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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE – FACES PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA LEANDRO PIN RANGEL Relação entre a dureza do escoamento de áreas agrícolas e a dureza da água do córrego Sarandi DF: Um ensaio sobre a potencial influência desse parâmetro na composição de espécies aquáticas BRASÍLIA-DF 2016 CORE Metadata, citation and similar papers at core.ac.uk Provided by UniCEUB Centro Universitário de Brasília: Publicações Acadêmicas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE – FACES

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

LEANDRO PIN RANGEL

Relação entre a dureza do escoamento de áreas agrícolas e a dureza da água do córrego Sarandi – DF:

Um ensaio sobre a potencial influência desse parâmetro na composição de espécies aquáticas

BRASÍLIA-DF

2016

CORE Metadata, citation and similar papers at core.ac.uk

Provided by UniCEUB Centro Universitário de Brasília: Publicações Acadêmicas

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LEANDRO PIN RANGEL

Relação entre a dureza do escoamento de áreas agrícolas e a dureza da água do córrego Sarandi – DF:

Um ensaio sobre a potencial influência desse parâmetro na composição de espécies aquáticas

Relatório final de pesquisa de Iniciação Científica

apresentado à Assessoria de Pós-Graduação e

Pesquisa pela Faculdade de Ciências da Educação e da

saúde – FACES

Orientação: Eduardo Cyrino de Oliveira Filho

BRASÍLIA-DF

2016

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RELAÇÃO ENTRE A DUREZA DO ESCOAMENTO DE ÁREAS AGRÍCOLAS E A DUREZA DA ÁGUA DO CÓRREGO SARANDI – DF: UM ENSAIO

SOBRE A POTENCIAL INFLUÊNCIA DESSE PARÂMETRO NA COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES AQUÁTICAS

Leandro Pin Rangel – UniCEUB, PIBIC-CNPq, aluno bolsista

[email protected]

Eduardo Cyrino Oliveira-Filho – UniCEUB, professor orientador

[email protected]

A agua é um elemento se suma importância para a sobrevivência dos

organismos. Todavia, o grande desperdício e a contaminação por atividades

antrópicas estão prejudicando sua disponibilidade para uso e a biodiversidade

dos ambientes aquáticos. Um dos parâmetros influenciados pela

contaminação/escoamento antrópico é a dureza da água, refletida

principalmente pelos elementos Ca e Mg. Nesse contexto, o presente projeto

teve por objetivo relacionar a dureza da água do escoamento superficial de áreas

agrícolas com a dureza da água de um Córrego localizado abaixo da área

monitorada, e discutir a possível influência desse escoamento na presença e

sobrevivência de espécies aquáticas. Os resultados obtidos mostram que a

dureza do escoamento variou de 12 no solo com pasto a 36 no solo com cana,

durante o ano hidrológico de 2015/2016, e a dureza do córrego Sarandi, logo

abaixo das calhas, variou de 2 no ponto cachoeira a 8 no mês de junho. Sobre

esse aspecto a presença de organismos do zooplâncton nos pontos de coleta do

córrego, evidenciou diferença entre espécies presentes nas áreas naturais do

córrego e naquelas sob uso agrícola do solo. Todavia essa não pode ser

relacionada com a dureza, tendo em vista a pequena variação desse parâmetro

ao longo do córrego Sarandi. O resultado do levantamento de espécies no

córrego, sugere a possibilidade de influência de lançamento de esgotos, todavia

esse aspecto não foi devidamente avaliado. Como conclusão foi possível

observar que o escoamento não influenciou a dureza da água no córrego que

por sua vez não pode estar relacionada a composição de espécies aquáticas.

Palavras chave: Zooplâncton. Ecotoxicologia. Escoamento Superficial.

Qualidade de agua.

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Sumário

1. Introdução .....................................................................................

1.1. Problema de pesquisa........................................................

1.2. Justificativa...............................................................................

1.3. Objetivo geral..................................................................

2. Fundamentação teórica ..........................................................................

3. Metodologia .................................................................................

4. Resultados

5. Conclusões .................................................................................

6. Referências bibliográficas .....................................................................

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1. INTRODUÇÃO

1.1 problema da pesquisa

O escoamento superficial é a etapa do ciclo hidrológico caracterizada pelo

deslocamento da água na superfície da terra. Vários fatores podem influenciar

nesse processo tais como o relevo, a cobertura vegetal e a intensidade, duração

e frequência das chuvas. A água escoada pela superfície do solo é fator

importante para os processos de erosão, transporte e deposição de sedimentos

e nutrientes pelas vertentes e corpos hídricos de bacias hidrográficas

(VANLANDEGHEM et al., 2012). Dentre os vários nutrientes presentes na água

de escoamento, destacam-se o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), que possuem

relação direta com a dureza da água. A dureza da água é uma propriedade

resultante principalmente, da dissolução de minerais presentes no solo e em

rochas, mas também pode ser influenciada por ações antrópicas de diversas

origens, como a agricultura e a urbanização (WURTS, 1993).

Muitos organismos aquáticos, como crustáceos e moluscos, dependem

diretamente da dureza da água para a sua sobrevivência e reprodução

(ROBERTSON, 1941; YOUNG, 1975; MEYRAN, 1998).

Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo relacionar a dureza

da água do escoamento superficial em áreas agrícolas com diferentes usos do

solo com a dureza da água de um Córrego que fica abaixo dessa área, e discutir

acerca da possível influência desse escoamento na presença e sobrevivência de

espécies aquáticas.

1.2 Justificativa

O histórico de evolução do desmatamento e fragmentação dos

ecossistemas no Bioma Cerrado está atrelado à história da evolução da

produção agropecuária na região. Com a intensificação da produção agrícola, no

final da década de 1970, grandes áreas de mata ripária (e outras formações

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florestais) foram derrubadas para a produção de grãos, pastagens e hortaliças

(FONSECA et al., 2001).

A supressão da zona ripária pode ocasionar, dentre outros impactos, a

erosão do solo (que constitui o mais importante meio de transporte dos nutrientes

para os mananciais de água), e a diminuição da capacidade de ‘tamponamento’

de poluentes de fonte difusa pelos corpos hídricos, uma vez que a presença da

vegetação reduz a infiltração de nutrientes para eles (LEE et al., 2003; CLINTON,

2011; BAKER et al., 2007).

No processo de contaminação dos recursos hídricos, a prática da

agropecuária representa um risco no que se refere à contaminação

microbiológica e à utilização de agrotóxicos e fertilizantes, que podem atingir aos

rios por meio do escoamento superficial da água de chuva (OLIVEIRA-FILHO;

LIMA, 2002).

Para detectar problemas relacionados à poluição de ambientes aquáticos

por fonte de poluição difusa (escoamento superficial), a adoção de métodos

químicos, físicos e biológicos é considerada uma estratégia de avaliação. A

comparação entre a qualidade da água de escoamento em área com e sem a

mata ripária, visa qualificar o papel da vegetação e fornecer subsídios para ações

de restauração e preservação desses ambientes.

3.1. Objetivo Geral

Relacionar a dureza da água do escoamento superficial em áreas

agrícolas com diferentes usos do solo com a dureza da água de um Córrego que

fica abaixo dessa área, e discutir acerca da possível influência desse

escoamento na presença e sobrevivência de espécies aquáticas.

3.2. Objetivos Específicos

a. Coletar amostras do escoamento das calhas e dos pontos do córrego

Sarandi;

b. Realizar análises de dureza total, e dos íons Ca2+ e Mg2+ nas amostras das

águas coletadas no rio e nas calhas;

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c. Comparar a dureza do escoamento com a dureza da água do córrego;

d. Avaliar a potencial contribuição do escoamento na composição de espécies

do córrego.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A prática de agricultura e pecuária no Cerrado vem ganhando destaque

nas últimas décadas, contudo, a conservação dos diferentes ecossistemas

naturais do bioma (incluindo as matas ripárias) não tem acompanhado esse

progresso (ALHO, 2005). No Brasil, assim como na maioria dos países, a

degradação de áreas ripárias sempre foi e continua sendo fruto da expansão

desordenada de fronteiras agrícolas ou de práticas agropecuárias inadequadas

(RODRIGUES; GANDOLFI, 2000).

A agricultura, como o maior usuário de água doce a nível mundial e como

uma das causadoras de degradação, seja de recursos vegetais, quanto de

recursos hídricos superficiais e subterrâneos, contribui para as preocupações a

respeito das implicações globais sobre a qualidade da água e da diminuição das

reservas florestais.

As matas ripárias desempenham funções ecológicas, sociais e

econômicas importantes, entre elas a manutenção dos leitos dos rios, proteção

das nascentes, conservação do solo contra erosão e empobrecimento,

preservação do patrimônio genético, manutenção de condições favoráveis à

fauna, entre outros. Porém, o papel mais importante é a manutenção dos

recursos hídricos (AQUINO; VILELA, 2008).

Devido a essa importância, essa vegetação foi contemplada em lei no

Código Florestal de 1965 (BRASIL, 1965), que especificou larguras mínimas de

proteção para diferentes dimensões dos corpos hídricos. A faixa de mata ciliar

regulada pela lei recebe a denominação de Área de Preservação Permanente

(APP), sendo seu uso vetado para qualquer fim que não seja preservação

ambiental (MARTINI; TRENTINI, 2011).

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O antigo Código Florestal sofreu diversas modificações, com alterações

dos limites das APPs nas últimas décadas. A Lei n. 7.511, de 1986, aumentou a

largura da mata, após desastres naturais que ocorreram na época e em 1989, a

largura das APPs ripárias foi alterada pela Lei n. 7.830, que manteve as faixas

de 30m (para cursos d’água de menos de 10m de largura) e de 50m (para os

cursos d’água entre 10 a 50m de largura), mas alterou as demais faixas, que

haviam sido estabelecidas pela Lei n. 7.511 (SAUER; FRANÇA, 2012).

O Novo Código Florestal publicado em 25 de maio de 2012 gerou

polêmica no meio científico, sendo sancionado com 12 vetos e diversas

alterações. No texto atual a principal modificação relativa às matas ripárias prevê

30m para matas ripárias em rios de até 10 metros de largura; quando houver

área consolidada em APP de rio de até 10m de largura, reduz-se a largura

mínima da mata para 15m. Cinquenta metros nas margens de rios entre 10 e

50m de largura, e ao redor de nascentes de qualquer dimensão. Mil metros nas

margens de rios entre 50 e 200m de largura. Duzentos metros para rios entre

200 e 600m de largura. Quinhentos metros nas margens de rios com largura

superior a 600m. Cem metros nas bordas de chapadas (BRASIL, 2012).

Tais mudanças no Código Florestal brasileiro acerca da preservação e

restauração de áreas de mata ripária demandam cada vez mais estudos sobre

a importância desses ambientes para a manutenção da qualidade dos corpos

hídricos.

Nesse sentido, são necessários conhecimentos sobre a influência das

áreas de agricultura nos recursos hídricos e manutenção da vida aquática,

visando à geração de dados que possam esclarecer dúvidas e mostrar

efetivamente as consequências do uso do solo e as possíveis perturbações

ambientais ocasionadas.

Dados recentes mostram que a dureza da água em áreas de nascente do

Cerrado, incluindo o córrego Sarandi, é muito baixa. Todavia, os mesmos

estudos mostram que em áreas posteriores à nascente, a dureza é

consideravelmente aumentada (MUNIZ et al., 2011). Outros estudos sugerem

que a manutenção da vida de algumas espécies em água com baixa dureza é

praticamente inviável (GREENAWAY, 1985; HARMON, 2003; KIEHN ET AL.,

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2004), e nesse caso se enquadra o córrego Sarandi em sua nascente, onde a

dureza não permite a sobrevivência e a reprodução de gastrópodes aquáticos

da espécie Biomphalaria glabrata (OLIVEIRA-FILHO et al., 2014).

3.METODOLOGIA

3.1. Localização e descrição da área de estudo

Para a realização do presente estudo, serão utilizados dados obtidos em

calhas de monitoramento da enxurrada construídas em área de campo

experimental da Embrapa Cerrados em Planaltina - DF. Além disso, será

realizado monitoramento da qualidade da água (dureza) em 6 pontos do Córrego

Sarandi, visando a comparação com os dados obtidos nas calhas construídas

sob a influência de quatro diferentes coberturas do solo (pasto, cana, soja e solo

exposto).

A Bacia do Córrego Sarandi está localizada na parte norte do Distrito

Federal, entre as cidades de Sobradinho e Planaltina, com exutório nas

coordenadas 15º35’58,76’’S e 47º41’48,91’’O e área de drenagem total de 32,7

km² (LIMA et al. 2013) (Figura 1).

A área caracteriza-se por ser uma área que sofre fortes influências de

loteamentos e de atividades agrícolas desenvolvidas (CARVALHO, 2005; ASSIS

et al., 2013).

Figura 1. Localização da Bacia Experimental do Córrego Sarandi no Distrito Federal.

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Fonte: Lima et al. (2013).

3.2. Coletas das amostras nas calhas

As calhas foram construídas em chapa galvanizada reforçada com

cantoneiras 1"x1/8, sendo a estrutura de contorno e o “bico coletor” da calha

preparados/confeccionados no Laboratório de Máquinas da Embrapa Cerrados.

A água escoada é armazenada em caixas d’água de polietileno com capacidade

de 250 L. Além disso, foram instalados pluviógrafos para coleta de dados de

precipitação.

As coletas das amostras de escoamento superficial ocorrerão

mensalmente para a obtenção de dados de diferentes períodos de clima.

Na Figura 2 é apresentado um resumo fotográfico das etapas de

construção e de monitoramento nas calhas de Wischmeier instaladas na

Embrapa Cerrados.

Figura 2. Etapas da construção das calhas de Wischmeier na Embrapa

Cerrados, até o monitoramento da quantidade de água escoada e da coleta de

amostras para análises da qualidade da água e da carga de sedimentos.

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Fonte: Lima et al. (2013)

3.3. Coletas das amostras no córrego Sarandi

O córrego Sarandi, localizado no Distrito Federal, é afluente da margem

direita do ribeirão Mestre d’Armas, que deságua no rio São Bartolomeu, tributário

da bacia do rio Paraná. Grande parte da bacia ainda é coberta por vegetação

natural de Cerrado, estando o restante submetido à influência de loteamentos e

de atividades agropecuárias.

As coletas serão realizadas mensalmente ou mais em caso de eventos

extremos de chuva. Os pontos de coleta no Córrego Sarandi foram definidos de

acordo com as diferenças entre as várias ocupações do solo na região e são

apresentados na figura 3, e a descrição dos pontos é apresentada no quadro 1.

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Figura 3 – Apresentação dos pontos de coleta no Córrego Sarandi.

Quadro 1 - Descrição dos pontos de coleta de água no Córrego Sarandi.

Sigla Nome do ponto Coordenadas

P1 Cachoeira S15°35’43,0” W47°44’46,4”

P2 Antes da Barragem S15º35’15.1” W47º44’02.1”

P3 Depois da Barragem S15º35’15.0” W47º44’02.0”

P4 Ponte S15°35’10,9” W47°43’58,7”

P5 Antes Jusante S15º35’28.0” W47º44’05.9”

P6 Jusante S15°35’33,9” W47°42’17,1”

P7 Depois do Jusante S15º35’35.5” W47º42’06.9”

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3.4. Análises físico-químicas

As análises físico-químicas e microbiológicas da água objetivam

identificar e quantificar elementos e espécies iônicas presentes no ambiente e

associar os efeitos de suas propriedades às questões ambientais, permitindo a

compreensão dos processos naturais ou alterações no meio ambiente (PARRON

et al., 2011).

Para cada amostra coletada serão realizadas determinações dos

parâmetros, temperatura, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, condutividade, pH

e dureza da água. Os parâmetros temperatura, oxigênio dissolvido,

condutividade e pH serão determinados com a utilização do medidor

multiparâmetros sension156 HACH. A turbidez será medida em laboratório por

meio do turbidímetro portátil Hanna HI 93703, e a dureza da água será avaliada

por meio do método titulométrico com EDTA-Na (mg/L de CaCO3) (ABNT, 1993).

Tais análises serão realizadas com as amostras das calhas e da água do

córrego.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados dos parâmetros químicos analisados nas amostras do Córrego

Sarandi e os dados de dureza das calhas analisadas estão expressos nos

gráficos 1, 2, 3 e 4

4.1 Dureza do córrego Sarandi

As amostras de agua nos meses analisados não apresentam variação

significativa de dureza como mostra o gráfico 1, os picos de junho e outubro

onde foi detectado a maior dureza com o valor de 5,0 mg.L-1 de CaCO3 foi

relacionado a presença de chuvas esporádicas.

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Gráfico 1. Valores de dureza total em mg.L-1 de CaCO3 das amostras de água superficial do

Córrego Sarandi.

O grau de dureza total da água – definido principalmente pelo teor de íons

cálcio e de magnésio – pode influenciar significativamente a sensibilidade de

organismos, além disso, deve-se considerar também que o cálcio é um elemento

essencial para o desenvolvimento corporal de peixes e crustáceos (KNIE;

LOPES, 2004).

4.2 Dureza das calhas

As amostras de agua das calhas, não apresenta valores significativos de

variação de dureza como mostra o gráfico 2, onde apenas no 2 semestre de

2015 (início do período chuvoso) foi detectado uma dureza com o valor de 36,0

mg.L-1 de CaCO3. O solo com uso de pasto na sede apresentou o maior valor

de 36,0 mg.L-1 de CaCO3 e o menor valor no também com o solo com pasto na

serra com o índice de 12,0 mg.L-1 de CaCO3

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Du

reza

to

tal e

m (

mg.

L-1d

e C

aCO

3)

Dureza total

Cachoeira

Ponte

Jusante

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Gráfico 2. Valores de dureza total em mg.L-1 de CaCO3 das amostras coletadas nas calhas

de Wischmeier

4.3 Análises biológicas

4.3.1 Coliformes totais e termotolerantes

O Gráfico 3 e 4 mostram o número mais provável (NMP) de coliformes totais e termotolerantes obtidos em 100mL de amostras de agua do Córrego Sarandi no período de 1 ano e mostra as áreas vulneráveis com relação a este aspecto

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Gráfico 3. Número Mais Provável de coliformes totais em 100 mL das amostras de água do

Córrego Sarandi.

As analises dos parametros microbiologicas apresentam um alto indice de

coliformes totais durante todos os meses da amostragem (>2.419,6 NMP/100

ml), contudo os índices variaram na jusante em janeiro com o valor mínimo de

(325,5 NMP/100 mL) em maio na cachoeira (1046,2 NMP/100 mL) e na ponte

no mês de julho (1203,3 NMP/100 mL)

0,0

500,0

1.000,0

1.500,0

2.000,0

2.500,0

3.000,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

(NM

P/1

00 m

l)

Coliformes Totais

Cachoeira

Ponte

Jusante

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Gráfico 4. Número Mais Provável de coliformes termotolerantes em 100 mL das amostras de

água do Córrego Sarandi.

Segundo a Resolução CONAMA Nº 357/05, a água para o uso de recreação de

contato secundário não deverá ser excedido um limite de 2500 NMP/100 ml em

80% ou mais de pelo menos 6 amostras. Para dessedentação de animais criados

confinados não deverá ser excedido o limite de 1000 NMP/100 ml em 80% ou

mais de pelo menos 6 amostras.

O significado da presença de coliformes termotolerantes em um corpo d’água

indica que há contaminação por bactérias de origem fecal e, portanto este corpo

está em condição higiênica insatisfatória (SILVA; BRINGEL, 2007). Portanto

amostras, contudo, indicam a possível atividade antrópica ao longo do rio, visto

que a agua mesmo estando dentro dos limites das CONAMA, ainda apresenta

uma quantidade significativa de coliformes termotolerantes.

4.3.2 Zooplâncton

A contagem de zooplâncton mostra uma pequena variedade de indivíduos

nadantes (Cladóceros, Copépodes e rotíferos) e uma presença maior de

indivíduos pouco nadantes como as tecamebas como visto no quadro 2 , com

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

350,0

400,0

450,0

500,0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

(NM

P/1

00 m

l

Termotolerantes

Cachoeira

Ponte

Jusante

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exceção da ponte onde o ambiente aquático é lótico e há a presença de ações

antrópicas aumentando assim a quantidade de indivíduos por m³ de agua.

Não foi possível fazer uma análise relacionada a dureza, pois a biodiversidade

aquática se manteve com pouca variação.

Quadro 2. Número de indivíduos contados de cada táxon por metro cubico de agua.

Táxon Soma de indivíduos pôr m³ na Cachoeira

Soma de indivíduos pôr m³ da Ponte

Soma de indivíduos pôr m³ do Jusante

Cladócero 0 100 0

Copépode 50 293,75 625

Rotífero 125 7656,25 125

Tecameba 206,25 475 1000

5. Conclusão

De acordo com os resultados obtidos durante o estudo, verificou-se que a

dureza do córrego Sarandi não obteve diferenças significativas e pouco variou

ao longo do rio. As calhas de monitoramento mostraram que o escoamento

pouco afetou a dureza do rio mesmo em períodos de chuva.

Na cachoeira, apresentou a menor dureza e o ambiente mais lênticos,

com pouca aparição de indivíduos por coleta devido as características da

agua que dificulta a aparição de uma biodiversidade maior.

A ponte apresentou a menor qualidade na agua, principalmente com

relação aos parâmetros de coliformes aumentando assim a dureza da agua,

mas apresenta uma grande variedade biológica visto que o ambiente e lótico.

Esses resultados estão associados a atividades antrópicas observadas no

lugar de coleta.

No Jusante apresentou uma baixa nos índices de coliformes e a mudança

do ambiente aquático, que voltou a ser lênticos, com que não teve variação

significativa na dureza da agua e os biodiversidade diminui.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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dureza total - Método titulométrico do EDTA-Na método de ensaio. NBR

12621. Rio de Janeiro: ABNT, Brasil. 1992.

ALHO, C. J. R. Desafios para a conservação do Cerrado, em face das atuais tendências de uso e ocupação. In: SCARLOT, A.; SOUSA-SILVA, J. C.; FELFILI, J. M. (Ogs.). Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, p. 369-381, 2005. AQUINO, F.G.; VILELA, M.F. Importância das matas ripárias. 2008. Artigo em

Hypertexto. Disponível em:

<http://www.infobibos.com/Artigos/2008_4/matas/index.htm>. Acesso em:

23/02/2013.

ASSIS, T. Dinâmica da Cobertura da Terra da Bacia do Sarandi (DF) através de análise multitemporal e multisensor. Monografia (Gestão Ambiental), 35f. FUP/UNB, Brasília. 2013. BAKER, M. E.; WELLER, D. E.; JORDAN, T. E. Effects of stream map resolution

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BRASIL. LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Institui o Novo Código Flo-

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restal. Publicado no D.O.U. de 16 de setembro de 1965.

CARVALHO, P.R.S. A expansão urbana na bacia do Ribeirão Mestre d’Armas (DF) e a qualidade da água. Estudos Geográficos, v. 3, p. 71-91, 2005.

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