reflexão acerca da obra o judeu

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CURSO DE LICENCIATURA EM ARTE - TEATRO Análise da obra O judeu ou O poeta e inquisição de Gonçalves de Magalhães Luciana Maria Cavichioli G. Almeida LAT III 1

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Trabalho escolar.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHOCURSO DE LICENCIATURA EM ARTE - TEATRO

Anlise da obra O judeu ou O poeta e inquisio de Gonalves de Magalhes

Luciana Maria Cavichioli G. Almeida LAT IIISo Paulo

2013SumrioIntroduo.........................................................................................................3Sobre o autor....................................................................................................4Contexto Histrico Social..................................................................................5

Anlise da obra:................................................................................................6

Bibliografia........................................................................................................9IntroduoEste trabalho tem como objetivo elaborar uma pequena anlise da obra Antnio Jos ou o poeta e a inquisio de Gonalves de Magalhes. Essa anlise passar pelos contextos histricos e sociais da obra, pela histria do seu autor e pelo seu contedo. Sero abordadas questes referentes ao seu enredo, a sua temtica e a sua forma.

A obra analisada um texto metalingustico que conta os ltimos momentos da vida do dramaturgo Antnio Jos, perseguido pela inquisio. A pea aborda o universo do fazer teatral, trazendo dilemas e dificuldades dos atores e atrizes e de pessoas prximas desse processo. O texto tem quase o carter de um manifesto, no sentido de que defende as causas da classe teatral.

A primeira apresentao desta pea aconteceu em 1838, no teatro Constitucional Fluminense, no Rio de Janeiro. O prefcio de Gonalves de Magalhes em sua primeira edio da obra diz: "Lembrarei somente que esta , se me no engano, a primeira tragdia escrita por um Brasileiro, e nica de assunto nacional."

Est pea se configura como marco de ineditismo em alguns aspectos: Foi a primeira tragdia escrita por um brasileiro,; tinha como temtica a vida de um brasileiro; Foi um dos marcos do incio do romantismo na dramaturgia nacional; Apresenta fortes elementos de criticidade; Em sua execuo trouxe tambm inovaes nas formas de interpretao.

H ressalvas sobre a histria da pea estar contextualizada em Portugal, para alguns pesquisadores isso a torna menos brasileira. Porm independentemente desta questo a obra se configura de alguma forma como um marco na dramaturgia no Brasil.

Sobre o autorGonalves de Magalhes, tambm conhecido como o Visconde de Araguaia, nasceu em 1811 no Rio de Janeiro filho de uma brasileira com um portugus de famlia nobre. Segundo o pesquisador Alcntara Machado, Gonalves de Magalhes comeou a escrever aos 15 anos, e desde essa poca j era notvel que sua obra estava impregnada de religiosidade3. Magalhes estudou Medicina e filosofia, concluindo seus estudos no ano de 1832. Suas primeiras obras de Poesia foram publicadas logo em seguida de sua graduao e seguiam uma esttica neoclssica.

Magalhes depois de formado viajou para a Europa, onde teve contato com os principais percursores do movimento literrios romntico. Gonalves de Magalhes publicou na Frana o manifesto: Discurso sobre a Literatura no Brasil . Ainda na Frana em 1836 publicou Suspiros Poticos e Saudades, designada por alguns pesquisadores como a primeira obra do romantismo brasileiro.

Em 1837, Magalhes retorna ao Brasil onde exerce a funo de professor no colgio Pedro II e depois, nomeado secretrio do militar de Duque de Caxias no Maranho e no Rio Grande do Sul. Foi tambm diplomata e trabalhou em diversos pases.

Ao dedicar a obra Confederao dos tamoios ao imperador Dom Pedro II recebe o ttulo de Baro e Visconde de Araguaia. Magalhes morreu em 1882, em Roma e at hoje faz parte da Academia Brasileira de Letras. Sua obra, apesar de ser considera medocre por muitos pesqusiadores, se configuram como importantes fatos histricos para literatura brasileira Suas obras foram: Os Mistrios (1858), Urnia (1861), e Cnticos Fnebres (1864). Peas de teatro: Antnio Jos (1838) e Olgiato (1839). Diversos ensaios em Opsculos Histricos e Literrios (1865) e textos filosficos: Fatos do Esprito Humano (1858),A Alma e o Crebro (1876) e Comentrios e Pensamentos(1880). Contexto Histrico SocialQuando foi proclamada a independncia do Brasil, Gonalves de Magalhes era ainda uma criana. Em 1808, a famlia real portuguesa veio para o Brasil, sua sada aconteceu em meio as guerras napolenicas. Portugal foi invadida por conta de no aceitao de imposies comerciais feitas por Napoleo.

Junto com a famlia real, viram para o Brasil cerca de 15 mil pessoas. Neste perodo aconteceram muitas mudanas na estrutura da nova capital Brasileira (Rio de Janeiro), como por exemplo a criao de museus, bibliotecas, novos portos, comrcios, jornais, escolas. Com a instaurao de uma nova vida artstica e social na cidade o teatro comeou a fazer parte da cultura dos habitantes do Rio de Janeiro.Gonalves de Magalhes nasceu em 1811. A Independncia do Brasil aconteceu em 1822, quando era uma criana. Mais tarde quando iniciou sua carreira como autor , Gonalves de Magalhes escrevia obras com caractersticas clssicas, embora j existisse uma forte tendncia internacional inclinada ao romantismo.Magalhes foi um caso interessante de renovador sem fora renovadora. O seu medocre livro de estreia, Poesias (1832), rotineiramente neoclssico, mas tem o toque nacionalista do tempo: patriotismo aceso e celebrao da liberdade poltica, banhados na embriaguez da cidadania recente. Quando o publicou, Magalhes j devia estar querendo alguma coisa diferente, assim que ao viajar para a Europa no ano seguinte escreveu uma Carta, decalcada na de Sousa Caldas de 1790, na qual, a exemplo deste, rejeita o uso da mitologia e diz: outro deve ser o maravilhoso da poesia moderna. Ao receber na Frana o impacto das novas tendncias no perdeu a dico neoclssica, mas incorporou concepes e tcnicas que foram reveladoras no Brasil4Aps uma viagem para Europa, Magalhes e fortemente influenciado pelos contextos histricos e scias desse continente, aps sua viagem foi possvel identificar em sua obra forte rebeldia e esprito crtico, esses aspectos so influncias da transio entre a escola antiga e o Romantismo, j instaurada no continente europeu.

Chegado a Paris, Magalhes encontrou ambiente diverso do neoclassicismo em que se formara no Brasil. Victor Hugo j havia lanado o prefcio do Cromwell e fora recentemente travada a batalha do Hernani. Esse impacto calou fundo na sensibilidade menos derramada do jovem brasileiro, que se votava tambm s meditaes filosficas. Colheu do romantismo o que lhe parecia mais aproveitvel, sem renegar, contudo, o equilbrio dos padres clssicos.5O romantismo no Brasil foi um perodo de surgimento de novas obras teatrais e literrias, o carter nacionalista e liberal bastante notvel. Os autores apresentavam obras muito crticas, com engajamento e paixo. Era presente nas obras um tom melodramtico e hiperblico. Magalhes lanou um manifesto potico, em 1836.

Um aspecto importante do romantismo, ressaltado pelo pesquisador Antnio Candido o desejo de independncia literria, o que se apresenta como argumento favorvel para uma nao recm fundada. Autores do romantismo brasileiro ento percebem que podem criar com maior liberdade, obras com aspecto nacional e estes aspectos comeam a ser valorizados pelas escolas e pela crtica.

Anlise da obra:Antnio Jos, ou O poeta e a inquisio uma obra composta por cinco atos e escrita em versos. A obra considerada pelo prprio autor uma Tragdia e um mardo da transio entre a esttica clssica e a romntica. A obra foi encenada pela primeira vez em 1838. O primeiro ato tem 8 cenas, o segundo tem 9 o terceiro tem 10, o quarto tem 7 e o quinto tem 2.

A pea conta a histria de um dramaturgo que acusado de praticar o judasmo e perseguido pela inquisio. No fica claro se a causa da perseguio apenas a prtica do judasmo ou o fato de um frei (Frei Gil) ter cimes da atriz enamorada do dramaturgo. O judeu tenta fugir da inquisio de algumas maneiras porm por conta de um bilhete encontrado em um livro descoberto. Tenta fugir com sua amada mas so encontrados em flagrante. A amada de Antnio Jos (Mariana) morre de susto, as pessoas prximas ao protagonista so punidas. Ele queimado em uma fogueira.

A linguagem bastante rebuscada, feito o uso de diversas figuras de linguagem como metforas, comparaes e hiprboles. Tambm so muito utilizadas frases invertidas, onde aparece primeiro o objeto e depois o sujeito e verbo, de forma que s se compreende o sentido da frase depois que ela termina. A linguagem caracterstica da poca e se configura mais entre um padro clssico do que entre o romntico.

Os aspectos romnticos so mais trazidos pela temtica e pelo contedo da obra que bastante contestador, rebelde e at mesmo nacionalista (por mais que a obra se passe em Portugal, o fato de se contar a histria de um Brasileiro, na poca reverberou como um aspecto nacionalista). A pea contesta a igreja catlica e injustias por ela cometida, o que para a poca foi uma crtica bastante contundente.

A pea tambm traz uma crtica contra a maneira como a sociedade trata a classe teatral, e os primeiros atos se configuram quase como um manifesto em prol da classe artstica. Essa crtica repleta de emoo e drama uma marca muito forte do romantismo.

Como dramaturgia o texto apresenta algumas falhas. Os acontecimentos so expostos de maneira muito rasa, enquanto os exerccios retricos das personagens so demasiadamente aprofundados, h falas imensas e repetitivas, expressando apenas sentimentos e opinies, que no contribuem diretamente para o entendimento da trama, dos acontecimentos da histria.

O autor no explicita a relao entre as personagens e encontra algumas solues absurdas e um pouco difceis de fazer sentido, como o momento em que Antnio Jos no reconhecido pelo Frei apenas por usar uma roupa de criado, o momento em que o bilhete encontrado, a tambm rasa a morte de Mariana, que acontece de maneira estranha e sem fundamento (Ela no apresentava nenhum problema do corao).

Apesar de obra ter estes problemas, considerada um marco importante para a dramaturgia, por conta de seu carter inovador.Bibliografia

CANDIDO, Antnio. O romantismo no Brasil. Humanits So Paulo: 2002FATES, Ivete Huppes. Histria da Literatura em Portugal e no Brasil: Gonalves de Magalhes e o Teatro. Disponvel em: http://www.pucrs.br/fale/pos/historiadaliteratura . Acesso dia 10/03/2015 s 15h.

MAGALDI, Sabato. Panorma do Teatro Brasileiro. Global Editora. So Paulo: 1997

MACHADO, Alcntara. Gonalves de Magalhes o romntico arrependido. Saraiva e Cia. So Paulo:1936

MAGALHES, Domingos Jos Gonalves. Antnio Jos ou o Poeta e a Inquisio. Rio de Janeiro: 1839MAGALHES, Domingos Jos Gonalves. Antnio Jos ou o Poeta e a Inquisio. Rio de Janeiro: 1839

MAGALHES, Domingos Jos Gonalves. Breve notcia sobre Antnio Jos da Silva. In: ___. Antnio Jos ou o Poeta e a Inquisio. Rio de Janeiro: 1839.

3MACHADO, Alcntara. Gonalves de Magalhes o romntico arrependido. Saraiva e Cia. So Paulo:1936 p 8

4CANDIDO, Antnio. O romantismo no Brasil. Humanits So Paulo: 2002, p 20

5MAGALDI, Sabato. Panorma do Teatro Brasileiro. Global Editora. So Paulo: 1997

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