rel. pat e met.tm beja 1.2015
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Relatório de patologiasTRANSCRIPT
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Sistema Construtivo, Patologias Emergentes Necessidades e Metodologia de Intervenção 22.01.2015
Torre de Menagem do Castelo de Beja
Torre de Menagem do Castelo de Beja Sistema Construtivo, Patologias Emergentes
Necessidades e Metodologia de Intervenção 19.01.2015
Introdução No dia 13.11.2014, por volta das 17,20 horas deu-se a derrocada de parte do balcão do canto Sudeste, da Torre de Menagem do Castelo de Beja, sobre a muralha da praça de armas. A derrocada deu-se na parte em consola do “balcão corrido” (machicoulis, segundo a designação francesa), que é constituído parcialmente por lajedo de mármore, assente sobre cachorros constituídos por vários blocos talhados de mármore, sobrepostos e encastrados na alvenaria da torre. O ocorrido obrigará necessariamente a uma intervenção de reabilitação do edifício, que, em virtude do seu atual estado de conservação deverá assumir um carater global, devolvendo ao imóvel a sua imagem, estabilidade e segurança. Objetivo O estudo presente, numa primeira iniciativa de determinação de uma metodologia de
intervenção, propõe-se genericamente promover a Analise ao Sistema Construtivo, elencar
as Patologias Emergentes, e listar as Necessidades atuais de Intervenção no imóvel.
Julga-se oportuno apresentar algumas reflexões sobre as possibilidades de intervenção no imóvel para reposição das suas condições de estabilidade e segurança de forma a garantir a sua salvaguarda. A dimensão do edifício, e a altura de execução dos trabalhos, acarreta custos e dificuldades acrescidas, nos equipamentos materiais e nas condições de segurança de execução dos trabalhos, que obrigam a uma reflexão sobre as necessidades de intervenção. A condição geral do edifício e o seu estado de conservação atual aconselham a uma intervenção de carácter global, racionalizando os custos e os meios disponibilizados, procurando solucionar as patologias emergentes em todo o edificado e não só na área derrocada. Verifica-se a necessidade de ter disponíveis estudos de caracterização construtiva do edifício e elementos gráficos rigorosos, que permitam avaliar o âmbito e a dimensão das ações de reconstrução e conservação a desenvolver, aferindo igualmente desta forma com maior rigor os custos e as especialidades envolvidas. Com o intuito de iniciar uma metodologia de intervenção para salvaguarda do monumento, e atenta a necessidade de “conhecer antes de intervir”, por maior rigor e racionalidade na
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intervenção, considera-se a necessidade de se executarem alguns estudos de apoio à tomada de decisão da intervenção que se venha a promover.
Descrição genérica do edifício
O Castelo de Beja é Monumento Nacional, classificado pelo Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910, ZEP, DG 71 de 25 Março 1955, sendo a sua propriedade, pública Estatal, e está afeto à Câmara Municipal de Beja, pelos autos de cessão de 20 Dezembro 1939 e 20 Dezembro 1945. A Torre de Menagem do castelo de Beja, é considerada como um dos mais belos exemplos da arquitectura militar, estilo gótico, da Idade Média em Portugal. A sua construção deve-se ao Rei D. Dinis, que a mandou edificar em 1310, contando igualmente com o contributo de D. João I. Para além de ser considerada a mais alta da Península Ibérica, tem ainda a particularidade de ter sido construída em cantaria de calcário e mármore e ser constituída por três pavimentos. Tem aproximadamente, 40 metros de altura, apresenta planta quadrangular, com alvenarias que ultrapassam os três metros e meio de espessura na base, e o acesso aos pisos é feito por escadaria de pedra desenvolvida em caracol com quase duzentos degraus. A torre apresenta balcões angulares com matacães, unidos por balcão corrido em meia consola, defendido por ameias piramidais. As salas no seu interior, ricamente decoradas, apresentam tetos em abóbada em cruzaria de ogivas. A torre é rematada com um corpo rectangular, mais estreito, reforçado nas esquinas por contrafortes. Obras de construção e obras de reparação Terá sido D. Afonso III a ordenar, em 1253, as obras de reconstrução do castelo de Beja, na sequência da conquista cristã deste território. No reinado de D. Dinis prosseguiram esses trabalhos, datando desse reinado a construção da torre de menagem (construção essa que poderá, no entanto, ter-se prolongado pelos reinados posteriores). D. Fernando ordenou, igualmente, reparações a este castelo. No início do século XVI, D. Manuel I ordenou, também, que se fizessem grandes obras de beneficiação do conjunto edificado, procurando certamente adaptar as velhas fortificações à nova lógica de guerra imposta pela difusão do armamento pirobalístico. Na segunda metade do século XVII, na sequência das Guerras da Restauração, o marquês de Marialva, governador do Alentejo, e o general conde Frederico von Schomberg planearam grandes obras nas fortificações de Beja, de acordo com as novas táticas militares, obras essas que chegaram a ser iniciadas mas foram suspensas em 1668, delas restando apenas alguns troços abaluartados exteriores ao perímetro muralhado medieval.
Durante as Invasões Francesas, as fortificações da cidade sofreram, igualmente, alguns estragos, especialmente na zona do castelo e das portas de Mértola. Intervenções de conservação e restauro Em 1938, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais iniciou uma vasta campanha de restauro e revalorização do castelo, que se prolongaria por vários anos e que incluiu o desafrontamento de parte das suas muralhas. Quanto ao restauro propriamente dito, ele implicou várias obras de “reconstrução” e outras de “recomposição, reajustamento e consolidação”, sendo estas últimas as mais numerosas (DGEMN, 1954). Os principais trabalhos realizados foram, então, os seguintes: - Demolição gradual das casas que encobriam a parte exterior das muralhas, depois de diretamente adquiridas, ou cedidas pela Câmara Municipal, as mesmas casas; - Demolição de pequenas construções existentes na praça de armas e sobre os adarves; - Consolidação de diversos panos de muralha; - Consolidação da antiga Porta de Évora, após a sua libertação das casas que a encobriam; - Restauro e consolidação de toda a cortina e merlões; - Reconstrução da torre do ângulo Nascente-Sul, que se achava arruinada; - Limpeza geral e tomada de juntas em todos os panos da muralha; - Reconstrução do telhado da alcáçova; - Desobstrução dos arcos do rés-do-chão da alcáçova e arranjo geral da fachada, com aproveitamento de alguns elementos arquitetónicos ainda existentes; - Arranjo das escadas de acesso à torre de menagem; - Desaterro e regularização da praça de armas, bem como da barbacã do Norte; - Construção de portas apropriadas, para toda a parte exterior; - Construção de portas e caixilhos para a alcáçova; - Regularização dos terrenos circunjacentes, em colaboração com a Câmara Municipal; - Instalação elétrica, para iluminação da praça de armas. Embora não venha especificamente discriminado no Boletim da DGEMN, é possível, pela documentação gráfica e fotográfica que integra o mesmo Boletim, concluir que na torre de menagem foram, para além do arranjo das escadas mencionado, feitas intervenções ao nível da terceira sala e da planta superior, presumivelmente só no exterior (varandim e remate superior). Posteriormente à publicação do Boletim da DGEMN sobre o castelo de Beja (número 77), esta entidade realizou, ainda, neste monumento, as seguintes intervenções (página web do IHRU): 1958 - Consolidação do troço entre a Rua dos Escudeiros e a Avenida Miguel Fernandes; 1959/1962 - Recuperação do troço de muralhas do castelo ao Arco de Aviz; 1965 - Recuperação da torre de menagem; 1969 - Consolidação da torre e muralhas entre a Rua das Portas de Aljustrel e da Liberdade; 1970/1973 - Consolidação entre o castelo e o Arco de Avis; 1980/1981 - Obras de recuperação entre o castelo e o Arco de Avis e recuperação da Torre de Menagem, nomeadamente dos varandins; 1982 - Beneficiações nas muralhas; 2003/2008 - Remoção da vegetação acumulada ao longo das juntas das pedras e coroamento da muralha, refechamento de juntas, preenchimento dos rombos com pedra
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do mesmo tipo da existente e utilização de argamassas de cal e areia, reparação e consolidação do coroamento dos parapeitos e ameias, tratamento do piso do adarve. Situação atual da Torre de Menagem A derrocada do canto do balcão ocorrida no dia 13.11.2014, por volta das 17,20 horas sobre a muralha do castelo e o acesso em escada à Torre, a partir da praça de armas, obrigou à instalação de uma estrutura de suporte e escoramento perimetral para suporte das consolas. A visita efetuada em 13.01.2015 à Torre de Menagem do Castelo de Beja, já com os andaimes e escoramento do balcão corrido instalado permitiu verificar no local as condições das alvenarias, dos cachorros e em geral, das varandas do balcão. A torre apresenta diversas patologias construtivas que importa analisar e verificar as suas condições de conservação construtiva. Estamos convictos de que a derrocada ocorrida foi resultado de diversas patologias que atuaram em conjunto e complementarmente, e não só de uma única anomalia, que por muito grave, não seria suficiente para originar o ocorrido. A recente obra de conservação preventiva projetada por nós para a cobertura da torre, que consistiu na construção de um novo revestimento da cobertura e na revisão do sistema de drenagem pluvial, poderá ser considerada uma primeira ação corretiva que permite impedir a entrada das águas das chuvas nas alvenarias, garantindo a evaporação das humidades acumuladas no interior, e travar um processo patológico de encharcamento cíclico das alvenarias, com as inerentes consequências que tal ação poderá despoletar. Entre as diversas áreas que nos merecem maior cuidado na análise visual efetuada a torre de Menagem salientamos as seguintes: - Escada em caracol; - Alvenarias exteriores da Torre; - Balcão corrido, especialmente parapeito, lages e cachorros; - Alvenarias dos parapeitos; - Merlões;
Considera-se por isso a análise ao sistema construtivo da torre e a identificação das
patologias emergentes como fatores fundamentais para garantir uma atuação conjunta e
fundamentada na intervenção de reabilitação do imóvel, que inclua todas as áreas
atualmente afetadas, para salvaguarda global daquele bem patrimonial.
Apresentamos em seguida uma descrição genérica das patologias e dos processos
construtivos dos elementos mais significativos do imóvel, e aqueles que segundo a
inspeção visual realizada parecem apresentar os maiores problemas em termos de
conservação.
Escada da Torre (escada em caracol)
O acesso aos pisos da Torre de Menagem é feito
por escada de caracol em pedra, enclausurada
em alvenaria de pedra.
Os degraus são executados em pedra, numa peça
única, com o veio central em forma de cilindro,
assentado verticalmente, e encastrados nas
alvenarias laterais, executadas em silharia.
De um modo geral estas tipas de escadas são
feitas com peças de degrau iguais que na
montagem adquirem o posicionamento necessário
ao desenvolvimento da escada.
A escada apresenta desaprumo do veio central
dos degraus, verificando-se deformação do eixo e
assentamentos diferenciais dos degraus no
centro.
Alguns degraus apresentam fraturas totais, em
vários pontos, encontrando-se na posição apenas
por pressão lateral, e compressão do conjunto,
com apoio insuficiente nas alvenarias, situação
configura algum risco.
Estas fraturas promoveram o deslocamento do
veio central por assentamento do peso dos
degraus, verificando-se que o encastramento na
alvenaria se apresenta em muitos casos diminuto
ou inexistente, não tendo a pedra resistido à
tração e partido, o degrau ficou apenas apoiado
no núcleo central, e assentou sobre o degrau
inferior tendo nalguns casos promovido
igualmente a sua fratura.
Deverá ser revista toda a escada, os degraus e
apoios, devendo ser retiradas as argamassas de
cimento utilizadas para fechar as fraturas
Planta da torre com a escada em caracol .
Degraus fraturados e com assentamento Diferencial
Degraus fraturados
Veio central da escada desaprumado
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existentes, uma vez que o grau de dilatação do
cimento é superior ao do mármore, o que pode
acentuar as fraturas existentes e promover
movimentos.
O desenvolvimento da escada apresenta dois
tipos de degraus. Os degraus completos sem
sotamento inferior e os degraus sotados
inferiormente, o que indicia momentos diversos de
construção
Verifica-se que o encastramento dos degraus
completos na alvenaria é mais cuidado e com
maior entrega, e por vezes com encastre talhado,
enquanto nos degraus sotados inferiormente a
entrega e apoio na alvenaria é de um modo geral
muito deficiente.
Considera-se necessária a revisão de toda a
escada e dos seus elementos, para garantir a sua
estabilidade e funcionamento em perfeitas
condições, repondo os apoios necessários.
O apoio central dos degraus da escada deverá ser
revisto e reposta a sua estabilidade e o
encastramento dos degraus nas alvenarias deverá
ser corrigido para garantir o funcionamento
estável do conjunto.
Em virtude da dificuldade de intervenção neste
local, e da dificuldade de substituição de peças,
deverão ser ponderadas ações de reforço e
estabilização no local.
Haverá que garantir a verticalidade do eixo central
da escada, com reassentamento e coesão dos
elementos, e garantir a entrega dos degraus nas
alvenarias de contenção da escada.
Deverão igualmente ser executadas ações de
colagem das peças fraturadas para garantir a sua
plena utilização no conjunto.
Vista interior dos degraus sotados com fraturas
Vista Inferior dos degraus inteiros e encastramento na alvenaria
Veio central da escada desaprumado e fraturado.
Sistema de montagem da escada
Alvenarias exteriores
Os construtores do século XII trazem algumas alterações às alvenarias de três folhas. Perante a necessidade de construir edifícios mais amplos e mais altos, e procurando aligeirar a secção das paredes, tiveram que encontrar um modo de construir mais homogéneo e resistente. Renunciam ao emprego de peças de grande tamanho, salvo casos excecionais e em certas construções militares, e executam as alvenarias com pedras pequenas. As pedras pequenas podiam ser carregadas e assentes por um só homem, em fiadas baixas e pouco profundas. As fiadas são separadas com grossas juntas de argamassa (um ou dois centímetros), com o fim de que os leitos estabelecessem um “enlace” entre o maciço interior e os paramentos. Esta é a chave para promover o trabalho solidário do enchimento com as folhas exteriores, garantindo a coesão das alvenarias, e a possibilidade de maior altura nas construções autoportantes sem uma espessura exagerada das alvenarias. O aparelho utilizado nos paramentos exteriores é um aparelho regular, idêntico ao “opus isodomum” dos romanos, que consistia em talhar as pedras na forma paralelepipédica de dimensões fixas. Este aparelho permite a formação de fiadas de igual altura com a correspondência das juntas verticais em fiadas alternadas. Este aparelho permite algumas variantes, entre as quais se destaca a alternância de uma fiada de perpianhos com uma de placas. As alvenarias da Torre de Menagem do Castelo de Beja são alvenarias de três folhas que apresentam boa coesão e aparentemente homogeneidade apresentando espessura considerável. Verifica-se contudo que apresentam sinais de escorrimento a partir do interior, de colonização biológica, desguarnecimento de juntas, assentamentos diferenciais e transferência de cargas para os paramentos exteriores com fratura de silhares e perda de material. É notório o encharcamento a que as alvenarias têm estado submetidas pelos sinais que se veem nos paramentos, de escorrimentos a partir do interior.
Estereotomia do paramento exterior
Sistema de alvenarias exteriores
Alvenarias exteriores
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A análise visual efetuada aos paramentos exteriores da Torre de Menagem permitiu identificar as seguintes patologias:
Pedras fraturadas - O aparecimento de fraturas correndo através dos blocos de pedra não é um acontecimento particularmente vulgar nas edificações. Na maioria dos casos, elas podem ter sido provocadas por uma mão-de-obra deficiente ou por uma má conceção. Por exemplo, em edifícios antigos podem ter sido usadas pedras recolhidas nos campos em vez de exploradas recentemente numa pedreira. Estas pedras têm uma história de exposição ao ambiente e podem conter fraturas incipientes que passam a ser potenciadas. A fratura também pode derivar de uma carga irregular sobre a pedra, ou da corrosão e expansão de fixações metálicas. Apesar de relativamente raros, estes danos, quando estão visíveis, devem ser encarados muito seriamente, já que podem ter implicações estruturais para a edificação. Crosta negra - A crosta negra forma-se em ambientes poluídos onde se cristalizar gesso (sulfato de cálcio) sobre a superfície de uma pedra. Conforme se vai formando, ela pode incorporar partículas de poluição que dão a estes depósitos a sua característica cor negra. Estas crostas formam-se melhor sobre as pedras calcárias, onde o carbonato de cálcio pode ser transformado em gesso por uma atmosfera rica em enxofre. No entanto, as crostas também se podem desenvolver sobre pedras não calcárias onde, por exemplo, estas fiquem carregadas de cálcio deslavado de pedras calcárias e de argamassas adjacentes, ou transportado pelo ar sob a forma de partículas de poeira. Como o gesso é solúvel, estas crostas tendem a formar-se nas áreas abrigadas da lavagem pela chuva, o que dá às fachadas uma aparência manchada. Escorrimentos - Quando é possível a água percolar através da alvenaria, ela fá-lo seguindo a rede porosa das juntas em argamassa. Onde, eventualmente, a humidade escorra para fora da alvenaria, pode precipitar qualquer material que tenha dissolvido. Nas juntas que empreguem argamassas de cal isto pode conduzir, por exemplo, à contaminação da alvenaria situada abaixo desse ponto de escorrimento com sais tais como os de gesso. Onde tiver sido usado
Pedras fraturadas
Pedras fraturadas
Crosta negra e Líquenes
Escorrimentos
Escorrimentos, Vegetação, Plantas e Líquenes
cimento tipo Portland -quer originalmente, quer durante operações de reparação das juntas -isto pode conduzir à precipitação de depósitos de carbonato de cálcio (pedra calcária) que se assemelham às "cascatas de pedra" que se formam sobre as paredes das grutas calcárias. É provável que as absorções provenientes de juntas comentícias possam conter uma mistura de sais solúveis, mas é ainda mais provável que estes se depositem mais perto da base da parede do que o menos solúvel carbonato de cálcio, ou que se percam por escorrimento para o solo. Vegetação - Se as fachadas dos edifícios não forem conservadas, a vegetação pode conseguir colonizar áreas abrigadas por crescimento das suas raízes através das juntas e das fraturas. Conforme estas raízes crescem, elas podem alargar as ditas juntas e fraturas, forçando as pedras a afastarem-se. Podem também promover a humidade, a qual potencia outros processos, tais como a degradação ambiental salina. Plantas - De pequeno, médio e grande porte, podem causar ruturas e destruição de alvenarias de pedra, cantarias e até mesmo de edificações. A planta desenvolve-se ao penetrar na alvenaria, as raízes e o caule expandem-se, aumentando de volume e causando a conseqüente destruição e movimento dos materiais ali presentes Líquenes - São formados pela associação de fungos e algas. Desenvolvem-se sobre as superfícies externas da cantaria. Alguns líquenes têm poder de penetração pela produção de ácidos orgânicos, outros têm menor penetração. Os danos causados pelos líquenes geralmente iniciam-se superficialmente, desfigurando lentamente as superfícies decorativas. Corrosão de grampos de ferro - Os metais ferrosos, quando oxidados, aumentam de volume. Se estiverem cravados na pedra, fatalmente causarão fissuras ou fraturas na cantaria. Inicialmente, o aumento do volume da peça metálica provoca minúsculas fissuras internas na pedra, favorecendo a passagem de água e a consequente aceleração do processo corrosivo. Estamos convictos que as alvenarias da Torre são de três folhas, com espessura
apreciável, atingem mais de três metros na base, e sendo construção militar, será
certamente de boa execução e com argamassas de boa qualidade.
Plantas e Líquenes
Vegetação, Plantas e Líquenes
Crosta negra, escorrimentos, e Líquenes
Corrosão de grampos de ferro
Corrosão de grampos de ferro
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O enchimento do maciço interior com as juntas de argamassa de maior dimensão para
maior coesão deste elemento com os paramentos, irá também permitir que em caso de
infiltração de águas, estas iniciem o processo de lavagem dos finos e de percolação,
associados ao ciclos de encharcamento e secagem, de congelamento e evaporação, que
irão originar vazios no interior do maciço e na ligação deste com os paramentos, podendo
provocar abatimentos interiores com transferência de cargas para os elementos que
mantem as suas dimensões, os silhares dos paramentos, que em sobrecarga
especialmente diferencial entrarão em quebra ou esmagamento.
Outro fenómeno que contribui para este processo em paralelo é o alojamento de espécies
vegetais nas juntas com o inevitável desenvolvimento das suas raízes e o acumular das
humidades inerentes ao desenvolvimento destas espécies.
São visíveis nos paramentos exteriores da Torre
de Menagem escorrimentos do interior das
alvenarias através das juntas, a colonização
biológica e o aparecimento de espécies vegetais
enraizadas nas juntas da alvenaria.
O desenvolvimento das espécies vegetais com as
raízes integradas nas alvenarias irá promover o
reassentamento dos elementos pétreos, através
do desenvolvimento das raízes, alargar as juntas
e garantir a contínua entrada de águas que
motivará, renovando o processo a cada ciclo com
maior degradação do material da alvenaria.
A análise cuidada as alvenarias e dos silhares que
compõem os paramentos exteriores, com a
identificação de zonas de escorrimentos, zonas de
fraturas, zonas de quebras com perda de material,
e outros, poderão definir os mapas de patologias
emergentes neste elemento construtivo que
permitirão definir uma atuação concertada para a
sua intervenção.
O edifício em estudo é uma construção de características militares de boa construção, assente num sistema de alvenarias portantes. A condição de boa manutenção das alvenarias é essencial à manutenção do edifício.
Escorrimentos e Plantas
Vegetação, Plantas e Líquenes
Escorrimentos, fraturas e vegetação
Considera-se por isso a necessidade de revisão geral das alvenarias dos paramentos exteriores, a caracterização da sua constituição e do sistema construtivo utilizado.
Patologias de elementos de ferro integrados na construção
Alguns dos locais onde se mostram mais visíveis
os problemas de degradação da pedra e efeitos
danosos a nível estrutural são causados por
gatos e espigões de ferro.
Os casos detetados incluem fissuras causadas pelo aumento de volume dos espigões (e que progressivamente conduzem à fratura), fraturas, e, a nível estrutural, perda de equilíbrio (movimentos dos blocos), nos parapeitos. Este efeito é de facto preocupante e, para além das peças intervencionadas, estende-se a todos os casos onde existam elementos de ferro. A oxidação do ferro conduz sempre a um aumento de volume e, caso este aumento não seja "absorvido" por outros materiais, a pedra acaba sempre por ceder, entrar em rutura, porque o coeficiente de deformação da pedra é quase nulo. Devido ao processo de fabrico dos elementos de
ferro presentes (batidos a quente), verifica-se a
tendência do aumento de volume no sentido do
batimento. Assim, nos espigões, de secção
quadrada, os produtos de alteração acumulam-
se em todos os sentidos da área; nos gatos a
expansão é feita perpendicularmente à área
mais larga da peça.
Este fenómeno conduz a um movimento forçado nas próprias pedras onde estes se encontram e nas adjacentes, provocando situações muito graves que podem originar irremediáveis perdas de material. No caso presente, os fenómenos de oxidação encontravam-se, nalguns pontos, em avançado estado de evolução. Este facto está na origem da inclinação acentuada de algumas ameias e o afastamento de alguns blocos.
Corrosão de grampos de ferro
Corrosão de grampos de ferro
Grampos de ferro
Grampos de ferro
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Toda esta alteração de posições altera o equilíbrio das estruturas. Também, interligado a todo o processo de degradação, e com o movimento dos blocos, é o facto das juntas das alvenarias perderem a sua funcionalidade, permitindo a livre circulação de águas e consequentemente a permanência de humidade por mais tempo.
A presença de elementos metálicos, nomeadamente ferro, em pedra é a causa de
degradação desta última. Os efeitos mais visíveis, e os que mais danos a curto prazo originam, são causados por fenómenos de oxidação. O resultado da oxidação no ferro
resulta sempre num aumento de volume que, consoante as técnicas de fabrico e pureza do
metal, pode ser mais ou menos significativo, sendo normal assistir-se a aumentos de
volume que podem atingir sete vezes o tamanho original.
Assim, pudemos registar casos onde se mostram mais visíveis os problemas de
degradação da pedra e efeitos danosos a nível estrutural causados por gatos e espigões
de ferro. A permanência dos elementos de ferro que continuarão a oxidar tendo sempre
consequências danosas para a pedra, para além da perda de funcionalidade desses
elementos) deverá ser revertida através da utilização de material neutro.
Fazem parte destes casos as fissuras causadas pelo aumento de volume dos espigões
que de outra forma não seriam visíveis (e que progressivamente conduzem à fratura). Este
efeito é de facto preocupante e é transversal a todos os casos onde existam elementos de
ferro.
Numa observação mais cuidada notam-se os efeitos, das deslocações dos blocos. De
facto, é visível a inclinação acentuada de algumas ameias e o afastamento de alguns
blocos.
Toda esta alteração de posições altera o equilíbrio das estruturas. Outro efeito que está interligado a todo este processo de degradação é o facto de, também
com o movimento dos blocos, por oxidação dos elementos metálicos, as juntas perderem a
sua funcionalidade, ficando desguarnecidas, e permitindo a livre circulação de águas e
consequentemente a permanência de humidade por mais tempo.
As partes mais susceptíveis a este tipo de degradação são, sem dúvida, as ameias. Por
um lado sofrem danos pelos espigões neles aplicados pelas razões já explanadas, por
outro, sofrem danos colaterais pelos movimentos provocados nos blocos onde assentam
perdendo, gradualmente, o seu ponto de equilíbrio. Esta última razão leva, também, a uma
perda da resistência original aos agentes atmosféricos, como é o caso do vento.
Assim, como já aconteceu no passado, a queda destes elementos pelos motivos indicados
não é uma hipótese remota. É, isso sim, uma situação real que, com o passar do tempo,
vai aumentando as probabilidades de acontecer.
Podemos então concluir que na ausência de quaisquer tipos de intervenção nas ameias e
blocos dos parapeitos o problema tenderá a agravar-se, estendendo-se à totalidade dos
casos onde o sistema de gatos e espigões se verificar.
Balcão, lages, cachorros, parapeitos e ameias.
O Balcão corrido da Torre de Menagem do Castelo de Beja é sem dúvida um dos
elementos de maior distinção da construção, e aquele que porventura lhe confere uma
identidade própria.
O balcão desenvolve-se em todo o perímetro da
torre, executado parcialmente em consola nos
cantos, para a instalação dos matacães na lage
do piso, num esquema militar que permitia
defender a construção das ações dos sapadores nas tentativas de destruição das alvenarias dos
cunhais, para fazer aluir a torre.
È precisamente no piso do balcão que a torre
diminui a sua dimensão, permitindo montar sobre
as alvenarias inferiores o balcão corrido. O
balcão é constituído por parapeitos em alvenaria
de pedra de silhares de dimensão apreciável
encimadas por ameias paralelepipédicas,
rematadas por prismas de base quadrangular.
No balcão, as peças do parapeito encontram-
se gateadas com elementos metálicos, quer os
silhares quer os merlões, quer os prismas de
base quadrangular, que rematam estes
elementos.
Estes elementos metálicos executados em ferro batido têm sido responsáveis pelo
desequilíbrio criado nos parapeitos do balcão e
nos merlões, pela sua oxidação em virtude da
exposição aos elementos, por perda de eficácia
das juntas da alvenaria.
No ano de 1993 a DGEMN, através da DREMS
promoveu uma intervenção que se destinou a
substituir elementos de ferro por aço inox, e
reposição das argamassas das juntas, especialmente ao nível dos parapeitos e merlões
da cobertura, com intervenções pontuais ao nível
do balcão, por se ter verificado a falta de muitos
destes elementos na ligação dos silhares dos
parapeitos e pelos fenómenos de oxidação que
permitiam já identificar algum deslocamento em
alvenarias e merlões.
Gatos de ligação dos silhares do parapeito encastrados na alvenaria.
Esquema geral do balcão e ligações metálicas
Prisma quadrangular de remate de merlão Com varão roscado de aço inox, obra 1994 DGEMN
Silhar do balcão com perda de junta e deslocação por oxidação dos gatos em ferro.
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A existência destes gatos de ferro, conjugados com a perda de eficácia das juntas da alvenaria, que expõem estes elementos aos fenómenos de oxidação, serão possivelmente os principais responsáveis pela instabilidade criada e pelo colapso do balcão em consola.
A causa principal, sem dúvida, é a falta de manutenção e conservação do imóvel.
Do ponto de vista construtivo o balcão apresenta
características próprias, sendo de realçar o
sistema construtivo das zonas em consolas,
especialmente pelo material utilizado e pela sua
geometria.
Cada cunhal do balcão apresenta-se parcialmente em consola, apoiado em cachorros
de mármore constituídos por diversos elementos
encastrados nas alvenarias.
Cada cunhal, na zona em consola, encontra-se
sustentado por nove cachorros em pedra
mármore com um balanço de cerca de um metro
e quinze a um metro e trinta relativamente à face
da alvenaria de suporte.
O cunhal é em angulo reto, verificando-se que o
cachorro que suporta o canto apresenta um
desenvolvimento e balanço superior que os
outros, sendo genericamente constituído pelo
mesmo tipo de elementos, com secções
idênticas.
Verifica-se igualmente que este cachorro apresenta uma consola superior, com um ângulo
mais aberto, em virtude da distância a vencer
relativamente à laje do piso do balcão, tendo
contudo secção idêntica aos outros.
Pela análise destes elementos, e da carga
associada, podemos dizer que o cachorro do
cunhal apresenta sempre maior esforço, quer
pelo ângulo da consola, quer pelo número de merlões e área de parapeito e lage que suporta.
Corte tipo no cunhal do balcão.
Planta do cunhal do balcão e matacães
Esquema de montagem dos cachorros e matacães
Em caso de desequilíbrio da estrutura de suporte
do balcão em consola, este elemento será
sempre sobrecarregado ainda mais, sendo o elo mais fraco da consola.
Poder-se-ia considerar que, ou os outros
cachorros estão sobredimensionados, ou o
cachorro do canto está subdimensionado.
Analisando a construção do balcão em consola, verificamos que cada cachorro é constituído por sete peças de mármore talhado, integrando o canal dos matacães. As peças que constituem cada cachorro estão encastradas na alvenaria e pressionadas umas contra as outras lateralmente, no intuito de garantir um conjunto homogéneo e coeso que permita aguentar as cargas das lages, parapeito e merlões em conjunto. Verifica-se contudo que não houve uma preocupação em termos do desenho de distribuir uniformemente estas cargas, procurando-se antes uma relação métrica entre os merlões que assenta indiferenciadamente num cachorro, num espaço, ou no caso do canto, em que o cachorro que tem maior consola suporta três merlões. O encastramento das peças dos cachorros na alvenaria deverá garantir a seu trabalho conjunto e solidário, sendo de crer que as peças que os compõem deverão ter uma amarração entre si, que poderá ser metálica ou com tacos de pedra. A verificação deste detalhe e do sistema construtivo utilizado só será possível com o desmonte da alvenaria e do balcão na zona de encastramento dos cachorros. Considera-se ainda que, em virtude de atualmente praticamente todos os cantos do balcão terem já sido intervencionados de uma forma ou de outra, ser necessário verificar as condições em que se encontram. O assentamento das lajes na consola deverá igualmente ser revisto, uma vez que a sua atual dimensão e posicionamento não apresenta qualquer compensação da carga exercida sobre a consola.
Esquema geral da consola dos cachorros
Vista inferior do balcão derrocado
Esquema geral da consola dos cachorros
Vista inferior do balcão derrocado
Esquema geral da consola dos cachorros
SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA
Direcção Regional de Cultura do Alentejo
Rua de Burgos, 5 7000 - 863 ÉVORA Tel.: 266 769 800 - 266 796 450 Fax: 266 769 451 email: [email protected]
Consideramos igualmente a necessidade de se verificarem as características e
composição da pedra de mármore utilizada e se possível, a sua proveniência (pedreira),
para se poderem executar novas peças para a reabilitação do conjunto, uma vez que a maior parte dos elementos do balcão se apresenta fraturado ou bastante fragilizado,
apresentando reutilização difícil.
Analisado o sistema construtivo do balcão, e embora sem o conhecimento do tipo de
encastramento e amarração às alvenarias, consideramos que este apresenta algumas
fragilidades na sua conceção, o que, aliado ao material em que foi executado, a pedra
mármore, que, por encharcamento perde metade da sua resistência, aconselha alguns
cuidados na reconstrução destes elementos, que deverão contar com uma manutenção
regular para garantir a sua estabilidade.
Merlões
Relativamente aos merlões, verifica-se que estes
se apresentam simplesmente apoiados sobre as
alvenarias dos parapeitos, fixos com elementos
metálicos aos silhares das alvenarias, mas não
apresentam encastramento no parapeito,
podendo, em situação de combate com arremesso peças, ser perigoso para os
defensores o sistema de fixação utilizado.
Desconhece-se qual o motivo do sistema
utilizado mas não se configura nem com as boas
práticas construtivas, nem com as práticas
militares, que sempre procuravam garantir a
estabilidade dos elementos sujeitos a ações
bélicas, e a segurança dos defensores.
Ainda no que respeita as alvenarias da torre,
especialmente aos paramentos exteriores,
verifica-se igualmente a existência de fratura dos
silhares, com quebra e perda nas zonas das
juntas.
Poderá ocorrer a deslocação de cargas do
conjunto das três folhas da alvenaria para a folha exterior, por assentamento e perda de eficácia
do interior, devido a percolação de águas
pluviais no interior das alvenarias, com
arrastamento dos materiais finos das
argamassas, originando os escorrimentos que se
verificam.
Balcão Corrido da Torre de Menagem
Sistema de fixação dos merlões
Sistema usual de encastramento dos merlões nas alvenarias de pedra
Esta situação devera ser objeto de análise cuidada no intuito de corrigir um processo
patológico que pode ser muito grave para o edifício e para a sua estabilidade.
Conclusão
A análise desenvolvida permite concluir que a Torre de Menagem do Castelo de Beja
necessita de intervenção em várias áreas, muito especialmente naquelas que atrás foram
descritas.
A condição geral do edifício e o seu estado de conservação atual aconselham a uma intervenção de carácter global, racionalizando os custos e os meios disponibilizados, procurando solucionar as patologias emergentes em todo o edificado. As estruturas deste tipo, e especialmente esta pelo seu sistema construtivo, grande dimensão e elevada exposição aos elementos atmosféricos, necessitam de acompanhamento regular e intervenções de manutenção e conservação que mantenham a sua estabilidade e coesão, corrigindo a ação do tempo. A ação de intervenção a implementar para reabilitação da Torre de Menagem do Castelo de Beja devera ser de caracter global, atuando sobre os diversos elementos construtivos e patologias por forma a garantir uma efetiva estabilidade do conjunto e a segurança do edifício. Consideram-se por isso a necessidade de intervenção em diversas áreas da construção, para reabilitação do imóvel, sendo de especial atenção os seguintes elementos: - Alvenarias exteriores da Torre; - Balcão corrido, especialmente lages e cachorros; - Alvenarias dos parapeitos; - Merlões; - Escada de caracol. De forma genérica, e para um melhor conhecimento da Torre e da sua construção, julga-se útil promover algumas ações de inspeção e análise dos materiais e sistemas utilizados.
Seria útil promover sondagens nas fundações da torre para avaliar a capacidade do solo de fundação e definir o nível freático relativamente à construção, também em virtude das alterações que a envolvente ao imóvel sofreu a partir da década de quarenta do século passado. De igual modo a análise e obtenção de amostras (carotes) das alvenarias poderão dar pistas importantes sobre a sua constituição, sistema construtivo, e atual estado de conservação do enchimento ou folha interior. O mármore, material de construção da Torre, como todos os materiais de construção, sofre alterações físicas, biológicas e químicas que o alteram, e por vezes fragilizam e modificam a sua coesão e capacidade de carga. Julga-se ainda importante promover uma análise da pedra de mármore utilizada na construção da torre, nas suas diversas qualidades, que permita definir as suas características físicas e mecânicas e possivelmente a sua origem em termos de pedreira.
SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA
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Para um completo conhecimento dos sistemas construtivos envolvidos, julga-se necessário
promover o desmonte cuidado de algumas zonas da construção especialmente ao nível do
balcão corrido, por forma a verificar o encastramento, ligação e imbricamento dos
cachorros nas alvenarias e a constituição destas.
Ações a desenvolver
Após a derrocada ocorrida consideraram-se promover ações que permitiram estabilizar o conjunto e garantir a segurança da estrutura, dos trabalhadores e visitantes, com o intuito de iniciar uma metodologia de intervenção para salvaguarda do monumento. Consideraram-se por isso as ações imediatas a seguir descritas: - Proteção do local e das peças aluídas e definição de um perímetro de segurança; - Inspeção visual da ocorrência, registo digital, e Inventariação da situação e dos danos verificados; - Verificação das condições de estabilidade e segurança dos elementos remanescentes e da zona de segurança estabelecida; - Escoramento de elementos instáveis e criação de acessos seguros; - Inventariação e Catalogação das peças aluídas e transporte a local de reserva; - Levantamento da situação e das necessidades de intervenção imediata para estabilização do conjunto e salvaguarda de elementos notáveis; Estando a decorrer e praticamente concluídas as ações de emergência, segurança e salvaguarda do edificado, considera-se agora iniciar o processo de reabilitação da Torre, com base na proposta geral que se apresenta. Proposta de Metodologia de Intervenção. A condição geral do edifício e o seu estado de conservação atual aconselham a uma intervenção de carácter global, racionalizando os custos e os meios disponibilizados, procurando solucionar as patologias emergentes em todo o edificado para salvaguarda do Monumento Nacional. Com vista ao enquadramento e desenvolvimento de uma ação concertada de intervenção para a reabilitação da Torre de Menagem do Castelo de Beja, propõe-se um programa faseado de desenvolvimento de ações, dividido em três fases: 1ª Fase – Sondagens e peritagens Após a derrocada do balcão da Torre, e obtidos alguns recursos financeiros que permitiram escorar o edifício e conter maior degradação, numa situação de emergência, deverá agora ser considerada a necessidade de “Conhecer para Intervir”, promovendo o estudo da construção e a análise das patologias existentes, com sondagens e caracterização dos materiais e sistemas utilizados.
Nesta fase propõem-se as seguintes ações:
- Caracterização geral do sistema construtivo do edifício e da área derrocada;
- Caracterização das patologias emergentes no edifício; - Caracterização do material construtivo; - Estudo sobre a segurança estrutural; - Reconhecimento da fundação e do solo subjacente. Após as sondagens, e conhecidos os materiais, sistemas construtivos e identificadas as patologias, deverá produzir-se a documentação de suporte à execução do projeto de obra, definido como Programa Preliminar, que se poderá consubstanciar nos seguintes documentos: - Relatório Prévio - Definição da equipa de projetos e das especialidades envolvidas. 2ª Fase – Execução de Projeto Definido o Programa Preliminar, com a caracterização da intervenção a realizar, as necessidades de intervenção e especialidades envolvidas, e com base na determinação do custo e benefício deverá ser executado o Projeto de Obra, integrando as estimativas de custos e prazos de execução. Com base no projeto de obra devera igualmente ser desenvolvida candidatura a fundos comunitários para execução da obra. Nesta fase propõem-se as seguintes ações:
- Execução do Projeto de Obra;
- Execução de Candidatura para Financiamento;
- Lançamento do concurso para a execução da obra.
- Lançamento do concurso para a Fiscalização da obra
3ª Fase – Execução de Obra Nesta fase será desenvolvida a intervenção de obra no imóvel, tendo por base o Projeto de Obra e o Concurso da Empreitada, com o acompanhamento das entidades responsáveis e da tutela.
Em termos de prazo de execução, considera- se o ano de 2015 suficiente para o
desenvolvimento das fases 1 e 2, devendo a fase 3, relativa à execução da obra ter início
em 2016.
Évora, 22 de Janeiro de 2015
José Filipe Ramalho OA 2458
Bibliografia:
SIPA, página web do IHRU, Correia, Susana, RP Proj. Cob.TM Beja, The stone Skeleton, Heyman, Jacques, Estruturas de Fábrica, Heyman,
Jacques, The Foudations of Architecture, Viollet-le-duc, Eugéne Emannuel, Compósito, Conservação e Restauro de Pedra Lda. obra DREMS
2003.História de la construcion Arquitectónica, Villalba, António Castro, Ciencia Y Restauracion, Mateini, Mauro e Moles, Arcangelo,