relatório anual - 1997

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Page 1: Relatório Anual - 1997
Page 2: Relatório Anual - 1997

Sumário

Apresentação temática

Perfil

O BB em grandes números

Mensagem da Diretoria

Ensaio de Affonso Romano de Sant’Anna — Em busca da brasilidade

Ambiente econômico e indústria bancária

Desempenho financeiro

Ensaio de Décio Pignatari — O sonho brasileiro: resgate e avanço

Acordo com a Previ

Infra-estrutura

Ensaio de Jorge Caldeira — Globalização à brasileira

Expansão dos negócios

Ensaio de Roberto DaMatta — Um só Brasil — Muitas brasilidades

Transparência nas relações com os investidores

Conquistando o mercado

Estrutura do Conglomerado

Arquitetura organizacional

Principais segmentos negociais

Page 3: Relatório Anual - 1997

Apresentação temática – Em diversas áreas da cultura, a idéia já é conhecida: quanto mais

regionalizada for a mensagem, maior será sua universalidade. O Relatório Anual 1997 do Banco do Brasil

aposta nessa afirmativa e aborda o tema “brasilidade”. Assim, tenta ser contemporâneo pelo fortalecimento

de valores pátrios, no contraste com um mundo onde as fronteiras se diluem.

O Banco do Brasil ostenta uma identificação profunda com o País. Para apresentar essa característica inco-

mum e privilegiada, estamos oferecendo, neste relatório, imagens inéditas de um Brasil que “mostra a sua

cara”, através do cotidiano de cidadãos comuns. Os momentos captados pelo fotógrafo gaúcho Eduardo

Tavares registram a brasilidade não-institucionalizada, exibida por suportes inusitados como o artesanato,

as festas populares ou o próprio corpo dos personagens. São expressões marginais dos valores de um povo

que cria e recria, a todo momento, novos rituais de celebração da Pátria.

A exemplo do último Relatório Anual, estamos mantendo o propósito de publicar, junto às informações insti-

tucionais, ensaios exclusivos assinados por nomes que são referência em diversos campos do conhecimento.

Nesta edição, o tema “brasilidade”, fonte inesgotável de produção de idéias, é abordado por Affonso Romano

de Sant’Anna, Décio Pignatari, Jorge Caldeira e Roberto DaMatta. Os autores escrevem sobre uma identidade

exuberante, bem brasileira, que se forma na contramão do individualismo e da racionalidade técnica.

A essas reflexões, soma-se o relato sobre o desempenho de um Banco que adotou como lema ser o “banco do

Brasil” — um conceito apropriado, cunhado na história e nas realizações da Instituição. Nas páginas que se

seguem, há informações que, formando o retrato financeiro de uma empresa, mostram a força desse País de

muitas faces e identidades.

Page 4: Relatório Anual - 1997

Perfil – Nos últimos anos, as mudanças no Banco do Brasil revelaram que a maior instituição financeira

da América Latina adquiriu notório senso de velocidade e capacidade de se adequar às transformações do

ambiente. Aos conceitos de solidez e confiança, que se enraízam em quase dois séculos de história, o Banco

vem procurando agregar os de eficiência e qualidade, hoje referenciais para o merc a d o .

O Banco do Brasil está representado por mais de 4.000 pontos de atendimento (2.777 agências) localizados

em todo o território brasileiro. A rede é interligada por um sistema de troca de informações em tempo real,

que também favorece o aperfeiçoamento das estratégias de distribuição de produtos e serviços.

No exterior, são 34 unidades (cinco escritórios de representação, cinco subsidiárias integrais, 22 agências

e duas sub-agências).

O Programa de Qualidade dissemina por toda a Empresa os conceitos que sustentam as grandes mudanças.

Também integra os 76,4 mil funcionários na realização de um novo projeto para o Banco. Nesse sentido,

a capacitação dos profissionais é fator estratégico, aliado à introdução de novos parâmetros de remuneração,

centrados nos resultados e desempenhos.

Os investimentos em tecnologia, crescentes a cada ano, são também a face concreta de um novo Banco,

mais ágil e eficaz. Na área voltada para pessoas físicas, no a g r i b u s i n e s s e também no segmento comercial,

o Banco procura tornar mais fácil o acesso ao crédito. Os resultados são eloqüentes, especialmente no varejo

e no setor rural, onde a automação de mecanismos de concessão de financiamentos ajudou a levar o crédito

a todas as faixas de clientes.

A qualidade dos serviços prestados aos acionistas e clientes são os alicerces de um Banco que se posiciona

Page 5: Relatório Anual - 1997

como o “banco do Brasil”. Somos hoje o retrato de uma empresa que mudou para se fortalecer.

Uma Instituição que busca um futuro sustentado pela geração de resultados, pela transparência de suas

demonstrações contábeis e por uma profunda identificação com as demandas de seus clientes.

Page 6: Relatório Anual - 1997

O BB em grandes números – Consolidado operacional das dependências (agências e subsi-

diárias integrais no País e no exterior) — Legislação Societária.

1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 6 1 9 9 7

R$ milhões US$ milhões (*)

No ano

Receitas totais 19.549 22.649 18.808 20.288

Despesas totais 27.075 22.075 26.049 19.774

Resultado líquido (7.526) .574 (7.241) .514

Dividendos - 163.627 - 146.567

Ao final do ano

Ativo total 82.633 108.916 79.501 97.560

Operações de crédito 25.737 26.007 24.761 23.295

Depósitos 45.196 55.305 43.483 49.538

Patrimônio líquido 5.592 6.003 5.380 5.377

Capital social 1 6 . 3 1 3 5 . 5 8 7 1 5 . 6 9 5 5 . 0 0 5

Page 7: Relatório Anual - 1997

R$ por lote de mil ações US$ por lote de mil ações (*)

Lucro/(prejuízo) (10,57) 0,81 (10,17) 0,73

Dividendos

ON -1º semestre - 0,1153 - 0,1033

2º semestre - 0,1097 - 0,0983

PN - 1º semestre - 0,1153 - 0,1033

2º semestre - 0,1207 - 0,1081

Valor patrimonial 7,80 8,43 7,50 7,55

1996 1997

Nº de ações 711.972.313.081 711.972.313.081

Ordinárias 399.184.582.309 399.184.582.309

Preferenciais 312.787.730.772 312.787.730.772

Rede de dependências

País 4.443 4.445

Exterior (inclui subsidiárias) . 37 . 34

Nº de funcionários 85.361 76.387

1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 6 1 9 9 7

Page 8: Relatório Anual - 1997

Subsidiárias no País (**) A t i v o P L L L Rent./PL %

R $ US$ (*) R $ US$ (*) R $ US$ (*)

BB Banco de Investimento S.A. 1.863,01 1.668,77 313,35 280,68 202,70 181,57 64,69

BB Dist. Tit. e Val. Mob. S.A. 1.797,09 1.609,72 158,99 142,42 39,54 35,41 24,87

BB Financeira S.A. 1.726,09 1.546,12 94,79 84,91 54,58 48,49 57,58

BB Leasing S.A. 664,29 595,03 115,13 103,13 68,12 61,02 59,17

BB Adm. de Cartões S.A. 652,39 534,37 68,52 61,38 38,28 34,29 55,87

BB Corretora de Seguros S.A. 133,33 119,43 28,81 25,81 7,66 6,87 26,59

Subsidiárias no exterior (**) A t i v o P L L L Rent./PL %

R $ US$ (*) R $ US$ (*) R $ US$ (*)

BB Europe 172,49 154,26 17,95 16,05 0,74 0,66 4,12

BB Leasing Co. 146,28 131,03 115,39 103,36 11,35 10,17 9,84

BAMB 6.824,69 6.113,12 1.110,98 995,14 290,60 260,30 26,16

BB AG Viena 287,73 257,06 16,07 14,35 1,44 1,29 8,96

* Taxa de conversão em 31.12.96: US$ 1,00 = R$ 1,0394 — em 31.12.97: US$ 1,00 = R$ 1,11 6 4 .

** Valores em milhões. Posição: 31.12.97.

Page 9: Relatório Anual - 1997

Mensagem da Diretoria

Senhores Acionistas e Clientes – Em 1997, o estreitamento do sistema financeiro — evidenciado

pela perda crescente de participação no Produto Interno Bruto (PIB) — e a chegada dos conglomerados

internacionais exigiram novas estratégias para reduzir custos, ampliar investimentos em tecnologia, restabele-

cer a cultura do crédito, disseminar o foco nos resultados e capacitar qualitativamente os profissionais.

Boa parte desses esforços foi canalizada para o setor de varejo. O Banco do Brasil demonstrou capacidade

de se adaptar às exigências do mercado, oferecendo novas opções de crédito a grupos segmentados de

clientes e produtos modelados de acordo com a nova realidade econômica.

O Banco também se consolidou como o grupo que mais cresce na área de seguridade. Essa nova fronteira

de negócios, pelo momento que o País atravessa, é marcada pelo acirramento da competição e pela criativi-

dade no lançamento de produtos inéditos e adequados às mais diversas demandas. Continuamos sendo

destaque na área de mercado de capitais. O Banco, além de líder na administração de recursos de terc e i r o s ,

destaca-se pelo amplo leque de opções oferecidas aos investidores.

Para ampliar a base de clientes (tanto pessoas físicas quanto jurídicas), e para sustentar essa nova fase, o

Banco vem realizando investimentos maciços em novas tecnologias, pilar de qualquer projeto de expansão

de negócios. Na base conceitual de todas essas transformações, continua a disseminação do Programa de

Qualidade, que vem integrando todos os funcionários na construção de um novo Banco.

A conquista do certificado ISO 9002 para o gerenciamento de Travelers Cheque, em outubro, e para a

Central de Análise de Crédito, em novembro, é também parte do êxito que marcou o ano de 1997.

Page 10: Relatório Anual - 1997

Com a metodologia atualmente adotada na análise do crédito, o BB volta a ser referência para o mercado.

Em 1997, o Banco do Brasil deu continuidade ao modelo de gestão de riscos de mercado, iniciado em 1996.

O projeto está sendo instalado na BB DTVM, na Gerência de Operações Financeiras – Gerof e no Brazilian

M e rchant Bank – BAMB. As demais carteiras serão incorporadas paulatinamente. A implantação de uma

tesouraria moderna está diretamente vinculada aos resultados de um modelo eficaz de gestão de riscos.

Convênio firmado com o Instituto Nacional de Reforma Agrária – Incra vem possibilitando a recuperação

de dívidas de difícil solução. Em 1997, 148 áreas (617.492 ha) foram destinadas ao Programa de Reforma

Agrária. Foi instaurado processo fundiário de 36 imóveis, com área de 223.160 ha, no valor de R$ 55

milhões, permitindo o assentamento de quase 4.700 famílias.

Na perspectiva de um futuro sustentado, merece destaque a negociação, com a Caixa de Previdência dos

Funcionários do Banco do Brasil – Previ, do passivo referente à complementação da aposentadoria do pes-

soal admitido até 14.4.67. Os associados também foram beneficiados com as mudanças no estatuto

e no plano de benefícios da Previ.

O esforço tem sido também no sentido de sensibilizar os funcionários e canalizar nossa criatividade para

oferecermos o melhor atendimento bancário do País. Afinal, a perpetuidade da Empresa e a retribuição aos

acionistas estão na proporção direta das soluções que encontrarmos para enfrentar a concorrência crescente.

Em um ambiente de profundas transformações, essa distinção nos credencia para enfrentar melhor o futuro.

Esse é o nosso compromisso com nossos clientes, acionistas e investidores. A Diretoria.

Page 11: Relatório Anual - 1997

Em busca da brasilidade — por Affonso Romano de Sant’Anna*

Que país é este?José de A l e n c a r

Que país é este?Machado de A s s i s

Que país é este?Deputado Francelino Pereira

Nenhum Brasil existe. Acaso existirão os brasileiros? Carlos Drummond de A n d r a d e

O Brasil tem mudado de pele. E, certamente, de ossatura. Sendo um ser em metamorfose, há 500 anos,

é legítimo que o Brasil de hoje não seja exatamente o de ontem, assim como o de amanhã não será o de

agora. Isto contraria uma definição de brasilidade entendida como uma “essência”, algo imutável, idêntica

a si mesma no fluir dos anos. E introduz uma inquietação e complexidade: o sentimento de “brasilidade”

é diferenciado diacronicamente conforme o momento histórico percorrido, assim como é diverso num

mesmo instante sincrônico, conforme as cabeças que pensam o Brasil.

Qual a diferença entre o que ia na cabeça de Martim Afonso de Souza na primitiva São Paulo do século

XVI e o que vai na cabeça de um industrial paulista hoje? Qual a diferença (ou identidade?) entre a visão

de Anchieta e Nóbrega e as ações políticas e sociais da Igreja Católica em nossos dias? Em quê o Brasil de

Machado de Assis é diferente do de Guimarães Rosa? Niemeyer diz vir de uma tradição barroca. Mas quais

as diferenças e identidades entre ele e Aleijadinho?

Diria que, diacronicamente, o sentimento de brasilidade conheceu pelo menos três instantes específicos:

Page 12: Relatório Anual - 1997

o de defesa da territorialidade, o da expectativa imperial e o da consciência nacionalista. E que agora, ao

cruzarmos para o século XXI, está sendo de novo redimensionado.

A incorporação da territorialidade coincidiu com os nossos três primeiros séculos: o colonizador aqui radi-

cado, tendo exterminado e/ou dominado os índios, percebeu que o seu destino e o da terra eram o mesmo.

O inimigo mais ameaçador vinha do exterior: os holandeses, os franceses e os corsários que queriam aqui

estabelecer entrepostos e colônias.

Com a Independência em 1822, a consciência imperial se configura e domina o resto do século XIX.

Exemplifica-se em guerras de fronteira, que reafirmam a territorialidade e marcam os avanços geo-

econômicos e políticos. Os inimigos não vinham mais da Europa, mas eram nossos vizinhos (Paraguai,

A rgentina etc.). Caxias e Rio Branco são emblemas da consciência de territorialidade associada à consciência

i m p e r i a l .

No século XX, sobretudo a partir dos anos 20 e 30, e depois nos anos 50, 60 e 70, com os monopólios

estatais, a exacerbação nacionalista propiciou uma alteração nesse quadro. A ameaça não era mais guer-

reira nem fronteiriça, mas econômica. Brasilidade e nacionalismo se confundiram e iniciou-se uma ver-

dadeira disputa ideológica para ver que partido, que líder ou quem era mais e melhor brasileiro. O moder-

nismo literário com comunistas e integralistas, a disputa entre esquerda e direita são trilhas nessa estrada.

Esses três instantes mencionados podem, no entanto, se superpor. Defesa da territorialidade, expectativa

imperial e consciência nacionalista, em maior ou menor escala, podem estar no Padre Vieira que pensava

no advento do Império de Cristo sediado nos povos de língua portuguesa, ou nos intelectuais modernistas

que reeditaram o mito expansionista dos bandeirantes e queriam um “Brasil grande”, tanto quanto os gene-

Page 13: Relatório Anual - 1997

rais-presidentes, como Geisel.

Se os anos 80, através da mística da “cidadania”, trouxeram a batalha pelos direitos de “minorias” e

“excluídos”, é possível que os anos 90 estejam sendo um outro momento de inflexão na metamorfose da

brasilidade: a entrada na globalidade força a revisão da consciência nacionalista, cobra uma autocrítica da

vocação imperial e confronta a territorialidade real com a territorialidade virtual da era da internet.

Até o final do século XIX, por outro lado, a brasilidade era um atributo da elite branca a que tiveram direito

os imigrantes que aqui aportaram. Formalmente, os ex-escravos negros passaram a se habilitar a ela a partir

de 1888 com a lei que os libertou. Os índios, apenas no século XX, com o Marechal Rondon, começaram

a ser convocados para a brasilidade e forçaram mais ainda sua participação a partir dos anos 80.

Sintomaticamente na passagem dos anos 70 para os 80, uma pergunta pairou no ar envolvendo a questão

da brasilidade. E aí, nós, os brasileiros, de modo explícito, nos perguntávamos angustiadamente: “que país

é este?”. Descobriu-se, então, que em Machado de Assis havia a mesma pergunta numa de suas crônicas.

E a mesma indagação estava literalmente escrita num texto de José de Alencar. Isto nos faz supor que Tira-

dentes, lutando pela Independência, e André Vidal de Negreiros, pelejando contra os holandeses, também

se punham a mesma questão. Mas evidentemente teriam repostas diferentes para a própria perplexidade.

Daqui a cem, duzentos, trezentos anos se poderá fazer outro Relatório do Banco do Brasil sobre este tema.

O País já não será o mesmo, embora, nós, os intelectuais, procuremos o ontem no hoje e queiramos proje-

tar o hoje no amanhã. A pergunta será a mesma, mas as respostas serão necessariamente diferentes.

A menos, é claro, que ocorra episódio semelhante ao fim do Império Romano e o mundo se reorganize de

outra forma, talvez sem as nacionalidades como as conhecemos hoje. Com efeito, na Europa, África e Ásia,

Page 14: Relatório Anual - 1997

neste século, países trocaram de fronteiras e de nomes, outros surgiram e desapareceram. E há casos de

comunidades como a dos judeus, a dos palestinos e a dos ciganos que existiram e existem até sem território.

Neste sentido, a América tem sido privilegiada, pois tem mantido seu mapa sem grandes modificações,

nos últimos séculos.

No livro Caráter Nacional Brasileiro, Dante Moreira Leite reuniu os muitos conceitos de brasilidade expres-

sos desde nossas origens até a metade deste século. É um painel amplo e contraditório. Essa contradição

ou dialética sempre existiu. Os autores românticos eram ufanistas. Os modernistas viraram o Brasil pelo

avesso, radicalizaram a questão e até chegaram, como Drummond, a duvidar se o Brasil e os brasileiros

realmente existiam.

Nas últimas décadas, mais teorias surgiram, diferenciando e enriquecendo esse acervo. E assim o País se

constrói entre ufanismo e crítica, entre paráfrase laudatória e paródia crítica. O século XXI está aí. É

possível até que ele já tenha começado quando caiu o muro de Berlim e a internet descentralizou de vez a

informação e redistribuiu as fontes de poder.

Ao se fazer a pergunta sobre a brasilidade hoje, de uma coisa pode-se estar certo: a brasilidade não se con-

tenta mais com a territorialidade satisfeita, não se exercita mais numa vocação imperial, não se basta nas

disputas nacionalistas. Algo de novo está se configurando. E a primeira condição para se ver o novo é saber

assinalar, destacar, descartar ou rearticular o que ficou velho.

Quem tem ouvidos ouça, e quem tem olhos veja, diz o pregador.

* E s c r i t o r, professor universitário, jornalista, com participação ativa em movimentos que transformaram a poesia brasileira. Autor de trabalhos querevelam profunda sensibilidade política e social, é considerado um dos mais influentes cronistas do País. Foi presidente da Biblioteca Nacional (RJ)e da Associação de Bibliotecas Nacionais Ibero-americanas. Publicou cerca de 30 livros, entre crônicas, ensaios e poesias.

Page 15: Relatório Anual - 1997

Ambiente econômico e indústria bancária – No cenário econômico mundial, o ano

de 1997 foi marcado pela crise no Sudeste Asiático e sua influência no desempenho das bolsas de valores de

todo o mundo. Os efeitos também atingiram o sistema financeiro da Tailândia, da Coréia do Sul e explici-

taram a precariedade do setor bancário japonês.

O Governo brasileiro reagiu à crise com o aumento das taxas de juros — de 22% a.a., em outubro/97, para

43% a.a., em novembro/97 —, a fim de manter a atratividade do País ao capital internacional. A d o t o u ,

ainda, conjunto de medidas (“pacote fiscal”) para absorver o impacto da elevação dos juros sobre as contas

p ú b l i c a s .

Bancos estrangeiros no Brasil: participação no setor bancário privado brasileiro

Ativo To t a l

Operações de Crédito

Patrimônio Líquido

Lucro Líquido

6 , 8 %

3 , 5 %

D e z / 9 4 D e z / 9 5 D e z / 9 6 J u n / 9 7

Fonte: Austin Asis, in Folha de S.Paulo 2 8 . 9 . 9 7 .

7, 1 % 7,2 %

9 , 2 %

3,6%

6 , 7 %

2 , 7 %

9 , 5 %

4,3%

7 , 2 %6 , 5 %

16 , 6 %17, 0 %

12 , 4 %

8 , 8 %

Page 16: Relatório Anual - 1997

O sistema financeiro brasileiro, que está concluindo com sucesso sua reforma, vem superando os efeitos da

crise asiática sem maiores conseqüências. Nesse segmento, o ano de 1997 confirmou tendências de maior

seletividade na concessão de créditos e de aumento da desintermediação bancária. Também consolidou o

interesse dos bancos estrangeiros pelo mercado nacional. Em junho/97, o capital estrangeiro já detinha cerc a

de 12% do patrimônio líquido e 16,5% dos ativos totais consolidados do setor bancário brasileiro.

Para reforçar sua posição competitiva, o Banco do Brasil promoveu novos ajustes em 1997, em busca de

negócios de maior rentabilidade e da diversificação de produtos e serviços.

O Brasil em grandes números

1 9 9 6 1 9 9 7 1998 e

Inflação - % a.a. 10,0 4,8 3,1

Balança comercial - US$ bi (5,5) (8,4) (4,0)

Fluxo de comércio - US$ bi 100,9 114,4 121,1

Variação do PIB - % 2,8 3,0 1,0

Juros reais - % a.a. 16,5 17,6 21,1

Reservas internacionais - US$ bi 60,1 52,2 60,3

e: estimativa.

Page 17: Relatório Anual - 1997

Desempenho financeiro

Os dividendos de nossos esforços – A proposta de distribuição do Lucro Líquido do exercício —

R$ 573,8 milhões, dos quais R$ 286,1 milhões relativos ao segundo semestre — prevê destinação aos

acionistas, a título de dividendos, de 30% do lucro líquido ajustado pela Reserva Legal. Conforme alteração

estatutária ocorrida no segundo semestre, as ações preferenciais têm direito a dividendos, no mínimo, 10%

superiores aos atribuídos às ações ordinárias. Do lucro do exercício, 5,0% serão destinados para Reserva

Legal e 3,0%, para Reservas Estatutárias. O saldo restante constituirá as Reservas para Expansão, a fim de

atender à política de modernização tecnológica e de investimentos da Empresa.

O Resultado da Intermediação Financeira atingiu R$ 2.231,4 milhões. As Receitas da Intermediação

Financeira cresceram 10,1% — de R$ 13.667,6 milhões, em 1996, para R$ 15.050,9 milhões, em 1997.

Destinação do Lucro Líquido em 1997

Reservas para Expansão

Reserva Legal

Reservas Estatutárias

Ações Ordinárias

Ações Preferenciais

6 3 , 5 %

5 , 0 % 3 , 0 %1 5 , 3 %

1 3 , 2 %

1º sem/97 2º sem/97 To t a l

Lucro Líquido 287.726 286.093 573.819

Reserva Legal 14.386 14.305 28.691

Res. Estatutárias 8.632 8.583 17.215

Dividendos 82.090 81.536 163.626

Reservas p/ Expansão 182.618 181.669 364.287

Page 18: Relatório Anual - 1997

Tal acréscimo concentrou-se nas Receitas de Operações de Crédito, que passaram de R$ 7.110,6 milhões

para R$ 9.143,7 milhões, grande parte em conseqüência da efetivação das rendas de operações inscritas em

Créditos em Liquidação, não ajuizados, no valor de R$ 2.100,0 milhões (Lei 9.430/96). O efeito desse

aumento foi anulado pelo reforço à Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD, pelo mesmo

v a l o r, a débito de resultado. As Despesas da Intermediação Financeira atingiram R$ 12.819,5 milhões —

queda de R$ 3.403,0 milhões (21,0%) — e explicam, em grande parte, a elevação do Resultado da

Intermediação Financeira.

O Resultado de Participações em Coligadas e Controladas, credor de R$ 643,5 milhões, foi outro destaque

na composição do superávit do exerc í c i o .

As Receitas de Prestação de Serviços alcançaram R$ 2.537,8 milhões e representam 30,3% do total das

despesas administrativas. Em 1996, a relação correspondia a 29,4%.

Despesas de Pessoal / Despesas Administrativas

8 7 , 4 %8 4 , 6 %

8 0 , 3 %7 6 , 6 % 7 4 , 8 %

1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7

Page 19: Relatório Anual - 1997

O ativo total do Conglomerado alcançou R$ 108,9 bilhões, com expansão de R$ 26,3 bilhões — 31,8%.

A carteira de Operações de Crédito totalizou R$ 36,9 bilhões, sem o efeito da PCLD. O crescimento foi de

R$ 5,3 bilhões — 16,9%.

Qualidade do Ativo – Inadimplência

A carteira de Depósitos a Prazo, à Vista e de Poupança — R$ 53,6 bilhões — cresceu 25,6% em relação a 1996.

O Patrimônio Líquido atingiu R$ 6,0 bilhões, já sensibilizado pela distribuição do lucro líquido do segundo

semestre, e as ações alcançaram valor patrimonial de R$ 8,43 por lote de mil, considerada a quantidade

atual de 711.972.313.081 ações.

(Atraso + CL) /Ativos de Crédito

Provisões/(Atraso + CL)

Consolidado — Legislação Societária / Operações de Crédito + Arrendamento Mercantil + Outros Créditos.

D e z / 9 3 D e z / 9 4 D e z / 9 5 D e z / 9 6 D e z / 9 7

8 %

3 5 , 5 %

11 , 2 % 1 2 , 6 % 1 3 , 3 % 1 3 , 3 %

2 8 , 6 %

7 5 , 9 %

111 , 9 %

1 4 0 , 8 %

Page 20: Relatório Anual - 1997

Por decisão da Assembléia Geral Extraordinária, realizada em 23.4.97, foi aprovada a redução do Capital

Social de R$ 16,3 bilhões para R$ 5,6 bilhões, sem modificação do número de ações emitidas. A i n i c i a t i v a

decorreu da necessidade de compatibilizar o Capital Social com o nível de Patrimônio Líquido do Banco.

Page 21: Relatório Anual - 1997

O sonho brasileiro: resgate e avanço — por Décio Pignatari*

Vou reentrar no meu povo.

Reprincipiar minha ciência.

Mário de Andrade, O carro da miséria.

O futuro do “País do Futuro” já tem data marcada: o século XXI.

Podemos dizer que, às vésperas de completar 500 anos de idade, o Brasil precisa atualizar suas urg ê n c i a s .

Pois que urgências sempre tivemos, só que elas não se “atualizavam” em redes e processos de realizações

sustentadas, empregando o verbo atualizar tanto no sentido corrente de “pôr em dia”, como no sentido que

lhe dá o mundo acadêmico, fazendo derivar atualizar de a c t u a l i z e, um anglicismo bem adaptado ao nosso

jeito de “traduzir” o que vem de fora. E como não temos um órgão que traduza e atualize as expressões

estrangeiras, como acontece na França e na Espanha, entregamos a tarefa à dinâmica empírica e pragmática

da imprensa e do mundo universitário.

Como diria o velho Mao, para caminhar mil quilômetros, é preciso dar o primeiro passo. Ou como rezam os

versos das Carmina Burana originais, dar início a uma tarefa já é meio caminho andado. E quantos primeiros

passos já demos! Agora, urge juntá-los todos e organizar a marcha do resgate e do avanço de nossas potencia-

lidades científicas, tecnológicas e culturais. Para começar, olhe-se o mapa-múndi: o Brasil é a maior extensão

Page 22: Relatório Anual - 1997

territorial abaixo do Equador; além disso, esse País de dimensões continentais integra um superc o n t i n e n t e ,

chamado América Latina, que vai do Rio Grande, no México, até o Cabo Horn, abaixo do Estreito de

Magalhães, onde se falam apenas duas línguas — e duas línguas que são primas irmãs. Quem estufou a linha

d e m a rcatória de Tordesilhas até as lonjuras ocidentais que delimitam nossas fronteiras atuais? Os bandeirantes

conquistadores, os jesuítas das catequeses... e o Barão do Rio Branco. Esse sonho caminhante descobria e

abria caminhos à medida que desbravava as novas regiões, por terra e água.

Mas houve quem sonhasse, entrevisse e visse os caminhos do ar: Bartolomeu Lourenço de Gusmão,

Augusto Severo e Santos Dumont, este, o inventor e nosso primeiro d e s i g n e r, no sentido moderno: veja-se a

beleza técnica de seus balões da linha Brasil, veja-se a ortogonalidade mondrianesca do 14-bis, veja-se o

caprichoso projeto do Demoiselle, um eco-d e s i g n inspirado numa libélula. Obrigou Cartier a produzir o

primeiro relógio de pulso, projetou uma casa surpreendente em Petrópolis. Pela ausência de infra-estrutura

tecno-industrial, seus sonhos ficaram suspensos no ar da história, até que a Embraer recomeçasse a dar- l h e s

realidade. Em meados do século passado, o padre cearense José Azevedo inventara um veículo eólio, que não

passou do projeto, como muitos dos extraordinários sonhos de Leonardo da Vinci — e também a máquina de

e s c r e v e r, que saiu do papel para um protótipo de madeira, que mereceu medalhas, honrarias... e mais nada,

por ocasião de nossa primeira exposição “manufactureira”, uma idéia do imperador, que não quis ficar atrás

em relação à Inglaterra e aos Estados Unidos (o presidente Grant convidou-o para o ato inaugural da Feira

Industrial de Filadélfia). Mas o soberano foi o responsável direto pelo maior equívoco econômico e industrial

Page 23: Relatório Anual - 1997

de nossa história: levou Mauá à falência por pressão dos senhores-de-terra escravistas e, com isso, retardou

por mais de meio século o início do processo de industrialização do País. Tendo dado início a esse mesmo

processo, nesse mesmo período, o Japão começou a preparar-se para o que é hoje.

Quem retomou o bastão, nessa corrida de revezamento industrial, foi o extraordinário Delmiro Gouveia,

uma espécie de Cidadão Kane do sertão: de exportador de couros para os Estados Unidos, transformou-se em

empresário. Extraiu energia elétrica de Paulo Afonso; montou uma fábrica de linhas de costura que chegou a

concorrer com a marca Corrente, da Machine Cottons; construiu o primeiro mercado com iluminação

elétrica, logo incendiado pelos concorrentes e inimigos (isto, em Recife) e a primeira vila operária também

beneficiada pela energia elétrica; foi misteriosamente assassinado na varanda de sua casa, em 1914, e hoje

é nome de cidade.

Como queria Oswald de Andrade, nossa criatividade antropofágica no que ao k n o w - h o w se refere, já tem

história, uma preciosa história, embora nem sempre com final feliz. “Tupi or not tupi, eis a questão”, era assim

que o nosso grande canibal cultural resumia a sua proposta de antropofagia cultural, econômica, tecnológica

e industrial. Trocando em miúdos: precisamos saber escolher o que há de melhor lá fora, seja h a r d, seja s o f t-

w a r e, reprocessar esse melhor e devolvê-lo melhor ainda ao mundo, para maior benefício do povo brasileiro,

este inventor coletivo. Não soubemos tirar o mínimo proveito da invenção da fotografia, em 1832, obra de

H é rcules Florence, um francês radicado em Campinas, SP. Mas fizemos com o futebol o que deveria ter sido

feito e o que sempre deverá ser feito. Deglutimos o s o c c e r e devolvemos ao mundo um futebol mais criativo e

Page 24: Relatório Anual - 1997

eficiente do que o praticado pelos seus próprios criadores primeiromundistas. Homenageando esse povo cria-

d o r, concluímos como começamos, citando Mário de Andrade, um dos grandes lutadores modernos da brasi-

lidade e do abrasileiramento:

Pois então há de parir

nossa exatidão também.

* Professor titular de Ambiente e Comunicação na Faculdade de A rquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Jornalista, cronista, publi-citário, é também um dos mais conceituados estudiosos da semiótica, no Brasil. É um dos ícones da poesia concreta brasileira. Autor de romances,livros técnicos, crônicas e poesias. Destacam-se as obras Semiótica da Arte e da A rquitetura; Informação, Linguagem e Comunicação.

Page 25: Relatório Anual - 1997

Acordo com a Previ – No primeiro semestre, o Banco provisionou R$ 8,7 bilhões para o

passivo referente ao complemento de aposentadoria do pessoal admitido no Banco até 1967 (fluxo estima-

do atuarialmente e descontado à taxa de juros de 12% a.a.). Simultaneamente, e amparado pela Circular

Bacen 2.746, de 20.3.97, ativou créditos tributários, decorrentes de prejuízos fiscais e diferenças

intertemporais, no valor de R$ 11,3 bilhões.

A diferença foi utilizada para reforçar a provisão para riscos dos créditos não-renegociados no processo de

securitização de dívidas do crédito rural e outros. Não houve, portanto, qualquer efeito direto no resultado.

Em dezembro/97, o corpo funcional aprovou novo estatuto da Caixa de Previdência dos Funcionários do

Banco do Brasil – Previ. Entre outras alterações, o texto aprovado traz novo regulamento de benefícios, um

modelo mais atualizado de gestão (partilha melhor as responsabilidades), além de plano de contribuição

definida para os novos associados.

Em razão do novo estatuto, o Banco formalizou acordo com a Previ, que permitiu reduzir o passivo referente

ao complemento de aposentadoria do pessoal admitido até 1967 para R$ 5,9 bilhões. Tal passivo deverá ser

amortizado em período de, aproximadamente, 32 anos.

A diferença de R$ 1,6 bilhão, apurada entre o valor daquela provisão previdenciária (em novembro/97,

R$ 7,5 bilhões) e o atual (R$ 5,9 bilhões), foi novamente utilizada para reforçar a provisão para riscos

de crédito.

Page 26: Relatório Anual - 1997

Infra-estrutura

O salto tecnológico – O Banco finalizou 1997 com investimentos em tecnologia da ordem de

R$ 262 milhões, além de ter contratado equipamentos em operações de leasing — R$ 22,8 milhões. Até

o ano 2000, o BB prevê despender mais R$ 1,4 bilhão, aproximadamente.

Recursos Tecnológicos -

Evolução 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 Va r.% (95/9 7 )

Computadores PC 19.923 2.600 35.743 79,4

Mainframe (TB) 2,4 4,9 7,4 208,3

(MIPS) 962 1.600 2.194 128,1

Fac Símile 3.600 4.789 4.056 12,7

Home Banking -

Empresas 5.350 10.938 52.400 879,4

Personal Banking -

Pessoas Físicas - - 160.702 -

Fone - Localidades 78 91 92 17,9

Fax - Localidades 39 45 45 15,4

BB World Net -

Redes Locais 22 26 26 18,2

Dependências ligadas

ao Sistema VSAT 626 1.250 2.616 317,9

Page 27: Relatório Anual - 1997

Com estes investimentos, a Empresa concluiu a integração de 100% de suas agências (2.777) ao sistema o n -

l i n e. Adquiriu 27.534 novas estações de trabalho (microcomputadores), entre as quais 22.820 terminais de

caixa. Para apoiar sua extensa rede, providenciou a compra de mais 9.130 servidores, além de vários outros

equipamentos, com vistas a aprimorar os serviços oferecidos aos clientes.

O Banco expandiu a capacidade de processamento para 2.194 MIPS (milhões de instruções por segundo) —

43% a mais em relação a 1996 e 128% a mais em relação a 1995. Para o aumento da capacidade de

armazenamento de dados, adquiriu mais dois TB (t e r a b y t e s) em discos de alta tecnologia, o que possibilitou

melhor tempo de resposta nas aplicações o n - l i n e e maior confiabilidade na guarda de dados. O acréscimo

de velocidade na recuperação de informações permitirá ao Banco focar o desenvolvimento de aplicativos

Automação no País — Agências on-line

7 2 , 2 %

8 4 %

9 5 , 6 %1 0 0 %

D e z / 9 4 D e z / 9 5 D e z / 9 6 D e z / 9 7

Page 28: Relatório Anual - 1997

sob a forma o n - l i n e, com acesso imediato à sua gigantesca base de dados. A capacidade de armazenamento

de dados em todo o sistema de computação corporativa do BB passou de 2,2 TB, em dezembro/94, para

7,36 TB, em 1997. O incremento é de 234%.

No “Projeto ANO 2000”, o BB vem trabalhando para ajustar o processamento de datas posteriores a 1999

pelos seus sistemas eletrônicos de informações e automação bancária, cujo inventário e planejamento das

atividades já foi concluído em 1997. A adequação dos sistemas encontra-se em andamento. Dos 106.981

programas existentes, 21% estão em conformidade com o ANO 2000, 39% não necessitam ajustes, 21%

serão desativados e 19% estão em adequação. Os testes de integração tiveram início em março/98 e a

implementação total está prevista para até 31.12.98.

Na condição de executante do Serviço de Compensação de Cheques e outros Papéis, o BB apresentou, em

agosto/97, padrões e cronograma aprovados pelo Conselho Consultivo da Compe – Cenecomp – Febraban.

Os testes com outros bancos tiveram início em 2.3.98; a implementação está prevista a partir de 1.6.98; e a

data limite para que todas as instituições participantes estejam em conformidade com o novo padrão é 1.9.98.

Page 29: Relatório Anual - 1997

Profissionalização e produtividade – O MBA Treinamento para Altos Executivos, realizado em

p a rceria com as melhores instituições de ensino do País, formou 1.170 funcionários, em diversas modali-

dades, no ano de 1997.

O Programa Profissionalização, implantado pelo Banco desde 1996, recebeu o prêmio da A s s o c i a ç ã o

Brasileira de Comunicação Empresarial – Aberje (Região Centro-Oeste/Leste), nas modalidades “Campanha

de Comunicação Interna“ e “Inovação”. Conta, atualmente, com 64.754 inscritos.

Treinamos 439 funcionários, no âmbito do Programa Novos Gestores. O objetivo é identificar, desenvolver

e certificar profissionais para atuarem em qualquer unidade.

O BB instituiu novo Sistema de Retribuição para seus funcionários. O objetivo é tornar a Empresa cada vez

mais competitiva. Com o novo Plano de Cargos e Salários – PCS, definimos tabela de salários baseada na

prática de mercado e corrigimos o crescimento vegetativo da folha de pagamento, gerado pelas promoções

automáticas por tempo de serviço.

Estabelecemos o Plano de Cargos Comissionados – PCC em níveis de responsabilidade funcional com o

objetivo de torná-lo compatível com a arquitetura organizacional da Empresa e criar maiores opções de

crescimento profissional para os funcionários. Implementamos, também, valor de referência para cada função,

espécie de garantia que tem como parâmetro o valor observado no mercado para o exercício de atribuições

semelhantes às do Banco.

Em 1997, o corpo funcional e o BB fecharam acordo coletivo pelo período 1997/1998. A cláusula principal

foi a concessão do abono de R$ 3.000,00 — o acordo não contempla reajuste salarial —, alternativa

Page 30: Relatório Anual - 1997

igualmente acolhida no dissídio referente ao período 1996/1997.

Considerados os desligamentos observados no segundo semestre — 3.893 no quadro próprio e 678 no de

estagiários —, o Banco fechou 1997 com 76.387 funcionários e 12.417 estagiários. Desde o início da atual

gestão, 1995, a redução foi de 42.993 pessoas do quadro permanente e 11.314, do temporário.

Recursos Humanos (mil)

Rede de distribuição – Em continuidade ao processo de revisão da rede de distribuição, transfor-

mamos 142 agências pioneiras em Postos Avançados de Atendimento e desativamos 20 agências

deficitárias em municípios já assistidos por outra instituição financeira.

O processo de revisão possibilitou, também, o encerramento de atividades de 85 Centros de Processamento

E s t a g i á r i o s

F u n c i o n á r i o s

To t a l

2 5 , 3 2 3 , 7

11 9 , 4

1 4 3 , 1

2 0 , 8

9 4 , 7

11 5 , 5

1 3 , 8

8 5 , 3

9 9 , 1

1 2 , 4

7 6 , 4

8 8 , 8

1 2 5 , 9

1 5 1 , 2

1 9 9 3 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7

Page 31: Relatório Anual - 1997

de Serviços e Comunicações – Cesec. O porte de outros seis foi reduzido, com a centralização de diversos

serviços em nível estadual e regional.

Ao final do exercício, o Banco mantinha, no País, 4.445 pontos de atendimento, entre os quais, 2.777 agên-

cias. Os clientes dispõem de 15.144 equipamentos de auto-atendimento (6.922 terminais de saque e 8.222

terminais de extrato), além de 731 quiosques do Banco24Horas.

Com o fechamento da subagência de Barcelona, Espanha, a rede de dependências externas do BB terminou

o exercício com 22 agências, duas subagências, cinco escritórios e cinco subsidiárias.

Em 1997, a venda de 1.742 imóveis “não de uso” gerou receitas, para o BB, da ordem de R$ 160,8 milhões.

As vendas de bens móveis “não de uso” alcançaram R$ 4,5 milhões, volume bem superior aos R$ 936 mil

de 1996.

Page 32: Relatório Anual - 1997

Globalização à brasileira — por Jorge Caldeira*

Há cinco séculos a globalização é um fenômeno que ocorre no interior da vida brasileira. As condições natu-

rais (floresta tropical), sociais (ocupação do território por grupos indígenas isolados) e tecnológicas (domínio

de instrumentos vindos da Europa pelos portugueses e dos conhecimentos agrícolas e biológicos da floresta

tropical pelas tribos), no período inicial do contato entre culturas diferentes, ainda no século XVI, influíram

para a formação de uma complexa mistura entre miscigenação e escravidão. Casamento, guerra e submissão

tornaram-se os elementos catalisadores de uma intensa troca cultural, que permitiu o rápido surgimento de

um tipo da terra, nem europeu nem índio.

Esse mundo de trocas culturais foi bastante ampliado com a chegada de escravos africanos — e, posterior-

mente, imigrantes. A extensa base original de trocas culturais permitiu que, mesmo dentro de moldes bastante

excludentes da escravidão, houvesse um espaço para o entendimento do outro, do diferente. Criaram-se,

assim, as condições práticas para a realização do ideal renascentista: nada do que é humano se tornou estra-

nho ao Brasil. Obviamente era uma realização viezada por hierarquias, mas que nunca chegava a dominar

totalmente o espaço social da abertura para o diferente.

Se a escravidão provocou entraves econômicos — os maiores dos quais foram as dificuldades para passar ao

capitalismo no século passado e as desigualdades econômicas e educacionais que perduram até o presente —,

o convívio permanente de cada brasileiro com outras culturas abriu espaço para as soluções: um ideal de

democracia política, cuja maior expressão são os 172 anos de funcionamento do parlamento e as 50 eleições

Page 33: Relatório Anual - 1997

nacionais em nossa história; a permanente postura de abrir a economia para investimentos externos; a política

internacional de paz.

Desde a Independência, em 1822, todo o esforço de modernização do País esteve centrado na idéia de

empregar as possibilidades culturais da aceitação da diversidade para criar um ambiente institucional de

investimento fora do universo escravista e do autoritarismo implícito no sistema. Eram esforços necessaria-

mente universalistas, cuja maior expressão no século passado foi o Barão de Mauá, empresário multinacional

e refundador do Banco do Brasil, em 1851, como uma empresa voltada para o financiamento desse progres-

s o .

Como, no Brasil, nem mesmo os setores de produção mais atrasados socialmente desconheciam o merc a d o

internacional (afinal, o tráfico de escravos era uma forma de comércio internacional considerada lícita até o

século passado), as barreiras culturais para entender a economia como um universo tão global quanto o da

cultura sempre foram mínimas. De modo geral, os dirigentes econômicos do País sempre entenderam que

tirariam mais proveito dessa situação que do isolamento.

Mesmo durante o período de maior fechamento da economia, a partir dos anos 30 deste século, foram

mantidas as condições básicas de recebimento de influxos externos, sobretudo a busca de apoio ao capital

estrangeiro e a manutenção de empresas multinacionais no País. Por isso, assim que o fenômeno da globa-

lização provocou o rompimento das restrições políticas da Guerra Fria, que obrigavam os países a alinha-

mentos automáticos, abriu-se para o Brasil a possibilidade de aproveitar sua tradição como potencial na era

pós-muro de Berlim. Em menos de uma década, as amarras que tinham sido internalizadas foram cortadas

Page 34: Relatório Anual - 1997

uma após outra por vontade popular, traduzida em apoio ao Congresso para votar mudanças.

Além da velocidade e profundidade dessas mudanças, salta aos olhos o fato de que elas não vêm provocando

mais que reações localizadas de setores que se beneficiavam da proteção monopolística do mercado fechado

e dos privilégios sociais de seus controladores, dentro e fora do Estado. Isso ocorre porque, no Brasil, os

impedimentos culturais que a globalização traz, expressos em reações xenófobas de variada espécie, são

praticamente desprezíveis. Pelo contrário, o maior acesso ao mundo exterior é visto como um bem pelo

cidadão comum e como uma realidade inevitável pelo empresariado, que enfrenta com coragem as duras

conseqüências da decisão nacional de abrir velozmente sua economia.

Expostos à competição internacional em condições internas que os tornam uma das categorias mais atingidas,

os empresários fazem grandes esforços para aproveitar o lado bom da situação: aumentar a produtividade,

melhorar o desempenho de suas empresas, buscar o mercado externo. Nesse caminho têm muitas vezes

contado com o apoio dos trabalhadores, que chegaram até a aceitar diminuição de salários para permitir a

continuidade do esforço de modernização.

A aceitação generalizada da diversidade cultural como valor é a base social que permite a absorção do

impacto produzido pela abertura da economia. Apesar das dificuldades, predomina a crença de que é um

ganho para o País o contato intensivo com o mundo externo — e a de que o País tem capacidade cultural

para retrabalhar a seu favor os impulsos do processo. Graças a essa base, e a um governo engajado com esses

anseios, o Brasil vem conseguindo montar um quadro institucional adequado ao mundo globalizado — e aos

brasileiros que vivem a globalização como uma realidade permanente de sua formação.

* Jornalista, sociólogo, doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo. Autor dos livros Noel Rosa de Costas para o Mar; Mauá,Empresário do Império; Viagem pela História do Brasil, este lançado em 1997. Escreveu ensaios para diversas publicações. Foi editor das revistasExame e IstoÉ e editor do caderno Ilustrada da Folha de S.Paulo.

Page 35: Relatório Anual - 1997

Expansão dos negócios

Negócios e varejo – Com a ampliação de produtos e serviços oferecidos, o BB registrou elevação

de 1,6 milhão de novos clientes na sua base de correntistas (pessoas físicas e jurídicas), cujo total al-

cança 7,9 milhões.

Entre os produtos destinados a pessoas físicas, os destaques foram as modalidades de CDC (Automático,

Cheque Veículo e Veículo Próprio). São de fácil operacionalização e podem ser contratados através de

fax, telefone, computador, internet ou qualquer terminal de auto-atendimento do BB Personal Banking. No

período, efetivamos 1,4 milhão de novos contratos (crescimento de 272%), passando de uma carteira total

de R$ 887 milhões, em 1996, para R$ 1,7 bilhão, no exerc í c i o .

Crédito — Pessoas Físicas (R$ milhões)

Cheque Especial

C D C

To t a l

6 2 1 5 7 5

9 6 3

1 . 7 1 5

2 . 6 7 8

2 2 7

8 4 8 8 8 7

1 . 4 6 2

D e z / 9 5 D e z / 9 6 D e z / 9 7

Page 36: Relatório Anual - 1997

Os Depósitos à Vista no BB apresentaram crescimento de 122,6%, com captação total de R$ 9,3 bilhões.

A Poupança-Ouro cresceu 33,3%, em relação a 1996, e apresentou captação total de R$ 16,6 bilhões.

Para aplicações em Depósitos a Prazo, lançamos, em janeiro, o BB Aplic30, BB Aplic120 e BB A p l i c

Programado. No período, foram captados R$ 930 milhões. A carteira de depósitos a prazo registrou incremento

de 6,3%, com volume total de R$ 27,6 bilhões.

A base de cheques especiais de pessoas físicas apresentou crescimento de 66% no ano, com destaque para o

Classic — destinado aos clientes na faixa de renda entre 3 e 10 salários-mínimos —, com incremento de 587%

no período. Os clientes de cheques especiais totalizaram 3,3 milhões, dentre os quais, 1,4 milhão de detentores

do Classic. O volume de crédito utilizado atingiu R$ 1 bilhão.

Depósitos à Vi s t a

P o u p a n ç a - O u r o

Depósitos a Prazo

4 . 1 9 3

1 2 . 4 6 0

2 5 . 9 6 6

9 . 3 3 3

1 6 . 6 1 3

2 7 . 6 0 4

1 9 9 6 1 9 9 7

Depósitos à Vista, Poupança-Ouro e Depósitos a Prazo (R$ milhões)

Page 37: Relatório Anual - 1997

O Travelers Cheque Banco do Brasil conquistou, em outubro/97, o primeiro certificado ISO 9002 do Conglo-

merado. Com incremento de 29,4%, o volume negociado alcançou R$ 334 milhões, 39% do merc a d o

nacional. O BB é o único emissor da América Latina e o quinto no mundo, em vendas, com bandeira Vi s a .

A base de cartões de crédito passou de 1,1 milhão, em 1996, para 1,6 milhão, em 1997 (+ 37%),

com destaque para o ClassCard, destinado, preferencialmente, aos clientes com faixa de renda entre

3 e 10 salários-mínimos: totalizou mais de 100 mil cartões ativos. Seu portfólio conta, ainda, com o Clube

Ouro Internacional — programa de bônus que continua a oferecer benefícios ainda não disponíveis pela

concorrência —, Seguro Ouro 48 Horas, OuroCard e MasterCard.

O BB passou a ser o líder dos cartões Visa no País, com faturamento acumulado de R$ 2,5 bilhões (22% de

participação no mercado daquela bandeira).

O Banco também lançou o cartão de débito Visa Electron, que permite movimentação em qualquer lugar do

mundo e já conta com cinco milhões de unidades emitidas pela Empresa.

Voltado para o público jovem, o BB lançou, em fevereiro, as contas Teen e Campus, que já acumulam 62 mil

correntistas adolescentes e 48 mil universitários.

Desde fevereiro, o cliente do BB passou também a contar com o serviço de custódia de cheques para depósito

em data futura. No período, acolhemos 18,5 milhões de cheques.

A Cobrança Integrada BB alcançou novos recordes — atendemos, aproximadamente, 103 mil clientes, com

mais de 110 milhões de títulos liquidados (volume de recursos de R$ 70 bilhões). Além disso, a vasta rede de

dependências distribuídas pelo País permitiu a liquidação de 60 milhões de títulos de outros bancos.

Page 38: Relatório Anual - 1997

O BB Personal Banking — canal privilegiado de comunicação com o cliente, via internet, computador domésti-

co ou terminal de agência — conta com mais de 300 mil contas cadastradas e já responde por 5% das liquida-

ções de títulos de pessoas físicas.

O Banco do Brasil é líder na prestação de serviços de liquidação automática de contas. Através do Débito

Programado, realizamos 65,6 milhões de liquidações, correspondendo a 69,9% do total de contas recebidas

pelo Banco (água, luz, telefone etc.).

Nos pagamentos por conta de terceiros, os resultados são igualmente expressivos, com 59 milhões de pagamen-

tos realizados. O Cartão de Pagamento Eletrônico destacou-se entre os serviços oferecidos pelo BB — o número

de cartões utilizados por trabalhadores de baixa renda cresceu 287%, em relação ao ano anterior, passando de

228 mil para 883 mil. Serviço pioneiro no mercado, já atende a 2.700 empresas de todos os segmentos.

Page 39: Relatório Anual - 1997

Um só Brasil — Muitas brasilidades — por Roberto DaMatta*

Não é exagero dizer que a maioria vê o Brasil como um objeto dual e contraditório: um lado olhando para

trás e o outro mirando um almejado, mas inalcançável, progresso. Encarcerados nessa imagem dupla,

ficamos deprimidos com a ausência de uma ideal e exclusiva "brasilidade" — uma expressão única e domi-

nante de nós mesmos como coletividade. Assim, em vez de termos dois, três ou uma multidão de "Brasis",

haveria apenas um só retrato e uma só brasilidade. No caso, a que estaria mais perto dos modelos de pro-

gresso, desenvolvimento e modernidade nascidos na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Um molde

que teríamos de adotar sob pena de continuarmos divididos e condenados ao atraso, ou, pior que isso, à

incoerência política e social.

Esquecidos da velha lição segundo a qual abordar o Brasil exige que se discutam os modos pelos quais

essa coletividade é constituída enquanto totalidade significativa, não nos damos conta de que pode haver

um Brasil, mas muitas brasilidades.

De fato, como um Estado Nacional moderno fundado num território, administrado por leis e por um gover-

no soberano e eleito pelo povo, o Brasil tem aquela unidade que se vê nos mapas, sendo algo exclusivo e

uno. Mas esse Brasil bem delimitado, relativamente concreto; esse Brasil medido e avaliado pelos índices

econômicos engendra muitas imagens e representações. Ele projeta muitas brasilidades que o redefinem

e constroem.

Page 40: Relatório Anual - 1997

Há, então, a brasilidade formal das leis, da constituição, do hino, da banderia, dos diários oficiais, dos ban-

cos, dos discursos presidenciais, do Congresso Nacional, das universidades e dos problemas urbanos e

rurais; mas há também um conjunto de brasilidades informais e populares, cuja formulação e consciência

pode ser fonte de alegria ou de profunda perturbação. Pois, ao lado dessa brasilidade que lemos nos jornais

e que se representa como texto escrito e imagem de TV, que segue a lógica do individualismo, do capitalis-

mo e do mercado, temos também brasilidades marginais que rejeitam esses avatares da modernidade e não

se constituem por meio da ciência, das letras e da tecnologia, mas através da comida, do canto, da dança,

das fantasias, das festas e de uma profunda relação com o sobrenatural. Essa é a brasilidade mestiça e rela-

cional dos terreiros de Candomblé e Umbanda, do jogo do bicho, dos almoços de domingo, da sensuali-

dade, do samba e das favelas. Do sertão e das comunidades híbridas, situadas no ponto de intersecção

entre o antigo e o novo, o local e o global, o de dentro e o de fora. Comunidades e brasilidades que vivem

na pobreza material mas desfrutam uma imensa riqueza cultural e ideológica, pois participam de vários

mundos e valores simultaneamente, acreditando em Deus e no trabalho; e também na sorte, no poder das

encruzilhadas, do destino e dos Exus.

Tudo isso resulta num conjunto de brasilidades. Algumas são rudes, outras, eruditas. Algumas, como a dos

autoritários e antipáticos "Você sabe com quem está falando?" — que remetem à hierarquia e ao nepotismo

—, são para serem escondidas; outras, como a da praia, da noite enluarada, da graça das crianças e da

Page 41: Relatório Anual - 1997

beleza do povo e das mulheres, são para serem exibidas. Há, ainda, as brasilidades complexas que se

fazem pelo reverso, como ocorre nas leituras orgiásticas e carnavalescas, quando o Brasil é lido pelo aves-

so e de ponta-cabeça.

Existem muitas brasilidades dentro e fora do Brasil. Se antigamente elas eram vistas como erros ou sintomas

de doença e atraso, hoje podem ser admiradas como provas de autotranscendência e como um estilo

malandro de leitura múltipla do mundo. Um estilo sempre disposto a contemplar a outra versão e o outro

lado, assegurando que todos podem se salvar e ter razão. Uma forma inclusiva de representação da

sociedade e do sentido da vida que, muito embora tenha assumido a racionalidade, o mercado, o

individualismo e a automação, não quer abandonar um conjunto de formas relacionais centradas menos

em indivíduos autonômos e muito mais em pessoas que se fazem em relação umas com as outras.

No livro Carnavais, Malandros e Heróis, afirmei que o Brasil assustava e fascinava porque havia

institucionalizado pelo menos três brasilidades. Em primeiro lugar, havia a brasilidade da casa e da família.

Brasilidade de cunho particularista, fundada em laços substantivos insubstituíveis: os elos de parentesco,

compadrio e amizade. Tal modo de exprimir o Brasil produz um conjunto de práticas clientelísticas e justi-

fica tanto o nosso azedume diante da lei que vale para todos quanto o modo positivo com que instituímos

o jeitinho e o nepotismo como um modo singular de passar ao largo de normas universalistas. Em segundo

lugar, havia a brasilidade inspirada pela vivência da rua, uma leitura informada e engendrada pela exper-

Page 42: Relatório Anual - 1997

iência moderna de ver o mundo público: um universo governado por leis abstratas, impessoais e universais

— leis que demandam a igualdade de todos perante o Estado e o mercado. Finalmente, em terceiro lugar,

havia uma brasilidade dada pelas lentes do sobrenatural ou do outro mundo. Uma leitura que substitui o

ímpeto crítico e transformador optando por uma atitude de tolerância diante da vida, conforme demandam

as visões contemplativas que chegam com a presença dos infortúnios, das doenças e, acima de tudo, da

morte.

Há lógica na brasilidade? O que torna original a cultura brasileira é precisamente essa multiplici-

dade de imagens e representações que exprimem uma sociedade movida pelo acasalamento e pela mistura.

Um sistema que, a despeito de todas as pressões individualistas, recusa o compartimento, a pureza e o iso-

lamento individual. É essa lógica que tem salvo o Brasil, pois é ela que junta a casa com a rua, este mundo

com o outro, o antigo com o moderno, a ideologia individualista com os laços de família e, no calor da

hora, pode insinuar o amigo no lugar do inimigo político.

Um dos resultados mais visíveis dessas múltiplas brasilidades é o desenho institucional ambíguo, uma

ordem que com grande imaginação tem combinado instituições tradicionais com valores modernos. Um

desenho, devo acrescentar, que perturba a inteligência sociológica do País que lê esses brasileiríssimos

arranjos locais — capitalismo combinado com escravidão numa modernização por via personalista —

Page 43: Relatório Anual - 1997

52

como erro histórico ou como sinal de doença e indigência social e política.

Mas como as sociedades vivem sem pedir licença aos sociólogos, é possível interpretar positivamente essas

variadas brasilidades que podem ser um sinal de incoerência, mas são também uma prova de que se pode

encontrar uma saída para a massificação, para o individualismo arrogante e egoísta e para a terrível impes-

soalidade que são o marco do capitalismo globalizado que domina o planeta.

* Professor de Antropologia e detentor da cátedra Reverendo Edmund P. Joyce, c.s.c., de Antropologia da Universidade de Notre Dame, Indiana,Estados Unidos. Autor de vários livros, entre os quais: Carnavais, Malandros e Heróis; A Casa & a Rua; Universo do Carnaval; Conta de Mentiroso:Sete Ensaios de Antropologia Brasileira. Seu último livro, Torre de Babel, reúne crônicas publicadas em sua coluna no Jornal da Ta r d e .

Page 44: Relatório Anual - 1997

Negócios e médias empresas – O volume de operações com base em recebíveis passou de

R$ 865 milhões, em dezembro/96, para R$ 1.331 milhões, em dezembro/97 (crescimento nominal de 53%).

Destaque neste segmento para o BB Ve n d o r, financiamento de vendas em que o Banco assegura o recebimento

à vista, para a empresa vendedora, e o pagamento a prazo, pela empresa compradora. O saldo da carteira de

dezembro/96 a dezembro/97 passou de R$ 8 milhões para R$ 120 milhões.

Lançamos o Desconto de Cheques, modalidade de crédito destinada à antecipação de valores de cheques pré-

datados emitidos contra qualquer instituição financeira. No exercício, o BB descontou cerca de 8 milhões de

cheques, no montante de R$ 1,5 bilhão. Em dezembro/97, o saldo da carteira de cheques descontados alcançou

R$ 361 milhões.

Lançado em outubro/97, o Crédito Direto ao Fornecedor possibilita aos fornecedores de grandes empresas ante-

cipar seus créditos de forma rápida, simplificada e com taxas atrativas. Com os convênios já firmados, o BB

negociou cerca de R$ 100 milhões.

A Antecipação de Vendas com Cartões de Crédito Visa é outra modalidade de crédito oferecida ao cliente, desde

fevereiro/97. O processo simplificado de operação da linha de crédito permitiu realizar, em 1997, operações no

montante de R$ 400 milhões.

Ao final do exercício, a carteira de l e a s i n g registrou saldo de, aproximadamente, R$ 700 milhões, no total de

quase 20 mil contratos.

Pesquisa de mercado realizada entre 28 instituições mencionadas pelos clientes do segmento c o r p o r a t e a p o n t o u

o Banco como a segunda instituição financeira mais utilizada regularmente pelo grupo. A expansão da carteira

de clientes do BB comprova o resultado: passou de 80 para 250 grupos empresariais.

Page 45: Relatório Anual - 1997

Mercado de capitais – O Banco do Brasil manteve a liderança no mercado de fundos de investi-

mento, com Patrimônio Líquido de R$ 20,6 bilhões (17,16% de participação no mercado), sem incluir

as carteiras administradas. Comparado ao exercício anterior (PL de R$ 18,3 bilhões), o aumento foi

de 12,57%. Ao final de 1997, o PL de nossos fundos de Renda Fixa era de R$ 15 bilhões e os de Renda

Variável, R$ 5,6 bilhões.

Fundos BB — Evolução do PL (R$ bilhões)

Para o Banco continuar a crescer e manter a liderança no mercado de fundos de investimento, o Conselho

de Administração aprovou, em janeiro/98, proposta de alienação do controle acionário da BB DTVM e BB

Securities. Mediante parceria estratégica, o BB busca incorporar novas tecnologias de gestão de recursos e

conquistar investidores externos, nicho no qual ainda tem pouca penetração. As carteiras administradas pelo

Renda Va r i á v e l

Renda Fixa

To t a l

0 , 6

2 0 , 62 0 , 3

1 7 , 51 8 , 3

11 , 81 2 , 7

8 , 79 , 3

D e z / 9 5 J u n / 9 6 D e z / 9 6 J u n / 9 7 D e z / 9 7

0 , 90 , 9

3 , 3

1 7 , 0

5 , 6

1 5 , 0

Page 46: Relatório Anual - 1997

BB apresentaram aumento de 118% sobre dezembro/96. De R$ 1,1 bilhão, em 18 carteiras, chegamos a

R$ 2,4 bilhões.

Colocamos, no País, R$ 1,4 bilhão de títulos no mercado de u n d e r w r i t i n g com a realização de 29

operações. As emissões alcançaram R$ 6,8 bilhões. No mercado externo, em 71 operações que atingiram

US$ 4,5 bilhões, colocamos o total de US$ 1,1 bilhão.

O BB também marcou presença nos processos de privatização. Prestamos assessoria econômico-financeira a

oito consórcios vencedores dos leilões — Banda B de telefonia celular (Região Sete); Coelba (BA); Tecon I (SP);

CEEE-D3 (RS), CPFL (SP), Cosern, Tecon II (RJ) e Metrô (RJ). O montante das operações alcançou R$ 8 bilhões.

Com volume negociado de R$ 539 milhões, 18% superior ao de 1996, realizamos 416.950 negócios de

compra e venda de ações o n - l i n e. Em operações de c o m m o d i t i e s, negociamos 2.228 contratos, quantidade

38% superior à do ano anterior.

A partir do Brasil, realizamos 305 operações de t r a d i n g no mercado internacional, com volume financeiro de

US$ 1,2 bilhão. Em transações de compra e venda de ouro, negociamos 1.052 kg de ouro escritural, em lin-

gote e moedas, e 34,8 toneladas em contratos de mútuo.

Seguridade – Ao final de 1997, o complexo de seguridade do BB passou a estar entre os sete maiores

do Brasil, com vendas da ordem de R$ 770 milhões.

Em outubro/97, a Brasilcap passou a ser líder no mercado de capitalização em arrecadação de receitas de

prêmios. Era a quarta colocada no início do ano. O crescimento, em 1997, foi de 77% — faturamento de

Page 47: Relatório Anual - 1997

R$ 1,02 bilhão. O total acumulado de títulos comercializados até o final do exercício foi de 2,8 milhões.

Na modalidade de pagamento mensal, fechou 1997 com 43% do mercado e reservas técnicas superiores

a R$ 1 bilhão. Manteve, assim, a liderança conquistada em 1996 naquela modalidade.

Brasilcap — Participação de mercado em arrecadação de receitas de prêmio

A Brasilprev começou a operar em todo o País no final de 1994. Hoje é a terceira no mercado de previdên-

cia privada aberta, em receita de contribuição de planos previdenciários. Em 1997, o faturamento foi de

R$ 252 milhões, variação positiva de 22,6% em relação a 1996. Cerca de 388 mil planos foram comerc i a-

lizados até 1997. A grande novidade do ano foi o Brasilprev Júnior, lançado em outubro. Produto inédito,

vendeu 24 mil planos no exerc í c i o .

2 . 0 0 0 *

4 . 0 0 0 *

6 . 0 0 0 *

0 , 7 4 %1 0 , 0 4 %

2 3 , 3 5 %

1 9 9 5 * * 1 9 9 6 1 9 9 7

*R$ milhões. **Início das atividades da Brasilcap em outubro/95.

Mercado (R$ milhões)

Brasilcap (%)

Page 48: Relatório Anual - 1997

Brasilprev

• 388 mil planos vendidos (nov/94 a dez/97)

• R$ 446 milhões - carteira administrada

• Terceiro lugar em planos comercializados

• Lançamento do Brasilprev Júnior - 24 mil planos em três meses

BB Previdência

• 71 empresas com contratos para desenvolvimento de planos de previdência complementar

• 45 mil potenciais participantes

• 17 empresas recolhendo contribuições

Brasilveículos

• Início das operações em set/97

• Faturamento de R$ 78 milhões

• Resultado líquido do exercício: R$ 3,3 milhões

Aliança do Brasil

• Faturamento em 1997: R$ 388,6 milhões

• Resultado líquido no exercício: R$ 10,3 milhões

Brasilcap

• 2,8 milhões de títulos vendidos (out/95 a dez/97)

• R$ 1,2 bilhão - carteira administrada

• Líder de mercado em venda de títulos de pagamento mensal (42,9%)

• Líder de mercado em receita de prêmios (23,35%)

Page 49: Relatório Anual - 1997

Com a reorganização societária da Brasilseg em junho/97, o Conglomerado passou a contar com a

Companhia de Seguros Aliança do Brasil, empresa voltada para o mercado de seguros de vida e ramos ele-

mentares, e a Brasilveículos Companhia de Seguros. Com carteira superior a 360 mil veículos, a

Brasilveículos apresentou faturamento de R$ 78 milhões. Começou a operar em setembro/97.

Com a participação minoritária do Banco, o Ministério da Fazenda autorizou, a partir de agosto/97, o fun-

cionamento da Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação, sociedade anônima criada para atender à

demanda da classe exportadora brasileira. Trata-se da primeira associação internacional do BB no merc a d o

de seguros.

Presença internacional – No exercício, a participação do Banco no mercado de câmbio represen-

tou, em média, 13,6% do ramo de exportação, e 20,2% no de importação. Com tais resultados, o BB

garantiu a liderança do mercado, no segmento comercial (exportação + importação).

Em 1997, captamos US$ 400 milhões em e u r o b o n d s, dos quais, US$ 200 milhões pelo prazo de cinco anos

(cupom de 8,375%) e outros US$ 200 milhões pelo prazo de dez anos (cupom de 9,375%).

No que se refere ao financiamento da atividade de exportação, o estreitamento de contatos com banqueiros

internacionais de primeira linha possibilitou o incremento do volume de operações estruturadas, que, no

ano, alcançou US$ 2,78 bilhões. Destaque para aquelas cursadas no âmbito do Programa de Financiamento

às Exportações – Proex, com US$ 2,02 bilhões.

Ainda no tocante ao financiamento das exportações, o Banco fechou 1997 com saldo médio de aplicação

Page 50: Relatório Anual - 1997

de US$ 1,5 bilhão em operações de ACC/ACE; realizou operações de pré-pagamento que totalizaram

US$ 355 milhões; e disponibilizou US$ 557 milhões em linhas de pré-export.

Com o objetivo de oferecer às pequenas e médias empresas condições para inserção competitiva no merc a-

do internacional, ampliar a base de clientes e expandir os negócios de comércio exterior, implementamos o

Programa de Geração de Negócios Internacionais, que disponibiliza recursos e consultoria com pessoal alta-

mente qualificado nas principais agências do Banco.

Área rural e agroindustrial – O ano de 1997 consolidou o processo de reposicionamento do Banco

junto à área rural e agroindustrial, com a estruturação de operações envolvendo a cadeia produtiva. Nesse sentido,

merecem menção o valor de R$ 235 milhões, destinado aos convênios BB Agro, e os volumes comerc i a l i z a d o s

através do BB Leilão Eletrônico – R$ 721 milhões – e da BB CPR (Cédula de Produto Rural) – R$ 59 milhões.

O financiamento da safra de verão alcançou R$ 2,85 bilhões, até 31.12.97, montante 27% superior ao

da safra anterior. A expectativa de bons preços em 1998 reforça o entendimento de que, nessas operações,

os índices de inadimplência continuarão pouco significativos, como vem ocorrendo desde 1995.

O lançamento do BB Rural Rápido, em agosto/97, também foi sucesso absoluto. Trata-se de modalidade

de crédito rotativo que atende, exclusivamente, aos beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar – Pronaf. A operacionalização é simples, de baixo custo e bastante semelhante à de um

cheque especial. Único no mercado, pelo diferencial de atendimento àquele estrato de produtores,

o novo produto ultrapassou, em menos de cinco meses de funcionamento, a expressiva marca de

Page 51: Relatório Anual - 1997

105 mil contratos (aplicações superiores a R$ 350 milhões).

Dando continuidade às suas ações de apoio ao desenvolvimento de instrumentos privados de comerc i a l i z a ç ã o ,

o Banco lançou o serviço Garantia de Preços Agropecuários, meio de acesso dos produtores rurais aos merc a-

dos futuros e de opções agrícolas, permitindo o travamento de preços e a participação na oscilação positiva das

c o t a ç õ e s .

CPR - Cédula do Produto Rural

• 783 cédulas negociadas

• valor: R$ 58.906 mil

• produtos: algodão, boi gordo, café e soja

BB Leilão Eletrônico

• 674 leilões realizados

• 3,2 milhões de toneladas vendidas

• valor das vendas: R$ 721 milhões

• valor dos retornos: R$ 300 milhões

• produtos ofertados: açúcar, álcool, algodão em pluma, alho, arroz, borracha, café, calcário,

carne, castanha do Brasil, farinha de mandioca, fécula de mandioca, feijão, frutas, girassol,

leite, manteiga, massa, milho, pimenta-do-reino, queijo

BB Rural Rápido

• Lançado em agosto de 1997 com o objetivo de desburocratizar o crédito rural

• Responsável pela liberação de 56% dos recursos do Pronaf em 1997

(cerca de R$ 350 milhões)

Page 52: Relatório Anual - 1997

Transparência nas relações com os investidores – Com a estratégia de transparên-

cia adotada pela atual gestão, o BB vem se tornando referência em comunicação empresarial. A receptivi-

dade das medidas implantadas desde 1995, a conquista de certificados de qualidade e a obtenção, em

1997, do prêmio “Profissional de Relações com o Investidor”, pela Abamec, referendam os esforços e a ini-

ciativa do Banco em consolidar sua integração com os agentes de mercado.

Em 1997, o Banco destacou-se nos prêmios conferidos pela Associação Brasileira de Comunicação

Empresarial – Aberje, entidade que reúne cerca de 600 empresas associadas, entre elas as 150 maiores do

País. O Banco foi premiado nas categorias “Assessoria de Imprensa” (Lições de Transparência), “Projetos

Institucionais” (Projeto Memória – Castro Alves 150 anos e Banco do Brasil Musical), “Campanha de

Comunicação Interna” e “Inovação” (Programa Profissionalização) e “Vídeo de Comunicação Interna” (BB

Campeões de Atendimento). O Banco também recebeu dois Marketing Best, concedidos pela Fundação

Getúlio Va rgas (CCBB e Projeto Atlanta), manteve-se como o primeiro no Prêmio Top of Mind, oferecido

pelo Instituto Datafolha, e arrebatou duas premiações como “Destaque no Marketing 97” (Associação

Brasileira de Marketing & Negócios). Em 1997, quase 20 mil notícias foram publicadas sobre o Banco do

Brasil (média diária de seis páginas de informações). Nesse total, a participação de matérias positivas chegou

a 90%, marca inédita na história recente da Empresa.

No último pregão da Bovespa, as ações ON do Banco atingiram cotação média de R$ 7,35 e as PN,

R$ 8,22. Os bônus de subscrição foram cotados, valor médio, a R$ 1,95 (Série A), R$ 2,00 (Série B) e

R$ 2,29 (Série C).

Page 53: Relatório Anual - 1997

Na classificação de risco realizada pela Fitch IBCA, com base nas demonstrações financeiras do primeiro

semestre/97, o BB foi avaliado, em nível nacional, com F1+, índice máximo na escala de r a t i n g nacional de

crédito de curto prazo, e com AA, na de longo prazo (o índice máximo previsto pela empresa é AAA). A

Atlantic Rating (empresa associada à Thomson BankWatch, de Nova Iorque) classificou o Banco — em ter-

mos nacionais, sobre as demonstrações de setembro/97 — com B (a escala da empresa vai até A).

As análises realizadas conceituam favoravelmente o desempenho financeiro do Banco, que, cada vez mais,

vem conquistando a credibilidade do mercado e das agências de r a t i n g. A reputação da Empresa é de

instituição forte e sólida financeiramente, com baixa probabilidade de ocorrência de problemas significativos.

Cotação das Ações BB / Ibovespa (%)

4 0 %

2 0 %

J a n / 9 7 F e v / 9 7 M a r / 9 7 A b r / 9 7 M a i / 9 7 J u n / 9 7 J u l / 9 7 A g o / 9 7 S e t / 9 7 O u t / 9 7 N o v / 9 7 D e z / 9 7

0 %

-4 0 %

-2 0 %

O N

P N

I b o v e s p a

Page 54: Relatório Anual - 1997

O BB e a comunidade – Em 1997, cerca de 1,4 milhão de pessoas visitaram o Centro Cultural

Banco do Brasil, aberto para o público há oito anos. No total, foram realizados 119 eventos culturais, com

mais de 2.500 espetáculos nas áreas de teatro, música, dança, cinema e vídeo. Ao longo do ano, o CCBB

buscou parcerias com grandes empresas, a exemplo da Petrobrás, beneficiando-se da Lei de Incentivo à

Cultura, para concretizar alguns dos projetos de maior prestígio, no período.

A Fundação Banco do Brasil aplicou R$ 1,9 milhão no Projeto Memória, que, em sua primeira versão, ho-

menageou o sesquicentenário do poeta Castro Alves. Além disso, foram investidos R$ 4,4 milhões, através

da Fundação, em 29 projetos de restauração e conservação do patrimônio histórico. A Fundação Banco do

Brasil também se destacou no apoio à ciência, à tecnologia e a projetos educacionais dirigidos a crianças

carentes e ao homem do campo (Programa AABB Comunidade e Projeto Educar Plantando).

O projeto Musical Banco do Brasil, já no seu quinto ano, levou apresentações dos maiores instrumentistas

brasileiros a 18 cidades, num total de mais de 100 apresentações.

O patrocínio das seleções brasileiras de vôlei masculino e feminino e do Circuito BB de Vôlei de Praia foi

renovado até o final do ano 2000. Em 1997, o Brasil voltou a se destacar em grandes disputas interna-

cionais. Para 1998, estão previstas parcerias com o setor privado, de forma a alavancar negócios a partir do

patrocínio ao esporte.

Page 55: Relatório Anual - 1997

Conquistando o mercado – O lucro de 1997 é o resultado da nova postura do Banco do

Brasil — política criteriosa e conservadora de crédito, cultura de qualidade total e ênfase empresarial.

Para continuar a ser o “banco dos brasileiros”, a Empresa fomenta o desenvolvimento de novos valores e

mantém como prioridades estratégicas de atuação as áreas de mercado de capitais, seguridade e varejo.

Busca a conveniência do cliente para consolidar a nova trajetória da Empresa, motivo de sua missão — ser o

melhor banco do Brasil.

Prosseguimos em nosso esforço de conquistar mercado e queremos continuar a crescer. Contamos, para

tanto, com o apoio dos nossos acionistas, com a fidelidade dos nossos clientes e com o compromisso dos

nossos funcionários. A D i r e t o r i a .

Page 56: Relatório Anual - 1997

Banco do Brasil

BB Banco de Investimentos

Brasilsaúde

Brasilcap

Brasilprev

Seg. Bras. Créd. Exp o r t a ç ã o

Upsicard

Visanet

Tecban

Cia. Seg. Aliança Brasil

Brasilseg Participações

BrasilVeículos BB Securities

BBTUR

BB Leasing BB Financeira BB DTVM

BB Europe

BB AG

BB Leasing Co.

BAMB

BB CorretoraBB Cartões

BB Previdência

49,9%

49,99%

40,0%

13,75%

49,0%

29,3%

9,53%

100%

99,99% ON

0,01% ON

70,0% (40% ON)

70,0% (40% ON)

Estrutura do Conglomerado

Page 57: Relatório Anual - 1997

Varejo e Serviços

Assembléia Geral de Acionistas

Conselho de Administração

Diretoria

Tecnologia

Recursos Humanos

Infra-Estrutura

Secretaria Executiva

Conselho Fiscal

Auditoria Interna

Seguridade

Rural e Agroindustrial

Recuperação de Crédito

Mercado de Capitais e Investimento

Internacional

Governo

Distribuição

Comercial

Unidades Estratégicas de Negócios

Finanças

Crédito

Unidades de Função

Jurídico

Desenvolvimento Empresarial

Controladoria

Comunicação e Marketing

Unidades de Assessoramento

Arquitetura organizacional

Page 58: Relatório Anual - 1997

Produtos de investimento e capitalização

— Depósitos a prazo:

• CDB

• RDB

• BB Reaplic

• BB A p l i c 3 0

• BB A p l i c 1 2 0

• BB A p l i c P r o g r a m a d o

• Depósitos judiciais

— Títulos de capitalização:

• Ourocap

— Caderneta de poupança:

• Poupança-Ouro

• Poupex

— Fundos de investimento renda fixa:

• BB Fix DI 60

• BB Plus Curto Prazo

• BB Principal Garantido

• BB Empresarial 30

• BB Empresarial 60

• BB Aplic Curto Prazo

• BB Fix Curto Prazo

• BB Fix 30

• BB Fix 60

• BB Hedge Cambial 60

• BB Premium 60

• BB Multicarteira Conservador

— Fundos de investimento renda variável:

• BB Multicarteira A g r e s s i v o

• BB Ações Master

• BB Ações Índice

• BB Fiex

• BB Fundo de A ç õ e s

• BB Ações Te l e b r a s i l

• BB Privatização Light

• BB Privatização Coelba

• BB Ações Eletrobrasil

— Sistema de compra e venda de ações on- l i n e

Empréstimos, financiamentos e

prestação de garantia

— Cheques especiais:

• Cheque Ouro

• Cheque Ouro Executivo

• Cheque Especial Classic

• Cheque Ouro Empresarial

— Conta Corrente:

• Campus

• Te e n

• Eletrônica

• Comum

Principais segmentos negociais

Page 59: Relatório Anual - 1997

— Cartões de crédito e débito e

cartão de viagem:

• Ourocard

• Classcard

• Business Card

• Co-Branded

• A f i n i d a d e

• BB Visa Electron

• Banco do Brasil Visa Tr a v e l M o n e y

— Crédito direto ao consumidor:

• Sem direcionamento (crédito pessoal com

fiança e CDC automático)

• Com direcionamento (financiamento de veícu-

los e financiamento de demais bens e serviços)

• Com interveniência (CDCI)

— Financiamento de capital de giro:

• BB Giro

• Resolução 63

• Pasep Giro

— Financiamento de vendas

• Desconto de títulos

• Desconto de cheques

• Antecipação de crédito ao lojista

• BB Vendor

— Financiamentos rurais

• Custeio agrícola

• Custeio pecuário

• Investimento agrícola

• Investimento pecuário

• Resolução 2148

— Outros empréstimos e financiamentos

• Programa de Recuperação da Lavoura

Cacaueira Baiana

• Financiamento do 13º salário

• Fungetur – Fundo Geral de Tu r i s m o

• ARO – Antecipação da Receita Orçamentária

• Dívida Fundada

• Finame

— Leasing

• Leasing Internacional

• Leasing

• Leasing Cheque Ve í c u l o

— Av a i s

• Para importação

• Para exportação

• Fampe – Fundo de Aval às Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte

— Fianças

• Para importação

• Prestação de fiança

— Outras garantias

• Garantias prestadas no exterior

• Confirmação de garantias

do exterior

Page 60: Relatório Anual - 1997

Negócios agroindustriais e com

c o o p e r a t i v a s

— Linhas de crédito e financiamento

• Cooperensino – Para cooperativas educacionais

• Cooperfat – Financia projetos de cooperativas e

associações, com recursos do FAT

• Financiamento a projetos de cooperados –

beneficia produtores rurais, através da sua

c o o p e r a t i v a

• Aquisição de bens para fornecimento a

c o o p e r a d o s

• Aquisição de bens para prestação de serviços

a cooperados

• Adiantamento por conta de produtos a serem

b e n e f i c i a d o s

• Adiantamento por conta de produtos entregues

para venda

• Cheque Especial Unicred Banco do Brasil

— Convênios

• Convênio para integração à Compe

• BB Agro – Parceria com empresas da cadeia

a g r o i n d u s t r i a l

Operações internacionais e

comércio exterior

— Contratação de câmbio

• Financeira

• Importação

• Exportação

— Câmbio manual

• Travelers cheques

• Travelers Cheque Banco do Brasil

• Compra e venda de moedas

estrangeiras em espécie

— Financiamentos

• À exportação A C C

• À exportação ACC Indireto

• À exportação A C E

• À exportação Finamex

• Financiamento de bens exportáveis – FBE

• À importação

• Proex – Programa de Financiamento às

E x p o r t a ç õ e s

— Cobrança internacional

• Do exterior

• Sobre o exterior

• De importação

• De exportação

• Desconto para exportação – Forfex automático

Page 61: Relatório Anual - 1997

— Outras operações internacionais

• Crédito documentário de importação e de

e x p o r t a ç ã o

• Pagamento antecipado de importação

• Remessa direta de importação

• Export notes

• Depósito em moeda estrangeira no País

• Depósito em moeda nacional de domiciliados

no exterior

• Depósito no exterior

• Transferências financeiras do e para o exterior

• Serviço de comércio exterior

• Consultoria em negócios internacionais

Seguro e previdência

— Seguros

• Ouro A u t o m ó v e l

• Ouro Vi d a

• Ouro Vida Empresa

• Ouro Vida Garantia

• Ouro Vida Produtor Rural

• Ouromed Individual

• Ouromed Empresa

• Ouromed Profissional

• Ouro Empresarial

• Ouro Residencial

• Ouro Importação

• Seguro Fiança Locatícia

• Automático do Penhor Rural

• Modular Residencial

• Equipamentos móveis e estacionários

• Seguro Garantia de Obrigações Contratuais

• Seguros Personalizados

— Previdência Aberta

Plano de Aposentadoria

• Brasilprev Individual

• Brasilprev Júnior

— Previdência Fechada

• BB Previdência

• Previdência para Servidores Públicos

Pagamentos e recebimentos

— Depósitos à vista

— Pagamentos por conta de terceiros

• Crédito em conta corrente

• Pagamento eletrônico

• Emissão automática de recibo

• DOC Eletrônico

• Restituição do Imposto de Renda

• Pagamentos do Tesouro Nacional – OBT

• Pagamentos por conta do Pasep

• Pagamentos de Benefícios

— Recebimentos por conta de terceiros

• Depósitos identificados

• Carnês e assemelhados

• Débito programado

• Agendamento de pagamentos

Page 62: Relatório Anual - 1997

• Arrecadação de Tributos e Contribuições

— Distribuição da Arrecadação Federal

• FPE – Fundo de Participação dos Estados

• FPM – Fundo de Participação dos Municípios

• Fundef – Fundo de Desenvolvimento da

E d u c a ç ã o

— Cobrança

• Pagamento Eletrônico de Títulos

(cobrança sacada)

— Ordens de Pagamento

— Vale Consumo

• Valetik alimentação

• Valetik refeição

C o m e r c i a l i z a ç ã o

• Empréstimos do Governo Federal – EGF

• Administração de leilões eletrônicos (BB Leilão)

•AGF – Aquisições por conta do Governo Federal

A t e n d i m e n t o

• BB Personal Banking

• BB Responde

Administração de Fundos Oficiais

• FCO – Fundo Constitucional do Centro-Oeste

• Pasep – Programa de Formação do Patrimônio

do Servidor Público

• Funcafé – Fundo de Defesa da Economia

C a f e e i r a

• Proger – Programa de Geração de Emprego e

R e n d a

• Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar

• Fundos Oficiais Estaduais e Municipais

Prestação de Serviços

— Administração de Haveres da União

— Agenciamento de Operações com o Governo

F e d e r a l

— Administração da conta-única federal, estad-

ual e municipal

— Operações de Repasse

• Programa de Municipalização da A s s i s t ê n c i a

Social

• Programa de Municipalização da A s s i s t ê n c i a

Saúde

• Reforsus – Reforço à Reorganização do SUS

Turismo, viagens e eventos

• Passagens e pacotes

• Locação de meios de transporte

• Organização de eventos

• Outros serviços

• Operações especiais

Page 63: Relatório Anual - 1997

Conselho de Administração

Pedro Pullen Parente (Presidente)

Paulo César Ximenes Alves Ferreira (Vi c e - P r e s i d e n t e )

Amaury Guilherme Bier

Eliseu Martins

Fernando Amaral Baptista Filho

Karlos Heinz Rischbieter

Eduardo Augusto de Almeida Guimarães

Conselho Fiscal

Hugo Rocha Braga (Presidente)

Carlos Alberto de A r a ú j o

Fabio de Oliveira Barbosa

Levy Kaufman

Paulo Oscar França

Diretoria

Paulo César Ximenes Alves Ferreira (Presidente)

Carlos Gilberto Gonçalves Caetano

Edson Soares Ferreira

Hugo Dantas Pereira

João Batista de Camarg o

Ricardo Alves Conceição

Ricardo Sérgio de Oliveira

Contadoria

Gil Aurélio Garcia — Contador Geral

Contador CRC-DF 5.027

CPF: 047.999.766-72

Page 64: Relatório Anual - 1997

Banco do Brasil — Presidência

SBS — Ed. Sede III — 24º andar

70089-900 — Brasília (DF) — Brasil

Tel.: (061) 310-3400

Fax: (061) 310-2563

Diretoria de Finanças, Mercado de Capitais

e Relações com o Mercado

SBS — Ed. Sede III — 24º andar

70089-900 — Brasília (DF) — Brasil

Tel.: (061) 310-3406

Fax: (061) 310-2561/2563

Diretoria Internacional

SBS — Ed. Sede III — 24º andar

70089-900 — Brasília (DF) — Brasil

Tel.: (061) 310-3405

Fax: (061) 310-2563

Page 65: Relatório Anual - 1997

Nenhuma parte dos artigos poderá ser reproduzida, sejam quais forem

os meios empregados (mimeografia, xerox, datilografia, gravação, repro-

dução em disco ou fita), sem permissão por escrito do Banco do Brasil.

Aos infratores se aplicam as sanções previstas na Lei.

Relatório Anual 1997

Produção Gráfica: F i s h e r, Justus Comunicação To t a l

Fotos: Eduardo Ta v a r e s

D e s i g n : Rico Lins Studio

E d i t o r a ç ã o : Mariana Bernd, Frederico R. di Rico, Fernanda Rangel

I m p r e s s ã o : B u r t i

E d i ç ã o : Banco do Brasil – Comunicação e Marketing

Internet: http://www. b a n c o b r a s i l . c o m . b r