regulação e supervisão do sistema financeiro num …e7%e3o...2 agenda 1. características da...
TRANSCRIPT
1
Regulação e supervisão do
sistema financeiro num contexto
de crise internacional
Anthero de Moraes Meirelles
Diretor de Administração
Cabo Verde, Setembro de 2010
2
Agenda
1. Características da regulação financeira no Brasil
2. Cenários antes da crise
3. Como o Brasil foi afetado pela crise
4. Medidas de combate à crise
5. Resultados e observações finais
3
Características da regulação
financeira no Brasil
4
Regulação e supervisão com foco em risco
Atualmente
• Regulação crescentemente
voltada para a estabilidade
financeira
• Regulação prudencial:
regulação pró-ativa
Antes
• Altamente
intervencionista
• Focada na solução de
problemas específicos:
regulação reativa
5
Características gerais da regulação e
supervisão
• Regulação do sistema financeiro quase toda elaborada
na esfera infra-legal - mais flexível
• Todas as instituições financeiras são supervisionadas
pelo Banco Central
• Regras robustas de governança, inclusive com
responsabilização de diretores
• Requerimentos de capital aplicados em termos
consolidados, incluindo, particularmente, exposições
fora dos balanços (off-balance exposures)
6
Supervisão do Sistema Financeiro:
Monitoramento
• Monitoramento diário da liquidez e do risco de
mercado
• Operações no mercado de balcão contratadas por
instituições financeiras são monitoradas pelo Banco
Central
• Banco Central recebe informações de todas as
Câmaras de Liquidação
7
No Brasil:
• Convergência contábil
• Adoção de Basiléia II
• Participação no BCBS, FSB e G20
Internacionalização da regulamentação
financeira
Internacionalização
dos mercados
financeiros
Padronização
regulatória
8
• Requerimento de controles internos e de gerenciamento de riscos e
limites de exposição por cliente desde 1998
• Provisionamento leva em conta perdas esperadas, e não somente o
eventual atraso no pagamento, desde 1998
• Relação entre o capital requerido e ativos ponderados pelo risco de
11%
• Classificações de ativos por agências de rating não são usados para
determinar requerimento de capital para risco de crédito
• Diretrizes para gerenciamento do risco de liquidez, desde 2000
• Requerimentos de gerenciamento de riscos operacional, de mercado e
de crédito, introduzidos a partir de 2006
• Multiplicadores para requerimentos de capital relativos ao risco de
mercado no trading book
• Manutenção dos ativos cedidos na carteira do cedente quando há
retenção substancial de riscos
• Derivativos de balcão devem ser registrados
Regulação prudencial conservadora
9
Cenários antes da crise
10
Cenário Internacional: elementos de risco
• Longo período de baixas
taxas de juros
• Alto crescimento global
• Limitada volatilidade das
condições econômicas Busca por
alternativas
para obtenção
de retornos
• Otimismo: baixos padrões nos
créditos hipotecários
• Inovações: instrumentos complexos
• Gestão de riscos ineficiente:
técnicas não acompanharam as
inovações (IFs e agências de rating)
• Arbitragens regulatórias
• Regras de transparência deficientes• Abrangência limitada e
fragmentada da regulação e
supervisão
• Operações contabilizadas
fora do balanço
• Avaliação dos instrumentos
concentrada nas agências de
rating
• Tendências pró-cíclicas (MtM
e Requerimento de Capital)
• Alta alavancagem de
instituições não reguladas
Cenário Econômico
Cenário Regulatório
Crise Global de 2007/2008
• Estouro da “bolha imobiliária” americana
• Crise no mercado de capitais
• Intersecção dos mercados financeiros e de
capitais (securitizações)
• Falha no sistema bancário: Contaminação dos regulados por não-regulados
Problemas de liquidez
Quebra do Lehman Brothers (16/09/2008)
Problemas decorrentes
11
Cenário interno: resiliência
• Reservas internacionais de
US$ 205 bilhões
• Depósitos Compulsórios de
R$ 260 bilhões: colchão de
liquidez
• Sistema de metas e câmbio
flexível: inflação sob controle e
maior capacidade de absorver
choques externos
• Situação Fiscal: razão
dívida/PIB em declínio
Cenário Econômico
• Instituições com baixa alavancagem
(cerca de 6 vezes o patrimônio contra
12 em outras jurisdições) e com capital
acima do mínimo regulamentar (PRE);
• Mercado de securitização pequeno
se comparado com o volume de crédito
no País – menos de 10%.
Cenário Financeiro
12
Dívida pública
sujeita a correção
cambial
Pressão sobre a razão
Dívida pública/PIB
Doméstica
Externa
Efeitos de crises de confiança na
economia brasileira - Passado
Choque
externo
Deterioração
da confiança
Depreciação da moeda
13
Efeitos de crises de confiança na
economia brasileira - Presente
Choque
externo
Deterioração
da confiança
Depreciação da moeda
Redução da razão
Dívida pública/PIB
Dívida pública externaSetor público tem posição
“longa” em moeda estrangeira
14Fonte: BCB
%
17,4
6
8
10
12
14
16
18
20
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
(jun)
Sistema bancário bem capitalizado
mínimo
regulatório
(11%)
capital mínimo
Acordo de
Basiléia
(8%)
15
Como o Brasil foi afetado
pela crise
16
• Bancos nacionais não estavam expostos a “ativos
tóxicos”
• Forte redução das linhas externas de crédito
• Mercado interbancário foi afetado
• Redução da liquidez de bancos de menor porte, que
captam recursos no atacado
• Redução da concessão de empréstimos
• Empresas não financeiras que haviam tomado
empréstimos com derivativos de câmbio embutidos
(não lineares) tiveram fortes prejuízos
Principal efeito: forte restrição de
liquidez
17
Crédito bancário doméstico com recursos
do exterior: forte queda
Source: BCB
US
$ b
ilh
ões
39.8
42.3
44.845.3
46.846.846.6
45.6
43.9
41.7
39.7
38.9
38.0
36.837.3
37.7
39.1
38.237.6
35.9
35.1
34
36
38
40
42
44
46
48
Jan
08
Abr
08
Jul
08
Out
08
Jan
09
Abr
09
Set
09
18
Medidas de combate à crise
19
• Pronta intervenção do Banco Central e do fundo de
garantia de depósitos (FGC) para restaurar a liquidez,
sobretudo para os bancos menores
• Bancos públicos se beneficiaram da fuga para ativos
mais seguros e promoveram um impulso anticíclico
importante, sustentando o crédito
• Redução da taxa de juros primária – ação anticíclica
tornada possível (sem impacto inflacionário) pela
credibilidade alcançada pelo regime de metas
• Política fiscal anticíclica, mas não tão forte que
representasse ameaça à estabilidade macroeconômica
Medidas adotadas
20
Medidas de recomposição da liquidez
• Venda de dólares no mercado à vista
• Linhas de financiamento externo (Leilões de swaps cambiais, repos,
venda futura, spot, linhas diretas para importações/exportações)
• Redução dos depósitos compulsórios => liberação de recursos (R$
100 Bi);
• Canalização da liquidez para instituições menores
• Autorização para o Bacen conceder liquidez às instituições utilizando
títulos privados como garantia e fazer empréstimos em moeda
estrangeira utilizando garantias na mesma moeda (Lei 11.882, de
23/12/2008)
• Aumento do monitoramento da liquidez, incluindo informações sobre
derivativos contratados por empresas brasileiras no exterior
•Compra de carteiras de crédito pelo FGC
• Depósitos com garantia especial do FGC até 20 milhões, com
vedação da liquidação antecipada desses depósitos
21
Resultados e observações finais
22
2007 2008 2009 2010
GD
P r
eal g
row
th %
5.7
3.6
-2.2
4.3
6.1
5.2
-0.2
7.1 Brasil
Resultado: recessão limitada e breve
Emergentes
exc. Brasil,
India e China
23
Reservas Internacionais:
Rápida recomposição da liquidez em US$
15 set
265,1
Fonte: BCB
US
$ b
ilh
ões
jan
03
jul
03
jan
04
jul
04
jan
05
jul
05
jan
06
jul
06
jan
07
jul
07
jan
08
jul
08
jan
09
jul
09
set
10
0
30
60
90
120
150
180
210
240
270
24
Observações finais
Estabilidade financeira
internacional gera
externalidades positivas
Level playing
field favorece
Brasil
Apoio à
reforma
regulatória
Regulação
relativamente
conservadora
25
Regulação e supervisão do
sistema financeiro num contexto
de crise internacional
Anthero de Moraes Meirelles
Diretor de Administração
Cabo Verde, Setembro de 2010