraes legislativas que, ainda quando limitadas, apontam no caminho do aperfeioamento institucional do Estado brasileiro. Do mesmo modo, as investigaes desta CPMI, os citados procedimentos da Cmara dos Deputados e o prprio comportamento dos acusados contriburam para provar provas essas que sero reiteradas no presente Relatrio Final sem deixar margem a dvidas, que os ilcitos, amplamente conhecidos sob o epteto mensalo, de fato existiram, e que sua denncia, os processos instaurados que dela resultaram e, notadamente, a presente investigao constituem uma contribuio fundamental do Congresso Nacional ao fortalecimento do Estado de Direito Democrtico no Brasil. A democracia poltica exige transparncia. No nos dado elidir a verdade sociedade brasileira. Quando tomamos conhecimento de fatos de interesse pblico, devemos transmitir essas informaes a toda a cidadania, no sendo admissvel que o agente poltico responsvel quem quer que seja finja desconhecer fatos cujo conhecimento inerente s atribuies e s responsabilidades do cargo que ocupa.

Relatrio Final dos Trabalhos da CPMI dos Correios Volume I - Pg. 15

Recordo a severa advertncia do Texto Sagrado:Se disseres 'eu no sabia', Aquele que sabe os coraes perceber, Aquele que atenta para as almas saber, e retornar a cada qual segundo os seus procedimentos. (Provrbios, 24:12)

inaceitvel a atitude daqueles que, em flagrante desrespeito sociedade, lavam as mos diante dos absurdos dessa realidade brasileira: a improbidade administrativa, a malversao de recursos pblicos, os desvios, a concusso, a corrupo, enfim, as diferentes formas de ilcito contra a Administrao Pblica, contra a sociedade brasileira, contra a democracia poltica. Esta Comisso Parlamentar Mista de Inqurito dos Correios toma o caminho oposto e decide no lavar as mos. Reconhecemos que no nos lcito silenciar diante de tantos delitos e tantas omisses delitivas. Quando sabemos, no nos dado o direito de dissimular o conhecimento dos fatos. Ao desenvolver os trabalhos desta CPMI, tratamos de atividades ocorridas no interior do Estado brasileiro. Trata-se de um Estado Democrtico de Direito. Esse Estado sujeito a princpios e normas que lhe regem a organizao. Respeitar esses princpios e normas implica, necessariamente, fazer valer a moralidade, a publicidade, a legalidade e a transparncia, enfim, os princpios e os valores que a sociedade brasileira e a Constituio da Repblica nos impem respeitar. Na Democracia, que aqui pretendemos prestigiar e fortalecer, ao cidado dado fazer tudo aquilo que a Lei no probe. Ao Estado, aos agentes pblicos todos sabemos, mas deveramos ter mais conscincia disso somente dado fazer aquilo que a Lei expressamente autoriza. Esse princpio geral do Direito Pblico deve ser ressaltado, no presente momento histrico, para que todos os brasileiros possamos crescer no aprendizado, cada vez mais necessrio, do que significa o regime democrtico. Os agentes pblicos esto todos sujeitos a esses vetores que regem a Administrao Pblica. Entre eles, destacamos os princpios da legalidade e da moralidade a que se refere a Constituio do Brasil (art. 37, caput).

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O princpio da legalidade basilar do regime democrtico. Sua natureza e significado foram destacados por muitos autores, que, no Brasil, prestaram contribuio inestimvel, sobretudo desde a vigncia da Carta Poltica de 1988, consolidao do Estado de Direito Democrtico. Queremos homenagear a todos esses brasileiros na pessoa do professor Celso Antnio Bandeira de Mello, que, em obra seminal a esse respeito, ensina:Para avaliar corretamente o princpio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele traduo jurdica de um propsito poltico: o de submeter os exercentes do poder em concreto o administrativo a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguies ou desmandos. Pretende-se atravs da norma geral, abstrata e por isso mesmo impessoal, a lei, editada pois pelo Poder Legislativo que o colgio representativo de todas as tendncias (inclusive minoritrias) do corpo social garantir que a atuao do Executivo nada mais seja seno a concretizao desta vontade geral. O princpio da legalidade contrape-se, portanto, e visceralmente, a quaisquer tendncias de exacerbao personalista dos governantes. Ope-se a todas as formas de poder autoritrio, desde o absolutista, contra o qual irrompeu, at as manifestaes caudilhescas ou messinicas tpicas dos pases subdesenvolvidos. O princpio da legalidade o antdoto natural do poder monocrtico ou oligrquico, pois tem como raiz a idia de soberania popular, de exaltao da cidadania. Nesta ltima se consagra a radical subverso do anterior esquema de poder assentado na relao soberano-sdito (submisso). Instaura-se o princpio de que todo poder emana do povo, de tal sorte que os cidados que so proclamados como os detentores do poder. Os governantes nada mais so, pois, que representantes da sociedade. (...) Assim, o princpio da legalidade o da completa submisso da Administrao s leis. Esta deve to-somente obedec-las, cumpri-las, p-las em prtica. Da que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cspide, isto , o Presidente da Repblica, at o mais modesto dos servidores, s pode ser a de dceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposies gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta a posio que lhes compete no Direito brasileiro. (Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 1996, 8 ed., p. 57.)

A defesa jurdico-poltica da moralidade administrativa tem merecido e certamente merecer, a cada dia um cuidado, um destaque e uma ateno maiores. No se trata apenas de exigir de cada agente pblico (servidor pblico ou agente poltico, expresses que atualizam as noes de funcionrio e autoridade) que se comporte com decoro, embora essa

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exigncia, em si, traduza um conceito de essencial relevo e dignidade poltica. Trata-se, tambm, de exigir dos administradores pblicos o respeito moralidade administrativa como condio essencial ao bom funcionamento do Estado. Sem a moralidade administrativa, os recursos destinados educao so desviados, e seguiremos um Pas de iletrados; sem moralidade pblica, os recursos destinados sade so malversados, e seguiremos um Pas doente; sem moralidade nos Governos, os recursos destinados segurana pblica so corrodos pela corrupo, e seguiremos um Pas merc do crime. Esses princpios constitucionais tm, evidentemente, expresso concreta no funcionamento do Congresso Nacional. Diz-se, na jurisprudncia de nossos tribunais, nomeadamente o Supremo Tribunal, que os parlamentares esto obrigados a respeitar, nos procedimentos legislativos, o que se denominou chamar devido processo legislativo. Ora, tal como ocorre com o princpio geral que lhe informa o contedo, o devido processo legal, essencial a qualquer regime democrtico, o devido processo legislativo, ao lado de determinar o respeito a regras e procedimentos, deve alcanar, necessariamente, uma dimenso material, para contemplar a razoabilidade e a observncia do decoro parlamentar, ou seja, de um estatuto jurdico-poltico mnimo dos congressistas que consagre a preservao da dignidade poltica de um mandato ungido pela manifestao soberana da cidadania, mediante o voto. Esta Comisso Parlamentar de Inqurito dos Correios toma a deciso poltica essencial de enfrentar, com firmeza, os problemas que encontramos no desenvolvimento de nossos trabalhos. Sem perseguies, sem desmandos, sem protecionismos nem favoritismos, a Comisso observa a Lei, e nela verifica seus deveres e obrigaes. Esperamos que cada cidado deste Pas possa identificar e compreender a dimenso dos esforos que aqui desenvolvemos. Trabalhamos, com afinco, meses a fio, para que esta CPMI cumprisse com seus deveres e obrigaes perante o povo brasileiro.

2 O papel do Congresso Nacional e de uma CPI

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2.1

O papel fiscalizador do Congresso

No momento em que toda a sociedade brasileira se volta para Braslia, para a leitura do presente documento, torna-se relevante, antes de passarmos anlise dos fatos investigados ao longo dos ltimos meses, deterse sobre a natureza do instrumento utilizado para a realizao das investigaes e sua importncia. O Congresso, como instituio, jamais pode se separar de sua vocao histrica: a de configurar uma espcie de caixa de ressonncia da sociedade na qual se insere. Os fundadores das formas modernas do estado, ao divisarem a separao de poderes, tiveram conscincia das caractersticas de cada um desses poderes. Notavelmente, ao Poder Legislativo, alm da capacidade de produo de leis, foi reconhecida sua importncia para a fiscalizao dos atos dos governantes, bem como para a preservao dos direitos das minorias. Nas prprias origens do parlamento moderno, na Inglaterra dos sculos XVI e XVII, j se reconhecia a preocupao com o abuso do direito dos monarcas, de um lado, e, de outro, o risco apresentado pela tirania da maioria. Os excessos apresentados durante o perodo que antecedeu a revoluo gloriosa foram essenciais para a configurao do moderno sistema parlamentar. Tambm, a radicalizao dos mpetos revolucionrios ocorridos na Frana nos anos que se seguiram a 1789, que culminaram na supresso fsica de toda uma gerao de homens pblicos e na ascenso de uma nova autocracia, serviu para iluminar s geraes futuras os perigos da excessiva valorizao do Executivo, em detrimento das minorias representadas no parlamento. O imenso custo, em vidas humanas, recursos e energia que a histria da luta pela democracia vem apresentando no deve servir de argumento para aqueles que, em todos os momentos, buscam substituir a democracia por outro regime. Esses buscam destruir o regime democrtico, atacando suas instituies, atravs de argumentos que, sob a capa da moralidade mais extremada, no escondem a nostalgia do cesarismo, o desejo de substituir a vontade popular pela vontade de um indivduo ou grupo pequeno de indivduos. Tal ttica no deixa de conhecer seu sucesso: para os despreparados ou ansiosos, a relativa lentido do processo democrtico pode ser facilmente confundida com vacilao, o entrechoque de opinies pode se

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assemelhar indeciso, o reconhecimento da existncia de nuances, com a fraqueza das convices. Para a sociedade democrtica, a existncia e o fortalecimento das instituies depende, muitas vezes, do exerccio das possibilidades oferecidas pelos acontecimentos histricos, por mais negativos que possam parecer. Esse o trao principal e a principal qualidade da democracia, seu permanente aperfeioamento. A atividade parlamentar caracterizada pela representatividade (em princpio, todos os extratos da sociedade se refletem no parlamento), pela colegialidade (existncia de um rgo coletivo que contm, em si, setores de situao e oposio) e pela continuidade (permanncia dos rgos legislativos ao longo do tempo). Tais caractersticas tornam o Congresso um organismo adequado para a operao de uma das mltiplas instncias de fiscalizao que, em uma democracia, ajudam a compor o sistema de freios e contrapesos destinado a evitar a tirania e o desvirtuamento das instituies. Vale notar que, ao longo do sculo XX, a funo de controle por meio do Parlamento tem adquirido cada vez maior relevo, conquistando, pode-se mesmo dizer, em algumas circunstncias, uma certa primazia em relao produo de normas, atribuio primria do Poder Legislativo. A demanda social por um ordenamento jurdico estvel, somada proliferao de fontes do direito decorrente da criao de novas instncias tcnicas dotadas de relativa capacidade de produzir normas, tais como, na presente conjuntura, os bancos centrais e as agncias reguladoras , produziram uma reduo relativa da capacidade legiferante dos Parlamentos em todo o mundo. Efetivamente, da totalidade das normas em vigncia nas sociedades modernas, existe uma significativa frao que no segue os trmites parlamentares tradicionais. Se mantiveram o monoplio de produo de normas hierarquicamente superiores, os parlamentos de todo o mundo no so responsveis pela totalidade das normas que afetam a sociedade. Principalmente em matrias tidas como de natureza tcnica, parte significativa da produo normativa est concentrada em rgos do Executivo, sendo apenas indiretamente derivados dos atos parlamentares. Em decorrncia, a fiscalizao dos atos administrativos assume uma importncia fundamental para a manuteno da regra da lei e das liberdades pblicas. Em um universo normativo em expanso constante, os atos do Executivo devem ser cuidadosamente analisados, sob pena de vermos abrir-se o espao para que floresam o abuso e o arbtrio.

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A atividade de controle parlamentar no , certamente, uma novidade. O prprio Montesquieu admitia que, aos parlamentos, caberia fiscalizar o cumprimento das normas por eles criadas. A execuo oramentria sempre foi um tema cuja fiscalizao parlamentar era admitida. Houve, no entanto, uma alterao substancial quanto natureza do poder de investigao dos parlamentos: a passagem de um poder implcito de investigao, baseado na capacidade do Legislativo de buscar a implementao dos atos dele oriundos, para uma faculdade, explicitamente reconhecida, de perquirio acerca de atos cuja competncia originria no seria, em princpio, do Congresso, tais como os atos de administrao, quer do Executivo, quer do Judicirio. As alteraes no padro tradicional de diviso dos poderes, com maior ingerncia do Executivo, tornam imperativa, portanto, uma maior participao do Poder Legislativo no controle dos atos dos governantes e de seus rgos auxiliares. Representantes do conjunto da sociedade e guardies das aspiraes ltimas dos povos, os Parlamentos devem se adaptar a essa nova realidade e desenvolver mtodos para desempenhar essa funo.

2.2

O Inqurito Parlamentar

A utilizao de Comisses Parlamentares para a discusso de temas especficos , precisamente, um mecanismo de controle democrtico dos atos de governo e um instrumento de aperfeioamento das instituies. A diviso dos trabalhos, pela qual um grupo de parlamentares recebe a incumbncia de escrutinar os temas pertinentes a uma dada rea da atividade, uma resposta lgica necessidade de maior celeridade na atuao parlamentar. Ao se admitir a diviso do corpo parlamentar em subgrupos regidos pelos mesmos princpios que regem a atividade parlamentar como um todo (representatividade, colegialidade, etc.), permite-se que o Congresso tenha uma atuao mais rpida no exame das questes que lhe so apresentadas, sem que haja perda da qualidade e do carter democrtico das decises. Como tantas outras prticas polticas, o uso de comisses representativas tem sua origem no desenvolvimento das instituies polticas da Gr-Bretanha. As inmeras reviravoltas da histria da Inglaterra, os golpes e contragolpes aplicados na luta entre Monarcas e Pares do Reino foram produzindo um conjunto de instituies que, ao cabo, no apenas eliminaram

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a ameaa do absolutismo real, como levaram corroso do poder da nobreza e a ascenso poltica do povo. Efetivamente, j durante o reinado de Eduardo III (1312-1377), podem ser colhidas notcias da formao de um corpo de parlamentares distinto da totalidade do Parlamento, destinado consecuo de uma atividade especfica. A partir do sculo XVII, a criao de comisses de investigao tornou-se uma prtica comum do Parlamento ingls, acentuada com a consolidao definitiva do poder parlamentar na Revoluo Gloriosa. Tais instituies serviram de modelo s congneres de todo o mundo. A utilizao de comisses para a investigao de tpicos especficos, tal como a conduta inadequada de um governante, firmou-se como uma das principais formas de atuao dos congressos para o encaminhamento de um dado assunto. Na maioria dos pases, a criao de comisses provisrias de investigao antecede, mesmo, a instaurao de comisses permanentes de processamento legislativo. Este foi precisamente o caso dos Estados Unidos da Amrica, onde se observa a criao da primeira comisso da Cmara dos Representantes em 1792 e a primeira do Senado em 1818, ambas destinadas a investigar assuntos referentes questo indgena. O exemplo da Frana revolucionria, por outro lado, mostra o perigo do abuso da utilizao do mecanismo das comisses. O aparelhamento do Comit de Salvao Pblica e o desmesurado crescimento de suas competncias levaram usurpao de poderes do Executivo e da prpria Assemblia Nacional, em um processo que culminou no Terror. Esse precedente retardou a criao de novas comisses na Frana psrevolucionria, o que somente ocorreu em 1828. A evoluo do instituto jurdico das comisses parlamentares de inqurito no Brasil ainda se encontra em andamento, ainda que o advento do regime constitucional de 1988 tenha constitudo um grande avano em relao aos perodos anteriores. A Constituio de 1824 no previa expressamente a formao de Comisses de Inqurito, salvo quanto ao poder de investigao, pelo Congresso, no tocante aos abusos cometidos pela administrao anterior, quando da vacncia do trono. No obstante, o Congresso mantinha, implicitamente, um poder geral de investigao que permitia a realizao de diligncias concernentes ao cumprimento das leis. Esse entendimento permitiu, por exemplo, a instalao, em 1882, de uma Comisso destinada ao exame do comrcio, da indstria fabril e da alfndega do Imprio. A proclamao da Repblica e a adoo da Carta de 1891 no trouxeram significativas alteraes matria. A Constituio seguiu omissa

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quanto realizao de inquritos parlamentares, como ocorria no Imprio, limitando-se a definir a competncia do Congresso para o exame das contas de cada exerccio. A hermenutica do texto constitucional, entretanto, desde cedo se inclinou pela admissibilidade da realizao de investigaes parlamentares de contedo mais amplo que a mera realizao do oramento. A simples existncia da possibilidade de instaurao de comisses, entretanto, no significou, durante a vigncia da Constituio de 1891, uma garantia de eficcia das investigaes conduzidas. As bases oligrquicas da poltica da Repblica Velha obstaram a consecuo de resultados, mesmo das comisses que se logrou implantar. A Constituio de 1934 foi a primeira a consagrar, em seu texto, o instituto da investigao parlamentar por meio de comisses. Ao faz-lo, o constituinte de 34 inaugurou duas caractersticas que, at hoje, balizam a prxis brasileira: a exigncia de que o pedido de instaurao de uma CPI conte com a participao de ao menos um tero dos membros de uma Casa e a necessidade de participao pluripartidria na composio de uma comisso. O golpe do Estado Novo e a outorga da Constituio de 1937 estancaram a evoluo institucional do sistema de investigaes parlamentares pelos anos subseqentes. Reduzido a uma mera condio de ratificador dos atos do Executivo, amordaado, o Parlamento poucas chances tinha, se as tinha, do exerccio do poder fiscalizador. O Congresso Nacional, ademais, esteve fechado durante todo o Estado Novo. O retorno democracia, consagrado na promulgao da Carta de 1946, reinstalou o Senado, e trouxe de volta, concomitantemente, as comisses parlamentares de inqurito, que se integraram, de forma plena, ao funcionamento das instituies polticas da poca: entre 1946 e 1967, a Cmara dos Deputados criou 240 comisses e o Senado, 13. Nenhuma comisso mista foi instalada. Data desse perodo, igualmente, a Lei n 1.579/52, que disciplina a matria e perdura at os dias de hoje. Tambm nesse perodo estabeleceu-se a praxe, hoje legalmente consagrada, de remessa do relatrio das comisses ao Procurador-Geral da Repblica. A Constituio de 1967/1969, por seu turno, encerra outro movimento restritivo. Outra vez, aos governantes de ento, interessava calar o Legislativo e o Judicirio, de forma a garantir a prevalncia exclusiva do Executivo. Para a evoluo institucional posterior cabe destacar que, durante o regime de 1967, estabeleceram-se limites temporais de durao das Comisses de Inqurito e quanto ao nmero de comisses que poderiam operar em cada momento.

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Muitas so as formas das restries que os regimes autoritrios impem aos instrumentos de exerccio democrtico dos poderes. Um curioso exemplo a determinao, no bojo da Constituio de 1969 (alnea f do pargrafo nico do art. 30), de que as CPIs deveriam funcionar exclusivamente na sede do Congresso Nacional, no sendo permitidas despesas com viagens de seus membros, ttica primria de que o regime autoritrio se valeu para, manipulando um critrio financista, restringir a capacidade de investigao do Congresso Nacional. A Constituio de 1988 fixou, esperamos que de forma definitiva, as caractersticas que regem o funcionamento das comisses de inqurito. Alm dos elementos acima transcritos, afastou qualquer dvida ao conferir s comisses de inqurito o exerccio de poderes semelhantes aos das autoridades judiciais. Dessa forma, estabeleceu critrios suficientes para que as CPIs se tornassem um instrumento efetivamente valioso para o combate corrupo e para o aperfeioamento democrtico. Em decorrncia, o Brasil posterior a 1988 vem assistindo atuao de diversas Comisses Parlamentares de Inqurito. Aos historiadores do futuro caber dizer quanto o Brasil de amanh ter sido influenciado por este trabalho de investigao parlamentar. Cabe dizer, no entanto, que, na busca da verdade, no podemos nos esquivar da preocupao com nosso Pas, seu presente e seu porvir, nem podemos nos afastar da luta aos males que motivaram a criao da presente Comisso Parlamentar.

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3 Balano dos trabalhos da CPMI dos CorreiosDesde a data de sua instaurao, em 9 de junho de 2005, a CPMI dos Correios se dedicou anlise de um vasto conjunto de dados, documentos, depoimentos e fatos relacionados a seu propsito. Para melhor organizao dos trabalhos e visando a mais ampla participao das diversas correntes polticas que compem a CPMI, este Relator concordou em compartilhar a orientao da investigao, dividindo-as em linhas que correspondem s cinco sub-relatorias e s relatorias-adjuntas: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Relatoria Adjunta, coordenao e sistematizao do trabalho (relatores adjuntos: Deputado Eduardo Paes e Deputado Mauricio Rands) sub-relatoria de Movimentao Financeira (sub-relator: Deputado Gustavo Fruet) sub-relatoria de Contratos (sub-relator: Deputado Jos Eduardo Cardozo) sub-relatoria de Fundos de Penso (sub-relator: Deputado Antnio Carlos Magalhes Neto) sub-relatoria de Normas de Combate Corrupo (sub-relator: Deputado Onyx Lorenzoni) sub-relatoria do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) (subrelator: Deputado Carlos Willian)

Os trabalhos contaram com a participao de servidores do Senado Federal, da Cmara dos Deputados, do Tribunal de Contas da Unio e rgos da Administrao Pblica Federal como o Banco Central e o Banco do Brasil. Posteriormente, houve o reforo de empresas de auditorias privadas contratadas pela Presidncia do Congresso Nacional. A equipe contou tambm com a colaborao da Polcia Federal, da Receita Federal e do Ministrio Pblico Federal. Parte das investigaes foi realizada no e pelo Tribunal de Contas da Unio, em um ajuste estabelecido entre aquela Corte e esta CPMI. Ademais, as auditorias da Controladoria-Geral da Unio foram valiosas para a CPMI. A CPMI dos Correios debruou-se sobre extensa base de dados, talvez a maior analisada em investigaes dessa natureza empreendidas pelo Congresso Nacional. Nesses nove meses, a base de dados

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dos sigilos bancrios foi carregada com mais de 20 milhes de registros bancrios e 33,8 milhes de registros telefnicos. Os contratos dos Correios e do Banco do Brasil com empresas na rea de publicidade foram minuciosamente analisados. Mais de 68 mil contratos dessa modalidade foram integrados base. A sub-relatoria de Fundos de Penso teve disposio informaes sobre mais de 11,3 milhes de registros de operaes financeiras fornecidos pela Bovespa, 70 mil operaes de Swap na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF). No Valerioduto, a movimentao financeira compreendida entre janeiro de 1997 a agosto de 2005 totalizou cerca de R$ 2 bilhes. O rastreamento de contas correntes e transferncias financeiras evidenciou ramificaes no exterior, como exemplifica a identificao da conta Dusseldorf, de propriedade do publicitrio Duda Mendona. Vale destacar o trabalho de filtragem de informaes nopadronizadas e incongruentes, provenientes de diversas fontes, como os investigados, instituies financeiras e rgos pblicos. Registra-se que, no raro, dados, informaes e documentos solicitados chegaram de forma incompleta e insuficiente, o que dificultou sobremaneira a anlise, em especial os relativos s informaes bancrias dos envolvidos. Ressalta-se o labor desta CPMI em promover um cruzamento de informaes aparentemente dspares, mas que, em anlise detida, com a ajuda de modernas ferramentas de pesquisa, mostram evidente correlao, como a proximidade das datas de repasse de recursos a polticos e as datas de votaes importantes no Congresso Nacional. A CPMI se empenhou em esclarecer as denncias e suspeitas de irregularidades que motivaram sua criao. Houve um esforo coordenado dos membros da comisso, revelado pelo total de 159 reunies realizadas, convocadas pelo Plenrio da Comisso e pelas cinco sub-relatorias, como apresentado no quadro:REUNIES Plenrio Sub-relatoria Contratos Sub-relatoria de Movimentao Financeira Sub-relatoria IRB Sub-relatoria de Fundos de Penso Sub-relatoria de Normas de combate corrupo TOTAL Qde. 65 39 08 07 24 22 165

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A participao dos parlamentares foi atuante, revelada pela apresentao de 1.602 requerimentos, dos quais 1.186 (74% do total) foram aprovados no Plenrio da Comisso. Apenas 5% dos requerimentos foram rejeitados ou considerados prejudicados, como possvel ver na tabela:

REQUERIMENTOS Apreciados Aprovados Prejudicados Retirados Rejeitados Pendentes

Qtde. 1602 1203 71 335 10 260

Vale destacar o perfil dos requerimentos analisados pela CPMI. A transparncia e os esclarecimentos dos fatos pautaram a atuao dos parlamentares: do total de 1.602 requerimentos apreciados, 931 deveram-se solicitao de transferncias de sigilo bancrio, telefnico e fiscal de pessoas e empresas investigadas e convocao dos depoentes. Muitos desses requerimentos foram transferidos para a CPMI da Compra de Votos. Dos 4.630 documentos analisados, cerca de 3.048 so de carter sigiloso, entre eles os dados bancrios, telefnicos e fiscais de 14 fundos de penso, 31 corretoras e milhares de pessoas fsicas e jurdicas. Os pedidos de informaes representaram 13% do total.REQUERIMENTOS APROVADOS Convocao Sigilo Informao Preferncia Administrativo Diligncias Busca e Apreenso Acareao Externa 566 365 222 10 20 6 5 1 8

Personagens importantes do episdio foram convocados a prestar esclarecimentos CPMI e opinio pblica, que, salvo raras oportunidades, pde acompanhar o andamento dos depoimentos. No total, 233 oitivas foram realizadas no Plenrio da comisso e nas sub-relatorias da CPMI, que trouxeram pistas importantes para as investigaes. Como exemplo, pode-se citar o depoimento do ex-Deputado Roberto Jefferson, que sustentou denncias de repasse ilegal de recursos a parlamentares e o primeiro depoimento do Sr. Jos Eduardo Mendona, conhecido como Duda

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Mendona, que admitiu ter prestado servios de publicidade sem o devido registro contbil e fiscal, alm de possuir conta no exterior. Contudo, no entender desta CPMI, os depoimentos poderiam ser mais elucidativos, no fosse o subterfgio utilizado por diversos investigados, como o absoluto silncio do publicitrio Duda Mendona, em seu segundo depoimento CPMI, e o empresrio Marcos Valrio Fernandes de Souza, que solicitaram, s vsperas de suas oitivas, a concesso de habeas corpus preventivo junto ao Supremo Tribunal Federal. Esta CPMI no questiona o direito constitucional de qualquer cidado, investigado ou no, reclamar habeas corpus Justia, quando sentir que sua liberdade est em risco. No entanto, esse direto inalienvel no pode servir como expediente para evitar que a verdade prevalea nos depoimentos. A prpria jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal slida no sentido de que a vedao auto-incriminao no faculta ao depoente calar a verdade quando ela no prejudique sua linha de defesa. No entanto, sob a mscara distorcida da proteo constitucional, os depoentes desobrigaram-se a relatar a realidade dos fatos e recusaram-se, sistematicamente, a responder a muitos questionamentos, alegando o direito a no se auto-incriminar. Sobre esse aspecto, urge mudana e esclarecimento no entendimento jurdico da atuao da Comisso Parlamentar de Inqurito, na legislao e no procedimento da CPMI, que detalharemos no captulo 11 do presente Relatrio. Cabe tecer comentrios, tambm, acerca do senso de oportunidade do Congresso Nacional em atuar diretamente na apurao das denncias que se apresentaram sociedade brasileira. A necessidade da criao desta CPMI, que chega s suas concluses finais neste relatrio, foi ponto fulcral neste debate. Ainda que sob o calor dos acontecimentos, que continuam a surpreender a todos, neste ponto da Histria possvel observar que as investigaes e a apurao das denncias eram urgentes e necessrias. A CPMI dos Correios desencadeou um processo de depurao pblica que, inegavelmente, catalisou a ateno da sociedade brasileira e da opinio pblica, e deu passos fundamentais para a elucidao de crimes e irregularidades administrativas. As sindicncias, auditorias e procedimentos administrativos instaurados e levados adiante em diversos rgos da administrao pblica, em muitas oportunidades aps a data de instaurao da CPMI, atestam a importncia da atuao parlamentar neste episdio. As conseqncias abrangeram no s os Correios, a pedra fundamental das investigaes, mas instituies como o Banco do Brasil, a Secretaria de Comunicao da Presidncia da Repblica, diretrios nacionais

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e estaduais partidrios e o prprio Congresso Nacional. importante ressaltar que as medidas tomadas por outras instituies, como os rgos envolvidos e outros encarregados de apurar os fatos ocorridos, notadamente o Tribunal de Contas da Unio, a Controladoria-Geral da Repblica, a Polcia Federal, a Receita Federal e o Ministrio Pblico Federal, convergem na direo das investigaes realizadas pela CPMI e vo ao encontro das concluses apontadas neste relatrio. difcil precisar a magnitude desse processo, que continuar permanentemente a produzir resultados, mesmo depois de findos os trabalhos da CPMI dos Correios. Os reflexos na principal instituio investigada, os Correios, so modelares desse processo. O episdio envolvendo as denncias desencadeou 24 processos de sindicncia na estatal, dos quais 4 foram concludos com deciso administrativa. No dia 9 de junho de 2005, o Presidente dos Correios deixou a instituio, em companhia dos ento diretores do rgo. Trs funcionrios, entre eles Maurcio Marinho, foram demitidos por justa causa em setembro do ano passado. Outros 20 empregados ocupantes de funes de confiana foram afastados, preventivamente, para que as investigaes pudessem prosseguir com independncia. No perodo de maio de 2005 para c, foram aplicadas multas no montante de R$ 31.439.286,10, muitas envolvendo empresas investigadas pela CPMI, como a Novadata, a Precision, a COMAM. O contrato com a agncia de publicidade SMP&B foi rescindido unilateralmente pelos Correios. Da mesma forma, a instituio cancelou o contrato com a empresa Precision, multada em R$ 849.769,45 por atraso na entrega de produtos, havendo sido a empresa ainda impedida de participar de licitaes pelo perodo de dois anos. Ademais disso, diversas medidas administrativas nos Correios foram tomadas. Alm das providncias tradicionalmente cabveis, como o encaminhamento das denncias ao Ministrio Pblico Federal e a publicao de edital de licitao para contratao de novas agncias de publicidade, o manual de licitao da Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos passou por ampla reviso, com melhores definies de responsabilidades para os gestores, entre outras medidas administrativas, como possvel ver no quadro abaixo. Outros rgos da administrao pblica passaram por processo semelhante. O Presidente e os Diretores do IRB, por exemplo, tambm foram afastados em junho, aps a publicao das denncias. O Banco do Brasil concluiu auditoria, no final de 2005, que apontou vrias irregularidades no contrato firmado com a agncia de publicidade DNA. O Fundo Visanet foi extinto e o Banco do Brasil tomou outras providncias, como a reviso das

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regras do processo licitatrio. Da mesma forma, a Eletronorte, o Ministrio do Trabalho, dos Esportes e da Cmara dos Deputados tomaram providncias. A Receita Federal instaurou 95 procedimentos. Outras instituies, como o Conselho de Administrao de Atividades Financeiras (Coaf), a Receita Federal e a Polcia Federal tambm produziram trabalhos consonantes com as investigaes da CPMI. Em documento oficial, o Departamento de Justia dos EUA admitiu a gravidade dos fatos descobertos pela CPMI e concordou em transferir as informaes sobre sigilos bancrios nos EUA de contas correntes relacionadas s investigaes. A viagem encetada a Nova Iorque e Washington por parlamentares da CPMI j produziu resultados e, ainda, descortinou, para o futuro, um amplo espectro de intercmbio de esforos, valorizando nosso Congresso Nacional. Os quadros a seguir renem algumas das principais providncias tomadas por outras instituies relacionadas s investigaes da CPMI dos Correios, e informam as autoridades e funcionrios pblicos que foram afastados do cargo por conta das denncias: PROVIDNCIAS TOMADAS POR OUTRAS INSTITUIES RELATIVAS S INVESTIGAES DA CPMI DOS CORREIOS INSTITUIOCorreios

PRINCIPAIS MEDIDAS a) abertura de 24 processos de sindicncias b) Multas no valor de R$ 31.439 mil entre maio de 2005 e janeiro de 2006 c) Trs funcionrios demitidos por justa causa d) reestruturao administrativa em vrias instncias e) adoo de novos procedimentos na poltica de patrocnio f) nova licitao para contratao de agncias de publicidade g ) reformulao da RPN

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Banco do Brasil

A) realizao de auditoria que apontou diversas irregularidades B) extino do Fundo VISANET C) suspenso do servio de publicidade D) resciso de contrato com a DNA E) reviso do processo licitatrio e nova licitao para contratao de agncias de publicidade F) criao do ncleo de pagadoria G) parametrizao de preos de aes culturais H) reestruturao da Diretoria de Marketing I) criao do ncleo de preos e fornecedores J) institucionalizao do Plano Anual de Comunicao Abertura de 40 procedimentos fiscais relativos a pessoas e empresas investigadas pela CPMI dos Correios Relatrio que aponta movimentao suspeita em contas relacionadas ao Sr. Jos Eduardo Mendona no Exterior

Receita Federal

COAF

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AUTORIDADES AFASTADAS/PROCESSADAS EM DECORRNCIA DO EPISDIOINSTITUIO CORREIOS NOME CARGO Joo Henrique de Presidente dos Correios Almeida Souza Robison Kouri Diretor de Recursos Humanos Viana da Silva Ricardo Henrique Diretor Financeiro Suer Caddah Carlos Eduardo Diretor Comercial Fioravante da Costa Maurcio Chefe do Departamento Marinho Contratao dos Correios Fernando Leite de Assessor da Godoy Administrao Eduardo Coutinho Lins BANCO BRASIL Diretoria DATA DO AFASTAMENTO 09/0605 09/06/2005 09/05/2006 09/05/06 de Afastado em14/05/05 Demisso por justa causa em 08/09/05 de Afastado em 16/05/05. Demitido por justa causa aps sindicncia interna de Afastado em 16/05/05. Demitido por justa causa aps sindicncia interna. 10/07/05

Assessor do Departamento Compras e Suprimentos

DO Henrique Diretor de Marketing Pizzolato Antnio Batista Diretor de Marketing da Brasil 18/07/05 Brito Veculos Josenilton Alves Diretor do Ncleo do Centro 18/07/05 Rodrigues Cultural BB do RJ Luiz Eduardo Vice-Presidente de Finanas 06/07/05 Franco de Abreu Edson Monteiro Responsvel pela rea de Varejo e 06/07/05 Distribuio COBRA Eduardo Armond Diretoria de Negcios e Relaes 10/06/05 com o Governo MINISTRIO DA Glnio Guedes Procurador da Fazenda Nacional e 06/07/05 FAZENDA Diretor do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Juscelino Antonio Chefe-de-Gabinete do Ministrio 01/09/05 Dourado da Fazenda SECOM Luiz Gushiken* Secretrio de Comunicao 02/08/05 Marcus Vincius Subsecretrio de Comunicao 02/08/05 di Flora IRB Luiz Appolonio Presidente 09/06/2005 Neto Manoel Morais Vice-Presidente 09/06/2005 de Arajo Alberto de Diretor Financeiro 09/06/2005 Almeida Pais Murilo Goulart Diretorias de Riscos e Sinistros e 09/06/2005 Barbosa Lima de Riscos de Transportes Luiz Eduardo Diretor de Riscos de Propriedade 09/06/2005 Pereira de Lucena ELETRONORTE Roberto Garcia Presidente Pediu demisso em 06/06/05 Salmeron ABIN Mauro Marcelo Diretor-Geral da Abin 13/07/05 Lima e Silva CASA DA MOEDA Manoel Severino Presidente da Casa da Moeda do 03/08/06 Brasil Deputado Presidente do PTB Cassado em 14/09/05

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PARLAMENTARES Roberto Jefferson Deputado Jos Deputado do PT Cassado em 30/11/05 Dirceu Deputado Presidente do PL Renunciou em 1/08/06 Valdemar Costa Neto Deputado Bispo Deputado do PL Renunciou em 12/09/05 Rodrigues Deputado Paulo Deputado do PT Renunciou em 17/10/05 Rocha Deputado Jos Deputado do PMDB Renunciou em 17/10/05 Borba Deputado Pedro Deputado do PP Cassado em 15/03/2006 Corra Deputado Joo Deputado do PT Absolvido pelo Plenrio da Magno Cmara em 22/03/06 Deputado Deputado do PL Ab