regime de bens - faculdade de direito de franca · previstos no código de direito civil de 2002,...

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06/09/2016 1 1 Prof. Frederico Martos 2 Segundo , Flávio Tartuce e José Fernando Simão (2016): Regimes de bens se caracteriza como sendo o conjunto de regras relacionadas com interesses patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar, sendo as suas normas, em regra, de ordem privada. Prof. Frederico Martos 3 O princípio da autonomia privada decorre da liberdade e da dignidade humana, sendo caracterizado pela plena liberdade que os nubentes possuem de escolher o tipo de regime de bens que irá regular o patrimônio do casal perante o casamento. Prof. Frederico Martos

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06/09/2016

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1Prof. Frederico Martos

2

Segundo , Flávio Tartuce e José Fernando Simão (2016):

Regimes de bens se caracteriza como sendo o conjunto de

regras relacionadas com interesses patrimoniais ou

econômicos resultantes da entidade familiar, sendo as suas

normas, em regra, de ordem privada.

Prof. Frederico Martos

3

O princípio da autonomia privada decorre da liberdade e

da dignidade humana, sendo caracterizado pela plena

liberdade que os nubentes possuem de escolher o tipo de

regime de bens que irá regular o patrimônio do casal

perante o casamento.

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Os nubentes adotarão um único regime de bens, sendo

vedada, desse modo, a estipulação de regimes diferentes para

o casal, sendo nulo, por exemplo, o pacto antenupcial que

determinar o regime da comunhão universal de bens para o

marido e o da separação de bens para a esposa (TARTUCE,

2012, p. 109).

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Caracterizam-se pela existência dos quatro regimes de bensprevistos no Código de Direito Civil de 2002, além dos que osnubentes podem estipular ou combinar a partir dos regimes jáexistentes.

Além disso, o regime de bens escolhido pelos nubentes, na leiatual, poderá ser alterado, desde que haja autorização judicial,com pedido motivado por ambos os nubentes e desde que osdireitos de terceiros são sejam prejudicados.

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É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em

pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões

invocadas e ressalvados os direitos de terceiros (§2º do art. 1639, CC).

Enunciado 113 (CJF) – “Art. 1.639: É admissível a alteração do regime de

bens entre os cônjuges, quando então o pedido, devidamente motivado e

assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização judicial, com

ressalva dos direitos de terceiros, inclusive dos entes públicos, após

perquirição de inexistência de dívida de qualquer natureza, exigida ampla

publicidade.”

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Trata-se de um negócio jurídico solene, condicionado ao casamento, por

meio do qual as partes escolhem o regime de bens que lhes aprouver,

segundo o princípio da autonomia privada.

É interessante notar, nos termos dessa norma, que a forma pública é

essencial para a validade do negócio o qual, como apontamos, tem a sua

eficácia jurídica subordinada ao casamento, que, no caso, consiste em

uma condição suspensiva. Se essa condição não se verifica, o pacto,

portanto, não surte efeitos.

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Admite-se, ainda, que os nubentes conciliem regras de regimes diversos,

de maneira a adotar um estatuto patrimonial híbrido. Vale dizer, os

interessados podem, por exemplo, no pacto, conjugar regras da

separação convencional com dispositivos aplicáveis ao regime de

participação final nos aquestos.

A eficácia do pacto antenupcial, a teor do art. 1.654, CC, realizado por

menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo

as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens.

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No processo de habilitação, os noivos têm a possibilidade de escolher o regimede bens a ser adotado, que determinará se haverá ou não a comunicação(compartilhamento) do patrimônio de ambos durante a vigência do matrimônio.

Além disso, o regime escolhido servirá para administrar a partilha de bensquando da dissolução do vínculo conjugal, tanto pela morte de um doscônjuges, como pela separação.

A legislação brasileira prevê quatro possibilidades de regimematrimonial:- Comunhão universal de bens (artigo 1.667 do CC/02);- Comunhão parcial (artigo 1.658);- Separação de bens voluntária (artigo 1.687) ou obrigatória (artigo

1.641, inciso II); e- Participação final nos bens (artigo 1.672).

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Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz,

vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime

da comunhão parcial, denominado também como

“Regime Legal”.

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Comunhão Parcial é o regime que vigora no casamento caso os habilitantes não

se manifestem em contrário ao oficial do Registro Civil quando dão entrada ao

processo de habilitação.

A propriedade comum dos bens do casal é aquela adquirida após a data do

casamento e com os rendimentos do trabalho de um e outro cônjuge.

Cônjuge: é cada uma das pessoas ligadas pelo casamento em relação à outra.

Comunhão Parcial - os bens que cada um dos cônjuges leva para o casamento,

ou seja, um imóvel adquirido por qualquer forma no estado civil anterior, não é

considerado patrimônio comum do casal.

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Não entra no patrimônio comum do casal os bens havidos, mesmo

depois da data do casamento, por doação como adiantamento de

herança sem a contemplação do cônjuge por afinidade, e por herança

em inventário.

Os bens havidos nessas condições, mesmo depois da data do

casamento, são por lei considerados patrimônio exclusivo do cônjuge

que o recebeu.

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Adotado mediante a lavratura de escritura pública como condição para suavalidade.

Eficácia = somente após o casamento.

Universaliza o patrimônio do casal, ou seja, torna comum tudo o que o casalpossui.

Tanto patrimônio trazido para o casamento, havido por qualquer forma deaquisição no estado civil anterior.

Quanto patrimônio havido após a data do casamento, havido por compra, pordoação como adiantamento de herança, por herança em inventário ou porqualquer outra forma de aquisição.

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Bens Aquestos são os adquiridos na vigência do matrimônio.

Determina que à época da dissolução da sociedade conjugal

cabe a cada cônjuge o direito à metade dos bens adquiridos

pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento

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Duas condições básicas para a sua efetivação:

- A manifestação de vontade dos habilitantes (por

escritura pública conforme o da comunhão universal); e

- -A imposição legal.

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O regime da separação é obrigado por lei quando o casamento ocorre

por força de sentença judicial:

- Quando é necessário a intervenção do juiz para suprir idade inferior

à autorizada pela lei;

- Para suprir consentimento de pais;

- Quando o consentimento é dado ao nubente menor, por tutor

legalmente nomeado;

- Quando o homem ou a mulher tiverem idade superior a 70 anos;

- Quando um dos pretendentes ao casamento for viúvo, e do

casamento anterior existir patrimônio a partilhar, e não tiver sido

concluído o inventário.

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No regime da separação é disponível à manifestação de vontade dos habilitantesquando eles próprios outorgam entre si, a escritura pública de pacto antenupcial.

Tem que ser por escritura pública, estipulando-o.

Tanto no regime imposto por lei como no estipulado por vontade livre dos habilitantes,o patrimônio de um e outro não se comunica, ou seja, cada um é dono de si naquestão patrimonial.

A disposição de patrimônio para alienação (venda, por exemplo) ou oneraçãoreal é de livre execução do cônjuge que os possui.

O possuidor, não necessita, de anuência para transmissão ou gravação deônus real.

Para os casamentos existentes sob os demais regimes (comunhão parcial,comunhão universal e participação final nos aquestos), há a obrigatoriedade deconcessão de ambos os cônjuges para a alienação ou oneração de bens imóveis.

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Em havendo efeitos quando da sua constituição, como não

poderia ser de outra forma, quando da sua extinção também

alguns elementos e efeitos são relevantes para o

ordenamento, os quais serão estudados a seguir.

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:I - pela morte de um dos cônjuges;II - pela nulidade ou anulação do casamento;III - pela separação judicial;IV - pelo divórcio.

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Quanto ao regime de bens, não podem ser

confundidos os institutos da meação e herança, pois

o primeiro decorre do direito de condomínio previsto

no regime de bens, enquanto que o segundo decorre

do direito sucessório.

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“Casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelodivórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto aoausente”.

Resumidamente, o procedimento contém três fases (arrecadação, sucessão

provisória e sucessão definitiva), as quais podem perdurar anos sem a

efetiva dissolução da sociedade conjugal.

Entre a sucessão provisória e a definitiva, sendo esta última a que coloca

termo final da sociedade conjugal (art. 6º, do CC), tem-se no mínimo o

prazo de 10 anos (art. 37, do CC) quando das últimas notícias.

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O cônjuge presente não necessita aguardar o transcurso da

sucessão provisória para contrair novas núpcias, pois, este

poderá lançar mão do divórcio direto, realizando ainda a

citação por edital, com o objetivo de extinguir a sociedade

conjugal.

*Então, surge a seguinte dúvida colocadapela doutrina: e se o ausente retornar?Como se revolve o atual casamento?

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A primeira pondera que o primeiro casamento - do ausente -permanece dissolvido e o segundo casamento é valido dianteda aplicação do princípio da boa-fé, neste sentido, ZenoVeloso.

A segunda corrente afirma que o primeiro casamento - doausente - prevalece, pois o segundo casamento é nulo, vistoque não podem casar as pessoas casadas (vedação dabigamia), neste sentido, Ministro Moreira Alves.

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As causas de nulidade ou de anulação do casamento estão

previstas respectivamente nos arts. 1548 e 1550, do CC, as quais

já foram abordadas nas aulas anteriores.

Não obstante, deve ficar claro ao leitor, quanto ao disposto na

nulidade ou anulação, que estas não são causas terminativas ou

dissolutivas da sociedade conjugal, mas sim desconstitutivas.

Tanto é assim, que se encontram no plano da validade do

casamento, e não no plano da eficácia.

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Até 2010, a regra no direito brasileiro era de um sistemabifásico, ou seja, em um primeiro momento tínhamos aseparação como “rito de passagem”, para somente em umsegundo momento, realizar o divórcio.

Separação de direito (ou jurídica)

Divórcio

Terminativas DissolutivasFim da sociedade conjugal Fim do casamentoVínculo matrimonial Não há vínculo matrimonialÉ possível reconciliação Não é possível reconciliaçãoPessoas separadas podem terunião estável

Pessoas divorciadas podemcasar/união

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Art. 226, §6º, da Constituição Federal:

O texto anterior: § 6º. O casamento civil pode ser dissolvidopelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de umano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação defato por mais de dois anos.

O texto atual: § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelodivórcio.

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DIVÓRCIO DIRETO. VIABILIDADE DO PEDIDO. NÃO OBRIGATORIEDADE DOREQUISITO TEMPORAL PARA EXTINGUIR A SOCIEDADE CONJUGAL. 1. AEmenda Constitucional nº 66 limitou-se a admitir a possibilidade de concessão dedivórcio direto para dissolver o casamento, afastando a exigência, no planoconstitucional, da prévia separação judicial e do requisito temporal de separaçãofática. Essa disposição constitucional não retirou do ordenamento jurídico alegislação infraconstitucional, que continua regulando tanto a dissolução docasamento como da sociedade conjugal e estabelecendo limites e [...] (70044744795RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento:30/08/2011, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia05/09/2011).

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“Civil. Divórcio Litigioso. Extinção Sem Julgamento do Mérito. Artigo 267,inciso vi, do Código de PROCESSO civil. Ausência de Trânsito em Julgadoda Separação Judicial. ec 66/2010. Supressão do Instituto da SeparaçãoJudicial. Aplicação imediata aos processos em curso. a aprovação da PEC28 de 2009, que alterou a redação do artigo 226 da constituição federal,resultou em grande transformação no âmbito do direito de família ao extirpardo mundo jurídico a figura da separação judicial. a nova ordemconstitucional introduzida pela EC 66/2010, além de suprimir o instituto daseparação judicial, também eliminou a necessidade de se aguardar odecurso de prazo como requisito para a propositura de ação de divórcio.tratando-se de norma constitucional de eficácia plena, as alteraçõesintroduzidas pela EC 66/2010 tem aplicação imediata, refletindo sobre osfeitos de separação em curso. apelo conhecido e provido. 267 vi código deprocesso civil.” (TJDF – AI 260894220108070001, Rela. Desa.: Ana MariaDuarte Amarante Brito, 6ª Turma Cível, DJ 29/09/2010).

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V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal

ENUNCIADO: "A Emenda Constitucional nº 66/2010 nãoextinguiu o instituto da separação judicial eextrajudicial".

*aprovada com quórum qualificado

-> Mantido dispositivos sobre o tema no novo CPC- art. 693.

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JUSTIFICATIVA: A EC 66, ao dar nova redação ao § 6º, do art. 226, pôsfim aos requisitos ainda existentes para a dissolução do casamento pelodivórcio, cuja admissão em 1977 (EC 9, de 28.06.1977) enfrentou forteresistência religiosa, que resultou na imposição de condições para odivórcio, que foram, contudo, pouco a pouco atenuadas e finalmenteafastadas, após 34 anos de restrições não cabalmente justificadas.Facilitou assim o divórcio, sem, contudo, eliminar os institutos daseparação e da conversão da separação em divórcio. [...] a EC 66 nãoextingui a possibilidade de separação consensual (não mais sujeita,porém, a prazo mínimo de convivência) ou judicial, sob pena de afronta àliberdade de decisão dos cônjuges, constitucionalmente garantida [...].Além disso, a manutenção da separação decorre do respeito ao direitofundamental à liberdade (CF art. 5º caput), na escolha na espéciedissolutória. Dissolvida a sociedade conjugal pela separação, pode serrestabelecido o mesmo casamento (CC art. 1.577), o que não ocorre nodivórcio, que dissolve o vínculo conjugal [...].

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• SEPARAÇÃO LITIGIOSA

– Por pedido unilateral

- Separação sanção ou culposa: Fundamentada na culpa pelodescumprimento dos deveres conjugais, art. 1.572, caput do CC.

- Separação ruptura: Não importam os motivos que ensejaram aruptura da vida em comum, tendo como únicos requisitos a separaçãode fato por um ano contínuo e a impossibilidade de reconstituição dacomunhão de vidas, art. 1.572, § 1º, do CC.

- Separação remédio: Fundamentada em doença mental grave deum dos cônjuges art. 1.572, § 2º do CC (mesmo após ocasamento, desde que, após uma duração de dois anos, aenfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável).

- Cf. Regina Beatriz Tavares da Silva.

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SEPARAÇÃO CONSENSUAL– Por pedido bilateral

- Exigência de 1 ano de casamento?????

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- Divórcio conversão ou indireto: O divórcio conversãopermanece para quem tem estado civil de separadojudicialmente, mas sem o lapso temporal do Código Civil, art.1.580, caput.

- Divórcio direto: Não exige demonstração da causa e dolapso temporal que era previsto no Código Civil, art. 1.580, §2º.

- Divórcio remédio: Demonstração da doença mental docônjuge, com as consequências da separação judicial comesse fundamento.

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Assim como o vínculo matrimonial gera efeitos (art. 1.565 a

1.570, do CC), cumpre registrar que a dissolução da sociedade

conjugal também traz seus efeitos.

Nesse sentido, Roberto Senise Lisboa pondera que a extinção da

sociedade conjugal “acarreta efeitos sobre a pessoa e o

patrimônio dos cônjuges, assim como sobre os demais membros

da família”. Dentre os efeitos, os mais relevantes são os

seguintes.

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No passado, somente a mulher poderia acrescer o nome do seu consorte, porém,com a entrada em vigor da Constituição Federal e da atual Codificação Civil, ambospodem acrescer o nome do respectivo consorte.

Estipulou-se, ainda, que o cônjuge culpado perderia a possibilidade de manter onome do consorte, nos termos do art. 1.578, do CC:

O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro,desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:I - evidente prejuízo para a sua identificação;II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;III - dano grave reconhecido na decisão judicial.

Essa situação, conforme melhor doutrina, encontra-se superada, tendo em vista queo nome integra o direito da personalidade de seu detentor, não sendo possível suaretirada.

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Pode ser aplicado em várias situações, dentre elas, os devidos em prol dooutro cônjuge, bem como em benefício dos descendentes ou ascendentes.

O caput do art. 1.704, do CC, dispõe que se um dos cônjuges separadosjudicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declaradoculpado na ação de separação judicial.

Mitigada a culpa, conforme já apontado, os alimentos serão fixadosconforme o disposto no art. 1.694, §1º, do CC, mediante o binômionecessidade-possibilidade, ou ainda, como ocorre atualmente, pelo trinômionecessidade, possibilidade e proporcionalidade.

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Referido instituto é um desdobramento do poder familiar e traduz um conjuntode obrigações e direitos em face da criança ou adolescente, de assistênciamaterial e moral.

A guarda é uma nítida decorrência do poder parental e traduz um conjunto dedireitos e obrigações em face da criança ou adolescente, especialmente denatureza material e moral, como trata o princípio da proteção integral dacriança e do adolescente, art. 1º, do ECA – Estatuto da Criança e doAdolescente.

Em decorrência disto, a guarda, quando da dissolução da sociedadeconjugal, não levará em conta os motivos da culpa quanto ao término docasamento, pois o que deve ser preservada é a melhor opção para o infante,até mesmo, em medida excepcional, colocando-o em família substituta.

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Decorre da divisão dos frutos e dos bens comuns no curso docasamento quando da dissolução da sociedade conjugal.

Conforme muito bem lembra a doutrina, a partilha de bens nãoimpede o divórcio, bem como pode ser litigiosa ou amigável.

Lembra muito bem Fabio Ulhoa Coelho que deixa de existir aconjugação dos esforços em comum e o bem adquirido emconjunto deve ser entregue ao seu respectivo proprietário.

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Destaca-se, conforme muito bem lembra a doutrina, que aintenção da alteração legislativa foi a extinção daimplementação da culpa nos processos de separação, ou seja,da ação de indicar qual foi o cônjuge culpado pela dissoluçãodo vínculo conjugal.

Tal fenômeno, qual seja, a indicação do cônjuge culpado,procrastinava os processos de separação, em especialarrolando testemunhas e indicando documentos e vídeos, oque atravancava a dissolução do vínculo conjugal e desgastavaainda mais as partes.

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Não obstante, o elemento mais nefasto não era simplesmenteatrelar a culpa ao outro consorte, mas sim penalizá-lopatrimonialmente, exigindo do cônjuge inocente o pagamentode alimentos, conforme art. 1.704, parágrafo único, do CC,descrito a seguir: “Se o cônjuge declarado culpado vier anecessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições deprestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge seráobrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável àsobrevivência”.

Como se sabe, na extinção da sociedade conjugal, como regra, não há um únicoculpado. Ambos têm sua parcela de culpa, o que faz com que aplicar o art. 1.704,parágrafo único, do CC, seja algo muito desproporcional, bem como violação doprincípio constitucional da solidariedade, previsto no art. 1º, inciso III, do CC,conforme muito bem lembra Rolf Madaleno.

Prof. Frederico Martos

A maioria dos doutrinadores que compõe o IBDFAM,entendem que a discussão acerca da culpa é impossível, nãosó em razão da morosidade processual que ocasionaria, masprincipalmente porque a nova redação da normaconstitucional tem a virtude extinguir à exigência decomprovação da culpa do outro cônjuge e de tempo mínimo.

Percebe-se que a culpa tem sido rechaçada perante a doutrina nãosomente pela demora processual que causaria tal discussão, mastambém pelos reflexos negativos, outrora trazidos diante de suaimputação, a vivência salutar dos cônjuges divorciados e principalmentepelo interesse dos filhos havidos desta relação, que consideravelmentesofriam os reflexos da imputação.

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Flávio Tartuce, dentre outros, entende pelaexistência de algumas raras situações quepermitem o debate sobre a CULPA no divórcio,mantendo-se um modelo dualista, com e semculpa, como ocorre com outros ramos do DireitoCivil, caso do Direito Contratual e daResponsabilidade Civil.

43Prof. Frederico Martos

Principal característica: culpa!

- Descumprimento consciente de uma norma de condutaconjugal que estabelece um dever para um doscônjuges e, em consequência, um direito para o outro.

- Fundamentado na grave violação dos deveres conjugaisque torne insuportável a vida em comum, art. 1.572, caput,do Código Civil.

44Prof. Frederico Martos

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

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Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida aocorrência de algum dos seguintes motivos:

I – adultério;

II - tentativa de morte;

III - sevícia (maus tratos) ou injúria grave;

IV - abandono voluntário do lar conjugal;

V - condenação por crime infamante;

VI - conduta desonrosa.

Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos, que tornem evidente aimpossibilidade da vida em comum.

Norma não tem caráter taxativo, apenas exemplificativo

46Prof. Frederico Martos

Presente em todos os domínios da ciência jurídica.

As pessoas são passíveis de sofrer danos, em esfera individual,decorrentes de ofensas a direitos da personalidade.

O direito brasileiro só recentemente passou a acenar com a admissibilidadeda aplicação de alguns dos princípios da responsabilidade em matéria dedireito de família, em especial no âmbito do matrimônio.

47Prof. Frederico Martos

Muitos temas relacionados ao descumprimento dedeveres conjugais se tornaram relevantes, nãopara justificar o fim da relação afetiva, mas, sim,para eventual reparação de danos materiais emorais decorrentes de tal relação.

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Washington de Barros Monteiro:

“Quando do rompimento do casamento ocorre comdescumprimento de deveres, está configurado o atoilícito, e se daí decorrem danos ao consorte, estãopreenchidos os pressupostos da responsabilidadecivil, conforme dispõe o art. 927 do novo CódigoCivil”.

49Prof. Frederico Martos

A responsabilidade civil deriva da transgressão de uma norma jurídicapreexistente, impondo, ao causador do dano, a consequente obrigação deindenizar a vítima. Decompõe-se em três elementos fundamentais, asaber:

a) conduta humana: que pode ser comissiva ou omissiva (positiva ounegativa), própria ou de terceiros ou, mesmo, ilícita (regra geral) ou lícita(situação excepcional);

b) dano: a violação a um interesse juridicamente tutelado, seja denatureza patrimonial, seja de violação a um direito da personalidade;

c) nexo de causalidade: a vinculação necessária entre a conduta humanae o dano.

d) culpa: de caráter eventual, compreendida como a violação a um

dever jurídico preexistente, notadamente de cuidado.

50Prof. Frederico Martos

Considerando que os sujeitos envolvidos não estãoexercendo qualquer atividade que implique, pela sua própriaessência, risco a direito de outrem, a esmagadora maioriadas situações fáticas demandará a prova do elemento“culpa”, a teor da regra geral definidora do ato ilícito,constante no art. 186 do CC.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ouimprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamentemoral, comete ato ilícito.

51Prof. Frederico Martos

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Uma das mais comuns questões em sede de responsabilidadecivil nas relações familiares é a discussão sobre o rompimentoda relação.

Romper qualquer relação de afeto é, sem dúvida,doloroso.

Isso vai desde o mais simples namoro ao mais longo doscasamentos.

Portanto, a falta de amor, por si só, não gera a responsabilidade civil

52Prof. Frederico Martos

- DANO MATERIAL: Prejuízo econômico

- DANOS EMERGENTES: Ex. Tratamento psicológico pararecuperação de algum mal sofrido

- LUCROS CESSANTES: Comprovação de dano queatrapalhe o desenvolvimento de atividade produtiva ouprofissional por parte do lesionado

53Prof. Frederico Martos

Os danos morais não se confundem com os merosaborrecimentos ou transtornos suportados pela pessoa em seucotidiano, premissa que incide também nas relações familiares

PRELIMINAR - CONHECIMENTO DE RECURSO ESPECIAL DIRIGIDO AACÓRDÃO PROVENIENTE DE RECURSO INCABÍVEL - POSSIBILIDADE -PRECLUSÃO. [...] A possibilidade jurídica do pedido é apurada em tese.Assim, pedido impossível é aquele juridicamente incompatível com oOrdenamento Jurídico. Não há proibição no direito pátrio para pedidoindenizatório - por danos materiais ou morais - contra ex-cônjuge poreventual ato ilícito ocorrido na constância do casamento [...] (REsp897.456/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRATURMA, julgado em 14/12/2006, DJ 05/02/2007, p. 236).

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CUMULAÇÃO TRIPLA DE DANOS

SÚMULA 387 DO STJ: É lícita a cumulação dasindenizações de dano estético e dano moral.

55Prof. Frederico Martos

VARA DE FAMÍLIA: Porque a análise das peculiaridades ecaracterísticas da família devem ser levadas em conta,quando do julgamento das pretensões (Pablo Stolze).

*A reparação pelos danos morais e materiais nas relações detrabalho deve ser apreciada pela Justiça do Trabalho

VARA CÍVEL: Porque a responsabilidade civil por danos não éintrinsecamente de direito de família, e sim de direito civil emgeral: a ofensa moral (deve ser objeto de reparação civilsegundo as regras comuns e não em razão do direito defamília (Paulo Lôbo).

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xProf. Frederico Martos

Será que toda “traição” enseja responsabilidade civil?

A mera infidelidade, sem maiores repercussões, NÃO gera,por si só, o dever de reparar danos ou prejuízos.

�O mesmo entendimento deve ser aplicado em caso dodenominado “débito conjugal” (Maria Celina Bodin deMoraes).

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“[...] A apelante pretende a condenação do apelado ao pagamento deindenização por danos morais, em razão da conduta ilícita do apelado:infidelidade, isto é, relação extraconjugal do apelado com a mãe e tiada apelante. Esta Corte entende que a quebra de um dos deveresinerentes ao casamento, a fidelidade, não gera o dever de indenizar.Além disso, não evidenciada a ocorrência dos alegados danos morais,porque os fatos delituosos de infidelidade não são recentes, nem são acausa direta do divórcio movido pelo apelado [...] (TJRS, Acórdão70023479264, Santa Maria, 7.ª Câmara Cível, Rel. Des. RicardoRaupp Ruschel, j. 16.07.2008, DOERS 22.07.2008, p. 34)”.

58Prof. Frederico Martos

APELAÇÃO Ação Indenizatória por Danos Morais Propositura contra ex-maridoAlegação de infidelidade conjugal, causadora de danos morais passíveis deindenização - Sentença de improcedência Inconformismo Infidelidade conjugal,por si só, não configura dano moral indenizável - Necessidade da prática de ilícito,v. g., violência física ou moral, para que exsurja o dever de indenizar, observada acláusula geral de responsabilidade prevista no art. 186 c.c. art. 927, ambos do CC.- Dano moral não configurado, elementos dos autos que não comprovam que aautora tenha passado por situação vexatória em razão da infidelidade do maridoRecurso desprovido. (TJ-SP - APL: 00559309120108260506 SP 0055930-91.2010.8.26.0506, Relator: José Aparício Coelho Prado Neto, Data deJulgamento: 10/03/2015, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:16/03/2015)

59Prof. Frederico Martos

DANOS MORAIS. [...] A infidelidade, assim como a omissão de informaçãoessencial, em que pese constituírem uma quebra de um dever conjugal,não geram, por si sós, dano moral indenizável. Para tanto, é preciso queefetivamente fiquem comprovados os requisitos básicos daresponsabilidade civil subjetiva, quais sejam, a conduta, o dano, o nexo decausalidade e a culpa [...] (TJ-SC - AC: 5200 SC 2011.000520-0, Relator:Jaime Luiz Vicari, DJ: 13/02/2012).

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APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. UNIÃO ESTÁVEL. INFIDELIDADE.AGRESSÕES FÍSICAS E VERBAIS. PROVA INEXISTENTE. 1. Ainfidelidade é, por si só, insuficiente para causar dano moral que, seexistente, não obrigaria o cúmplice do companheiro infrator. 2. A autoranão se desincumbiu do ônus de comprovar as alegadas ofensas verbais efísicas, o que também inviabiliza o reconhecimento do dano moral. (TJ-DF- APC: 20100110834846 DF, Relator: Fernando Habibe, DJE : 19/07/2013. Pág.: 141)

61Prof. Frederico Martos

Sem violação de um dever jurídico preexistente, portanto,não há que se falar em responsabilidade em qualquermodalidade.

No caso da amante, verifica-se a impossibilidade depreenchimento de tal requisito!

62Prof. Frederico Martos

“Danos morais. Cúmplice. Esposa adúltera. In casu, o recorrente ajuizou açãoindenizatória em face do recorrido pleiteando danos morais sob a alegação de queeste manteve com a esposa daquele relacionamento amoroso por quase dez anos,daí nascendo uma filha, que acreditava ser sua, mas depois constatou que apaternidade era do recorrido [...]. O casamento, tanto como instituição quantocontrato sui generis, somente produz efeitos em relação aos celebrantes e seusfamiliares, não beneficiando nem prejudicando terceiros. Desse modo, no caso emquestão, não há como o Judiciário impor um ‘não fazer’ ao réu, decorrendo disso aimpossibilidade de indenizar o ato por inexistência de norma posta – legal e nãomoral – que assim determine. De outra parte, não há que se falar em solidariedadedo recorrido por suposto ilícito praticado pela ex-esposa do recorrente, tendo emvista que o art. 942, caput e parágrafo único, do Código Civil vigente (art. 1.518 doCC/1916) somente tem aplicação quando o ato do coautor ou partícipe for, em si, ilí-cito, o que não se verifica na hipótese dos autos. Com esses fundamentos, entreoutros, a Turma não conheceu do recurso. Precedente citado: REsp 742.137-RJ, DJ29/ 10/2007” (STJ, REsp 1.122.547-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.10.11.2009).

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“Litisconsórcio. Ação de indenização por danos morais movida pelamulher contra o marido que teria praticado adultério e sua indigitadaparceira. Ação julgada procedente contra ambos. Apelo somente da ré.Pretendida execução do julgado em relação ao réu. Pedido indeferidopelo Juízo. Inadmissibilidade. Inaplicabilidade do art. 509 e parágrafoúnico do CPC. Regra que se aplica somente em casos de litisconsórcionecessário unitário. Hipótese dos autos de litisconsórcio facultativo.Inteligência do art. 47 do CPC. Recurso provido” (TJSP, Agravo deInstrumento 356.550-4/6, Ribeirão Preto, 1.ª Câmara de Direito Privado,Rel. Des. De Santi Ribeiro, j. 21.12.2004).

64Prof. Frederico Martos

Conduta Desonrosa, ou seja, podem gerar aresponsabilidade civil do cônjuge, e a resposta épositiva, principalmente naquelas situações em quehá maiores repercussões, com lesão àpersonalidade do consorte.

65Prof. Frederico Martos

Direito civil. Ação de indenização. Dano moral.Descumprimento dos deveres conjugais. Infidelidade.Sexo virtual (internet). Comentários difamatórios. Ofensaà honra subjetiva do cônjuge traído. Dever de indenizar.Exegese dos arts. 186 e 1.566 do Código Civil de 2002.Pedido julgado precedente” (TJDF, Proc. N.2005.01.1.118170-3. Juiz Jansen Fialho de Almeida, j.21.05.2008).

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O reconhecimento da infidelidade virtual somente serápossível se as correspondências eletrônicas forem obtidas demaneira lícita. No julgado apresentado, as mensagensestavam gravadas no computador de uso comum do casal,inexistindo qualquer configuração de violação aos direitos daparte.

67Prof. Frederico Martos

Contudo, em algumas situações de maior gravidade(CRIANDO SITUAÇÃO DE VEXAME OUCONSTRAGIMENTO), justifica-se plenamente a incidênciadas regras da responsabilidade civil desde que preenchidosos seus requisitos: a conduta humana; a culpa em sentidoamplo a englobar o dolo (intenção de prejudicar) ou a culpaem sentido estrito (imprudência, negligência ou imperícia); onexo de causalidade e o dano ou prejuízo

68Prof. Frederico Martos

APELAÇÃO CÍVEL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TRAIÇÃOCONJUGAL - COMENTÁRIOS OFENSIVOS À HONRA DO CÔNJUGE TRAÍDO -DANO MORAL CARACTERIZADO - VALOR DA INDENIZAÇÃO - EXTENSÃO DODANO - PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. São indenizáveis danosmorais causados pela companheira em virtude de traição conjugal e comentáriosnegativos e depreciativos sobre o cônjuge traído em seu ambiente de trabalho. Aindenização deve ser suficiente exclusivamente para reparar o dano, pois semede pela extensão do dano, nos termos do art. 944, caput, do Código Civil, nãopodendo ensejar enriquecimento indevido do ofendido. Primeiro recurso providoem parte. Segundo recurso não provido. (Apelação Cível 1.0443.10.002824-2/001,Rel. Des. Gutemberg da Mota e Silva DJ: 15/05/2012).

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RECURSO INOMINADO. INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS. OFENSAS VERBAIS.MENSAGENS TELEFÔNICAS OFENSIVAS. PROVA ORAL QUE CONFORTA A TESEDA AUTORA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIOREDUZIDO PARA R$ 2.000,00. O depoimento da testemunha trazida pela autoracorrobora a alegação da inicial de que teria sofrido ofensas verbais por parte da ré.Além disso, a própria ré afirma em seu depoimento pessoal que ligou para a autorapara cobrar a situação de que a teria visto com seu esposo, bem como teria enviadomensagens. Por outro lado, o depoimento da testemunha trazida pela ré em nadaconforta as alegações que embasam o pedido contraposto, no sentido de que tambémteria sido ofendida pela autora, pois não presenciou a situação, mas tão somente ficousabendo dos fatos por meio da própria ré. Comprovadas, portanto, as ofensasverbais à autora, quer por telefone, quer pessoalmente, é de se reconhecer aexistência de dano ao direito de personalidade da autora e o dever de indenizarda recorrente. Todavia, observados os princípios de razoabilidade e daproporcionalidade, bem como de acordo com os parâmetros adotados pelas TurmasRecursais Cíveis em casos análogos, impõe-se a redução do quantum indenizatóriofixado em R$ 4.000,00 para R$ 2.000,00, mantidos os critérios de correção e juros dasentença. RECURSO PROVIDO EM PARTE. UNÂNIME.

(Recurso Cível nº 71004576039, Primeira Turma Recursal Cível/RS, Relator: Pedro Luiz Pozza, Julgado em 10/06/2014).

Prof. Frederico Martos

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RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. Mensagens enviadas àautora pelo aplicativo “whatsapp” que possuem teor ofensivo. Expressõesofensivas que ultrapassam o mero dissabor. Infidelidade conjugal que,mesmo aceita pela autora, não justifica o agir ilícito e o caráter ofensivo ehumilhante do proceder da ré. Danos morais configurados. Quantumcompensatório de R$ 2.000,00 que se mostra suficiente para a reparação dodano. recurso provido. (Recurso Cível nº XXX, Segunda Turma RecursalCível/RS, Rel.: Roberto Behrensdorf Gomes da Silva, DJ 25.05.2016).

“...As mensagens de texto enviadas pela demandada à autoracontém inegavelmente caráter ofensivo ao empregar expressões,como: “coitada”, “otária”, “burrinha”, “chifruda”, “burra”, “velhinha”(fls. 47/53). Vê-se, claramente, a intenção de ofender e humilhar, oque, mesma nas circunstâncias, não pode ser tolerado, ainda que aautora tenha optado, por razões suas, em manter o casamento...”.

Prof. Frederico Martos

Como se constata, não importa se a transmissão da doença se deu por doloou culpa, havendo sempre o dever de reparar os danos. Em verdade,havendo culpa leve ou levíssima do ofensor, a consequência é a redução doquantum, nos termos dos arts. 944 e 945 do atual Código Civil, o que nãoafasta totalmente o dever de indenizar.

Eis aqui mais um caso em que não se pode falar em mitigação da culpa,devendo ela ser atribuída não só para findar a sociedade conjugal, mastambém para gerar o dever de reparação. Na prática, a maioria das hipótesesenvolve as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) de maior ou menorgravidade. Consigne se que algumas demandas são reputadasimprocedentes por falta de demonstração da culpa e do nexo de causalidade(TJRS, Apelação Cível 70018814897, 9.ª Câmara Cível, Rel. Odone Sanguiné,j. 25.04.2007).

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ABUSO DE DIREITO: O caso é de aplicação da boa-féobjetiva para o reconhecimento de filhos, incidindo acláusula geral constante do art. 187 da codificação privada,podendo o homem enganado pleitear indenização pordanos se o engano gerar um prejuízo imaterial ou mesmopsíquico.

73Prof. Frederico Martos

Responsabilidade civil. Dano moral. Marido enganado.Alimentos. Restituição. A mulher não está obrigada a restituirao marido os alimentos por ele pagos em favor da criançaque, depois se soube, era filha de outro homem. Aintervenção do Tribunal para rever o valor da indenização pelodano moral somente ocorre quando evidente o equívoco, oque não acontece no caso dos autos. Recurso nãoconhecido” [STJ, REsp 412.684/SP (200200032640), REsp463.280, j. 20.08.2002, 4.ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado deAguiar, Publicação 25.11.2002, veja: (Pensão alimentícia –Irrepetibilidade e Incompensabilidade) STJ, REsp 25.730-SP(RT 697/202).

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AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CASAMENTO. VIOLAÇÃO DOS DEVERES DEFIDELIDADE E LEALDADE POR UM DOS CÔNJUGES. DANOS MORAISCARACTERIZADOS. RECURSO ADESIVO. LIMITES. VOTO VENCIDOPARCIALMENTE. Viola os deveres de fidelidade e lealdade, causando danosmorais ao seu consorte, o cônjuge que, após uma relação extraconjugal, da qualadvém uma gravidez, omite a verdadeira paternidade biológica da criança, fato quesó vem a ser descoberto anos depois, através de exame de DNA. (...)"(11ª CC,Apelação Cível nº 1.0342.04.046436-0/001, Rel. Des. Duarte de Paula fonte: site doTJMG).

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Lei 11.340, de 22/09/2006 - Lei Maria da Penha

FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (art. 7º):• violência física• violência psicológica• violência sexual• violência patrimonial• violência moral

76Prof. Frederico Martos

Primeiro diploma legal que reconheceexpressamente que a prática de ato ilícitopelo marido ou companheiro contra aesposa ou companheira sujeita o ofensor àcondenação em indenização por perdas edanos (art. 24, IV)

77Prof. Frederico Martos

“Ação de indenização por danos materiais, estéticos e morais.Responsabilidade civil. Comprovação do dano moral e estético.Queimaduras de segundo e terceiro graus por grande extensão do corpo.Ato ilícito e nexo causal. Elementos dos autos. Histórico de violênciadoméstica. A responsabilidade civil era regulamentada pelo Código Civil de1916 – aplicável ao caso sob julgamento, uma vez que o acidente ocorreuem 08/12/2001, anterior, portanto, à vigência do CC/2002 –, maisprecisamente em seu art. 159, ao dispor que ‘aquele que, por ação ouomissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causarprejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano’. Assim, se estiverempresentes todos os requisitos da responsabilidade civil subjetiva, quaissejam, o ato ilícito, o dano, a culpa do agente e o nexo de causalidade entreo dano suportado pela vítima e o ato ilícito praticado, impõe-se a obrigaçãode indenizar. [...]” (TJMG, Apelação Cível 1.0145.06.301317-4/0011, Juiz deFora, 18.ª Câmara Cível, Rel. Des. Elpídio Donizetti, j. 17.06.2008, DJEMG03.07.2008).

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“Indenização. Ato ilícito. Dano moral. Agressão física (ex-marido). Configuração.Dever de indenizar inequívoco (art. 186, Código Civil). Valor adequado ao fato.Recurso desprovido” (TJSP, Apelação com Revisão 520.648.4/3, Acórdão2630326, Itápolis, 1.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Vicentini Barroso, j.13.05.2008, DJESP 13.06.2008).

79Prof. Frederico Martos

Assentam alguns autores que a condenação do cônjugeculpado à indenização por danos materiais e morais seriaafronta ao princípio do non bis in idem, já que ele arcaria com aprestação de alimentos ao cônjuge inocente.

Todavia, a condenação no pagamento de pensão alimentícia eindenização por danos morais e materiais é perfeitamentepossível, em face das naturezas e finalidades diversas dessesinstitutos.

80Prof. Frederico Martos

- Possui natureza assistencial.

- NÃO tem natureza indenizatória, PORQUE:- não chega a compensar ou ressarcir os prejuízosmorais ou materiais do lesado.- condiciona-se, em sua fixação e vigência, aopreenchimento de pressupostos: necessidade docônjuge credor e possibilidade do consorte devedor,nos moldes do art. 1.694 do Código Civil

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No mérito, quanto à coisa julgada, o Tribunal de origem decidiu manter osfundamentos dos votos vencedores no sentido de que a renúncia aos alimentosfeita na separação judicial não se confunde com o objeto da presente ação deindenização por danos morais e materiais. De fato, pedido de alimentos não seconfunde com pedido indenizatório. Naquele a causa de pedir é a necessidade e odever de assistência, neste vincula-se a ato ilícito gerador de dano patrimonial oumoral. São coisas totalmente distintas. Assim, a renúncia a alimentos em ação deseparação judicial não gera coisa julgada para ação indenizatória decorrente dosmesmos fatos que, eventualmente, deram causa à dissolução do casamento. Umacoisa nada tem a ver com a outra. [...]. Não há proibição, no direito pátrio, parapedido indenizatório por danos materiais ou morais contra ex-cônjuge por eventualato ilícito ocorrido na constância do casamento. O art. 19 da Lei do Divórcio tratade pensão alimentícia, que não tem qualquer relação com pedido indenizatório porato ilícito. Por isso, a renúncia em separação judicial não torna impossível pedidoreparatório. (STJ - REsp 897.456-MG, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros,julgado em 14/12/2006).

82Prof. Frederico Martos

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DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO

EXTRAJUDICIAL

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Com a publicação da Lei 11.441, de 04/01/07, tornou-

se possível a realização de divórcio e separação em

cartório, mediante escritura pública da qual constarão

as disposições relativas à partilha dos bens comuns

do casal, quando houver, e à pensão alimentícia,

desde que seja CONSENSUAL, não haja filhos

nascituros ou incapazes do casal e que haja

assistência de advogado, cuja qualificação e

assinatura constarão do ato notarial.

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De acordo com a Resolução CNJ 220/2016,

as partes devem, ainda, declarar ao

tabelião, que o cônjuge virago não se

encontra em estado gravídico, ou ao menos,

que não tenha conhecimento sobre esta

condição

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Art. 310 - As partes devem declarar ao Tabelião, no ato da lavratura daescritura, que não têm filhos comuns ou, havendo, que são absolutamentecapazes, indicando seus nomes e as datas de nascimento.

§ 1° - Havendo filhos menores, será permitida a lavratura da escritura, desdeque devidamente comprovada a prévia resolução judicial de todas asquestões referentes aos mesmos (guarda, visitação e alimentos), o quedeverá ficar consignado no corpo da escritura.

§ 2° - Nas hipóteses em que o Tabelião tiver dúvida a respeito do cabimentoda escritura de separação ou divórcio, diante da existência de filhosmenores, deverá suscitá-la ao Juízo competente em matéria de registrospúblicos.

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- Descrição dos bens comuns (comprovado pordocumentação que deverá ser levada ao ato);- Disposição acerca da divisão de tais bens (se houverpartilha de bens deverá ser recolhido o impostoeventualmente devido);- Regulamentação da pensão alimentícia que poderá serdisposto do modo que bem convir aos cônjuges (podematé mesmo se obrigar a dar pensão, renunciá-la ousomente dispensá-la);- Disposição sobre o nome dos cônjuges, que poderãovoltar a usar nomes de solteiro e até mesmo manter onome de casado.

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- Os cônjuges podem se fazer representar no ato porprocuradores;- A assistência jurídica nas separações, nos divórcios enos inventários pode ser feita por um único advogado;- As partes poderão escolher livremente a cidade e oCartório onde pretendem realizar a escritura deinventário ou de separação (vide art. 1º, da Resoluçãonº 35, de 24/04/07, do CNJ);- A Escritura Pública não depende de homologaçãojudicial, constituindo título hábil para o registro detodos os fins de direito.

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