regime de colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

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Colaboração: Colaboração: estratégia para estratégia para regulamentar a regulamentar a relação entre os relação entre os sistemas de sistemas de educação. educação.

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Page 1: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Regime de Colaboração: Regime de Colaboração: estratégia para estratégia para

regulamentar a relação regulamentar a relação entre os sistemas de entre os sistemas de

educação.educação.

Page 2: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Brasil - República FederativaBrasil - República Federativa

União, Estados, Distrito Federal e União, Estados, Distrito Federal e Municípios: entes federativos, dotados de Municípios: entes federativos, dotados de autonomia política, administrativa e autonomia política, administrativa e financeira. financeira.

Page 3: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Federalismo cooperativoFederalismo cooperativo

A CF/88 inspirou-se na experiência A CF/88 inspirou-se na experiência constitucional alemã, onde se origina a constitucional alemã, onde se origina a idéia do federalismo cooperativo. idéia do federalismo cooperativo. Entretanto, o modelo de Federação Entretanto, o modelo de Federação brasileiro tem uma peculiaridade: o brasileiro tem uma peculiaridade: o município aparece como ente federado no município aparece como ente federado no texto constitucional. texto constitucional.

Page 4: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

O município como ente O município como ente federadofederado

Essa característica passou a exigir novos Essa característica passou a exigir novos arranjos políticos, trazendo no seu bojo a arranjos políticos, trazendo no seu bojo a descentralização e um grande número de descentralização e um grande número de competências conjuntas entre os três competências conjuntas entre os três entes federados, que lhes impõem entes federados, que lhes impõem esforços comuns.esforços comuns.

Page 5: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Competências dos entes Competências dos entes federadosfederados

A LDB definiu, então, as competências e A LDB definiu, então, as competências e incumbências de cada um dos entes incumbências de cada um dos entes federados.federados.

Page 6: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Pacto federativo na educaçãoPacto federativo na educação

O pacto federativo dispõe, na educação O pacto federativo dispõe, na educação escolar, a coexistência coordenada e escolar, a coexistência coordenada e descentralizada de sistemas de ensino descentralizada de sistemas de ensino sob regime de colaboração recíproca: com sob regime de colaboração recíproca: com unidade, com divisão de competências e unidade, com divisão de competências e responsabilidades, com diversidade de responsabilidades, com diversidade de campos administrativos, com diversidade campos administrativos, com diversidade de níveis de educação escolar, com de níveis de educação escolar, com assinalação de recursos vinculados.(Cury)assinalação de recursos vinculados.(Cury)

Page 7: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

A educação no Brasil organiza-se A educação no Brasil organiza-se de forma sistêmicade forma sistêmica

CF/88, art. 211- na organização de seus CF/88, art. 211- na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar o colaboração, de modo a assegurar o ensino obrigatório e gratuito. ensino obrigatório e gratuito.

9.394/96 art. 8º - “A União, os Estados, o 9.394/96 art. 8º - “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino”.os respectivos sistemas de ensino”.

Page 8: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Organização da Educação Nacional

Sistema Federal de Educação

Sistemas Municipais de Educação

Sistemas Estaduais e do Distrito Federal

Page 9: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Sistemas de ensino – Par. Sistemas de ensino – Par. CNE/CEB 30/2000CNE/CEB 30/2000

““sistemas de ensino são os conjuntos de sistemas de ensino são os conjuntos de campos de competências e atribuições campos de competências e atribuições voltadas para o desenvolvimento da voltadas para o desenvolvimento da educação escolar que se materializam em educação escolar que se materializam em instituições, órgãos executivos e instituições, órgãos executivos e normativos, recursos e meios articulados normativos, recursos e meios articulados pelo poder público competente, abertos ao pelo poder público competente, abertos ao regime de colaboração e respeitadas as regime de colaboração e respeitadas as normas gerais vigentes”. normas gerais vigentes”.

Page 10: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação
Page 11: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

O RC configura-se como a forma de O RC configura-se como a forma de relacionamento institucional que deve relacionamento institucional que deve permear as relações entre os entes permear as relações entre os entes federativos, com o propósito de alavancar federativos, com o propósito de alavancar o desenvolvimento da educação nacional, o desenvolvimento da educação nacional, tendo como mecanismo as relações tendo como mecanismo as relações cooperativas.cooperativas.

Page 12: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Arranjo no desenho institucionalArranjo no desenho institucional

Distribuir competências e Distribuir competências e responsabilidades;responsabilidades;

Preservar a unidade nacional e a Preservar a unidade nacional e a autonomia dos entes federados;autonomia dos entes federados;

Conciliar autonomia com Conciliar autonomia com interdependência.interdependência.

Page 13: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

O conceito e a natureza do regime O conceito e a natureza do regime de colaboraçãode colaboração

Diretriz legal: CF/88; LDB 9.394/96.Diretriz legal: CF/88; LDB 9.394/96. Pressupostos: Sistemas municipais, estaduais e federal; Pressupostos: Sistemas municipais, estaduais e federal;

e vontade política.e vontade política. Aspectos: possibilidades de parceria e cooperação; Aspectos: possibilidades de parceria e cooperação;

divisão de encargos; estabelecimento de normas; divisão de encargos; estabelecimento de normas; planejamento.planejamento.

Viabilidade: conhecimento da realidade; tomada de Viabilidade: conhecimento da realidade; tomada de decisões conjuntas.decisões conjuntas.

Dificuldades: falta de dados e informações; raízes Dificuldades: falta de dados e informações; raízes políticas; pouca experiência democrática.políticas; pouca experiência democrática.

Mecanismos: conselhos, reforçar relações com Mecanismos: conselhos, reforçar relações com instituições. instituições.

Page 14: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

ContradiçõesContradições

Esse modelo federativo cooperativo exige Esse modelo federativo cooperativo exige que as negociações sejam baseadas na que as negociações sejam baseadas na cooperação voluntária e em decisões cooperação voluntária e em decisões consensuais. consensuais.

Os arranjos federativos também se Os arranjos federativos também se caracterizam por relações competitivas e caracterizam por relações competitivas e tensionadas, passando a exigir também a tensionadas, passando a exigir também a imposição de regrasimposição de regras

Page 15: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Cooperação ou competição?Cooperação ou competição?

““A nossa história federativa do século XX A nossa história federativa do século XX pode ser, grosso modo, resumida na pode ser, grosso modo, resumida na dificuldade de adequarmos os princípios dificuldade de adequarmos os princípios de autonomia republicana e da de autonomia republicana e da interdependência, da cooperação e da interdependência, da cooperação e da competição”. (Abrucio, 2000) competição”. (Abrucio, 2000)

Page 16: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

A necessidade de normatizarA necessidade de normatizar

““O regime de colaboração entre sistemas não O regime de colaboração entre sistemas não conhece regulação clara, objetiva, universal e conhece regulação clara, objetiva, universal e validada para todo o território nacional. A tradição validada para todo o território nacional. A tradição patrimonialista ganha farto espaço de teimosa patrimonialista ganha farto espaço de teimosa persistência, regulando-se caso a caso, na forma de persistência, regulando-se caso a caso, na forma de convênios pontuais e temporários, decretos convênios pontuais e temporários, decretos ocasionais e, até mesmo, acordos informais entre ocasionais e, até mesmo, acordos informais entre “autoridades educacionais”. É evidente que, num “autoridades educacionais”. É evidente que, num quadro destes, os princípios proclamados pela quadro destes, os princípios proclamados pela Constituição ficam sumariamente relativizados ao Constituição ficam sumariamente relativizados ao sabor do entendimento político dos governos de turno sabor do entendimento político dos governos de turno em cada unidade federada. (Abicalil, 2002)em cada unidade federada. (Abicalil, 2002)

Page 17: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

A Normatização do RCA Normatização do RC

normatizar seria criar mecanismos normatizar seria criar mecanismos compulsórios de organização dos compulsórios de organização dos sistemas de educação para o sistemas de educação para o desenvolvimento das políticas desenvolvimento das políticas educacionais nas distintas esferas de educacionais nas distintas esferas de governo?governo?

Page 18: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

RC - PressupostosRC - Pressupostos

a constituição dos sistemas;a constituição dos sistemas; o relacionamento entre sistemas iguais;o relacionamento entre sistemas iguais; a autonomia de cada ente federativo; a autonomia de cada ente federativo; a não subordinação de um sistema ao outro; a não subordinação de um sistema ao outro; A vontade política de colaboração, com A vontade política de colaboração, com

deliberações compartilhadas, sem deliberações compartilhadas, sem transferência de encargos de um ente para o transferência de encargos de um ente para o outro.outro.

Page 19: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Tensões, limites e interesses Tensões, limites e interesses entre os entes federativosentre os entes federativos

A CF, ao optar pelo RC, não levou em A CF, ao optar pelo RC, não levou em consideração as tensões, próprias de consideração as tensões, próprias de interesses conflitantes, que se manifestam interesses conflitantes, que se manifestam nas relações entre as instâncias de poder. nas relações entre as instâncias de poder.

Limites e vulnerabilidade das relações Limites e vulnerabilidade das relações entre as esferas de governo, seus entre as esferas de governo, seus interesses econômicos e político-interesses econômicos e político-partidários.partidários.

Page 20: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Sistema Nacional Articulado de Sistema Nacional Articulado de Educação Educação

Tema central da Educação, debatido na Tema central da Educação, debatido na Conferência Nacional de Educação Básica Conferência Nacional de Educação Básica em 2008 e também na Conferência em 2008 e também na Conferência Nacional de Educação em 2010;Nacional de Educação em 2010;

pressupõe, como meio para ser efetivado, pressupõe, como meio para ser efetivado, a existência do regime de colaboração, a existência do regime de colaboração, com regras claras sobre o papel de cada com regras claras sobre o papel de cada ente federado.ente federado.

Page 21: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Ideia remonta ao século XIXIdeia remonta ao século XIX

““Manifesto dos Pioneiros da Educação” - Manifesto dos Pioneiros da Educação” - apontava a educação como fragmentada apontava a educação como fragmentada e desarticulada e já tratava de temas e desarticulada e já tratava de temas ainda hoje presentes no debate sobre ainda hoje presentes no debate sobre educação, como a descentralização.educação, como a descentralização.

Propunham uma reconstrução Propunham uma reconstrução educacional de “grande alcance e de educacional de “grande alcance e de vastas proporções”.vastas proporções”.

Page 22: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Sistema Nacional de Educação: Sistema Nacional de Educação: onde estão ancoradas as suas basesonde estão ancoradas as suas bases

Sistemas de ensino: conjuntos de campos Sistemas de ensino: conjuntos de campos de competências e atribuições de competências e atribuições materializados em instituições e órgãos materializados em instituições e órgãos normativos (CNE) normativos (CNE)

Legislação, planos, conferênciasLegislação, planos, conferências Perspectiva de construção do SNE – Perspectiva de construção do SNE –

normatização do regime de colaboraçãonormatização do regime de colaboração

Page 23: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

A construção do SNEA construção do SNE

Organização dos sistemas educacionais; Organização dos sistemas educacionais; jogo de poder que permeia as relações jogo de poder que permeia as relações

entre os governos e entre estes e a entre os governos e entre estes e a sociedade civil.sociedade civil.

Pode ser efetivado em regime de Pode ser efetivado em regime de colaboração ou necessita de medidas colaboração ou necessita de medidas compulsórias?compulsórias?

Page 24: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Conceituação mais ampla do Conceituação mais ampla do RCRC

Mútua colaboração a ser concretizada Mútua colaboração a ser concretizada entre os sistemas de ensino;entre os sistemas de ensino;

Cooperação entre os entes federados;Cooperação entre os entes federados; Constituição de um SNE como expressão Constituição de um SNE como expressão

de articulação entre os entes federados.de articulação entre os entes federados.

Page 25: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

Colaboração x normatizaçãoColaboração x normatização

Assim se constitui a idéia do Regime de Assim se constitui a idéia do Regime de Colaboração: uma forma de Colaboração: uma forma de relacionamento entre os entes federados relacionamento entre os entes federados que, ao mesmo tempo em que se que, ao mesmo tempo em que se pretenda solidária, clama por formas de pretenda solidária, clama por formas de normatização. normatização.

Page 26: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

DesafiosDesafios

Vencer o desafio de implementar Vencer o desafio de implementar mudanças e construir uma relação de mudanças e construir uma relação de confiança, sem as ambigüidades tão confiança, sem as ambigüidades tão comuns nessas relações;comuns nessas relações;

Superar visões sistêmicas neutras e Superar visões sistêmicas neutras e avançar para análises e propostas mais avançar para análises e propostas mais politizadas, ou que dêem centralidade às politizadas, ou que dêem centralidade às tensões políticas inerentes aos jogos de tensões políticas inerentes aos jogos de poder.poder.

Page 27: Regime de Colaboração: estratégia para regulamentar a relação entre os sistemas de educação

ReferênciasReferências

Elaborado a partir da dissertação do Elaborado a partir da dissertação do Mestrado em Educação e Mestrado em Educação e Contemporaneidade – PPGEduc – Uneb Contemporaneidade – PPGEduc – Uneb sob o título “Regime de Colaboração: sob o título “Regime de Colaboração: ideologia das práticas de parceria na ideologia das práticas de parceria na Bahia”.Bahia”.