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Universidade Cândido Mendes Instituto “A Vez do Mestre” Pós Graduação “Lato Sensu” Conflito ou Violência Escolar? Por: Rosiméri de Souza Orientadora: Professora Sheila Rocha Rio de Janeiro .Outubro/ 2009.

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Page 1: Conflito ou Violência Escolar? Por: Rosiméri de Souza ... · possíveis e principais causas que geram relações violentas, impedindo a construção de um ambiente escolar amistoso

Universidade Cândido Mendes

Instituto “A Vez do Mestre”

Pós Graduação “Lato Sensu”

Conflito ou Violência Escolar?

Por: Rosiméri de Souza

Orientadora: Professora Sheila Rocha

Rio de Janeiro

.Outubro/ 2009.

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1

Universidade Cândido Mendes

Instituto “A Vez do Mestre”

Pós Graduação em “Lato Sensu “

Conflito ou Violência Escolar?

Trabalho de Monografia apresentado por

Rosiméri de Souza, como requisito final

para conclusão e obtenção do certificado

do curso de Pós Graduação a nível “Lato

Sensu” em Orientação Educacional e

Pedagógica.

i

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2

Agradecimentos

A Deus

Que incomparável e inconfundível na sua infinita bondade, compreendeu os

meus anseios e deu-me a necessária coragem para que eu atingisse meus

objetivos. Ofereço o meu porvir e peço que continue a ajudar-me dando

forças para eu agir com coerência e eficiência no trabalho e acerto em minha

decisões.

À minha família,

Ela é a base, a estrutura o refúgio... o apoio que nos sustenta e nos acolhe.

Certamente que sem ela a caminhada tornar-se-ia mais difícil, mais lenta.

Rosiméri de Souza

ii

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Dedicatória

A todos os seres humanos dedico carinhosamente este trabalho,

convidando-os a refletir sobre a importância e necessidade de

nos respeitarmos mutuamente.

iii

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4

Resumo

Este trabalho tem por finalidade trazer a reflexão sobre a importância de

saber discernir conflito de violência e, que em rápida análise, pode-se dizer

que, o que os distingue é a interação que existe no primeiro caso. Em

relação as situações de violência, segue reflexão e estudo sobre as

possíveis e principais causas que geram relações violentas, impedindo a

construção de um ambiente escolar amistoso. Baseada em pesquisa

descritiva bibliográfica, busca-se levar o leitor a pensar na necessidade de

todos os atores envolvidos no processo educacional e escolar e, perceber a

necessidade e o dever de respeitar e ter mais tolerância uns com os outros

nas interações diárias, fora da escola, mas, principalmente no ambiente

escolar, onde as crianças menores estão num processo inicial de interações

e relações individuais ou grupais. Apresentando a conclusão, reafirmamos a

importância e real necessidade da capacitação da equipe técnico-

pedagógica, assim como dos professores e gestores e demais funcionários

em ações preventivas de violência. Dessa forma, falar de conflitos é

reconhecer que eles fazem parte da vida pessoal e proporciona crescimento

e amadurecimento individual e grupal.

Palavras-chave: Respeito. Interação. Conflito. Violência. Relação. Convívio

social. Ambiente escolar.

iv

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5

Metodologia

Baseando-se em pesquisa descritiva bibliográfica, o que se pretende com

este trabalho é refletir sobre a ausência de tolerância e respeito nas relações

grupais, o que, muitas vezes, geram reações violentas nos processos inter-

relacionais. Pretende-se, também, contribuir com o leitor na busca de

reflexões sobre as causas e possíveis prevenções de comportamentos

violentos, além de chamar a atenção de que nem sempre a existência de um

conflito na relação é negativo, ao contrário, sugere oportunidade de

crescimento e mudança comportamentais nas relações grupais, conforme

Chrispino..

Numa visão mais ampla, Fernández (2005), aborda o clima escolar como

fator de qualidade, na prevenção da violência e solução de conflitos, entre

outros autores como Grinspun e Luck.

v

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Sumário

Agradecimentos. ii

Dedicatória iii

Resumo iv

Metodologia v

Introdução vi

Sumário 7

I- Violência ou conflito no cotidiano escolar 10

1.1- O que é a Violência 10

1.2- O que é Conflito 12

1.3- Ambiente emocional 13

II- As causas da violência 17

2.1- Os Parâmetros Curriculares 18

2.2- A Escola 20

2.3- A Família 21

2.4- O Educador 22

2.5- A criança 23

III- Orientador Educacional como mediador na prevenção da violência no

cotidiano 26

3.1O Orientador Educacional no contexto histórico 26

3.2- O Orientador Educacional como mediador de violências ou

conflitos 27

3.3- Ação do Orientador Educacional nas relações de qualidade 30

3.4- Participação 33

Conclusão 35

Vi

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7

INTRODUÇÃO

Este trabalho, denominado “Violência Escolar”, tem por finalidade fazer um

convite à reflexão, sobre esta temática, promovendo uma atitude a ser

desenvolvida de uma forma firme e amorosa sobre o cotidiano escolar das

séries iniciais. Em torno desse tema, tem-se como problematização o

seguinte questionamento: “Em que medida a ausência de tolerância e

respeito mútuos gera relações conflitantes nas inter e intra-relações

escolares”?

O comportamento agressivo nas relações entre os estudantes tem sido uma

constante no dia-a-dia das escolas. São atos de agressão física, verbal,

psicológica ou moral que ocorrem de modo repetitivo, sem ter uma

motivação evidente, sendo executado por um ou vários estudantes contra o

outro, dentro da escola, seja em sala de aula e/ou durante o recreio escolar.

Teixeira (2006, p.09) classifica este tipo de comportamento como “bullying”,

que é um termo inglês, ainda sem tradução para o português, e que aborda

as questões de comportamento agressivo entre os estudantes, sob

diferentes formas de interação.

Muitos educadores, que vivenciam situações de violências em sala de aula

provocadas por seus alunos, normalmente sem motivos aparentes pensam

sobre essas questões e buscam entender: em que medida a ausência de

tolerância e respeito mútuos gera situações conflitantes nas relações

escolares?

Este é um assunto de extrema importância a ser discutido, pois é um

problema que muitas escolas estão vivenciando não somente entre seus

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8 discentes, mas, também se pode observar que o fato se estende entre os

professores, gestores, pais e demais funcionários que muitas vezes

representam os próprios referenciais para os alunos.

Alguns autores afirmam que a crescente violência que as crianças e

adolescentes estão habituados a ver ao redor do mundo, está penetrando o

interior de nossas escolas e toma proporções assustadoras. As crianças são

influenciadas por tudo que veem e ouvem e acabam reproduzindo essa

violência em seu cotidiano. Dessa forma, os conflitos nas escolas tornam-se

um paradoxo, uma vez que a educação é um antídoto contra a violência.

Esta violência também estaria sendo inculcada pela própria instituição,

quando não toma medidas à altura para promover uma educação que leve

os alunos a refletirem e superarem esses problemas. É possível trabalhar as

atitudes conscientes frente a estas manifestações, analisando as origens e

as formas de violência presentes no ambiente escolar. A proposição de

limites, através do diálogo, poderia resolver pequenos problemas que

ajudariam a superar esta problemática.

Através de uma pesquisa bibliográfica, baseando-se em alguns autores

como: Gustavo Teixeira, Isabel Galvão, Miriam Grinspun, Celso Antunes,

entre outros, pretende-se identificar que a hipótese que move este trabalho é

a de que a capacitação dos Orientadores Educacionais, em parceria com a

Equipe Técnico-Pedagógica, Professores e demais funcionários, possibilitará

a proposição de ações preventivas, resgatando a dignidade dos sujeitos da

escola.

A partir destas reflexões, propõe-se, no primeiro capítulo, conceituar

Violência e Conflito.

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9 No segundo capitulo, o objetivo é identificar as causas das Violências e dos

conflitos dentro da sala de aula e durante o recreio.

O terceiro capítulo servirá para refletir e definir a ação do Orientador

Educacional, no papel de mediador, procurando atuar nos casos de

Violências e Conflitos existentes no cotidiano escolar, buscando saná-los.

Deste modo, esse trabalho propõe que a equipe técnico-pedagógica reflita

sobre a necessidade de se conhecer as causas que geram um ambiente tão

desarmonizador e conflitante buscando traçar atividades cotidianas que

trabalhem os valores como: tolerância, respeito, solidariedade, cooperação e

responsabilidades nas ações e reações apresentadas nas relações do dia-a-

dia escolar.

A escola como meio socializador, deve criar possibilidades de trabalhar junto

aos alunos, a partir do o direito de serem ouvidos em suas ideias e desejos,

proporcionando um espaço de debates, como forma de possibilitá-los

reconhecer seus sentimentos e potenciais desde pequenos; devem ser

trabalhados os valores éticos e os sentimentos como: amor/ódio,

medo/coragem, atração/repulsão, ensinando-os a se responsabilizarem

pelas atitudes e conseqüências de seus atos, frente à sociedade.

Deve ousar acreditar que o futuro poderá ser diferente se no “mundo infantil”

outros valores puderem ser desenvolvidos, tais como: um sorriso quando é

preciso ser sério; refletir sobre a indulgência demasiada quando é preciso

ser firme; sobre a severidade quando é preciso agir com doçura; o gritar

quando é preciso acalentar; o afastamento quando é necessário aproximar-

se, são exemplos de posturas suficientes para estimular a aprendizagem,

num ambiente amistoso.

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CAPITULO I

VIOLÊNCIA OU CONFLITO NO COTIDIANO ESCOLAR

Apesar de simples, esta questão pode parecer um tanto complexa para o

educador, que vivencia situações de conflitos ou, sobretudo, de violência,

em sua prática pedagógica. Ouve-se, escuta-se e vivencia-se,

rotineiramente, algum tipo de situação conflitante, que, por não ser explicito,

pode transformar-se numa experiência de violência. Essa imagem

inquietante é fortalecida sempre que ocorrem episódios mais agravantes,

constantes e abusivos.

A crescente violência que estamos vendo, ao nosso redor, está penetrando

nas bases de nossa formação e toma proporções assustadoras. As crianças

são influenciadas por tudo que veem e ouvem e acabam reproduzindo essa

violência em seu cotidiano escolar. Apesar de o cotidiano escolar incorporar

as ameaças do seu exterior, como produtor, ele mesmo, embates e

exclusões. Esses conflitos, por exemplo, tornam-se um paradoxo, uma vez

que a educação é um antídoto contra a violência.

1.1- O que é a Violência

Segundo o Minidicionário de Silveira Bueno, violência é a qualidade de

violento; ato de violentar; agressão.

Há violência quando alguém, por vontade própria, causa danos à dignidade

de outra (s) pessoa (s). Isso pode ser feito de maneira explícita, por

exemplo, quando atentamos contra a integridade física do outro ou de seus

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11 bens materiais, ou de maneira simbólica, quando afrontamos sua integridade

moral ou sua participação social.

A violência ocorre no interior da escola, por parte de professores e /ou

demais funcionários, quando se impede a participação justa de todas as

crianças no dia-a-dia escolar; quando há certa desconfiança em sua

potencialidade e capacidade de aprender, recusando-se ensinar o que lhe é

de direito por Lei; quando se diminui conteúdos por acreditar que não farão

diferença ou falta para o bom desempenho do futuro delas; quando se

coloca em risco a autoestima por pré-conceito ou malícia.

Por outro lado, existe o comportamento violento entre estudantes. São atos

de agressão física, verbal ou moral, que ocorre de modo repetitivo sem

motivação aparente, ocorrendo principalmente em sala de aula ou durante o

recreio.

Teixeira, (2006, p.9), classifica esse tipo de comportamento como “bullying”,

que é um termo inglês, ainda sem tradução para o português.

O bullying está relacionado com comportamentos

agressivos e hostis de alunos que se julgam

superiores aos outros colegas, acreditam na

impunidade de seus atos dentro da escola e muitas

vezes são pertencentes a famílias desestruturadas,

convivendo com pais opressores, agressivos e

violentos...

As vítimas do bullying normalmente são pessoas tímidas, inseguras e com

dificuldade em fazer amizades, além de serem incapazes de reagir aos

atos de agressividades.

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De acordo com Teixeira, (op cit, p.10) as crianças vítimas desse tipo de

violência, são fisicamente mais fracas, mais jovens, alunos novatos na

escola e de diferentes religiões, também se tornam alvos do bullying.

Porém, não são apenas os alunos-alvos que sofrem desse problema, os

alunos que presenciam as agressões aos colegas vivem também em

constante medo de tornarem-se a próxima vitima e o ambiente escolar

torna-se hostil, motivo de medo e insegurança.

Na maioria das ocasiões, as agressões ocorrem dentro de sala de aula, na

presença de professores, que muitas vezes subestimam o problema não

tomando nenhuma providência frente às agressões ou ameaças que

resulta em problemas como baixa auto-estima, troca frequente de colégio e

interrupção dos estudos.

1.2- O que é Conflito

Bueno (op cit 2001, p.187), classifica conflito como briga, luta.

Comumente, o conflito é visto como uma situação negativa e destruidora. A

convivência com as diversidades cultural, religiosa, étnica, ou com inúmeras

possibilidades de convívio entre as diferenças pode ser caracterizada por

conflitos que geram relações democráticas.

Galvão considera conflito como os atos de oposição e descreve-o como:

Necessário à vida, inerente e constitutivo, tanto da

vida psíquica, como da dinâmica social. Sua ausência

indica apatia, total submissão e, no limite, remete a

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13 morte. Sua não explicitação pode levar à violência.

Mesmo que possa confundir com ela, conflito não é

sinônimo de violência. Violentos podem ser os meios

de resolução ou os atos que tentam expressar um

conflito que não pôde ser formulado, explicitado (2004,

p.15).

Com base no texto de Galvão, (op cit) os conflitos que desabrocham no

cotidiano escolar resultam de processos inerentes ao desenvolvimento ou

podem ser tomados como indicadores de inadequações das práticas

escolares, tendo em vista os recursos e possibilidades das crianças.

Apesar de elevado número de conflitos verificados no cotidiano escolar, ou

seja, no universo complexo onde se encontra crianças e adultos,

profissionais e familiares, referências culturais e valores distintos, esses

conflitos são inevitáveis, visto que eles se dão de diferentes formas, movidos

por diferentes razões, mesmo por motivos ligados a fatores externos, o fato

se deu no interior da escola o que merece olhar e atitudes pertinentes.

Embora entendendo que conflito não é sinônimo de violência, considera-se

tênue o limite entre o poder construtivo e o destrutivo do conflito, levanta a

necessidade de pensar sobre a possibilidade de distingui-los quanto o seu

valor no cotidiano escolar.

A análise dessa situação leva-se aos seguintes questionamentos: De que

forma o conflito indica crescimento? Em quais indica estagnação e se

confunde com violência?

Com base nesta articulação, estas perguntas nos remetem, a saber, até que

ponto os conflitos no cotidiano escolar resultam de processos inerentes ao

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14 desenvolvimento ou resultam de inadequações de práticas pedagógicas de

acordo com os recursos e possibilidades das crianças. A análise das

situações de conflitos traz elementos para se pensar sobre as demandas

infantis, expectativas e concepções do educador.

1.3 – Ambiente emocional

Galvão (ibidem) considera como componentes indissociáveis da ação

humana, as manifestações emocionais que tem importante reação nos

momentos de interação que se constroem nas situações escolares. Muitas

vezes, um gesto de irritação pode imprimir um clima de animosidade entre

as crianças. Cria-se uma relação de rispidez que dificulta uma aproximação

e compromete uma vinculação afetiva, condição indispensável para

aprendizagem.

O conhecimento das emoções pode ser muito útil para o educador, no

sentido de evitar envolvimentos de perversidade em que pode perder o

controle da turma ou com o conhecimento das emoções pode conseguir um

melhor entrosamento dos alunos.

Galvão diz que:

Se muita intensa, a densidade emocional pode dar lugar a

atos impulsivos, os quais podem, por sua vez, ensejar a

agressividade ou violência. Mas, sempre de caráter

paradoxal, a elevação da tonalidade emocional também pode

dar lugar a relações de solidariedade e maior proximidade. No

caso do professor, pode ter sua temperatura emocional

elevado tanto por seu entusiasmo como por sua insegurança.

(2005, p.221).

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15 A importância para esta reflexão representa fator fundamental para a prática

pedagógica de qualidade. É condição também para gestão de conflitos e

obtenção de um bom clima de sociabilidade.

A familiarização, desde a infância, com suas emoções, com sua própria

agressividade ou sentimentos hostis que pode nutrir por alguém,

manifestado-as verbalmente ou por outra linguagem, contribui para o

reconhecimento de seus conflitos íntimos ou interpessoais e que a escola

pode ser favorecida.

Num ambiente complexo, como o ambiente escolar, onde se encontram

crianças, adultos, familiares e profissionais, referencias culturais distintas, a

existência de conflitos é inevitável. E eles acontecem em diferentes formas,

movidos por diferentes razões. Mesmo que ligados a fatores exteriores à

escola, o simples fato de acontecerem lá já traz características do cotidiano

escolar.

Galvão (op cit) considera conflitos os atos de oposição, que podem se

expressar por diferentes condutas. Embora não seja sinônimo de violência,

em quais momentos há uma confusão entre si, em seus conceitos?

É muito importante considerar a ideia de distinguir violência do conflito.

Para Michaud (1989), o que basicamente distingue a violência do conflito é a

interação. A interação está presente no conflito e ausente em situações de

violência. Na violência, é inviabilizada a interação, porque ela inferioriza o

outro, já no conflito permite-se fazer e refazer. A violência surge da falta de

interação ou, devido à ausência de interação ocorre a violência.

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16 Chrispino (2002) diz que um exemplo claro da dificuldade que os

profissionais encontram para lidar com o conflito é a incapacidade de

identificar as circunstâncias que derivam do conflito. Na vida, assim como

nas escolas, só percebem-se o conflito, quando este apresenta suas

consequências violentas.

Certamente, a maneira de lidar com o conflito escolar ou educacional é que

vai variar de uma escola que veja o conflito como instrumento de

crescimento ou como um grave problema que não deva ser discutido e é

abafado.

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CAPITULO II

AS CAUSAS DA VIOLÊNCIA

Quando analisamos os acontecimentos diariamente presenciados no

cotidiano escolar, constata-se que nossas crianças estão vivendo um

problema moral muito grande, que, além de falta de virtudes, observa-se

distorções ou desconhecimentos dos valores sejam eles moral, cultural,

religioso ou social.

Diversas são as causas da violência escolar. Os sinais desanimadores

dessa situação são observados na desestrutura familiar, conteúdos

televisivos ou por outra mídia incentivando atitudes violentas e

desrespeitosas, desrespeito às diferenças gerando problemas de relações,

dificuldades no processo da aprendizagem, falta de limites, indisciplina,

injustiças e discriminações, atitudes de intolerância, Outras causas existem

também de natureza diversas, como: problemas, entre elas: frágeis

referências morais, distorção de valores, questões familiares (dificuldades no

estabelecimento de limites, regras, dinâmica familiar comprometida,

violência doméstica etc.), problemas culturais, barreiras sócio-econômicas,

conflitos emocionais do próprio educando, problemas de saúde mental do

educando e/ou de familiares, comprometimento cognitivo ou dificuldade na

aprendizagem.

Os problemas de saúde mental, cognitivos e de aprendizagem pouco são

considerados como causas efetivas de comportamentos agressivos, mas

sua interferência no padrão de comportamento de crianças e adolescentes

vem sendo cada vez mais evidenciada por profissionais ligados a saúde

mental.

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18

As dificuldades do aluno não são o único fator gerador de tais problemas. As

condições emocionais e profissionais do educador também interferem no

agravamento ou possibilitam a diluição dos problemas citados. Outro fator

relevante é a ausência ou insuficiência de infra-estrutura e de recursos

materiais, sociais e educacionais necessários para o pleno desenvolvimento

do processo educativo. Recursos estes que deveriam ser garantidos pelo

sistema educacional. No entanto, na ausência desses recursos, a escola

deverá criar condições e recursos próprios para que o problema de violência

não continue.

As conseqüências geradas são incalculáveis. O enfraquecimento da relação

aluno/ educador, falhas no processo educativo, perda do referencial de

autoridade no ambiente escolar e o inquestionável agravamento das

barreiras encontradas por todos os envolvidos neste processo são apenas

as mais evidentes. Tal é a gravidade destes problemas que estas

conseqüências não se limitam ao ambiente escolar, mas se traduzem em

sérios reflexos sociais.

Como não poderia deixar de ser, a escola vem sofrendo os reflexos deste

contexto geral que deixa os professores, muitas vezes, sem saber como agir

com esta ou aquela criança. Embora eles tentem procurar maneiras de

favorecer a formação de pessoas autônomas, íntegras e conscientes de

seus atos e posteriores consequências, nem sempre os procedimentos

utilizados permitem o alcance de tal objetivo. Isso porque a escola não

educa e nem constrói conhecimentos sozinha. A família deve ser parceira

imprescindível no processo educativo, tendo em vista todo o processo que

influencia sobre as atividades desenvolvidas na escola.

2.1 – Os Parâmetros Curriculares (PCNs)

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19 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), mais do que nunca, na

história da educação brasileira, incorporam questões sociais, levados pela

regência de suprir uma necessidade nacional, ou seja, como a educação

pode, prioritariamente, atender aos desafios de uma sociedade em que os

futuros cidadãos, nas séries iniciais de seu desenvolvimento, desconhecem

o respeito mútuo, o diálogo e a solidariedade, dando lugar a legitimação da

violência e agressões de toda sorte, muitas vezes reproduções do que veem

ou vivem em seus próprios lares.

Os PCNs indicam, como objetivos do Ensino Fundamental, que os alunos

sejam capazes de:

Compreender a cidadania como exercício de direitos e

deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia-a-dia,

atitudes de participação, solidariedade, cooperação e repúdio

as injustiças e discriminações, respeitando o outro e exigindo

para si o mesmo respeito. (1997, v.1).

Os referenciais curriculares apontam que as escolas de educação infantil

devem estar comprometidas assim como os professores que trabalham com

as séries iniciais, para que tais valores possam ser desenvolvidos juntos a

nossas crianças, para que, dessa forma, se consolidem nos jovens e

adultos.

A escola apresenta-se um dos locais mais eficazes para a construção e

desenvolvimento desses valores e virtudes, favorecendo a existência de um

ambiente amistoso, onde possa ocorrer o processo de aprendizagem.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, como bases estruturantes do

currículo básico, ratifica para a necessidade de criação de estratégias nas

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20 situações cotidianas, onde seja formado um ambiente amistoso, envolvendo

os cidadãos no processo ensino-aprendizagem, superando suas

impossibilidades através da participação da comunidade escolar,

construindo no ambiente pedagógico uma convivência amistosa e

harmônica.

2.2 – A Escola

Atualmente, cada vez mais, a sociedade estimula crianças e adolescentes a

atitudes que passam longe de refletir quanto à necessidade do cuidado com

o outro. Só é possível sensibilizá-los quando estão atuando em grupo - a

família, a turma na escola, principalmente nas observações feitas durante o

recreio, o grupo de lazer, etc., e, entende que sua presença e contribuição

são importantes.

É preciso deixar de ver a criança como um “aprendiz de conteúdos”.

Conforme diz Antunes (2003, p.43) seria indispensável que a escola

trabalhasse a alfabetização emocional, não para que domesticasse seus

comportamentos ou ouvisse temas sobre emoções, mas para que

encontrasse um espaço social para discutir amor, ódio, frustração, auto-

estima, autoconhecimento. E, também, seria indispensável que se

trabalhasse sua comunicação interpessoal e outros conteúdos que

certamente não “caem” no vestibular, mas são essenciais à vida.

Para criar esse espaço acolhedor, é necessário entender o que é afetividade

e porque ela é fundamental no processo ensino-aprendizagem na formação

de pessoas mais alegres, motivadas, seguras, capazes de conviver num

clima amistoso.

2.3 – A Família

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21 A família é o primeiro modelo de socialização da criança. O desenvolvimento

pessoal do indivíduo se nutre dos primeiros afetos e vínculos maternos /

paternos. Percebe-se que ela é um elemento-chave na gênese das condutas

agressivas das crianças, gerando amores e desamores que redundarão, na

idade adulta, ajustados ou não nas normas de convivência.

A família é fundamental para entender o caráter peculiar da criança

agressiva com condutas anti-sociais ou conflitantes. Família e escola são os

principais agentes da socialização e da educação da população infantil e,

dessa forma, de grande peso e responsabilidade.

Alguns aspectos familiares são fatores que podem desencadear

comportamentos agressivos nas crianças, assim como nos adolescentes: a

desestruturação da família, os maus tratos, comportamento violento por um

ou mais membros da família, falta de diálogo, permissividade, punições

excessivas, falta de afeto entre os cônjuges, ausência de afeto e carinho.

Como já foi dito, crianças são influenciadas por tudo que veem e ouvem e

acaba reproduzindo no cotidiano escolar. Dessa forma, a experiência mostra

que o bom comportamento apresentado na escola é o reflexo da boa

educação que recebe em casa, da mesma forma acontece com criança que

apresenta mau comportamento no ambiente escolar, resulta das

repreensões, punições ou mau conduta que recebe da família.

O professor precisa da cooperação e participação da família para

desempenhar seu papel plenamente, sobretudo nas situações de

comportamentos agressivos e situações de conflitos ou violência que

distanciam aqueles que deveriam ser parceiros no processo ensino e

aprendizagem porque é um grande desafio para os alunos aprender, assim

como, para o professor ensinar, em uma classe que apresenta um nível

acentuado de conflitos.

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22

2.4 – O Educador

O papel do educador vem passando por um intenso processo de

modificação nas últimas décadas, reflexo de constantes mudanças na

sociedade, gerando novos desafios, demandas, instrumentos facilitadores e

também inúmeros obstáculos. Um dos principais desafios encontrados pelo

educador está no comportamento do aluno. De atitudes inadequadas a

conflitos diretos com os colegas e professores, surgem algumas das maiores

preocupações vivenciadas pela escola atualmente.

Problemas no estabelecimento e na manutenção da disciplina; aumento de

atitudes agressivas; atos violentos; transgressão de regras; violação dos

direitos alheios; entre outras manifestações anti-sociais no ambiente escolar,

evidenciam importantes desajustes na relação educador/aluno. O educador

diante de tal situação necessita conhecer as causas e conseqüências destes

problemas para, então, buscar soluções e evitar o agravamento e a

disseminação deste padrão de comportamento, passando do âmbito

individual para o coletivo. Como diz De La Taille,

As crianças precisam adquirir regras

que implicam valores e formas de

conduta e estas somente podem vir de

seus educadores ou pais. (1996, p.23).

O professor não pode esquecer da importância do seu papel como educador

e que pode atuar como agente transformador no desenvolvimento de seus

alunos quando o motiva pela busca do saber; evita confrontos com eles;

promove o diálogo e valoriza os esforços e conquistas; quando promovem

reflexões sobre questões que envolvam comportamentos e conflitos, etc.

2.5 – A criança

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23 Assim como o professor, o aluno também é membro de uma sociedade e,

como qualquer outro sujeito, possui capacidade de ação e crescimento.

Sendo assim, suas experiências e suas histórias são fatores determinantes

do seu comportamento.

A Educação Básica é considerada uma etapa necessária e importante na

vida da criança, nela deverá ser desenvolvida uma imagem positiva de si,

reconhecendo-se como personagem ativo no espaço que ocupa, ou seja,

inserida num ambiente escolar, socializando-se através das brincadeiras,

expressando-se por meio de seus sentimentos e emoções, interagindo-se

com colegas, professores e com a comunidade escolar.

No âmbito da Educação, o professor constitui o parceiro mais experiente,

cuja função é propiciar um ambiente atraente e prazeroso, saudável e não

discriminatório de experiências educativas e sociais, construindo na criança,

já desde pequena, a necessidade de aprender a respeitar os sentimentos e

opiniões das pessoas, sejam elas crianças ou adultos, convivendo com

etnias, crenças ou culturas diferentes, conforme Vergés e Sana. (2004, p.22

e 24).

Com uma postura coerente e segura, o professor vai usando sua autoridade

nos conceitos do sim e do não com seus alunos, desenvolvendo neles maior

segurança em situações que surjam atitudes agressivas ou conflitantes, e

assim elas possam se sentir confortáveis com o professor na busca do

diálogo. Nesse sentido, a criança irá experimentando, pela convivência, a

obrigação de cumprir as regras que lhe são impostas, pois, as crianças

pequenas não têm o discernimento desenvolvido por isso a necessidade da

interiorização de uma regra para estabelecer um espaço educativo amistoso.

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24 A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora, idéia

oposta à concepção de que a função do ensino é preenchê-la de

informação. Para o pensador suíço, o professor deve conhecer e respeitar

os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa e um ambiente

acolhedor criará condições a um bom rendimento nos diferentes tipos

relacionais.

De acordo com Fernández, a ligação interna nas relações interpessoais em

grupos de professor-professor; professor-aluno e aluno-aluno; a vinculação

pessoal e o respeito profissional são aspectos primordiais para uma

atividade educadora. Os próprios professores se queixam de que o respeito

e a consideração em suas relações, frequentemente se defrontam com

desavenças pessoais entre si, sejam amigos ou não e, em relação aos

alunos na ligação entre si, o enfoque da conduta é na relação interpessoal

com seus iguais, o grupo se converte em campo de experiências sociais por

substituição de uma palavra por outra e pela forma que contempla o mundo

ao seu redor. (2005, p.38).

Como afirma Fernández:

De acordo com a nova Lei de Educação, o professor

se compromete a animar, a impulsionar e instruir o

processo educativo dos alunos. Isso implica uma

mudança substancial na qual o aluno e as suas

necessidades se convertem no centro de atenção e a

relação professor-aluno varia quanto a qualidade de

sua vinculação. O seu “saber fazer” frequentemente se

vê interrrompido pela dinâmica da aula, pelas relações

entre alunos e suas motivações. (op cit, p.41).

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25 Desta forma, entende-se que ensinar e aprender estão, em sociedade como

a nossa, intimamente ligados a uma forma institucionalizada, a escola. Nela

acontece a dinâmica dessas relações e, é nela, que se deve dar

continuidade ao desenvolvimento de hábitos e virtudes que contribuam para

uma relação amistosa, pois, as crianças costumam ter um grau de franqueza

e espontaneidade em suas observações, por isso, a necessidade de atenção

aos possíveis e normais desentendimentos ou conflitos que venham a surgir,

mas que não deverão passar deste estágio. Para a criança é importante

compreender a autenticidade e grau de seu afeto na relação direta com o

ensino-aprendizagem.

Sabe-se que atualmente as crianças vivem muito sozinhas, uma vez que

seus pais ou responsáveis tem necessidade de trabalhar durante todo o dia.

Assim, quando estão em sala de aula, muitas vezes carentes e

desmotivadas, exteriorizam essas carências através de brigas, agressões,

birras e insucessos curriculares.

A partir de Martinez Zampa (2005), as causas de conflitos ou de violências

no espaço escolar, são provenientes das ações próprias dos sistemas

escolares ou oriundos das relações que envolvem os atores da comunidade

escolar, como: entre os docentes na forma da comunicação, interesses,

disputas de poder, valores; entre os alunos e docentes em relação em não

conseguirem entender o que está sendo explicado, falta de material,

desinteresse ou falta de diálogo; entre pais, docentes e gestores que

envolvem agressões entre alunos e professores, perda de material,

discordâncias de critérios de avaliação e/ ou conteúdos programáticos, falta

de entendimento nas questões burocráticas e administrativas da gestão

escolar, entre outras causas.

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26

CAPÍTULO III

ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO MEDIADOR NA

PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NO COTIDIANO

Neste capitulo será tratado uma das atribuições do Orientador Educacional,

enquanto mediador da relação professor/aluno, na prevenção das situações

de violências no cotidiano que interferem na qualidade da educação e no

espaço de convivências interpessoais.

Para descrever a ação do Orientador Educacional faz-se necessário uma

reflexão sobre a sua trajetória, para repensarmos a sua prática face a

organização da escola em seu contexto econômico, sociais e culturais nas

realidades atuais.

3.1- O Orientador Educacional no contexto histórico

Conforme Grinspun, a definição de Orientação Educacional atinge diferentes

significados que acompanham sua trajetória histórica, sobretudo na

realidade brasileira. A concepção inicial de Orientação, no Brasil, era de um

cunho psicológico, terapêutico e corretivo.

No curso da história da Orientação Educacional, seu significado vai sendo

tecido na dimensão do contexto histórico, com o qual mantém estreitas

relações. Afinal, o que é orientar? Para que se orienta? Por que se orienta?

Questões importantes na busca de um conceito mais preciso.

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27 Se antes cabia ao orientador ser uma figura “neutra” no processo

educacional, para “guiar” os jovens em sua formação cívica, moral e

religiosa, hoje se espera que ele seja um profissional comprometido com sua

área, com a história de seu tempo e com a formação do cidadão.

(GRISPUN,op cit, p.118).

O conceito de Orientação educacional se reveste, então, de três dimensões

especificas, diz Grinspun (2006)

Aquela determinada pela legislação que aborda a Orientação

Educacional; a que resultou da prática da própria Orientação,

então originando a formulação de um conceito a partir da

realidade e das expectativas da comunidade escolar

(incluindo os educadores em geral), e a que foi sendo

construída pelos orientadores – artífices principais do

processo -, que a legitimam, hoje, em termos de uma prática

pedagógica. Pode-se dizer que, no primeiro momento, há

uma dimensão legalista; no segundo, funcionalista e, no

terceiro, realista. (p. 20)

A partir destas reflexões, entendemos que a Orientação trabalha na escola

em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação para atender

os excluídos do conhecimento, do comportamento, dos procedimentos, etc.,

mas para entendê-los, através das relações que ocorrem no espaço escolar.

a organização da escola, em todos os aspectos deve destinar-se a criar

condições e situações favoráveis ao bem-estar emocional do educando, e o

seu desenvolvimento nas áreas cognitiva, psicomotora e afetiva, de modo

que ele adquira habilidades, conhecimentos e atitudes que lhe permitam

fazer face às necessidades existenciais.

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28 Esse desenvolvimento da educação integral, preconizada pela Lei 5692/71,

só é possível vendo o aluno como um ser integral, cujas áreas citadas acima

(cognitiva, psicomotora e afetiva) devem ser desenvolvidas equilibrada e

harmoniosamente.

Atualmente, a Orientação Educacional continua tendo sua importância no

contexto escolar, só que diferenciada na medida em que esta passa a ter

uma posição mais crítica onde procura ajudar o aluno de forma global,

caminhando ao seu lado e fazendo compreender que naquele determinado

momento, ele também está vivendo a sua própria história de vida.

3.2 - O Orientador Educacional como mediador de violências

ou conflitos

“Conhecer a escola mais de perto significa colocar uma lente

de aumento na dinâmica das relações e interações que

constituem o dia-a-dia, aprendendo as forças que a

impulsionam o que a retêm, identificando as estruturas de

poder e os modos de organização do trabalho escolar,

analisando a dinâmica de cada sujeito neste complexo

interacional” (GRISPUN, 2006, p.108).

Uma proposta politico-pedagógica voltada para uma educação solidária,

indica várias práticas para enfrentar firmemente os desafios de superar

situações em que surjam relações conflitantes que possam transformar em

relações de violências.

Cada conjunto de estratégias deverá ser pensado em relação a um fato

concreto e sua real problemática. As questões relativas a violência escolar

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29 não podem ser tratadas de modo isolado, mas sim, em íntima articulação

com a dinâmica educativa da escola como um todo.

As práticas participativas e de diálogo nas diferentes dimensões escolares –

da sala de aula aos conselhos da escola; os espaços sistemáticos de

reflexão coletiva do professor das práticas educativas e seus problemas

concretos; a intensificação das relações entre as famílias e a escola à

realização de atividades extraclasse como esporte, teatro, excursões, grupos

de música ou de dança, são alguns exemplos de estratégias para construir

um ambiente amistoso.

Para enfrentar uma cultura da violência, é necessário aprender a exercer a

humildade, a tolerância e a luta em defesa dos direitos dos educadores e

educandos, como diz Freire (1996), “a luta dos professores em defesa de

seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento

importante de sua prática docente, enquanto prática ética” (p.66).

Quanto a relação na prática docente com o aluno ele afirma

O meu respeito de professor à pessoa do educando, à sua

curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com

procedimentos inibidores exige de mim o cultivo da humildade

e da tolerância... Como ser educador, sobretudo numa

perspectiva progressista, sem aprender, com maior ou menor

esforço, a conviver com os diferentes? Como ser educador se

não desenvolvo em mim a indispensável amorosidade aos

educandos com quem me comprometo e ao próprio processo

formador de que sou parte...? (FREIRE, op cit, p.67).

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30 Somente assim se pode acreditar ser possível construir uma educação num

espaço onde a sociabilidade permite um fundamento ético na ação cotidiana,

respeitando a dignidade de toda pessoa humana.

3.3 – Ação do Orientador Educacional nas relações de qualidade

Conforme Freud, Piaget e Kolberg, o psiquismo humano é construído com o

social, num processo de ação e interação com a realidade externa. A relação

com o exterior é a condição para a elaboração, que é forjada quando a

criança age sobre o mundo externo, no esforço de conhecê-lo e representá-

lo. Sendo o ser humano essencialmente relacional, torna-se urgente uma

educação que valoriza o individuo, o respeito ao próximo e a ética.

O Orientador como mediador nas relações de qualidade, unido à equipe

técnico-pedagógica, proporcionará atividades estimulando o contato com o

outro, pois isto é primordial para o desenvolvimento da criança, influindo,

inclusive, na sua capacidade de amar, refletir, criticar, compreender e

colocar-se no lugar do outro, desenvolvendo assim, ainda na criança, sua

autoconsciência nos processos inter-relacionais, como também nos

processos intra-relacionais.

O individuo com maior consciência de si, de suas

capacidades e limitações, de suas angústias e

fraquezas, de suas inseguranças, seus medos e

solidão (e, também, de sua grandeza); aquele que

compreende o quanto é único e separado, mas se

torna capaz de ir ao encontro do outro, de

compreendê-lo e amá-lo, pois se vê como a própria

extensão de si mesmo (TELLES, 1975, p.16).

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31 O ambiente escolar representa o espaço onde os processos e as teorias

pedagógicas vão se desenvolvendo, representa também o espaço de

transformação e vivência das próprias experiências dos alunos e

professores: espaço de trocas, criação e vivências de diferentes valores.

Se a escola é o universo que reúne alunos diferentes, ela é o palco onde

certamente o conflito se instalará e se o conflito é inevitável é necessário

aprender o oficio da mediação de conflito para que essa técnica se aprimore

facultando a cultura da mediação de conflito.

A mediação de conflito é o procedimento no quais os participantes, com a

assistência de um profissional imparcial, no caso o Orientador Educacional –

mediador coloca a situação em questão com o objetivo de desenvolver

opções, considerarem alternativas e chegar a um acordo que seja

mutuamente aceitável. A mediação poderá direcionar para uma reorientação

das relações sociais, novas formas e cooperação, de confiança e de

solidariedade, conhecendo formas mais maduras, espontâneas e livres de

resolver as diferenças pessoais ou grupais. a mediação propõe atitudes de

tolerância, responsabilidade e iniciativa individual que podem contribuir para

uma nova ordem social, a partir de Ensaio: Aval. Públ. Educ., Rio de Janeiro.

Não deixando de considerar as especificidades afetivas, emocionais, sociais

e cognitivas das crianças, a qualidade das experiências oferecidas que

podem contribuir nos movimentos das relações humanas deverão estar

embasadas em alguns princípios como

O respeito à dignidade e aos direitos das crianças

consideradas nas suas diferenças individuais, sociais,

econômicas, culturais, étnicas e religiosas; o direito da

criança a brincar, como forma particular de expressão,

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32 pensamento, interação e comunicação infantil; o

acesso das crianças aos bens socioculturais

disponíveis, ampliando o desenvolvimento das

capacidades relativas à expressão, à comunicação, à

interação social, ao pensamento, à ética e a estética; a

socialização das crianças por meio de sua participação

e inserção nas mais diversificadas práticas

sociais,sem discriminação de espécie alguma; o

atendimento aos cuidados essenciais associados à

sobrevivência e ao desenvolvimento de sua

identidade. (VERGÉS & SANA, 2004, p.20).

No entanto, é necessário não perder de vista que a criança está sendo

educada para viver em sociedade e não somente com os pais ou familiares,

portanto algumas regras se fazem necessárias para o êxito na tarefa de

educar, como: cumprir e fazer cumprir as regras de maneira clara e firme,

desta forma a criança está aprendendo sobre responsabilidade; ter sempre

em mente que coerência, segurança, justiça, tolerância, respeito e igualdade

são fundamentais para estabelecer uma relação amistosa dentro ou fora da

escola. Definir normas passíveis de serem cumpridas e válidas para todos

os alunos; valorizar sempre o diálogo como a melhor maneira de resolver os

conflitos não permitindo que tal situação transforme-se em atitudes ou atos

de violência entre si. E, o diálogo, segundo Freire “... nutre-se de amor, de

humanidade, de esperança, de fé, de confiança”.

A prática da Orientação é um ato político que não busca em seu trabalho o

ajustamento do aluno a sociedade, mas seu enfrentamento a realidade

social estabelecida atualmente.

3.4 – Participação

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33 O envolvimento dos diferentes agentes que formam a comunidade escolar é

de fundamental importância para determinar um clima de convivência

favorável na mediação de conflitos. A participação de alunos, professores e

pais têm um papel significativo nas propostas e práticas educativas. As

escolas que valorizam o conflito, e, juntos, aprendem a trabalhar com essa

realidade , são aquelas em que o diálogo é permanente, objetivando ouvir as

diferenças para melhor decidirem; onde a explicitação do pensamento deve

ser incentivada; onde o currículo considera as oportunidades para discutir

soluções alternativas para os conflitos no campo das ideias, do poder e da

diferença de toda ordem; onde as regras são explícitas, faladas e discutidas.

Em relação à efetivação da participação de todos os atores envolvidos na

construção do espaço escolar e pedagógico, Fernández diz

A participação significa uma

oportunidade para desenvolver-se

atitudes de cidadania e de democracia

interna em que se colocam em prática

valores que deveriam permanecer no

pensamento e no comportamento dos

alunos em sua vida adulta. A

participação contribui para uma cultura

no centro educacional, para socializar

os alunos fora do regime regrado de

cada área e para potencializar as

diversas capacidades ao proporcionar

um esquema valido de criatividade.

(2005, p.145).

Dessa forma, nota-se que a importância da Orientação se dá de tal forma

que esta nunca deixará de existir, pois a educação nunca deixará de existir.

Antes tido como o responsável por encaminhar alunos considerados

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34 “problema” a psicólogos, o orientador educacional conquistou uma nova

função, perdeu o antigo e pejorativo rótulo de delegado e hoje atua, entre

outras atribuições, trabalha para intermediar conflitos escolares e ajudar os

professores a lidar com alunos com dificuldades na aprendizagem

significativa. Faz, também, ponte entre estudantes, professores e pais.

A questão ainda é mais fundamental quando partimos do conceito

etimológico de educação, que educare refere-se a orientar, guiar, conduzir o

processo educacional que tem como foco principal atingir o aluno que é o

sujeito de maior importância no contexto da educação, orientação e das

relações consigo mesmo e com o outro, garantindo a integração dos atores

educacionais e avaliar o processo, para evitar dispersão.

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35

CONCLUSÃO

A função cobrada da escola hoje vai muito além de transmissão de

conhecimento, mas a busca de soluções de problemas que são entraves

para a adequação da criança no cotidiano escolar, que possui sua

organização própria de funcionamento, onde existem regras, acordos e

limites. São muitas vezes no cumprimento deste conjunto de regras que

surgem alguns conflitos como fenômeno de interferências no processo de

aprendizagem, que sabemos, acontece a partir da mútua interação.

A escola deve ser um espaço, onde a criança possa aprender num clima de

confiança, de amizade e de respeito; onde se aprendam conteúdos

significativos e contextualizados; onde haja profissionais capacitados e em

frequentes formação de capacitação para lidar com as situações de conflitos

ou violências que surgirem durante o processo. Uma escola onde os alunos

vivam experiências de solidariedade e de busca do bem comum.

Reconhecemos que é justamente no espaço escolar que a criança vai

extravasar suas emoções, sejam elas saudáveis ou não. Cada criança é

ímpar, dessa forma, reage diferentemente as situações ao seu redor. Alguns

teóricos acreditam que os seres humanos nascem com reflexos físicos, quer

dizer, tendência natural para imitar ou sentir medo e, no ambiente escolar, o

aluno reproduzirá suas vivências experienciadas em casa ou em seu grupo

de convivências, fora da escola, pois, para se desenvolver,elas precisam

aprender com os outros, por meio de vínculos que se estabelecem.

Sabemos que a criatura é agressiva por instinto e, quando não consegue

exteriorizar essa violência, faz uso de mecanismo como fuga, introspecção

ou alienação, inquietação ou hostilidade. Por qualquer motivo descontrola-

se, instalando o processo violento na relação por falta de diálogo, tolerância

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36 e paciência. No entanto, entendemos que só quando os conflitos

ultrapassam o limite da convivência natural, é que surgem as ações

agressivas e violentas.

O estudo mostrou que as crianças socializam-se umas às outras. O desafio

de socializar é descobrir como ajudá-las a controlar seus impulsos e

tornarem-se capazes de refletir, sobre as consequências de suas ações,

pois ainda não construíram um modo próprio e estável de sentimentos,

reações sociais, interesses e valores. Por isso, alguns professores

encontram dificuldades para lidar com as “crianças mais difíceis ou

birrentas”.

Assim como o professor, o aluno também é membro de uma sociedade e,

como qualquer outro sujeito, possui capacidade de ação e interação, sendo

o ser humano essencialmente um ser social. Sendo assim, concluímos que

suas experiências e suas histórias são fatores determinantes para a

qualidade de suas relações.

Apesar do difícil quadro que as escolas estão vivenciando entre violências e

conflitos de relação, acredita-se que seja possível fazer da escola um

espaço de diálogo, respeito, tolerância e de solidariedade, numa perspectiva

de estabelecer entre alunos, professores, funcionários, especialistas e

administradores relações amistosas, tornando-se, cada elemento desse

processo, responsável pela sua autonomia e de seus próprios direitos de

dialogar, refletir, questionar, discordar num ambiente recíproco,

reconhecendo seus limites e possibilidades.

O sentimento de pertinência, de identidade pessoal, tanto para professores

como para alunos, é importante para desenvolver a tarefa educativa. Assim,

o trabalho com a auto-estima, tanto do professor como do aluno, e a atenção

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37 às necessidades pessoais devem ser entendidos como elo principal de um

clima de qualidade.

Sabemos que a escola é envolvida em importante empreendimento de

âmbito social e, nela, como consequência, existem os desajustes de

comportamento, de valores e de respeito ao outro, tais como: o modelo

familiar, a influência dos meios de comunicação, os valores, a violência da

própria sociedade, etc.

Mesmo chegando ao término deste trabalho, entendo que o tema estudado

ainda necessita de muita pesquisa para maior compreensão e ações mais

acertadas, pois ainda há muito que fazer para prevenir problemas de

violências no ambiente escolar, a fim de que o processo ensino-

aprendizagem possa ser construído num clima amistoso. Entretanto, a

reflexão feita contribuiu bastante para levantar possibilidades e descobrir

caminhos para uma relação de qualidade.

De acordo com Fernández, a ligação interna nas relações interpessoais em

grupos de professor-professor; professor-aluno e aluno-aluno; a vinculação

pessoal e o respeito profissional são aspectos primordiais para uma

atividade educadora. Os próprios professores se queixam de que o respeito

e a consideração em suas relações, frequentemente se defrontam com

desavenças pessoais entre si, sejam amigos ou não e, em relação aos

alunos na ligação entre si, o enfoque da conduta é na relação interpessoal

com seus iguais, o grupo se converte em campo de experiências sociais por

substituição de uma palavra por outra e pela forma que contempla o mundo

ao seu redor. A partir dessa reflexão, voltamos ao principal problema que me

levou a pensar em que medida a ausência de tolerância e respeito mútuos

gera relações conflitantes nas inter e intra-relações escolares?

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38 O estudo nos mostra que o conflito faz parte de nossa vida pessoal e está

presente nas instituições e é sensato enfrentá-lo com habilidade pessoal e

nao evitá-lo. De outra forma é dizer à criança e ao jovem que as diferenças

que existem entre si podem transformar-se em antagonismos, e que, se

estes não forem entendidos evoluem para o conflito e que pode transformar-

se em violência. A maneira que os atores permanentes da escola (alunos,

professores, técnicos e comunidade) vão lidar com o conflito escolar é que

irá identificá-lo como oportunidade de crescimento ou um grave problema

que deve ser abafado.

Portanto, concluo este estudo com a certeza de que seria utópico ter

pretensão de eliminar os conflitos, assim como, a violência nas relações,

pois eles são partes da vida, mas trata-se da forma de buscar novas

maneiras de prevenção, administração e resolução; uma delas seria a

capacitação dos orientadores educacionais em parceria com a equipe

técnica-pedagógica e todos os atores envolvidos neste processo

educacional.

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