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138 reflexões sobre o diálogo 3:: cotidiano e território: processos de ocupação- desocupação- reocupação Os acontecimentos relatados neste jogo de discursos assumem uma certa imprecisão temporal. Conta-se sobre as ocupações empreendidas no Forte desde 1982. Entretanto, a condição instável assumida por muitos processos e personagens neste campo de forças torna as falas de nossos interlocutores lacunares. A respeito de inúmeras pessoas citadas como Tião, China, Lourimbau, Cafuné não se sabe o tempo que permaneceram no Forte, quando chegaram e muitas vezes, contrariam-se as afirmações acerca das salas que ocupavam. Isto acentua o caráter de fluxo, de movimento de passagem, cujo tempo remete-se à invenção de temporalidades, tais como muito tempo, mais de ano, de dois anos, talvez três, talvez fim de 80. O <pesquisador> fala sobre a não fixidez, de maneira que se interrompeu este diálogo sem esgotar as passagens que se deram no Forte. Uma diversidade de outras apropriações não mencionadas aqui, tais como festa de casamento, feitiçaria, Carurus, festa de aniversário do bairro Santo Antônio, construção de trio elétrico, compõem a tônica de burburinho deste diálogo. Deste conjunto ruidoso emerge uma parcela de emoção, o sentido de um aporte de vida, proposto por Santos, ao discorrer sobre cotidiano. O relato do <artista> sobre a popularidade do bar Ubuzu, as diversas sonoridades produzidas por Luís Melodia, Gilberto Gil, Ilê Aiyê, João do Vale, pela própria capoeira, entre tantos outros, criam a atmosfera desta reflexão. Múltiplas temporalidades conformando um cotidiano, múltiplos cotidianos engajando-se num lugar, o Forte, onde se constituem múltiplas territorialidades. A cada nova prática, incorpora-se outra textura neste chão de historicidade, e torna-se mais espessa a trama das relações sociais, abordadas nesta cartografias. No Forte configura-se a idéia de cotidiano enquanto mundo vivido, acúmulo de inscrições das experiências ordinárias nele empreendidas. O ato, numa acepção simbólica e ao mesmo tempo como uma ação espacializada, associa-se à idéia de ocupação, no sentido da constituição de território. Nesta perspectiva, o Forte é ocupado a partir de uma relação constante de disputa. Trata-se da dimensão de poder inerente à produção de territórios. A disputa pressupõe nesse caso, a demarcação, a inserção de uma linha de estratificação, de propriedade nas ações espacializadas pelos moradores, pelo Ilê

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reflexões sobre o diálogo 3:: cotidiano e território: processos de ocupação- desocupação- reocupação

Os acontecimentos relatados neste jogo de discursos assumem uma certa

imprecisão temporal. Conta-se sobre as ocupações empreendidas no Forte desde

1982. Entretanto, a condição instável assumida por muitos processos e personagens

neste campo de forças torna as falas de nossos interlocutores lacunares. A respeito de

inúmeras pessoas citadas como Tião, China, Lourimbau, Cafuné não se sabe o tempo

que permaneceram no Forte, quando chegaram e muitas vezes, contrariam-se as

afirmações acerca das salas que ocupavam.

Isto acentua o caráter de fluxo, de movimento de passagem, cujo tempo

remete-se à invenção de temporalidades, tais como muito tempo, mais de ano, de dois

anos, talvez três, talvez fim de 80. O <pesquisador> fala sobre a não fixidez, de

maneira que se interrompeu este diálogo sem esgotar as passagens que se deram no

Forte.

Uma diversidade de outras apropriações não mencionadas aqui, tais como

festa de casamento, feitiçaria, Carurus, festa de aniversário do bairro Santo Antônio,

construção de trio elétrico, compõem a tônica de burburinho deste diálogo. Deste

conjunto ruidoso emerge uma parcela de emoção, o sentido de um aporte de vida,

proposto por Santos, ao discorrer sobre cotidiano.

O relato do <artista> sobre a popularidade do bar Ubuzu, as diversas

sonoridades produzidas por Luís Melodia, Gilberto Gil, Ilê Aiyê, João do Vale, pela

própria capoeira, entre tantos outros, criam a atmosfera desta reflexão. Múltiplas

temporalidades conformando um cotidiano, múltiplos cotidianos engajando-se num

lugar, o Forte, onde se constituem múltiplas territorialidades. A cada nova prática,

incorpora-se outra textura neste chão de historicidade, e torna-se mais espessa a

trama das relações sociais, abordadas nesta cartografias.

No Forte configura-se a idéia de cotidiano enquanto mundo vivido, acúmulo de

inscrições das experiências ordinárias nele empreendidas. O ato, numa acepção

simbólica e ao mesmo tempo como uma ação espacializada, associa-se à idéia de

ocupação, no sentido da constituição de território. Nesta perspectiva, o Forte é

ocupado a partir de uma relação constante de disputa. Trata-se da dimensão de

poder inerente à produção de territórios.

A disputa pressupõe nesse caso, a demarcação, a inserção de uma linha de

estratificação, de propriedade nas ações espacializadas pelos moradores, pelo Ilê

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Aiyê, pelo GCAP, entre outros. Estas linhas sobrepõem-se às linhas da cartografia do

urbanismo, são traçadas pelos praticantes deste espaço.

Linhas-gestos reveladoras de processos de singularização, acionados na

constituição de territórios, como o banho de folhas, relatado pelo <pesquisador>. Este

ato realizou-se a partir dos preceitos da religiosidade do candomblé, com a

participação da Mãe Hilda do Curuzu, Vovô do Ilê, liderança da referida instituição, e

do <pesquisador>. Territorialização investida de um aporte de vida, de uma técnica-

estética singular, de uma racionalidade irredutível aos princípios pragmáticos, da

repetição e do número.

Entretanto, no discurso do <artista> aparece uma contradição com relação ao

conceito de território, proposto nesta reflexão. Ainda que o <artista> mobilize um ato

cunhado sobre a dimensão do vivido e sobre a inscrição de saberes- poderes e modos

de subjetivação singulares no Forte, neste espaço, ele não se sente em casa. A

expressão “Senzala do Barro Preto” atribuída à quadra no bairro do Curuzu não se

reterritorializou sobre o Forte. A Senzala do Barro Preto, onde o Ilê Aiyê realizava os

ensaios antes do Centro de Cultura Popular, configura uma criação, uma inventividade

deste ato de territorialização, que conforma um território, onde se sente em casa.

O Curuzu é o bairro para onde o Ilê Aiyê volta depois que desocupa o Forte de

Santo Antônio Além do Carmo, além de ser o território onde reside a quase totalidade

dos integrantes de suas atividades artísticas e sócio- educativas na atualidade. A

relação deste bairro com a proposta político-ideológica do Ilê Aiyê cunhada sob a

égide do movimento negro na Bahia é uma trama complexa, impossível torná-la

perceptível nesta breve pontuação. Entretanto, a relação entre estes três estratos,

sentir-se em casa, Ilê Aiyê e Curuzu é absolutamente singular e, portanto, relevante na

compreensão de território do ponto de vista do aporte de vida e de uma emoção

social.

Outros atos compõem os processos de territorialização no Forte e inscrevem

demarcações simultâneas, sobrepostas e tensionadas na cartografia dos praticantes

deste território. As inúmeras territorializações remetem-se às imprevisibilidades e

constantes emergências ali verificadas. Território em disputa e em constante

construção compõe a atmosfera do burburinho do bar deste jogo de diálogos.

O <mestre> fala sobre situações conflitivas quanto à negociação pelo espaço

ocupado, em que o ato de invasão é associado à idéia de dono, desde que este o

ocupasse e assim o declarasse, “esse espaço tem dono, sou eu”. Neste caso a

técnica-estética é a da apropriação do edifício, da demarcação pelo cadeado, que

torna efetivo o sentido da propriedade, conforme descreve o <mestre>, acerca da

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ocupação da sala de Mestre Ezequiel por parte do GCAP e o conflito com o Ilê Aiyê

quando da ocupação da referida sala.

Outros mecanismos inscrevem tais linhas demarcatórias nesta cartografia.

Tanto pode ser o uso de um cadeado, no período anterior à reforma, como a cobrança

de uma taxa de entrada, já na fase Forte da Capoeira, em 2008. Nestes dois casos,

pode-se associar o sentido da horizontalidade na demarcação dos praticantes, dada a

proximidade com o território e a apreensão nos termos do absoluto local.

No caso da cobrança, realiza-se o sentido da verticalidade, em que uma

determinação alheia aos praticantes ordinários deste território, define uma linha

demarcatória, neste caso, inscrita na cartografia do urbanismo. Ainda que se realizem

a partir de sentidos distintos, tais inscrições horizontais e verticais, consistem em

entidades da ordem da fixidez, da sedimentação e, portanto, linhas estratificadas tanto

na cartografias dos praticantes, quanto do urbanismo.

As inscrições relatadas neste diálogo são produzidas a partir de uma técnica

híbrida, que interpõe apropriação e construção, numa reelaboração circunstancial de

arranjos, aberturas, vedações, acessos, desníveis. Revelam-se o caráter do

improviso, da bricolagem, condições inerentes às práticas que lidam com o resíduo e

com a circunstância imediata, o absoluto local, de um território. O mestre, os

moradores, os alunos, os artistas, e inúmeros outros personagem que ocuparam o

Forte realizaram continuamente a construção-ocupação-territorialização, como ações

concomitantes.

O <mestre> e o <professor> mencionam processos de resignificação-

construção- apropriação, tal como a caixa d’água, transformada em palco do Ilê Ayê; o

banheiro do GCAP construído após a derrubada de um matagal do platô anexo à

salda de Mestre Ezequiel; as vedações das celas- moradias no sentido de criar uma

privacidade; e os carros abandonados apropriados como parque pelas crianças.

O relato do <professor> revela duas situações de estranhamento no tocante

aos processos de territorialização efetivadas pelo “outro”, seja o urbanismo, sejam os

praticantes ordinários de determinado espaço. Mestre João Pequeno após a reforma

do Forte não reconhece sua sala, confundindo-a com a Igreja que freqüenta, e

atribuindo a sua cadeira ao Dr. Leal.

O <Estado> não reconhece a reforma realizada todo ano na sala do CECA,

próximo do aniversário de Mestre João Pequeno, para prepará-la para as

comemorações. Nas palavras do <professor> a ilegibilidade revela-se no seguinte

argumento, “Nunca era a reforma que eles queriam, mas pra gente era uma grande

reforma.”

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Deflagram-se as práticas ilegíveis, à medida que uma territorialização não é

apreendida como linha- textura- significado- fluxo de vida, produtor e produto de

determinado território. As linhas de visibilidades constituem-se à depender do plano

de observação, dos dispositivos acionados para fazer ver e falar as dimensões do

absoluto local e do global relativo equacionadas no território.

No espaço tecnocraticamente construído, escrito e funcionalizado onde circulam, as suas (referindo-se aos praticantes ordinários) trajetórias formam frases imprevisíveis, “trilhas” em partes ilegíveis. Embora sejam compostas com os vocabulários de línguas recebidas e continuem submetidas a sintaxes preescritas, elas desenham as astúcias de interesses outros e de desejos que não são nem determinados nem captados pelos sistemas onde se desenvolvem. (CERTEAU,1994 :45)

Modos de construir formam “trilhas” ilegíveis na relação entre a cartografia do

urbanismo e dos praticantes do Forte. O modo de dançar e praticar este espaço, no

caso relatado sobre Jorge Vatusi e Cafuné, também assume esta condição. Estes

personagens aparecem em diversos relatos, tal como partículas soltas, pulsantes,

impregnadas de um pretexto subversivo, astúcias engendradas nas performances,

show, feitiçarias artísticas realizadas no Forte.

Territorializações sobre sintaxes preescritas, ilegíveis pelos sistemas molares

que reificam a potente relação entre experiência e território. O território apreendido e

constituído numa relação de proximidade corporal, efetivada na esfera do absoluto

local, no sentido da co-presença entre personagens, formas de construir, de criar

territorialidades, de dançar, de ocupar, e etc.

Território enquanto heterogênese permeada de negociações acerca das

singularidades correlatas a estes personagens e modos. O cotidiano na acepção da

coexistência num espaço contíguo, em que a proximidade e o absoluto local referente

às territorializações, efetivam-se pela interação entre dois fenômenos a cooperação e

conflito.

A variação contínua dos vetores de territorialização, o fluxo constante de

personagens- práticas citado no início desta discussão, e os modos de construir-

ocupar este espaço provocam a referida interação. Retoma-se uma questionamento

produzido a partir do trajeto Aquidabã-Santo Antônio, a fim de provocar outro jogo de

diálogo:

<cartógrafa> Tantas coletividades compartilhando o mesmo espaço, delineando

os limites do espaço banal e das horizontalidades, de fato traçaram uma esfera

comum, ao inserirem-se numa zona de contigüidades?

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<mestre> A gente virou comunidade, nós éramos comunidade, então todo mundo

respeitava os nossos espaços. Quem vendia droga nem olhava pra gente e a gente

não olhava pra eles e passávamos e saíamos e entrávamos e tínhamos trânsito, a

gente circulava, eles também circulavam, todo mundo fazia sua parte.

<artista> Pessoas que moravam lá, que às vezes não tinham uma vida muito regular,

mas que davam um apoio. Eu me lembro bem de um cara que vendia amendoim

inclusive. Ele era até meu chará e tinha uns irmãos lá que não eram muito certo, mas

ele era um cara que assim. Ele tinha um certo respeito e um poder de controle sobre

os irmãos, eles mesmo se nos acontecesse qualquer coisa, mesmo durante a semana

que nós não estivéssemos lá, quando chegava o fim de semana ele me chamava pra

me relatar quem foi que fez isso ou aquilo. Ali teve uma vez que aconteceu um caso

interessante, que sumiu umas gambiarras nossa de iluminação que nós deixamos ali,

porque era grande a área. E um rapaz lá, um morador, ele até não morava no Forte,

mas morava numa rua ali próxima, chegou lá uma vez e tirou a gambiarra, quando eu

cheguei lá eles me falaram quem foi. O cara tinha pegado pra vender, eles foram lá

onde tinha vendido e recuperaram. E quem passava essas informações eram os

próprios moradores. As pessoas que moravam lá que sabiam o que era do Ilê.

Aconteciam de alguns espaços lá as pessoas entrarem e arrancarem cadeado e o

nosso do Ilê nunca aconteceu esse tipo de confronto com os moradores.

<mestre> Então nós estávamos lá, fazendo nossa palestra super interessante, com

pessoas que eram da militância, como Juca Ferreira, Zulu Araújo, presidente da

Fundação Palmares, a professora Yeda Castro. Aí o Ilê botava esse tamborzão, aí a

gente tinha que descer lá e dizer “Por favor, dá mais 40 minutos aí e tal... e as vezes

eles diziam “Não eu tenho que afinar os instrumentos que à noite vai ter ensaio, vocês

tem que trabalhar e a gente também”. Às vezes tinha um impasse aqui, uma

negociação, sempre deu pra negociar.

<artista> Dia de sábado, ia pra lá com um grupo de meninos, nós íamos todos de

manhã, chegava lá de manhã aí tinha uma pessoa que eu levava e preparava o

almoço lá. Aí de manhã chegava tinha que arma som, prepara os instrumentos, varrer

a quadra toda, lavar os banheiros, aí quando terminava pra uma hora duas horas, aí

os meninos iam joga bola, depois almoçava e além de almoça, aquelas pessoas ali do

próprio forte que almoçava também, a gente dava comida. E de noite, os meninos não

varriam, eu acertava com eles, e eles mesmos que varriam. E eu dava um trocado pra

eles lá e segunda feira chegava lá, tinham varrido tudo. E depois quando nós

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começamos a trabalhar com cerveja em lata, aí já não dava dinheiro nenhum.

Falavam, “Não a lata aí é nossa, não precisa dar dinheiro nenhum”.

<estado> Uma mulher chamada Suely Ribeiro, que trabalhou comigo na Fundação

Cultural na época ela era uma representante da União dos Ternos de Reis. Ela foi que

me procurou e levou pra lá. Então até a retomada dos ternos na época passou pelo

Forte. O irmão dela chamava Buia, ele tinha um equipamento de som que ficava

guardado numa das salas do Forte. E todo evento que nós precisávamos então ele

emprestava. Tinha um bloco que chamava os Lord’s que guardava os instrumentos lá.

<artista> Tinha uma senhora mesmo que tinha uma barraca ali em frente ao Forte,

Dona Conceição, tinha uma barraca de chapa. Ela era relações públicas do Ilê Aiyê,

porque ela funcionava lá a semana toda. Ela abria a barraca dela lá a semana toda,

ela vendia cerveja, vendia as coisas. Porque as pessoas durante o dia que chegavam

lá, ela tava sempre convidando pro ensaio. E no sábado é lógico aumentava a

rentabilidade dela e a garantia de o Ilê fazer o ensaio ali com mais de 5000 pessoas e

a segurança de não ter nenhum tipo de atrito de confusão.

Os modos de negociação e apropriação dos ocupantes do Forte revelam

situações estabelecidas a partir da articulação proposta por Santos, cooperação no

conflito e conflito na cooperação. Esta interação, tem no Forte, um campo de forças

potente, para a compreensão do cotidiano em termos da contigüidade, da co-

presença e, das manifestações do indivíduo, pessoa e lugar.

O Forte compreendido no sentido do espaço banal e das práticas ordinárias,

como por exemplo, o preparo para os ensaios e a feijoada; a instalação e posterior

vigilância de sistemas paralelos de captação de energia, citada pelo <artista> como

gambiarras; a Dona Conceição da barraca de chapa, que funcionava como relações

públicas dos Ilê; as palestras e a afinação dos instrumentos; a forma como circulavam

os próprios usuários de droga; o empréstimo do som de Buia, irmão de Suely, para os

dias de eventos e festas no Forte; inúmeras situações que configuram a interação

entre cooperação e conflito.

Da coexistência entre cooperação e conflito emergem cotidianos múltiplos, em

que ambos os fenômenos realizam-se a partir da definição de regras quanto aos

horários, às permissões de entrada, os pagamentos, a troca de informações na esfera

do absoluto local. As regras de sociabilidade manifestadas num gesto de cumplicidade

na vigilância do espaço do outro; ou contraditoriamente da própria intenção de invasão

e de disputa observada entre o GCAP e o Ilê Aiyê no episódio da sala de Mestre

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Ezequiel, são estabelecidas a partir de horizontalidades, ainda que envolvidas por um

tenso campo de forças e relações de saberes- poderes e territórios ocupados.

A troca engendrada num gesto, numa informação quanto ao roubo de uma

propriedade não assegurada por mecanismos oficiais de vigilância, tal como as

gambiarras; num pagamento por pequenos serviços e sua posterior conversão em

troca por latinhas de cerveja; na convivência com a diferença, tal como relatada pelo

<mestre> no episódio dos usuários de drogas; na apropriação da circunstância do

ensaio do Ilê Aiyê como estratégia de aumento de vendas e de movimentação de uma

economia efetivada no absoluto local; no empréstimo do equipamento de som em

troca do armazenamento do mesmo; entre inúmeras outras práticas de sociabilidade,

articuladas em torno das micropolíticas do espaço.

A esfera do cotidiano discuta por Lefebvre, do ponto de vista da tensão entre a

precisão-fixidez, referenciada sobre a idéia de número; e o irredutível atrelado à

dimensão do drama, no caso do Forte, intensifica dos processos de banalização do

espaço, que se faz e refaz à partir de constantes des- re- territorializações. A força da

banalização deste espaço realiza-se a partir da desestabilização das referências fixas,

da reelaboraração contínua do território, da conexão dos estratos horizontalmente e da

produção de mecanismos de convivência – coexistência a partir da interação dos

fenômenos cooperação e conflito.

A centralidade assumida pelas três instituições ocupantes do Forte desde o

início das atividades do Centro de Cultura Popular, o CECA, o Ilê Aiyê, e o GCAP,

tencionam incessantemente os fluxos que o perpassaram ao longo deste período.

Portanto, é importante assinalar, que neste campo de forças, horizontalidades e

verticalidades engendram especificidades no tocante às relações de forças, quando se

trata de territórios sedimentados, deflagradores de hegemonias subjacentes, tais como

os territórios concernentes a estas instituições.

Neste jogo de diálogos, por exemplo, o Ilê insere-se em inúmeros episódios da

ordem da cooperação e do conflito. Ele pode ser compreendido como um vetor-força

contundente, do ponto de vista da sustentabilidade econômica do Forte enquanto

ocupou este espaço. A idéia de hegemonias subjacentes operam a partir de relações

correlatas à noção de anteparo, proposta na discussão sobre os mestres-referências.

Estas se associam à instituição de racionalidades-territorialidades híbridas, ainda que

hegemônicas, dissidentes do absoluto global e dos processos de homogeneização

centralizados noutros planos molares.

Linhas gestos inscritas na cartografia dos praticantes, entretanto, ilegíveis na

cartografia do urbanismo. Inscritas numa perspectiva molar-molecular, em que vetores

de força, tencionam incessantemente as horizontalidades, entrecortam-se com as

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verticalidades, desestabilizam seu sentido e são também afetados por ele. Nas

intermitências do molar e do molecular, da cartografia dos praticantes, do urbanismo e

deste relato cartográfico, percebe-se a abertura ininterrupta de outros planos de

observação.

Os discursos colocados anteriormente estão potentes de outras relações, de

outras leituras, entretanto, a heterogênese de processos imanentes à constituição do

território Forte, nos impede de esgotá-los. As linhas de vida, de trajeto e de diálogo

mobilizam olho- míssil e ollho fóssil, em busca de rugosidades, de oscilações, de

emergências nesta trama relacional, mas outras deflagram-se incessantemente.

Estas não param de se fazer e refazer a cada dia, em cada escola, nas

relações entre os grupos que hoje lá se encontram, nos eventos, nas rodas cotidianas,

no 5 de abril, ou no 20 de novembro. Múltiplas territorialidades, de celebração; de

estabilização de mitos; de restituição das referências; de esquivas estratégicas com

relação às verticalidades; de oscilação dos personagens em articulações híbridas

como Estado/ONG, Estado capitão- do- mato, homem- resistente-vigoroso, Zumbimba,

Pastinha, entre outras.

Os momentos finais da roda de capoeira são anunciados, canta-se um o

adeus, adeus, boa viagem, uma emoção conecta os últimos movimentos, nem sempre

se percebe a desaceleração dos corpos, a estabilização das partículas sonoras. A

emoção da conexão e da interrupção subseqüentes intensifica as vibrações dos

corpos-sonoridades. Partimos para os movimentos finais deste jogo, em que inúmeras

intenções permanecem contidas, impossíveis de se manifestarem nesta circunstância

e sobrepõem-se àquelas que encontraram canais de efetivação, de provocar o

movimento do corpo, da leitura e da imaginação criadora.

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IV. INTERRUPÇÃO DO JOGO: considerações finais

“Cartógrafo”, quando querem os enfatizar que

ele não “revela” sentidos (o mapa da mina), mas

os “cria”, já que não está dissociado de seu

corpo vibrátil: pelo contrário, é através desse

corpo, associado ao uso molar de seus olhos,

que procura captar o estado das coisas, seu

clima, e para eles criar sentido. (ROLNIK, 2006:

71)

A investigação construída na perspectiva da “criação” de sentidos remete-se a

uma prática sensível operada pelo corpo vibrátil e pelo olho-molar, correlata à

dimensão da experiência. Estes dois dispositivos agenciaram-se, nesta pesquisa, e a

captura do estado de coisas realizou-se a partir de movimentos do olho míssil- fóssil-

câmera, dos planos e lentes de observação e das circunstâncias do jogo da capoeira.

Esta captura, ao abrir planos simultâneos de observação e ao alternar lentes

por onde se enquadra um território, pretendeu abarcar os movimentos de expansão e

contenção dos corpos, das expressões dos personagens e das energias sociais

mobilizadas na constituição dos territórios existenciais. A pesquisa capturada entre o

vibrátil e o molar, ou nos termos desta narrativa, o molecular e molar.

O ato cartográfico em questão revelou-se uma possibilidade de

experimentação metodológica, à medida que a criação, neste caso abarcou também a

idéia de método, enquanto invenção circunstanciada pelas capturas que se deram no

decorrer da pesquisa. A narrativa procedeu no ímpeto do jogo, do encaixa e

desencaixa, da busca pelo golpe- estratégia- tempo apropriado à determinada

circunstância.

As linhas de trajetos traçaram conexões entre Porto, Aquidabã, Sé, Barbalho e

Santo Antônio, bairros do entorno imediato do Forte; as linhas de vida atravessaram

personagens e territórios entre Salvador e Rio de Janeiro e abriram canais de

efetivação de territórios-existenciais ligados à capoeira como angola, patrimônio,

cotidiano, regional, crime, mito, identidade nacional; os diálogos produziram a

sobreposição de linhas da cartografia do urbanismo e dos praticantes ordinários numa

atmosfera conflitante e polifônica.

Inúmeras outras linhas, outras cartografias-estratos não foram abarcados por

estes planos de observação, escaparam a nossa captura. O horizonte metodológico

definido pela lógica da incompletude assimila a idéia destas linhas virem a ser outros

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diálogos, outros trajetos e outros personagens. Destas se desdobrarem em

movimentos pelas margens, virar ou-tros seres (SALOMÃO), traçarem direções

tangenciais absolutamente imprevistas pelas estratégias de captura e definirem outras

linhas, outras cartografias.

O vir a ser outro pode ser associado ao devir, fluxo permanente, potência

imanente aos processos urbanos, ao engendramento de territórios e à emergência de

outras configurações entre os vetores de forças. A investigação também é atravessada

por este fluxo constante, e solicita uma atenção comprometida da cartógrafa-artesã no

sentido de, em algum momento estabilizar as lentes de observação, definir sobre que

plano deterá seu olho câmera-míssil-fóssil e com quais dispositivos irá experienciar

este campo de forças.

O ato cartográfico territeralizou-se, constituiu um território investigativo, idéia

avessa à noção de um território a priori, no qual se pode adentrar a partir de uma

fronteira pré-determinada. O território enquanto ato configura-se à medida que se

caminha, encontra as singularidades de cada trajeto, escapa numa linha de fuga e

deflagra a experiência, a dimensão do vivido.

Uma experiência implicada num determinado campo de forças, onde as lentes

de observação alternaram-se entre míssil, fóssil e câmera direcionando-se

simultaneamente para os planos molar e molecular. O território investigativo delimita-

se por fronteiras e singularidades e também desencaixa o cotidiano do cartógrafo,

insere-o noutro campo de experiências.

Neste caso, a cartógrafa- artesã movimenta-se entre fluxos de vida, estratifica-

se pelo estado de coisas, recoloca as individualidades em instâncias de poder, tais

como <mestre>, <professor>, <estado>, <pai>, <capitão do mato>, <artista> e

depara-se com um campo de forças, permeado pela noção de jogo. Os

agenciamentos e as multiplicidades operados nestas instâncias de poder funcionam

como dispositivos, estratégias de encaixe e desencaixe de discursos e

territorialidades, como o forte- ruína e o forte-patrimônio.

As interações entre as instâncias de poder provocam a emergência de linhas,

enquanto processos, passagens de fluxos de vida entre as diversas configurações do

Forte, cartografadas a partir da configuração do Centro de Cultura Popular, em 1982.

Seus possíveis desdobramentos como ruína, interditada por tapumes, onde

permaneceram somente GCAP e CECA; como Centro Popular de Cultura, em que

todos os mestres ali instalados teriam um único espaço para a capoeira; como Casa

das Filarmônicas, onde não permaneceria nenhum mestre com seu referido espaço;

estabilizam-se por ora, em Forte da Capoeira.

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Nesta configuração tem-se 7 mestres instalados, distribuídos em 6 academias,

e a capoeira-patrimônio corresponde ao território existencial hegemônico dos seus

enredamentos. A tônica da narrativa pretende não enquadra-la numa perspectiva

absolutamente estabilizada, compreendendo que mesmo diante da estabilidade,

operam vetores de diferenciação.

Entretanto, a produção de territórios sob o viés hegemônico do vetor

espetáculo, transversal aos processos de constituição da capoeira-patrimônio,

imobiliza algumas dimensões espaço-tempo no Forte. Atribui-lhes sentidos fixos e

homogêneos, compacta a espessura de uma complexa trama relacional de saberes-

poderes-modos de subjetivação.

O estado das coisas capturado entrelaça à capoeira-patrimônio, tardes diante

de um pátio vazio, silencioso, esporadicamente visitado por turistas, muitos dos quais

estrangeiros; noites polifônicas, cadenciadas por sonoridades simultâneas de

berimbaus, atabaques, coros e pandeiros tocados nas diferentes escolas;

efervescentes dias de festa, uma ebulição de pessoas, dezenas, centenas de

capoeiristas e apreciadores, de falas enfáticas e eloqüentes sobre mestres anciãos;

entre outros acontecimentos ordinários vivenciados nas tradicionais rodas de sábado

à noite do CECA e do GCAP; nas últimas sextas feiras de cada mês, quando acontece

cinema no CECA e samba no bar da esquina do Largo do Santo Antônio; nas

pequenas e grandes ritualidades, desde uma vela solitária acessa num canto de uma

das salas às homenagens institucionais em nome das entidades molares da capoeira.

Territorializações em constate movimento, que não cessam de configurar

novas relações entre as três instâncias envolvidas nas micropolíticas do espaço,

saberes-poderes e modos de subjetivação. Interpõem-se horizontalidades e

verticalidades, o absoluto local e o global relativo, entretanto as hegemonias

sedentarizam os movimentos das linhas, despotencializam seus fluxos de vida, e

desmobilizam o gesto criador de singularidades.

Uma parcela de emoção é enquadrada em entidades rígidas, mitos que

passam a circular em outros sistemas mitológicos. Nestes a produção da imagem, das

luminosidades segregadas, e das opacidades criminalizadas, engendra a inserção de

linhas duras nesta cartografia. Compreender a emergência destas linhas duras na

perspectiva relacional das micropolíticas é tarefa árdua. O plano molar é delineado por

traços contundentes, de natureza dubiamente rígida e flexível, capaz de assimilar as

singularidades mais dissidentes e convertê-las em imagens sem malícia nem

malandragem.

A idéia do não enquadramento depara-se como a contundência destas linhas,

a exatidão de suas direções, a dimensão fixa das suas definições espaciais, a

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149

s cotidianas.

capacidade de medir, estriar e provocar rupturas ao encontrar outras linhas de vida.

No Forte, percebeu-se a interferência da dimensão, direção e natureza destas linhas

no momento da constituição da ONG Forte da Capoeira e posteriormente, na reforma

do referido espaço.

Ainda que se admita suas variações e devires, a produção do território-

existencial patrimônio, implica uma força ativa que investe os espaços e os

personagens, de um determinado sentido, atrelado a uma imagem e a um discurso.

Sentido- imagem-discurso enquanto instâncias articuladas, que revelam a dimensão

de poder implicada nestes enredamentos.

Num dispositivo em que todas as linhas são investidas de força, direciona-se

nestes argumentos finais, o foco de nossas lentes de observação para a força do

espaço. A produção do espaço Forte da Capoeira remete-se à força ativa de

configuração de fluxos de vida, de definição de temporalidades, de mestres-

referências e por conseguinte, de constituição de territórios enquanto aporte de vida e

de emoção. Cabe questionar que vida e que emoção são investidas nestes territórios?

As múltiplas territorialidades percebidas a partir da cartografia dos praticantes

ordinários desde 1982 quando se tratava de Centro de Cultura Popular, são drenadas

para o pólo capoeira. O vetor espetáculo provoca a iluminação deste patrimônio,

holofotes como os da Semana Iguatemi Moda 2009 e do Bailinho Carioca49

direcionam seus focos simétricos para o Forte da Capoeira e confirmam algumas

nuances do espetáculo, atreladas ao consumo e à alienação do território enquanto

aporte de vida e de emoçõe

Trata-se da força do vetor espetáculo mobilizado na produção deste espaço. A

questão sobre a vida e a emoção sociais investidas neste território retoma a noção de

hegemônico e contra-hegemônico. A narrativa cartográfica propôs a apreensão das

opacidades, no sentido de não se deter sobre o que se vê com o olho-câmera.

Entretanto, é relevante, compreender que a força mobilizada pelas hegemonias e

pelas contra-hegemonias tem potencial de inserção e de produção de espaços

absolutamente distintas.

Portanto, mesmo do ponto de vista relacional das micropolíticas, é fato

consolidado no Forte, a inexistência das inscrições que se remetem à Casa de

Detenção, às moradias, ao burburinho do bar, ao canavial, aos ensaios do Ilê, à

serralheria, ao sapateiro, à gráfica, entre outros. Inscrições que não significam

49 Estes dois eventos foram realizados em setembro de 2009 e configuram uma manifestação contundente do vetor-espetáculo no campo de forças em questão. Insere-se uma breve colocação sobre estes dois acontecimentos na tentativa de apontar como esta linha de força tem delineado hegemonicamente os enredamentos neste espaço.

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referências estratificadas em suportes fixos da memória, mas à produção de um

espaço que assimile os vetores de variação, as sonoridades-temporalidades múltiplas,

do funcionamento de máquinas de impressão, das pessoas discutindo o uso do

espaço para estender roupa, para confeccionar picolé, para dar uma palestra, das

rodas de capoeira, das percussões do Ilê, dos carteados no bar.

A força das paredes lisas, da iluminação homogênea e simétrica, dos

mecanismos de controle do que pode ou não ser feito, em que tempo e mediante que

solicitação não anula em absoluto as inúmeras iniciativas pontuais, efêmeras e

singulares daqueles que atualmente ocupam ou freqüentam o Forte. Entretanto, tais

iniciativas deparam-se com mais freqüência com intervenções de natureza ordenatória

ou proibitiva e, estão sujeitas à perderam sua potência de investimento de novos

territórios. Ainda que não se acione a lógica da submissão, a hierarquia está

consolidada, e esta efetiva a sedentarização de instâncias de saberes-poderes.

Nestes momentos finais do jogo, retoma-se com prudência a idéia das voltas

do mundo, em que os vetores de forças dão voltas sobre si mesmos, dobram-se na

direção do ataque, ou esquivam-se para fora do território existencial hegemônico. A

volta do mundo como movimento do qual emergem inúmeras possibilidades de

constituição de outras territorialidades- temporalidades- sonoridades.

A interação instabilidade-estabilidade orientou a ação das lentes e dos planos

de observação desta narrativa. Assim, mesmo que a volta do mundo deflagre a

potência do devir, do vir a ser outro jogo, tem-se em mente, os movimentos do jogo

que está prestes a terminar. Neste, ainda que a instabilidade opere incessantemente

suas configurações, não é possível deter-se somente nela, à medida que algo se

estabilizou, seja no tocante ao espaço, aos discursos, às imagens, às temporalidades,

enfim as múltiplas dimensões atreladas ao território.

Percorrer trajetos metodológicos relativos à dimensão do vivido dificulta o

momento das conclusões. A pretensão conclusiva é remetida à interrupção, tal como

se colocou nas linhas de vida. Por ora, interrompe-se o fluxo mobilizador dos passos

em direção ao Forte, ao encontro dos personagens nas rodas imaginárias e as

articulações das falas em diálogos.

Na capoeira, não se trata de um jogo que se ganha ou que se perde, pois o

capoeirista entra nos fluxos das voltas do mundo e não compreende que o jogo com

determinado capoeirista termina no momento em que apertam as mãos e saem da

roda. Ao deixar este território onde a disputa espreitou a exatidão do ataque, e ao

espreitá-la converteu movimentos em interações, suas direções em assimilações e

deslocamentos do sentido do movimento do outro.

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Em se tratando de um jogo onde tantos impasses se colocaram e tantos

movimentos engendraram hegemonias e contra-hegemonias, ouve-se o chamado do

berimbau, o toque que anuncia a interrupção. As matérias de expressão apreendidas

nesta investigação e resignificadas neste relato cartográfico assumem, nos momentos

finais deste jogo, uma saturação dos movimentos. A música anuncia o término, os

instrumentos comunicam-se entre si pelos olhares dos capoeiristas na bateria que

avisam uns aos outros o momento da interrupção.

Por vezes, chama-se os jogadores ao pé do berimbau para interromperem,

outras vezes não, interrompe-se com o jogo correndo solto. E num "de repente”

praticamente acordado entre todos ali dispostos, a roda fecha-se num sonoro iê,

acentuado na vogal final. Fechamento numa imagem turbilhonar e não cíclica, de

vetores emaranhados e não subseqüentes e, de incompletas e inconclusas conexões.

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IV. FONTES

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3. ARQUIVO DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA (IPAC): Ante Projeto para ocupação social do Forte de Santo Antônio além do Carmo para a implantação do Centro de Cultura Popular, 1975. Fundação do Patrimônio

Artístico e Cultural da Bahia- Setor de Planejamento e Pesquisas Sociais.

Projeto de Restauração e agenciamento do Forte do Largo de Santo Antônio além do Carmo: projeto arquitetônico e aspectos financeiros do Centro de Cultura Popular, 1980. Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC),

Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (FPACB), Prefeitura Municipal de

Salvador (PMS), Ministério da Educação e Cultura, Secretaria do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional SPHAN/ Pró- memória

Carta de intenções do BID – Restauração do Forte de Santo Antônio além do Carmo para a implantação do Centro Popular de Cultura, 1989. Instituto do

Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional (IPHAN).

Inventário de proteção do acervo cultural: projeto de recuperação do imóvel tombado a nível estadual para a ocupação do mesmo com o Projeto “Filarmônicas”, 1996. Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), Secretaria

da Indústria e do Comércio- coordenação de fomento ao turismo, Secretaria da

Cultura e Turismo.

4. INSTITUTO JAIR MOURA

DANNEMANN, Maria de Fátima. Forte de Santo Antônio está abandonado há mais de dez anos. A TARDE. Salvador: 12/ 06/ 1997. DANNEMANN, Maria de Fátima. Viagem no tempo pelos fortes de Salvador. A TARDE. Salvador: 18/07/1999. MEIRELLES, June. Forte até quando? BAHIA HOJE. Salvador: 27/11/1993. SAMPAIO, Maristela. Fortaleza de Santo Antônio aguarda reforma há 20 anos. A TARDE. Salvador: 15/04/2001. SOUZA, Marconi. Governo não cumpre promessa e Forte vira antro de marginais. A TARDE. Salvador: 26/08/1996.

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TAVARES, Luís Guilherme Ponte. Cultura Popular vai ter casa no Forte de Santo Antônio. A TARDE. Salvador: 14/09/1981 Capoeiristas vivem dupla celebração. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Salvador, BA. Número 18.733. 24/12/2004. Inaugurado o Centro Esportivo de Capoeira. A TARDE. Salvador: 03/05/1982 caderno 2. (autoria não identificada) Forte de Santo Antônio será Forte da Capoeira. TRIBUNA DA BAHIA. Salvador: 22/12/2005. Caderno Salvador. Página 8. (autoria não identificada) 5. ENTREVISTAS: realizadas em 2008

Frederico José de Abreu

Antônio Carlos dos Santos (Vovô do Ilê)

Vivaldo Benvindo dos Santos,

Zé Virgílio Leal de Figueiredo

Cleonel Pereira dos Santos

José Augusto de Azevedo Leal

Mestres: Moraes, Gildo Alfinete, Boca Rica, Itapoã e Poloca

Professores: Nany, Zoinho

Contra- mestre: Aranha

6. OUTROS:

Novo Estatuto Social da ONG Associação Brasileira de Preservação da Capoeira –

Forte da Capoeira, 2002.

Registro em áudio da reunião realizada em 06/04/2008 no Forte de Santo Antônio

Além do Carmo, em que se encontrava presente o atual Secretário de Cultura: Márcio

Meirelhes.

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VI. LISTA DE FIGURAS

21 A: Diagrama de atividades do projeto do centro de cultura popular com

interferências da pesquisa de campo. Fonte: Projeto de Restauração e agenciamento

do Forte do Largo de Santo Antônio além do Carmo: projeto arquitetônico e aspectos

financeiros do Centro de Cultura Popular, 1980.

22 A: Diagrama de atividades previstas no projeto do centro de cultura popular:

Fonte: idem, 1980

24 A: Jornal Correio da Bahia “Gueto de resistência e miséria”. 20 novembro de 1996.

27 A: Fotos das placas de identificação das academias instaladas no Forte da

Capoeira. Fonte: pesquisadora, 2008.

32 A: Foto aérea da cidade de Salvador. Fonte: goolge earth: 2009 Mapa de localização do Forte. Fonte: goolge earth: 2009 32 B: Mapa do entorno do Forte com algumas interferências da pesquisadora relativa

à cartografia proposta “Forte além do Carmo, sobre o Porto, entre a encosta e o

Barbalho”. Fonte: projeto de restauração e agenciamento do Forte do Largo do Santo

Antônio além do Carmo: 1980 e arquivos pesquisadora.

34 A: Jornal Diário de Notícias “Vagabundos e desordeiros” publicado em 21 de

outubro de 1911. Fonte: DIAS, 2006.

35 A: Jornal A Tarde “Turistas ameaçados por capoeiristas na cidade” e “Emtursa

ameaça proibir as exibições de capoeira”. 1986.

38 A: Foto dos bonecos cenários “capoeirista e baiana” e turista no Pelourinho. Fonte:

pesquisadora: 2008.

70 A: Foto do portão de entrada do Forte após a reforma. Fonte: pesquisadora, 2008.

70 B: Fotos da fachada do Forte após a reforma. Fonte: pesquisadora, 2008.

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98 A: Fotos das placas em homenagem a Vicente Ferreira Pastinha, no Casarão n.

19, atualmente restaurante SESC- SENAC no Pelourinho. Fonte: pesquisadora, 2008.

103 A: Planta - terréo do Forte. Fonte: inventário de proteção do acervo cultural -

IPAC, Secretaria da Indústria e do Comércio e Secretaria da Cultura e Turismo: 1996.

103 B: Planta - pavimento 1 e Corte AA, com destaque para os acréscimos realizados

no Forte durante o século XX. Fonte: idem.

103 C: Foto da vista A com Igreja de Santo Antônio ao fundo. Fonte: Jornal a Tarde:

1997.

Corte BB. Fonte: inventário de proteção do acervo cultural - IPAC, Secretaria da

Indústria e do Comércio e Secretaria da Cultura e Turismo: 1996.

Foto do pátio central do Forte com destaque para antiga caixa d’água onde se instalou

o palco do ilê. Fonte: idem.

103 D: Foto da vista B. Fonte: Jornal A Tarde: 1997.

Foto da fachada onde se encontravam os espaços do CECA (térreo) e do GCAP

(pavimento 1). Fonte: Jornal a Província: 1996

Foto do pátio interno e da fachada onde se encontravam os espaços ocupados pelo

Ilê Aiyê. Fonte: Correio da Bahia: 1997

108 A: Planta – terréo. Fonte: inventário de proteção do acervo cultural - IPAC,

Secretaria da Indústria e do Comérico e Secretaria da Cultura e Turismo: 1996

Corte AA. Fonte: idem.

108 B: Desenho da planta do Forte elaborado por Caldas em “Notícia Geral de Toda

a capitania de Bahia desde seu descobrimento até o presente ano de 1759. Fonte:

idem

Imagem da fachada do projeto após a reforma. Fonte: idem

Corte BB. Fonte: idem.

108 C: Foto da vista A. Fonte: pesquisadora

Foto de placa instalada no Terreiro de Mandinga. Fonte: idem

108 D: Foto da vista B, pátio central e cisterna. Fonte: idem

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Foto da área dos baluartes com vista para Igreja de Santo Antônio ao fundo. Fonte:

idem

Foto da Torre Principal do Forte. Fonte: idem

131 A: Foto de apresentação artística de Jorge Vatusi no Centro de Cultura Popular:

1982. Fonte: Zé Virgílio Leal de Figueiredo

131 B: Foto de apresentação de Jorge Vatusi e Cafuné, ao fundo barracas de feira-

centro de cultura popular: 1982. Fonte: idem

Foto de roda de capoeira, com Mestre Ezequiel ao centro, na sala ocupada

posteriormente pelo GCAP. Ao fundo Mestre João Pequeno de Pastinha e Mestre

Moraes:1982. Fonte: idem

137 A: Foto da roda de Mestre João Pequeno de Pastinha no pátio central do forte,

entre 1980-1995. Fonte: imagem capturada pela pesquisadora nas paredes da referida

academia, 2008.

cartaz de divulgação das atividades do CECA. Fonte: Fred Abreu, s/ data.

137 B: Folder de divulgação produzido pelo CECA com o anúncio de diversas

atividades do centro de cultura popular. Fonte: Fred Abreu, 1982.

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VII. LISTA DE SIGLAS

ABCA: Associação Brasileira de Capoeira Angola

BIRD: Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

CECA: Centro Esportivo de Capoeira Angola

Coplan: Coordenação de Planejamento e Pesquisas Sociais

GCAP: Grupo de Capoeira Angola Pelourinho

IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

IPAC: Instituto do Patrimônio Artístico-Cultural da Bahia

SPHAN: Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional