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REFLEXÕES SOBRE EDMUND BURKE POR SILVA LISBOA: NEM TUDO É O QUE PARECE SERRosemary Saraiva da Silva Doutoranda em História na UERJ [email protected] O ano de 1812 estava começando, quando José da Silva Lisboa (1756- 1835), futuro Visconde de Cairu (1825), foi surpreendido com a triste notícia do falecimento de seu benfeitor D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1745-1812) no dia 26 de janeiro. Silva Lisboa estava afastado das atividades políticas e literárias, ainda guardando o luto pela viuvez repentina, a esposa D. Anna Francisca, companheira por vinte e sete anos, havia morrido em agosto de 1811(BELCHIOR, 2000, P. 57). Acometido pelo sofrimento com uma gota em uma das pernas, Silva Lisboa lamenta em carta ao Lord Strangford, Percy Clinton Sydney Smythe (1780-1855), não poder lhe prestar as devidas homenagens, mas afirma que receber a mensagem do nobre inglês o reconfortou no momento da perda de seu benfeitor. 1 Aos dois nobres foram direcionados a dedicatória e o prefácio da edição de 1812 da obra na qual Silva Lisboa se propõe a traduz alguns extratos dos escritos da lavra de Edmund Burke. Considerando as ligações de amizade e as tradições do Antigo Regime que uniam a vida desses homens, a historiografia deixou em aberto a possibilidade de um estudo que identificasse as razões pelas quais houve uma segunda edição dessa obra de Silva Lisboa publicada por uma tipografia portuguesa em 1822, onde tais partes de reverência simplesmente desapareceram. Esse fato não é mencionado, sequer questionado, por aqueles que se dedicaram a estudar a vida e obra de José da Silva Lisboa, o futuro Visconde de Cairu. Não há qualquer citação nos livros escritos sobre ele que, numa leitura mais apurada, indique ter sido observado as partes ausentes, ou mesmo as acentuadas alterações em seu conteúdo de uma edição para a outra. Nem mesmo a redução de seu tamanho (de impressão em duas partes com 142 e 136 páginas, 1 Fundo Visconde de Cairu, cód. Ref. BR AN, RJAN RIO R7.0.010.

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Page 1: REFLEXÕES SOBRE EDMUND BURKE POR SILVA ......Gazeta do Rio de Janeiro nos nº 30, de 11 de abril de 1812, página 4, e nº 61, de 19 de julho de 1812, página 4, pelo distribuidor

“REFLEXÕES SOBRE EDMUND BURKE POR SILVA LISBOA: NEM TUDO É

O QUE PARECE SER”

Rosemary Saraiva da Silva

Doutoranda em História na UERJ

[email protected]

O ano de 1812 estava começando, quando José da Silva Lisboa (1756-

1835), futuro Visconde de Cairu (1825), foi surpreendido com a triste notícia do

falecimento de seu benfeitor D. Rodrigo de Sousa Coutinho (1745-1812) no dia 26 de

janeiro. Silva Lisboa estava afastado das atividades políticas e literárias, ainda

guardando o luto pela viuvez repentina, a esposa D. Anna Francisca, companheira por

vinte e sete anos, havia morrido em agosto de 1811(BELCHIOR, 2000, P. 57).

Acometido pelo sofrimento com uma gota em uma das pernas, Silva Lisboa lamenta em

carta ao Lord Strangford, Percy Clinton Sydney Smythe (1780-1855), não poder lhe

prestar as devidas homenagens, mas afirma que receber a mensagem do nobre inglês o

reconfortou no momento da perda de seu benfeitor.1 Aos dois nobres foram

direcionados a dedicatória e o prefácio da edição de 1812 da obra na qual Silva Lisboa

se propõe a traduz alguns extratos dos escritos da lavra de Edmund Burke.

Considerando as ligações de amizade e as tradições do Antigo Regime que

uniam a vida desses homens, a historiografia deixou em aberto a possibilidade de um

estudo que identificasse as razões pelas quais houve uma segunda edição dessa obra de

Silva Lisboa publicada por uma tipografia portuguesa em 1822, onde tais partes de

reverência simplesmente desapareceram. Esse fato não é mencionado, sequer

questionado, por aqueles que se dedicaram a estudar a vida e obra de José da Silva

Lisboa, o futuro Visconde de Cairu. Não há qualquer citação nos livros escritos sobre

ele que, numa leitura mais apurada, indique ter sido observado as partes ausentes, ou

mesmo as acentuadas alterações em seu conteúdo de uma edição para a outra. Nem

mesmo a redução de seu tamanho (de impressão em duas partes com 142 e 136 páginas,

1 Fundo Visconde de Cairu, cód. Ref. BR AN, RJAN RIO R7.0.010.

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respectivamente, além de um apêndice, para uma única de 88 páginas, sem apêndice) foi

capaz de chamar a atenção dos estudiosos para essa nova edição (SILVA, 1885, P.203).

Com as pesquisas já realizadas ficaram comprovadas as alterações entre as

duas edições da obra de Silva Lisboa, “Extractos das Obras Políticas e Econômicas de

Edmund Burke”, a brasileira (1812) e a portuguesa (1822), muito além do acréscimo ao

título do adjetivo ao político irlandês, alterado para “Extractos das Obras Políticas e

Econômicas do Grande Edmund Burke, a segunda mais correcta”. O exemplar de 1821,

encontrado na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, apresentava como título:

“Extractos das Obras Políticas e Econômicas do Grande Edmund Burke, mui úteis para

a Regeneração de Portugal”, permitindo que novas conjecturas fossem feitas, como a

hipótese de que tais edições portuguesas eram desconhecidas por Silva Lisboa. Até

mesmo seu filho, Bento da Silva Lisboa, no discurso proferido no IHGB, que é

considerado como a primeira biografia do falecido Visconde, só faz referência ao livro

de 1812, indicando que também a família desconhecia as segundas edições da referida

obra (1839, p. 190).

Considerando a necessidade de uma avaliação comparativa entre os

volumes, foi constatado inicialmente que não há diferenças entre as impressões de 1821

e 1822, além do título; que, entre essas e a de 1812, há alterações de palavras, frases,

supressão de parágrafos, de partes inteiras e também de notas de rodapé, o que torna

praticamente as segundas edições novos textos, e que podem alterar o que fora

pretendido por Silva Lisboa com orientação e incentivo de Sousa Coutinho (1812, p.

IX).

Esse incentivo advém da admiração do nobre ministro pelo pensamento

político de Burke, assim como era do pensamento liberal econômico de Adam Smith

(BELCHIOR, 2000, p. 15), cuja principal obra fora traduzida pelo jovem Bento da Silva

Lisboa (1793-1864), à época com dezoito anos (1811), quando esse exercia o cargo de

oficial da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra em 1809

(MELLO MORAES, 1863, p. 4).

A proposta para o Doutorado foi a de analisar detalhadamente o conteúdo

das duas edições, 1812 e 1821/1822, para confirmar se realmente se trata de uma

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tradução, de uma adaptação ou mesmo de uma reinterpretação dos textos extraídos das

várias obras do irlandês Edmund Burke (1729-1797) e não somente daquela mais

famosa, “Reflexões sobre a Revolução Francesa”, publicada em novembro de 1790

(BURKE, 2014).

A questão da tradução feita por Silva Lisboa foi levantada pelo historiador

alemão Ulrich Mücke, da Universidade de Hamburgo, em seu artigo, “José da Silva

Lisboa. Conservatism and Liberalism between Europe and America”, incluso na obra

Latin America and the Atlantic World: El mundo Atlántico y América Latina (1500-

1850), organizado por Renate Pieper e Peer Schmidt, de 2005.

Nesse artigo, Mücke destaca que a obra de Silva Lisboa contendo o que

seria o pensamento de Burke foi o documento mais importante para trazer o pensamento

burkeano para a América Latina. No entanto, afirma que

“No entanto, uma leitura mais atenta da tradução mostra que ela é muito

diferente do texto em inglês. Silva Lisboa não traduziu a crítica de Burke ao

antigo regime, à igreja e ao absolutismo, e assim o brasileiro Burke é muito

mais simpático ao regime político de Luís XVI do britânico Burke. Por

exemplo, Silva Lisboa não traduziu as reflexões de Burke sobre o papel dos

reis. Embora Burke tenha condenado a Revolução Francesa, ele não falou

mais gentilmente sobre o poder dos reis franceses.” (MÜCKE, 2005, p. 187,

com tradução livre desta autora)

Com essa indicação, optou-se pela metodologia de se fazer uma leitura

comparada e basear-se nos princípios da hermenêutica para o estudo da interpretação do

texto nas edições do livro com vistas a compreender quais foram os objetivos que

levaram a publicar cada versão e a que tipo de leitor se dirigia.

Como se desconhecia que obra de Silva Lisboa tinha tido duas publicações

em Portugal, pois somente há referências historiográficas à de 1822, não era possível,

inicialmente, fazer qualquer ligação com o movimento de regeneração da monarquia.

Isso só pode ser possível a partir da localização de exemplares da obra impressa em

1821, cujo título referencia àquele momento histórico, que surge com a Revolta do

Porto em 1820.

Apesar das duas segundas edições portuguesas serem idênticas, não fica

evidente o motivo pelo qual a de 1822 é descrita como sendo a mais correta: se é em

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relação à de 1821, ou à primeira de 1812. Cabe avaliar se esta correção estaria atrelada

ao texto ou à interpretação, no discurso ali contido, na transmissão de ideias e conceitos

que porventura o autor ou coautores buscavam alcançar (aqui coautores entendidos

como os responsáveis pela publicação portuguesa e que ainda não foram identificados).

Destacam-se, primeiramente, a ausência da dedicatória existente na

primeira edição dirigida a Percy Clinton Sydney, Lord Visconde de Strangford,

suprimida nas segundas edições e a seguir, a exclusão dos três primeiros parágrafos do

Prefácio, onde era citada a participação do Ministro Sousa Coutinho naquele projeto

editorial (LISBOA, 1821 e 1822).

Pensando nas condições em que foram feitas as segundas edições, podemos

supor que a exclusão da dedicatória esteja ligada à conturbada relação entre os ingleses

que estavam “governando” Portugal no período de resistência aos franceses e ausência

da Corte, ainda instalada no Rio de Janeiro, sendo ponto de reivindicação dos revoltosos

do Porto. Quanto aos parágrafos mencionando o Conde de Linhares, a ausência pode

também estar relacionada ao fato de que o poderoso ministro era conhecido por ser

grande admirador da Inglaterra, tendo sido, inclusive, o responsável pelo estreitamento

dos vínculos de amizade entre as Coroas Portuguesa e Inglesa.

No prefácio há menção ao fato de que tal publicação se dera pos-mortem

(LISBOA, 1812, parte I, p. IX), confirmando-se que D. Rodrigo não chegou a ver o

resultado da obra pronto: os primeiros anúncios de venda da obra foram encontrados na

Gazeta do Rio de Janeiro nos nº 30, de 11 de abril de 1812, página 4, e nº 61, de 19 de

julho de 1812, página 4, pelo distribuidor autorizado da Imprensa Régia e da Gazeta do

Rio de Janeiro, livreiro Paulo Martin.

Um fato interessante que ainda não se tem como rastrear é como Silva

Lisboa teve acesso aos textos de Edmund Burke, visto que se vale deles em citações em

seus escritos, discursos, livros ou panfletos, até anteriores a essa obra. Foram

localizados na biblioteca de Sousa Coutinho dois exemplares da sua conhecida obra,

“Reflexões sobre a Revolução na França”, em língua francesa e inglesa, ambas de

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1790.2 Com o leilão ocorrido em 1895 do acervo da chamada livraria de D. Rodrigo não

há como saber onde foram parar esses exemplares do acervo adquirido pelo governo

brasileiro: Ministério das Relações Exteriores, Biblioteca Nacional e Arquivos Públicos

de São Paulo ou de Minas Gerais.3

O exemplar dessa obra de Burke, de 1790, que se encontra na Biblioteca

Nacional no Rio de Janeiro apresenta ex-libris “De la Bibliotheque du Commandeur

d’Araujo”, o que corresponde dizer que pertencia à biblioteca de Antonio de Araújo e

Azevedo, o Conde da Barca (1754-1817), oponente político de D. Rodrigo e

reconhecido francófilo que antecedeu e sucedeu a D. Rodrigo de Sousa Coutinho no

cargo de Ministro Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Sua

biblioteca, herdada pelo irmão João Antonio de Araújo e Azevedo (1764-1823), foi

vendida para quitar as dívidas deixadas pelo Conde (FERRAZ, 2017, p. 37).

No catálogo manuscrito dessa coleção, de 1818, estão relacionados: o livro

de Bento da Silva Lisboa referente à tradução do livro “Riqueza das Nações”, de Adam

Smith, e vários títulos escritos por Edmund Burke4. O acervo adquirido por D. João VI

para compor a Biblioteca Real do Príncipe, formou a Biblioteca Nacional no Rio de

Janeiro. O valor acordado só foi efetivamente pago aos herdeiros seguintes em 1860,

após vários processos judiciais (FERRAZ, 2017, p. 38-40).

Quanto à possibilidade de Silva Lisboa ter livros de Burke em sua própria

biblioteca fica a investigação prejudicada, uma vez que nos periódicos da época foi

encontrada notícia sobre um incêndio na residência dele, conforme a nota publicada no

Diário do Rio de Janeiro nº 21, de 27 de abril de 1824, p. 3 e 4, de agradecimento e

chamamento ao público leitor:

“José da Silva Lisboa não conhecendo pessoalmente todas as pessoas, que

tiverao a bondade de concorrer com toda a diligencia no dia 18 do corrente

mez a apagar o fogo, que appareceo na chaminé da casa em que habita na rua

de Santa Theresa; muito ajudando as Patrulhas Militares; vai por este modo dar os seus agradecimentos por huma acção tão civil e humana. Aproveita

esta ocasião para rogar as pessoas, a cujas mãos possao por alguma

2 Coleção Conde de Linhares, Torre do Tombo: PT.TT.CLNH-0004-001_m0045 (em francês) e

PT.TT.CLNH-0004-001_m0097 (em inglês) 3 Anais da Biblioteca Nacional, nº 128, 2008, p. 27. 4 Catálogo dos Livros da Bibliotheca do Conde da Barca, em 1818, p.19, 165,172.

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casualidade chegar os volumes dos Livros, que se lhe desencaminharao na

noite do incêndio, lhe entregar na dita sua casa, com especialidade da Obra

Ingleza de Gibbon, e da Franceza de Condillac; se digne mandar.”

Em pesquisa realizada no Fundo Cairu do Arquivo Nacional encontrou-se

apenas translado de seu testamento, registrado em cartório em 10 de abril de 1827, onde

não há qualquer descrição de bens deixados aos filhos.5

Outro ponto considerado na análise é o contexto histórico em que as edições

foram publicadas para compreender os objetivos a serem alcançados junto aos eventuais

leitores, a quem se esperava influenciar com o discurso utilizado no conteúdo de cada

uma das três edições.

A primeira, de 1812, vem à luz num momento em que a parte europeia do

Império Português sofria com a chamada Guerra Peninsular, onde os ingleses,

portugueses e espanhóis enfrentavam os exércitos de Napoleão Bonaparte, buscando a

libertação do jugo francês. Também no território americano havia turbulência, em

decorrência dos movimentos revolucionários nas colônias espanholas, que levaram a

independência de vários desses territórios entre 1809 e 1811 (Equador, Venezuela,

Colômbia, México, Paraguai), muito influenciados pela abdicação dos monarcas

espanhóis, Carlos IV e Fernando VII, substituídos pelo representante francês José

Bonaparte, que era o novo rei nomeado pelo irmão Napoleão.

Outro fato que devia preocupar D. Rodrigo para manter íntegro o Império

Português, sem o risco de revoltas e separações, teria sido a instalação das Cortes Gerais

Extraordinárias da Espanha, em Cádiz, em setembro de 1810, quando surgia um

movimento de enfrentamento aos franceses para a retomada do governo espanhol, mas

havia a possibilidade de, se restaurado, não ser como antes. Isso se confirmou quando,

em março de 1812, foi promulgada a Constituição de Cádiz, com forte influência das

ideias iluministas e da Revolução Francesa, já trazia em seu bojo mudanças sociais e do

papel do monarca. Entretanto, ao retornar ao trono, Fernando VII a revogou em 1814,

mantendo-se como rei absoluto. Não se pode esquecer que D. Rodrigo já vinha

5 Fundo Visconde de Cairu, Cód. Ref. BR AN, RJAN RIO R7.0.033, p.88 a 92

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acompanhando as revoltas que estavam ocorrendo na Europa e no continente americano

desde fins do século XVIII (POMBO, 2015, p. 62-77).

Nos dois momentos em que as segundas edições são distribuídas, o contexto

histórico já era outro, mas não menos conturbado: Napoleão já havia falecido em maio

de 1821 e as monarquias europeias estavam restauradas após o Congresso de Viena; D.

João VI era rei, mas afastado de Portugal, que sofria com a ausência da Corte e via o

Brasil ocupar espaço de destaque dentro do Império luso. Foi um período de

disseminação de ideias, não só revolucionárias, mas de redução do poder da Igreja

católica, e de novas políticas liberais, exigindo mudanças nos governos das monarquias

restabelecidas, trazendo uma versão mais constitucional e democrática. Surge um novo

sentimento unindo o povo antes massacrado pelos franceses.

Com esse novo ideário, a situação de ausência do monarca português,

começava a ser questionada pelos súditos deixados no continente europeu. A ameaça

francesa fora afastada e, em 1820, emerge um movimento revolucionário na cidade do

Porto, forçando a instalação das Cortes em Lisboa, em 1821, quando passou a ser

exigido o retorno imediato do monarca ao seu lugar de direito, fazendo com que o

modelo de Monarquia Pluricontinental fosse revisto em relação ao Brasil. Com o

retorno da Corte, o Brasil assumiria ser província e não mais de metrópole. Essa nova

situação também não agradou aos brasileiros, e na regência do príncipe D. Pedro,

iniciou-se o processo de independência vislumbrado por D. João VI quando decidiu

voltar para Lisboa em abril de 1821.

Não foi possível ainda identificar quando a edição de 1821, cujo título há a

referência à regeneração de Portugal, foi distribuída. Não foi encontrada aviso de venda

nos periódicos portugueses por todo aquele ano de 1821. Foram encontrados apenas

dois exemplares: um encadernado em forma de miscelânea (com outras obras do mesmo

período), no acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa; e outro, em volume

único, pertence à Biblioteca da Universidade de Chicago, não havendo naquela

instituição registro quanto a origem e data da doação.

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Quanto ao impresso em 1822, há um aviso no Suplemento nº 8 da edição de

09 de fevereiro de 1822 do Diário do Governo, informando que estaria à venda nas lojas

de livros da Rua Augusta, do Ouro, Potes das Almas, e Chiado por 360 réis. Nesse

mesmo anúncio observa-se que há outras publicações que enfaticamente apoiavam o

movimento de regeneração ocorrido em Portugal no ano de 1820.

Considerando que a edição de 1821 nunca foi citada pela historiografia

brasileira ou portuguesa até o século XX6, não se pode afirmar que algum exemplar

tenha chegado ao Brasil no período da vida de Silva Lisboa e seus familiares mais

próximos. Ao se consultar o mais antigo volume de referências bibliográficas em língua

portuguesa, o “Diccionario Bibliographico Portuguez” de Innocencio Francisco da

Silva, no verbete dedicado a Silva Lisboa (1860, p.126), nota-se que o item nº 4740 do

livro “Extractos das Obras Políticas e Economicas de Edmund Burke”, há referência

somente ao de 1812 publicado em dois tomos.

Somente no último quartel do século XIX é que, pela primeira vez, a

segunda edição (1822) é mencionada, em obra publicada em 1881(VALLE CABRAL,

1881, p. 403). Ao que tudo indica foi em suas pesquisas junto a diversas instituições que

visitou pelo Brasil afora e na Europa7 que Valle Cabral pode ter identificado a

existência da edição de 1822, que ele cita quase como uma nota no item 10 referente ao

livro sobre os escritos de Burke que “há segunda edição mais correcta feita em Lisboa,

em a Nova Impressão Viúva Neves e filhos, 1822, in-4º, de VII-88 pp.num.-Não traz o

Appendice” (VALLE CABRAL, 1881, p. 403). Como se vê ele não indica a localização

física dessa edição, ou, ao menos, faz menção de como e onde obteve tal informação.

Depois dessa publicação de Valle Cabral, a citação sobre a edição de 1822

consta no “Diccionario Bibliographico Brazileiro”, de Sacramento Blake, em 1899,

como também no “Diccionario Bibliographico Portuguez”, de Innocencio Francisco da

Silva em sua edição ampliada por Brito Aranha em 1885. Cabendo destacar que nesse

6 Somente foi encontrada uma citação direta à edição do livro de 1821 em: LISBOA, João Luís. From

publishing to the publisher – Portugal and the changes in the world of print in the 19th century. (In)

ABREU, Márcia; SILVA, Ana Cláudia Suriani da. (org.). The Cultural Revolution of the 19th century:

Theatre, the Book-trade and Reading in the Transatlantic World. London: I. B. Tauris Publishers, 2016,

p. 75. 7 Anais da Biblioteca Nacional nº 73, 1954, p. 14-19

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último, no início do verbete dedicado a José da Silva Lisboa, reporta-se ao volume

anterior (Tomo V, 1860, p. 124), e se menciona diretamente a obra de Valle Cabral,

quando diz que

“Há que rectificar e ampliar, pelo assim dizer, refundir este artigo, não só em

vista das informações colhidas depois da impressão e publicação do trabalho

de Innocencio, mas em presença da excelente biographia escrpta pelo sr.

Valle Cabral, publicada no Rio de Janeiro em 1881, e consagrada à exposição

de história do Brazil realizada no mesmo anno. É o estudo mais apurado e

mais completo que conheço a respeito de Silva Lisboa. D’elle me servirei,

pois, tanto na parte biográfica, como na parte bibliográfica, com tanta maior

confiança, quanto é certo, e o confesso reconhecido, que no exemplar com que me honrou o esclarecido autor, por intermédio do sr. Joaquim da Silva

Mello Guimarães, encontro uma nota autografa para me guiar na enumeração

das obras de Silva Lisboa.” (SILVA, 1885, tomo XIII,p. 200-201)

Tendo por base o escrito de Valle Cabral, Brito Aranha inclui no verbete a

citação à obra “Extractos das obras de Burke” (nº 4740), fazendo menção à “Segunda

edição mais correcta” publicada pela Impressão da Viúva Neves e filhos, em 1822

(SILVA, 1885, tomo XIII, p.203).

Acredita-se, pois, que os que se dedicaram a estudar as obras de Silva

Lisboa, seguiram essas obras de referência (Valle Cabral, Blake e Innocencio Silva por

Brito Aranha) sem que fosse efetivamente vista e lida a versão de 1822. Com isso,

reforçava-se, a hipótese defendida de que Silva Lisboa e seus descendentes nunca

tomaram conhecimento de que a obra fora revista em Portugal, provavelmente, com

interesses bem diferentes daqueles que motivaram sua primeira edição.

Com relação à edição de 1822, essa teve exemplares físicos localizados nas

seguintes bibliotecas brasileiras: na Biblioteca Brasiliana Guita-Midlin da USP;

Biblioteca Histórica do Itamaraty Rio; e na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, todos

sob a forma de miscelânea (encadernados com outras obras). O exemplar da Biblioteca

Brasiliana, que está digitalizado e disponível para consulta na internet, apresenta ex-

libris da Coleção Rubens Borba Alves de Moraes (1899-1986). O volume que está no

Itamaraty está registrado como inclusa na Coleção Francisco Adolpho de Varnhagen

(1816-1878), como também a ela pertence os dois volumes da edição de 1812.

Não há no momento condições de se afirmar quando e como o volume de

1822 foi adquirido por Varnhagen, dependendo de pesquisa junto à biblioteca do

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Itamaraty, se possível for. Entretanto, pode-se cogitar a possibilidade de isso ter

ocorrido no período em que ele morava em Portugal (décadas de 1830-40) e frequentava

o meio literário lisboeta, considerando que fora um período de grande movimentação

política entre liberais e monarquistas constitucionais ou em período posterior

(WERLING, 2013, p.160-199).

O volume que está no acervo da Biblioteca Nacional chegou naquela

instituição em 1890, mediante doação em testamento do bibliófilo fluminense residente

em Portugal, João Antônio Marques, que deu nome à seção de Obras Raras, onde há um

retrato de sua figura.

Ocorre que esse exemplar, chegado ao Brasil mais de sessenta anos após o

falecimento de Silva Lisboa, apresenta em seu frontispício uma rubrica que pode ser

lida como J. M. P. Roiz (abreviatura de Rodrigues). Buscas ao possível dono da rubrica

poderiam levar àquele que fora o dono anterior do volume. Encontrou-se a figura de

José Maria Pereira Rodrigues (1837-1885), escritor, tradutor e jornalista, tendo sido

redator do Jornal Chronica dos Theatros, de Lisboa, por seis anos, de 1863 a 1869

(SILVA, 1883, tomo IX, p. 69). Foi deputado nas Cortes representando a província de

São Thomé, quando ali era governador o Sr. Gregório José Ribeiro (1828-1884), seu

cunhado, no período de outubro de 1873 a novembro de 1876.

Outro fato a se destacar é que José Maria Pereira Rodrigues tinha um irmão

mais velho, João Félix Rodrigues (1831-1870), conhecido pela alcunha de o “Tanas” do

jornal “O Português” (1856-1866), tendo sido um polemista dos mais ardentes,

vigorosos e ilustrados. Por causa do irmão João Félix, Pereira Rodrigues passou a ser

conhecido como o “Tanas Lyrico”, devido a sua atuação na área teatral e musical. O

cognome “Tanas” era um anagrama de uma das assinaturas que João Félix usava em

seus artigos (Satan), além de se apresentar também por suas iniciais invertidas: R.F. J.

(SILVA, 1883, tomo X, p. 245-247).

Relata Innocencio Francisco da Silva em seu dicionário no verbete dedicado

a João Felix que

“escreveu-me o sr. J. M. Pereira Rodrigues, que se lembrava de ter ouvido

que seu irmão João Felix redigira, ou estava redigindo, umas Memórias da

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sua vida ou do seu tempo, mas que elle não as vira nunca, e lhe parecia que

com outros papeis d’elle ficariam, depois de seu fallecimento, em poder da

família com quem estava ligado, cujo chefe, Manuel Patricio Alvares, também é hoje fallecido” (SILVA, 1883, tomo X, 3º Supl., p. 247).

Na edição nº 44 do periódico “A Illustração Portugueza”, de 17 de maio de

1886 (p.3), na coluna “Recordações de um Jornalista”, consta menção ao nome do

irmão João Félix Rodrigues, como fazendo parte de um grupo de jacobinos, que

formava boa parte do Partido Patuleia (Guerra da Patuleia, de outubro de 1846 a junho

de 1847), que depois aderiu ao Partido Progressista Histórico (ou Partido da Granja, em

1876, houve a fusão com o Partido Reformista de origem vintista e setembrista e na

Patuleia com o Partido Histórico), sendo franco opositor ao Partido Regenerador. O

articulista explica que usou o termo jacobino por serem esses partidários intransigentes

e que tinham na cabeça duas únicas ideias: “Viva a constituição de Vinte! E abaixo os

Cabraes, que são uns ladrões!” João Félix fora redator do jornal “Portuguez”, legítimo

herdeiro do “Patriota”.

Ao que se vê havia envolvimento dos irmãos na área dos jornais que

atuavam ativamente na política portuguesa no movimento regenerador que se seguiu à

insurreição militar de maio de 1851, levando à queda de Costa Cabral e dos governos de

inspiração setembrista, tendo durado até 1868. Esse movimento teve como inspiração a

ideia de regeneração advinda do movimento vintista, no pensamento e discurso liberal

desde os anos de 1817 a 1820.

Ao falecer, J. M. P. Rodrigues ocupava o cargo de primeiro verificador da

Alfândega de Lisboa e vogal suplente do Conselho Geral das Alfândegas, conforme

consta da notícia do Correio da Manhã, em sua edição nº 128, de 1885. Deixou viúva e

única herdeira, D. Elisa Virgínia Ribeiro Pereira Rodrigues, conforme consta de avisos

de habilitação ao benefício de pensão junto à Direção do Monte Pio Official e à

Associação dos Empregados do Estado, publicados, respectivamente, nos nº 107, de 15

de maio de 1885, p. 6, e nº 141, de 30 de junho de 1885, do Diário do Governo. Não

sendo possível confirmar se fora ela quem teria vendido ao bibliófilo brasileiro o

exemplar doado e remetido à Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro em 1890.

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Diante dessas informações pode-se supor que as ideias expressas na versão

da obra de Silva Lisboa publicada em 1822, em pleno movimento regenerador vintista,

podem ter de alguma forma inspirado os irmãos jornalistas. Talvez se possa cogitar a

possibilidade do exemplar que está na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro tenha

pertencido inicialmente a João Felix, e que ao falecer foi herdado por J. M. P. Rodrigues

(FERREIRA, 1970, p. 343).

A pesquisa a ser aprofundada visará interpretar os textos de forma a

identificar como, em cada uma das edições, poderia ter sido usado politicamente pelos

seus autores (aqui considerando os editores portugueses como responsáveis pelas

alterações sofridas no texto original de Silva Lisboa) em cada uma das épocas em que

foram disponibilizadas ao público leitor que se buscava alcançar.

Em primeiro lugar, deve-se recordar que Edmund Burke era um parlamentar

britânico que, em seu livro “Reflexões sobre a Revolução na França”, pôs-se em embate

com os defensores do ideário da Revolta francesa, e que antes mesmo desse evento

chegar ao regicídio, Burke já indicava que os procedimentos que vinham sendo

adotados levariam a um final trágico para aquele país, deixando-o à beira do caos,

desgovernado. Tais procedimentos revolucionários não seriam, ao ver de Burke, a

melhor opção para corrigir os problemas que aconteciam no reino francês, sugeria o

irlandês que fosse seguido o mesmo caminho encontrado pelos ingleses por ocasião da

Revolução Gloriosa (1688).

Desta forma, vê-se que Burke não era um defensor de monarcas

representantes do Antigo Regime, logo, muito dificilmente suas propostas se

coadunariam com o pensamento tanto de D. Rodrigo quanto de Silva Lisboa. Assim,

deverá ser analisada a suposta tradução dos textos de Burke que foram escolhidos por

Silva Lisboa para compor a sua obra e interpretar o quanto foi alterado do seu sentido

original, questão levantada por Ulrich Mücke mencionada anteriormente.

A seguir, considerando as alterações feitas no texto original de Silva Lisboa,

pelos coautores portugueses, que podem ser tanto o responsável pela distribuição da

obra original aqui no Brasil (Paulo Martin) como o impressor português (Nova

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Impressão Viúva Neves & Filhos) ou mesmo terceiros, que tenha encomendado a

impressão, dando novo sentido ao texto. Não esquecendo que a edição de 1821 indicava

em seu título o processo de regeneração buscado pelos revolucionários de 1820,

alterando o sentido do conteúdo inicial para alcançar um público leitor diferenciado do

anterior.

Ao se considerar que, mais de trinta anos depois, aquela versão de 1822

ainda encontrou novos interessados (os Rodrigues), o texto volta a se destacar em outro

momento de mudanças políticas em Portugal, na década de 1850, quando um novo

movimento regenerador assume o protagonismo político, encontrando nova

interpretação ao pensamento de Burke, já modificado por Silva Lisboa: novo discurso,

novo uso.

Ficam-se, portanto, três textos-base (Burke, Silva Lisboa-1812 e Silva

Lisboa/Viúva Neves-1821/22) que se apresentam com quatro objetivos diferentes:

a) final do século XVIII, Revolução Francesa;

b) primeiro decênio do século XIX, era Napoleônica;

c) segunda década do século XIX, pós-Napoleão e crise do Antigo

Regime/Sistema Colonial;

d) por fim, na segunda metade do século XIX, Monarquia

Constitucional portuguesa no período de Regeneração de 1851.

Se Burke pudesse ter acompanhado o caminho que seu pensamento político

e econômico percorreu, com certeza teria se surpreendido com tamanha mudança nas

interpretações a partir das releituras feitas.

Espera-se que, concluída a pesquisa, a tese levantada possa ser comprovada

e que se reescreva uma nova interpretação da obra feita por Silva Lisboa com base no

pensamento de Burke (ou não), mas que interessou a leitores que viveram em épocas

diferentes dentro do mesmo Império, em territórios distantes e unidos, lutando por uma

mesma causa: construir uma nova sociedade condizente com os novos tempos que

surgiam no horizonte político.

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