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RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE ESCOLAR: REFLEXOS NO

PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

Autora: Ana Cristina Franco de Almeida1

Orientadora: Sonia Ana C. Leszczynski²

Resumo

Este trabalho trata dos problemas educacionais relacionados ao processo ensino aprendizagem mais especificamente as relações interpessoais no espaço escolar. Dentro de um contexto que aponta a preocupação com a questão envolvendo os sujeitos pertencentes ao processo ensino aprendizagem. Tem por objetivo identificar fatores que dificultam a relação professor aluno, bem como verificar aspectos que interferem nas relações de afeto no ambiente escolar, instigando para provocar uma reflexão sobre a relação professor e aluno na conquista da motivação e da disciplina em sala de aula. Considerando de que os professores representam agentes importantes ao processo educacional e que a sociedade vem transformando e determinando as relações sociais propõem-se estudos e reflexões com os professores na urgência de apropriá-los de referências teóricas e metodológicas que legitimem a figura docente na função de ensinar. Além disso, propor caminhos para a solução de conflito interpessoais visando melhorar a qualidade das relações.

Palavras-chave: Relações interpessoais; ensino aprendizagem; ambiente escolar, afetividade, respeito.

1 Pós-graduada em Magistério Superior/Interdisciplinaridade, Graduada em Pedagogia, atua no Colégio Estadual Professora Maria Luiza Franco Pacheco.

2 Chefe do Departamento de Educação-UTFPR.

1

Abstract

This work deals with the educational problems related to the learning process, the purpose of interpersonal relationships within the school. Within a context that shows concern about the issue involving the subjects belonging to the learning process. Aims to identify factors that hinder the student teacher relationship, and to verify aspects that interfere in the relations of affection in the school environment, providing a reflection on the relationship between teacher and student motivation and achievement in the discipline in the classroom. Considering that teachers are important agents in the educational process and that society has transformed social relations and determining whether proposed studies and discussions with teachers on the urgency of appropriating them as theoretical and methodological approaches that legitimize the figure in the teaching function teach. In addition, propose ways to solve interpersonal conflicts to improve the quality of relationships.

Keywords: Interpersonal relations, teaching and learning, school environment, affection, respect.

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INTRODUÇÃO

Para melhorar a relação professor e aluno no ambiente escolar se faz

necessário resgatar a postura profissional do professor, onde este se perceba

como agente que deve agregar valores às relações desenvolvendo um contato

respeitoso colaborativo, de interação com o educando valorizando-os e se

valorizando diante deles.

Aprofundaram-se estudos nos problemas educacionais relacionados ao

processo ensino aprendizagem, pois se percebe nesta relação professor e

aluno, fatores que interferem dificultando tal processo. Bem como, é importante

compreender que uma boa relação contribuirá para o sucesso do ensino e da

aprendizagem trazendo melhorias no desempenho de professores, alunos,

pedagogos e com maior probabilidade em uma aprendizagem significativa.

Nesta linha de pensamento, afirma Sacristã (1991, p32).

A profissionalidade da ação docente se define por um conjunto de comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores, e, para que se compreenda como se dá a interação dessas profissionalidade, é necessário reconhecer 3 contextos: o contexto pedagógico; que ocorre na prática de sala de aula; o contexto profissional que se define pelo saber técnico coletivo e o contexto sociocultural que se define pelos valores da sociedade.

O convívio social é um desafio para a humanidade, passou sem ser

notado por algum tempo devido algumas condutas relacionadas à centralização

do poder, a individualidade e a supervalorização do Ter (material) em vez do

Ser (as pessoas).

No ambiente escolar não é diferente, as Relações Interpessoais passa

por momentos difíceis; pois é preocupante a questão envolvendo os sujeitos

pertencentes ao Processo ensino Aprendizagem, que em constantes conflitos

pessoais estabelecem relações complicadas dentro dos Colégios Estaduais do

Paraná, sendo o aluno o principal foco de atenção, e a falta de respeito

banalizando a prática Pedagógica.

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Dentro de sala de aula, o que se vê na maioria das vezes são condutas

arbitrarias adotada pelos professores em busca de disciplina nas aulas; em

confronto com atitudes desrespeitosas e provocadoras pelos alunos; gerando

conflitos intermináveis e desgastantes sob o ponto de vista pedagógico e

emocional.

Cabe-nos diante deste problema estabelecido nas salas de aula;

identificar fatores que dificultam a relação professor e aluno, também verificar

os aspectos que interferem nas relações de afeto no ambiente escolar e mais

propor caminhos para a solução de conflitos interpessoais, visando melhorar a

qualidade das relações. Segundo MASSETO (1996) “o sucesso (ou não) da

aprendizagem está essencialmente na forte relação afetiva existente entre

alunos e professores, alunos e alunos e professores e professores.”.

Portanto pensando no ambiente escolar e nas relações humanas como

objeto de estudo; se faz necessário um levantamento por meio de pesquisa de

campo com os envolvidos no processo ensino aprendizagem que servirá como

referencial das expectativas que os seguimentos fazem do ambiente escolar

em questão. Neste momento um Colégio Estadual localizado na região

metropolitana de Curitiba com 670 alunos e 30 professores que contribuirá para

os estudos e reflexões baseados no Caderno Pedagógico.

Tendo em vista os problemas naturais das relações humanas, bem

como a importância da coletividade, tem-se as Dinâmicas de grupo como apoio

para despertar talentos do processo coletivo e ainda favorecer e fortalecer

laços afetivos do grupo.

A vida em grupo não é uma invenção, mas uma forma de viver, onde

algumas leis regem seu desenvolvimento e as relações nele contidas, desta

forma, as dinâmicas de Grupo têm como principais objetivos: facilitar o trabalho

em grupo, sensibilização, desenvolvimento individual, desenvolvimento

interpessoal, administração de conflitos, ludicidade, criatividade, desinibição,

avaliação de processos, reflexão, cooperação, competividade sadia, formação

crítica, participação coletiva, melhorar a comunicação entre os participantes

enfim, a comunicação não se efetiva em mão única, tem caráter interativo, com

ação recíproca.

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RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO ESPAÇO ESCOLAR

A formação dos profissionais é uma questão que permeia todos os

níveis de ensino, são análises que precisam ser feitas considerando formação

inicial e continuada, tempo de docência, expectativas profissionais e outros,

quando falamos em educação de professores nos indagamos; o que determina

o desempenho do professor na prática de sala de aula?

“O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os

alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com a cultura.”

(Abreu e Masetto 1990:115) e o modo de agir do professor em sala de aula,

mais do que suas características de personalidade que colabora para uma

adequada aprendizagem dos alunos fundamentam-se numa determinada

concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da

sociedade.

Ainda neste contexto de sala de aula e analisando a postura dos

educadores, segundo Freire (1996, p.96).

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a

intimidade do movimento do seu pensamento, sua aula é assim um

desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem.

Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento,

surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Quando falamos em educação de professores devemos partir da indagação sobre

o que determina o desempenho do professor na prática de sala de aula. “Pois qualquer

trabalho tem de ser um desafio constante, tem de ser um misto de grande

responsabilidade e enorme entusiasmo” (CHALITA, 2003, p.117). E imprescindível que o

professor tenha clareza sobre o significado de sua ação e do papel que deve

desempenhar, pois a sua imagem dependerá de sua atuação e de como se sente no

processo ensino aprendizagem.

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Segundo Mizukami (1986, p.109)

Um curso de professores deveria possibilitar entre abordagens, quaisquer que

fossem elas, entre seus pressupostos e implicações, limites, pontos de contrastes

e convergência. Ao mesmo tempo, deveria possibilitar ao futuro professor a

análise do próprio fazer pedagógico, de suas implicações, pressupostos e

determinantes, no sentido de que ele se conscientizasse de sua ação, para que

pudesse, além de interpretá-la e contextualiza-la, supera-la constantemente.

A formação do professor é tarefa para toda vida, sendo que o sentido da prática

educativa, muitas vezes conseguido durante esta trajetória. Isso não significa menosprezar

as formações acadêmicas que apesar de receberem muitas críticas, ainda se constituem

no início de uma caminhada.

Entre os pressupostos mínimos para que esses profissionais possam adequar-se

ao novo modelo; está à capacidade de aprender a aprender, de reaprender a cada dia

dentro de sua prática de sala de aula.

A presença em sala de aula de um professor com características aglutinadoras,

independente da disciplina a ser trabalhada, consegue construir uma identificação

significativa com a turma o que leva os alunos modificarem seus conceitos sobre

determinadas disciplinas, passam a gostar da disciplina devido ao clima amistoso e

amigável estabelecido, pois segundo Hillebrand, 2000, p.321. “O carinho e o afeto da

professora conquistam a confiança do aluno na professora, trazendo como benefício

adicional um melhor rendimento escolar”.

Este enfoque demonstra que a construção de “um relacionamento interpessoal

positivo, além de romper com a racionalidade dos currículos das disciplinas escolares,

também se constitui em um fator de humanização”. (MORIN, 2003, p.100).

A de se considerar de fundamental importância que quando o professor conquista

sua turma, podendo com maior facilidade dar um passo adiante, porém o contrário

também é verdadeiro, quando não se estabelece uma boa relação, as melhores práticas

não sensibilizam a turma. Vale lembrar, que Freire destaca o relevante papel da emoção

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na conquista dos alunos, lembrando que “torna-se de fundamental importância que o

professor aprenda a reconhecer o lugar e a relevância da emocionalidade”. (2001 p.188).

A figura da autoridade esta intimamente relacionada com o sentimento

de respeito construído nas relações interpessoais, entende-se, portanto que

autoridade constitui-se de duas maneiras distintas; pela hierarquização nas

relações sociais e outra pelo prestígio e competência, enquanto a primeira

vincula-se ao uso da força e da violência; a segunda vincula-se a admiração

nutrida nas relações a partir do prestígio e competência que possuem.

Constitui-se autoridade a partir do tipo de respeito construído nas

relações interpessoais: unilateral ou mútuo; o autoritário fundamenta-se nas

relações de respeito unilateral, enquanto a autoridade por competência

fundamenta-se nas relações de respeito mútuo. Já os professores geralmente

são investidos pela sociedade de superioridade hierárquica, alguns tentam

constituir-se como autoridade cobrando obediência de seus alunos e impondo

sua vontade e seus valores sendo estes autoritários em sala de aula; perdem o

amor e admiração dos alunos e tornam-se alvo de violência agressões e

indisciplina.

No entanto, existem aqueles professores que apesar da superioridade

hierárquica investida pela sociedade, obtêm o respeito e admiração de seus

alunos pela competência de seus conhecimentos e, além disso, conseguem

estabelecer relações baseadas no respeito mútuo.

O professor não pode deixar autoridade verter-se para o autoritarismo.

“A autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que

ensina e dos métodos e procedimentos de ensino, no tato em lidar

com a classe e com as diferenças individuais, na capacidade de

controlar e avaliar o trabalho dos alunos e o trabalho docente”.

(LIBÃNEO, 1994, p.252).

Assim sua autoridade será constituída de forma diferente, baseada no

diálogo, na confiança e com afetividade permitindo que os conflitos da escola

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sejam solucionados de maneira democrática, fazendo com que o medo

presente na relação, não seja o da punição, e sim na perda do respeito pela

pessoa de quem gostam e admiram.

Segundo Paulo Freire:

O professor autoritário, o professor licencioso, o professor

competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o

professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado,

sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático,

racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua

marca. (FREIRE, 1996, p.73).

Tendo em vista os problemas naturais das relações humanas, bem

como a importância da coletividade como uma forma de viver e aprender e que

são necessárias algumas leis que regem seu desenvolvimento e as relações

nela contidas; procurou-se através de embasamento teórico refletir a prática

pedagógica em busca de fatores que dificultam a relação professor e aluno;

inicialmente com a aplicação de um questionário entre os envolvidos no

processo, para a sensibilização e levantamento das expectativas, bem como o

papel que se atribui a cada seguimento dentro do ambiente escolar.

As respostas indicaram que os professores (as) consideram que a

educação piorou bastante nos últimos anos, e que para ser docente é preciso

ter vocação, a maioria optou ser professor (a) por gostar de ensinar. Porém

também na maioria não estão satisfeitos com as condições de trabalho,

avaliam como positivas as relações entre os professores da escola e que o

trabalho em equipe é necessário, mas só às vezes possível.

Frequentemente falam com os colegas sobre os problemas que

encontra em seu ensino, no seu trabalho o que lhe dá mais satisfação é o

reconhecimento por ser um bom professor e que os pais participem mais da

vida escolar de seus filhos. O aspecto na educação que suscita mais

dificuldade é a indisciplina em sala de aula e o principal defeito como professor

está em compreender os alunos mais difíceis; para tanto a virtude mais

importante para um professor é a competência profissional.

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Com relação aos alunos pensam que eles valorizam mais nos

professores seus conhecimentos e que a característica mais negativa neles é

que se esforçam pouco nas aulas. Consideraram que a educação não mudou

nos últimos anos, e as relações com os professores são positivas; e o que os

professores mais valorizam é seu interesse e participação nas aulas, sendo o

que lhes dá mais satisfação é o reconhecimento dos professores por serem

uma boa pessoa.

Como principais virtudes em sala de aula indicaram na maioria que são

dedicados e participam das aulas colaborando na disciplina e organização das

aulas, indicaram ainda que o principal defeito como alunos seja que não

conseguem parar de conversar e considera a virtude mais importante para um

professor a competência profissional.

Analisando as respostas verifica-se que ambos os envolvidos no

processo ensino aprendizagem tem clareza da importância de cada qual

desempenhar seu papel corretamente, bem como, se percebe que tanto

professores como alunos sentem-se agindo corretamente, fazendo a sua parte

sem falhas, ou seja, não apontando para grandes problemas de

relacionamento e aprendizagem; demonstram certa afinidade concordando que

a principal virtude para um professor (a) é a competência profissional.

No que diz respeito às relações de amizade e afetividade entre professor

e aluno, os aspectos sócio-emocionais são indispensáveis no trabalho docente,

podendo através das relações que se estabelecem conquistar a disciplina, a

motivação e obtenção de bons resultados delineados no planejamento, pena

que esses aspectos não são levados a sério pelos professores.

No processo ensino aprendizagem é imprescindível que o professor (a)

esteja comprometido com a produção do conhecimento em sala de aula, que

seja amante de sua profissão, que desenvolva com seus alunos vínculo estreito

de amizade e respeito mútuo pelo saber. Acredita-se que o melhor caminho

para a conquista do respeito, da relação de amizade e ainda solução dos

problemas esteja no planejamento das aulas e valorização do diálogo entre os

sujeitos do processo.

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Nas palavras de Libâneo:

O professor não apenas transmite informação ou faz

perguntas, mas também ouve os alunos, deve dar-lhes atenção e

cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar

respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e

as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo atuação

do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos

conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que

dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO, 1994, p.250).

Assim sendo, refletir a prática em sala de aula, a relação com os alunos,

a metodologia utilizada, replanejar suas aulas é intrinsecamente indispensável

para a conquista da motivação e respeito em sala de aula.

No processo Ensino Aprendizagem facilitador do ponto de vista afetivo é

aquele que permite a expressão e discussão das diferenças de idéias,

sentimento e valores próprios, levando-se em consideração e respeitando os

limites que garantam as relações, o bem estar de todos os envolvidos

tornando-se uma expressão de afetividade.

Com o intuito de instigar o corpo docente a um olhar para o ambiente

escolar: aplicou-se a dinâmica de Grupo “Que Bom”! Que Pena! Que Tal!

Trata-se de uma dinâmica de avaliação baseada no impulso emocional. Os

trabalhos com dinâmicas de grupo com bases teóricas mais abrangentes

possam se tornar instrumentos poderosos de motivação e mudança, com seu

caráter quase sempre lúdico desafiador capaz de recriar a realidade vivida. Os

professores (as) participaram ativamente desta atividade demonstrando prazer

e contribuindo nas discussões do grupo.

Após a sensibilização do grupo diante do seu desempenho no ambiente

escolar e na pergunta desafiadora Que Tal? Houve naturalmente a disposição

para melhoras e mudança o que foi bastante positivo para o estabelecimento e

aos próximos encaminhamentos.

1

Numa organização de pequenos grupos partiu-se para leitura e análise

dos textos que compõem o Caderno Pedagógico-PDE/2011; Relações

Interpessoais no Espaço Escolar: Reflexos no Processo ensino Aprendizagem,

p. 5 e 6 “Construção da autoridade no cotidiano escolar” e “Autoridade na

relação professor e aluno”. Percebeu-se com as discussões e debate entre os

grupos de professores das diversas áreas de conhecimento, alguns mesmos

politizados, certa resistência em concordar e refletir sobre sua prática em sala

de aula indicando que procuram transferir para o aluno responsabilizando-o

pelos fracassos e conflitos existentes. Porém, de um modo geral a grande

maioria dos profissionais se colocaram abertos às críticas construtivas que os

textos permitiram a reflexão.

Fechou-se este ciclo de discussões com a elaboração de um painel com

as colocações realizadas pelo grande grupo num contexto geral de como está

o ambiente escolar e o que podemos fazer para melhorar.

No encontro seguinte, inicialmente foi repassado o dados da análise dos

questionários aplicados anteriormente e pode-se observar e conhecer um

pouco mais o corpo docente e discente; suas expectativas e anseios quanto

aos estudos e a Educação no geral; o que segundo alguns professores não

surpreenderam muito, pois tendeu a respostas universais e assim sendo não

caracterizou efetivamente o grupo em estudo.

Na sequência enfatiza-se a palestra ministrada por uma Psicóloga do

Município onde com muita propriedade trabalhou: O que é relacionamento

interpessoal; Liderança; os níveis de (comunicação, liderança, participação);

aplicação do teste das Dimensões interpessoais e exercício dos sentimentos

positivos.

Como previsto no projeto de intervenção, aconteceu o GTR (Grupo de

Trabalho em Rede) que obteve participação de no total 17

professores/pedagogos inscritos de diversas cidades do Paraná. Por meio da

interatividade on line no ambiente virtual denominado e-escola na Plataforma

Moodle; houve uma importante reflexão coletiva sobre a temática, surgindo

trocas de experiências, sugestões de atividades e encaminhamentos

metodológicos muito valiosos para a prática pedagógica de todos.

Seguem neste momento, algumas considerações retiradas das

discussões e comentários durante o GTR; a sociedade vem estabelecendo

1

novas relações entre os indivíduos, pois de certa forma, muito do autoritarismo

que era facilmente observado antigamente, atitudes punitivas a quem ousasse

desafiar ou afrontar em diálogos e com desobediência, pessoas mais velhas,

superiores, professores e diretores, recebiam inclusive severas punições

físicas. Porém, ao tentar superar as barreiras na comunicação, atitudes mais

liberais provocaram um desgaste nas relações, sejam elas familiares ou

institucionais.

O desrespeito pelas pessoas, em determinadas situações atinge

patamares de agressividade, seja verbal ou física podendo gerar conflitos.

Esperamos que nossos professores compreendam isso e que trabalhem sua

postura junto aos alunos, e que estes por sua vez, envolvam-se no processo,

além disso, a escola precisa resgatar seu papel, enquanto instituição

educacional, já que nossos alunos não têm mais referências positivas e precisa

encontrar pelo menos na escola essa referência.

A interação das pessoas passa também pelas dificuldades e

divergências do cotidiano e não somente no trocar de idéias ou dividir as

tarefas do dia a dia. Um grupo de pessoas se transforma em uma equipe

quando consegue criar um espírito de trabalho coletivo no quais as

diversidades pessoais não se constituam em entraves, mas se transformam em

riquezas unido e se completando na busca de objetivos comuns.

Enfim, o professor deverá ser capaz de programar aulas relevantes,

estimulantes, interativas onde o aluno sinta-se envolvido com o conhecimento e

este, seja relevante para ele, diálogo envolvimento, participação dos alunos,

abordagem bem elaborada dos conteúdos e principalmente demonstração de

respeito às pessoas, valorizando a presença e participação destas nas aulas.

O auto conhecimento é, sobretudo resultado de um trabalho pautado no

próprio conhecimento e principalmente no reconhecimento do outro nos

ambientes de aprendizagem onde acontecem as relações. Isso significa que é

preciso desenvolver competências para enfrentar desafios, não apenas

desenvolver as próprias habilidades, mas também favorecer o desenvolvimento

dos envolvidos no processo de socialização.

1

CONCLUSÃO

Considerando que o processo ensino aprendizagem ocorre em

decorrência de interações entre as pessoas, por meio do outro que o indivíduo

adquire novas formas de pensar, agir e apropriar-se de novos conhecimentos;

os procedimentos de ensino tornam-se fundamentais e o foco desloca-se para

as interações; influenciando diretamente o processo.

Como salienta Chaves (1993) o processo ensino aprendizagem

fundamenta-se nas relações interpessoais, que pode ser enriquecido ou não,

de acordo com os papéis sociais entre os envolvidos, sendo aceitos e

desempenhados com conformismo e passividade ou com visão reflexiva e

crítica através de ações inovadoras.

É imprescindível no processo ensino aprendizagem; professores

comprometidos com a produção do conhecimento em sala de aula, amantes de

sua profissão que desenvolva com seus alunos um vínculo muito estreito de

amizade e respeito. Nas palavras de Libâneo (1994) “O professor não apenas

transmite informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos, deve dar-

lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e

dar respostas”.

Acredita-se que não exista aluno que resista aulas com uma linguagem

clara, objetiva, dinâmicas e divertidas, assim sendo o melhor caminho para a

conquista do respeito, da amizade e para a solução dos conflitos esteja no

planejamento das aulas, no diálogo entre os sujeitos do processo. O

comportamento do professor, em sala de aula, expressa suas intenções,

crenças, seus valores, sentimentos e desejos que sempre afetam cada aluno

individualmente.

Partindo do princípio do construtivismo, os valores morais não são nem

ensinados e nem inatos no sujeito, eles são construídos nas experiências que o

sujeito estabelece com o mundo. Portanto, a escola não pode trabalhar

qualquer valor, é responsável em proporcionar oportunidades para seus alunos

interajam reflexivamente sobre valores e virtudes, estes devem estar implícitos

nos conteúdos abordados nas disciplinas escolares e nas relações

interpessoais que predominam na escola.

1

Pressupõe que para a construção de uma nova realidade escolar com

alunos ativos, sujeitos que participam de maneira intensa e reflexiva nas aulas

que constroem com inteligência sua personalidade pelo diálogo estabelecido

em sala de aula. A utilização de metodologias dinâmicas que promovem

discussões e reflexões críticas. Para tanto, se conclui que a afetividade que se

manifesta na relação professor aluno constitui-se elemento inseparável do

processo ensino aprendizagem.

Considerando que o processo ensino aprendizagem ocorre em

decorrência de sucessivas interações entre as pessoas e ainda mais que a

qualidade dessas relações sociais influi na relação do indivíduo com os objetos,

lugares e situações, interferindo desta forma na apropriação de novos

conhecimentos.

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REFERÊNCIAS

CHAVES, E. C. O desempenho de papéis sociais numa relação de ensino

aprendizagem. Ver. Latino-am. Enfermagem Ribeirão Preto, v.2, p.97-112.

jul./1993.

CHALITA, Gabriel, A pedagogia do amor, São Paulo, editora gente, 2003.

FREIRE, M. A Paixão de Conhecer o Mundo. 5ª, 7ª e 12ª edição, editora Paz e

terra, São Paulo, 2001 p.188.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa.

São Paulo: Paz e Terra, 1996. P.73 e 96.

HILLEBRAND, 2000, p.321

MASSETO, M. Didática: A aula como centro. São Paulo: FTD, 1996.

MIZUKAMI, 1986, p.109

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à educação do Futuro. Trad.

Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. Ed. Cortez: São Paulo SP-

2003 p. 100.

LIBÂNEO, J. C. Didática: São Paulo: Cortez, 1994. P.250 e 252.

1