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RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO PROJETO URB AL III NOS TERRITÓRIOS VALE DO IGUAÇU E CAMINHOS DO TIBAGI NO ESTADO DO PARANÁ

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RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO PROJETO URB AL IIINOS TERRITÓRIOS VALE DO IGUAÇU E CAMINHOS

DO TIBAGI NO ESTADO DO PARANÁ

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Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER temcomo missão promover o desenvolvimento rural sustentável. Destacam-se como obje-tivos do seu trabalho a dinamização das economias locais, através de sistemas agrícolas de baixo impacto ambiental, con-tribuindo com o aumento da renda das famílias agricultoras, com o aumento da produção de alimentos seguros, garantindo a soberania e a segurança alimentar e nutri-cional e com a inclusão produtiva e social, promovendo a melhoria da qualidade de vida da família rural.

A organização territorial é uma polí-tica do Estado, que possui 11 territórios rurais homologados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, 8 territórios que estão incluídos no Programa do Governo do Estado o PRÓ-RURAL e outros 4 territó-rios organizados, com o objetivo de mini-mizar as diferenças regionais existentes, incentivando a criação de oportunidades de negócios, a criação de postos de trabalho e a melhoria da renda.

O Projeto URB AL III nos Territórios Vale do Iguaçu e Caminhos do Tibagi tem por objetivo a instalação de unidades didáticas de referência tecnológica em apicultura, em leite e uva para produção de vinho, sendo que estas atividades contribuirão para promover o desenvolvimento sustentá-vel dessas regiões. Essas unidades servirão para capacitar e divulgar, para os agriculto-res dos dois territórios e de outras regiões,

novas tecnologias e, com isso, ampliar a produção e a produtividade gerando renda e ocupação nas propriedades rurais.

A Emater tem papel fundamental nas ações do Projeto URB AL III pois, através dos técnicos de campo, mobilizou e capaci-tou os agricultores. Promoveu a articulação com as entidades do poder público e da sociedade civil para se engajarem na orga-nização dos territórios e na elaboração dos planos. Envolveu os técnicos, das diversas instituições dos territórios, na constituição das câmaras técnicas e na elaboração dos projetos do URB AL III e outros para os territórios.

As ações do projeto foram realizadas com êxito devido às parcerias construídas com as prefeituras municipais e suas diver-sas secretarias, com as casas familiares rurais, universidades, sindicatos dos traba-lhadores rurais, cooperativas, movimentos sociais, conselhos municipais de desen-volvimento rural, câmaras legislativas e as associações dos municípios dos doisterritórios. Na esfera federal, destaca-se aparceria com o Ministério do Desenvolvi-mento Agrário. No âmbito estadual a ênfase é para a parceria com a Secretaria Estadual da Agricultura - SEAB, Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Instituto Ambiental do Paraná - IAP, Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR, Companhia de Habitação do Paraná - COHAPAR e as secretarias de estado da saúde, educação, trabalho, assis-tência social.

Rubens Ernesto NiederheitmannDiretor-Presidente do Instituto Emater

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Em relação à distribuição fundiária do território, 95% dos estabelecimentos são familiares, sendo que, destes, 90% possuem área em torno de 16 a 24 hectares, ocupando 50% da área do território.

O Índice de Desenvolvimento Humano nos municípios que compõem o territóriovaria de 0,679 a 0,793 expressando a de-sigualdade social entre eles. O nível de po-breza é de 20,9%, sendo que 63% concen- tram-se na área rural do território.

Tabela 1 - População por Domicílio e Grau de Urbanização do Território Vale doIguaçu - Paraná - 2000/2010.

Na tabela é possível observar que os municípios de Antônio Olinto, General Carneiro e Porto Vitória tiveram diminuição na população total, no período de 2000 a 2010. Os municípios de São Mateus do Sul e União da Vitória tiveram um crescimento em torno de 10%.

Fonte: Censo IBGE 2010 e IPARDES.

Foto 1 - Bituruna Foto 2 - União da Vitória

Foto 3 - Pequena propriedade no Território Vale do Iguaçu

O Território Vale do Iguaçu está constituído por 10 municípios: Antonio Olinto, Bituruna (Foto 1), Cruz Machado, General Carneiro, Paula Freitas, Paulo Frontin, Porto Vitória, São João do Triunfo, São Mateus do Sul e União da Vitória (Foto 2) que reúnem, em conjunto, uma população de 178.425 pessoas, representando 1,6% da população estadual.

A história de organização espacial da região esteve vinculada a atividades econômicas tradicionais, de cunho extensivo e extrativo. Foi colonizada por imigrantes estrangeiros principalmente poloneses, ucranianos, alemães e italianos alocados em pequenas propriedades. Estes se dedicaram, desde logo, à extração da erva mate e à agricultura de autossustento, enfrentando dificuldades impostas por áreas montanhosas e solos de baixa fertilidade.

Permanecendo sempre escassamente povoada e com economia de baixo dinamismo, a região teve um tardio processo de integração a outras áreas mais empreendedoras do estado, em função da quase total ausência de vias de comunicação que estimulassem a circulação de mercadorias e fomentassem a produção.

De acordo com o Censo IBGE 2010, a população do território é de 167.891 habitantes, sendo que o território apresentava, naquele ano, grau de urbanização de 44,65%, de acordo com o IPARDES. (Tabela 1).

TerritórioVale do Iguaçu

TerritórioVale do Iguaçu

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Segundo os dados do DERAL (2011), ovalor bruto da produção do território é composto em 52,40% pela produção de madeira, 21,67% de grãos 5,29% da produção de olerícolas, 2,00% da produção de leite e 18,64% de outras explorações.

Todos os municípios do Território têm condições favoráveis à produção leiteira, em especial o incremento nas pequenas unidades familiares já existentes, que por não terem custos com obrigações trabalhistas viabilizam economicamente a atividade com um pequeno volume destinado à comercialização.

Em função da realidade do conjunto dos municípios que compõem o território, a partir de 2007, a AMSULPAR - Associação dos Municípios do Sul do Paraná iniciou um processo de organização visando o reconhecimento da região pelo governo federal e estadual, incluindo-a na politica de desenvolvimento territorial.

A partir de então se inicia uma proposta metodológica de planejamento participativo, envolvendo os cidadãos, a partir da reestruturação/criação dos conselhos municipais de desenvolvimento rural sustentável, que teve início em 2008. Este processo envolveu mais de 3.000 pessoas residentes no território em mais de 400 eventos que culminou com a elaboração do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável. A apro-vação do território pelo pelo CEDRAF - Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural da Agricultura Familiar ocorreu emagosto de 2008 e, em 2011, foi selecio-nado para o CONDRAF - Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural da Agricultura Familiar como território prioritário, sendo estereconhecimento homologado em 2013. (Foto 4).

Em função do esforço de organização do Território Vale do Iguaçu, culminando com a elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial, em 2009, o governo do Estado do Paraná apresenta a oportunidade de inclusão do território no Projeto URB AL III.

O processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial ocorreu com uma grande mobilização de agricultores familiares em todos os municípios, refletindo sobre o desenvolvimento almejado para oterritório, considerando as dimensões econômica, social e ambiental. (Fotos 5, 6 e 7). Foto 5 - Reunião Câmara Técnica do Leite

Foto 6 - Reunião do Conselho Municipal de Bituruna

Inicialmente foram realizadas 93 oficinas nas comunidades rurais, assentamentos e Casas Familiares Rurais, em todos os municípios do território, nos quais repre-sentantes do gênero feminino e masculino, jovens e idosos, contribuíram para o dia-gnóstico de potencialidades e desafios, priorizando necessidades e propostas, a partir de suas interpretações.

Na sequência foram realizadas, com o apoio dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento, oficinas municipais,

envolvendo 1.300 representantes das co-munidades, para definição das priorida-des por município e o detalhamento das propostas, objetivando a elaboração dos Planos Municipais de Desenvolvimento.

Em seguida, foi realizada uma oficina territorial, com 150 pessoas, para definir as prioridades do território, sendo que nesta ocasião também foi aprovado o nome do território como Vale do Iguaçu. (Foto 8).

Após a definição das prioridades terri-toriais, foram formadas as Câmaras Te-máticas para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial, a partir do

Foto 7 - Reunião da Câmara Técnica de Fruticultura

Foto 8 - Oficina Territorial - União da VitóriaFoto 4 - Reunião do Conselho Municipal de Antonio Olinto

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Foto 9 - União da Vitória - capacitação com consultores do Projeto URB AL III junho de 2010

estudo e organização das propostas gera-das nos Conselhos Municipais de Desen-volvimento Rural.

Durante o processo foram realizados inúmeros eventos de capacitação técnica dos técnicos, representantes da sociedade civil e dos agricultores, visando a qualificação do plano de desenvolvimento territorial e dos projetos para obtenção de recursos para sua execução.

No processo de capacitação e formação o Projeto URB AL III contribuiu através de oficinas realizadas pelos consultores, além de intercâmbio técnico realizado, durante o qual foi possível conhecer experiências exitosas e metodologias que facilitaram o avanço das atividades no território. (Fotos 9, 10 e 11).

O Plano de Desenvolvimento Territorial é gerido pelo Conselho Territorial deDesenvolvimento, composto por representantes da sociedade civil e organizações gover-namentais, estruturado conforme organograma a seguir.

O Fórum de Desenvolvimento foi criadoem maio de 2009, composto por 181 represen-tantes do território, sendo 93 da sociedade civil organizada. Na mesma oportunidade foi criado o Conselho Gestor, composto por 15 instituições da sociedade civil e poder público, cujos representantes foram eleitos em reunião para esta finalidade. (Foto 12).

Visando atender a demanda do Ter-ritório, dando encaminhamento à partedas propostas elencadas no Plano de Desenvolvimento, as Câmaras Técnicas priorizaram as propostas elencadas pelas comunidades e propuseram ao Conse-lho Gestor, a elaboração de projetos quecontribuíssem com o desenvolvimento da produção leiteira e da uva rústica. Tinham como objetivo ampliar a produção e a produtividade, resultando em melhoria da renda do agricultor familiar, focando suas ações na instalação de unidades de referência para capacitação dos agricul-tores e produtores nos municípios. Visando complementar a formação dos cidadãos do território, foi proposta a instalação de telecentros com o objetivo de possibilitar o acesso à internet aos jovens rurais estudantes nas Casas Familiares Rurais, as quais utilizam a pedagogia da alternância, para a formação dos filhos de agricultores.

Foto 10 - Visita a Granolo na Itália - intercâmbio de agroindustrialização do leite

Foto 11 - Intercâmbio na Itália para produção de vinho

Foto 12 - Conselho Gestor do Território

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A Câmara Temática da Cadeia Produtiva do Leite optou pela capacitação dos agri-cultores familiares envolvidos neste setor, através de um sistema de assistência qua-lificada com unidades demonstrativas dis-tribuídas estrategicamente no território fa- cilitando, assim, o acesso à tecnologia pró-ximo de suas propriedades. Esta condição é considerada essencial como estratégia para a evolução da cadeia produtiva do leite, levando a geração de renda e emprego ao meio rural. (Fotos 13 e 14).

Atualmente são 1.200 famílias de agri-cultores que produzem e comercializam oleite no Território Vale do Iguaçu. A produ-ção é de 95.000 litros de leite ao dia, isto é, 79 litros por produtor ao dia. Com a ca-pacitação continuada de produtores deleite no território, espera-se ampliar a oferta de postos de trabalho e consequentemente a renda das famílias rurais na cadeia produtiva do leite. A instalação das unidades demonstrativas objetiva também capacitar os técnicos envolvidos na produção leitei-ra, organizar os produtores em grupos de vizinhança inicialmente para o trabalho de assistência técnica e depois com a orga- organização da produção para o mercado.

Os produtores selecionados como colaboradores receberam em suas pro-priedades insumos e equipamentos ne-cessários para a instalação das unidades didáticas, comprometendo-se em fornecer os dados para as análises que serão feitas permitindo a divulgação dos resultados, além de disponibilizar a propriedade para os eventos de capacitação.

Antes mesmo da instalação das unidades tecnológicas foram realizadas atividades de capacitação aos produtores do território no Centro de Treinamento para Pecuaristas em Castro, abrangendo 160 pessoas em 08 cursos que abordaram conteúdos teórico-práticos na atividade leiteira.

Também foi proporcionada a oportuni-dade de intercâmbio técnico, com visita às propriedades de produção leiteira em Pato Branco com 40 produtores de leite. (Fotos 15, 16 e 17).

Muito significativo aos produtores foi o intercâmbio realizado à Região Emília Romagna, na Itália, onde os produtores colaboradores, tiveram a oportunidade de conhecer a produção de gado leiteiro, além de indústrias e cooperativas que atuam no ramo da agroindustrialização. Fotos 18 e 19).

IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES TECNOLÓGICAS PARA A PRODUÇÃO

LEITEIRA

Foto 13 - Cruz Machado Foto 14 - Cruz Machado

Foto 15 - Visita a uma propriedade leiteira no município de Pato Branco

Foto 16 - Visita ao IAPAR, Pato Branco Foto 17 - Visita a uma propriedade leiteira em Pato Branco

Foto 18 - Produção de queijo parmegianoItália 2012

Foto 19 - Produção de queijo parmegianoItália 2012

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IMPLANTAÇÃO DE UNIDADES TECNOLÓGICAS PARA A PRODUÇÃO

DA VITIVINICULTURA

No Plano de Desenvolvimento Rural Sus-tentável do Território Vale do Iguaçu foram destacadas algumas atividades econô-micas que podem promover o desenvol-vimento do setor rural, entre elas a fruticul-tura. A Câmara Temática de Fruticultura prio-rizou a uva rústica como uma das ativida-des principais, devido a sua boa adaptabi-lidade às condições naturais e ao mercado consolidado no Território e na região. (Foto 20).

Devido às condições desfavoráveis emrelação ao relevo, as áreas de exploração agrícola são de pequena dimensão, descontínuas e intercaladas com reflores-tamentos e remanescentes florestais. A tradição com a cultura da uva começou com os colonizadores que, na sua maioria descendentes de italianos oriundos da Serra Gaúcha, encontraram aqui as condições favoráveis para a exploração da vitivinicul-tura e, durante as décadas de 1950 a 1970, fizeram do município de Bituruna o maior produtor de uva e vinho do Estado do Paraná. (Foto 21).

Foto 20 - Reunião da Câmara Técnica de Fruticultura em União da Vitória

Foto 21 - Parreiral no Território Vale do Iguaçu

Com a mudança da política agrícola voltada para a mecanização e produção de grãos mais intensiva, aliada à dificuldade na comercialização (baixo preço) a viticultura

entrou em decadência, e os produtores começaram a trabalhar em outras atividades, principalmente erva-mate, fumo, milho e feijão como alternativa de renda e para subsistência.

A partir de 1994 foi retomada a atividade da fruticultura, principalmente a uva, quan-do os produtores foram motivados pe-los bons preços pagos pelo produto, e, principalmente, pelo incentivo à produção, que veio do poder público através de subsídios para o aumento dos vinhedos existentes e, também, para a instalação de novos. Os viticultores apostaram muito na industrialização, implantando um número expressivo de agroindústrias de suco e vinho no Território Vale do Iguaçu. (Fotos 22 e 23).

Todos os municípios do Território têm condições favoráveis à produção de uva. A experiência existente na atividade tem mostrado ser uma das atividades que, comparando-se com outras, proporciona uma melhor qualidade de vida. Esta resulta do maior potencial de rentabilidade econômica que essa atividade pode propiciar. A maioria dos produtores está vinculada a organizações comunitárias que administram equipamentos de uso coletivo. Poucos estão associados às cooperativas de comercialização de produtos em ge-ral. Em Bituruna há duas associações de vitivinicultores. Não há cooperativas voltadas para essa atividade no Território.

No Território há cerca de 300 famílias que produzem a uva rústica de forma comercial numa área de aproximadamente 261 ha. Aprodução no ano 2011 foi de 1.639 t/ano, segundo dados do DERAL, sendo que há uma demanda regional por uva rústica de 10 mil toneladas/ano. Esses números mostram que o mercado regional é bem maior que a oferta da uva. Para atender este mercado a proposta da Câmara Temática é melhorar os pomares existentes e implantar mais 400 ha de uva rústica. (Fotos 24, 25 e 26).

Foto 22 - Vinícola Bona em União da Vitória

Foto 23 - Vinícola Sanber em Bituruna

Foto 24 - Parreiral no Território Vale do Iguaçu

Foto 26 - Parreiral da Vinícola Di Sandi em BiturunaFoto 25 - Curso de produção de uva

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O projeto apresentado ao URB AL III propõe beneficiar, na sua totalidade, 700 famílias de agricultores, de agroindústrias familiares de vinhos, sucos e grapa insta-ladas no Território. São vinícolas que já possuem registro no Ministério da Agri-cultura e cantinas com produção informal. Existe também indústria de suco de uvas

além de diversas agroindústrias que pro-duzem doces e geleias de uva em vários municípios. O projeto prevê o atendimento do mercado local em sua primeira fase e, após suprir as necessidades do Território, existe a possibilidade de exportar para outras regiões dentro e fora do estado do Paraná. (Fotos 27, 28 e 29).

Os vinhedos existentes estão concen-trados principalmente nos municípios deBituruna, Cruz Machado, União da Vitória e São João do Triunfo. A proposta de implantação dos novos vinhedos será em todos os demais municípios do Território, incluindo assim mais 400 agricultores familiares nesta atividade.

Foto 27 - Bituruna Foto 28 - Consultores do URB AL III Foto 29 - Parreiral Di Sandi em Bituruna em Bituruna

Utilizando a ferramenta de análise IOS – Índice de Oportunidade Sustentada, obtiveram-se os resultados demonstrados abaixo.

Na figura os parâmetros indicados pela letra “a”, correspondendo a uma taxa de 60% na análise, referem-se à capacidade de fixação do valor acrescentado no território, a capacidade de criação de ocupação remunerada, ao grau de “novidade” da oportunidade no território, à capacidade de promover a valorização do “capital social” latente, à capacidade de propagação do projeto para fora do território e às sinergias atuais e potenciais na cadeia de valor territorial.

Os parâmetros indicados pela letra “b” referem-se ao nível de financiamento do projeto, à facilidade de financiamento do projeto e à viabilidade inicial e potencial de sustentabilidade do projeto, estes correspondendo a uma taxa de 20%, na análise.

Os parâmetros indicados pela letra “c” referem-se à possibilidade da mitigação do risco face à estrutura da oferta e da demanda em relação às tendências da procura local e/ou nacional e internacional e à carga de inovação tecnológica na oportunidade, correspondendo a uma taxa de 20% na análise.

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A análise do Marco Zero do projeto apontou que os fatores de intervenção referem-se à preparação/capacitação dos beneficiários para que os mesmos tenham êxito na atividade vitivinícola. Assim o projeto está centrado na instalação de unidades didáticas de referência que possibilitarão a inovação e a transferência de tecnologias às famílias de agricultores no território.

Além de aumentar a renda e postos de trabalho para as famílias rurais na cadeia produtiva da uva rústica no Território Vale do Iguaçu, o projeto tem por objetivos capacitar os técnicos envolvidos com o projeto; organizar o trabalho de assistência técnica na cadeia produtiva, capacitar e formar mão de obra qualificada para o trabalho nas propriedades; recuperar e aumentar a produtividade dos pomares de uva existentes, com tecnologia adaptada às condições locais e ao mercado local e regional; aumentar a oferta de uva rústica no Território Vale do Iguaçu.

A estratégia para capacitação dos vitivinicultores do Território tem sido a realização de cursos, reuniões técnicas e intercâmbios. Esses eventos são realiza-dos desde o início do Projeto URB AL III, que coincidiu com a criação do Territó-rio. Foram realizados cerca de 40 eventos desta natureza até o momento. Os inter-câmbios são normalmente realizados nasregiões nacionalmente reconhecidas naprodução de uva e vinho, nas quais desta-cam-se a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, e o Vale do Rio do Peixe, em Santa Catarina. (Fotos 30, 31, 32 e 33).

Foto 33 - Intercâmbio na Serra Gaúcha - Embrapa

Foto 30 - Curso de produção de uva

Foto 32 - Capacitação do Vale do Iguaçu

Foto 31 - Intercâmbio na Serra Gaúcha

Dentro da proposta de desenvolvi-mento do Território Vale do Iguaçu umadas ações prioritárias na área de edu-cação é a disponibilização de cursos pro-fissionalizantes na área agrícola e nãoagrícola para jovens e famílias rurais, poiso território tem uma carência muito gran-de neste aspecto.

No Território Vale do Iguaçu estão pre-sentes as Casas Familiares Rurais que buscam levar aos jovens do campo conhe-cimentos técnicos, econômicos, sociaise ambientais, visando a formação integrale profissional, de acordo com a realida-de em que vivem.

Inspiradas nas Maisons Familiales Ruralesque nasceram na França, as Casas Familiares Rurais ligadas à ARCAFAR SUL (Associação Regional das Casas Familiares Rurais daRegião Sul), têm na sua essência a cons-trução de princípios norteadores das relações interpessoais e do bem comum. Sua proposta metodológica está calcada na Pedagogia da Alternância, que consiste em mesclar períodos presenciais do aluno na Casa Familiar Rural, por uma semana em regime integral e duas semanas de aplicação supervisionada dos conhecimentos na propriedade familiar. Pretendem, assim, oferecer condições para a inserção dos jo- vens alunos na sua comunidade e com isto

INCLUSÃO DIGITAL – TELECENTROS NAS CASAS FAMILIARES RURAIS

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Foto 36 - Sala de aula da Casa Familiar Rural de Cruz Machado

Foto 35 - Visita de consultores URB AL IIIà Casa Familiar Rural de Bituruna

proporcionar novas oportunidades, geração de renda, inclusão social, qualidade de vida, cidadania e dignidade. (Foto 34).

No Território Vale do Iguaçu estão hoje em funcionamento quatro Casas Familiares Rurais nos municípios de Bituruna, CruzMachado, Paulo Frontin e São Mateusdo Sul no qual totalizam 244 jovens no ano de 2013. Estas escolas vêm desde seu início trazendo excelentes resultados aos jovens rurais contribuindo na forma-ção de acordo com a realidade em quevivem. (Fotos 35 e 36).

Os jovens que estudam nestas escolas são filhos de agricultores familiares que buscam neste ensino uma profissionalização no setor da agropecuária como um objetivo de qualidade de vida futura. O intercâmbio destes jovens na comunidade é frequente através de suas próprias famílias assim com as demais pessoas que vivenciam no meio rural. Pensando nisto o projeto de inclusão digital nestas escolas irá contribuir para a formação destes jovens estudantes, suas famílias e as comunidades de forma geral. O impacto através da disponibilização de serviços tecnológicos às comunidades envolvidas no projeto e a formação técnica será sem dúvida um dosaspectos importantes. Além disso irá con-tribuir para a redução das desigualdades socioeconômicas das famílias envolvidas no processo em que estes jovens, através de sua formação, estarão propiciando. A oportunidade de começar a inclusão digital, fundamental e necessária a uma mudança comportamental, educacional, social, política e econômica no territó-rio, proporcionará a uma parcela excluídadigitalmente, a possibilidade de reconhe-cerem e lutarem por seus direitos, aprimo-rando seu saber e desenvolvendo suas habilidades e competências.

O principal objetivo do projeto é ode promover a informação ampliadaatravés da implantação de centros de

inclusão digital nas Casas Familiares Rurais no Território Vale do Iguaçu. Outros objetivos se propõem alcançar com a implantaçãodo projeto, destacando-se entre elesprover as Casas Familiares de infraestru-tura básica para instalação de tele-centros; capacitar monitores e professoresdas Casas Familiares Rurais ministrando

GESTÃO DOS PROJETOS

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Foto 34 - Aula prática na Casa Familiar Rural de Cruz Machado

aulas de utilização de equipamentos, configurações, manutenções básicas, apli-cativos e internet, capacitar usuários decomunidades rurais sobre operação deaplicativos e navegação na internet, pro-mover o acesso às informações de gestãodas cadeias produtivas do leite e da uvarústica.

A gestão dos projetos será realizada pelo Conselho Gestor e as respectivas Câ-maras Temáticas farão a coordenação geral.Os Conselhos Municipais de Desenvolvi-mento Rural Sustentável farão o acompanha-mento em seus municípios desde a sele-ção das propriedades, implantação, desen-volvimento das atividades e avaliações. O Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, junto com asentidades parceiras é a entidade executo-ra do projeto. As entidades parceiras contri-buem na execução das ações previstas no projeto, destacando-se os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Cooperativas, Prefeituras Municipais, Associações de Pro-dutores Rurais, Casas Familiares Rurais, ARCAFAR SUL, Agroindústrias, ASPTA - Asso-

ciação para a Agricultura Familiar e Agroe-cologia, Cooperativas de Crédito Rural,Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária - EMBRAPA e Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Instituto Ambiental doParaná - IAP, Secretaria de Estado da Agricul-tura e do Abastecimento - SEAB, Agentesfinanceiros e Universidades.

Os recursos alocados para implantação e execução das atividades previstas nos projetos serão repassados pelo URB AL III ao governo do Estado do Paraná, que alocará a contrapartida necessária. A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB é a gestora dos recursos e realizoutodos os trâmites necessários para a aqui-sição dos bens e serviços previstos nosprojetos. (Fotos 37 e 38).

Foto 37 - Seminário Territórial no Vale do Iguaçu - Junho de 2013

Foto 38 - Seminário Territórial no Vale do Iguaçu - Junho de 2013

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Foto 39 - Telêmaco Borba Foto 40 - Tibagi

Tabela 2 - População por Domicílio e Grau de Urbanização do Território Caminhos do Tibagi - Paraná - 2000/2010.

Fonte: Censo IBGE 2010 e IPARDES.

No conjunto de municípios, o Território apresentou um ligeiro aumento da população total, embora, na mesma tabela é possível observar que os municípios de Figueira e Ortigueira tiveram diminuição na população total. Com exceção dos municípios de Orti-gueira, Reserva e Tamarana, os demais mu-nicípios possuem taxa de urbanização superior a 50%, destacando-se o município de Telêmaco Borba que possui o mais alto índice, em virtude da presença de indústria papeleira que emprega grande contingente de trabalhadores.

Fotos 41 e 42 - Áreas de reflorestamento no Território Caminhos do Tibagi Fotos 43 - Lavoura de soja

TerritórioCaminhos do Tibagi

TerritórioCaminhos do Tibagi

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O Território Caminhos do Tibagi é composto por nove municípios, sendo eles Curiúva, Figueira, Ventania, Ortigueira, Telêmaco Borba (Foto 39), Imbaú, Reserva, Tibagi (Foto 40) e Tamarana.

Na área do território as atividades econômicas estão de certa forma, polarizadas pela forte indústria papeleira sediada em Telêmaco Borba, município partícipe do território.As áreas com pastagem representam 28,0% da área total da região, seguidas pelas áreas com lavouras anuais. (Fotos 41, 42, 43 ).

De acordo com o Censo IBGE 2010, a população do território é de 193.477 habitantes, sendo que o território apresentava, naquele ano, grau de urbanização de 71,32%, de acordo com IPARDES. (Tabela 2).

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Foto 45 - Indígenas de Ortigueira

Foto 44 - Indígenas de Ortigueira

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Os municípios de Ortigueira e Tamarana abrigam uma população de aproximada-mente 500 indígenas da etnia Kaigang, que ocupam as terras de Apucaraninha, Quei-madas e Mococa. O município de Curiuva abriga uma população de aproximadamente 200 quilombolas, que vivem nas comuni-dades de Água Morna e Guajuvira. (Fotos 44 e 45).

O Censo Agropecuário de 2006 iden-tificou no Território Caminhos do Tibagi, 10.427 estabelecimentos dos quais 8.208 são estabelecimentos de agricultura familiar, representando 78,72%. Já os estabelecimen-tos não familiares no Território representavam 21,28%, sendo que esses dados apontam para a presença de áreas de latifúndios. Os Índices de Desenvolvimento Hu-mano nos municípios do território refle-tem uma situação de carência nas condi-ções de vida da população. Embora houvesse avanços nestes índices, situan-do os municípios no parâmetro de médio desenvolvimento humano, a maior parte dos municípios do território possui IDH-M (2000) abaixo da média do Brasil (0,764) e do Paraná, que é 0,736.

Cinco dos municípios que compõem o território foram classificados pelo IPARDES (2002) entre os vinte mais baixos IDHs do estado: Curiúva, Imbaú, Ortigueira, Reserva e Ventania. Na análise dos indicadores que compõem o IDH a renda é quase sempre o mais crítico, podendo-se constatar o eleva-do nível de pobreza existente no território.

CONSELHOS DE DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO CAMINHOS DO TIBAGI

Foto 46 - Oficina em Tibagi

De acordo com o IPARDES (2011) 29% dos 56.273 domicílios particulares exis-tentes no Território encontravam-se em condição de pobreza no ano de 2010. Estas taxas variam de 21,5% no município de Telêmaco Borba a 43,9% em Ortigueira. Outros estudos indicam que o índice de GINI médio do território é de 0,57, poden-do-se considerar que há um alto nível de concentração de renda.

A organização social no Território Cami-nhos do Tibagi é bastante precária, sendo necessário um investimento em formação para a cidadania, para que os moradores passem a ter uma participação mais ativa e crítica em seus municípios. A sociedade civil

está organizada em 318 organizações entre associações, sindicatos, cooperativas, con-selhos municipais e organizações não go-vernamentais. Estas organizações podem significar uma contribuição para o fortale-cimento e/ou a formação de capital humano e social do território, no entanto, a parti-cipação efetiva dos diversos segmentos sociais nos processos decisórios na gestão local é pouco representativa. As organiza-ções têm representação frágil pelo clien-telismo envolvendo as decisões dos ges-tores públicos, prática histórica ainda muito arraigada, mas também pela fragilidade da base produtiva que sustenta essas orga-nizações.

As primeiras discussões referentes à organização do Território Caminhos do Ti-bagi iniciaram em 2003, sendo realizados encontros microrregionais que envolveram mais de 1.200 agricultores familiares, em todos os municípios. Neste mesmo ano foi realizado o I Seminário Microrregional de Desenvolvimento Territorial, com a presen-ça de 250 participantes, representantes da sociedade civil e do poder público dos municípios do Território.

No início do ano de 2004, foi formadoo Comitê Gestor, dando início às ações deconstrução do Plano de Desenvolvimento Territorial. Para elaboração do referido plano, foram realizadas capacitações para técnicos e lideranças dos municípios, visando a cons-trução de um plano participativo. O processo de construção do Plano de Desenvolvimento Territorial envolveu 1.650 moradores nos mu-nicípios. (Fotos 46 e 47).

Foto 47 - Reunião da Câmara Técnica

O Fórum de Desenvolvimento do Terri-tório Caminhos do Tibagi é formado pelos Prefeitos Municipais, representantes do legislativo, instituições representantes do Estado existentes no território, insti-tuições de ensino, organizações não governamentais, associações, sindicatos e cooperativas rurais, instituições finan-ceiras e empresas privadas.

O CONSELHO É ESTRUTURADO POR ASSEMBLEIA, CONSELHO GESTOR, NÚCLEO

DE COORDENAÇÃO, CÂMARASTÉCNICA E TEMÁTICAS.

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No ano de 2007 o Território Caminhos do Tibagi foi incorporado ao programa nacional de territórios rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário, passando a se beneficiar de recursos federais para investimentos e capacitação.

Em 2009 o governo estadual indica o território para se integrar ao Projeto URB AL III, considerando o nível de pobreza dos municípios e o esforço na organização e fortalecimento territorial.

A partir das prioridades apontadas no Plano de Desenvolvimento Territorial e na análise SWOT (Potencialidades, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) de cada muni-cípio que compõe o território, foi atualizado o diagnóstico e a perspectiva de um futuro desejado pelos moradores. Foram aponta-das ações nos setores de produção agro-pecuária e agroindustrialização, infraes-trutura logística e comunicação, além do fortalecimento na organização social e política, inclusão de jovens rurais, quilom-bolas e indígenas nos processos produtivos, aspectos ambientais relativos ao destino de resíduos sólidos e conservação de solos e água. (Foto 50).

O Projeto de Apicultura iniciado no território desde ano de 2004, com o objetivo principal de instalar infraestrutura para extração e beneficiamento do produto, promovendo desta forma a elevação da renda das famílias de agricultores familiares e a geração de empregos. A atividade apícola é uma alternativa de desenvolvimento rural e territorial sustentável para a agricultura familiar, presente em todos os municípios deste território, com potencial de ampliação pela extensa área com cobertura florestal de eucalipto e outros pastos apícolas, os quais propiciam um mel de altíssima qualidade. Atividades iniciadas em mea-dos de 1992 demonstram que esta alternativa tem gerado uma boa rendanas pequenas propriedades, nas quais

Foto 50 - Reunião da Câmara Técnica

predomina a mão de obra familiar. (Fotos 48, 49, 50 e 51).

Foto 49 - Apiário de Laércio Roberto dos Santos no Território Caminhos do Tibagi

Foto 48 - Apicultor José Valter Pavan do Território Caminhos do Tibagi

Foto 51 - Apiário de Mario Kossar (área de parceria Klabin - dentro da área da Klabin)

Foto 50 - Apiário de Mario Kossar (área de parceria Klabin - dentro da área da Klabin)

O URB AL III se apresentou como uma oportunidade para incrementar o projeto a partir do investimento em unidades didáticas de referência tecnológica em apicultura, além de implantar um centro de capacitação para a produção de subprodutos à base de mel, visando a agregação de valor. (Foto 52).

Com o objetivo de melhorar a qualidade do mel produzido, visando o manejo cor-reto da atividade, a padronização das colmeias, a introdução de rainhas melho-radas geneticamente, além de promover a organização dos produtores e da produção, o projeto prevê a aquisição de equipamentos que serão instalados nas unidades didáticas de referência tecnológica.

Os apiários serão compostos por 30 caixas-ninhos com uma melgueira, equi-pamentos de proteção individual (EPI’s) e materiais apícolas necessários para a exploração. Será realizada a implantação de

Foto 52 - Apiário de Mario Kossar (área de parceria Klabin - dentro da área da Klabin)

8 apiários, nos municípios do território, em áreas de reflorestamentos de eucalipto e mata nativa, principalmente dentro da Fazenda Monte Alegre da empresa Klabin do Paraná (Foto 53), com a colocação de 240 caixas de abelhas o que permitirá obter uma produção certificada, visto que a empresa mencionada possui certificação de suas florestas.

13Foto 53 - Fazenda Monte Alegre da Klabin em Telêmaco Borba

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Visando agregar valor à produção de mel e derivados, foi apresentada a pro-posta de instalação do Centro Tecnológico de Capacitação em Panificação, para a pro-fissionalização na produção e comercia-lização de produtos de mel e derivados. Estes produtos têm ótima aceitação por parte dos alunos da rede pública de educação e possui mercado garantido aose integrar o projeto à politica pública do governo federal, de compras institucio-nais, que determina que 30% dos recursos oriundos do FNDE - Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação seja desti-nado à compra de produtos da agricultura familiar e suas organizações. Com a possibilidade de incremento da produção de mel e produtos derivados e o incentivo do Projeto URB AL III no território, os apicultores retomam e aceleram a orga-nização da cooperativa COOCATMEL legali-zando e organizando toda a documentação no ano de 2009. (Fotos 54, 55 e 56).

Foto 54 - Coocatmel - Sachês de mel para Merenda Escolar

Foto 55 - Coocatmel - Processo de embalagem do mel

Foto 56 - Produtos da Coocatmel

Através de parceria firmada, entre a Cooperativa e a UEPG - Universidade Esta-dual de Ponta Grossa foram desenvolvidos subprodutos à base de mel, colocados no mercado local com boa aceitação do consumidor. Também estão sendo desen-volvidos produtos cosméticos e fitote-rápicos. (Foto 57).

A capacitação dos apicultores e seus familiares para manipular e fabricar produtos de mel e derivados tem, entre outros objetivos, o de gerar trabalho e renda para os associados e produtores, principalmente oportunizando trabalho às mulheres, jo-vens, indígenas e quilombolas, agregar va-lor ao mel e derivados e melhorar a quali-dade da alimentação escolar através da oferta de produto de alto valor nutricional.

Dentre as atividades realizadas pelo projeto URB AL III ocorreram eventos de capacitação dos técnicos, representantes da sociedade civil e dos produtores, através de oficinas realizadas pelos consultores, além de intercâmbio técnico realizado, no qual foi possível conhecer experiências exitosas e metodologias que facilitaram o avanço das atividades no território. (Fotos 58 e 59).

Também foram realizados cursos para capacitação dos apicultores do território, abordando assuntos como manejo apíco-la; boas práticas apícolas: higienização pes-soal, do ambiente e dos equipamentos; preparo de materiais para produção de rainhas, entre outras práticas. (Fotos 60, 61, 62 e 63).

Foto 57 - Comercialização de produtos da Coocatmel

Foto 58 - Intercâmbio em Valência, Espanha

Foto 59 - Valência, Espanha - intercâmbio

Foto 61 - Curso de apicultura

Foto 63 - Curso de apicultura

Foto 60 - Curso de apicultura

Foto 62 - Curso de apicultura

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Os projetos implantados nos Territórios Caminhos do Tibagi e Vale do Iguaçu são essencialmente de formação e capacitação e seus resultados de médio e longo prazos. Em vista desse fator, os projetos serão monitorados continuamente. A quantidade e a qualidade dos eventos realizados, o número de pessoas capacitadas, as inovações tecnológicas criadas e adotadas, a repercussão na produção e pro-dutividade das atividades econômicas – leite e fruticultura, na ampliação dos postos de traba-lho, na melhoria da renda e da qualidade de vida dos agricultores familiares do Território.

Contudo até o momento já foi possível veri-ficar resultados positivos que influenciaramno fortalecimento da organização territorial, que durante o processo mobilizou aproxima-damente 7 mil pessoas indiretamente, entre agricultores e representantes de instituições públicas e privadas. Este processo participativo garantiu maior credibilidade por parte das ins-tituições e dos agricultores envolvidos, resul-tando na priorização dos projetos desenvolvidos e em desenvolvimento, ocasionando o maior compromisso dos representantes do poder público. Resultou também, na identificação de novas oportunidades de geração de ocupação e renda, além da integração e adequação das politicas públicas aos interesses dos territórios.

MONITORAMENTO EAVALIAÇÃO DOS PROJETOS

LIÇÕES APRENDIDAS NO PROCESSO

Todo o processo de organização dos territórios, que foi fortalecido com a intervenção do Projeto URB AL III, culminando na elaboração e aprovação de projetos sustentáveis, deixou as seguintes lições:

A importância e necessidade de intervir em programas de expansão e fortalecimento das redes de relações com a predisposição de realizar ações de confiança e colaboração, voltadas aos objetivos comuns de desenvolvimento sustentável;

Sempre partir da realidade do território, explorando melhor o potencial de participação e contribuição dos atores locais, na elaboração de planos, programas e projetos de desenvolvimento sustentável;

Investir na formação para cidadania, ampliando desta forma a capacidade dos vários segmentos da população para interferir na elaboração, execução e monitoramento de politicas públicas;

Reconhecer os limites da participação social, em virtude da difi-culdade em reverter a centralidade e o protagonismo do Estado na definição de políticas e prioridades sociais, aliado ao pouco exercício da sociedade civil para uma atuação mais ativa no diálogo deliberativo junto ao poder público.

Entre os elementos que podem ser replicáveis para outras expe-riências destacam-se a metodologia usada para a mobilização e organização dos atores locais, para participação na elaboração dos projetos territoriais. O envolvimento e compromisso dos governos locais, promovendo a integração nos diferentes níveis de governo - federal, estadual e municipal - e a integração entre as instituições públicas e privadas.

RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO PROJETO URB AL III NOS TERRITÓRIOS VALE DO IGUAÇU E CAMINHOS DO TIBAGI NO ESTADO DO PARANÁ. Elaboração Técnica: Assistente Social Miriam Fuckner, Área de Desenvolvimento Social do Instituto Emater. Revisão/Diagramação: José Renato Rodrigues de Carvalho – Julho de 2013

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER - Rua da Bandeira, 500, Cabral - Curitiba - Paraná - Brasil - www.emater.pr.gov.br