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Personagens: Mãe de João, João, Princesa, Vizinho, Narrador. Mãe - João! Que é isso menino? Ô menino avoado! Tudo o que eu explico você vira pelo avesso! Você erra e se confunde! Eu não almoço leitão, mas não desisto de te ensinar o que sei: da próxima vez que comprar qualquer bicho, seja porco, galinha, cavalo ou jacaré, leve uma coleira e traga o bicho amarrado pelo pescoço pra ele não escapar, pra te obedecer por todo o caminho. E é você quem deve puxar a cordinha da coleira! Entendeu, meu filho? João - Deixa comigo, mãe! Narrador: Era um dia como outro qualquer e imagine o que a mãe de João pediu que comprasse no mercado? Acertou quem falou que era uma galinha! Foi apressado, pegou a bichinha e vinha trazendo direitinho como a mãe explicou. Acontece que a galinha era da raça d’Angola, e João achou muito curioso que ao longo do caminho a galinha cacarejasse assim: “Tô fraca, tô fraca!”. João: Ô galinha, tô ficando com dó de você! Tadinha, reclama tanto pelo caminho! Posso te ajudar, galinha? Quer um colinho? Narrador – Enquanto João tentava ajudar a galinha, ele se distraiu e se perdeu pelo caminho. Ele e a galinha entraram sem perce- ber no jardim do castelo. Naquele castelo morava uma princesa que nunca sorria. Ela tinha um mal desconhecido que a fazia de nada achar graça e nunca sorrir. Para piorar, a falta de riso na princesa a fazia ficar cada dia mais feia. O rei já havia oferecido dinheiro para aquele que arrancasse da princesa ao menos um sorriso amarelo e nada! Naquela, tarde a princesa, ouvindo a conversa de João com a galinha, resolveu olhar pela janela. João tentou ajudar a galinha de todas as for- mas e no momento em que a princesa olhou a galinha ciscando no alto da cabeça de João teve um ataque de riso. Princesa: Nunca vi um moço mais divertido em toda minha vida! Papai, quero me casar com ele! Narrador – O rei deu a mão da princesa em casamento para João, que adorou a noiva, mas disse que só se casaria se pudesse trazer sua mãe para morar no castelo. O rei atendeu ao pedido do noivo. E a mãe de João todas as noites antes de dormir agradecia: Mãe: Meu filho, quase morri por causa do vestido da princesa da Prússia, comi pão sem recheio, deixei de comer um suculento leitão, mas não desisti de te ensinar o que eu sabia. E de nada adiantou a linha reta das palavras que eu trazia que você fez do seu jeito. Lado certo, lado avesso, ganhou o coração da princesa e todo o povo agora adora João, o rei de cabeça de galinha e de bom coração! Rei Cabeça de Galinha Realização

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Page 1: Rei Cabeça de Galinha - Teatro de Brinquedo | Uma ... · for comprar uma agulha leve um chapéu, espete a agulha nele e venha logo pra casa. Assim, ao chegar, a agulha estará bem

Personagens: Mãe de João, João, Princesa, Vizinho, Narrador.

Mãe - João! Que é isso menino? Ô menino avoado! Tudo o que eu explico você vira pelo avesso! Você erra e se confunde! Eu não almoço leitão, mas não desisto de te ensinar o que sei: da próxima vez que comprar qualquer bicho, seja porco, galinha, cavalo ou jacaré, leve uma coleira e traga o bicho amarrado pelo pescoço pra ele não escapar, pra te obedecer por todo o caminho. E é você quem deve puxar a cordinha da coleira! Entendeu, meu fi lho?

João - Deixa comigo, mãe!

Narrador: Era um dia como outro qualquer e imagine o que a mãe de João pediu que comprasse no mercado? Acertou quem falou que era uma galinha!

Foi apressado, pegou a bichinha e vinha trazendo direitinho como a mãe explicou. Acontece que a galinha era da raça d’Angola, e João achou muito curioso que ao longo do caminho a galinha cacarejasse assim: “Tô fraca, tô fraca!”.

João: Ô galinha, tô fi cando com dó de você! Tadinha, reclama tanto pelo caminho! Posso te ajudar, galinha? Quer um colinho?

Narrador – Enquanto João tentava ajudar a galinha, ele se distraiu e se perdeu pelo caminho. Ele e a galinha entraram sem perce-ber no jardim do castelo.

Naquele castelo morava uma princesa que nunca sorria. Ela tinha um mal desconhecido que a fazia de nada achar graça e nunca sorrir. Para piorar, a falta de riso na princesa a fazia fi car cada dia mais feia. O rei já havia oferecido dinheiro para aquele que arrancasse da princesa ao menos um sorriso amarelo e nada!

Naquela, tarde a princesa, ouvindo a conversa de João com a galinha, resolveu olhar pela janela. João tentou ajudar a galinha de todas as for-mas e no momento em que a princesa olhou a galinha ciscando no alto da cabeça de João teve um ataque de riso.

Princesa: Nunca vi um moço mais divertido em toda minha vida! Papai, quero me casar com ele!

Narrador – O rei deu a mão da princesa em casamento para João, que adorou a noiva, mas disse que só se casaria se pudesse trazer sua mãe para morar no castelo. O rei atendeu ao pedido do noivo.

E a mãe de João todas as noites antes de dormir agradecia:

Mãe: Meu fi lho, quase morri por causa do vestido da princesa da Prússia, comi pão sem recheio, deixei de comer um suculento leitão, mas não desisti de te ensinar o que eu sabia. E de nada adiantou a linha reta das palavras que eu trazia que você fez do seu jeito. Lado certo, lado avesso,

ganhou o coração da princesa e todo o

povo agora adora João, o rei de

cabeça de galinha e de bom coração!

trazia que você fez do seu jeito. Lado certo, lado avesso,

Rei Cabeça de Galinha

Realização

Idealização La Fabbrica C

omunicação e M

arketing

Page 2: Rei Cabeça de Galinha - Teatro de Brinquedo | Uma ... · for comprar uma agulha leve um chapéu, espete a agulha nele e venha logo pra casa. Assim, ao chegar, a agulha estará bem

Narrador – Em uma casa simples viviam João e sua mãe. O menino tinha muito bom coração, mas era avoado demais! Esquecia-se das coisas mais importantes.

A mãe de João era muito amorosa e se esforçava para ensinar ao fi lho tudo o que sabia. Ela sonhava que seu fi lho se tornasse um homem importante e que todos reconhecessem suas qualida-des. Mas esse dia parecia muito distante!

A mãe de João era costureira. Um dia a agulha de costura que usava para fazer um vestido para o casamento da prima da prin-cesa se quebrou.

Mãe: João, meu fi lho, vá até o mercado e me traga uma agulha nova. Mas cuidado: essa é a última moeda que nos resta! Seja rápido como o vento. Preste atenção! Logo a princesa da Prússia vem buscar o vestido!

João: Sim, mãe. Deixa comigo!

Narrador – João caminhou depressa. Chegou ao mercado afl ito, comprou a agulha com todo o

cuidado e estava voltando quando sen-tiu o sol quente e uma preguiça grande. De repente, João avistou o

vizinho que transportava palha.

Vizinho: Quer uma carona, João? Passo pertinho da sua casa. Posso te deixar na porta! Entre, menino, sente-se aqui em cima da palha!

Narrador – Que sorte! João aceitou na hora! Acontece que o baru-lho do motor e o balanço do carro na estrada fi zeram João

pegar no sono. A mão de João se abriu devagar durante o cochilo e a agulha caiu no palheiro para nunca mais voltar. João chegou em casa e sua mãe veio logo perguntar:

Mãe: João, você comprou a agulha?

João: Comprei!

Mãe: Onde está?

João: Ai mãe! Que já não sei cadê a agulha! Comprei a agulha mais bonita do mercado, mas na volta o vizinho me deu carona e vim sentado num palheiro tão macio que caí no sono! A agulha escapou da minha mão e escorregou pela palha. Tão pequena que nunca mais a vi!

Mãe: Menino! A princesa da Prússia vai me matar! Mas nem assim vou desistir de te ensinar o que sei: da próxima vez que for comprar uma agulha leve um chapéu, espete a agulha nele e venha logo pra casa. Assim, ao chegar, a agulha estará bem ali espetada no alto do chapéu, a salvo de cair no palheiro, no chão ou voar no nevoeiro.

Narrador – Quando a princesa da Prússia veio buscar o vestido e o encontrou por fazer, fi cou furiosa! A mãe de João pediu desculpas mui-tas vezes. O tempo passou e a mãe de João se esqueceu do vestido na princesa e da agulha.

Em uma manhã fria de junho estavam os dois sentados à mesa toman-do café da manhã quando perceberam que a manteiga havia acabado.

Mãe: João, meu fi lho, leve essa moeda ao mercado e compre um tablete de manteiga que não temos nada pra passar no pão. Mas cuidado! Essa é a última moeda que nos resta! Seja rápido como o vento. Preste atenção!

João: Deixa comigo!

Narrador – João caminhou depressa, chegou ao mercado afl ito, com-prou a manteiga com todo o cuidado e estava voltando quando sentiu o sol quente. Viu seu vizinho passar e oferecer carona, mas dessa vez João não aceitou. Estava orgulhoso, pois seguia atentamente o que sua

mãe ensinara. Quando chegou em casa, a mãe de João percebeu que ele estava esquisito.

Mãe: Filho, você está amarelo! Está suado! Sente-se aqui menino. Tome um copo de água! Cadê a manteiga, João?

Narrador – João disse muito orgulhoso:

João: Está aqui, mãe. Dentro do chapéu como você ensinou!

Mãe: João! Ai menino avoado, cabeça de vento! O chapéu é pra espetar agulha! Que confusão! Vou comer pão sem manteiga, mas nem assim vou desistir de te ensinar o que sei: da próxima vez que comprar manteiga leve uma caixa pequena, coloque a manteiga dentro e embrulhe com uma folha de bananeira para proteger do calor do sol e a manteiga não derreter! Entendeu, meu fi lho?

João: Entendi, mãe. Deixa comigo!

Narrador – O tempo passou. A mãe de João se esqueceu do chapéu, do pão e da manteiga.

Em um dia quente de verão, a mãe de João pediu ao fi lho que comprasse um porco para fazer de almoço.

João caminhou depressa, chegou ao mercado afl ito e fi cou ainda mais quando viu o porco. Tinha medo de porcos e aquele era um dos bravos. João e o porco vieram juntos caminhando. O sol es-tava quente e João estava orgulhoso, pois seguia atentamente o que sua mãe ensinara. Ela ouviu o barulho que João e o porco faziam lá do meio da estrada. Resolveu chegar mais perto.

João - Porco, por favor, me obedeça! Quantas vezes eu tenho que te pedir? Entre na caixa! Eu sei que a caixa é pequena, mas se você encolher a barriga aposto que vai caber! Ou pelo menos me deixe cobrir sua cabeça com a folha de bananeira! O calor é forte, porco, se você não me obedecer pode até derreter!

Narrador – A mãe de João fi cou vermelha de desgosto. Principal-mente quando o porco, sem entender por que João queria que ele entrasse na caixa, fu-giu correndo pelo mato.