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1 DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE RECIFE – 2008.

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DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO

SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À

ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE

ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA

POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

REGIÃO METROPOLITANA DO

RECIFE

RECIFE – 2008.

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IDENTIFICAÇÃO

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO

ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS

SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DIREITOS HUMANOS

EDGARD TÁVORA DE SOUSA

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE COORDENAÇÃO E GESTÃO

ACÁCIO FERREIRA DE CARVALHO FILHO SECRETÁRIO EXECUTIVO DE DESENVOLVIMENTO

E ASSISTÊNCIA SOCIAL

MARIANA DE ANDRADE LIMA SUASSUNA SUPERINTENDENTE DAS AÇÕES DE SEGURANÇA ALIMENTAR E

NUTRICIONAL

JOÃO MAURÍCIO ROCHA SUPERINTENDENTE DE APOIO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PAULA VANUSA DE SANTANA TAVARES OLIVEIRA

GERENTE DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO

REGINA ALCOFORADO GERENTE DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

JOSÉ RICARDO SAMICO ALVES BATISTA

GERENTE DO FUNDO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - FEAS

MARGARIDA MARIA SOARES SILVA GERENTE DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

RIZETE SERAFIM COSTA

GESTORA DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

JOELSON RODRIGUES REIS SILVA GESTOR DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

KILMA LUNA DE CASTRO BARROS

GESTORA DAS AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS

MARIA CRISTINA NEUENSCHWANDER PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

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FICHA TÉCNICA

DIRETORIA DA PERSPECTIVAS

MARIA TERESA DOS SANTOS LOBO GOMES COORDENADORA GERAL

JOSÉ EVERALDO DE MELO PINHEIRO

COORDENADOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO

CRISTIANE LIBERATO DE NÓBREGA COORDENADORA TÉCNICA

EQUIPE DE EXECUÇÃO DO PROJETO

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA

COORDENADORA GERAL

LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO COORDENADORA TÉCNICA

AÉCIO LOPES

SEVERINO CATÃO RODRIGUES ESTATÍSTICOS

ELAYNE BARBOSA, ELAINE CRISTINA DE MORAES, ELAINE CRISTINA MELO,

EDILMA MEDEIROS, GEORGIANA MARQUES, GLÓRIA Mª DE MIRANDA, LUCIANA LISBOA, LUCIA LYRA, LUCIENE FREITAS, MARCELO KERME MENEZES,

SILEIDE DE OLIVEIRA. PESQUISADORES

NILVA LOPES

APOIO ADMINISTRATIVO

ADRIANA GOMES, RONALDO EPIFÁNIO DE SANTANA JOSÉ ROBERTO DE SOUZA, MARIA VIRGÍNIA SANTOS

DIGITADORES

CLEVERSON RAMOS PROGRAMADOR

CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ

SISTEMATIZADORA DE TÉCNICAS QUALIFICADAS

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA, CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ, LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO

ELABORADORES DE RELATÓRIOS

DANIELLE DE OLIVEIRA SANTIAGO REVISORA DO TEXTO

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Uma determinada época histórica é constituída por determinados valores, com formas de ser ou de comportar-se que buscam plenitude.

Enquanto estas concepções se envolvem ou

são envolvidas pelos homens, que procuram a plenitude, a sociedade está em constante mudança. Se os fatores rompem o equilíbrio, os valores começam a decair; esgotam-se, não correspondem aos novos anseios da sociedade. Mas como esta não morre, os novos valores começam a buscar a plenitude. A este período, chamamos transição. Toda transição é mudança, mas não vice-versa - atualmente estamos numa época de transição.

Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos para saber o que seremos. Paulo Freire. Educação e Mudança. p. 33 - 1983

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APRESENTAÇÃO

Este documento é o resultado da sistematização dos perfis municipais da Região Metropolitana do Recife - RMR de Pernambuco no que se refere às informações coletadas sobre a capacidade técnica instalada para o desenvolvimento da Assistência Social na gestão pública. A escolha dos atores sociais, objeto do Estudo e o quantitativo das técnicas de pesquisa aplicada na Região de Desenvolvimento - RD atenderam ao estabelecido pela gestão Estadual quando da contratação da PERSPECTIVAS para realização deste trabalho.

Dessa forma, a aplicação dos questionários foi direcionada, prioritariamente, aos Coordenadores dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS, Técnicos da Proteção Social Especial e Conselheiros Municipais da Assistência Social Não-Governamentais. As entrevistas semi-estruturadas e os grupos focais foram realizados com os Gestores Municipais e Estaduais e Conselheiros Estaduais. Relevante destacar que, em virtude da especificidade do Distrito de Fernando de Noronha, as técnicas sofreram algumas alterações, neste sentido foram realizados cinco grupos focais junto aos Conselheiros Distritais, de Assistência Social e Tutelares, Atores Sociais e Jovens, e três entrevistas semi-estruturadas contemplando as Diretoras da Escola e da Creche, Gerente Insular e Assistente Social do Distrito.

Neste sentido, as informações contidas neste documento contemplam os 14 municípios da RD1 - 100% do território, 14 gestores, 100% dos representantes da gestão da Assistência Social, 21 coordenadores2 - sendo 95% da Proteção Social Básica e 5% Proteção Especial; e, 21 Técnicos – sendo 5% da Proteção Social Básica e 95% de Proteção Especial. A coleta de informações junto aos Conselhos Municipais de Assistência Social na RD contemplou 14 conselheiros, 100% Representantes Não-Governamentais.

O Estudo baseia-se na fundamentação dos profissionais e conselheiros sobre a Assistência Social; a capacidade de planejar ações, diante da fundamentação e do olhar sobre a realidade local; a execução do planejamento frente às necessidades apresentadas pelas famílias em situação de vulnerabilidade social; e as demandas técnicas e decisões políticas frente à eleição de prioridades.

Assim, este Estudo é uma referência para o planejamento regionalizado das ações no campo de capacitação, monitoramento e avaliação sobre a implementação da Política de Assistência Social - PAS. As informações coletadas através dos questionários serão “enriquecidas” com a sistematização das opiniões dos gestores registradas nas entrevistas semi-estruturadas e grupo focal.

O texto trabalhado neste documento está fundamentado na pesquisa realizada junto aos segmentos objetos do Estudo frente aos desafios na implantação e implementação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. A elaboração dos instrumentais, para aplicação das técnicas considerou o grau das necessidades e complexidades para atuação dos diversos atores na Assistência Social. Desta forma o Estudo considerou:

1 Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife e São Lourenço da Mata. 2 O número de coordenadores e técnicos são superiores ao número de municípios da RD, em virtude de terem sidos aplicados

questionários extras nos municípios de: Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Paulista, Recife e Caruaru onde existia mais de 3 CRAS em funcionamento.

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1. FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL � Marcos legais que regem a Política Nacional da Assistência Social - PNAS

(concepção sobre Assistência Social, princípios e diretrizes); � Sistema Único de Assistência Social - SUAS: exigências para consolidar o modelo

de proteção; � Rede de atendimento (intersetorialidade/integralidade); � Controle Social (conceito, órgãos, papéis e competências).

2. PLANEJAMENTO SOBRE A ATUAÇÃO FRENTE ÀS NECESSIDADES

� Metodologia de trabalho coletivo – Intersetorialidade/Integralidade; � Captação de recursos; � Metodologia para o acompanhamento sobre as ações

• Diagnóstico social (definição de indicadores); • Avaliação de processo; • Avaliação sobre os resultados e impactos.

3. IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES: DEMANDAS X OFERTAS

� Descentralização

• Relação com as esferas de governo (estadual e federal); � Aplicação dos recursos; � Territorialidade

• Intersetorialidade; • Atuação em Rede; • Integralidade; • Articulação dos níveis de proteção; • Matricialidade sociofamiliar; • Protagonismo; • Acompanhamento.

4. QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA

DE ASSISTÊNCIA SOCIAL / SUAS

� Modelo de gestão • Gerenciamento técnico administrativo; • Gerenciamento financeiro;

� Informática • Sistemas de informação;

� Sistematização • Capacidade de análise; • Elaboração de projetos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BF – Bolsa Família

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CEAS – Conselho Estadual de Assistência Social

CEDCA – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

CIB – Comissão Intergestora Bipartite da Assistência Social

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FEAS – Fundo Estadual de Assistência Social

FMAS – Fundo Municipal de Assistência Social

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IGDBF – Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MDS – Ministério de Desenvolvimento Social

MP – Ministério Público

NOB – Norma Operacional Básica da Assistência Social

NOB/RH - Norma Operacional Básica sobre os Recursos Humanos da Assistência

Social

OG – Organização Governamental

ONG – Organização Não-Governamental

PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias

PAS – Política de Assistência Social

PBF – Programa Bolsa Família

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PMAS – Plano Municipal de Assistência Social

PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PPA – Plano Plurianual

RD – Região de Desenvolvimento

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RH – Recursos Humanos

RMR – Região Metropolitana do Recife

SAS – Secretaria de Assistência Social

SEDAS – Secretaria Executiva de Desenvolvimento e Assistência Social

SEDSDH – Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

SIGAS – Sistema de Informação e Gestão da Assistência Social

SMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social

SUAS – Sistema Único de Assistência Social

SUAS/WEB – Sistema de informática para o acompanhamento físico-financeiro

das ações do SUAS no âmbito municipal, estadual e federal

SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO - DIAGNÓSTICO SOCIAL: PESQUISA SOBRE A REALIDADE, ETAPA FUNDAMENTAL QUE REVELA A CAPACIDADE DE (RE) CONSTRUIR UMA POLÍTICA SOCIAL.

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2.REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE: O QUE CARACTERIZA A

ASSISTÊNCIA SOCIAL NA REGIÃO

12

3. O SUAS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE PERNAMBUCANO: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS SOBRE O MODELO DE PROTEÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

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4. ESTUDO REGIONALIZADO: ANÁLISE PROPOSITIVA NA PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA CAPACITAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO SOBRE AS AÇÕES E EQUIPES QUE ATUAM NA REGIÃO

19

4.1. FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL: MARCOS LEGAIS QUE REGEM A PNAS – CONCEPÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA SOCIAL, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

22

4.2. PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PMAS 28

4.3. CONTROLE SOCIAL: CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

– CMAS

29

4.4. FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – FMAS 33

5. SUAS: EXIGÊNCIAS PARA CONSOLIDAR O MODELO DE PROTEÇÃO 35

5.1. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR 42

5.2. TERRITORIALIDADE, INTERSETORIALIDADE, ATUAÇÃO EM REDE. 46

5.3. O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR: PROTAGONISMO

52

5.4. A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS 57

5.5. A INFORMAÇÃO, O MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO 64

5.6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS 71

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 73

ANEXOS 80

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1 – INTRODUÇÃO - DIAGNÓSTICO SOCIAL: PESQUISA SOBRE A REALIDADE, ETAPA FUNDAMENTAL QUE REVELA A CAPACIDADE DE (RE) CONSTRUIR UMA

POLÍTICA SOCIAL.

O desenvolvimento de reflexões e sistematizações sobre as realidades transformadas em referências para as decisões políticas e atitudes técnicas, frente às reais necessidades, compõe um diagnóstico social - atividade sistemática e contínua de uma intervenção social.

Um diagnóstico, portanto, se caracteriza pela revisão permanente sobre a realidade em evidência, atualizando a leitura sobre os “objetos da intervenção” nos diferentes contextos. Um olhar que busca o ideal frente às necessidades reais das pessoas envolvidas direta e indiretamente na intervenção, gerando assim a transformação almejada e definida nos objetivos. Neste sentido, o Diagnóstico é a peça fundamental para a avaliação de processo e revisão sobre o planejamento e ainda aponta os indicadores e os elementos para a análise. O projeto apresentado para o Estudo Regionalizado define como objetivo geral, a identificação das problemáticas e necessidades relacionadas à área de conhecimento das equipes que atuam na implementação da Política da Assistência Social - PAS visando ampliar a aplicabilidade dos investimentos em capacitações técnicas, qualificando assim os processos de trabalho das equipes e subsidiando, conseqüentemente, o monitoramento e a avaliação sobre as ações.

Reconhecendo o território estadual como uma composição de regiões e municípios, as estratégias definidas para a coleta de informações consideraram a leitura e opiniões individuais dos gestores, coordenadores, técnicos e conselheiros (as) da Assistência Social no seu contexto territorial e a leitura coletiva sobre as demandas comuns numa visão mais ampla sobre o território. Para garantir a eficácia do estudo, foram trabalhados cuidadosamente na elaboração dos instrumentais os elementos geradores de coerência, em relação, aos objetivos propostos, na relação dos objetivos com a metodologia - técnicas aplicadas - e na relação dos indicadores com os objetivos e a flexibilidade frente ao acompanhamento sobre o desenvolvimento da proposta.

As etapas do Estudo se voltaram para a possibilidade de construir junto aos pesquisados3 a avaliação emancipatória, que se caracteriza por ser um processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade, visando transformá-la.

O interesse primordial dessa abordagem é emancipador, visando provocar a crítica que promove a libertação do sujeito de condicionamentos deterministas. O compromisso principal desta avaliação é fazer com que as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, numa ação, escrevam sua própria história e gerem suas próprias alternativas de mudança.

A avaliação emancipatória tem dois objetivos básicos: iluminar o caminho da transformação e beneficiar a escuta coletiva em termos de torná-las autodeterminantes. O primeiro objetivo indica que essa avaliação está comprometida com o futuro, com o que se pretende transformar, a partir do autoconhecimento crítico, do concreto, do real, que possibilita a clarificação de alternativas para a revisão desse real. O segundo objetivo

3 O termo “Pesquisado” utilizado, neste documento refere-se aos coordenadores, técnicos e conselheiros que responderam aos questionários e o termo “Entrevistados” aos gestores ou seus representantes que participaram dos grupos focais e responderam as entrevistas semi-estruturadas.

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“aposta” no valor emancipador dessa abordagem, para os agentes que integram determinada ação.

Os conceitos básicos envolvidos nessa proposta são: Emancipação, Decisão Democrática, Transformação e Crítica Educativa.

A EMANCIPAÇÃO prevê que a consciência crítica produza alternativas de solução e que estas, constituam-se em elementos de luta transformadora para os diferentes participantes da avaliação.

A DECISÃO DEMOCRÁTICA é compartilhada pelos atores que participam de uma determinada ação, contemplando todo o processo - conhecimento, compromisso, avaliação - alcançando, assim, elementos para decisão consciente.

A TRANSFORMAÇÃO diz respeito às alterações substanciais de uma ação, geradas coletivamente pelos atores envolvidos na mesma, com base na análise crítica. As transformações estarão necessariamente, em consonância com os compromissos sociais e políticos assumidos pelos participantes.

A CRÍTICA propõe uma análise valorativa das ações por cada um dos participantes – avaliadores – que atuam na implementação da PNAS/SUAS na Região. A função da crítica é educativa, formativa para quem dela participa e busca a reorientação das ações.

Três momentos caracterizam esta avaliação: o modelo de proteção previsto no SUAS; a crítica sobre a realidade para a implantação e implementação do modelo de proteção - capacidade técnica instalada; e a criação coletiva - a formulação de alternativas diante da realidade identificada como adversa ao modelo de proteção / SUAS e as necessidades da Região. Tomando como referência os marcos legais, esses momentos assumem a conotação da Crítica Institucional e Criação Coletiva. Esses não são momentos estanques, por vezes se interpenetram se constituído, em etapas de um mesmo e articulado movimento.

Os procedimentos de avaliação previstos por este paradigma, que se localiza dentre aqueles de abordagem qualitativa, caracterizam-se por métodos dialógicos e participantes; predomina o uso de entrevistas livres, debates, análise de depoimentos, observação participante e apreciação documental. Não são desprezados os dados quantitativos, porém, a ótica de análise é eminentemente qualitativa.

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2 – REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE: O QUE CARACTERIZA A ASSISTÊNCIA

SOCIAL NA REGIÃO4 “A falta de educação é o principal gerador da vulnerabilidade social, como também a crescente onda de violência, principalmente, contra crianças e adolescentes, associado à falta de perspectivas no futuro e negação do direito” 5.

O Índice de Desenvolvimento Humano - IDH da Região (0,783) é o mais elevado entre as Regiões de Desenvolvimento do Estado - RD’s, superior ao do Estado (0,705). Araçoiaba (0,637) e Ipojuca (0,658) apresentam os menores índices da RD. A RD concentra 42,1% da população de Pernambuco. Dos 3.337.565 habitantes, 96,9% estão na área urbana e 3,1% na área rural. Recife se destaca na Região com uma população urbana de mais de um milhão de habitantes e Araçoiaba com apenas 12.447. A população situada na faixa etária de 15 a 24 anos corresponde a 20,6% do total da RD, com 687.905 pessoas, e 41,7% da população desta faixa do Estado. Distribuindo a população por faixa etária, a Região Metropolitana do Recife - RMR apresenta os seguintes percentuais.6

A taxa de domicílios com abastecimento d’água inadequada da Região (4,6%) é a

menor entre as RD’s, e bem inferior, à de Pernambuco (17,0%). Araçoiaba (20,3%), São Lourenço da Mata (17,8%) e Ipojuca (16,2%) detêm as taxas mais elevadas. Paulista (1,8%) e Itapissuma (1,9%) as mais baixas.

No que se refere à taxa de domicílios com esgotamento sanitário inadequado da Região (50,6%) é inferior a de Pernambuco (56,2%) e uma das menores entre as RD’s. Itamaracá (97,3%) e Araçoiaba (95,5%) encontram-se entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado. Olinda (46,8%), Recife (41,9%), Paulista (32,0%) e Itapissuma (10,0%) detêm as taxas mais baixas da RD.

Com relação à taxa de mortalidade infantil da Região (22,4 por 1.000 nascidos vivos) é a menor entre as RD’s e inferior à de Pernambuco (29,8). Ipojuca (41,7), Araçoiaba (33,6) e Itapissuma (31,6) detêm as taxas mais elevadas. Igarassu (18,4) e Camaragibe (14,6) as mais baixas. 4 O texto reproduzido neste capítulo foi baseado nos dados do IBGE/2000. 5 Neste documento os trechos, sem referência bibliográfica entre aspas e em negrito, referem-se a depoimento registrado durante grupo focal realizado com gestores da RD. 6 Dados do site WWW.sigas.pe.gov.br

GRÁFICO 1 – FASES DA VIDA

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Em relação à saúde, a RD conta com 3.611 Agentes Comunitários de Saúde, para um teto de 8.467, o que representa uma boa cobertura. O Programa de Saúde da Família - PSF conta com 384 equipes, para um teto de 1.412, resultando numa cobertura satisfatória, com à exceção de Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Recife que apresentam uma cobertura ruim. As maiores incidências de agravos na RD são dengue, tuberculose e tétano acidental. Itamaracá, Camaragibe e Cabo de Santo Agostinho registram as maiores incidências de dengue; Itamaracá, Recife e Olinda, as de tuberculose; e Recife, São Lourenço da Mata e Paulista, as de tétano acidental.

A taxa de analfabetismo da Região (12,8%) é inferior à de Pernambuco (24,5%) e a mais baixa entre as RD’s. Na faixa etária de 15 a 24 anos essa taxa é de 5,9%, menos da metade da apresentada por Pernambuco (12,4%). Araçoiaba (19,4%) detém a pior taxa e Paulista (3,4%) a melhor.

Os índices de distorção idade-série no ensino fundamental (45,1%) e no ensino médio (64,0%) são inferiores aos do Estado (50,1% e 67,2%) respectivamente. Araçoiaba (58,5%) e São Lourenço da Mata (53,8%) detêm as taxas mais elevadas do ensino fundamental. Camaragibe (42,9%) e Paulista (42,9%) as mais baixas. Para o ensino médio, Itamaracá (77,0%) e Igarassú (76,8%) detêm as piores. Olinda (64,7%) e Recife (60,8%) as melhores. O percentual de chefes de domicílios com menos de 4 anos de estudo (28,0%) é inferior ao de Pernambuco (48,0%).

Os chefes de domicílios ganhando até um salário mínimo da Região (37,2%) é a

menor taxa entre as RD’s e inferior à do Estado (51,7%). Araçoiaba (65,1%), Itapissuma (58,8%), Moreno (58,2%), Ipojuca (55,5%) e Itamaracá (54,5%) detêm as piores taxas da Região. Paulista (32,1%) e Recife (27,4%) as melhores. Segundo dados do IBGE/2000, estima-se que 228.314 famílias vivam em situação de extrema pobreza, o que representa 43,8% de pessoas pobres na RD.

A taxa de mortalidade por homicídio da Região (70,1 por 100.000 habitantes) é a pior entre as RD’s e bem superior à do Estado (54,0). Olinda (103,0), Jaboatão dos Guararapes (83,2), São Lourenço da Mata (80,8), Recife (67,4), Ipojuca (65,8) e Cabo de Santo Agostinho (64,7) estão entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado. Igarassu (37,7) e Araçoiaba (33,1) detêm as melhores taxas da RD.

A Região de Desenvolvimento - RD ocupa posição geográfica estratégica e destaca-se pela sua base logística, a exemplo, do Complexo Industrial Portuário de SUAPE; do Aeroporto Internacional dos Guararapes e malhas rodoviária, metroviária e ferroviária; e pela densidade de recursos humanos qualificados, apresentando condições de competitividade e atratividade de investimentos para a dinamização da economia da Região atraídos, também, pela amplitude do mercado regional. Com economia diversificada, concentra a produção de bens e serviços de Pernambuco. Embora represente apenas 2,8% do território estadual, o Produto Interno Bruto – PIB da RD significa 68,0% do PIB estadual.

Quanto à ocupação da população economicamente ativa, quase 78 % encontram-se nos segmentos de comércio e serviços, precisamente nos estratos em que é mais forte a atividade informal. Esta informalidade dos agentes econômicos é um fator de baixa competitividade da economia regional, além de expressar uma grande precariedade das relações de trabalho, e, portanto, baixo rendimento e limitada arrecadação pública. A indústria de transformação ocupa algo próximo a 10% da PEA, a construção civil fica com

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pouco menos de 7%, ficando 1,1% na ocupação da mão-de-obra para outras atividades industriais. A atividade agropecuária tem uma presença insignificante na Região, apesar da existência de vários espaços rurais, representando apenas 1,0% do PIB.

No setor terciário, dominante na economia metropolitana, destacam-se como as atividades de maior dinamismo e potencialidade o turismo; o pólo médico e os serviços avançados vinculados à informática e consultoria, todos com participação crescente no PIB metropolitano. Os serviços modernos concentram-se no município do Recife, devido à maior disponibilidade de infra-estrutura econômica, de serviços de comunicação e de capital humano qualificado. Ao longo das duas últimas décadas, observa-se uma tendência de declínio da participação do município de Recife no total do produto regional, acompanhada do crescimento das economias do entorno imediato, num movimento claro de expansão da mancha urbana e industrial, ao mesmo tempo, em que se verifica maior dinamismo nas indústrias e setor terciário dos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Paulista, que vêm aumentando sua participação na economia metropolitana.

A RD apresenta inúmeras cadeias produtivas já consolidadas, destacando-se as relativas ao terciário moderno: turismo, ensino superior e pesquisas, serviços médicos especializados, tecnologia da informação, intermediação financeira, varejo moderno, serviços profissionais e de comunicação e publicidade. Em menor escala, as relacionadas ao segmento da indústria da transformação, como produtos alimentícios e bebidas, produtos têxteis e vestuário, movelaria e papel e papelão, e; ainda, as cadeias da indústria sulcroalcooleira e da avicultura.

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3 – O SUAS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE PERNAMBUCANO:

CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS SOBRE O MODELO DE PROTEÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

A lógica do modelo de Proteção Social que busca promover a universalização dos

direitos, atender os diferentes de forma especializada e fortalecer a família enquanto núcleo encontra na Região Metropolitana do Recife desafios que correspondem a conjuntura política, social e econômica que a cerca. Está no imaginário coletivo que é na Capital e/ou mais próxima a ela que se encontram as melhores estratégias de sobrevivência, as oportunidades de crescimento profissional e financeiro e a qualidade de vida que na maioria das vezes se traduz no acesso aos bens de consumo. Esses são motivos que alimentam o déficit social, pois a capacidade de oferta sempre está distante do conjunto de necessidades e demandas. Problemas sem resolutividade contagiam a população com descrédito, esses quase sempre relacionados a decisões políticas, que muitas vezes, transformam o pobre em pobreza, o carente em carências, o “miserável” em miséria, porém essa situação, sem dúvida não atinge apenas a RMR. Problemas urbanos estão presentes em municípios com alta densidade demográfica, onde nem sempre o desenvolvimento local se traduz em desenvolvimento humano.

“(...) No conjunto de demandas reprimidas destacamos: Educação para criticidade, papéis e competências dos conselheiros. Geração de renda - oportunidade de trabalho e permanência na vaga conquistada”. 7

Os sistemas planejados para minimizar as desigualdades e garantir direitos conquistados estão quase sempre na contra mão da história: a ausência de educação para a cidadania torna inviáveis processos democráticos que precisam, fundamentalmente, da participação consciente sobre a utilização dos recursos públicos em direção a garantia de direitos. O SUAS nasce com o propósito de rever essa lógica. Mas como fazer desse desafio uma prática? Como reordenar as prioridades e atingir resultados mais estruturadores? Como enfrentar a dinâmica frenética de uma população flutuante quase “sazonal” que exige freqüentes pactuações sobre a garantia dos serviços públicos? As respostas, possivelmente, levam a essência do modelo de proteção e dos seus eixos estruturantes e de como esses precisam ser enfrentados na RMR.

Com orçamento para atender a seus munícipes, a Assistência Social na Região Metropolitana, atende a população de grande parte do Estado. Por isso, as necessidades demandam decisões políticas intermunicipais; e à luz do Sistema Único de Saúde - SUS, provavelmente será indispensável organizar no Sistema Único de Assistência Social -

7Neste documento os trechos iniciados (...) são depoimentos dos gestores e/ou representantes da gestão da Assistência Social, registrados nas entrevistas semi-estruturadas.

“Somos forçados a começar constatando que o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda historia, é que os homens, devem estar em condições de viver para poder fazer história. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais”. (Marx e Engels)

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SUAS uma programação pactuada e integrada, mínima, para a proteção especial de média e alta complexidade. Ressalta-se, contudo que esse é um processo que não pode acontecer desconectado da proteção básica, do contrário poderá descaracterizar o modelo de proteção com ênfase para a vigilância e a matricialidade socioassistencial. Neste sentido, fazem-se imprescindíveis estratégias consorciadas e ações mais regionalizadas equilibrando, assim, os orçamentos municipais em relação as suas responsabilidades previstas na descentralização político-administrativa.

As situações de vulnerabilidade social que atingem as famílias estão relacionadas diretamente com os contextos social, político, cultural e econômico onde essas estão inseridas. Neste sentido, a implantação do SUAS na RMR exige uma revisão sobre concepção de desenvolvimento local, urbanização, democracia, identidade social, ou seja, relação de pertencimento, e estratégias de sobrevivência. O conjunto de necessidades apontadas revela a marginalização de grande parte da população residente e flutuante do acesso às Políticas públicas, com ênfase na Política habitacional e de emprego e renda. A ausência dessas políticas minimiza a formação integral do ser - estímulo à educação e saúde preventiva; e por conseqüência, acarretam graves problemas e fenômenos sociais, tais como: desemprego, fome, estratégias de sobrevivência; que ferem os princípios da dignidade humana e violência nas suas diversas faces. Diante do exposto, utilizando como referência os elementos já citados, é importante considerar:

Neste sentido, vale ressaltar que mais importante que o território são as pessoas,

pois essas se responsabilizam por sua construção ou destruição, depende de como estão e serão incluídas no processo.

A elaboração de um Plano Regional para implementação do SUAS possibilitará uma visão global do Estado. A vigilância socioassistencial sobre a RMR, que acolhe munícipes de todas as Regiões, permite uma leitura sobre os problemas intermunicipais,ou seja, a RMR, sem dúvida, pode se transformar num termômetro sobre as fragilidades das Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco.

O que torna o SUAS um Sistema Único? É possível desenvolver na RMR, ações regionalizadas? O que agrega os municípios enquanto RD? O que distancia os

municípios nas possibilidades para organização do SUAS? Quais as reais causas e conseqüências na implantação do Sistema Único de Assistência Social na RMR?

“Há necessidade da quebra do paradigma do isolamento com que a Assistência Social vem atuando, como única responsável em minimizar a pobreza. O novo paradigma é a universalização com articulação no atendimento aos usuários, é buscar a intersetorialidade como forma de marcar a especificidade da Política de Assistência Social”.

VALE À PENA REFLETIR:

Proteção Social sem democracia possivelmente ameace a cidadania; Identidade Social sem relação de pertencimento, provavelmente, se reduz a

agrupamento de pessoas; Desresponsabilização Social com certeza ameaça a descentralização

político-administrativa.

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Vale ressaltar que garantir transformações estruturadoras e avanços em relação às exigências regionais, deve provocar reflexões sobre posturas técnicas e políticas frente aos desafios de implantar um Sistema que interligue as ações em torno das famílias, promova a tomada de consciência, e consolide nas abordagens e na prática a Assistência Social como Política pública e direito de cidadania.

“(...) A inclusão do usuário nas ações apenas promove a inclusão nessas. As ações são elitistas. Se faz necessário pensar se é preciso mudar as ações ou a forma como elas são implantadas. A descentralização não deve ser só no nível da gestão, mas também, internamente na percepção dos limites e possibilidades no atendimento”. Diante do depoimento, observa-se que se espera das equipes um desempenho que promova a participação e contribua na desconstrução da lógica da “cupabilização” e/ou da tutela. A implantação e consolidação do SUAS depende de postura ética sobre as decisões e práticas que levem ao desenvolvimento humano, pois só esse pode assegurar o desenvolvimento local sustentável.

O SUAS apresenta no seu modelo de proteção a possibilidade de alcançar os diferentes sem isolá-los. A relação de pertencer e a identidade cidadã contribuem, significativamente, para implementação das ações. A proteção básica precisa cuidadosamente enfrentar as diferentes problemáticas que afetam o núcleo familiar e dificultam o exercício das funções e papéis sociais da família. O olhar sobre a vulnerabilidade precisa ser discutido e compreendido pelos membros da família.

A proteção especial desencadeia a busca por estratégias regional sobre a oferta de serviços especializados, ou seja, uma demanda mais política do que técnica, tais como: vencer barreiras partidárias e de competições intermunicipais; agregar forças contra problemas sem fronteiras - abandono humano, violência doméstica, exploração de mão-de-obra infantil, abuso e exploração sexual, uso de substâncias psicoativas, etc..

Os Centros de Referência da Assistência Social - CRAS nos territórios precisam promover condições para a vigilância socioassistencial, construindo diagnósticos e indicadores e projetando a atuação em Rede. Salienta-se que sem esse processo organizado, possivelmente os profissionais das equipes serão “laçados” pelas demandas se distanciando das reais necessidades. Esse é um problema que leva as equipes para a superfície distanciando-as das ações estruturadoras.

As decisões políticas caminham em direção as transformações desejadas?

As posturas técnicas condizem com a inclusão social? O que estamos de fato, trabalhando para a tomada de consciência dos usuários em relação a sua

participação nas decisões políticas? Há clareza sobre os projetos de vida das famílias? Ou os seus projetos são os nossos projetos?

As respostas poderão facilitar na identificação sobre as competências, compromissos, envolvimentos, responsabilidades, crenças, desejos e ética. Essas constatações, num exercício de autocrítica, e compondo processos de avaliação coletiva,

VALE À PENA REFLETIR:

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possivelmente, facilitem a relação entre causas e conseqüências. Esse é um movimento também de desconstrução sobre a lógica da benesse e da caridade. Mas onde está “cristalizada” essa lógica? Nas famílias? Nos técnicos e gestores? Todos esses compõem a sociedade. Portanto, depende dos que pensam diferente, a transformação social sobre os contextos de vulnerabilidades. O trabalho articulado e coletivo na perspectiva de um plano regional voltado para o modelo de proteção possibilitará, sem dúvida, a diminuição de índices que levam a família à proteção especial de média e alta complexidade. Enfatiza-se, porém que a implantação do SUAS traz também antigos fantasmas que assombram quem de fato luta por consolidar a PNAS/SUAS.

“(...) É preciso romper com o ciclo da exclusão. Muitas vezes os técnicos atendem as demandas para suprir suas próprias necessidades de ajudar. Há necessidade, constante, de preparar os profissionais para a prática, pois a academia não dá conta desta demanda. As equipes precisam avaliar e se auto-avaliar para poder traçar os caminhos em direção aos objetivos da PNAS”.

A Política é construída por pessoas e são essas as mais importantes ferramentas para a sua consolidação. O SUAS aponta uma série de possibilidades organizacionais que poderão impulsionar um movimento mais contínuo e estruturador, que de fato transforme realidades e promova a justiça social. Tomar essa direção é uma decisão política de gestores e técnicos. De posse dessas constatações sobre fragilidades e “fracassos” se faz necessário experimentar novos modelos de gestão e de metodologias que não venham de encontro as possibilidades apontadas pelo SUAS.

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4 – ESTUDO REGIONALIZADO: ANÁLISE PROPOSITIVA NA PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA CAPACITAÇÃO,

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO SOBRE AS AÇÕES E EQUIPES QUE ATUAM NA REGIÃO.

Na Região Metropolitana do Recife o Estudo - aplicação dos questionários - alcançou os seguintes percentuais sobre os segmentos que compuseram a amostra:

A equipe de pesquisados apresenta as seguintes características:

O índice de profissionais do sexo masculino atuando na Política de Assistência

Social já aponta para uma quebra de paradigma, onde cabe a mulher cuidar e o homem administrar e, em se tratando da Assistência Social, essa lógica perdurou por décadas estando, atualmente, em fase de revisão. Vale salientar que esse universo na sua maioria representa educadores sociais, monitores, oficineiros do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI ou conselheiros de Assistência Social. Ressalta-se, entretanto, que ainda é mínima a presença de homens como técnicos com formação superior em Serviço Social, Psicologia e Pedagogia.

SEGMENTO % Conselheiros Não-Governamentais 100 Coordenadores Proteção Básica 95 Coordenadores Proteção Especial 5 Técnicos de Proteção Básica 5 Técnicos da Proteção Especial 95

GRÁFICO 2 – SEXO

GRÁFICO 3 – FAIXA ETÁRIA

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No que se refere à idade, a maioria dos pesquisados 44% estão na faixa etária dos 31 aos 40 anos, ou seja, uma equipe que traz olhares de quatro décadas; ciclos de vida que receberam interferências dos momentos políticos, econômicos, sociais e culturais que compõem a história do povo brasileiro. Na Assistência Social, 34% dos pesquisados relatam ter experiência de até três anos e a maioria deles (41%) têm, também, até três anos de atuação na gestão pública municipal.

O tempo de atuação no município revela que um número significativo de

pesquisados compôs a equipe a partir da atual gestão. A falta de uma Política de Recursos Humanos nos municípios torna a precarização do vínculo algo “comum”, pois a cada mudança da gestão municipal, há uma alteração na composição da equipe. Um forte risco de estar realizando política de gestão e não política de Estado. Por outro lado, essas freqüentes alterações dos profissionais pesam sobre a continuidade das ações, serviços, programas e projetos sociais.

Com relação à escolaridade, a maioria dos pesquisados cursaram o terceiro grau - 69%; desses 25% são pós-graduado. Dos que cursaram o terceiro grau o curso de Serviço Social foi o mais contemplado no Estudo - 32%, seguido de Psicologia - 24%. Ressalta-se que a presença de psicólogos na área da Política de Assistência Social ainda é muito recente, assim, se faz necessário, também, aprofundar o papel deste técnico na equipe multiprofissional, evitando deste modo o atendimento clínico nas rotinas dos CRAS. Salienta-se que foi identificado um percentual de 13% de profissionais com outros cursos, que não correspondem às orientações da NOB-RH/SUAS – 2006 para a composição das equipes.

Na RMR, diferentemente de outras Regiões do Estado, registra-se um baixo

percentual de participação de pedagogos como pesquisados, apenas 8%. Avalia-se que isto ocorra, em virtude do número significativo de assistentes sociais e psicólogos

GRÁFICO 6 – ESCOLARIDADE GRÁFICO 7 – ÁREA DE FORMAÇÃO

GRÁFICO 4 – TEMPO DE ATUAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

GRÁFICO 5 – TEMPO QUE ATUA NO MUNICÍPIO NA GESTÃO PÚBLICA

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graduados na RD, provocando assim, no processo de seleção, uma preferência maior por esses profissionais.

Questionados sobre experiência em outra área, 55% afirmam que sim, desses, 22% atuaram na educação e 25% na saúde. Relacionando ao fato de ter tido experiência em outro campo de intervenção com a formação acadêmica, identificou-se que o percentual de participantes com experiência em educação é bem superior a formação nesta área. Apesar de possibilitar o exercício profissional nos espaços da Política de Assistência Social, os cursos na área de educação e psicologia não apresentam, em seu currículo, disciplinas que abordem, por exemplo, os marcos legais que regem as Políticas de interface dificultando, deste modo, a tão almejada intersetorialidade. Ou seja, a ausência da interdisciplinaridade e da transversalidade durante a formação acadêmica estreita o conhecimento e as reflexões sobre a sociedade onde os profissionais irão atuar.

Outro dado que caracteriza fortemente a amostra sobre o universo que atua na Assistência Social - gestão pública municipal - é o tipo de vínculo que os profissionais têm com o poder público.

A maioria dos pesquisados (50%) são prestadores de serviço, contratados com

tempo definido pela lei trabalhista, seguidos de voluntário e cargos comissionados com 20%, respectivamente e apenas 9% desses são concursados. O baixo percentual sobre concursados demonstra que na RMR, apesar dos recentes concursos8, o processo de consolidação da PAS, no que se refere, à seleção dos recursos humanos ainda caminha em passos lentos. A realidade revela, também, que será preciso um investimento maior dos gestores municipais em parceria com outros atores sociais, tais como: Legislativo, Ministério Público, por exemplo, para regulamentar a situação dos profissionais da Assistência Social, minimizando assim a rotatividade entre as equipes, o que ameaça fortemente as ações continuadas.

O percentual de voluntário (20%) corresponde à função de conselheiro, e o

entendimento desses sobre o voluntariado tem um peso diferenciado para cada pessoa e está diretamente relacionado à compreensão sobre a importância da função para a consolidação da democracia, a implementação das Políticas públicas e o exercício de cidadania plena, e na maioria das vezes é apreendido como ação sem “compromisso” formal, o que nos leva a refletir: É possível organizar o voluntariado evitando assim o

8 Municípios que realizaram concursos: Recife, Olinda, Abreu e Lima.

GRÁFICO 8 - VÍNCULO EMPREGATÍCIO

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espontaneísmo e o improviso? Quais as atividades que podem ser realizadas por voluntários sem ter “quebra” de rotina?

A disponibilidade oficial da carga horária de trabalho identificada é de 30 horas

semanais para 36% dos pesquisados. Ressalta-se que este percentual de disponibilidade de tempo dos profissionais da Região Metropolitana é o maior em relação aos pesquisados das outras Regiões de Desenvolvimento. O tempo disponível, com certeza, traz muitas possibilidades para a organização dos serviços. É possível que esse dado esteja agregado aos salários, às condições de trabalho e a probabilidade de se ter uma equipe que não esteja assoberbada de responsabilidades extras na gestão municipal. Salienta-se que apenas 22% assumem outra função no município que atua.

Quanto à participação em capacitações, 46% dos pesquisados participou de até

cinco momentos, possivelmente, esses espaços de formação/aprendizado realizados no período, contemplaram os marcos legais e a PNAS/SUAS. No entanto, foi observado, a partir das contribuições dadas pelos participantes do Estudo, que alguns conteúdos precisam ser aprofundados e enriquecidos com exemplos práticos que compõem a vivência das equipes no cotidiano.

No decorrer do Estudo serão trabalhadas as informações coletadas e análises sobre os conhecimentos dos pesquisados no campo da FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL, DO PLANEJAMENTO SOBRE A ATUAÇÃO FRENTE ÀS NECESSIDADES, DA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES: DEMANDAS X OFERTAS E SOBRE AS QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL / SUAS.

4.1. - FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL: MARCOS LEGAIS QUE

REGEM A PNAS - CONCEPÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA SOCIAL, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

Nos quinze anos da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS foram travadas

batalhas para estruturar a Política Nacional de Assistência Social - PNAS. No conjunto de acontecimentos que marcam essa história, algumas vezes, a conjuntura levou o movimento ao refluxo. No entanto, um grupo de militantes que defendem a Assistência Social enquanto Política pública esteve sempre levantando as bandeiras pela ética na decisão política e na prática técnica. Apesar de próximos, alguns discursos se diferenciam na concepção da Assistência e, conseqüentemente, na forma de planejar e de desenvolver ações frente aos desafios tornando-as de fato estruturadoras e inclusivas.

GRÁFICO 9 – CARGA HORÁRIA SEMANAL

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No universo de pesquisados, 62% conceituam Assistência Social como Política pública com vistas à contribuição para a inclusão social e 46% reconhece a LOAS como o marco legal que regulamenta a PNAS. Baseando-se nestes dados, ao se comparar o percentual dos pesquisados que distingui a Assistência Social como Política em relação aos que citam a LOAS como instrumento que regulamenta, observa-se que alguns dos pesquisados que mencionam a Lei não compreendem a Assistência como Política pública; ou seja, nem sempre conhecer é saber. Possivelmente, há um conhecimento, mas não há uma conexão sobre o que de fato transforma ações sociais em Políticas, já o que a torna pública são os seus parâmetros de funcionamento, que contempla desde o financiamento até a avaliação sobre as atuações. Os critérios para seleção dos usuários, por exemplo, está também regulamentado, neste sentido, não considerar e/ou desconhecer a “legalidade” da PNAS abre brechas para a implementação sem critérios inclusivos.

Dos princípios democráticos que regem a Política de Assistência Social - PAS foi dado, nesse Estudo, ênfase ao da universalização de direitos. A opção por esse destaque está relacionada ao campo estratégico desse princípio que provoca a intersetorialidade, revisão sobre necessidades, demandas e ofertas para a igualdade no acesso, respeito à dignidade provocando exigências concretas sobre a divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais. Assim, a universalização de direitos como princípio básico da Assistência Social é apontado por 41% dos pesquisados. Possivelmente os mesmos que reconhecem a PAS como Política pública que contribui para a inclusão social.

Por outro lado, o conceito da Assistência Social como o suprimento das necessidades básicas mencionado por 53% dos pesquisados, sem a universalização dos direitos, provavelmente, reduz as ações de Assistência Social em intervenções emergenciais, sem impacto sobre a socialização e inclusão social. Dos pesquisados, 19%9 não sabe definir o princípio básico da Assistência Social, deste modo, essa percentagem revela o universo dos que, possivelmente, desenvolvem ações sem relacioná-las a missão da Assistência Social.

9 Percentual adquirido com a soma dos que não sabe – 13%, com os que apontaram outras respostas – 6%.

VALE A PENA REFLETIR: Até que ponto o nosso campo de conhecimento contribui para a nossa

capacidade de produção de reflexões e saberes que conduzam as nossas práticas para o processo de inclusão social?

GRÁFICO 10 – PRÍNCIPIO BÁSICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

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“(...) Apesar de todos os esforços, ainda existe uma superposição de ações, o que dificulta o desenvolvimento do trabalho. Há uma dificuldade de entendimento sobre a promoção da inclusão social feita de uma forma integrada por todas as políticas setoriais”. “(...) Com a implementação da PNAS, a matricialidade sociofamiliar passou a ser trabalhada por todas as equipes e em todos os níveis de proteção. As ações e atividades focalizam as famílias e não só os indivíduos. Existe um esforço feito pela gestão em articular com as demais políticas setoriais para que o atendimento aos núcleos familiares seja feito de forma integrada, garantindo a intersetorialidade das ações”. “(...) O que impossibilita a conquista dos portadores de deficiência é o atendimento direcionado a sua formação. Precisamos promover mecanismos que favoreçam a inclusão”. “(...) O trabalho feito junto aos idosos resgata a sua condição e história - na sua maioria, cortadores de cana. Neste sentido, promovemos a universalização dos direitos. Idosos que querem aprender a ler aos 96 anos”.

A universalização dos direitos deve resultar, sobretudo, do exercício de cidadania,

da compreensão dos usuários sobre a necessidade de se estabelecer com os serviços públicos uma relação de controle social; onde a reivindicação permanente pelo acesso aos direitos garantidos provocará maior empenho sobre a garantia desses. Por outro lado, a consciência de cidadania é um pré-requisito para todos que vivem em sociedade, e segmentá-la conforme as demandas de classes sociais é não se sentir parte integrante dessa sociedade onde todos recebem a interferência das desigualdades sociais. Neste sentido, cabe aos profissionais enxergar o cidadão com fragilidades e potencialidades e não simplesmente deixar que o problema o caracterize.

As dificuldades em tornar as Políticas sociais em instrumentos de justiça social

estão pautadas, também, no modelo de gestão pública que aproxime os movimentos em um só caminho: inclusão social. Ressalta-se, porém, que esse não deve ser um movimento pela determinação e sim pelo compromisso e pela ética. As prioridades estabelecidas nos Planos de governos e nos Planos Plurianuais - PPA precisam sair do papel e tornarem-se vivas nos planos de ação e na hierarquização de demandas. O comprometimento sobre a intersetorialidade que pode gerar a universalização de direitos não deve representar casos isolados, sem planejamento estratégico, acompanhamento e avaliação. Tudo isso com base em indicadores sociais previamente definidos a partir do diagnóstico sobre a realidade do município/Região.

“Os usuários foram condicionados a buscarem soluções imediatistas/emergenciais das suas necessidades”.

Ações emergenciais voltadas para suprir necessidades permanentes devem se

transformar em estratégias para ações mais estruturadoras.

QUAL O ENTENDIMENTO QUE OS GESTORES OU SEUS REPRESENTANTES, DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, TÊM

SOBRE A UNIVERSALIZAÇÃO DE DIREITOS?

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“(...) As ações das equipes em relação às famílias não acompanham as novas demandas, advindas do movimento da sociedade em torno das perspectivas econômicas”.

Os depoimentos acima abrem um campo de análise sobre o que de fato é núcleo específico da Assistência Social. Os aspectos econômicos, na maioria das vezes, interpretados como campo para geração de renda e de sobrevivência, não alcança a dimensão mais ampla sobre o que de fato impulsiona o econômico dentro do social. A economia no Sistema Capitalista, gira em torno do ter, da aquisição de bens e consumo e da construção de reserva financeira, quase sempre sob a ótica da exploração e estimulam valores que fortalecem a disputa sobre conquistas individuais e enfraquecem as lutas sociais coletivas. Neste sentido as perspectivas econômicas caminham em paralelo com o empoderamento das pessoas para o exercício de cidadania, da reflexão sobre as riquezas coletivas, sobre como essas são transformadas em Políticas públicas. Essa é a uma importante demanda que cabe às equipes que implementam a Assistência Social: construir com as famílias um caminho de reflexões sobre a realidade, possibilitando o reconhecimento sobre o que de concreto gera economia no Sistema Capitalista e quem de fato lucra nesse processo.

Entretanto, essa discussão deve transversalizar outras áreas, pois é a Política econômica que dá o ritmo de desenvolvimento de um território. A produção de riquezas, vista no contexto da família, está para a produção de estratégias de sobrevivência. Essa, sem dúvida, deve ser abordada e encaminhada para além dos limites da Assistência Social, para atingir outras áreas, outras equipes e outros cenários públicos provocando a intersetorialidade. Cabe, portanto, às equipes se abastecer de informações que permitam um diagnóstico sobre potencialidades das famílias na produção de estratégias de sobrevivências, e possibilidades no território para o desenvolvimento dessas, de forma estruturadora. Nesse processo cabe ao Estado garantir condições básicas para a universalização de direitos - educação, saúde, segurança pública, etc., cabe às equipes atualizarem as abordagens e promoverem as reflexões e vivências, e espera-se que os usuários de posse das informações sejam estimulados a assumir o controle de qualidade sobre o processo.

SOBRE RESPALDO LEGAL.... “(...) Houve um aprofundamento na normatização vigente, possibilitando diretrizes para a implementação da Política de Assistência Social”. “(...) A partir das determinações/orientações presentes na PNAS e SUAS a Assistência Social tem se desenvolvido como veículo de promoção de direito. Com a descentralização as ações deixaram de ser realizadas como política partidária, passando a ser uma política assistencial. O atendimento vem sendo realizado de forma paritária: governo – município – Estado, facilitando assim a garantia e efetivação do direito a cidadania”. “(...) O processo de descentralização trouxe mais autonomia e responsabilidade para o município. Sendo necessário mais recursos financeiros, com mais liberdade de aplicação”.

QUAL O ENTENDIMENTO QUE GESTORES DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE TÊM SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO

POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL?

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SOBRE PAPÉIS E COMPETÊNCIAS... “(...) Proporcionou mais clareza em relação aos papéis dos três poderes. Pôde perceber também o papel importante da CIB como ferramenta de pactuação. Após a descentralização houve um volume maior de atendimento, porém as atividades continuaram sendo as mesmas”. “(...) Trouxe muita responsabilidade e ainda conta com pouco apoio técnico e financeiro”. “(...) Tem favorecido a atuação na Assistência Social, no entanto, essa é uma prática que está ainda no início precisando, portanto, ser ainda fortalecida”.

SOBRE DESBUROCRATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES COM ÊNFASE NO REPASSE DE RECURSOS...

“(...) O repasse de fundo-a-fundo facilitou o desenvolvimento das atividades”. “(...) Hoje existe uma parceira entre os entes federados. Ajudou no entrosamento”. “(...) Melhorou muito, pois o município tem mais autonomia em relação aos recursos financeiros”.

SOBRE A AUTONOMIA NA GESTÃO MUNICIPAL... “(...) Há respeito às diferentes realidades dos municípios, o que vem fortalecendo a autonomia”. “(...) O processo de descentralização gerou a integração entre as esferas de poder e facilitou, também, o monitoramento sobre os investimentos; ou seja, facilitou o acesso, principalmente, no campo da comunicação direta junto ao governo federal. Isto fortaleceu a autonomia dos municípios e diminuiu a “burocracia”. De certa forma, os municípios se sentem mais privilegiados”.

SOBRE O QUE ALCANÇA O MODELO DE GESTÃO LOCAL E A REPERCUSSÃO NAS PRÁTICAS DAS EQUIPES...

“(...) Após o SUAS o gestor passou a ter uma nova visão na forma de atuação. As ações eram desenvolvidas na secretaria – centralizada”. “(...) O próprio SUAS promove essa descentralização, potencializando o atendimento aos beneficiários”.

SOBRE O QUE PROMOVE UMA VISÃO AMPLA EM RELAÇÃO À GESTÃO E, CONSEQÜENTEMENTE, SOBRE A POSSIBILIDADE DE SE DESENVOLVER A INTERSETORILIADADE...

“(...) Com a descentralização houve, ganhos para a atuação da Política de Assistência. As secretarias estão articuladas e atuando em parceria para o desenvolvimento das ações”. “(...) O processo de descentralização político-administrativa é primordial para a implementação da PNAS, as ações passaram a serem realizadas de forma articulada, descentralizadas e participativas. A descentralização e a intersetorialidade caminham juntas, objetivando promover a inclusão social”.

Os depoimentos revelam que na Região Metropolitana, as opiniões comuns sobre a descentralização estão relacionadas à ampliação da autonomia sobre a gestão dos recursos. Observa-se também, a existência de certa confusão sobre conceito de descentralização político-administrativa, pois algumas declarações estão mais relacionadas com o modelo de proteção do SUAS no que se refere à territorialização.

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Vale salientar, que nas Regiões mais distantes a comunicação junto à gestão Estadual surge como negativa e dificultadora da articulação necessária. O co-financiamento, do mesmo modo, recebe críticas no tocante aos critérios que uniformiza as situações, chegando a desconsiderar as realidades de cada RD. A diferença em relação à RMR, no que se refere à avaliação sobre a comunicação e o co-financiamento, atribui-se a facilidade de acesso à gestão Estadual. Essa facilidade ocorre em virtude da localização dos municípios e a possibilidade de participar, mais ativamente, dos fóruns de pactuação que normalmente acontecem na Capital do Estado, ou seja, em Recife através da Comissão Intergestora Bipartite – CIB.

Neste sentido, os aspectos que devem ser considerados pela gestão Estadual no

processo de Regionalização da Assistência Social, revendo os critérios para escolha dos locais onde são realizadas as reuniões e metodologia que permita a ampliação da participação. Assim, sugere-se que as reuniões da CIB, por exemplo, sejam descentralizadas nas RD’s, o mesmo podendo acontecer com as reuniões do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS. É preciso, ainda, registrar que a descentralização, do ponto de vista gerencial, pode ser reconhecida como “nova” e inovadora, mas ao mesmo tempo “antiga” se comparado às reivindicações municipais.

Vale ressaltar que a preparação dos municípios para integrarem o processo de

descentralização está, principalmente, na organização do orçamento e outros pré-requisitos indispensáveis para a implantação de Políticas públicas. A participação do Estado e da União é fundamental, contudo não tira do município a responsabilidade sobre a organização local. Não cabe ao Estado, por exemplo, executar ações de atendimento direto aos munícipes, essa é papel do município, que deve gerir os recursos de forma eficiente e eficaz no intuito da efetividade das ações, ou seja, uma atividade de co-responsabilidade, onde os governos Federal e Estadual são coadjuvantes. A (des) responsabilização de uma das esferas de governo, sem dúvida, põe em risco esse processo e ameaça a qualidade das ações. O monitoramento e a capacitação técnica são importantes contribuições da gestão Estadual, e essas, por sua vez, devem acontecer a partir de estudos e análises onde a postura gerencial promova o protagonismo dos municípios.

Os municípios devem indicar através de seus Planos as necessidades, demandas,

fragilidades e potencialidades devendo o Estado se posicionar de forma direcionada. Falhas na comunicação e distanciamento da gestão Estadual são pontos de estrangulamento que entravam à descentralização político-administrativa. A co-responsabilidade das três esferas de governo sobre a Assistência Social a nível local, precisa ultrapassar a culpabilização em relação aos resultados inadequados e alcançar a responsabilização sobre todo processo. A diretriz para a implantação de uma Política pública deve estar condizente com seus princípios.

A descentralização altera relações à medida que garante “autonomia”, mas exige

em contrapartida comprovação sobre capacidade gerencial: Plano Municipal elaborado, Conselho e Fundo Municipal de Assistência Social - FMAS implantado e funcionando. Ao mesmo tempo, cada exigência revela as características do município, a capacidade de organização de seu povo, o compromisso do gestor e dos órgãos de controle social sobre as Políticas sociais. É comum, o processo de descentralização ser interpretado como procedimento de co-financiamento sobre a Política local, e isso também pode ser identificado nos depoimentos dos gestores. É importante reconhecer a descentralização

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político-administrativa como diretriz que tem o propósito de organizar a PNAS e, neste sentido, os recursos são fundamentais.

Vale salientar, no entanto que todas as recomendações para o processo de

descentralização se voltam para a construção de um Sistema que de fato correspondam às realidades locais. O co-financiamento deve ser conseqüência dessa elaboração que tem vários protagonistas, alguns que ainda desconhecem o papel que deve assumir no cenário Municipal, Estadual e/ou Federal. Tomando como referência as exigências para a descentralização, avaliou-se nesse Estudo o conhecimento dos pesquisados sobre o Plano Municipal de Assistência Social - PMAS, sobre o Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS e sobre o Fundo Municipal de Assistência Social - FMAS.

4.2. PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PMAS

“(...) Existe no município um percentual previsto para a Assistência Social. O plano foi elaborado. O CMAS acompanha e delibera. A gestão do fundo está sob responsabilidade do prefeito/ secretaria de finanças”.

É possível, no depoimento acima, identificar no processo o modelo de gestão

participativo e democrático definido pela descentralização político-administrativa. Nesse procedimento, o documento “referência” que direciona a Política a nível local, é o PMAS, todavia, nem todos os gestores reconhecem essa lógica na prática. Para alguns gestores o Plano se reduz a uma série de exigências e é elaborado para responder a essas. Sendo assim, provavelmente não está sendo utilizado como referência para o planejamento, o que por conseqüência, compreende o co-financiamento como contrapartida para ações pontuais, descaracterizando, assim a Assistência Social enquanto Política pública de ação continuada.

“(...) Os recursos advindos do governo Federal aliado à contrapartida do município tem suprido as necessidades e viabilizado o desenvolvimento das ações”. “(...) O co-financiamento precisa ser mais flexível, mas com direcionamento. Investir mais na formação de equipes”.

A flexibilidade não está no co-financiamento e sim no planejamento, que diante dos registros sobre o acompanhamento, provoca revisão sobre as demandas e, conseqüentemente, altera a estimativa orçamentária. A rigidez no orçamento inviabiliza, com certeza, o desenvolvimento das ações e põe em risco a implementação da Política. A burocracia não pode ser um dificultador do acesso aos serviços. Os recursos públicos precisam ser bem administrados, entretanto isso não pode ser sinônimo de excesso de implicações legais. Por outro lado, a condução na utilização sobre os recursos tem ligação direta com a administração técnica e o monitoramento sobre os indicadores sociais. É importante perceber que o Plano não deve se voltar, unicamente, para o orçamento, sendo este uma conseqüência do diagnóstico social e da vigilância socioassistencial.

Vale enfatizar que o Plano Municipal de Assistência Social precisa nascer das

necessidades, crescer com a tomada de consciência e se consolidar com decisões Políticas, compromissos e responsabilidades de todos os envolvidos com a implementação das ações.

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Os Planos Municipais de Assistência Social compreendem a realidade dos municípios, revelam as situações de vulnerabilidade e expõe os indicadores

sociais? Os Planos são documentos bem escritos e/ou bem elaborados? Os PMAS’s são considerados no processo de planejamento e captação de

recursos?

Dos pesquisados, 32% citam o Plano Municipal de Assistência Social, como documento que instrumentaliza e fundamenta os conselhos para deliberar sobre a PAS a nível local. Provocados, sobre o planejamento da Assistência Social, nenhum dos gestores entrevistados fizeram a conexão do planejamento com o PMAS ou mesmo com as deliberações da Conferência. É preciso aprofundar essa discussão de uma forma prática que promova tomada de consciência e aplicabilidade.

A obrigatoriedade sobre a elaboração, muitas vezes, descaracteriza a realidade e distancia a escrita do cotidiano. Dos pesquisados, 32% não sabem o que de fato fundamenta o desenvolvimento da Política de Assistência Social a nível local. Por outra via, é preocupante o percentual significativo de pesquisados (50%) que desconhecem a existência do documento que organiza a PNAS a nível municipal.

O PMAS continua sendo uma importante requisição para o processo de

descentralização, porém com a possibilidade dos municípios apresentarem o Plano diretamente ao governo Federal, a Comissão Intergestora Bipartite – CIB /PE não tem recebido esses documentos, que são fundamentais para o processo de estudo que antecede a pactuação sobre os recursos direcionados à Assistência Social. Assim, entende-se que não só os municípios estão atuando sem um diagnóstico e análise de conjuntura, esse também é um problema para a gestão Estadual resolver.

É possível reconhecer a formulação como avanço do processo de descentralização político-administrativa? As exigências para a descentralização correspondem à capacidade técnica instalada? Qual o caminho a ser percorrido na tentativa de

erradicar as dificuldades? Quais os protagonistas nesse cenário?

4.3. CONTROLE SOCIAL: CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CMAS

No intuito de conhecer o entendimento sobre controle social, os gestores da RMR,

foram provocados a conceituarem Controle Social, onde deram as seguintes contribuições para o Estudo:

“Participação da sociedade na formulação e revisão das regras que conduzem a negociação e arbitragem sobre os interesses em jogo, além do acompanhamento da implementação daquelas decisões segundo critérios pactuados.” RAQUEL RAICHELLIS, Serviço Social e Sociedade nº 56 -1998

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SOBRE A IDENTIDADE DOS ÓRGÃOS...

“(...) A SMAS realiza o controle social a partir dos dados advindos dos conselhos e demais setores: saúde e educação”.

SOBRE A COMPOSIÇÃO... “(...) Todos os conselhos estão constituídos. Hoje a parte governamental é mais participativa, existe uma preocupação maior em indicar representantes que estejam mais engajados”. “(...) As entidades estão sendo regulamentadas e demonstra interesse em participar de forma integrada”. “(...) O conselho é atuante e com forte representação da sociedade civil, destaca que toda área governamental está representada e é participativa”.

SOBRE O FUNCIONAMENTO... “(...) Tem se desenvolvido através das reuniões realizadas com os conselhos e todos os que compõem a Rede de assistência”. “(...) Considera os conselhos atuantes, porém necessitando aprofundar melhor o seu papel e a sua capacidade técnica para elaboração de projetos”. “(...) Hoje existe maior organização dos conselhos. Porém há claramente a necessidade de capacitação dos conselheiros sobre seu papel e estratégias de atuação”. “(...) O controle tem sido feito através do monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas pelos CRAS e CREAS”.

SOBRE A IMPORTÂNCIA... “(...) O controle social estabelece novas formas de relacionamento entre o governo e a sociedade civil”.

SOBRE AS FRAGILIDADES... “(...) Os conselheiros não-governamentais na sua grande maioria participam de mais de um conselho. A participação comunitária é muito mais voltada à política partidária que a política social”. “(...) Os conselhos têm um papel fundamental, porém falta conhecimento aos membros dos conselhos. Muitas vezes fazem críticas que não são fundamentadas por não terem conhecimentos sobre o SUAS, a PNAS e o ECA”. “(...) Os conselhos setoriais estão instalados, porém percebesse a necessidade de constantes estímulos para uma participação mais efetiva. Ainda desconhecem o seu papel e precisam de capacitação”.

SUGESTÕES... “(...) Precisa ampliar investimentos em capacitação e divulgar junto à sociedade os órgãos de controle social”. “(...) O CMAS precisa investir na tomada de consciência de seus membros no que se refere à coletividade”.

É comum nos depoimentos o reconhecimento sobre a necessidade de capacitação para os conselheiros, inclusive, no que se refere ao papel e competência desses para o estabelecimento do controle social sobre a Política de Assistência Social. Outro destaque relevante é a importância expressa sobre a publicização do controle social junto às famílias, ou seja, essa questão é um tema de interfaces que deve ser

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abordado nas atividades socioeducativas, por exemplo. A participação das famílias gera subsídios para a implementação das ações para que o conselho avalie e delibere sobre a Política e, ao mesmo tempo, se revigore a partir de novos “atores sociais”, e esta, também, é a opinião dos gestores. O registro sobre a participação da mesma pessoa em vários conselhos tem sido comum nesse Estudo, no entanto, essa constatação abre hipóteses que deve gerar novos estudos para aprofundar o funcionamento do conselho, tais como:

O perfil “ideal” do conselheiro - o que é possível construir coletivamente no processo de capacitação, o que é preciso monitorar na atuação;

Critérios de escolha/indicação - como as situações de vulnerabilidade social estão sendo contempladas durante a seleção dos conselheiros;

Comparecimento x participação ativa ou passiva - pontualidade no cumprimento dos compromissos e responsabilidade de se envolver nos processos com críticas e proposições;

Atuação das equipes na perspectiva de formação de novos conselheiros - informação x formação, temas e conteúdos trabalhados e a oportunidade para vivenciar as discussões.

Os conselhos municipais são avaliados pela maioria dos gestores como atuantes,

mas a participação dos cidadãos é fundamental para dar vida ao controle social. Essa se dá também no momento da eleição dos representantes do poder legislativo, no período de provocação do Ministério Público e na ocasião que participam diretamente, ou através dos seus representantes, nos espaços de discussão e de deliberação - fóruns, conselhos e Conferências. No entanto, é preciso compreender que esses ambientes são espaços da democracia representativa, e se os cidadãos não se organizam para ocupá-los através dos seus representantes, possivelmente, o campo da deliberação ficará “vazio” e sem respaldo da sociedade. Portanto, o controle social não deve ser entendido, apenas, pelo conselho. O conhecimento precisar circular como uma ferramenta para consolidar a democracia: sem informação não é possível conhecer, refletir e qualificar a participação.

Na Região Metropolitana, 22% dos pesquisados não sabe definir controle social.

Verificando o entendimento específico dos conselheiros pesquisados, o percentual de desconhecimento sobre a definição sobe para 26%.

GRÁFICO 11 – DEFINIÇÃO DE CONTROLE SOCIAL

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Com relação à principal função do conselho, órgão reconhecido pela maioria dos

pesquisados como responsável pelo controle social, foi mencionado a fiscalização por 41% dos pesquisados. Verificando a mesma questão junto aos conselheiros, o percentual que tem esta opinião aumenta para 60%. Entende-se a partir dessa concepção que os relatórios apresentados pelas equipes para facilitar a atuação do conselho direciona o olhar para a fiscalização sobre o cumprimento de metas e utilização dos recursos. Espera-se que a avaliação sobre a qualidade esteja contemplada nesses relatórios e, conseqüentemente, os resultados e impactos da intervenção sobre a realidade, pois nem sempre atingir metas se traduz em alcance de objetivos. Entretanto, um baixo percentual reconhece a deliberação como principal função dos conselheiros, e a desconsideração sobre a aprovação de prestação de contas neutraliza a fiscalização tornando-a uma atividade sem referência.

A fiscalização sobre a utilização dos recursos deve alcançar os resultados, conferir se os objetivos foram atingidos e se provocaram impactos sobre o objeto da intervenção. Quando isso não é possível, aumenta a possibilidade de desperdício de recursos em ações superficiais que podem não alterar a realidade. Cabe às equipes realizarem acompanhamentos e sistematização, facilitando assim as análises sobre as ações em fase de implementação e/ou já desenvolvidas.

O exercício do Conselho de Assistência Social ultrapassa a dimensão financeira. Além de fiscalizar, o CMAS deve propor, acompanhar, participar, conjuntamente, dos critérios de formulação das Políticas públicas, as estratégias de viabilização dessas Políticas; enfim, ter acesso à construção desse processo.

Desconhecendo papéis e competências, qual o respaldo que o CMAS está garantindo aos gestores da RMR no processo de descentralização político-

administrativa? Existe autonomia sem conhecimento? Fiscaliza-se o que não se delibera e não se aprova?

A grande expectativa dos pesquisados em relação ao conselho é que os seus

membros consigam fiscalizar as ações e serviços, mas 53% dos conselheiros pesquisados desconhecem a existência do PMAS que fundamentam a atuação desses no pleno.

GRÁFICO 12 – PRINCIPAL TAREFA DAS PESSOAS QUE COMPÕEM O CONTROLE SOCIAL

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O baixo percentual sobre os pesquisados que identificam a deliberação como

principal tarefa dos conselheiros, está relacionado aos que não sabem as fontes de informações que dão base para a atuação dos conselheiros - 50%. Entende-se que a atuação dos conselhos acontece de forma fragmentada; direcionada por pautas que nem sempre contemplam o PMAS, as deliberações das Conferências e o que está previsto no orçamento para a Assistência Social. Percebe-se que na RMR o Plano de Assistência Social, não vem recebendo, na prática das equipes, dos conselheiros e gestores o destaque esperado. Sem fundamentação, a atuação dos atores sociais, apesar de muitas vezes intensa, possivelmente fique desconectada do propósito da Política de Assistência Social.

4.4. FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - FMAS

“(...) Existe pouquíssimo repasse de recursos para o município, dificultando a implementação das ações”. “(...) O município tem atuado com sua contrapartida para o financiamento das ações recebendo também recursos do governo Federal, o qual está defasado não conseguindo suprir as reais necessidades do município”. “(...) O co-financiamento tem si dado através do repasse de recursos federais e municipais. Existe pouquíssimo repasse de recursos para o município, dificultando as implementações das ações”. “(...) O co-financiamento, a partir do SUAS, passou a ser construído com maior solidez e em maior consonância com a realidade de cada município”.

Questionados sobre o processo de financiamento das ações da Assistência Social

93% dos pesquisados citam as esferas de governo, mas não citam o Fundo. Sendo esta uma interpretação dos pesquisadores mais próxima das opções de respostas do questionário10 aplicado.

Neste sentido, ressalta-se que não é seguro afirmar que há conhecimento sobre a existência do Fundo, nem tampouco a consciência sobre a sua importância para a consolidação da Política pública de uma forma democrática. Ainda há duvidas sobre o tema, mas essas não são significativas nas falas e solicitações dos participantes do Estudo. Os gestores ao se referir ao co-financiamento não mencionam em seus depoimentos o Fundo.

“(...) A maioria dos recursos é proveniente do governo Federal. O município investe 18% anualmente. O Estado há dois anos não investia recursos, este ano retornou o investimento com o co-financiamento para implantação do 4º CRAS”. “(...) Acontece através das três esferas do governo e das articulações com instituições privadas”. 10 Modelo em anexo.

“Os fundos são contas orçamentárias especiais criadas por lei, com o objetivo de promover o controle da entrada de recursos para determinada finalidade e a sua saída para determinado fim”. ORÇAMENTO PÚBLICO ENTENDENDO TUDO – P.22 - UNICEF

GOVERNO FEDERAL E/OU ESTADUAL PARA O MUNICÍPIO = FUNDO A FUNDO

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Nos depoimentos dos gestores ficou evidente o conhecimento sobre a existência dos recursos, mas ainda existem dúvidas em relação a quem delibera sobre esses. Os pesquisados, ao responderem os questionários, também demonstraram desconhecimento sobre quem de fato tem a responsabilidade de deliberar sobre os recursos, apenas 5% citou o CMAS. Alguns entrevistados interpretam a contrapartida como um co-financiamento. Outros argumentam que o município assume algumas responsabilidades no financiamento. Salienta-se que há gestores que têm acúmulo de informação sobre a gestão financeira e o FMAS, no entanto, como já foi citado nesse Estudo, esta não é uma realidade comum na Região.

Vale lembrar que uma Política pública deve estar contemplada no orçamento, pois a ausência de previsão orçamentária a reduz em ações pontuais e descontínuas. Para gerir recursos públicos se faz necessário conhecer as necessidades sociais. Por outro lado, para deliberar sobre os recursos é preciso conhecer e avaliar a melhor estratégia para os encaminhamentos. A intersetorialidade é também uma “exigência” para que o processo de deliberação sobre o montante disponibilizado no Fundo alcance a maior cobertura. Nesse sentido, não basta conhecer apenas o orçamento previsto para a Assistência Social, é preciso ter como ferramenta de trabalho o Plano Plurianual - PPA e a Lei Orçamentária Anual – LOA. Enfatiza-se, porém, que dos pesquisados apenas 1% citaram como fundamentação para o controle social se estabelecer o PPA e a LOA.

A cobertura sobre as necessidades e demandas deve está detalhadamente apresentada no Plano Municipal de Assistência Social; a área de abrangência, a hierarquização de demandas e outros pontos importantes do diagnóstico precisam justificar os investimentos direcionados. Não havendo um estudo prévio, um diagnóstico social, amplia-se os riscos sobre a pulverização de recursos e a atuação superficial. O Fundo é conseqüência do Plano e o Controle Social por sua vez, delibera sobre os dois - Plano e Fundo.

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5. SUAS: EXIGÊNCIAS PARA CONSOLIDAR O MODELO DE PROTEÇÃO

“(...) Os níveis de proteção traz uma lógica que fortalece o trabalho articulado e integrado entre as equipes - com ênfase no planejamento”. “(...) Existe total integração das ações. A proximidade territorial facilita ainda mais essa integração. Estão localizados na mesma rua”. “(...) Não existe CREAS. O CRAS atende todo o município, inclusive a zona rural”. “(...) A integralidade acontece tanto no planejamento das ações como nos encaminhamentos e atendimentos”. “(...) A interligação ocorre, basicamente, nos encaminhamentos/atendimentos e na realização de eventos”. “(...) O CRAS é financiado pelo município e tem uma equipe ainda reduzida. O CREAS continua atendendo no formato do Sentinela. Existe uma integração das ações”. “(...) A atuação das ações dos CRAS e CREAS têm se desenvolvido de forma integral/articulada, o que favorece o desenvolvimento pleno das ações”.

As exigências para a implantação dos serviços estão no campo da infra-estrutura, da fundamentação e na capacidade organizacional, por sua vez, esses requisitos são complementares e devem contemplar a realidade em evidência. Assim, a composição e caracterização da equipe, o compromisso ético e as responsabilidades assumidas pelos atores sociais envolvidos na implantação e consolidação da PNAS são respostas concretas às exigências dos marcos legais.

Vale ressaltar que um importante elemento que faz a diferença, sem dúvida, é a

formação técnica, com ênfase a graduação acadêmica. Mas, colado a essa deve estar à disponibilidade de repassar os conhecimentos para uma prática construtiva, tornando possível, a partir das necessidades e demandas, a revisão sobre a teoria de forma que esta tenha aplicabilidade relativa e concreta. Salienta-se, nesse processo, a importância do diagnóstico, do planejamento, do acompanhamento, da sistematização sobre a execução, que devem ser etapas contínuas e complementares.

Na RMR, a partir das características dos pesquisados avalia-se que há um terreno fértil para a sistematização, e 86% afirmam sistematizar as ações desenvolvidas, mas desses 41% enfrentam dificuldades em realizá-la. A partir da sistematização ampliam-se as possibilidades de revisão sobre fundamentação, teoria e da prática sobre os processos de implementação. Considerando os eixos estruturantes do SUAS que viabilizam a organização, implementação da Política e dos serviços socioassistenciais, e tem como referenciais a Vigilância Socioassistencial, a Defesa Social e Institucional e a Proteção Social.

Esses eixos fundamentam e formalizam as exigências e demandam, por

conseqüência, reposicionamento técnico e político sobre a identificação das necessidades e potencialidades, seleção de usuários mediante critério para inclusão, atendimento na ordem da hierarquização de prioridades definidas a partir da identificação das necessidades, estabelecimento de objetivos e a avaliação sobre as ações nesse sentido. Ou seja, é a metodologia sistematizada que permitirá a revisão sobre as orientações, adequando-as às realidades distintas.

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Para 46% dos pesquisados a novidade trazida pelo SUAS para PNAS são os Centros de Referência, seguida pelos níveis de proteção e o trabalho com famílias mencionado por 39%, respectivamente. Os CRAS na realidade são resultados do modelo de proteção que define os níveis e a territorialidade para o desenvolvimento das ações in loco. Por outro lado ter, também, nesse Estudo o trabalho com família como uma novidade do SUAS provoca algumas reflexões importantes sobre os processos que antecederam o Sistema, e todo investimento no trabalho junto aos segmentos da família em desenvolvimento até então.

Como avaliar os marcos históricos da Assistência Social frente a sua missão em contribuir para a inclusão social? Houve distanciamento das famílias e isolamento

por todo esse tempo? Quais são as perdas e os ganhos nesse processo?

“(...) O desenvolvimento das ações nos CRAS tem buscado acontecer de forma integrada com os demais setores/segmentos. No entanto, há muita dificuldade para atender toda a demanda do município, é necessário ampliar a equipe de atendimento, bem como o número de CRAS existentes no município”.

O trabalho em Rede e a universalização de direitos são pontos fundamentais para a inclusão social. O trabalho com a família é interpretado como algo novo, a família como mais um segmento da Assistência Social, no entanto, as orientações para a implantação do SUAS provoca a revisão sobre a concepção de família e sugere a definição sobre a metodologia que a alcance enquanto núcleo.

“(...) O CRAS é localizado em áreas de vulnerabilidade social, executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a Rede de serviço socioassistencial local. Atua promovendo o convívio sociofamiliar e comunitário. Realiza também o encaminhamento da população local para as demais políticas públicas e sociais, desenvolvendo ações intersetoriais. O CREAS – executa serviços de média e alta complexidade e atende famílias e indivíduos que se encontra em situação de risco

QUAL O ENTENDIMENTO DOS PESQUISADOS SOBRE A LÓGICA DO MODELO DE PROTEÇÃO?

VALE À PENA REFLETIR:

GRÁFICO 13 – PRINCIPAL MUDANÇA COM O SUAS GRÁFICO 14 – DIFERENÇA ENTRE OS NÍVEIS DE

PROTEÇÃO

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pessoal e social. Requer acompanhamento individual e uma maior flexibilidade nas soluções protetivas”.

As ações receberam um novo modelo voltado para a proteção. Todavia é importante registrar que essas ações já aconteciam em alguns municípios; a metodologia de trabalho, esta sim, fez e faz a diferença no processo. Dificuldades de infra-estrutura atrapalham a implantação dos serviços de proteção básica e especial. Ao mesmo tempo, registram-se estratégias para otimizar recursos humanos e garantir o atendimento especializado.

“(...) O CRAS tem suprido as necessidades apresentadas pela população. Ainda não está instalado o CREAS, no entanto para o desenvolvimento e integralidade das ações o trabalho tem sido realizado em parceira com as secretarias de saúde e educação”.

Os CRAS são reconhecidos como o primeiro atendimento, a ”porta de entrada” para os serviços e programas da Assistência Social, devendo, portanto ter um aporte de recursos que amplie o acesso e permita atendimento mais direcionado e estruturador, é uma das demandas da RMR.

“(...) A articulação entre os níveis de proteção mostra o grau de importância para o atendimento da família como núcleo. Mas precisamos expandir o atendimento e alcançar os problemas mais graves”.

Os depoimentos dos gestores da RMR demonstram que não basta apenas conhecer é necessário saber, compreender para assim construir alterando e adaptando as orientações oficiais sem se distanciar do modelo e descaracterizar a proposta. O CRAS pode e deve ser um articulador no território, inclusive para as questões de proteção especial, na ausência do CREAS. Vale ressaltar que um Centro de Referência da Assistência Social deve emplacar a missão da PNAS, os objetivos, princípios e diretrizes dessa Política. “(...) O modelo de proteção facilitou a definição de papéis. As equipes hoje planejam com mais elementos para atuar de acordo com as demandas e complexidades para também organizar e realizar as capacitações”. “(...) Há uma fundamentação, um cunho científico que favorece o desenvolvimento das ações”. “(...) A promoção social passou a ser feita de fato com Assistência Social e não com ações assistencialistas”.

As famílias lêem as situações segundo os códigos que essas disponibilizam. As equipes precisam deixar bem claras às propostas, sem economizar recursos didáticos e pedagógicos e outros elementos que podem facilitar a comunicação e o entendimento, para que não fiquem dúvidas sobre o que de fato o CRAS se propõe. Segundo a PNAS é preciso relacionar as reuniões informativas com o objetivo de atividade socioeducativa. A informação, muitas vezes, considera a lógica de quem já “domina” o conhecimento. Ou seja, os técnicos precisam fazer com freqüência o exercício de empatia; se colocar no lugar do usuário e tentar organizar as abordagens diante das possíveis dificuldades advindas da falta de conhecimento e reflexão sobre o tema. Dos pesquisados, 51%

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reconhecem que a família não participa por falta de conhecimento, mas 48% indicam que há reuniões com as mães e essa é a atividade mais freqüente.

O que pensam os técnicos sobre o CRAS? O que pensam os gestores e a

sociedade? O que pensam as famílias? As atitudes reforçam pensamentos equivocados ou contribuem para novas reflexões? As abordagens estão

relacionadas às fragilidades identificadas? O material utilizado e a linguagem facilitam o entendimento ou reforçam as dúvidas? A informação socializada está para a revisão de conceitos? Até quando os entendimentos inadequados serão

justificados como sendo marcas permanentes da cultura? A caracterização sobre o atendimento pode facilitar a compreensão sobre o que

faz o Sistema ser único apesar de ter dois níveis de proteção, ou seja, muito mais que reconhecer o modelo a partir da existência dos equipamentos sociais - Centros de Referência - é importante identificar a vulnerabilidade que transversaliza as famílias atendidas na proteção básica e construir a partir da Rede socioassistencial, um atendimento intersetorial, que supra as necessidades “especiais” a partir das ofertas especializadas de outras áreas sociais. Visualizar o CRAS como porta de entrada pode ser um facilitador para consolidá-lo como espaço de estudo permanente sobre as famílias e a realidade do território e, a partir das sistematizações, produzir análises para a atuação das equipes na proteção especial.

Vale enfatizar que o conhecimento sobre a situação de vulnerabilidade social, não deve ser uma referência isolada. Dessa forma, não é possível alterar situações e, muitas vezes, “inconscientemente” a informação está sendo utilizada como justificativa para as “impossibilidades”, “cristalizando” assim problemas sociais.

Com relação ao trabalho com as famílias não há receita pronta. É preciso

conhecer com quem trabalhar; seus medos, sonhos, atitudes e compreensão, além da disposição para alterar a realidade de vulnerabilidade social. O trabalho com as famílias exige uma busca permanente das equipes e das famílias sobre o mesmo objeto. Do contrário os CRAS não serão de referência para descobertas e construções coletivas, pois as equipes estarão mobilizadas, simplesmente, para dar respostas e cuidar da vida de outros que por não compreender e participar do processo integralmente, possivelmente, também não valorizará os investimentos feitos. É importante destacar que mesmo os temas reconhecidos como específicos para combater determinada situação “especial” enfrentada mais diretamente por algum membro da família, não devem ser trabalhados de forma isolada, mas numa abordagem transversal possibilitando alcançar os segmentos das famílias, com enfoques diferentes e, ao mesmo tempo, levar a discussão para o núcleo familiar.

Dos pesquisados, 75% reconhecem que os níveis de proteção se articulam e

desses, 67% citam que esta se dá através de ações complementares, mas apesar dos avanços em relação à integralidade, no cotidiano das equipes ainda pairam dúvidas sobre limites na implementação do modelo de proteção. Vale à pena refletir: O que diferencia as demandas comuns das demandas específicas? Como promover a integralidade entre os níveis de proteção?

VALE À PENA REFLETIR:

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Neste sentido, confrontando os depoimentos dos entrevistados sobre o SUAS, a fundamentação sobre os princípios e diretrizes da Assistência Social com o entendimento dos pesquisados sobre a temática, é possível encontrar na RMR diferentes pensamentos expressos nas falas e nas ações. Dos pesquisados, 70% estabelece como diferença e fator de organização do atendimento a situação de vulnerabilidade das pessoas; desses, apenas 41% citam o princípio da universalização dos direitos como básico para o alcance dos objetivos. Salienta-se que mesmo articulados internamente, os níveis de proteção precisam ter intersetorialidade com outras áreas sociais e Políticas setoriais públicas. Essa é uma exigência para a universalização de direitos, pois a articulação, segundo 29%, é frágil e acontece de forma descontínua, já o restante que afirma ser excelente, apresenta características de articulações pontuais, sem muita compreensão sobre os objetivos de cada Política setorial.

Vale ressalvar que não restam dúvidas que exista um avanço significativo nesse

movimento, todavia é preciso vencer alguns desafios, entre esses se destaca: o reconhecimento sobre o ser integral; a percepção sobre a realidade, ou seja, o que diferencia necessidade e demanda; a consideração sobre os limites de cada equipe; a descoberta do campo comum e dos núcleos específicos; o desejo e a disponibilidade de partilhar conhecimentos e construir um movimento que admita a complementaridade de ações.

Nos depoimentos dos gestores registrados percebe-se que há na Região possibilidades de avanços no que se refere a ultrapassar a linha da articulação emergencial e atingir a intersetorialidade estruturadora para a universalização de direitos.

“(...) A articulação com as políticas setoriais tem se desenvolvido através dos encaminhamentos e utilização dos serviços necessários, sendo esta desenvolvida com a saúde e educação, principais parceiras”. “(...) No município atualmente os gestores se integram. As demandas são discutidas coletivamente e definidas também coletivamente. O monitoramento toma como referência as condicionalidades - atingindo assim às Políticas setoriais. São feitas reuniões constantes voltadas para o planejamento”. “(...) Considera excelente com a participação de todos, desde o planejamento até a execução das ações. Nesse momento discutem o papel de cada política, definindo como agir de forma integrada”. “(...) Acredita que a articulação ainda não é suficiente. As secretarias têm equipes técnicas pequenas e poucos recursos para atender suas demandas. Informa que independente da infra-estrutura de cada secretaria, seria necessário maior entendimento por parte dos secretários sobre a importância do trabalho desenvolvido de forma articulada”. “(...) Considera excelente, porém ainda existe muita dificuldade de atender as demandas”. “(...) A articulação ainda é insípida. Existe uma maior aproximação com as secretarias de educação e saúde em decorrência do Bolsa Família. As secretarias alegam um contingente reduzido de pessoal, inclusive o Ministério Publico e justiça. Destaca ainda a falta de percepção das Políticas setoriais sobre a importância de atuarem de forma articulada”. “(...) É importante, mas o município não conseguiu ainda a intersetorialidade, falta entendimento entre os outros secretários sobre a importância e a visibilidade que poderia alcançar com a intersetorialidade”.

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“(...) A articulação tem sido desenvolvida através do estabelecimento de parcerias com a saúde, educação, conselhos, bem como os espaços de articulação existentes nas comunidades, tal como Associação de moradores. O que tem favorecido a execução de um trabalho em Rede”. “(...) A articulação acontece com as secretarias de saúde, educação e infra-estrutura”. “(...) A articulação acontece, principalmente, com a secretaria de saúde. Contamos também com os conselheiros que estão sensibilizados com as questões sociais. Ainda existem dificuldades em relação à educação”. “(...) Ocorre basicamente nos encontros e ações. Ainda não existe por parte dos gestores das Políticas setoriais entendimento sobre a importância de um trabalho em Rede”. “(...) As articulações têm se desenvolvido de forma satisfatória com as secretarias, conselhos, instituições não-governamentais, o que tem facilitado o atendimento a demanda apresentada pela população”. “(...) As Políticas setoriais se articulam bem, principalmente, na metodologia de mutirão, mas sempre a demanda supera a oferta”.

Com base nos depoimentos observa-se que a maioria dos gestores compreende a

lógica do modelo de proteção, mas um número significativo mantém uma leitura funcional sobre os CRAS, e não expressa nos seus relatos clareza sobre a lógica do modelo de proteção. A interpretação das declarações está muito mais para implantar Centros de Referência, respondendo às exigências, do que o fortalecimento sobre a Rede socioassistencial e as famílias no seu território. Os entrevistados ainda confirmam a integralidade e, ao mesmo tempo, propõem estratégias para suprir as dificuldades existentes. “(...) O CRAS tem suprido as necessidades apresentadas pela população. Ainda não está instalado o CREAS, no entanto para o desenvolvimento e integralidade das ações o trabalho tem sido realizado em parceira com as secretarias de saúde e educação”. “(...) Os níveis de proteção traz uma lógica que fortalece o trabalho articulado e integrado entre as equipes - com ênfase no planejamento”. “(...) A integralidade acontece tanto no planejamento das ações como nos encaminhamentos e atendimentos”. “(...) A interligação ocorre basicamente nos encaminhamentos/atendimentos e na realização de eventos”. “(...) Facilitou na definição dos papéis, as equipes hoje planejam com mais elementos para atuar de acordo com as demandas e complexidades para também organizar e realizar as capacitações”. “(...) O desenvolvimento das ações nos CRAS tem buscado acontecer de forma integrada com os demais setores/segmentos. No entanto, há muita dificuldade para atender toda a demanda do município, é necessário ampliar a equipe de atendimento, bem como o número de CRAS existentes no município”. “(...) A atuação das ações dos CRAS e CREAS tem se desenvolvido de forma integral/articulada, o que favorece o desenvolvimento pleno das ações”. “(...) A articulação entre os níveis de proteção mostra o grau de importância para o atendimento da família como núcleo. Mas precisamos expandir o atendimento e alcançar os problemas mais graves”.

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“(...) O CRAS é localizado em áreas de vulnerabilidade social, executa serviços de proteção social básica, organiza e coordena a Rede de serviços socioassistencial local”.

É importante destacar que, ao propor a centralidade na família, a Política Nacional de Assistência Social instiga a visão ampla e agregadora sobre o conjunto de segmentos que a compõe. As diferentes atividades ofertadas pela referida Política precisam ser objetos de questionamentos permanentes.

EXISTE DIFERENÇA ENTRE NECESSIDADE E DEMANDA? “(...) A equipe de profissionais que vem atuando nas ações da Assistência tem atendido dentro das possibilidades as demandas apresentadas pelo público. Em função de possuir apenas um CRAS instalado, a demanda de atendimento tem sido grande, o que aponta a necessidade de implantação de mais um CRAS”.

O QUE DIRECIONA A SELEÇÃO DE ATIVIDADES? “(...) Ocorrem reuniões, visitas domiciliares, atividades de inclusão produtiva, palestras e reuniões socioeducativas, centro e grupos de convivência”. “(...) O atendimento as famílias do PBF, realização de reuniões socioeducativas, serviços de apoio à moradia (auxílio aluguel e doações de casas), grupos de idosos, e realização de cursos de artesanato. Existe o deslocamento dos serviços ofertados pelo CRAS para a área rural”. “(...) Durante as atividades os beneficiários apresentam propostas que são consideradas no planejamento”. “(...) Realização de palestras educativas, oficinas de geração de renda, grupos de convivência (idosos), visitas domiciliares, atendimento da demanda espontânea e reuniões”. “(...) O resultado da atuação da equipe melhorou positivamente, já que o público agora é definido, então planejam melhor”.

AS AÇÕES E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ATINGEM AS NECESSIDADES E/OU AS DEMANDAS?

“(...) Apesar da grande demanda a atuação das equipes junto às famílias têm se dado de forma satisfatória, tendo sido desenvolvido um trabalho voltado para atuação dessas famílias na busca pelos serviços ofertados enquanto direito”. “(...) Considera positiva a ação junto às famílias através dos CRAS. Esta ação tem se estabelecido de forma articulada com a saúde e educação”.

As necessidades ou demandas estão estrategicamente identificadas e agrupadas?

Como estão sendo caracterizadas as situações de vulnerabilidade? Qual é a missão da Assistência Social junto às famílias em situação de vulnerabilidade? Até onde

vai o limite de atuação da PNAS? As intercessões junto às outras Políticas sociais correspondem aos objetivos propostos e a universalização dos direitos? A integralidade promove a unidade no atendimento e, ao mesmo tempo,

contempla as especificidades que cada caso traz. Resta saber se a coesão entre as equipes se reflete nas abordagens e no atendimento a família enquanto núcleo. Durante o

VALE À PENA REFLETIR:

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Estudo, verificou-se os conhecimentos sobre os eixos estruturantes para a implementação e consolidação da PNAS. Na coleta de informações foram provocadas reflexões sobre:

Matricialidade sociofamiliar; Territorialidade; O desafio da Participação Popular; A Política de Recursos Humanos; A Informação, o Monitoramento e a Avaliação.

Com relação à Descentralização, o Controle Social e o Financiamento, já

abordados nesse Estudo, transversalizam a implementação de todas as ações.

5.1. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR

A concepção de família descrita, pela maioria dos pesquisados, revela a revisão

sobre o modelo parental onde, exclusivamente, os laços consangüíneos são considerados como critérios na composição do núcleo familiar. Segundo 51% dos pesquisados a relação subjetiva marca as relações práticas e mais concretas nos comportamentos das pessoas que compõem um grupo denominado família. Espera-se que esses sentimentos de afeto propiciem na família condições de convivência respeitosa e solidária, onde as relações interpessoais promovam o crescimento dos que compõem a família. A matricialidade sociofamiliar provoca no âmbito da equipe algumas reflexões e discussões em relação às diferentes concepções que se revelam nas práticas dos profissionais, gestores e conselheiros; no acolhimento, na identificação sobre as vulnerabilidades, suas causas e conseqüências.

O trabalho com a família tem sido interpretado como mais uma demanda para as equipes, uma mudança trazida pelo SUAS. O olhar sobre a família como núcleo se revela à medida que os pesquisados apresentam os segmentos da família contemplados pelas ações da Assistência Social dos pesquisados 60% afirmam atuar junto a todos os

“A família independente do formato ou modelos que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida”. PNAS/2004. – p 43

GRÁFICO 15 – CONCEITO DE FAMÍLIA

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segmentos, 32% junto à criança e adolescente. No que se refere às atividades desenvolvidas com a família, 58% citam atividades socioeducativas e 48% mencionam as reuniões com as mães.

O direcionamento das atividades traz uma antiga reflexão sobre a quem compete

administrar a família e a quem cabe cuidar dos seus membros. Apesar de uma concepção mais atual em relação ao “modelo” de família, os pesquisados demonstram a existência de valores culturais e sociais relacionados à família e a Assistência Social firmados nas práticas das equipes: cabe à mulher cuidar e ao homem administrar. Neste sentido, os homens estão distantes das ações, mas ao mesmo tempo, as mulheres estão também assumindo a tarefa de administrar, visto que cartões dos Programas de Transferência de Renda, por exemplo, são prioritariamente emitidos em nome da mãe, da mulher. Essa medida é interpretada para alguns como um avanço, pois faz “justiça” a mulher que sempre esteve à frente da família na difícil tarefa de cuidar dos seus membros.

Mas a quem de fato cabe essa tarefa? O que diferencia cuidar e tutelar/cuidar

e educar? É correto generalizar? De que maneira essa decisão vem interferindo no fortalecimento da família, enquanto núcleo? Quando os homens são/serão contemplados no processo socioeducativos?

Possivelmente, o modelo de família na opinião da maioria dos pesquisados receba também a interferência dos movimentos culturais, sociais, políticos e econômicos da RD. O desenvolvimento de ações matriciais possibilita a agregação dos segmentos nas ações e atividades, o que exige por conseqüência a deflagração de um processo de vigilância socioassistencial com a definição de indicadores, com a pactuação junto às famílias sobre o que precisa ser atingido coletivamente - traçar objetivos claros, compreendidos e pactuados junto às famílias -, um planejamento coerente com a realidade e as transformações desejadas, seleção de temas que promovam a reflexão e o crescimento intelectual das famílias em relação a sua condição de protagonista.

Na participação dos pesquisados sobre o tema, é possível identificar as funções e

papéis sociais da família. Existe, porém certa incoerência entre o que a PNAS propõe e as exigências para a inclusão da mesma em determinados serviços e benefícios quando é exigida desta a comprovação de laços consangüíneos e/ou adoção na forma da lei. Portanto, a leitura sobre a família contemporânea marca as opiniões, da maioria dos pesquisados, contudo possivelmente deverá ser revista no momento de cadastro e avaliação sobre a garantia de determinados benefícios.

“O novo cenário tem remetido à discussão do que seja a família, uma vez que as três dimensões clássicas de sua definição (sexualidade, procriação e convivência) já não têm o mesmo grau de imbricamento que se acreditava outrora. Nesta perspectiva, podemos dizer que estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e/ou, de solidariedade. Como resultado das modificações acima mencionadas, superou-se a referência de tempo e de lugar para a compreensão do conceito de família”PNAS - 2004.

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Durante um período houve avanço no reconhecimento sobre os arranjos familiares; quando foi considerado na Política para concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC um conceito de família que corresponde ao modelo contemporâneo e seus arranjos. No decorrer do tempo, foram registradas irregularidades sobre a garantia de benefícios e, mais uma vez, a alternativa encontrada foi retomar ao modelo convencional: família parental/consangüínea. É importante lembrar que os “avanços” são acompanhados de desafios, no caso citado, o desafio é implementação de ações já previstas, como por exemplo, monitoramento e avaliação com base em indicadores. A concepção de família gera/compreende valores culturais; esses provocam em cadeia uma série de sentimentos, comportamentos que interferem nas decisões técnicas e políticas.

Em consonância ao exposto até o momento, a atuação da Assistência Social junto

às famílias e as atividades desenvolvidas trazem elementos que confirmam as análises apresentadas. Observe o gráfico:

As abordagens de temas de interesse dos segmentos que compõem a família,

provavelmente, atinjam de forma direta, parte desses segmentos, tais como: mães, crianças e idosos; a metodologia utilizada está implícita no que a atividade se propõe a alcançar - atividades socioeducativas. Por outro lado, não atingir em determinadas famílias todos os membros de forma direta, é conferir a parte desta a responsabilidade de “repassar” as informações, correndo o risco de ter nesse processo um peso de valores sobre a interpretação da mensagem, distanciando essas dos objetivos planejados. Assim, essa hipótese amplia a necessidade da vigilância socioassistencial e confirma sua importância para o “sucesso” do modelo de proteção. No entanto, os pesquisados da RMR apresentam um baixo percentual sobre as visitas domiciliares, uma importante atividade para consolidar as abordagens nos grupos e acompanhar junto às famílias e comunidades, as aplicabilidades das discussões.

As atividades direcionadas as crianças estão estreitamente ligadas à educação formal, através de jornada ampliada à escola. A arte e a cultura surgem como estratégias lúdicas para aproximar as crianças e adolescentes de seus deveres enquanto cidadãos, possivelmente, a articulação citada com a secretaria de educação abra espaço de reflexão coletiva sobre o ensino pautado no lúdico e na criticidade, e os processos de avaliação classificatória que muitas vezes não contemplam o educador na revisão sobre metodologias e seleção de conteúdos.

GRÁFICO 16 – ATUAÇÃO DA EQUIPE JUNTO AO NÚCLEO FAMILIAR

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No que se refere às atividades socioeducativas essas precisam ter identidade evidente, pois o fato de realizar a atividade, não garante a esta, a identidade socioeducativa. A promoção de reflexão, neste sentido, exige uma seleção de temas provocativos, tais como: desigualdades sociais, lutas de classe, conquistas sociais, direitos, deveres, co-responsabilidades, qualidade de vida, sistema de garantia de direitos, entre outros; e uma metodologia participativa que provoque a vivência e altere a realidade no campo individual e coletivo.

A partir da construção das relações de confiança e de co-responsabilidades as

atividades começam a ter identidade. Essa elaboração se dá no cotidiano com atitudes de respeito e partilha. Os técnicos, ao desenvolverem visitas domiciliareis, devem estar dispostos a esses exercícios, pois sem eles as visitas podem ser interpretadas como invasão de privacidade. As atividades socioeducativas podem ser reforçadas in loco durante as visitas domiciliares realizadas, também, pelos Agentes Comunitários de Saúde, técnicos do Orçamento Participativo, da Vigilância Sanitária, entre outros, ou seja, essa, sobretudo, deve ser uma atividade intersetorial.

O direcionamento tem que marcar um ponto de encontro, onde as abordagens específicas - núcleos específicos - se encontram no campo comum - o espaço coletivo onde os indivíduos vivem; a família e a comunidade.

As atividades com as mães contemplam a família? As abordagens específicas provocam desdobramentos dentro da família? Como ampliar o atendimento a partir

das abordagens? O que revela se a ação é de fato socioeducativa?

Dos pesquisados, 74% enfrentam dificuldades em trabalhar com a família, e quando questionados sobre a atuação da Assistência Social junto ao núcleo familiar, 15% desses citam a articulação com outras Políticas setoriais públicas. Esses percentuais revelam dificuldades em contemplar o princípio da universalização dos direitos, o que ameaça a inclusão social e, possivelmente, reduz a Política de Assistência Social em ações pulverizadas e sem impacto social.

Vale ressaltar que são muitos os traços de avanços na caminhada rumo à

consolidação da PNAS/SUAS. Contudo na RMR, percebe-se através dos depoimentos que há grandes desafios: compreensão sobre a lógica da descentralização político-administrativa, organização do sistema de garantia de direitos, ou seja, abrangência sobre papéis e competências dos atores sociais envolvidos no controle social, na promoção e na proteção sobre os direitos garantidos; e a apreensão sobre a importância da intersetorialidade para o atendimento integral, entre outros.

“(...) Há dificuldade em realizar o trabalho em Rede, pois a mesma só funciona para atendimentos pontuais. Não há uma definição clara do papel de cada entidade que atua na Rede socioassistencial. O Estado precisa estar à frente do processo de articulação e integração entre as organizações governamentais e as ONGs. A presença do Estado é a referência global para que o trabalho em Rede seja consolidado dentro da Política pública”

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Além de administrar um déficit social de séculos, a Região enfrenta dificuldades na composição de equipes frente aos fenômenos sociais dos grandes centros urbanos, forte característica da RD; Salienta-se ainda que em alguns municípios enfrentam-se problemas rurais que provocam as equipes ao reconhecimento que na identidade da RMR a face urbana corresponde a um lado da identidade e a agrária ao outro lado. Ou seja, uma composição de realidades bem distintas que se completam. Essa situação amplia a necessidade do combate sobre a fragmentação. A RMR com ênfase ao município de Recife recebe demandas de todo o Estado, não devendo, portanto, ficar isolado no seu processo de “intervenção” social.

Em se tratando da Rede municipal, as condições básicas para a articulação das Políticas sociais, devem ser construídas ou firmadas a partir da organização dessas em relação aos Planos dos Governos que compõem a RD, que por sua vez deve gerar um modelo de gestão que possibilite a articulação e a integração das equipes nas diversas etapas da intervenção tendo como foco central a família: diagnóstico social, planejamento, monitoramento, sistematização, avaliação e análise. Ou seja, a Assistência Social, apenas, não vai dar conta de todas as problemáticas presentes nas situações de vulnerabilidades sociais. É preciso passar o bastão para outros que têm atuações específicas e estão próximos, mas por falta de articulação, permanecem distantes e desconhecidos.

5.2. TERRITORIALIZAÇÃO: INTERSETORIALIDADE, ATUAÇÃO EM REDE.11

A atuação intersetorial não deve se restringir apenas à família com um olhar

singular, os registros sobre essa precisam compor uma leitura ampla, onde o agrupamento de famílias com características comuns facilitará a definição direcionada de indicadores sociais para cada território e, conseqüentemente, o planejamento sobre essas famílias, a seleção de temas diante da situação comum, a metodologia mais participativa, o acompanhamento e a avaliação através das visitas domiciliares e reuniões ampliadas primando pela intersetorialidade. Nesse sentido, dependendo do que vai ser avaliado, o acompanhamento pode/deve ser processado pelos parceiros da saúde, da educação, etc., com grandes possibilidades de ampliar a eficácia sobre as ações e atuar em Rede com atividades complementares.

As ações sobrepostas não devem ser justificadas pela inoperância de determinadas áreas. O sistema não se firmará sem complementaridade de ações, portanto, o desafio é avaliar com base em indicadores, os avanços, as dificuldades e traçar, continuamente, estratégias que aproximem as equipes e possibilitem que essas assumam responsabilidades nas suas funções específicas.

11 14,28% dos gestores não compreendem a temática territorialidade dentro da PNAS

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Considerando que 41% dos pesquisados reconhecem o princípio da universalização de direitos, mas 68% têm dificuldade de articular às ações junto às Políticas sociais.

O QUE DE FATO AMEAÇA NA RMR O PROCESSO DE INCLUSÃO SOCIAL?

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A complementaridade de ações enriquece e dinamiza o processo ampliando, também, a co-responsabilidade institucional. Portanto, esse não deve ser um movimento de ações espontâneas sob a responsabilidade de poucos, dos que se sentem provocados. O desenho sobre a Rede socioassistencial e as iniciativas para o seu fortalecimento está relacionado à compreensão dos atores sociais sobre a matricialidade sociofamiliar.

“(...) A própria estrutura das secretarias e das equipes geram demandas reprimidas. Os programas e projetos não atendem a todos, infelizmente ainda trabalhamos com a seletividade da pobreza. O enxugamento da máquina estatal precarizou os recursos humanos, financeiros, físicos, fragilizando a Política de Assistência Social”.

Esse depoimento apresenta dificuldades estruturais, mas ao mesmo tempo, revela a atuação solitária onde a leitura das demandas reprimidas transforma o pobre, ou seja, o indivíduo em pobreza, situação social. Nas entre linhas do depoimento acima, está implícito o desconhecimento sobre estratégias possíveis quando a atuação acontece de forma intersetorial.

“(...) A proposta da territorialização passa a respeitar e considerar as particularidades e as diferenças regionais. A Política publica passou a considerar a história, o cotidiano e a cultura das populações que habitam os territórios mais vulneráveis, buscando garantir uma melhor qualidade de vida para todos. A territorialização constitui um dos caminhos para superar a fragmentação na prática da PNAS”.

A territorialização está relacionada ao espaço geográfico onde a sobrevivência se estabelece com suas estratégias individuais e comunitárias. Nesses territórios, identificam-se as necessidades comuns das famílias que residem e das equipes que se propõem a atuar junto com as mesmas. Esse encontro das necessidades com as demandas provoca a identificação sobre as potencialidades e fragilidades, aproximando as pessoas - equipes e famílias - numa grande Rede de intervenção onde todos assumem responsabilidades complementares; uma ação intersetorial movida e alimentada pelo reconhecimento de que as respostas não se concentram em um único ponto, instituição ou equipe; pois as partes são fundamentais para compor o todo. Neste sentido, vale à pena conferir a compreensão dos gestores sobre o tema:

“(...) Com a implantação dos CRAS o atendimento ficou mais fácil. Hoje há uma atuação maior da Assistência em função da articulação dos serviços prestados com os diversos setores/segmentos que o município dispõe”. “(...) Sobre a territorialização, existe proposta, mas as mudanças são poucas - ainda estamos no campo das determinações, precisamos assimilar e por em prática”. “(...) Para a realização do atendimento conta-se com a participação das entidades locais”. “(...) O SUAS trouxe uma visão mais sistêmica da Assistência promovendo a universalização dos serviços”. “(...) Por ainda não ter uma Rede constituída as atividades são desenvolvidas de forma precária. Existe um trabalho visando equipar melhor as ONG’s - infra-estrutura”.

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“(...) Com a atuação nos CRAS as ações ficaram mais direcionadas e focadas nas famílias, sendo esse atendimento desenvolvido de forma articulada a outros setores/segmentos objetivando promover a inclusão social e a garantia de direitos”. “(...) Nos municípios muito pequenos não é possível estruturar atendimento em Rede”. “(...) O município tem buscado se articular com as diversas Políticas, bem como com os demais municípios presentes em seu território”.

A territorialização nos municípios que compõem a RMR corresponde às orientações para implantação do SUAS, no entanto, não foi citada pelos participantes do Estudo, a realização de diagnóstico prévio para a implantação dos CRAS. A definição sobre o território onde o CRAS deve ser implantado está relacionada ao resultado do estudo diagnóstico sobre as famílias e as diferentes situações de vulnerabilidade enfrentadas por essas nos contextos sociais onde estão inseridas - espaços coletivos, família e comunidade. Ao mesmo tempo, esse processo de descentralização das ações e das equipes expõe as fragilidades dos municípios no campo de infra-estrutura e co-financiamento sobre a PAS para garantir cobertura prioritária sobre as situações identificadas. Outro destaque sobre a territorialização na RMR é a área rural que semelhante às outras Regiões de Desenvolvimento do Estado, continua descoberta.

“(...) O CRAS precisa de fato está mais junto à população em situação de vulnerabilidade, facilitando o acesso aos serviços. As pessoas não têm condições de vir até o CRAS, - no caso de centralização. A zona rural ainda está muito descoberta”. “(...) Na discussão e tomada de decisão sobre a territorialização, a zona rural precisa ser prioridade”.

Vale ressalvar, que apesar de avanços registrados, a territorialização na Região

Metropolitana ainda é frágil. Com extensas áreas rurais marginalizadas dos serviços públicos, os CRAS nem sempre contemplam essa população. Por outro lado, há também amplas áreas urbanas com densidade demográfica superior à capacidade de oferta para a garantia de qualidade de vida, o que conseqüentemente, vem ampliar as fragilidades e vulnerabilidades sociais. Ou seja, corre-se para suprir o déficit social e esse cresce assustadoramente na medida em que a RD apresenta possibilidades de estratégias de sobrevivência. Uma contradição que provoca a atenção para novos modelos de desenvolvimento sustentável x desenvolvimento humano.

“(...) O município tem a segunda arrecadação do Estado/PE e uma perspectiva de crescimento, porém ao mesmo tempo, uma pobreza imensa”.

É importante ressaltar que não basta ter o diagnóstico elaborado, é preciso

transformá-lo em indicadores e, conseqüentemente, em ferramenta para aferir as transformações e impactos que estas causam nos espaços coletivos, e essa é uma ação de Rede. O alto índice de conhecimento sobre Rede socioassistencial apresentado por 75% dos pesquisados abre uma série de possibilidades sobre a atuação em complementaridade, seja a nível micro - entre profissionais e equipes da SAS - seja a nível macro - entre secretarias que implementam as Políticas públicas, ONG’s que atuam nos territórios municipais; e entre gestores, conselheiros e equipes intermunicipais.

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“(...) A Rede socioassistencial está estruturada com a articulação/complementariedade das ações entre Assistência, Educação, Saúde, Conselhos e Organizações Não-governamentais”.

“(...) A Rede socioassistencial está articulada diante das demandas. Há uma preocupação com a promoção humana”. “(...) Existem diversas entidades trabalhando em parceria. Foi necessária a realização de legalização das entidades”. “(...) A Rede é importante porque o município só, não daria conta das demandas. Então os CRAS fazem a articulação para atender estas demandas. A visibilidade da Política de Assistência Social, também, reforça o fortalecimento da atuação da Rede”.

Com relação à concepção de Rede os 75% dos pesquisados reconhecem atuação quando há complementaridade de ações. Desses, 67% reconhecem que as articulações entre os níveis de proteção acontecem de forma complementar. Em se tratando da articulação com as Políticas setoriais, os depoimentos dos entrevistados levam ao entendimento que não há na maioria das experiências municipais, ação em complementaridade, e sim articulações pontuais e descontínuas denominadas ações em Rede.

“(...) A Rede socioassistencial tem se estruturado entre os diversos setores - Educação, Saúde; bem como, com as demais secretarias. O trabalho tem sido favorecido pelo fato de a SAS estar locada dentro da prefeitura, o que facilita a interação/integração com as demais secretarias, promovendo assim uma ação articulada”. “(...) Não existe Rede constituída. Trabalha com apoio das secretarias de Educação e Saúde”. “(...) A Rede ainda funciona de forma precária. É possível realizar encaminhamento para algumas Entidades. Porém observa-se a necessidade de maior qualificação técnica”. “(...) A Rede socioassistencial não corresponde à necessidade. A área rural fica marginalizada e a zona urbana precisa ter um atendimento mais qualificado”. “(...) O município é muito pequeno com poucas ONG’s e com funcionamento precário. Há necessidade de realizar consórcios com municípios circunvizinhos”. “(...) Após a regulamentação das entidades será implementada a Rede de atendimento”. “(...) Existem poucas entidades que desenvolvam atividades e, na maioria das vezes, não têm documentação”.

GRÁFICO 17 – CONCEITO DE REDE SOCIOASSISTENCIAL

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A identidade da Rede se constrói a partir das características das entidades que a compõem. Com essa imagem real, se torna possível aproximar as lacunas entre demandas e ofertas, ações sobrepostas e instituições que atuam sob concepções que diferem da PNAS, ameaçando assim o alcance dos objetivos.

Nos registros percebe-se a preocupação de alguns gestores em ter as entidades não-governamentais devidamente cadastradas. Essa, sem dúvida, é uma importante medida junto à Rede, pois a parceria financeira e os convênios do poder público, firmados junto às organizações não-governamentais, exigem documentações comprobatórias dos serviços que estas se propõem a executar e a identidade regulamentada em cartório. Mas o que é preciso ser cuidadosamente acompanhado é a atuação dessas junto aos usuários. A gestão pública não deve abrir mão dessa prerrogativa: coordenar em parceria com os órgãos de controle social, a Política a nível local.

A metodologia para atuação em Rede toca em elementos subjetivos: desejos, repulsas, inveja, crença, descrença, medos, etc.; esses compõem os vários níveis de relação que se trava no processo coletivo - relação de poder, relação de força, partilha, entre outros. Para iniciar de forma, conseqüente, uma vivência em Rede, as equipes devem estar atentas às etapas que aproximam não só as pessoas, mas, sobretudo, as ações em complementaridade: planejamento, monitoramento, sistematização, avaliação e análise. As ações isoladas, com ultrapassagens de etapas transformam a Rede em repasse de responsabilidades sem reflexão coletiva, podendo gerar, conseqüentemente, processos de culpabilização e enfraquecimento sobre a ação grupal.

Considerando o baixo percentual, apenas 6% dos pesquisados - que apresenta as etapas para o desenvolvimento da articulação - planejamento, monitoramento e avaliação - como atividade coletiva, é preciso aprofundar a verificação sobre de que complementaridade os pesquisados estão falando quando se referem às equipes que atuam nos dois níveis de proteção. O Estudo direcionado aos técnicos de proteção especial apresenta um percentual de 66% que assume ter dificuldade em realizar articulação e esses por sua vez, não citam a articulação no campo do planejamento, monitoramento e avaliação. Junto aos coordenadores de proteção básica o percentual sobre a mesma questão aumenta para 70% e desses, apenas 5% citam que a articulação acontece durante o planejamento, monitoramento e avaliação.

Aprofundando o entendimento, foram questionados junto aos pesquisados quais as dificuldades que impedem a articulação entre as equipes. Observe o gráfico a seguir, com as opiniões dos mesmos.

GRÁFICO 18 – QUAIS AS DIFICULDADES

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Suprir a dificuldade apontada pela maioria dos pesquisados é tratar a divulgação das ações com um cunho político, incentivando a tomada de consciência sobre a responsabilidade social de cada indivíduo, dos coletivos organizados, das instituições públicas e privadas. Levando a informação para uma dimensão mais ampla, onde seja possível visualizar no sistema o que lhe dá sustentação e permite a sua consolidação. É importante reafirmar que a articulação é um pré-requisito para o funcionamento da Rede. Sem articulação as ações continuam próximas, mas sem conexão. Entende-se aqui por articulação o reconhecimento sobre a necessidade de atuar coletivamente nas atividades que geram produtos complementares para a implementação e consolidação da PAS, ou seja, planejamento, monitoramento e avaliação; no intuito de disponibilizar no coletivo, conhecimentos e habilidades, específicas.

Dos pesquisados que assumem enfrentar dificuldades na realização da

articulação, 10% citam a falta de priorização por não se valorizar a articulação como importante para a inclusão social. O que reforça o entendimento sobre o percentual de pesquisados que admitem não planejar, monitorar e avaliar de forma articulada. Porém, existe na RMR alternativas que ampliam a Rede e provocam instituições a se engajarem na luta por qualidade de vida. As parcerias acontecem junto às instituições e empresas. Esse é um movimento que deve marcar essa conjuntura onde a RD está ampliando seu parque industrial.

“(...) Para o atendimento das demandas reprimidas tem-se buscando articular parceiras com empresas visando desenvolver/ampliar as ações. Acredito que o caminho seja esse, o de articular novas parcerias para a qualificação dos serviços prestados”.

O que aproxima os atores sociais dentro do território? O que afasta os atores

sociais no desenvolvimento de suas rotinas? Qual(is) a(s) demanda(s) no campo da articulação? Qual o impacto da articulação se esta não acontece de forma

planejada, monitorada e avaliada? O que de fato caracteriza a territorialidade da Assistência Social na RMR?

Dos gestores municipais, que conseguem explorar o tema Rede socioassistencial há uma preocupação em mapeá-la, organizar as ações e capacitar às entidades que atuam nos territórios aprofundando concepções, fundamentação e metodologia para garantir a complementaridade das atividades. Cabe às gestões municipais e estadual rever o direcionamento das capacitações ampliando e/ou planejando essas de forma intersetorial.

As condicionalidades ordenadas junto às outras áreas sociais provocam a

aproximação a partir de exigências sobre a verificação de cumprimentos de responsabilidades das famílias. A sugestão de “obrigar” as famílias a comparecerem esperando no final a participação espontânea, amplia a responsabilidade das equipes sobre as abordagens. A partir dos depoimentos observa-se que as condicionalidades determinadas, não promovem, na maioria dos pesquisados, a tomada de consciência sobre o campo da intersetorialidade.

VALE À PENA REFLETIR:

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Neste contexto, possivelmente as equipes e as famílias cumpram resoluções, neste sentido, pode-se afirmar que há uma Rede de serviços, todavia a sua eficácia no que se refere à complementaridade de ações e o processo de inclusão social, provavelmente seja frágil, quase inexistente. É importante perceber-se parte integrante e assumir o que de fato é competência da área - núcleo específico, contribuindo no núcleo comum com as atividades que favorecem a identificação sobre as situações que ameaçam a dignidade: notificação sobre vulnerabilidades, tais como: violência, abandono, etc.; encaminhamentos “padronizados” com critérios relacionados aos núcleos específicos; acompanhamento coletivo e avaliação contínua. Os percentuais abaixo ajudam à reflexão!

5.3. O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR: PROTAGONISMO

“(...) A participação dos usuários se dá de acordo com a necessidade dos mesmos, os quais buscam pelos serviços ofertados. Infelizmente a concepção das pessoas ainda é muito voltada para o assistencialismo, no entanto buscamos desfazer essa idéia da ação pelo favor”.

A culpabilização, em relação aos usuários, sobre a ausência de participação

desses no processo de implementação da Política, indica provável desresponsabilização de gestores e técnicos sobre a condução dos processos frente às fragilidades identificadas.

No que se refere ao modelo de participação pesam atitudes passivas e de concordata. A crítica e a proposição não estão presentes na maioria dos argumentos sobre a não participação. Essas não são tão desejadas como o comparecimento, mesmo que silencioso ou os elogios e as respostas às exigências: freqüência escolar e nos cursos profissionalizante e de geração de renda, carteira de vacinação atualizada, entre outros.

VALE À PENA REFLETIR:

68% dos pesquisados dizem não enfrentar dificuldades em articular as Políticas setoriais;

43% se articulam durante o atendimento, no entanto; 27% acreditam que não há entendimento sobre a importância da

articulação para a inclusão social. É POSSÍVEL CONSTRUIR UMA AÇÃO EM REDE SEM ARTICULAÇÃO? O QUE DE

FATO AMEAÇA A INTERSETORIALIDADE NA RMR?

“O paradigma da universalização do direito à proteção social supõe a ruptura com idéias tutelares e de subalternidade que identificam o cidadão como carentes, necessitados, pobres, mendigos, discriminando-os do reconhecimento como sujeitos de direitos”. NOB/SUAS - 2006

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“(...) Não existe no município vocação de participação comunitária nas ações do governo. É necessário que os eventos sejam de grande relevância e com muitos atrativos para contar com a participação dos usuários”.

A participação não deve ser interpretada como uma vocação. A identidade social, a auto-estima, os ideais, os projetos de vida impulsionam o interesse e, conseqüentemente, a participação ativa; e esse é um processo educativo que deve ter espaço garantido na Assistência Social. Um canal aberto já citado nesse Estudo são as atividades socioeducativas, confirmadas por 58% dos pesquisados. No entanto para alcançar os objetivos, essas precisam corresponder às expectativas: educar para viver em sociedade, assumindo de forma consciente responsabilidades que repercutam nas transformações necessárias para garantir a qualidade de vida individual e coletiva. Considerando a missão da Assistência Social enquanto Política pública, esse é um conceito óbvio frente ao desafio de promover condições para o exercício do protagonismo.

“(...) Costumam participar do planejamento das ações e execução”. “(...) O usuário tem consciência dos direitos e procuram o acesso ao direito. Procuram o CRAS e participam ativamente das atividades. Hoje existe a valorização do ser enquanto pessoa”. “(...) A participação dos usuários é ativa, mas falta conhecimento para que os mesmos atuem como protagonistas da sua história. Só através do conhecimento é que os homens conquistarão a autonomia e a emancipação”. “(...) Os usuários respondem bem quando convocados pela secretaria”. “(...) Quando participam das ações promovidas visam o produto final e não a possibilidade de melhorar a vida pessoal e familiar. É necessário realizar mais atividades de conscientização, junto aos usuários, sobre sua participação e responsabilidade na busca dos seus direitos”.

Nos depoimentos os gestores reconhecem que a participação precisa ser

fundamentada, e que cabe às equipes promoverem espaço de socialização de saberes, ampliação de conhecimentos e reflexão sobre o exercício de cidadania. Dos pesquisados 62%, solicitam como tema para capacitação o trabalho com famílias e 43% cidadania. No entanto, é importante que sejam aprofundadas as questões que dão de fato a identidade aos temas, por exemplo, concepção de família e as lutas sociais que promoveram espaços democráticos e conquistas sociais, etc.

“A palavra “protagonismo” vem da junção de duas palavras gregas: protos que significa o principal, o primeiro, e agonistes que significa lutador, competidos. Quando falamos de protagonismo estamos falando objetivamente da ocupação de um papel central nos esforços por mudanças sociais. O modelo de estruturação das Políticas Públicas no Brasil, atualmente, principalmente, na área social, é eminentemente participativo. A Constituição Federal logo no Artigo 1º - Parágrafo Único - afirma: “Todo poder emana do povo e será exercido por seus representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição””. Eduardo Amadeo - Juventude, Educação e Mudança. 2000

MAS QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA PROTAGONISMO?

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“(...) Percebe-se a existência de uma “mentalidade” de participação efetiva dos usuários no momento da realização dos cursos”. “(...) Os usuários vêm em busca de atendimentos individuais”. “(...) Ocorre, basicamente, no momento da execução das ações”. “(...) A participação ocorre dentro dos projetos, no momento da execução das ações. Muitas vezes necessitam de um estímulo extra (distribuição de brindes). É necessário à realização de um trabalho mais efetivo junto aos beneficiários sobre seus direitos e deveres”.

É importante esclarecer que há níveis diferenciados de participação, pois muitas

vezes esta é considerada apenas no comparecimento. A freqüência é necessária e fundamental para que a participação se estabeleça, entretanto, nem sempre quem comparece está presente. O interesse sobre os ganhos emergenciais citados revela que não há compreensão sobre os objetivos da Assistência Social enquanto Política pública. É preciso rever processos e fazer autocrítica sobre os resultados almejados e o caminho em direção a esses: há coerência sobre o pensamento e a prática? “(...) Os usuários têm buscado e participado das atividades propostas de forma ativa. Ainda é presente a concepção assistencialista e a cultura de favor, o que vem sendo trabalhado para mudança a partir das ações desenvolvidas”. “(...) Ainda existe muito paternalismo, mas os usuários participam das ações. Precisamos trabalhar em todos os níveis para combater posturas paternalistas. Os usuários percebem melhor o que existe de concreto”.

No Brasil a participação ativa esteve sempre sob o olhar da repressão, nesse

movimento se constituiu o povo brasileiro, as famílias patriarcais, a religião e outros campos de repressão. Manda quem pode obedece quem tem juízo! Essa frase traz na sua essência a ameaça à democracia reconhecida que permanece nos tempos atuais em práticas populistas e demagógicas. A participação ativa se estabelece a partir da apropriação de conhecimentos e de leitura crítica sobre a realidade que se apresenta. Para que isso aconteça, outro estágio foi vencido: a tomada de consciência sobre direitos, deveres e co-responsabilidades sobre a vida em sociedade. Um exercício proibido em grande parte da história do Brasil que agora passa a ser cobrado, exigido, mas continua inspirando insegurança, portanto sendo pouco desejado.

Um alto percentual de pesquisados 91%12 afirmam que o usuário participa, mas a qualidade da participação pode ser avaliada superficialmente.

12 Percentual adquirido a partir da soma dos 68% que citaram na execução, 18% no planejamento e 5% no acompanhamento.

GRÁFICO 19 – PARTICIPAÇÃO MAIS ATIVA

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A participação na execução pode ser interpretada como comparecimento e freqüência. Mas, de que participação os pesquisados estão se referindo?

“(...) Há uma atuação boa junto às famílias - com resultados que mostram a evolução na compreensão das famílias sobre a Política de Assistência Social. A participação das famílias repercute sobre as políticas em geral”. “(...) Havia certa resistência da população em participar e entender as ações propostas, no entanto, a partir do trabalho de conscientização do papel da Assistência Social os usuários têm se mostrado mais atuantes e participativos nas ações propostas”.

É possível identificar, através dos depoimentos, que na RMR a atuação das

equipes precisa se voltar prioritariamente para o fortalecimento dos usuários, abrindo possibilidade de uma participação mais ativa, mais consciente e propositiva. Para isso se faz necessário contemplar no conjunto de atividades espaço de reflexão, leitura crítica sobre a realidade, socialização de informações sobre Políticas públicas, elaboração de projetos de vida e avaliação diagnóstica sobre realidade. Esse não pode ser um movimento espontâneo e de improviso. Resistir a esse movimento é planejar o fracasso! O gráfico a seguir confirma os depoimentos e abre polêmicas sobre:

Ofertas da assistência x reais necessidades frente à inclusão social; garantia

de sobrevivência x exercício de cidadania; Oportunidade de participação x conhecimentos adquiridos nessa

perspectiva; Autonomia x protagonismo.

Duas ameaças apresentadas em relação à participação alimentam a terceira

dessas; apenas uma, está sob única responsabilidade dos usuários, mas ao mesmo tempo, tem relação com outras questões subjetivas: o desinteresse. A falta de conhecimento e a falta de incentivo estão sob responsabilidade das equipes que atuam junto à população durante toda a sua história de vida - Educação, Saúde, Segurança Pública, Assistência Social, etc.. Sem conhecimento, sem incentivo e sem oportunidade de acompanhar e avaliar, é “justificável” o desinteresse dos usuários sobre as ações, pois possivelmente essas podem não corresponder aos seus desejos e aos seus projetos de vida. Mas os depoimentos dos gestores revelam que o desconhecimento está também nas equipes.

GRÁFICO 20 – O QUE COMPROMETE A PARTICIPAÇÃO DOS USUÁRIOS

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“(...) É preciso investir/capacitar as equipes para uma atuação junto às famílias mais criativa. Ainda há muito paralelismo. É preciso oferecer informações intersetoriais”. “(...) Há uma exigência sobre a equipe. Apesar de muitos esforços precisamos alimentar a equipe e investir em capacitação”. “(...) Os investimentos são insuficientes e a quantidade de vagas disponibilizadas também. O processo de capacitação é fundamental para melhorar a atuação das equipes técnicas junto aos usuários”. “(...) Houve um avanço na luta pela igualdade social. Estamos investindo para tornar possível a competitividade no mercado de trabalho. Reconhecemos que o crescimento “econômico” vai gerar uma demanda de infra-estrutura e serviços. Estamos em eterna capacitação”

Outro elemento importante para a construção de relação de confiança junto aos usuários é o exercício de empatia. Entrar no território sem se sentir parte dele, é realizar uma intervenção determinista, aonde os que chegam definem para os que já estão padrões de qualidade de vida, quase sempre sob a ótica de quem vive sob outras circunstâncias em outra realidade.

Os encontros informativos conseguem ser formativos, conseguem promover a tomada de consciência sobre a cidadania plena? A prática fortalece a autonomia

ou a tutela? Como acompanhar o “tripé” da coerência: pensamento sobre a participação do usuário x abordagem na perspectiva de formação crítica?

Como atuar frente ao desafio de vivenciar o protagonismo no cotidiano?

Os pesquisados reconhecem também as fragilidades sobre a atuação, quando sinalizam nas solicitações os temas que precisam aprofundar para desenvolver ações mais protagônicas.

Os pesquisados propõem que os conteúdos sejam trabalhados em oficinas,

seminários e reuniões in loco. É importante que as capacitações estimulem a vivência. Ou seja, o desenvolvimento dessas metodologias no cotidiano das equipes junto às famílias.

O QUE PODE MARCAR A DIFERENÇA?

VALE À PENA REFLETIR:

GRÁFICO 21 – TEMAS PARA FORTALECER A ATUAÇÃO DAS EQUIPES

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OFICINAS - dinâmicas de trabalho coletivo - estudos e reflexões; e produtos que viabilizem a aplicabilidade das discussões.

SEMINÁRIOS - socialização de conhecimentos científicos através de técnica expositiva.

REUNIÕES IN LOCO - atividades voltadas para a prática das equipes, buscando no momento e no espaço da vivência refletir sobre a fundamentação na prática e a conexão fundamental: objetivos, conteúdos, metodologia e resultados.

5.4. A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS

A composição da Equipe diante desse desafio tem como base a Norma

Operacional Básica – NOB/SUAS 2006, mas a caracterização desses profissionais faz parte do processo diagnóstico onde não basta a graduação e os títulos que esses possuem. O compromisso e a ética compõem o conhecimento e a fundamentação faz a diferença. A verificação sobre esses elementos fundamentais acontece no processo e está relacionado com o modelo de gestão, o acompanhamento, monitoramento e avaliação contínua e sistemática.

“(...) Estamos vivendo um momento especial, a equipe técnica é toda nova em virtude do concurso público que criou carreiras próprias como: técnico social, pedagogos, e outras”.

A avaliação sobre o serviço é, em conseqüência, uma avaliação sobre a equipe e as propostas deflagradas. O gestor que abre mão dessa prerrogativa assume responsabilidades sobre o fracasso de uma forma mais direta.

O investimento para garantir o acesso aos serviços deve está, diretamente, relacionado às condições básicas para a qualidade desses serviços, tais como: infra-estrutura dos equipamentos sociais, articulação das ações já existentes nos territórios, socialização das propostas junto às famílias, pactuação de objetivos junto aos segmentos que compõem as famílias e os níveis de proteção, planejamento e capacitação intersetorial, monitoramento e avaliação contínua e sistemática. Nesse conjunto de elementos que possibilitam a viabilização dos serviços com qualidade, ênfase se dá a capacidade técnica. Essa ultrapassa o grau de conhecimento para alcançar a postura ética e o compromisso com as transformações sociais.

A defesa pela Política pública é, sobretudo, a defesa por qualidade na garantia dos direitos de cidadania. Em se tratando de uma Política direcionada aos mais vulneráveis, essa qualidade recebe um olhar bem mais cauteloso, pois a discriminação e o preconceito

“A implantação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS/2004 e do Sistema Único de Assistência Social – SUAS sob o paradigma da constituição do direito socioassistencial incide em questões fundamentais e substantivas para a área de gestão do trabalho. A assimilação por todos os atores envolvidos com a política Pública de Assistência Social (gestores, servidores públicos, trabalhadores das Entidades e Organizações sem fins lucrativos, conselheiros, entre outros) é ainda um desafio a enfrentar” NOB/RH/SUAS – 2006.

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em relação aos “marginalizados”, socialmente, marcam significativamente a crença sobre as mudanças sociais e o compromisso em viabilizar condições para que as transformações sejam estruturadoras.

Por outro lado, historicamente, as equipes envolvidas com a Assistência Social

distinguiram-se pelo compromisso de caridade cristã. Paralelo a luta pelo reconhecimento da Assistência Social, enquanto Política pública se travou a batalha por “reconhecimento” sobre a importância de profissionalizar a atuação na Assistência Social. O compromisso de caridade cristã, substituído pela exigência de conhecimentos fundamentados em estudos científicos, na capacidade de analisar a conjuntura e atuar com compromisso e ética vem transformando as ações “compensatórias” em Política para a promoção da inclusão social. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido, pois a formação acadêmica acompanhada garante a fundamentação sobre a área, porém não assegura a postura ética.

“É preciso capacitar os profissionais da Assistência Social para o desenvolvimento de metodologia de trabalho com família, para a atuação em Rede, para a compreensão sobre os benefícios eventuais, intersetorialidade e sistema de informação. Esses são conteúdos que requer uma vivencia, ou seja, reflexão/ação/reflexão”.

A ausência de profissionais x as demandas técnicas, muitas vezes, justificam “acordos” pela garantia dos serviços que nem sempre se traduz em qualidade e não corresponde a necessidade das famílias nos territórios. Não basta ser pontual no cumprimento de “obrigações” é preciso assumir as responsabilidades com conseqüência.

Vale ressaltar que não há monitoramento sobre a composição das equipes, visto que os órgãos de controle social se restringem, na sua maioria, à fiscalização sobre os recursos aplicados nas ações. É preciso reconhecer os profissionais que atuam na Política de Assistência Social para avaliar se esses correspondem as expectativas em relação aos princípios e diretrizes da Política e ao modelo de proteção do SUAS.

No que se refere à escolaridade e a formação profissional, 69% dos pesquisados

na RMR já cursaram o terceiro grau. É importante destacar a importância da graduação nas áreas que conferem fundamentação relacionada às Políticas sociais e ao desenvolvimento social e direitos humanos.

Dos pesquisados apenas 8% são pedagogos, a escassez destes profissionais nas equipes da RMR, pode ser um reflexo da significativa oferta de assistentes sociais e psicólogos, ou esses profissionais podem não representar categorias prioritárias na composição das equipes. No entanto, a possibilidade de contribuir com abordagens direcionadas a área de Educação, torna esses técnicos de fundamental importância para o planejamento intersetorial e a abordagem transversal sobre os temas mais comuns a área de Assistência Social. Na composição das equipes, há uma expectativa também em ampliar o número de psicólogos que tragam para a implementação abordagem social e não clínica.

A Política de Recursos Humanos deve contemplar, também, as condições de

trabalho e os espaços de produção coletiva, capacitando os profissionais para exercerem suas funções com competência técnica atualizada.

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As capacitações devem compor o orçamento da Assistência Social nas três

esferas de governo. Cabe à gestão Federal oferecer capacitação relacionada à PNAS/SUAS no que se refere aos parâmetros nacionais e orientações para a implantação dos serviços; cabe à gestão Estadual localizar a nível de Estado a abordagem sobre a PNAS/SUAS no que diz respeito a realidade das Regiões de Desenvolvimento, ou seja, uma composição de municípios primando por direcionar as questões e abordagens mais coerentes; cabe à gestão Municipal a partir dos conhecimentos disponibilizados pelas gestões Federal e Estadual, produzir saberes que permitam a aplicabilidade junto às famílias respeitando as realidades locais. Os depoimentos a seguir podem esclarecer a preocupação expressa:

“(...) As capacitações são permanentes e ocorre com recursos do próprio município. Os recursos do FEAS para capacitação deveriam ser repassados todos para o município, pois mesmo participando das formações junto com a RMR, acredita que existam grandes diferenças dos demais municípios por tratar-se de uma metrópole. O recurso para capacitação gerenciado pelo próprio município atenderia de forma, mais direcionada as suas necessidades”. “(...) O município não tem como prática estruturar capacitações. Só participa quando há oferta do governo Federal ou outros órgãos”. “(...) De uma forma geral, os investimentos em capacitação são insuficientes. No conjunto de temas deve ser priorizado: administração social - gestão de RH e recursos financeiros. A capacitação precisa ser intersetorial”. “(...) Participam das capacitações oferecidas pelos governos - Federal e Estadual. É preciso ampliar os investimentos nessa área. No ano passado não houve capacitação promovida pelo governo do Estado. Os técnicos do município realizam capacitação para os monitores e merendeiras”. “(...) Depende das proporcionadas pelos governos - Federal e Estadual. Destaca grande ausência dessas formações. Acredita que os técnicos dos CRAS, CREAS e conselheiros necessitem de esclarecimento sobre suas atribuições e orientações a respeito de sua prática e da melhor forma de fortalecer suas ações junto aos usuários”. “(...) É necessária para aprimorar e qualificar as equipes. As demandas exigem reciclagem constante e as capacitações promovidas pelo MDS vêm fortalecendo esta atuação”. “(...) O principal veículo de capacitação tem sido por parte do Estado. No entanto, o município tem buscado dentro de suas possibilidades promover momentos de capacitação para os profissionais que nele atuam”. “(...) Depende das capacitações realizadas pelos governos - Estadual e Federal”.

“A Assistência Social deve ofertar seus serviços com conhecimento e compromisso ético e político de profissionais que operam técnicas e procedimentos impulsionadores das potencialidades e da emancipação dos seus usuários; os princípios éticos das respectivas profissões deverão ser considerados ao se elaborar, implantar e implementar padrões, rotinas e protocolos específicos, para normatizar e regulamentar a atuação profissional por tipo de serviço socioassistencial”. NOB/RH/SUAS – 2006.

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“(...) Existe um processo de capacitação permanente, viabilizando a participação de toda equipe técnica visando sempre à melhoria na qualidade do trabalho”.

As capacitações devem ser a culminância de estudos prévios sobre a atuação das equipes, agrupando as demandas comuns, e permitindo nesses espaços, a produção de instrumentais e definição de metodologias que favoreçam a aplicabilidade, o monitoramento e a avaliação sobre os investimentos na área. Com relação às atividades básicas, devem compor a rotina das equipes. Essas precisam ser acompanhadas pelos respectivos gerentes e gestores, que também devem vivenciar esses processos. A intuição não deve ser o elemento direcionador das práticas.

Até que ponto é possível transformar fragilidade em potencialidade? Até que ponto as capacitações correspondem aos objetivos propostos pela Assistência Social,

aos princípios e diretrizes da PNAS/SUAS? Como alçar as famílias para a universalização de direitos se não nos aproximarmos dessas com ações

estruturadoras e intersetoriais? Essas são reflexões coletivas que devem envolver todos que influenciarão nos

resultados - gestor, equipes, usuários, Rede socioassistencial. Todavia na hierarquia de responsabilidades, o acompanhamento e as “verificações” sobre os resultados correspondem à função de gerência - gestores, diretores, coordenadores etc.. Provocados a traçar um perfil de gerente/coordenador, os pesquisados selecionaram as seguintes características:

Na opinião dos pesquisados, mais importante que ter conhecimento sobre a

Assistência Social é ter liderança e desenvolver trabalho coletivo. Essas opiniões podem estar relacionadas às dificuldades enfrentadas pelos pesquisados em relação aos respectivos gerentes e coordenadores, pois as sugestões apontam muito mais, para as relações e a metodologia de trabalho do que para conteúdos técnicos sobre a PNAS/SUAS. Ressalta-se, no entanto, que sem fundamentação sobre a área de atuação, e sobre os territórios, os gerentes e os coordenadores não conseguirão contribuir tecnicamente e ser referências para os “subordinados”, o que com certeza abalará a liderança, colocando-a no patamar de controle sobre o grupo e não de construção coletiva sob justificativas e fundamentações técnicas.

VALE À PENA REFLETIR:

GRÁFICO 22 – CARACTERIZAÇÃO DA FUNÇÃO DO COORDENADOR

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No que se refere ao trabalho coletivo, muito mais do que o agrupamento de pessoas no mesmo espaço, deve ser um espaço de socialização de concepções, opiniões e propostas. Para ser facilitador desse processo o gerente e/ou o coordenador precisa ter um acúmulo de conhecimentos que possibilitem a exploração dos argumentos trazidos pelas equipes, assumindo assim o papel de facilitador do processo. A equipe multiprofissional deve ser, sobretudo, uma equipe interdisciplinar capaz de estabelecer um movimento de partilha de conhecimentos, desejos, crenças, concepções, medos, entre outros. As funções específicas requerem um trato coletivo, uma postura ética, o desenvolvimento de metodologia participativa que permita a vivência do protagonismo entre os técnicos, sem colocar essa responsabilidade só a encargo dos usuários.

Vale enfatizar que algumas exigências para o cumprimento das funções são contempladas na formação acadêmica, no entanto, a gestão do trabalho no âmbito do SUAS além de garantir a “desprecarização” do vínculo e o fim da terceirização, deve também e, sobretudo, garantir a educação permanente dos trabalhadores, realizar planejamento estratégico, garantir a gestão participativa e o controle social e integrar e alimentar o sistema de informação, reconhecido como ferramenta que dinamiza a leitura sobre a realidade. Ou seja, a responsabilidade sobre a equipe está para a responsabilidade sobre a qualidade dos serviços. É preciso construir uma Política de Recursos Humanos que contemple da seleção a avaliação técnica com base na NOB –RH/SUAS – 2006. Nesse caminho existem alguns passos importantes, um deles é contemplar no orçamento processos de capacitação. O formato desses processos vai depender da avaliação sobre os serviços, se esses estão em direção aos objetivos da Política de Assistência Social e/ou se revelam fragilidades técnicas e de gestão, devendo essas ser supridas com ampliação de conhecimentos, e acompanhamento sobre a postura ética.

O entendimento da maioria dos gestores é que não existem recursos para capacitações locais e que investir em capacitação é responsabilidade maior das gestões Federal e Estadual. Esses entendimentos provocam reflexões sobre o processo de descentralização político-administrativa e a autonomia dos municípios na utilização de recursos a partir da descentralização das ações; uma prática que pode ser conferida na Região:

“(...) A atuação do município em promover capacitação ainda é pequena. Os profissionais têm participado desses momentos através das ações do Estado e sociedade civil”. “(...) Depende do governo Estadual acrescenta que o mesmo não tem feito muito nesse sentido. A equipe técnica costuma participar das capacitações junto com outras políticas setoriais para qualificar melhores suas ações”.

Assim, cabe ao gestor municipal, contemplar no seu Plano de Assistência Social

as ações de capacitação devendo ser essas sistemáticas e contínuas sendo intercaladas pelo acompanhamento e avaliação. Toda a equipe que atua implementando a Política de Assistência Social na gestão pública deve ser contemplada com o processo de capacitação, numa abordagem lógica e coerente sobre o modelo de proteção. O acompanhamento sobre a aplicabilidade das discussões torna possível a capacitação em serviço, pois todo investimento em formação precisa contemplar equipes e ter aplicabilidade sobre as situações de rotina com resultados sobre os serviços e impactos

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sobre as famílias e sociedade. A seleção de temas e conteúdos deve corresponder às fragilidades identificadas durante ações de acompanhamento e avaliações.

Dos pesquisados, 46% participou de até cinco capacitações, apenas 5% nunca participou destes momentos e 82% avaliam como insuficientes os recursos disponibilizados para tal ação. Considerando os atores sociais contemplados nesse Estudo, 53% dos conselheiros pesquisados participaram de capacitação e, apenas 5% dos coordenadores não tiveram ainda oportunidade de participar desse processo e 8% dos técnicos de proteção especial, também, nunca participou de capacitação. Questionados sobre dificuldades que podem interferir durante o processo de capacitação, 39% mencionaram a participação. Ou seja, compreende-se que os mesmos, a partir da constatação, apontam, também, ausência de compromisso com o processo de capacitação, causando assim, fragilidades na participação. Essas podem estar relacionadas à divulgação e mobilização ou ao interesse sobre as temáticas abordadas.

Neste sentido, é preciso cuidar do processo que antecede a realização da capacitação, pois um dos pontos que podem favorecer a participação é a oportunidade de escolha dos profissionais indicados. Ou seja, as capacitações devem ser planejadas a partir de uma avaliação e sobre a implementação das ações. Os profissionais devem reconhecer as suas fragilidades no coletivo, compreendendo que o que está em pauta corresponde às questões individuais dentro da coletividade. Portanto, a seleção de conteúdos deve corresponder às expectativas desses no que se refere a sua atuação na equipe.

Facilidade em repassar ofícios não garante a mobilização e quando esta acontece

não significa que a participação está garantida. A burocracia, que ainda impera nos processos de comunicação institucionais, promove atrasos significativos sobre informação. Ofícios e outros documentos que deveriam divulgar programações de capacitação chegam sempre às equipes em cima da hora o que dificulta a seleção de profissionais mediante critérios e a organização da equipe para que a atividade “extra” não ponha em risco a rotina junto às famílias. Vale à pena refletir: Quais os critérios utilizados para selecionar os participantes de processos de capacitação? As capacitações promovidas pela gestão Municipal e Estadual são planejadas coletivamente? Questionados sobre conteúdos necessários numa capacitação os pesquisados apresentaram as seguintes solicitações:

GRÁFICO 23 – QUAIS DIFICULDADES

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O trabalho com famílias solicitado como conteúdos para processo de capacitação

corresponde à dificuldade já identificada junto aos pesquisados e gestores. Transversaliza esse conteúdo concepções sobre família, valores sociais, gêneros, relação de poder, etc. Portanto, trabalhar com família não se limita em agregar as ações direcionadas aos seus membros. É preciso investir em conteúdos relacionados às problemáticas que atingem as famílias de uma forma geral inclusive as famílias dos profissionais responsáveis pelas abordagens. Antecede a definição sobre a metodologia o diagnóstico social. As atividades socioeducativas correspondem, também, ao que a análise apontar, sendo esse um estudo contínuo.

O planejamento e a elaboração de projetos solicitados, também, pelos

pesquisados devem está relacionados à referência sobre a Assistência Social local: Plano Municipal de Assistência Social. Sendo esse um dos conteúdos que transversaliza a discussão sobre elaboração de projetos. Contido nesse conteúdo estão: diagnóstico social, produção de texto e outros elementos que compõem o formato do projeto social. Um deles, o orçamento, necessita de informações básicas, mas fundamentais para não correr o risco do financeiro inviabilizar a proposta técnica programática.

5.5. A INFORMAÇÃO, O MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO

Os diferentes entendimentos sobre informação, monitoramento e avaliação interferem nos procedimentos dessas ações. Implantar uma Política é também um processo educativo, onde os cidadãos se percebem coletivo, exercem conquistas traduzidas em direitos e cumprem deveres. A liberdade de expressão é uma das conquistas garantidas na Lei magna, mas em se tratando de ações de Estado é fundamental a definição de conceitos oficiais, coerentes com o que trata a Constituição Brasileira. A consolidação da Política Nacional de Assistência Social, por exemplo, exige algumas providências: socializar concepções que geraram os textos oficiais; disseminar princípios e diretrizes, divulgar e popularizar a PNAS e o SUAS junto à sociedade, e ao mesmo tempo, verificar a aplicabilidade dos textos aproximando-os da realidade que é dinâmica.

A concretização dessas providências está para a realização de alguns procedimentos gerenciais e técnicos, assim, cabe ao gestor providenciar condições estruturais e de recursos humanos e gerenciar a execução e o desenvolvimento das ações entre outros; cabe aos técnicos definir objetivos, propor atividades relacionadas às ações, construir material de apoio para a realização das atividades previstas, implementar a proposta. Nesse Estudo, buscou-se identificar a compreensão e o desenvolvimento de

GRÁFICO 24 – CONTEÚDOS PARA CAPACITAÇÃO

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algumas atividades que compõem o Monitoramento, a Avaliação e o Sistema de Informação. Foi priorizada, no conjunto de atividades, a verificação sobre o Acompanhamento, os Registros sobre os Processos e a Sistematização.

Os pesquisados da RMR apresentam uma importante adesão em relação ao

acompanhamento, visto que 98% afirmam que o realiza in loco, com a participação de equipes e parceiros e através de relatórios. Apenas 3% reconhecem que o acompanhamento é um momento onde a participação do usuário é mais forte. Vale à pena refletir: É possível acompanhar sem avaliar?

Neste Estudo, foram considerados como fios condutores para o acompanhamento,

avaliação e análise, duas etapas fundamentais, ou seja, o diagnóstico social e o planejamento, assim, foram averiguados, junto aos pesquisados, sobre a realização do planejamento. Desses, 93% afirmam planejar e 84% planejam com os colegas de equipe. Esse dado abre uma série de possibilidades para o acompanhamento. Há uma coerência sobre o que pode ser alterado no planejamento, devendo, portanto ser acompanhado os objetivos propostos, a metodologia desenvolvida e as metas previstas. Observe o gráfico:

“(...) O planejamento tem acontecido mensalmente através de reuniões com a equipe técnica do CRAS, bem como da secretaria de Assistência Social”.

ACOMPANHAMENTO

COMO VEM SENDO DESENVOLVIDO O PLANEJAMENTO NA OPNIÃO DOS GESTORES

GRÁFICO 25 – REALIZA ACOMPANHAMENTO

GRÁFICO 26 – COMO ACONTECE O ACOMPANHAMENTO/AVALIAÇÃO

GRÁFICO 27 – O QUE PODE SER ALTERADO NO PLANEJAMENTO

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“(...) No município atualmente os gestores se integram. As demandas são discutidas coletivamente e definidas também coletivamente”. “(...) Plano de ação anual construído por toda equipe técnica, organizada por programas/ações e por níveis de proteção”. “(...) Conta com a participação de todos os membros da secretaria onde consideram a política do governo e a realidade orçamentária. Há interesse do governo municipal em co-financiar as atividades da Assistência”. “(...) O planejamento ocorre, anualmente, e conta com a participação de toda equipe técnica. Também são levadas em consideração as sugestões apresentadas pelos beneficiários durante a realização das atividades socioeducativas”. “(...) O planejamento é fundamental e a exigência do planejamento ajuda no desenvolvimento das ações”. “(...) O planejamento se dá através de uma agenda social. Mensalmente realizada uma reunião com a equipe que vem atuando na Assistência de modo a garantir a identificação das dificuldades enfrentadas, bem como, as potencialidades do público atendido”. “(...) É realizado pela secretária e coordenadores ocorrendo anualmente com revisões mensais”. “(...) O planejamento da ação é realizado pela Diretoria Geral de programas/projetos, em conjunto, com as coordenadoras dos CRAS, CREAS e demais programas/projetos, o que possibilita a integração das ações”. “(...) O planejamento é articulado com as áreas básicas - saúde e educação, principalmente, no campo das condicionalidades”. “(...) O planejamento é realizado anualmente, em articulação com as demais secretarias. O planejamento é primordial para basilar todos os programas, projetos, ações e atividades das secretarias“.

O planejamento é uma atividade que compõe, segundo os gestores, a rotina das equipes, e este na opinião da maioria dos entrevistados acontece coletivamente. Um planejamento corresponde ao que se identifica sobre a realidade, o que nela ameaça o desenvolvimento humano e coletivo, o que precisa ser alterado, o que pode ser modificado a partir das ações da PAS, o que está sob gerência de outras Políticas públicas, aonde se quer chegar com essas transformações, a quem atingir, diretamente e indiretamente, e como processar tudo isso nas atitudes e práticas profissionais.

Outro destaque sobre os depoimentos dos gestores acerca do planejamento é que

este acontece na perspectiva da intersetorialidade, e tem como referência as informações trazidas pelas condicionalidades, parece óbvio, mas esse não é um depoimento comum à cerca do processo de planejamento.

RECONHECIMENTOS E CRÍTICAS “(...) O monitoramento realizado pelo Estado é muito importante para fortalecer as ações. O monitoramento anterior identificava “falhas” e não realizava qualquer ação junto ao gestor para propor intervenção de forma a qualificar as ações da assistência. Funcionando muito mais como a realização de uma coleta de dados do que monitoramento”. “(...) O SUAS definiu alguns parâmetros como o sistema de vigilância social que da forma que está funcionando, acredita atender as necessidades do governo Federal, porém defende que esse sistema seja mais prático e esteja mais próximo do

O QUE PESAM OS GESTORES DA RMR SOBRE MONITORAMENTO?

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município, onde se possa mensurar a eficácia e eficiência das ações da Assistência”. “(...) O monitoramento é importante porque aponta as falhas do planejamento para direcionar as ações e esforços para alcançar os resultados. Foi implantado no município no ano passado - gerência. “(...) Existe monitoramento e avaliação voltados para os resultados previstos no planejamento”. “(...) É preciso formar/ampliar equipe de monitoramento”. “(...) Avaliamos que é necessário monitorar de forma mais efetiva as ações das ONG’s – sociedade civil de modo a ter um controle sobre todas as ações da Assistência”.

METODOLOGIA E INSTRUMENTAL PARA REGISTRO

“(...) Existe questionário que é aplicado no início do atendimento e no final. Cada programa monitora suas ações, que pode ocorrer trimestralmente ou semestralmente”. “(...) Ocorre através de visitas e reuniões. Nesses momentos são observadas se as ações estão sendo desenvolvidas”. “(...) O monitoramento e avaliação são desenvolvidos através de reuniões, com o intuito de verificar o alcance dos objetivos traçados”. “(...) CREAS, PETI e Agente Jovem - Não existe instrumental adequado e nem uma rotina para realização do monitoramento. Necessita de capacitação para equipe técnica”. “(...) Trabalhamos com os dados da atualidade em direção ao que queremos alcançar”.

METODOLOGIA E PERIODICIDADE “(...) Ocorre semanalmente com os técnicos da proteção básica e especial. “(...) É realizado pelo período em que perdurar as ações”. “(...)Monitoramento executado - realizado através de reuniões que ocorre semanalmente com os técnicos dos CRAS, ocorre através de visitas (semanais) e reuniões com os usuários (mensais). A mesma equipe que planeja monitora. Nas reuniões são discutidos o andamento das ações e seus redirecionamentos, neste momento também é realizada a avaliação”. “(...) O monitoramento toma como referência as condicionalidades, atingindo, assim, as políticas setoriais. São feitas reuniões constantes voltadas para o planejamento”. “(...) Deve ser um processo permanente”.

PARTICIPANTES “(...) No que se refere ao monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas estes são realizados pelos técnicos que atuam no CRAS, sendo acompanhado/supervisionado pela coordenação geral das ações/projetos desenvolvidos no município, a psicóloga”. “(...) O monitoramento é primordial para o desenvolvimento da Política de Assistência Social, o processo deve ser coletivo e envolver os três entes da federação, principalmente, estados e municípios”. “(...) O monitoramento e avaliação é realizado pelos técnicos que atuam no atendimento direto com os usuários”.

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“(...) Equipes técnicas, bem como com os usuários”.

O monitoramento é competência das três esferas de governo, e está, intrinsecamente, ligado ao processo de descentralização político-administrativa. Mas cabe, sobretudo, à gestão Municipal e à gestão Estadual monitorar os resultados e impactos das ações desenvolvidas sobre a realidade, chegando até as equipes e assumindo junto a essas, processos de fortalecimento para o cumprimento de suas funções.

As dificuldades não devem impedir o monitoramento, mas sim, precisam ser desafiadoras para que as condições inexistentes sejam criadas, pois esperar as condições ideais é desperdiçar momentos de estudo, caracterizados pela conjuntura, esses não voltam mais. É importante associar e harmonizar as etapas que transformam ações em processos; uma boa estratégia é a amostra sobre o universo total de ações realizadas e famílias atendidas. Outra sugestão é agrupar famílias e equipes e realizar técnicas que permitam verificar o desenvolvimento das ações e respectivos resultados.

Antecede o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação à leitura sobre o planejamento, a seleção dos objetivos a serem verificados e a elaboração de instrumental para o registro das observações e resultados alcançados. Essas etapas em complementariedade fazem o movimento entrar na rotina sem causar novas demandas.

A necessidade de monitoramento e avaliação e sistemas de informações para a

área, também remontam para o planejamento institucional onde aparecem as alocações de recursos para a implementação das referidas ações. As informações coletadas no desenvolvimento das ações junto aos usuários e técnicos, são matéria-prima para alimentar sistemas de informações, que por sua vez, devem ofertar subsídios para a “regulação” do SUAS nos diferentes territórios. Os sistemas não devem se reduzir ao

É PRECISO ACOMPANHAR! O QUE? QUANDO? ONDE? PARA QUÊ?

DIAGNÓSTICO

AVALIAÇÃO

PLANEJAMENTO

ACOMPANHAMENTO

MONITORAMENTO

SISTEMATIZAÇÃO

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armazenamento de dados. Verificou-se o conhecimento dos pesquisados sobre sistemas informatizados utilizados na gestão da Assistência Social, como também, a familiaridade dos pesquisados com os equipamentos de informática e a utilização dos programas e Redes. Observe o resultado:

A partir dos gráficos é possível observar que entre os pesquisados há familiaridade

com os equipamentos e programas de informática, entretanto, ainda é significativo o percentual sobre os que não utilizam à informática - 18%. Ainda, segundo os mesmos o computador é utilizado na rotina das equipes, principalmente, na elaboração de documentos por 74% e no acesso a internet por 53%. Possivelmente o acesso à internet está mais direcionado ao SUAS/WEB e ao Bolsa Família, que conforme os pesquisados são os dois sistemas mais conhecidos e que exigem das gestões Municipais conexão permanente.

Com relação aos sistemas informatizados, 74% dos pesquisados afirmam

conhecer, desses 34% citam o SUAS/WEB, 24% o Bolsa Família. Ressalta-se que apenas 3% citam o SIGAS.

A utilização dos dados armazenados nos Sistemas está prioritariamente, segundo

os pesquisados, para a construção de análises sobre a implementação das ações, organização dos cadastros das famílias e elaboração de relatórios. Uma constatação positiva na perspectiva de construir a partir dos sistemas informatizados os de informação. Vale à pena refletir: É possível ampliar a utilização dos sistemas informatizados? Como os sistemas informatizados podem contribuir para “regulação” do SUAS?

GRÁFICO 28 – NA SUA PRÁTICA PROFISSIONAL UTILIZA A INFORMÁTICA

GRÁFICO 29 – QUANDO UTILIZA

GRÁFICO 30 – QUAL O OBJETIVO DOS SISTEMAS

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O sistema informatizado é um importante elemento para a construção do sistema de informação. Mas esse ainda não é o início nem o fim desse processo que acontece no desenvolvimento de etapas complementares, a saber: acompanhamento, registros sobre as realidades acompanhadas, armazenamento de informação no sistema, sistematização e análise. É possível reconhecer a importância do registro avaliando sob que circunstâncias ele foi produzido, como foram organizadas as condições para o seu desenvolvimento. Sem registrar o processo, perdemos o fio condutor para a avaliação e a autocrítica, mas o registro sem objetivo definido, não produz espaço de crescimento e tomada de consciência que torna a ação educativa transformadora.

Vale salientar que para facilitar o monitoramento e a avaliação é recomendável que se elaborem instrumentais para o registro sobre o acompanhamento - visitas, reuniões, observações participantes, etc.. Essas informações, sistematizadas e analisadas serão subsídios para a produção dos relatórios. Os pesquisados, na sua maioria, 51% afirmam registrar informações nos instrumentais específicos e 43% nos relatórios. A sistematização é um processo que exige capacidade de síntese e análise.

Questionados sobre sistematização, 86% dos pesquisados afirmam sistematizar

as ações desenvolvidas, desses, 41% admitem enfrentar dificuldades para realizá-la e essas dificuldades se concentram na ausência de tempo para o desenvolvimento da sistematização.

Com base nos gráficos acima, observa-se que a sistematização em função dos

relatórios é citada por 53% dos pesquisados. A partir dessa informação avalia-se que esses documentos trazem o consolidado das questões que representam o universo atingido. Não foi possível identificar se os registros e a sistematização geram análise sobre o processo e resultados. A partir da dificuldade apresentada, ou seja, falta disponibilidade de tempo; entende-se que possivelmente a sistematização não passe da organização dos registros sem, no entanto, produzir análise sobre os conteúdos. A sistematização, também, traz uma visão sobre a intersetorialidade. A partir dos registros e das análises, se alcança às necessidades supridas e as demandas reprimidas, o nível de possibilidade e fragilidade e os desafios frente à universalização de direitos.

Por outro lado a avaliação aparece na maioria dos depoimentos dos gestores

entrevistados, como ação que acompanha o planejamento presente na rotina da equipe, mas distante dos usuários13. 13 7,14% dos gestores informam que não ainda não foi possível esse ano desenvolver nenhuma avaliação.

GRÁFICO 32 – COMO E QUANDO ACONTECE A SISTEMATIZAÇÃO

GRÁFICO 31 – ONDE REGISTRA AS INFORMAÇÕES

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“(...) É preciso investir na construção de indicadores e ter uma equipe específica para tratar a avaliação”. “(...) É o momento de re-planejar as ações propostas”. “(...) Se confunde com o momento do monitoramento. A equipe técnica é muito pequena para atender toda demanda”. “(...) É realizada pelas diretorias e os comitês gestores”. “(...) A avaliação ocorre, semestralmente, e conta com toda a equipe da secretaria, nesse momento é observado o que foi executado e se está de acordo com o plano de ação”. “(...) Após a avaliação o resultado é apresentado para os conselhos”. “(...) O sistema facilitou todo o processo no desenvolvimento das ações. Com o SUAS a Assistência Social deixou de ser assistencialismo e passou a trabalhar com a emancipação das famílias”. “(...) A avaliação também ocorre semestralmente e conta com toda a equipe da secretaria, nesse momento são observados se as metas foram atingidas”. “(...) O momento de avaliação possibilita o redirecionamento das ações”. “(...) Acontece semestralmente com a secretária e técnicos nas reuniões e nos momentos da realização dos relatórios”. “(...) A avaliação é um processo fundamental, também deve ser permanente, e acima de tudo deve produzir informações que nos permita avaliar os benefícios, programas e projetos de enfrentamento da pobreza - PBF, PETI, Sentinela, etc.”.

Vale salientar que confrontando os depoimentos percebe-se que as avaliações na

opinião, da maioria dos gestores, compõem o processo de implementação, sendo, portanto uma ferramenta para o diagnóstico permanente. Mas não foi possível identificar a metodologia utilizada para o desenvolvimento da avaliação.

Por outra via, avaliar exige uma retrospectiva sobre a situação inicial, onde, a

partir desta foram projetadas as mudanças e construídos os indicadores nessa direção. Os momentos de avaliação deve se reportar sempre às questões: O que existia? O que existe hoje? Esse exercício acontece com base nos objetivos traçados. Ou seja, uma avaliação, conseqüente, instiga a verificação sobre os motivos que justificam, ou não, as transformações esperadas. As atividades denominadas de avaliação não devem acontecer de forma espontânea e sem fundamentação que embase o processo; do contrário os profissionais permanecerão na superfície das situações sem percorrer o fio condutor para as mudanças no campo programático e político.

5.6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS

“(...) O município, atualmente, tem recebido a visita de empresas que vão se fixar na Região se dispondo a montar parceria na área de Assistência Social. Não há dificuldade na administração do FMAS”. “(...) O financiamento é compatível com os programas. Ainda há muita burocracia para a mobilização de recursos, ao mesmo tempo, há facilidade nas linhas de financiamento. No entanto, os critérios precisam ser revistos”.

As informações registradas e analisadas, anteriormente, rendem justificativas para

a captação de recursos. Nesse processo a produção de argumentos, objetivos e

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estratégias compõem a lógica sobre os investimentos no modelo de proteção - básica x especial. Portanto, o processo de captação é o resultado da verificação sobre a realidade - ação contínua; e da hierarquização de demandas sob o olhar estratégico para a “otimização” de recursos - combatendo ações sobrepostas, por exemplo.

É importante lembrar que captar recursos pode ter uma interpretação mais

abrangente considerando as justificativas técnicas sobre as necessidades no que se refere ao desenvolvimento das ações em direção aos resultados almejados. Nesse sentido, a elaboração faz a diferença. Para diminuir a margem de erros sobre a intervenção no que diz respeito à decisão sobre os investimentos financeiros, se faz necessário, a elaboração de projetos sob a ótica da Política, do PMAS. Nem sempre textos “bem escritos” são textos “bem elaborados”.

Na RMR, a responsabilidade sobre a elaboração dos projetos está nas mãos dos

secretários e técnicos. Observe o gráfico:

Com relação à captação de recursos é importante lembrar, que deve

corresponder às necessidades das famílias, dos territórios em que essas vivem e das equipes que atuam na perspectiva de contribuir para as transformações sociais. Portanto precisa ser contempladas também nos orçamentos para áreas que transversalizam as ações da Assistência Social, prevendo assim o campo de intersecção das Políticas públicas onde devem ser firmadas as parcerias estruturadoras da universalização de direitos.

Todo processo de captação de recursos deve corresponder ao que foi indicado no

PMAS e deliberado pela Conferência e aprovado, conseqüentemente, pelo CMAS, que atualizará a discussão numa revisão conjuntural sobre as prioridades. Ou seja, não se cria demandas distantes do PMAS. Esse deve ser revisto sempre que a realidade se altera causando impacto na vida das pessoas. É a partir do Plano Municipal de Assistência Social, que se constrói o orçamento e se prevê recursos para respectivo Fundo. A flexibilidade do PMAS confirma a sua importância enquanto referência para atuação dos gestores, equipes e Conselheiros.

Os recursos que viabilizam as ações da Assistência Social, na sua maioria, estão

atrelados aos Programas e Projetos elaborados pelo governo Federal e para a implantação dos níveis de proteção. As informações registradas e sistematizadas são os elementos centrais para a análise sobre a realidade, o que precisa ser alterado e quais as

GRÁFICO 33 – RESPONSÁVEL EM ELABORAR OS PROJETOS DA ASSISTÊNCIA NO MUNICÍPIO

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responsabilidades da Assistência Social. A pactuação sobre as parcerias, sobretudo, com as famílias, deve acontecer no processo de elaboração contemplando os objetivos propostos. A captação de recursos é, sem dúvida, uma oportunidade de fortalecer as relações de co-responsabilidades, devendo, portanto, contemplar todos os atores sociais facilitando o planejamento estratégico e intersetorial, além do acompanhamento e a avaliação sobre os resultados.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Respondendo aos objetivos traçados para esse Estudo, é possível contribuir com as seguintes considerações: 1 – SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA.

O conhecimento sobre os marcos legais que regem a PNAS/SUAS, socializados pelos pesquisados e entrevistados durante o Estudo, se limita à legalidade, visto que existe um desconhecimento sobre a lógica da Assistência Social que os direcionam transformando-os em instrumentos para a cidadania plena.

Há uma desconexão entre conhecer e compreender, provavelmente a constatação sobre as fragilidades no campo da apreensão - diferente do campo do conhecimento, venha instigar um novo olhar sobre o campo do conhecimento x sabedoria e promover novos movimentos em direção a apropriação x absorção de conteúdos “chaves” para a implantação e implementação da PNAS a nível municipal. Rever esse processo é muito mais do que repassar informações sobre os marcos legais e outros documentos que fundamentam a Assistência Social enquanto Política Pública. Capacitar profissionais nessa área significa recuperar marcos históricos e políticos que dão identidade à PNAS/SUAS.

A fundamentação sobre a Assistência Social deve abastecer coordenadores, técnicos, conselheiros e gestores partilhando com esses o conhecimento como ingrediente para a produção de novos saberes. O grande desafio é não enrijecer esse processo, mas torná-lo leve e prazeroso; uma construção sempre inacabada, onde a lei seja “saboreada” como fruto de muitas lutas representando assim uma conquista social e não simplesmente uma determinação legal que deve ser cumprida a risco.

O Estudo sobre a LOAS e sobre outros marcos legais deve partir da realidade onde a Política está sendo desenvolvida, permitindo a conexão entre o pensado e o vivido, uma relação viva da realidade reconhecendo-a, de dentro para fora e de fora para dentro, sob o ângulo da cidadania plena, das conquistas e dos desafios que se apresentam e são permanentes na evolução do ser, ou seja, um movimento que se depara com concepções e valores sociais que dão rumos diferentes ao cumprimento das leis. Temas transversais e exemplos de vivências podem servir como introdutórios às abordagens sobre a fundamentação da Assistência Social. Esse exercício facilitará a aplicabilidade das discussões tornando-as mais reais e presentes no cotidiano das equipes.

Para REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, apresentam-se as seguintes sugestões no campo da fundamentação sobre a PNAS/SUAS:

Investir na apropriação sobre a lógica da PNAS/SUAS em relação a outros marcos

legais que regem as políticas setoriais e a política para criança e adolescente; Interpretar os textos das leis e normas operacionais tomando como base situações

concretas do cotidiano; Ampliar a compreensão sobre o modelo de proteção na perspectiva da

integralidade e da intersetorialidade;

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Disseminar o processo de descentralização político-administrativa, numa linguagem clara que possibilite o entendimento sobre a lógica que gera as exigências em relação à implantação do conselho, a elaboração do Plano e a instalação do Fundo Municipal de Assistência Social;

Promover reflexão sobre democracia, na expectativa de organização de fóruns onde sejam socializadas informações referentes à PNAS que promovam a participação da população e fortaleça o controle social;

Aprofundar a discussão sobre a família contemporânea e suas funções e papéis sociais;

Aprofundar conhecimentos sobre monitoramento, avaliação e sistematização; Realizar o mapeamento da Rede, identificando gargalos frente às necessidades

apresentadas pela população; Aprofundar conhecimentos sobre Rede socioassistencial; Aprofundar conhecimentos sobre co-gestão de coletivos organizados com ênfase

aos consórcios intermunicipais; Compreender o orçamento público: marcos legais que regem o orçamento

participativo.

2- SOBRE O PLANEJAMENTO DA PNAS As dificuldades registradas no campo do planejamento sobre a Política estão

relacionadas, diretamente, às concepções, aos conhecimentos, e à capacidade gerencial. Entrelaçando esses elementos, estão a ética e o compromisso social. Assim, foi possível registrar a ausência de um ponto de partida - estudo diagnóstico sobre a realidade com indicadores sociais que permitam a análise sobre as necessidades e a hierarquização das demandas, pouca clareza sobre o ponto de chegada - objetivos precisos e possíveis de serem atingidos, passos desconectados em direção às “transformações” almejadas - metodologia distante dos objetivos socializados nos discursos.

A elaboração do planejamento compõe um conjunto de “compromissos” que nem sempre correspondem às necessidades das equipes. Estão relacionados às determinações, ao que é preciso ser feito, mas nem sempre há um reconhecimento sobre a importância, quase vital, daquela atividade para a consolidação da Política.

O ato de planejar é algo tão presente na vida do ser humano, que muitas vezes, naturalmente, sem perceber, estamos planejando. Portanto, não dá para viver sem planejar! Mas para desenvolver a Política de Assistência Social, essa atitude inerente ao ser, assume um importante destaque: ação preparatória que impulsionada pela realidade adversa, busca instrumentalizar equipes para alterar a qualidade de vida da população, seja de forma direta para pessoas mais vulneráveis, seja de forma indireta para coletivos organizados ou não. Neste sentido, há um conjunto de exigências que permitem nesse Estudo, a identificação dos pontos de estrangulamentos do planejamento para a implantação do SUAS e implementação da Política de Assistência Social. Destaca-se:

1. Desconhecimento sobre a PNAS/SUAS (modelo de proteção); 2. Desconhecimento sobre o território (possibilidades e ameaças); 3. Ausência de Indicadores; 4. Indefinição de processos de trabalho (papéis e competências); 5. Indefinição de metodologia na perspectiva da intersetorialidade (núcleos

específicos e campos comuns nas atuações das equipes e para a participação dos usuários);

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Para REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE apresentam-se as seguintes sugestões no campo do planejamento:

Investir na definição de metodologia para o planejamento intersetorial; Aprofundar discussão e entendimento sobre tipificação de planejamentos

considerando tempo de execução, conteúdo, formato, etc.; Realizar oficina de planejamento para a realização da Conferência Municipal de

Assistência Social; Construir política de comunicação junto ao Estado; Compreender e elaborar orçamentos públicos considerando os marcos legais; Reconhecer os elementos que devem compor um planejamento intermunicipal; Definir metodologia de planejamento que contemple a participação dos usuários.

3- SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES E ATIVIDADES QUE COMPÕEM O MODELO DE PROTEÇÃO DO SUAS

Em consonância às considerações sobre o planejamento, é possível identificar fragilidades na composição, caracterização e atuação das equipes frente às necessidades e demandas para a implementação da PNAS/SUAS. As fragilidades citadas compreendem os processos que antecedem a composição das equipes para a gestão e para o atendimento direto junto aos usuários. A seriedade exigida na seleção dos profissionais que irão compor as equipe precisa estar para as transformações desejadas, ou seja, uma decisão política de interesse público.

Os avanços nos marcos legais, com ênfase na NOB/RH-SUAS, ainda estão no papel, pois na prática a seleção dos profissionais está sob a responsabilidade de pessoas, que arbitram, muitas vezes, de forma desconectada: composição de equipe x objetivos a serem atingidos. Ou seja, equipes que não correspondem às necessidades, profissionais - competentes, mas sem disponibilidade e/ou profissionais sem competências, porém com disponibilidade. Esses são argumentos utilizados para justificar posturas autoritárias que marcam a seleção sem critérios e põe em risco uma “intervenção” social. Implícitas nessa discussão estão etapas que antecedem a certificação profissional: formação técnica/acadêmica, apropriação sobre os elementos que marcam a realidade, leitura crítica sobre os contextos sociais e as relações de forças existentes, autocrítica sobre grau de competência em relação às demandas apresentadas, entre outros.

Verificou-se nos resultados do Estudo que, na maioria das vezes, as ações e atividades estão sendo desenvolvidas sem fundamentação, pois a rotina de cada dia está isolada, e não tem conseqüência. Ações programáticas sem um fio condutor que provoque a equipe à intersetorialidade. A fundamentação está, sobretudo, no conhecimento interpessoal, elemento central para o trabalho coletivo. Na eleição de prioridades sobre o que precisa ser trabalhado junto à equipe para que esta tenha uma atuação mais eficaz, os marcos legais, a fundamentação técnica aparecem sempre como prioridade, no entanto, os grupos e equipes só conquistam identidade a partir do conhecimento individual sobre os seus membros. A identificação das diferentes formas de interpretar a realidade é um dos pontos chaves para abrir essa construção de relação de pertencimento e de confiança mútua da equipe. Assim, é preciso mapear potencialidades e fragilidades das equipes e a partir desse ponto desenhar a lógica da intersetorialidade, da parceria e da capacitação intensiva e em serviço. Portanto, a implementação da

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Política promove dinâmicas que transformam todos em usuários dos serviços provocadores e provocados sobre o crescimento integral dos indivíduos e dos coletivos.

Na hierarquização de responsabilidades os gestores assumem importante e estratégico papel/função, mas não estão acima da lei e da ordem. As decisões sob prerrogativas dos gestores vêem sendo atingidas pelos fenômenos da “(des) responsabilização e culpabilização”. A falta de conhecimento técnico tem sido utilizada como justificativa para excessos e/ou omissões. Esforços de gestores em direção aos acertos são interrompidos pela burocracia e pela dinâmica frenética e ultrapassada das gestões públicas - estadual e federal - que arremessam para os municípios uma série de solicitações, muitas vezes, fora da realidade local. O cumprimento à risco do marco legal, sem reflexão e conexão sobre a prática desencadeia fracassos já esperados.

A descentralização político-administrativa, por exemplo, tem forçado práticas

irreais e escondido a essência dos problemas: Conselhos implantados - conselhos frágeis, processo de implantação distante da população e sem reflexão sobre a importância desses, desconhecimento sobre papéis e competências; Planos Municipais de Assistência Social - documento bem escrito e pouco elaborado, equipes sem capacidade de elaborar e/ou planos elaborados distantes da realidade local; Fundos instalados - sem previsão orçamentária, controle social frágil, conselho deliberando sem apropriação do orçamento para a Assistência Social, desconhecimento sobre os critérios para co-financiamento, ausência de acompanhamento sobre os investimentos feitos, desconhecimento sobre elementos da gestão financeira, atrasos e/ou falhas nas prestações de contas.

Na implementação da PNAS/SUAS em Pernambuco, registra-se muito mais preocupação e “zelo” no cumprimento das determinações do que na apropriação sobre a lógica que firma as determinações como legal. O protagonismo precisa estar vivo em todas as práticas. A análise sobre os processos deflagrados pelas esferas de governo permite a reflexão sobre como esses estão para a inclusão e/ou para a exclusão, ameaçando muitas vezes a formação do ser. São na sua maioria, processos elaborados por poucos, onde poucos sabem, entendem, conseguem se “empoderar” e poucos governam, portanto, poucos decidem em relação à história de muitos.

Possivelmente, o fio condutor que leva a esse desfecho está na prática dos técnicos junto às famílias, que independente da formação são educadores para a cidadania. Enxergar esse percurso traz mais responsabilidade sobre a composição das equipes e reforça compromissos sobre a intervenção, acompanhamento e avaliação dos resultados. Aos gestores cabe a responsabilidade pública de responder a aprovação da população a um projeto político. Identificaram-se durante o Estudo, gestores sem conhecimento da Assistência Social, com práticas de caridade e benesse. Utilizando os recursos públicos para atender de forma emergencial e pouco estruturadora. Práticas muitas vezes, apoiados por conselheiros e técnicos, que em nome da proteção fortalecem a exclusão, pulverizam e desperdiçam recursos públicos. Em se tratando do modelo de proteção, ainda há uma crise de identidade sobre os Centros de Referências - CRAS e CREAS. Em alguns municípios situações de vulnerabilidades que exigem atendimento especial, não estão sendo assumidas por falta de estrutura, de equipamento social devidamente aparelhado com profissionais especializados nas questões problemas. Para suprir essa demanda ações de proteção especial estão sendo agrupadas as atividades dos CRAS, que por sua vez, na sua grande

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maioria, estão desenvolvendo prioritariamente atividades de geração de renda. O trabalho com a família aparece como a grande dificuldade das equipes. As fragilidades identificadas na implementação da PNAS/SUAS têm como nascedouro o desconhecimento, o autoritarismo, a ausência de procedimentos organizacionais, a ausência de avaliação e análise que provoque a construção contínua.

Para REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE apresentam-se as seguintes

sugestões no campo da implementação:

Rever concepções de avaliação de processo - diagnóstico, monitoramento e seus respectivos instrumentais para registro;

Rever as atividades desenvolvidas com vistas a definir/construir a metodologia de trabalho com famílias e ações em Rede;

Aprofundar estudo sobre núcleos específicos e campos comuns que marcam o modelo de proteção - básica e especial;

Realizar oficinas para produção de textos: instrumentais para organizar a rotina, a notificação sob os “casos”, os encaminhamentos, o acompanhamento, a sistematização;

Promover oficina intersetorial junto aos representantes da Rede socioassistencial: identificar ações sobrepostas e potencialidades para o desenvolvimento de novas ações;

Realizar oficina sobre produção de textos: registros sobre a prática, sistematização e relatórios - descritivos e analíticos;

Realizar abordagens de temas relacionados aos problemas urbanos e rurais; Capacitar gerentes e coordenadores para o desenvolvimento de gestão

democrática, prestar esclarecimentos às equipes sobre a PNAS/SUAS, desenvolver trabalhos coletivos e assumir liderança no grupo;

Aprofundar discussão sobre atividades socioeducativas; Aprofundar discussão sobre ações emergências x ações estruturadores e o papel

do CRAS na articulação das ações dentro do território; Elaborar estratégias intersetoriais para a Proteção Especial - combate à violência,

ao abuso e exploração sexual, drogas, etc.; Construir um Plano Regional sobre a proteção especial que fortaleça as ações

nessa expectativa; Implantar consórcio na Região; Criar uma Câmara Técnica Regional para a captação de recursos na perspectiva

de fortalecer ações consorciadas; Realizar oficinas temáticas abordando: protagonismo, relacionamento interpessoal,

metodologia de trabalho com famílias, ações socioeducativas, diagnóstico social, elaboração de projetos, cidadania, trabalho coletivo, liderança, planejamento estratégico, entre outros.

4- SOBRE AS QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PNAS/SUAS

Modelos de gestão, sistemas de informação, captação de recursos e elaboração de projetos, foram consideradas nesse Estudo como ações que transversalizam a implementação da PNAS/SUAS. Através das considerações sobre esses pontos, o presente Estudo busca reconhecer a importância das “atividades de retaguardas” conhecidas também como atividades meio, para a consolidação da PNAS/SUAS.

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Percebe-se a partir das informações coletadas que não há uma conexão das atividades meios, com as atividades fins. O entendimento dos pesquisados e entrevistados, na sua maioria, revela paralelismo entre o que pensamos, falamos e fazemos. Defende-se o protagonismo e a participação popular, por exemplo, no entanto, os usuários e as famílias não têm acesso às informações sobre a gestão. Não é uma prática comum, por exemplo, disseminar junto aos usuários informações sobre a descentralização político-administrativa, o modelo de proteção do SUAS, os objetivos traçados para atingir determinada situação de vulnerabilidade social etc. A pesquisa junto às famílias sobre informações que tornem possível caracterizá-las é imprescindível, mas os sistemas informatizados continuam transformando-as em números e metas. As informações são armazenadas e pronto! Foi possível identificar sob justificativas “convincentes” que é muito complicado trabalhar as informações armazenadas. Os sistemas não facilitam a análise. Mas, quem produz os sistemas? Para que esses são produzidos? Essas questões não vêm sendo feitas e muito menos respondidas. Atitudes de apatia fazem com que sejam impostas demandas para as equipes que nem sempre são reconhecidas como necessárias, úteis, ao processo. Por outro lado, são elaborados instrumentais para registros desconectados da proposta do sistema informatizado. Mas de que propostas estão falando? A grande queixa é que o governo Federal e Estadual continua, apesar de todos os dados nos sistemas, impondo movimentos que não condiz com a realidade dos municípios e das Regiões.

A elaboração de projetos para captação de recursos responde às demandas apresentadas pelo co-financiador. As orientações para a elaboração dos projetos, na maioria das vezes, levam à generalização e ao agrupamento de situações parecidas, próximas, mas nunca iguais. Os municípios estão cada vez mais laçados pela lógica do co-financiador. Quem tem recurso tem poder, mas quem tem conhecimento tem capacidade de argumentar. Portanto, as passividades dos municípios os tornam co- responsáveis pela padronização dos investimentos e “co-financiamentos”.

Para a RMR apresentamos as seguintes sugestões em relação às questões

gerais que transversalizam a implementação da Política:

Instrumentalizar as equipes sobre Redes informatizadas; Aprofundar conhecimentos sobre sistemas informatizados x sistemas de

informação; Realizar oficina para análise das informações armazenadas em

sistemas/programas - produção de roteiro para análise considerando a problemática Regional;

Aprofundar processo de captação de recursos e elaboração de projetos: estudo e produção de texto no intuito de combater situações que alimentam a vulnerabilidade social - exploração do trabalho infantil, violência doméstica, abuso e exploração sexual, entre outras;

Aprofundar processo de captação de recursos para fortalecimento da Rede socioassistencial e ações em consórcio intermunicipais;

Ampliar parcerias com universidades/faculdades para projetos de extensão na área de Assistência Social e capacitação técnica.

O Estudo desenvolvido permitiu algumas constatações e o surgimento de novas

hipóteses. Foi possível identificar nos depoimentos da maioria dos pesquisados e entrevistados, o desejo de alterar a realidade adversa que exclui pessoas de todas as faixas etárias do exercício de cidadania. No entanto, a busca por justiça social requer

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novos modelos de intervenção, para isto se faz necessário estabelecer processos de trabalho e de gestão onde as práticas promovam a inclusão, sejam no acesso às informações sobre as Políticas Públicas, seja no acesso aos serviços.

As equipes espalhadas que atuam implementando a PNAS/SUAS no estado de Pernambuco, é uma parte desse todo. As responsabilidades distintas se compõem numa grande Rede de proteção social. É fundamental ter uma visão mais ampla e alcançar a dimensão do que se faz em cada cantinho desse Estado. O mundo se constrói a partir de cada decisão sobre a mudança. É preciso entender que mundo se quer construir, para saber se nossa caminhada segue o rumo certo.

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ANEXOS

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GESTÃO DE COLETIVOS: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda/ Gastão Wagner de Sousa Campos. – São Paulo: Hucitec, 2000.

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Glossário: Conhecendo as concepções, conceitos e significados das palavras.

Alienação de Bens – processo administrativo de venda de bens móveis e imóveis. Significa a transferência de domínio de bens públicos a terceiros. Está sujeita à prévia autorização legislativa quando se tratar da alienação de bens imóveis. Nas demais situações, os bens devem ser alienados obrigatoriamente através da modalidade de licitação leilão.

Análise de Conjuntura – Estudo sobre a realidade sócio econômica onde as famílias estão inseridas.

Arrecadação de Tributos – é a atividade pela qual a União, Estados e Municípios cobra impostos, taxas e contribuições.

Articular – unir, juntar, promover movimento, integrar partes, compor um conjunto. Assistência social – Política pública que a partir de interfaces com outras

Políticas Sociais fortalece indivíduos e as famílias em situação de vulnerabilidade promovendo assim condições para a inclusão social.

Atividade – conjunto de operações de natureza contínua, necessárias à manutenção da ação.

Autonomia – Competência de se governar e contribuir na construção de um processo.

Avaliação Diagnóstica – Informações sistematizadas com base na análise de conjuntura.

Campo Comum – no sentido de questões que transversalizam as áreas de intervenção/políticas sociais provocando atuação interdisciplinar.

Capacidade técnica instalada frente às demandas de Assistência Social – competência técnica dos profissionais para responder as necessidades da população de forma estruturadora condizente com os marcos legais.

Captação de Recursos – Estratégias relacionadas à conquista de recursos financeiros para a realização das ações.

Co-financiamento – divisão de competências entre as esferas de governo para operar, em co-responsabilidade, a PAS.

Co-gestão de coletivos – Metodologia de trabalho coletivo onde a horizontalidade das relações e a hierarquização de responsabilidades estão em evidencia; modelo de gestão que pressupõe a igualdade no acesso às informações, o respeito as divergências, a reflexão contínua e a harmonia nas relações de poder, espaço de vivência sobre a democracia, autonomia, protagonismo e respeito com o coletivo; espaço para formação crítica e exercício do poder; espaço de governo democrático.

Competências das esferas de governo (estadual e federal) ver NOB pág. 108 a 111.

Contra-partida – percentual ou parcela de recursos próprios que o convenente aplica na execução do objeto do convênio.

Controle social – instrumentos de efetivação da participação popular no processo de gestão, com caráter democrático e descentralizado.

Convênios – acordo firmado por entidades públicas de qualquer espécie ou entre elas e entidades privadas para a realização de objetivos de interesse comum dos conveniados, podendo ter por objeto qualquer coisa, tal como obra, serviço, atividade, uso de um bem, etc. Sua celebração depende de prévia aprovação de plano de trabalho pelo interessado, contendo identificação do objeto, metas, etapas de execução, plano de aplicação de recursos, cronograma de desembolso, previsão de início e fim e comprovação de recursos próprios no caso da complementação de execução de obras (art.116, lei 8666/963).

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Criatividade – capacidade criar; possibilidade de construir estratégias frente as dificuldades encontradas.

Descentralização – Partilha de responsabilidades dos gestores sociais em seu âmbito de atuação respeitando os princípios e diretrizes estabelecidos na PNAS (coordenar, formular, co-financiamento, monitorar, avaliar,capacitar e sistematizar as informações).

Eficácia das ações de Assistência Social frente às situações de vulnerabilidade – respostas concretas das ações de Assistência Social frente aos objetivos propostos.

Empoderamento - ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Possibilita tanto a aquisição da emancipação individual, quanto à consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.

Expectativas sobre processo de capacitação técnica – desejos explícitos e necessidades implícitas dos gestores, respectivas equipes e conselheiros em relação à possibilidade de apoio técnico para a sua formação e desenvolvimento de suas funções.

Família – conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e/ou, de solidariedade (PNAS, 2004, pg. 35); conjunto de pessoas que se unem nas estratégias para garantir sobrevivência; espaço de poder sobre as relações humanas.

Financiamento da PAS – aporte de recursos financeiros da União, Estado, Distrito Federal e Municípios para executar os serviços, programas, projetos e benefícios da PAS alocados nos respectivos Fundos Públicos.

Formar – no sentido de Educar; aquisição de novos conhecimentos e ou aprofundar conhecimentos já existentes; disponibilizar espaço de produção de saberes.

Fundo – fundo previsto pela Lei Orgânica da Assistência Social, a ser instituído, através de lei específica, nos municípios, estados e Distrito Federal, como condição para recebimento de recursos de que trata essa lei 9art. 30). Está sujeito à orientação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social. Deve possuir um plano de aplicação, em conformidade com o Plano de Assistência Social.

Informar – no sentido de comunicar, dar informações, notícias; etapa que promove a aquisição de conhecimentos e a produção de avaliação e análises.

Implementar – no sentido de executar, colocar para funcionar. Implantar – no sentido de introduzir, inserir. Integralidade – Inter-relação de diferentes campos de atuação com objetivos

comuns. Integração de diferentes abordagens buscando atender as necessidades apresentadas.

Intersetorialidade – Ação que articula os vários setores das políticas sociais em torno do objetivo comum.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – lei prevista pelo artigo 165, II, § 2º da CF, chamada abreviadamente de LDO, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental, até 15 de abril de cada ano (art. 35,§2º, II, ADCT) ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, estabelecendo, para o período de 01 (um) ano, as metas e prioridades da administração pública, as orientações para elaboração da lei orçamentária anual, as alterações na legislação tributária, a concessão de vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, a

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admissão de pessoal, a alteração de carreiras e a política de aplicação das agencias financeiras oficiais de fomento.

Lei Orçamentária Anual (LOA) – lei prevista pelo artigo 165 da CF, III, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental até 31 de agosto de cada ano (art. 35,§ 2º, III, ADCT) ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, estabelecendo, para o período de 01 (um) ano, a discriminação da receita e despesas, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo.

Matricialidade Sociofamiliar – Centralidade na família garantindo a medida que na Assistência Social com base em indicadores das necessidades familiares se desenvolva uma política universalista em rede Socioassistenciais que atinjam o cotidiano e valore a convivência social e comunitária.

Modelo – no sentido de parâmetro que não deve se traduzir em condicionamento, mas em referência para avaliação e atualização na formulação diante da conjuntura.

Monitoramento – avaliação sistemática e contínua sobre os processos desenvolvidos dentro da Assistência Social.

Núcleo Específico – no sentido de questões que direcionam a abordagem exigindo conhecimento técnico especializado.

Operação de Créditos – recursos decorrentes de compromissos assumidos com credores situados no país (operações internas) ou no exterior ( operações externas), envolvendo toda e qualquer obrigação decorrente de financiamentos ou empréstimos, inclusive arrendamento mercantil, a concessão de qualquer garantia, a emissão de debêntures ou assunção de obrigações, com as características definidas nos incisos I e II, por entidades controladas pelos estados, pelos Distrito Federal e pelos municípios que não exerçam atividade produtiva ou não possuam fonte própria de receitas, com o objetivo de financiar seus empreendimentos (art. 1º, Res. 78/98).

Participação – no sentido de Ter ou Tomar Parte em; contribuir com consciência e capacidade critica.

Planejar – fazer um plano; projetar o futuro. Plano Plurianual – lei prevista pelo artigo 165 da CF, I, § 1º, que deve ser

elaborada e enviada pelos respectivos governos executivos de cada esfera de governamental até 31 de agosto do primeiro ano do mandato (art.35,§ 2º, I, ADCT) ou conforme estabelecer cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, prevendo obrigatoriamente investimentos que ultrapassem um ano (art. 167,§ 1º, CF) e estabelecendo, pra o período de 04 (quatro) anos, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada.

Protagonismo – Ator principal na transformação social; autor de sua própria história; co autor da história do coletivo onde este está inserido.

Proteção Social – conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao ciclo da vida, à dignidade humana e à família (NOBSUAS-2005).

Psique – no sentido referente à alma, o espírito, a mente. Rede socioassistencial - conjunto de entidades, conveniadas ou não, que atuam

no território implementando as ações de Assistência Social em complementariedade;

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Retaguarda – no sentido de ações que ampliam as possibilidades de sucesso nas intervenções nos diferentes níveis de proteção: controle social, capacitação, monitoramento, financeiro, segurança alimentar além dos profissionais que atuam nas gerencias de proteção básica e especial.

Sistematizar – processo de síntese e análise sobre conteúdo e resultados de um dado universo/objeto; organização de idéias que resulta em análise.

Sistema de Informação – conjunto de procedimentos que visam coletar, organizar, integrar e disseminar informações.

Sistema Informatizado – suporte tecnológico de hardware e software para o armazenamento e processamento de informações.

SUAS – Sistema Único de Assistência Social, implementado através do modelo de proteção social (básica e especial) e as diretrizes da política de Assistência Social.

Territorialização – Organização das ações da Assistência Social em rede considerando o contexto social em que as famílias estão inseridas. Ação que extravasa os recortes setoriais em que tradicionalmente se fragmentaram as políticas sociais.

Treinograma de Azoubel - instrumento que permite a visualização/aferição sobre o conhecimento, as potencialidades e fragilidades, determinando a importância e complexidade das áreas que necessitam de maior aporte técnico.

Vulnerabilidade social - situação que ameaça a condição humana põe em risco a dignidade individual e a convivência coletiva.

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Questionário

RD MUNICÍPIO PORTE DO MUNICÍPIO P M G NÍVEL DE GESTÃO SUAS I B P PESQUISADO (A)

FUNÇÃO

CONS. GOV

CONS. Ñ/GOV

COORD TEC.

PESQUISADOR (A) DATA / /

HORA INICIO:

IDENTIFICAÇÃO DO PESQUISADO

P1 - SEXO: 1.1( ) Feminino; 1.2 ( ) Masculino

P2 - FAIXA ETÁRIA: 2.1 ( ) 21 a 30 anos; 2.2 ( ) 31 a 40 anos; 2.3 ( ) Acima de 40 anos

P3- ESCOLARIDADE: 3.1 ( ) Fundamental; 3.2 ( ) Médio; 3.3 ( ) 3º Grau Incompleto; 3.4 ( ) 3º Grau Completo; 3.5 ( ) Pós – graduado

P4- ÁREA DE FORMAÇÃO: 4.1 ( ) Assistente Social; 4.2 ( ) Psicólogo; 4.3 ( ) Pedagogo; 4.4 ( ) Advogado; 4.5 ( ) Administrador; 4.6 ( ) Sociólogo; 4.7 ( ) Outros; 4.8 ( ) Não se aplica

P5- TEMPO DE ATUAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL: 5.1 ( ) 1 a 3 anos; 5.2 ( ) 4 a 6 anos; 5.3 ( ) 7 a 10 anos; 5.4 ( ) Acima de 10 anos

P6 - HÁ QUANTO TEMPO ATUA NO MUNICÍPIO NA GESTÃO PÚBLICA NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 6.1 ( ) Menos de 1 ano; 6.2 ( ) 1 a 3 anos; 6.3 ( ) 3 a 6 anos; 6.4 ( ) 7 a 10 anos; 6.5 ( ) Acima de 10 anos

P7 – SUA ATIVIDADE ESTÁ DIRECIONADA A QUE SEGMENTO DA FAMÍLIA? MÚLTIPLA ESCOLHA. 7.1 ( ) Crianças e adolescentes; 7.2 ( ) Jovens; 7.3 ( ) Idosos; 7.4 ( ) Pessoas com deficiência; 7.5 ( ) Mulheres; 7.6 ( ) Homens; 7.7 ( ) Não se aplica; 7.8 ( ) Todos os citados

P8 – JÁ DESENVOLVEU ATIVIDADE EM OUTRA ÁREA SOCIAL? 8.1 ( ) Não 8.2 ( ) Sim. Qual? 8.2.1 ( )Educação; 8.2.2 ( ) Saúde; 8.2.3( ) Turismo; 8.2.4 ( ) Habitação/Infra-estrutura; 8.2.5 ( )Outras; 8.2.6 ( ) Não se aplica.

CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL NA EQUIPE DO MUNICÍPIO

P9- QUAL SUA CARGA HORÁRIA SEMANAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA SUA FUNÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 9.1 ( ) 8 horas; 9.2 ( ) 12horas; 9.3 ( ) 18 horas; 9.4 ( ) 20 horas; 9.5 ( ) 30 horas; 9.6 ( ) Não se aplica; 9.7 ( ) 40 horas; 9.8 ( ) Outros; 9.10 ( ) Não se aplica

P10 – QUAL SEU VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM O MUNICÍPIO? 10.1 ( ) Cargo Comissionado; 10.2 ( ) Concursado; 10.3 ( ) Prestador de serviço/contratado; 10.4 ( ) Voluntário; 10.5 ( ) Não se aplica

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P11 – VOCÊ DESEMPENHA OUTRA FUNÇÃO NA GESTÃO MUNICIPAL? 11.1 ( ) Sim; 11.2 ( ) Não

P12 – NO SEU ENTENDIMENTO O QUE CARACTERIZA A FUNÇÃO DE GERENTE/COORDENADOR? MÚLTIPLA ESCOLHA. 12.1 ( ) Capacidade de expressão; 12.2 ( ) Conhecimento sobre a área de Assistência Social; 12.3 ( ) Conhecimento sobre o território em que vai atuar; 12.4 ( ) Saber ouvir; 12.5 ( ) Ser democrático; 12.6 ( ) Ter liderança; 12.7 ( ) Desenvolver trabalho coletivo; 12.8 ( ) Saber elaborar; 12.9 ( ) Ter capacidade de avaliação e síntese ; 12.10 ( ) Não sabe; 12.11 ( ) Não respondeu

CAPACIDADE TÉCNICA INSTALADA

P 13- O QUE PARA VOCÊ É ASSISTÊNCIA SOCIAL? 13.1 ( ) Política pública que promove a inclusão social; 13.2 ( ) Suprimento de necessidades básicas; 13.3 ( ) Ações de cidadania; 13.4 ( ) Não sabe; 13.5 ( ) Não respondeu

P14- ONDE ESTÁ DEFINIDO O QUE É REGULAR E O QUE É IRREGULAR NAS AÇÕES DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 14.1 ( ) LOAS; 14.2 ( ) NOB/SUAS – 2005; 14.3 ( ) Estatuto do Idoso; 14.4 ( ) ECA; 14.5 ( ) PNAS; 14.6 ( )Outros; 14.7 ( ) Não sabe; 14.8 ( ) Não respondeu.

P15 – PARA O PROCESSO DE INCLUSÃO SOCIAL, QUAL É O PRINCÍPIO BÁSICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 15.1 ( ) Universalização dos direitos; 15.2 ( ) Respeito à dignidade; 15.3 ( ) Igualdade no acesso; 15.4 ( ) Supremacia do atendimento: necessidade x rentabilidade econômica; 15.5 ( ) Divulgação ampla dos benefícios; 15.6 ( ) Não sabe; 15.7 ( )Não respondeu; 15.8 ( )Outros.

P16- O QUE MUDOU NO DESENVOLVIMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A PARTIR DO SUAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 16.1 ( ) Trabalho com família; 16.2 ( ) Centros de Referências; 16.3 ( ) Níveis de proteção; 16.4 ( ) Participação da população; 16.5 ( ) Implantação de conselhos; 16.6 ( ) Atendimento em Rede; 16.7 ( ) Articulação entre as equipes; 16.8 ( ) Programas de transferência de renda; 16.9 ( ) Não sabe; 16.10 ( ) Não respondeu

P17- O QUE MARCA A DIFERENÇA ENTRE A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E A PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL? 17.1 ( ) A situação de vulnerabilidade das pessoas; 17.2 ( ) As Linhas de financiamento; 17.3 ( ) O espaço físico onde as ações acontecem; 17.4 ( ) A forma de trabalhar; 17.5 ( ) Outros; 17.6 ( ) Não sabe; 17.7 ( ) Não respondeu.

P18- DEFINA CONTROLE SOCIAL. 18.1 ( ) A sociedade participando ativamente nas avaliações e nas decisões sobre as Políticas Públicas; 18.2 ( ) A sociedade controlando a atuação do gestor; 18.3 ( ) Não sabe; 18.4 ( ) Não respondeu; 18.5 ( ) Outros

P19- QUEM SE RESPONSABILIZA PELO CONTROLE SOCIAL? MÚLTIPLA ESCOLHA. 19.1 ( ) Conselho; 19.2 ( ) Conferências; 19.3 ( ) Ministério Público; 19.4 ( ) Rede de entidades; 19.5 ( ) Poder Legislativo; 19.6 ( ) Não sabe; 19.7 ( ) Não respondeu.

P20- QUAL A PRINCIPAL TAREFA DAS PESSOAS QUE COMPÕEM OS ÓRGÃOS DE CONTROLE SOCIAL? 20.1 ( ) Fiscalizar as ações/serviços; 20.2 ( ) Elaborar a Política; 20.3 ( ) Deliberar; 20.4 ( ) Aprovar a prestação de contas; 20.5 ( ) Acompanhar as ações; 20.6 ( )Não sabe; 20.7 ( ) Não respondeu

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P21 – QUAL A PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÃO PARA OS ÓRGÃOS DE CONTROLE SOCIAL ATUAR JUNTO Á POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 21.1 ( ) PLANO DE ASSISTÊNCIA; 21.2 ( ) PPA; 21.3 ( ) LOA; 21.4 ( ) Não sabe; 21.5 ( ) Não respondeu

P.22 – O QUE VOCÊ ENTENDE POR REDE DE ATENDIMENTO? 22.1 ( ) Entidades governamentais e não governamentais que atuam de forma complementar para o alcance de objetivos comuns; 22.2 ( ) Conjunto de entidades não-governamentais que atuam numa determinada localidade; 22.3 ( ) Entidades que atuam atendendo o mesmo segmento e as mesmas situações problemas; 22.4 ( ) Não sabe; 22.5 ( ) Não respondeu

P23 – EXISTE ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DE PROTEÇÃO BÁSICA E AS AÇÕES DE PROTEÇÃO ESPECIAL? 23.1 ( ) SIM; 23.2 ( ) NÃO; 23.3 ( ) NÃO SABE; 23.4 ( ) NÃO RESPONDEU

P24 – SE SIM, COMO A ARTICULAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE PROTEÇÃO (BÁSICA/ESPECIAL) ACONTECE? 24.1 ( ) Através de ações complementares; 24.2 ( ) No repasse de responsabilidades; 24.3 ( ) Através de comunicação burocrática; 24.4 ( ) Nos estudos de caso; 24.5 ( ) Não acontece; 24.6 ( ) Não sabe; 24.7 ( ) Não respondeu.

P25 – EXISTE ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DAS POLÍTICAS SETORIAIS? 25.1 ( ) SIM; 25.2 ( ) NÃO; 25.3 ( ) NÃO SABE; 25.4 ( ) NÃO RESPONDEU

P26- SE SIM, COMO SE DÁ ESSA ARTICULAÇÃO? 26.1 ( ) No Planejamento das ações; 26.2 ( ) No Planejamento, Monitoramento e Avaliação; 26.3 ( ) No atendimento; 26.4 ( ) No encaminhamento; 26.5 ( ) Não sabe; 26.6 ( ) Não respondeu; 26.7 ( ) Não acontece articulação

P27- EXISTE DIFICULDADE EM ARTICULAR AS POLÍTICAS SETORIAIS? 27. 1 ( ) SIM; 27.2 ( ) NÃO; 27. 3 ( ) Não sabe; 27.4 ( ) Não respondeu

P28 – SE SIM, QUAIS AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA REALIZAR A ARTICULAÇÃO JUNTO ÀS POLÍTICAS SETORIAIS? 28.1 ( ) Ausência de entendimento sobre a importância da articulação para a promoção da inclusão; 28.2 ( ) Não há priorização; 28.3 ( ) Falta de decisão política; 28.4 ( ) As implicações burocráticas/administrativas; 28.5 ( ) Disputa de poder; 28.6 ( ) Não sabe; 28.7 ( ) Não respondeu; 28.8( ) Não existe dificuldade

P29 – VOCÊ PLANEJA SUAS AÇÕES? 29.1 ( ) SIM; 29.2 ( ) NÃO; 29.3 ( ) Não respondeu

P30- COM QUEM VOCÊ COSTUMA PLANEJAR? MÚLTIPLA ESCOLHA. 30.1 ( ) Colegas da equipe; 30.2( ) Profissionais da Assistência Social e de outras Políticas setoriais que fazem interface com as ações da Assistência Social; 30. 3 ( ) Com o conselho tutelar; 30.4 ( ) Com os usuários; 30.5 ( ) Com as Entidades que atuam no território; 30.6 ( ) Não planeja; 30.7 ( ) Não respondeu; 30.8 ( ) Individualmente

P31 – DE QUANTO EM QUANTO TEMPO VOCÊ PLANEJA DE FORMA ELABORADA? 31.1 ( ) Diariamente; 31.2 ( ) Semanal; 31.3 ( ) Quinzenal; 31.4 ( ) Mensal; 31. 5 ( ) Trimestral; 31.6 ( ) Semestral; 31.7 ( ) Anual; 31.8 ( ) Não se aplica; 31.9 ( ) Outros.

P32- NO SEU PLANEJAMENTO O QUE PODE SER ALTERADO? MÚLTIPLA ESCOLHA. 32.1 ( ) Os objetivos; 32.2 ( ) A metodologia; 32.3 ( ) O orçamento; 32.4 ( ) As metas; 32.5 ( ) Os indicadores; 32.6 ( ) Um planejamento não deve sofrer alteração; 32.7( ) O tempo para realização; 32.8 ( ) Não se aplica; 32.9 ( ) Não sabe; 32.10 ( ) Não respondeu

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P33– VOCÊ DESENVOLVE O ACOMPANHAMENTO SOBRE AS AÇÕES/ATIVIDADES? 33.1 ( ) SIM; 33.2 ( ) NÃO; 33.3 ( ) Não sabe; 33.4 ( ) Não respondeu

P34- SE SIM, COMO ACONTECE O ACOMPANHAMENTO/AVALIAÇÃO DAS AÇÕES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 34.1 ( ) Através de relatórios; 34.2 ( ) Visitas nas unidades de atendimento; 34.3 ( ) Através de reuniões com as equipes; 34.4 ( ) Em reunião com os usuários; 34.5 ( ) Não acompanha; 34.6 ( ) Não sabe/Não respondeu; 34.7 ( ) Outros.

P35 – DE QUANTO EM QUANTO TEMPO VOCÊ MONITORA E AVALIA AS AÇÕES/SERVIÇOS PRESTADOS A POPULAÇÃO? 35.1 ( ) Semanal; 35.2 ( ) Quinzenal; 35.3 ( ) Mensal; 35.4 ( ) Bimensal; 35.5 ( ) Trimestral; 35.6 ( ) Semestral; 35.7 ( ) Anual; 35.8 ( ) Não realiza; 35.9 ( ) Diariamente; 35.10 ( ) Não sabe; 35.11 ( ) Não respondeu

P36 – ONDE VOCÊ REGISTRA AS INFORMAÇÕES COLETADAS NO PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO E O RESULTADO DA AVALIAÇÃO? 36.1 ( ) Instrumental; 36.2 ( ) Nos relatórios; 36.3 ( ) Não registra; 36.4 ( ) Não sabe; 36.5 ( ) Não respondeu

P37 – DE ONDE VEM OS RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 37.1 ( ) Repasse fundo a fundo; 37.2 ( ) Parceria com ONG’s; 37.3 ( ) Campanhas municipais; 37.4 ( ) Doações; 37.5 ( ) Não sabe37.6 ( ) Não respondeu

P38 – NO MUNICÍPIO QUEM ELABORA OS PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 38.1 ( ) Assessor externo; 38.2 ( ) Técnico; 38.3 ( ) Assessor da prefeitura; 38.4 ( ) Secretário (a) de Assistência Social; 38.5 ( ) Outro; 38.6 ( ) Não Sabe; 38.7 ( ) Não respondeu

P39 - NO SEU MUNICÍPIO QUEM DECIDE/DELIBERA SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS? 39.1 ( ) Conselheiros; 39.2 ( ) Secretário (a) de Finanças/Administração e Assistência Social; 39.3 ( ) Secretário (a) de Assistência Social; 39.4 ( ) Secretário(a) de Assistência Social e diretores; 39.5 ( ) Primeira dama; 39.6 ( ) Prefeito; 39.7 ( ) Não sabe; 39.8 ( ) Não respondeu

P40 – OS USUÁRIOS PARTICIPAM DO DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 40.1 ( ) Sim; 40.2 ( ) Não; 40.3 ( ) Não sabe; 40.4 ( ) Não respondeu

P41 – SE SIM, QUANDO A PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO É MAIS FORTE? 41.1 ( ) Planejamento; 41.2 ( ) Execução; 41.3 ( ) Acompanhamento; 41.4 ( ) Avaliação; 41.5 ( ) Não sabe; 41.6 ( ) Não respondeu; 41.7 ( ) Não se aplica

P42 – O QUE COMPROMETE A PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS USUÁRIOS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 42.1 ( ) Falta de conhecimento; 42.2 ( ) Falta de oportunidade; 42.3 ( ) Autoritarismo; 42.4 ( ) Desinteresse; 42.5 ( ) Medo; 42.6 ( ) Falta de incentivo; 42.7 ( ) Não sabe; 42.8 ( ) Não respondeu; 42.9 ( ) Outro.

P43– QUAIS TEMAS PRECISAM SER DISPONIBILIZADOS/APROFUNDADOS PARA MELHORAR A ATUAÇÃO DAS EQUIPES JUNTO AOS USUÁRIOS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 43.1 ( ) Protagonismo; 43.2 ( ) Cidadania; 43.3 ( ) Democracia; 43.4 ( ) Relacionamento interpessoal; 43.5 ( ) Liderança; 43.6 ( ) Trabalho coletivo; 43.7 ( ) Respeito; 43.8 ( ) Disciplina; 43.9 ( ) Temas relacionados a faixa etária; 43.10 ( ) Gênero; 43.11 ( ) Não sabe; 43.12 ( ) Não respondeu; 43.13 ( ) Outros

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P44 – PARA VOCÊ O QUE É FAMÍLIA NA SUA COMPOSIÇÃO? MÚLTIPLA ESCOLHA. 44.1 ( ) Grupo de pessoas ligadas por laços consangüíneos; 44.2 ( ) Grupo de pessoas ligadas por relações de afeto; 44.3 ( ) Grupo de pessoas ligadas por estratégias de sobrevivência; 44.4( ) Grupo de pessoas que garante afeto, educação para a cidadania e a sobrevivência dos seus membros; 44.5 ( ) Não sabe; 44.6 ( ) Não respondeu.

P45 – COMO A ASSISTÊNCIA SOCIAL ATUA JUNTO AO NÚCLEO FAMILIAR? 45.1 ( ) Abordando temas de interesses dos segmentos que compõe a família; 45.2 ( ) Promovendo encontros informativos com representantes das famílias; 45.3 ( ) Garantindo transferência de renda; 45.4 ( ) Desenvolvendo ações articuladas com outras Políticas setoriais; 45.5 ( ) Não atua junto à família enquanto núcleo; 45.6 ( ) Garantindo qualificação profissional; 45.7 ( ) Visita domiciliar; 45.8 ( ) Outros; 45.9 ( ) Não sabe; 45.10 ( ) Não respondeu.

INVESTIMENTO EM FORMAÇÃO

P46 COMO VOCÊ AVALIA O QUANTITATIVO DE RECURSOS FINANCEIROS DISPONIBILIZADOS PARA A CAPACITAÇÃO DAS EQUIPES QUE ATUAM NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 46.1 ( ) Suficiente; 46.2( ) Insuficiente; 46.3 ( ) Inexistente; 46.4 ( ) Não se aplica; 46.5 ( )Não sabe; 46.6 ( ) Não respondeu

P47- DURANTE O TEMPO EM QUE VOCÊ VEM ATUANDO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL, QUANTOS MOMENTOS DE CAPACITAÇÃO VOCÊ PARTICIPOU? 47.1 ( ) 1 a 5; 47.2 ( ) 6 a 10; 47.3 ( ) Acima de 10; 47.4 ( ) Nunca participou; 47.5 ( ) Não sabe; 47.6 ( ) Não respondeu

P48 – NUMERE POR ORDEM DE IMPORTÂNCIA QUAIS AS MELHORES FORMAS DE REPASSAR CONHECIMENTOS? 48.1 ( ) Oficinas; 48.2 ( ) Seminários; 48.3 ( ) Cursos; 48.4 ( ) Conferências; 48.5 ( )Reuniões in loco; 48.6 ( ) Socialização de experiências / intercâmbios entre equipes; 48.7 ( ) Não respondeu; 48.8 ( ) Não sabe

P49 - QUAIS AS DIFICULDADES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 49.1 ( ) Metodologia; 49.2 ( ) Mobilização; 49.3 ( ) Abordagem de temas polêmicos; 49.4 ( ) Participação; 49.5 ( ) Espaço físico; 49.6 ( ) Conhecimento sobre o tema; 49.7 ( ) Não tem dificuldade; 49.8 ( ) Não sabe; 49.9 ( ) Não respondeu; 49.10 ( ) Outro

P50 – EXISTE ALGUMA DIFICULDADE PARA REALIZAÇÃO DO TRABALHO COM FAMÍLIA? 50. 1 ( ) Sim; 50.2 ( ) Não; 50.3 ( ) Não sabe/Não respondeu; 50.4 ( ) Não se aplica

P51- QUAIS AS ATIVIDADES QUE VOCÊ DESENVOLVE COM AS FAMÍLIAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 51.1 ( ) Reunião com as mães; 51.2 ( ) Grupos com idosos; 51.3 ( ) Grupos com crianças e adolescentes; 51.4 ( ) Grupo com jovens; 51.5 ( ) Festas em datas comemorativas; 51.6 ( ) Mutirões; 51.7 ( ) Atividades socioeducativas; 51.8 ( ) Visita domiciliar; 51.9 ( ) Geração de Renda; 51.10 ( ) Outros; 51.11 ( ) Não se aplica; 51.12 ( ) Não sabe; 51.13 ( ) Não respondeu

P52-INDIQUE ATÉ 3 CONTEÚDOS QUE VOCÊ PRECISA APROFUNDAR EM RELAÇÃO AS SEGUINTES TEMÁTICAS:

52.1 ( ) Diagnóstico Social; 52.2 ( ) Planejamento; 52.3 ( ) Ações Socioeducativas; 52.4 ( ) Monitoramento e Avaliação; 52.5 ( ) Gestão Financeira; 52.6 ( ) Gerenciamento de Equipes;

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52.7 ( ) Controle Social; 52.8 ( ) Elaboração de Projetos; 52.9 ( ) Trabalho com família; 52.10 ( ) Não respondeu

P53. VOCÊ SISTEMATIZA SUA ATUAÇÃO? 53.1 ( ) SIM; 53.2( ) NÃO; 53.3 ( ) Não sabe; 53.4 ( ) Não respondeu

P54 NA SUA PRÁTICA, COMO ACONTECE A SISTEMATIZAÇÃO? 54.1 ( ) Nos encontros ampliados; 54.2 ( ) No período de avaliação final; 54.3 ( ) No período de elaboração de relatórios; 54.4 ( ) Não acontece sistematização; 54.5 ( ) Outros; 54.6 ( ) Não sabe; 54.7 ( ) Não respondeu

P55 VOCÊ ENFRENTA DIFICULDADE EM SISTEMATIZAR SUAS EXPERIÊNCIAS NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 55.1 ( ) SIM; 55.2 ( ) NÃO; 55.3 ( ) Não sabe; 55.4 ( ) Não respondeu; 55.5 ( ) Não sistematiza; 55.6 ( ) Não se aplica

P56 O QUE DIFICULTA A SUA SISTEMATIZAÇÃO? 56.1 ( ) Ausência de registros; 56.2 ( ) Ausência de planejamento; 56.3 ( ) Ausência de acompanhamento; 56.4 ( ) Desconhecimento sobre metodologia/como fazer; 56.5 ( ) Disponibilidade de tempo; 56.6 ( ) Desarticulação entre as equipes; 56.7 ( ) Outros; 56.8 ( ) Não se aplica; 56.9 ( ) Não sabe; 56.10 ( ) Não respondeu.

P57 QUAL A IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PNAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 57.1 ( ) Subsidia a análise sobre os resultados; 57.2 ( ) Possibilita a avaliação no processo de intervenção; 57.3 ( ) Não tem importância; 57.4 ( ) Garante argumentos para mobilizar/captar recursos; 57.5 ( ) Traz informações para os relatórios; 57.6 ( ) Facilita a prestação de contas sobre os recursos utilizados; 57.7 ( ) Não sabe; 57.8 ( ) Não respondeu

P58 – VOCÊ UTILIZA A INFORMÁTICA NA SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL? 58.1 – ( ) SIM 58.2 ( ) NÃO 58.3 ( ) Não respondeu

P59– QUANDO VOCÊ UTILIZA A INFORMÁTICA? MÚLTIPLA ESCOLHA. 59.1 ( ) Na elaboração de documentos; 59.2( ) Na construção de apresentações; 59.3( ) Na internet; 59.4 ( ) Na elaboração de planilha; 59.5 ( ) Não se aplica; 59.6 ( ) Não utiliza.

P60 – EXISTE. NA ASSISTÊNCIA SOCIAL, SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES EM REDE? 60.1 ( ) SIM; 60.2( ) NÃO; 60.3 ( ) Não sabe; 60.4 ( ) Não respondeu

P61 – CITE UM SISTEMA INFORMATIZADO PARA A ASSISTÊNCIA SOCIAL. 61.1 ( ) SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ASSISTENCIA SOCIAL – SIGAS; 61.2 ( ) BOLSA FAMILIA; 61.3 ( ) SUAS/WEB; 61.4 ( ) SIPIA; 61.5 ( ) Outros; 61.6 ( ) Não sabe; 61.7 ( ) Não respondeu

P62- EXISTE DIFICULDADE NA OPERACIONALIZAÇÃO DOS SISTEMAS? 62.1 ( ) Sim; 62.2 ( ) Não; Qual?_____________________________ 62.3 ( ) Não respondeu

P63 – QUAL O OBJETIVO PARA OS DADOS ARMAZENADOS NO SISTEMA? Múltipla Escolha 63.1 ( ) Produzir análises sobre a implementação das ações frente as necessidades das famílias; 63.2 ( ) Fiscalizar duplicidades no atendimento; 63.3 ( ) Excluir usuários que não cumprirem com as determinações dos programas; 63.4 ( ) Elaborar relatórios mais próximos da realidade; 63.5 ( ) Organizar cadastros das famílias atendidas pela Assistência Social; 63.6 ( )

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Prestar contas ao gestor Estadual e Federal; 63.7 ( ) Prestar contas ao CMAS e Ministério Público; 63.8 ( ) Outros; 63.9 ( ) Não sabe; 63.10 ( ) Não respondeu

P64 – QUAL A SUA SUGESTÃO DE CONTEÚDO(S) PARA UMA CAPACITAÇÃO NA ÁREA DE INFORMÁTICA – Múltipla Escolha 64.1 ( ) Windows (Excel, Power Point. Etc.); 64.2 ( ) Digitação; 64.3 ( ) Internet / redes; 64.4 ( ) Word; 64.5 ( ) Excel; 64.6 ( ) Power Point; 64.7 ( ) Corel Draw; 64.8 ( ) Não sabe; 64.9 ( ) Não respondeu; 64.10 ( ) sistemas.

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TÉCNICA - GRUPO FOCAL

ROTEIRO

I. SUBSÍDIOS PARA ANÁLISE

OPINIÃO SOBRE:

1. A vulnerabilidade social no município;

2. A expectativa da população em relação à Assistência Social;

3. As respostas da Assistência Social em relação às necessidades e expectativas da

população;

4. A atuação das equipes (avanços e desafios);

A formação profissional x a aplicabilidade na implementação da Política de

Assistência Social;

5. A articulação com outras áreas (avanços e desafios);

6. O acompanhamento, a fiscalização e a deliberação sobre a política de Assistência

Social;

7. Dificuldades enfrentadas no atendimento;

8. Atividade mais complexa;

9. Tema desconhecido;

10. Segmento da família mais excluído das ações;

11. Alterações necessárias na gestão e atendimento da Assistência Social;

12. Apoio necessário para qualificar a atuação dos gestores e técnicos da assistência

social.

II - FOCO PARA ANÁLISE:

Conceito de vulnerabilidade social;

Concepção sobre a Assistência Social;

Avaliação sobre a eficácia das ações de Assistência Social frente às

situações de vulnerabilidade;

Compreensão sobre o SUAS;

Compreensão sobre as competências das esferas de governo (estadual e

federal) - Descentralização;

O controle social;

Capacidade técnica instalada frente às demandas; de Assistência Social;

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Expectativas sobre processo de capacitação técnica;

Protagonismo (co-gestão de coletivos);

Captação de recursos;

Gerenciamento (financeiro/administrativo);

Matricialidade Sociofamiliar.

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TÉCNICA – ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS

QUESTÃO CHAVE QUAIS OS AVANÇOS E DESAFIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ESTADO E NOS MUNICÍPIOS? PONTOS A SEREM EXPLORADOS

O orçamento e financiamento;

Captação de recurso (elaboração de projetos)

A gestão (processo descentralizado x autonomia das esferas de governo x

fragilidades e potencialidades);

SUAS: níveis de proteção x integralidade x inclusão social;

Matricialidade Sociofamiliar;

Instrumentos de gestão: PPA, Relatório de Gestão, Plano de ação, SUAS/WEB;

A atuação das equipes (fragilidades e potencialidades x investimento em

capacitação);

A articulação com outras políticas (Intersetorialidade, universalização dos direitos);

A Rede socioassistencial (composição da gestão e financiamento frente às

demandas);

A participação dos usuários (Protagonismo);

A contribuição dos conselhos;

A importância das conferências;

As demandas reprimidas;

As sugestões para o suprimento das demandas;

Acompanhamento e avaliação (registro, sistematização e análise).