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1 ANÁLISE DO SISTEMA DE RESERVA DE VAGAS NO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) 1 Nayana Mesquita Mota 2 Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes [email protected] Maryene Mesquita Mota 3 Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes [email protected] Resumo: O sistema de reserva de vagas foi instituído, na Unimontes, pela Lei Estadual nº 15.259/2004. Desde então, 20% das vagas de cada curso de graduação são reservadas para aqueles que se declaram afro-descendente e que seja comprovado carência econômica; 20% das vagas são reservados para os candidatos egressos de escola pública e carentes economicamente e 5% das vagas são destinadas aos portadores de deficiência e indígenas. Este trabalho tem como objetivo avaliar o sistema de reserva de vagas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), com a seguinte problematização: quais as características dos candidatos classificados no vestibular que entraram pelo sistema de reserva de vagas? Qual a diferença de desempenho acadêmico entre aqueles que entraram pelo sistema de reserva de vagas dos que entraram pelo sistema universal? Além da análise dessas questões, pretende-se averiguar qual a opinião dos acadêmicos sobre o sistema de reserva de vagas, se eles acham que o mesmo contribui para uma equidade socioeconômica e racial e se há algum tipo de preconceito e discriminação vinculada àqueles alunos oriundos do sistema de reserva de vagas. Também é objetivo deste trabalho avaliar se os alunos que entraram pelo referido sistema enfrentam alguma dificuldade para permanecer na universidade em relação aos custos que a mesma suscita e se seria necessário a instituição oferecer subsídio aqueles alunos considerados carentes para permanecer na universidade. A metodologia utilizada é a aplicação de questionários quantitativos com 36 variáveis que discute as questões propostas na problematização. Por conta da dificuldade em analisar o universo total da universidade, neste trabalho iremos reduzir o universo amostral apenas para o curso de Direito, um dos cursos mais concorridos no vestibular da Unimontes, além de estar entre os 90 melhores cursos de Direito do Brasil, segundo avaliação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Atualmente, o referido curso conta com 576 acadêmicos regularmente matriculados, segundo dados da Secretaria Geral da Unimontes, divulgados pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes). Deste universo, serão entrevistados 151 acadêmicos (26,2% do total) utilizando como método a amostragem casual estratificada proporcional. A margem de erro calculada foi de 7,97%. Pretende-se com este trabalho, investigar o sistema de reserva de vagas na Unimontes, e através de discussões suscitadas por autores como Joaze Bernadino e Joaquim Barbosa Gomes, discutir questões como a efetividade das ações afirmativas, o princípio de igualdade, os objetivos das ações afirmativas e analisar como se dá as relações étnico-raciais dentro da universidade com a introdução deste sistema. 1 Trabalho apresentado no III Congresso em Desenvolvimento Social: (Des) igualdades Sociais e Desenvolvimento 2 Acadêmica do 6° período do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES 3 Acadêmica do 5º período do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

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ANÁLISE DO SISTEMA DE RESERVA DE VAGAS NO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) 1

Nayana Mesquita Mota2

Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes [email protected]

Maryene Mesquita Mota3 Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

[email protected]

Resumo:

O sistema de reserva de vagas foi instituído, na Unimontes, pela Lei Estadual nº 15.259/2004. Desde então, 20% das vagas de cada curso de graduação são reservadas para aqueles que se declaram afro-descendente e que seja comprovado carência econômica; 20% das vagas são reservados para os candidatos egressos de escola pública e carentes economicamente e 5% das vagas são destinadas aos portadores de deficiência e indígenas. Este trabalho tem como objetivo avaliar o sistema de reserva de vagas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), com a seguinte problematização: quais as características dos candidatos classificados no vestibular que entraram pelo sistema de reserva de vagas? Qual a diferença de desempenho acadêmico entre aqueles que entraram pelo sistema de reserva de vagas dos que entraram pelo sistema universal? Além da análise dessas questões, pretende-se averiguar qual a opinião dos acadêmicos sobre o sistema de reserva de vagas, se eles acham que o mesmo contribui para uma equidade socioeconômica e racial e se há algum tipo de preconceito e discriminação vinculada àqueles alunos oriundos do sistema de reserva de vagas. Também é objetivo deste trabalho avaliar se os alunos que entraram pelo referido sistema enfrentam alguma dificuldade para permanecer na universidade em relação aos custos que a mesma suscita e se seria necessário a instituição oferecer subsídio aqueles alunos considerados carentes para permanecer na universidade. A metodologia utilizada é a aplicação de questionários quantitativos com 36 variáveis que discute as questões propostas na problematização. Por conta da dificuldade em analisar o universo total da universidade, neste trabalho iremos reduzir o universo amostral apenas para o curso de Direito, um dos cursos mais concorridos no vestibular da Unimontes, além de estar entre os 90 melhores cursos de Direito do Brasil, segundo avaliação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Atualmente, o referido curso conta com 576 acadêmicos regularmente matriculados, segundo dados da Secretaria Geral da Unimontes, divulgados pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes). Deste universo, serão entrevistados 151 acadêmicos (26,2% do total) utilizando como método a amostragem casual estratificada proporcional. A margem de erro calculada foi de 7,97%. Pretende-se com este trabalho, investigar o sistema de reserva de vagas na Unimontes, e através de discussões suscitadas por autores como Joaze Bernadino e Joaquim Barbosa Gomes, discutir questões como a efetividade das ações afirmativas, o princípio de igualdade, os objetivos das ações afirmativas e analisar como se dá as relações étnico-raciais dentro da universidade com a introdução deste sistema.

1 Trabalho apresentado no III Congresso em Desenvolvimento Social: (Des) igualdades Sociais e Desenvolvimento 2 Acadêmica do 6° período do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES 3 Acadêmica do 5º período do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

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Palavras-Chave: sistema de reserva de vagas; unimontes; curso de direito; ações afirmativas

INTRODUÇÃO

Segundo Joaquim Barbosa Gomes, “Nos últimos tempos, têm sido propostos, no Congresso Nacional, diversos projetos de lei visando à introdução, no Direito brasileiro, de algumas modalidades de ação afirmativa.” (2003, p. 15). O autor expõe que:

Esses projetos, apresentados por parlamentares das mais diversas tendências ideológicas, em geral buscam mitigar a flagrante desigualdade brasileira atacando-a naquilo que para muitos constitui a sua causa primordial, isto é, o nosso segregador sistema educacional, que tradicionalmente, por diversos mecanismos, sempre reservou aos negros e pobres em geral uma educação de inferior qualidade, dedicando o essencial dos recursos materiais, humanos e financeiros voltados à educação de todos os brasileiros, a um pequeno contingente da população que detém a hegemonia política, econômica e social no país, isto é a elite branca. (2003, p. 15-16)

O autor realiza uma discussão sobre o princípio da igualdade que deu sustentação jurídica ao Estado liberal burguês, no qual, “a lei deve ser igual para todos, sem distinções de qualquer espécie.” (GOMES, 2003, p. 18). De acordo com Gomes, “[...] o princípio da igualdade perante a lei foi tido, durante muito tempo, como a concretização da liberdade.” (idem). Porém, ele destaca que “A experiência e os estudos de direito e política comparada [...] têm demonstrado que [...] a igualdade jurídica não passa de mera ficção.” (idem). Gomes (2003) defende que:

[...] em lugar da concepção “estática da igualdade extraída das revoluções francesa e americana, cuida-se nos dias atuais de se consolidar a noção de igualdade material ou substancial, que, longe de se apegar ao formalismo e à abstração da concepção igualitária do pensamento liberal oitocentista, recomenda, inversamente, uma noção “dinâmica”, “militante” de igualdade, na qual necessariamente, são devidamente pesadas e avaliadas as desigualdades concretas existentes na sociedade, de sorte que as situações desiguais sejam tratadas de maneira dessemelhante, evitando-se assim o aprofundamento e a perpetuação de desigualdades engendradas pela própria sociedade. (2003, p. 19)

Com isso, percebe-se a necessidade de ações concretas que combatam as desigualdades sociais no país, consideradas um dos maiores entraves para o desenvolvimento do Brasil, em vez de continuarmos na abstração da idéia retrógada de que as oportunidades estão disponíveis para todos e que basta força de vontade para vencer na vida. Esta idéia, herdada das revoluções liberais européias e americana, como colocou Gomes (2003), desconsidera os determinantes sociais, econômicos e históricos que influencia diretamente na perpetuação das desigualdades existentes. Desta ultrapassada concepção de igualdade, surge outra, a de “igualdade de oportunidades”, noção que busca extinguir ou pelo menos mitigar o peso das desigualdades econômicas e sociais e, consequentemente, promover a justiça social. (GOMES, 2003).

Segundo Gomes (2003), “Dessa nova visão resultou o surgimento [...] de políticas sociais de apoio e de promoção de determinados grupos socialmente fragilizados.” (2003, p. 20). As políticas de ações afirmativas empregadas em muitas universidades públicas do país, através da introdução das cotas para grupos socialmente fragilizados, favorecem a entrada de pessoas desfavorecidas socioeconomicamente,

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assim como a entrada do negro, que além da perspectiva socioeconômica, são considerados também os aspectos históricos relativos aos anos de escravidão da população negra africana trazida ao Brasil no período de colonização e império para servir de mão-de-obra cativa.

Guimarães (2002) coloca que “Estatisticamente, está bem estabelecido e demonstrado o fato de que a pobreza atinge mais os negros que os brancos, no Brasil.” (p. 64). Porém, ao analisarmos a questão das políticas afirmativas para os negros é essencial acrescentar outro aspecto além do socioeconômico e histórico: o fato da discriminação/preconceito racial ainda ser presente na nossa sociedade atual. Guimarães (2002) destaca que “A explicação normalmente aceita, tanto pelos governos quanto pelo povo, é de que a discrepância entre brancos e negros deve-se ao passado escravista. Seria, portanto, uma herança do passado, que desapareceria com o tempo.” (p. 64-65). Porém, de acordo com Guimarães (2002), esta explicação, embora tenha um cerne de verdade, isenta as gerações presentes de responsabilidade pela desigualdade atual; oferece uma desculpa fácil para a permanência das desigualdades e deixa sugerido que os diversos governos têm buscado corrigir, gradualmente, tais disparidades. Entretanto, como coloca o autor:

Contra tal explicação conservadora têm se insurgido, ao longo dos anos (pelo menos de 1930 de forma organizada), as lideranças negras, para as quais as causas da pobreza negra são a falta de oportunidades, o preconceito e a discriminação raciais. (2003, p. 65-66)

Guimarães ressalta que “As estatísticas demonstram que não apenas o ponto de partida dos negros é desvantajoso (a herança do passado), mas que, em cada estágio da competição social, na educação e no mercado de trabalho, somam-se novas discriminações que aumentam tal desvantagem.” (2003, p. 67)

Ao discutir o caráter dessas discriminações, Guimarães (2003) sugere que isso é bem perceptível no mercado de trabalho, através de valores estéticos e comportamentais, que se traduzem na noção de “boa aparência”, que são os grandes responsáveis pela discriminação dos negros e dos pobres. O autor destaca também outra questão extremamente relevante para este trabalho, segundo Guimarães (2003):

Além da “boa aparência”, para jovens universitários que buscam emprego, outro fator decisivo é o renome da sua universidade, sendo que as universidades públicas e gratuitas, de ingresso mais concorrido, são muito melhor aceitas pelo mercado que as universidades privadas. O problema consiste no fato de que a qualidade do ensino público e gratuito deteriorou-se a tal ponto que apenas aqueles que podem pagar colégios privados têm condições de ingressar na universidade pública e gratuita. ( p. 68)

Assim, o acesso ao ensino superior se restringe a uma classe privilegiada que tiveram condições de ter uma educação básica privilegiada, levando os negros e pobres, que tiveram acesso apenas a educação precária que o ensino público brasileiro oferece atualmente, a ficaram restringidos à uma condição de marginalidade e subalternidade. Guimarães (2003) coloca que “Políticas na área de educação, voltadas especialmente para negros e carentes [...] podem realmente reverter a situação de pobreza da população negra brasileira.” (p. 69)

Nesta perspectiva, é que as discussões de políticas afirmativas nas universidades públicas brasileiras ganham destaque. Bernadino (2004) coloca que:

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Embora o movimento negro e pesquisadores de relações raciais há muito tempo venham denunciando a relevância da raça nos processos de mobilidade social, somente na década de 1990 é que surgiram as primeiras propostas concretas de ação afirmativa. (2004, p. 29)

Em 1996, surge a primeira definição oficial de ações afirmativas em documento publicado pelo GTI/Populaçao Negra, de acordo com Bernadino (2004). Segundo o documento citado pela autora:

Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias tomadas pelo Estado e/ou iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e a marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. (GTI/População Negra, 1996, p. 10, citado por BERNADINO, 2004, p. 30)

No entanto, como bem discute Guimarães (2003):

[...] apesar das evidências estatísticas, as políticas de ação afirmativa (as únicas que visam reparar erros do passado), atualmente propostas pelas lideranças negras, têm sido rejeitadas com base tanto em argumentos de classe (tais políticas beneficiariam apenas os negros de classe média), quanto de raça (não haveria propriamente uma comunidade negra no Brasil, ou seja, uma identidade negra precisa ser definida). (p. 70)

Além dessas questões, o autor elucida outras, como que “[...] a cena política brasileira mostra também uma ausência de sentimento de responsabilidade com o presente e com a pobreza” (idem). Segundo Guimarães, “As elites brasileiras não aceitam medidas eficazes de combate à pobreza. Há, inegavelmente, um agarramento aos privilégios seculares, protegidos por interesses corporativos.” (idem, p. 70-71). Elisa Reis, citada por Guimarães (2003), coloca que: “Ainda que reconhecendo que existe discriminação contra os negros e contra as mulheres, a elite não está preparada para compensá-la através de medidas de discriminação positiva.” (idem, p. 71)

Guimarães (2003) ainda destaca que renomados cientistas sociais do país argumentam que “[..] a idéia de adotar tais políticas é equivocada e simplista. Equivocada porque reforça identidades étnicas e raciais, que reificam o racismo; simplista porque contraria a nossa tradição cultural.” (idem, p.71). Porém, Guimarães (2003) rebate argumentando que “o que esses autores ignoram ou omitem é que o povo brasileiro não rejeita políticas afirmativas, inclusive em sua forma extrema de cotas, tal como sugerem. Quem as rejeita são as classes médias e as elites, inclusive intelectuais.” (idem, p. 71). Ainda é importante colocar que “O que as políticas sensíveis à cor propõem é desconstruir a atual atribuição de valores negativos à população negra através da desnaturalização do ‘lugar do negro’ como um espaço subalterno”. (Bernadino, 2004, p. 31)

Diante dessas discussões envolvendo as políticas de ações afirmativas para grupos desfavorecidos, é que iremos elucidar, no próximo tópico, algumas questões sobre as mesmas no curso de Direito da Universidade Estadual de Montes Claros.

METODOLOGIA

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A Universidade Estadual de Montes Claros localiza-se na cidade de Montes Claros, no norte de Minas-Gerais. Resultou da transformação da Fundação Norte Mineira de Ensino Superior – FUNM, através da Constituição Estadual de 1989, instituída pelo Decreto Estadual nº 30.971, de 09/03/1990. A Faculdade de Direito (FADIR) foi implantada em 1965 e foi a primeira unidade de ensino superior da FUNM.4

Atualmente, o curso de Direito, da Unimontes, localiza-se no Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, na cidade de Montes Claros, no CCSA (Centro de Ciências Sociais Aplicadas), nos turnos matutino e noturno, tendo em cada turno, 10 períodos, totalizando os 05 anos de graduação necessários para o título de bacharel em Direito. O curso é tradicionalmente concorrido no vestibular, onde fica atrás apenas do curso de Medicina, e recentemente do curso de Engenharia Civil. Segundo divulgação do site da Unimontes5, no processo seletivo/2012, o curso de direito noturno teve uma concorrência de 77,14 candidatos/vaga e o curso de direito matutino teve uma concorrência de 66,57 candidatos/vaga.

Por isso, ao propormos a discussão sobre a política de ações afirmativas, reduzimos o lócus desta pesquisa a este curso, onde a alta disputa pelas vagas poderia gerar um maior acirramento das relações entre cotistas e não-cotistas, ao favorecer grupos antes desfavorecidos, através da Lei Estadual nº 15.259/2004 que institui o sistema de reserva de vagas, “fazendo com que os beneficiários dessa política de ação afirmativa fossem os candidatos afro-descendentes, egressos de escolas públicas, ambos desde que carentes, e portadores de deficiência física e indígenas.” (MEIRA, 2009, p.47). Segundo Meira (2009),

Essa mesma lei considerou carente o candidato assim determinado conforme critérios e indicadores socioeconômicos nacionais oficiais (ter e comprovar renda familiar mensal per capita de até meio salário mínimo). Já a definição afro-descendente recaiu sobre todo o candidato que assim se auto-declare observando-se outras condições estabelecidas pela instituição de ensino. (idem)

Os percentuais mínimos de vagas foram definidos pela mesma lei, onde 20% das vagas de cada curso seriam destinados aos afro-descendentes, carentes; 20% aos egressos de escola pública, carentes e 5% aos portadores de deficiência e indígenas, totalizando 45% das vagas para o sistema de reserva. No ano seguinte a promulgação da lei iniciou-se na Unimontes os ingressos pelo sistema de reserva de vagas. (MEIRA, 2009, p. 48)

Para a realização desta pesquisa adotamos a metodologia quantitativa com a aplicação de questionários entre os acadêmicos do curso de Direito da Unimontes. O respectivo questionário ficou estabelecido em 38 variáveis6, sendo 28 de cunho fechado e 10 questões abertas de modo que os entrevistados possam expressar as suas opiniões e pontos-de-vista de acordo com a questão perguntada anteriormente. A realização das pesquisas compreendeu 04 fases:

4 Disponível em: <http://www.unimontes.br/index.php/institucional/historico-da-unimontes> Acesso em: 15 mar 2012 5 Disponível em: < http://portal.unimontes.br/index.php?option=com_content&view=article&id=7237:75-mil-candidatos-fazem-as-provas-do-1o-processo-seletivo2012-domingo&catid=42:destaques-principais> Acesso em: 15 mar 2012 6 O referido questionário encontra-se em anexo na página XX

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1ª fase – Levantamento teórico e bibliográfico referente ao temas pesquisado, buscando autores que discutissem ações afirmativas e também a questão do negro no Brasil;

2ª fase – Elaboração do questionário de acordo com as questões discutidas na problematização e também que levantassem uma discussão pertinente para uma análise das políticas de ações afirmativas;

3ª fase - Levantamento junto ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) do número de acadêmicos regularmente matriculados no curso de Direito da Unimontes, o que foi totalizado e contabilizado em 576 acadêmicos.

4° fase – Gil (1994) ressalta que “De modo geral, as pesquisas sociais abrangem um universo de elementos tão grandes que se torna impossível considerá-los em sua totalidade.” Assim, procedemos para a construção da amostra. Buscamos um número de respondentes que fosse considerável, para uma margem de erro aceitável, e também que não onerasse muitos recursos humanos. Nesta perspectiva, ficou estabelecido o número de 151 acadêmicos respondentes, correspondendo a 26,2% do universo total. Como a nossa população está dividida em estratos, foi adotada como método a amostragem casual estratificada proporcional, dada pela fração de amostragem:

262,0576

151≅==N

nf

Sendo: f = fração de amostragem, n = tamanho da amostra e N = tamanho da população. Para determinação do número de indivíduos a serem entrevistados por estratos utilizou-se a fórmula: ii Nfn ⋅= . Dado isto, e feitos os cálculos, os

questionários aplicados por período ficaram determinados de acordo com a tabela a seguir:

Curso: DIREITO

Período Turno Quantidade de alunos

matriculados Quantidade de alunos

entrevistados 1° período Matutino 28 07 1° período Noturno 26 07 2° período Matutino 29 08 2° período Noturno 29 08 3° período Matutino 30 08 3° período Noturno 29 08 4° período Matutino 25 06 4° período Noturno 30 08 5° período Matutino 28 07 5° período Noturno 31 08 6° período Matutino 31 08 6° período Noturno 30 08 7° período Matutino 25 06 7° período Noturno 34 09 8° período Matutino 27 07 8° período Noturno 30 08 9° período Matutino 27 07 9° período Noturno 32 08 10° período Matutino 26 07 10° período Noturno 29 08

TOTAL 576 151 Fonte: DCE (Diretório Central dos Estudantes)

7

A margem de erro foi estabelecida pela fórmula:

( ) qpzNE

Nqpzn

⋅⋅+−⋅⋅⋅⋅=

22

2

1

Em que: z = 1,96 p = 0,5 q = 0,5 N = 576 n = 151 E = margem de erro. Onde:

♦ n: é o tamanho da amostra

♦ z: é o escore da variável normal padrão com nível de confiança de 95%

♦ p: é a proporção com que o fenômeno ocorre na população.

♦ q: é o complementar de p e, portanto, corresponde à diferença obtida em relação à p.

♦ N: é o tamanho da população.

♦ E: é a margem de erro, para mais ou para menos.

Assim, para estimar a margem de erro, calculamos:

( ) 0797539,01515,05,096,11576

5765,05,096,122

2

=⇒=⋅⋅+−⋅

⋅⋅⋅E

E

Sendo estabelecida uma margem de erro de 7,97%, aproximadamente, para mais ou para menos, sob o tamanho da nossa amostra. O período de aplicação dos questionários iniciou-se no dia 20 de março de 2012 e finalizou-se no dia 10 de abril de 2012. A pesquisa contou com três aplicadores que receberam as instruções necessárias para efetivação desta pesquisa com sucesso. Os resultados da pesquisa seguem-se no próximo tópico deste artigo.

RESULTADO

Dos 151 entrevistados, 47% eram do turno matutino e 53% do turno noturno, onde a porcentagem dos turnos da nossa amostra foi proporcional a porcentagem dos acadêmicos por turno da população total. Dos respondentes, 51% são do sexo masculino e 49% do sexo feminino. Em relação à faixa etária, a maioria dos acadêmicos do curso de Direito tem menos de 24 anos, correspondendo a 80,1% da população entrevistada. Isso mostra que a nossa população é, em sua maioria, uma população jovem. Já em relação à naturalidade, 61,6% dos acadêmicos entrevistados são naturais de Montes Claros, 23,2% de outra cidade do Norte de Minas, 7,9% são de outra região de Minas e 6,6% de outro Estado.

Em relação à renda familiar, renda de mais de dois a quatro salários mínimos, o que corresponde a R$ 1.245,00 a R$ 2.488,007.

Em relação à raça/cor, é necessário destacar qtipos de identificação. Num primeiro momento, o entrevistador estabelecia a raça/cor que ele considerava o entrevistado baseado em critérios próprios de avaliação.Posteriormente, ele classificava o entrevistado de acordo com os grupoestabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro deTelles (2003) “A raça é importante, principalmente porque como as pessoas tratam umas as outras. Ou seja, a discriminação e a desigualdade racial dependem da classificação racial feita por terceiros.” (p.113). Por isso, optamos pela classificação racial do entrevistador. entrevistador perguntava a raça/cor que o entrevistado se considerava, não opinando sobre a mesma. E, por fim, ele perguntava qual raça/cor o entrevistado se considerava de acordo com as categorias do Censo. O gráfico abaixo mostra a porcentagem dgrupo étnico dos entrevistados, segundo a percepção do entrevistador:

GRÁFICO 2 – Raça/cor do entrevistado do curso de Direito da Unimontes na opinião

Por este gráfico, percebemos que da Unimontes foram considerados “brancos” pelo entrevistador, representando 44% do total. Ao analisarmos o gráfico com os12% dos entrevistados considerados negros pelo entrevistador, foram remanejao grupo “pardo”, onde apenas 4% dos entrevistados foram considerados “pretos”, conforme gráfico abaixo:

A partir desses dados, é possível como coloca Telles (2003, p. 116) que:

[...] há maior probabilidade de que os entrevistadores e entrevistadoconcordem sobre quem é branco do que sobre quem é pardo ou preto, o que,

7 Cálculo baseado na última alteração do salário míem R$ 622,00, de acordo com a fonte: <15 mar 2012

Pardo

renda familiar, a maioria dos entrevistados respondeuquatro salários mínimos, o que corresponde a R$ 1.245,00 a R$

Em relação à raça/cor, é necessário destacar que este trabalho considerou quatrotipos de identificação. Num primeiro momento, o entrevistador estabelecia a raça/cor que ele considerava o entrevistado baseado em critérios próprios de avaliação.Posteriormente, ele classificava o entrevistado de acordo com os grupoestabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Telles (2003) “A raça é importante, principalmente porque frequentementecomo as pessoas tratam umas as outras. Ou seja, a discriminação e a desigualdade racial dependem da classificação racial feita por terceiros.” (p.113). Por isso, optamos pela classificação racial do entrevistador. Depois de identificar o entrevi

perguntava a raça/cor que o entrevistado se considerava, não opinando E, por fim, ele perguntava qual raça/cor o entrevistado se considerava

de acordo com as categorias do Censo. O gráfico abaixo mostra a porcentagem dgrupo étnico dos entrevistados, segundo a percepção do entrevistador:

Raça/cor do entrevistado do curso de Direito da Unimontes na opinião do entrevistador - 2012

Por este gráfico, percebemos que a maioria dos entrevistados do curso dda Unimontes foram considerados “brancos” pelo entrevistador, representando 44% do

analisarmos o gráfico com os critérios utilizados pelo Censo, 12% dos entrevistados considerados negros pelo entrevistador, foram remanejao grupo “pardo”, onde apenas 4% dos entrevistados foram considerados “pretos”,

A partir desses dados, é possível como coloca Telles (2003, p. 116) que:

[...] há maior probabilidade de que os entrevistadores e entrevistadoconcordem sobre quem é branco do que sobre quem é pardo ou preto, o que,

Cálculo baseado na última alteração do salário mínimo, que em 01 de janeiro de 2012 ficou estabelecido

, de acordo com a fonte: <www.portalbrasil.net/salariominimo.htm#sileiro

Branco

44%

Misturado

1%

Pardo

39%

Negro

16%

8

a maioria dos entrevistados respondeu ter uma quatro salários mínimos, o que corresponde a R$ 1.245,00 a R$

lho considerou quatro tipos de identificação. Num primeiro momento, o entrevistador estabelecia a raça/cor que ele considerava o entrevistado baseado em critérios próprios de avaliação. Posteriormente, ele classificava o entrevistado de acordo com os grupos étnicos

Geografia e Estatísticas). Segundo frequentemente determina

como as pessoas tratam umas as outras. Ou seja, a discriminação e a desigualdade racial dependem da classificação racial feita por terceiros.” (p.113). Por isso, optamos pela

Depois de identificar o entrevistado, o perguntava a raça/cor que o entrevistado se considerava, não opinando

E, por fim, ele perguntava qual raça/cor o entrevistado se considerava de acordo com as categorias do Censo. O gráfico abaixo mostra a porcentagem de cada

Raça/cor do entrevistado do curso de Direito da Unimontes na opinião

a maioria dos entrevistados do curso de Direito da Unimontes foram considerados “brancos” pelo entrevistador, representando 44% do

percebemos que 12% dos entrevistados considerados negros pelo entrevistador, foram remanejados para o grupo “pardo”, onde apenas 4% dos entrevistados foram considerados “pretos”,

A partir desses dados, é possível como coloca Telles (2003, p. 116) que:

[...] há maior probabilidade de que os entrevistadores e entrevistados concordem sobre quem é branco do que sobre quem é pardo ou preto, o que,

mo, que em 01 de janeiro de 2012 ficou estabelecido www.portalbrasil.net/salariominimo.htm#sileiro> Acessado em

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por sua vez, demonstra que as distinções entre branco e não-branco é a divisão racial mais conceitualmente clara nas mentes dos brasileiros.

Isso é perceptível, ao percebemos que enquanto a porcentagem de acadêmicos considerados brancos não variou entre a questão de cunho aberta e a de cunho fechada, que utilizou as categorias do Censo, os que foram considerados “pardos”, “negros”, “pretos e “misturado” variaram substancialmente, evidenciando a colocação de Telles.

Assim, percebemos a importância de utilizarmos o sistema de classificação do Movimento Negro, onde as três principais categorias do Censo (branco, pardo e preto) são divididas em apenas duas (brancos e não-brancos) utilizando os termos “branco” e “negro” (sendo incluída nesta categoria os pardos e pretos). Na tabela abaixo, veremos com os entrevistados se identificaram quando perguntado a sua raça/cor, sem ter nessa pergunta alternativas:

Tabela 02 Raça/cor declarada pelo entrevistado do curso de Direito da Unimontes - 2012

Raça/cor Freqüência % Branco 35 23,1

Misturado 01 0,7 Pardo Negro

Moreno Preto

Afro-descendente Branco queimado de sol

Mestiço Amarelo

Branco latino Caucasiano

Branco caucasiano Moreno claro Multiétnico

80 16 03 03 03 02 02 01 01 01 01 01 01

52,9 10,5 2,0 2,0 2,0 1,3 1,3 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7

Total 151 100,0 Fonte: coleta dos autores Nota: N = 576

Aqui, notamos como a classificação subjetiva de raça/cor leva o entrevistado a se classificar pelos mais diversos termos. Telles (2003) ressalta que como o Brasil não teve leis que determinassem o pertencimento ou não a um grupo racial, a raça no discurso popular vai caracterizar se pela grande quantidade de termos que definem raças e cores. Porém, apesar da gama de termos raciais, a grande maioria dos brasileiros utiliza os mesmo termos quando é realizada uma pesquisa com a questão raça/cor de cunho aberto. Isso é notável ao percebemos que apesar de ter sido usado 15 termos pelos entrevistados para a classificação racial, apenas três termos tiveram uma porcentagem de mais de 2%: os termos “pardo” (52,9%), “branco” (23,1%) e “negro” (10,5%). O próximo gráfico evidencia, como os entrevistados se auto-declaram utilizando as categorias do Censo:

GRÁFICO 3 – Raça/cor declarado pelo entrevistado, utilizando as categorias do Censo, do curso de Direito da Unimontes

Comparado a resposta do entrevistado com a do entrevistador, percebemos comos entrevistados têm preferência pelas categopois enquanto os entrevistadores consideraram 44% dos entrevistados “brancos”, apenas 29% se declaram nesta categoria. Telles (2003) coloca que no Brasil, ocorre muitas vezes de na auto-identificação, o entrevistadespecialmente a de preto, porque essas são freqüentemente associadas a características negativas como pobreza, preguiça e violência. Porém, ao analisarmos o ambiente universitário, percebemos que essa realidade vedevido à ações afirmativas positivas que quanto maior o nível de esclarecimento intelectual, maiores são as chances depessoa se auto-classificar nos termos não

Em outro quesito, foi pedido ao entrevistado que ele desse uma nota 0zero quer dizer completamente insatisfeito e dez quer dizer completamente satisfeito, ao apoio da Universidade aos acadêmicos (em relação todo o ônus que o acadêmico tem durante sua graduação)

A maioria dos entrevistadosreclamações colocadas pelos entrevistados foi a falta de comprometimento de alguns professores, a pouca divulgação de projetos e bolsas de pesquisas, a burocde apoio e incentivo ao acadêmico. dos acadêmicos foi o fato de faltar livros para o curso de Direito na biblioteca, pois além de serem poucos, são desatualizados. Um entrevistado colocou qusó tem livro antigo, o mais recente é de 2008 e este já mudou quatro vezesainda relataram que precisam ir a outras faculdades para pegar livros.importante de ser avaliada, ao considerarmos que se a Universidade inclusão a pessoas carentes e portadoras de deficiência, a mesma deve oferecer a esses grupos a permanência na instituição, por eles terem condições socioeconômicas e físicas diferenciadas dos demais. Se não tiver este apoio, ocorrerá qpoderá desistir do curso de graduação devido perguntamos se o acadêmico sente algum tipo de dificuldade em permanecer neste curso de Graduação. Porém apenas 14,6% disseram ter algum tipo de

Raça/cor declarado pelo entrevistado, utilizando as categorias do Censo, do curso de Direito da Unimontes - 2012

Comparado a resposta do entrevistado com a do entrevistador, percebemos comos entrevistados têm preferência pelas categorias não-brancas, como o pardo e o preto, pois enquanto os entrevistadores consideraram 44% dos entrevistados “brancos”, apenas 29% se declaram nesta categoria. Telles (2003) coloca que no Brasil, ocorre muitas

identificação, o entrevistado evitar as categorias de nãoespecialmente a de preto, porque essas são freqüentemente associadas a características negativas como pobreza, preguiça e violência. Porém, ao analisarmos o ambiente

percebemos que essa realidade vem se modificando, e isso pode ser devido à ações afirmativas positivas de valorização do negro ou então se considerarmos que quanto maior o nível de esclarecimento intelectual, maiores são as chances de

classificar nos termos não-brancos.

Em outro quesito, foi pedido ao entrevistado que ele desse uma nota 0zero quer dizer completamente insatisfeito e dez quer dizer completamente satisfeito, ao apoio da Universidade aos acadêmicos (em relação à biblioteca, bolsas de pesquisas, e todo o ônus que o acadêmico tem durante sua graduação).

A maioria dos entrevistados, 55,6%, deu uma nota regular entre 05 e 07. reclamações colocadas pelos entrevistados foi a falta de comprometimento de alguns professores, a pouca divulgação de projetos e bolsas de pesquisas, a burocde apoio e incentivo ao acadêmico. Porém, o que foi quase unanimidade de reclamaçõesdos acadêmicos foi o fato de faltar livros para o curso de Direito na biblioteca, pois

são desatualizados. Um entrevistado colocou qusó tem livro antigo, o mais recente é de 2008 e este já mudou quatro vezesainda relataram que precisam ir a outras faculdades para pegar livros. importante de ser avaliada, ao considerarmos que se a Universidade tem uma política de inclusão a pessoas carentes e portadoras de deficiência, a mesma deve oferecer a esses grupos a permanência na instituição, por eles terem condições socioeconômicas e físicas diferenciadas dos demais. Se não tiver este apoio, ocorrerá que o acadêmico incluído

desistir do curso de graduação devido às dificuldades. Considerando isso, é que acadêmico sente algum tipo de dificuldade em permanecer neste curso Porém apenas 14,6% disseram ter algum tipo de

Branco

29%

Pardo

60%

Preto

10%

NR

1%

10

Raça/cor declarado pelo entrevistado, utilizando as categorias do

Comparado a resposta do entrevistado com a do entrevistador, percebemos como brancas, como o pardo e o preto,

pois enquanto os entrevistadores consideraram 44% dos entrevistados “brancos”, apenas 29% se declaram nesta categoria. Telles (2003) coloca que no Brasil, ocorre muitas

o evitar as categorias de não-brancos, especialmente a de preto, porque essas são freqüentemente associadas a características negativas como pobreza, preguiça e violência. Porém, ao analisarmos o ambiente

modificando, e isso pode ser de valorização do negro ou então se considerarmos

que quanto maior o nível de esclarecimento intelectual, maiores são as chances de uma

Em outro quesito, foi pedido ao entrevistado que ele desse uma nota 0 a 10, onde zero quer dizer completamente insatisfeito e dez quer dizer completamente satisfeito, ao

biblioteca, bolsas de pesquisas, e

deu uma nota regular entre 05 e 07. Entre as reclamações colocadas pelos entrevistados foi a falta de comprometimento de alguns professores, a pouca divulgação de projetos e bolsas de pesquisas, a burocracia e a falta

Porém, o que foi quase unanimidade de reclamações dos acadêmicos foi o fato de faltar livros para o curso de Direito na biblioteca, pois

são desatualizados. Um entrevistado colocou que “A biblioteca só tem livro antigo, o mais recente é de 2008 e este já mudou quatro vezes.” Outros

Essa questão é tem uma política de

inclusão a pessoas carentes e portadoras de deficiência, a mesma deve oferecer a esses grupos a permanência na instituição, por eles terem condições socioeconômicas e físicas

acadêmico incluído dificuldades. Considerando isso, é que

acadêmico sente algum tipo de dificuldade em permanecer neste curso Porém apenas 14,6% disseram ter algum tipo de dificuldade.

11

Posteriormente, analisaremos quem são esses alunos que disseram ter alguma dificuldade e o tipo de dificuldade apresentada por eles.

Outra questão averiguada foi se os acadêmicos do curso de Direito acham que um aluno com carências econômicas, teria dificuldade em permanecer nesta graduação, em relação aos custos que a Universidade suscita, como material didático, transporte, etc., e 66,2% acreditam que sim. Então, perguntamos aos 66,2% dos entrevistados que acham que um acadêmico carente teria dificuldades em permanecer nesta graduação, se a Universidade deveria oferecer algum tipo de subsidio para a permanência destes alunos na mesma e 50,3% responderam que sim. Neste quesito, ressaltamos o artigo 8° da Lei Estadual nº 15.259/2004, que determina que:

A instituição de ensino implantará, quando necessário, mecanismos para melhorar o desempenho acadêmico dos estudantes carentes beneficiados pela reserva de vagas instituída por esta lei, conforme critérios objetivos de avaliação, de forma a garantir o aumento progressivo do percentual de diplomação relativamente ao número de matrículas.

É nesse aspecto que esse trabalho pretende elucidar as dificuldades que um aluno carente teria em concluir sua graduação, se a universidade não oferecer nenhum mecanismo para a sua permanência. No próximo tópico discutiremos as opiniões dos entrevistados sobre estas duas questões, onde envolveremos também o sistema que entrou aqueles que opinaram,

Em relação à questão dos acadêmicos serem a favor ou contra o sistema de reserva de vagas para carentes e afro-descendentes adotados nas universidades públicas e em programas de acesso ao ensino superior, como o PROUNI, 62% dos entrevistados opinaram a favor. Destacamos que uma porcentagem considerável de acadêmicos entrevistados (28%) opinaram a favor de cotas para carentes e contra para afro-descendentes. Neste aspecto, percebemos uma resistência com as políticas de ações afirmativas por critérios de raça/cor. Porém, Bernadino (2004) coloca que “[...] uma repercussão imediata das ações afirmativas é a inclusão de pessoas negras em espaços nos quais elas provavelmente não estariam se dependessem de uma política neutra em relação à cor ou, na melhor das hipóteses, estariam de maneira residual” (p.36).

Quando perguntados se os mesmos acham que o sistema de reserva de vagas contribui para uma igualdade socioeconômica e racial, 63% disseram que sim, 26% acham quem em partes e 10% que não.

Em relação à opinião dos entrevistados sobre o que eles acham do sistema de reserva de vagas da forma como é adotado pela Unimontes, a maioria, ou seja, 38,4% dos entrevistados responderam que acham regular. Os que reclamaram do sistema, afirmaram que não é feita uma fiscalização adequada para determinar quem é carente, pois há muitas fraudes, inclusive mutis entrevistados relataram fraudes ocorridas e maneiras de burlar o sistema; que não deveria ter reserva de vagas para afro-descendente, ainda colocaram o fato da reserva de vagas ter diminuído as vagas do sistema universal. Aqueles que acharam o sistema adequado colocaram que atende bem a demanda, incluído pessoas de “várias classes e cores.”

Outra questão levantada por esta pesquisa foi se os acadêmicos entrevistados consideram que os alunos oriundos do sistema de reserva de vagas têm maior dificuldade de aprendizado em relação aos colegas oriundo do sistema universal e 73%

dos acadêmicos entrevistados disseram que não, 1% não respondeu e 1% diz não saber.

Foi perguntado também aos adoção de políticas para inserção do negro na universidade pode ocasionar ade preconceito racial e 50% dos entrevistadosressaltar que, considerando a margemdivergentes.

Em relação à questão sistema de reserva de vagas sofrem algum tipo de preconceito ou hostilização por parte dos outros colegas, apesar de 50na universidade podem ocasionarentrevistados responderam de vagas sofrem algum tipo de preconceito

A última questão avaliada foi por qual modalidade/categoria o acadêmico entrevistado ingressou na Unimontes. Optamos por colocar essa questão por último, para que a mesma não influenciasse nas respostas anterimostram que a maioria dos entrevistados entrou40% dos entrevistados entraram abaixo.

GRÁFICO 7 – Processo seletivo pelo qual ingressou do curso de

Considerando a nossa margem de erro de 7,97%, a nossa amostra está bem representativa. Porém, resolvemos analisar se os sistema que o entrevistado disse ter entrado corresponde à realidanalisamos o sistema de entrada do 1° e 2° período matutino e o 1° e 2° período noturno. Constatamos que dos 30 entrevistados, um, que alegou ter entrado pelo sistema universal, foi constatado que o mesmo enpública/carente e outro que tinha alegado ter entrado pelo reserva de vagas egresso de escola pública/carente, constatouafro-descendente/carente.

Afro-descendente, carente

Portador de deficiência/ Indígena

PAES

NR

dos acadêmicos entrevistados disseram que não, 21% que sim, 5% disse que em partes; 1% não respondeu e 1% diz não saber.

Foi perguntado também aos acadêmicos do curso de Direito se eles achaadoção de políticas para inserção do negro na universidade pode ocasionar a

50% dos entrevistados responderam que sim. Mas é importante ressaltar que, considerando a margem de erro, esta questão ainda representa opiniões

Em relação à questão se o entrevistado acha que os acadêmicos oriundos do sistema de reserva de vagas sofrem algum tipo de preconceito ou hostilização por parte

, apesar de 50% terem afirmado que as políticas de inclusão do negro na universidade podem ocasionar algum tipo de preconceito, apenas 28%

acreditar que os acadêmicos oriundos do sistema de reserva de vagas sofrem algum tipo de preconceito ou hostilização por parte dos outros colegas

A última questão avaliada foi por qual modalidade/categoria o acadêmico entrevistado ingressou na Unimontes. Optamos por colocar essa questão por último, para que a mesma não influenciasse nas respostas anteriores. Sendo assim os dados

a maioria dos entrevistados entrou pelo sistema universal e que apenas 40% dos entrevistados entraram por algum tipo de reserva, conforme mostra o gráfico

Processo seletivo pelo qual ingressou na Unimontes os entrevistados do curso de Direito da Unimontes - 2012

Considerando a nossa margem de erro de 7,97%, a nossa amostra está bem representativa. Porém, resolvemos analisar se os sistema que o entrevistado disse ter

realidade. De nossa amostra, tiramos uma amostra, onde analisamos o sistema de entrada do 1° e 2° período matutino e o 1° e 2° período noturno. Constatamos que dos 30 entrevistados, um, que alegou ter entrado pelo sistema

que o mesmo entrou pelo reserva de vagas egresso de escola e outro que tinha alegado ter entrado pelo reserva de vagas egresso de

constatou-se que, na verdade, ele entrou pela reserva de vagas

14%

23%

3%

35%

21%

5% 1%

descendente, carente Egresso de escola pública, carente

Portador de deficiência/ Indígena Sistema universal

Transferência externa

12

21% que sim, 5% disse que em partes;

se eles acham que a adoção de políticas para inserção do negro na universidade pode ocasionar algum tipo

Mas é importante de erro, esta questão ainda representa opiniões

se o entrevistado acha que os acadêmicos oriundos do sistema de reserva de vagas sofrem algum tipo de preconceito ou hostilização por parte

as políticas de inclusão do negro algum tipo de preconceito, apenas 28% dos

que os acadêmicos oriundos do sistema de reserva ou hostilização por parte dos outros colegas.

A última questão avaliada foi por qual modalidade/categoria o acadêmico entrevistado ingressou na Unimontes. Optamos por colocar essa questão por último,

. Sendo assim os dados pelo sistema universal e que apenas

por algum tipo de reserva, conforme mostra o gráfico

na Unimontes os entrevistados

Considerando a nossa margem de erro de 7,97%, a nossa amostra está bem representativa. Porém, resolvemos analisar se os sistema que o entrevistado disse ter

ade. De nossa amostra, tiramos uma amostra, onde analisamos o sistema de entrada do 1° e 2° período matutino e o 1° e 2° período noturno. Constatamos que dos 30 entrevistados, um, que alegou ter entrado pelo sistema

trou pelo reserva de vagas egresso de escola e outro que tinha alegado ter entrado pelo reserva de vagas egresso de

na verdade, ele entrou pela reserva de vagas

Egresso de escola pública, carente

Feita a caracterização dos entrevistadosentrevistados sobre o sistema de reserva de vagasseria necessário a instituição oferecer subsídio aqueles permanecer na universidade, no próximo tópico evidenciáramos as questões norteadoras deste trabalho, como as características dos acadêmicos classificados no vestibular psistema de reserva de vagas eentraram pelo sistema de reserva de vagas dos que entraram pelo sistema universalTambém avaliaremos se os alunos que entraram pelo referido sistema enfrentam alguma dificuldade para permanecer na universidade em relação como transporte, material didático, entre outros

DISCUSSÕES

Neste primeiro momento, vamos averiguar as características dos entrevistados que entraram pelo sistema de reserva de vagas. Para isso cruzaremos a variável onde o entrevistado declara por qual sistema entroucruzamos o sistema que o entrevistado declarou ter entrado pela cor declarada do entrevistado, conforme mostra o gráfico abaixo:

GRÁFICO 8 – Raça/ cor declarada pelo entre

Por este gráfico percebemos ter entrado pela categoria afro“branco”. Porém, essa auto declaração não nega o fato da pessoa se considerar afrodescendente, pois como o termo evidencia, ser afropreta ou parda, mas sim ter alguma descendência negra. Considerando que vivemos em um país altamente miscigeLei Estadual nº 15.259/2004correta”, inclui nesta categoria

8 Apesar de termos constados que existe uma probabilidade da declaraçentrou não corresponder à realidade, preferimos utilizar a declaração do entrevistado, por conta de que consideramos que se ele preferiu omitir a realidade é por que o mesmo não se sente encaixado nos critérios exigidos para se beneficiar do rem que ele declarou ter entrado.

3

14

4

racterização dos entrevistados e a opinião em geral dos nossos o sistema de reserva de vagas, além de outras questões como

seria necessário a instituição oferecer subsídio aqueles aluno considerado carentes para permanecer na universidade, no próximo tópico evidenciáramos as questões norteadoras deste trabalho, como as características dos acadêmicos classificados no vestibular psistema de reserva de vagas e a diferença de desempenho acadêmico entre aqueles que entraram pelo sistema de reserva de vagas dos que entraram pelo sistema universal

se os alunos que entraram pelo referido sistema enfrentam alguma dificuldade para permanecer na universidade em relação aos custos que a mesma suscita como transporte, material didático, entre outros.

Neste primeiro momento, vamos averiguar as características dos entrevistados que entraram pelo sistema de reserva de vagas. Para isso cruzaremos a variável onde o entrevistado declara por qual sistema entrou8 com outras variáveis.cruzamos o sistema que o entrevistado declarou ter entrado pela cor declarada do entrevistado, conforme mostra o gráfico abaixo:

declarada pelo entrevistado do curso de Direito da Unimontes por sistema que entrou – 2012

Por este gráfico percebemos que 07 entrevistados da nossa amostra que declaram ter entrado pela categoria afro-descendente/carente se auto declaram “pardo” e

auto declaração não nega o fato da pessoa se considerar afrodente, pois como o termo evidencia, ser afro-descendente não significa ter a cor

preta ou parda, mas sim ter alguma descendência negra. Considerando que vivemos em um país altamente miscigenado quem não pode ser considerado afro-Lei Estadual nº 15.259/2004 ao utilizar este termo, talvez querendo ser “politicamente

nesta categoria praticamente todos os brasileiros, preocupando

Apesar de termos constados que existe uma probabilidade da declaração por qual sistema o

entrou não corresponder à realidade, preferimos utilizar a declaração do entrevistado, por conta de que consideramos que se ele preferiu omitir a realidade é por que o mesmo não se sente encaixado nos critérios exigidos para se beneficiar do referido sistema, sendo assim, é pertinente considerá

4 2

20

12

3

27

2

27

17

41

36

2

branco pardo preto

13

e a opinião em geral dos nossos outras questões como se

aluno considerado carentes para permanecer na universidade, no próximo tópico evidenciáramos as questões norteadoras deste trabalho, como as características dos acadêmicos classificados no vestibular pelo

penho acadêmico entre aqueles que entraram pelo sistema de reserva de vagas dos que entraram pelo sistema universal.

se os alunos que entraram pelo referido sistema enfrentam alguma aos custos que a mesma suscita

Neste primeiro momento, vamos averiguar as características dos entrevistados que entraram pelo sistema de reserva de vagas. Para isso cruzaremos a variável onde o

. Primeiramente, cruzamos o sistema que o entrevistado declarou ter entrado pela cor declarada do

vistado do curso de Direito da Unimontes

que 07 entrevistados da nossa amostra que declaram e auto declaram “pardo” e

auto declaração não nega o fato da pessoa se considerar afro-dente não significa ter a cor

preta ou parda, mas sim ter alguma descendência negra. Considerando que vivemos em -descendente? A

rendo ser “politicamente ticamente todos os brasileiros, preocupando-se apenas

ão por qual sistema o entrevistado entrou não corresponder à realidade, preferimos utilizar a declaração do entrevistado, por conta de que consideramos que se ele preferiu omitir a realidade é por que o mesmo não se sente encaixado nos

eferido sistema, sendo assim, é pertinente considerá-lo no sistema

em reparar erros histórico ao enfatizar a descendência, mas não as discriminações e preconceitos tão presentes na atualidade, como bem elucida Guimarães (2003) no inicio deste artigo, preconceitos que prejudica apenas aqueles descendentes quecor negra. O gráfico abaixo mostra a mesma questão, porém em relação entrevistado, segundo a opinião do entrevistador. Percebemos que aumentou o número de brancos que entraram pela reserva de vagas afroentrevistados que se considerentrevistador.

GRÁFICO 9 - Raça/ cor dos entrevistados do curso de Direito da Unimontes, na opinião dos entrevistadores, por sistema que entrou

Nesta perspectiva, percebemos como critériose três entrevistados que foram considerados pretos pelo entrevistador não reserva de vagas afro-descendente/carente. É importante analisarmos a visão do entrevistador, pois o mesmo revela o olhar do outro epretos ou pardos pela sociedade são o que provavelmente sofrerão algum tipo de racismo. Já a tabela abaixo mostra a renda declarada pelo entrevistado por sistema que entrou: Renda

familiar do

entrevistado

Afro-descendente, carente

Egresso de escola pública, carente

Menos de um

Um salário 4,8% Mais de um a dois 38,1% Mais de dois a quatro 38,1% Mais de quatro a cinco 14,2% Mais de cinco a dez 4,8%

910

2

co ao enfatizar a descendência, mas não as discriminações e preconceitos tão presentes na atualidade, como bem elucida Guimarães (2003) no inicio deste artigo, preconceitos que prejudica apenas aqueles descendentes que

ixo mostra a mesma questão, porém em relação entrevistado, segundo a opinião do entrevistador. Percebemos que aumentou o número de brancos que entraram pela reserva de vagas afro-descendentes/carente, ou seja, 06 entrevistados que se consideraram pretos ou pardos, foram considerados brancos pelo

/ cor dos entrevistados do curso de Direito da Unimontes, na opinião dos entrevistadores, por sistema que entrou – 2012

Nesta perspectiva, percebemos como critérios de raça/cor são bastante subjetivos

e três entrevistados que foram considerados pretos pelo entrevistador não descendente/carente. É importante analisarmos a visão do

o mesmo revela o olhar do outro e aqueles que são considerados pretos ou pardos pela sociedade são o que provavelmente sofrerão algum tipo de

abaixo mostra a renda declarada pelo entrevistado por sistema que

Egresso de escola pública, carente

P. de deficiência/ Indígena

Sistema Universal PAES

2,9%

2,9% 1,9% 3,2%

26,5% 50% 3,8% 3,2%

47,0% 25% 32,0% 9,7%

6,0% 17,0% 22,6%

11,8% 25% 26,4% 35,5%

11

2

26

17

2

21

2

26

14

412 1 1

branco pardo preto

14

co ao enfatizar a descendência, mas não as discriminações e preconceitos tão presentes na atualidade, como bem elucida Guimarães (2003) no inicio deste artigo, preconceitos que prejudica apenas aqueles descendentes que apresentam a

ixo mostra a mesma questão, porém em relação à raça/cor do entrevistado, segundo a opinião do entrevistador. Percebemos que aumentou o número

dentes/carente, ou seja, 06 aram pretos ou pardos, foram considerados brancos pelo

/ cor dos entrevistados do curso de Direito da Unimontes, na

2012

de raça/cor são bastante subjetivos e três entrevistados que foram considerados pretos pelo entrevistador não optaram pela

descendente/carente. É importante analisarmos a visão do aqueles que são considerados

pretos ou pardos pela sociedade são o que provavelmente sofrerão algum tipo de abaixo mostra a renda declarada pelo entrevistado por sistema que

Transferência externa

3,2%

3,2%

9,7%

22,6% 14,3%

35,5% 71,4%

15

Mais de dez a quinze

13,2% 9,7% 14,3%

Mais de 15 1,9% 12,9% NS 2,9% 3,8% 3,2% Total 100,0% 100,0% 100% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 03 - Renda dos entrevistados do curso de Direito da Unimontes, por sistema que entrou – 2012

Quando analisamos a renda dos entrevistados, percebemos que a maioria que

declarou ter entrado pelo reserva de vagas possui uma renda inferior a cinco salários mínimos, ou R$ 3.110,00, e apenas 05 entrevistados do reserva de vagas declaram ter uma renda familiar acima de 05 salários. Considerando que um dos critérios para ser carente é ter uma renda de até meio salário mínimo per capita, para ter uma renda superior a R$ 3.110,00, o cotista tem que ter no mínimo 10 pessoas morando em sua casa. Assim, ressaltamos a necessidade de maiores critérios da comissão de avaliação para considerar uma pessoa carente, considerando que se há meios para burlar o sistema, provavelmente isto ocorrerá, conforme relatos citados anteriormente dos acadêmicos entrevistados.

Nota ao desempenho escolar

Afro-descendente/ carente

Egresso de escola pública/ carente

P. de deficiência/ Indígena

Sistema Universal PAES

Transferência externa

00 1,9%

01 3,2%

04 1,9%

05 4,8% 2,9% 25% 3,8%

06 4,8% 2,9% 1,9%

07 38% 38,3% 25% 20,7% 19,4% 42,8%

08 23,8% 41,2% 50% 47,2% 58% 57,2%

09 28,6% 2,9% 13,2% 9,7%

10 8,8% 9,4% 9,7%

NS 3%

Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% Tabela 04 – Nota atribuída ao desempenho escolar dos entrevistados do curso de

Direito da Unimontes, por sistema que entrou – 2012 Ao analisarmos a nota dada pelo entrevistado ao desempenho acadêmico, percebemos que em todos os extratos a maioria dos entrevistados deu uma nota 08 e apenas aqueles que entraram pelo reserva de vagas afro-descendente que a maioria dos entrevistados deu uma nota 07. Isso denotaria uma dificuldade daqueles que entraram por esta reserva? Porém, é preciso deixar claro que as notas variaram mais ou menos na mesma quantidade, variando entre 07 e 09, e considerando a margem de erro, as diferenças são quase imperceptíveis. A próxima tabela mostra a média geral de notas por sistema que entrou:

16

Média geral de notas

Afro-descendente, carente

Egresso de escola pública, carente

P. de deficiência/ Indígena

Sistema Universal PAES

Transferência externa

70% 2,9% 1,9% 14,3%

75% 19,0% 8,8% 9,4% 9,7% 57,1%

80% 28,6% 41,3% 100,0% 22,6% 25,8% 14,3%

85% 33,3% 23,5% 34,0% 35,5% 14,3%

90% 17,6% 15,1% 22,6%

95% 4,8% 1,9% 3,2%

100% 1,9%

NA 14,3% 5,9% 13,2% 3,2%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% Tabela 05 – Média geral de notas ao final do semestre dos entrevistados do curso de

Direito da Unimontes, por sistema que entrou – 2012 Nesta tabela, enquanto em quase todos os sistemas o entrevistado respondeu ter um média de 85%, apenas aqueles oriundos da reserva de vagas egresso de escola a pública a maioria respondeu ter uma média de 80%. Porém, podemos notar que uma média de 80% e 85% são diferenças pequenas, e ela pode significar apenas a diferença entre aqueles que vieram de escola pública dos que vieram da rede privada de ensino. As próximas tabelas analisam se o acadêmico entrevistado já ficou de prova final ou/e pegou dependência de acordo com o sistema por qual ele entrou:

Se já

ficou de

prova

final

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal e

Classificação

Geral PAES

Transferência

externa

Sim 76,2% 61,8% 75% 47,2% 54,8% 71,4%

Não 9,5% 32,3% 25% 39,6% 42,0% 28,6%

NA 14,3% 5,9% 13,2% 3,2%

Total 100,0% 100,0% 100% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 06 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes já ficou de prova final, por sistema que entrou – 2012

Se já ficou

de

dependência

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 23,8% 26,50% 75% 18,9% 19,3% 42,8%

Não 61,9% 67,60% 25% 67,9% 77,5% 57,2%

NA 14,3% 5,90% 13,2% 3,2%

Total 100,0% 100,00% 100% 100,0% 100,0% 100,0%

17

Tabela 07 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes já ficou de dependência, por sistema que entrou – 2012

Pela tabela 06 notamos que mais de 60% dos entrevistados que entraram pela

reserva já ficou de prova final, enquanto que aqueles oriundos do sistema universal foi menos de 50% dos entrevistados, e pelo Paes foi 54,8%. Percebemos que há uma diferença mínima entre aqueles que entraram pela reserva dos que entraram pelo universal, e quando analisamos aqueles oriundos de transferência, percebemos que a porcentagem é bem parecida com os que entraram pela reserva de vagas. Ressaltamos, então, a hipótese anterior de que essa diferença mínima se deve a diferença de qualidade de ensino entre os que freqüentaram a rede pública e a rede privada. Quanto a dependência, percebemos que as porcentagens das reservas para afro-descendente e egresso de escola pública são bem parecidas, sendo um pouco menos a porcentagem dos que ficaram de dependência no sistema universal e Paes. É importante destacar que esta análise é estritamente quantitativa.

Se sente

alguma

dificuldade

Afro-

descendente,

carente

Egresso de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 19% 11,8% 17% 9,7% 28,6%

Não 81% 88,2% 100% 83% 90,3% 71,4%

Total 100% 100,0% 100% 100%

100,0

% 100,0%

Tabela 08 – Se sente alguma dificuldade em permanecer nesta graduação o entrevistados do curso de Direito da Unimontes, por sistema que entrou – 2012

Em relação a dificuldades, percebemos os que entraram pela reserva afro-

descendente e sistema universal, são os grupos que os entrevistados mais disseram sentir dificuldade. Analisamos então os tipos de dificuldades desses dois grupos: os entrevistados que entraram pela reserva afro-descendente disseram ter dificuldade por conta da oralidade, tão necessário no curso de Direito, dificuldade pessoais, falta de tempo por ter que trabalhar e dificuldades financeiras. Já os do sistema universal disseram ter também dificuldades pessoais, dificuldades pela falta de compromisso dos professore, por sentir desmotivado, já que as aulas são descompromissadas, por morar e trabalhar fora, por não gosta do curso, por não se interessa pelas disciplinas e pela biblioteca não oferecer livros atualizados. Os egressos de escola pública disseram que pela distância, por morar em outra cidade, pelas dificuldades financeiras, pela falta de tempo e por não gostar do curso. Já os que entraram pelo Paes colocaram que as dificuldades residem por não gostar do curso, por trabalhar o dia inteiro e por não ter aulas direito. Os que transferiram para a Unimontes, disseram que a dificuldade é por conta de algumas disciplinas serem fracas para a grade e por não ter segurança para atuar fora. Com isso, percebemos que as dificuldades são bem subjetivas, e não podemos deixar de ressaltar que tanto os egressos de escola pública, quanto os da reserva para afro-descendente colocaram a questão das dificuldades financeiras, sendo assim, cruzamos os dados da opinião dos entrevistados em relação a dificuldades financeiras que um aluno carente teria com o sistema por qual entrou:

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Se acha que

alunos

carentes

teria

dificuldades

financeiras

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 71,4% 70,5% 75,0% 66,0% 58,1% 71,4%

Não 28,6% 29,5% 25,0% 32,1% 38,7% 28,6%

NR 3,2%

NS 1,9%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 09 – Se acha que um aluno carente teria dificuldade em permanecer nesta graduação o entrevistado do curso de Direito da Unimontes, por sistema que entrou –

2012

Mais de 70% dos acadêmicos que entraram pela reserva de vagas disseram que teriam dificuldade, enquanto que aqueles do sistema sem reserva foram menos de 70%. Os motivos levantados pelos mesmos foram os mais diversos, desde o material didático ser caro e a biblioteca desatualizada, além do preço do xerox muitas vezes não ser acessível, ao fato de ter gastos com transporte se a pessoa mora longe ou vem de outra cidade. Aqueles que falaram que não, alegaram que o fato da universidade ser pública já é suficiente, pois quem não tem dinheiro para comprar livros, pode tirar xerox.Mas é importante percebemos que a maioria dos acadêmicos do curso de Direito concordam que os custos da universidade são altos para aqueles que não possuem uma renda favorável e considerando que os que entraram pelo sistema de reserva de vagas, foram considerados carentes para terem esse privilégio, destacamos aqui a necessidade de um maior apoio da universidade para estes alunos. Na próxima tabela, avaliaremos a questão se os entrevistados acham que a universidade deveria oferecer um subsidio para estes alunos.

Concorda que a

universidade

ofereça

subsídio aos

alunos carentes

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 52,4% 58,8% 50,0% 54,7% 32,3% 57,1%

Não 19,0% 14,7% 25,0% 7,5% 29,0% 14,3%

NR 1,9%

NS 1,9%

NA 28,6% 26,5% 25,0% 34,0% 38,7% 28,6%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 10 – Se concorda que a universidade ofereça subsidio aos alunos carentes o entrevistado do curso de Direito da Unimontes, por sistema que entrou – 2012

19

Exceto aqueles que vieram pelo Paes, mais de 50% dos acadêmicos entrevistados concordam que deveria sim oferecer um subsidio. Aqueles que não concordam, colocaram que isso não é função da universidade, ou que deveria oferecer um trabalho, ou um projeto para aqueles que se interessassem, mas não subsidio, ou ainda que dificuldades todos têm e não há a necessidade de um subsidio e também que a biblioteca deveria oferecer livros atualizados, pois esta é a principal dificuldade do curso de Direito e não subsidio. Os que concordaram com o subsidio disseram que ajudaria na permanência do aluno, ou que outras universidades, como a UFMG, oferece e porque que a Unimontes não poderia oferecer. Percebemos que há opiniões bem divergentes e a porcentagem dos que concordam e não concordam é quase a mesma para todos os sistemas, exceto o Paes. A próxima tabela, expõe a opinião dos entrevistados em relação as cotas por sistema que entrou:

Se é contra ou

favor das cotas

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

A favor 85,7% 79,4% 75,0% 51,0% 41,9% 71,4%

Contra 7,5% 9,8%

A favor das

cotas sociais e

contra cotas

raciais 9,5% 20,6% 37,7% 41,9% 14,3%

Nem a favor,

nem contra 4,8% 25,0% 3,8% 3,2% 14,3%

NR 3,2%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 11 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes é contra ou a favor das cotas, por sistema que entrou – 2012

Nesta tabela percebemos que mais de 75% dos entrevistados que entraram pela

reserva de vagas são a favor das cotas e menos de 51% dos que entraram por outro sistema é que são a favor. Vemos que apenas os do sistema universal e do Paes se manifestaram contra as cotas, porém uma porcentagem pequena, sendo maior a porcentagem daqueles que são a favor das cotas para carentes e contra para afro-descendente. Inclusive, 9.5% dos entrevistados que se manifestaram contra as cotas para afro-descendentes entraram por este sistema.

Se acha que o

aluno de

reserva de

vagas tem

dificuldade de

aprendizado

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 9,5% 14,7% 50% 20,8% 32,3% 14,3%

Não 85,7% 85,3% 50% 69,8% 58,1% 71,4%

Em partes 4,8% 7,5% 3,2% 14,3%

NR 3,2%

NS 1,9% 3,2%

Total 100,0% 100,0% 100% 100,0% 100,0% 100,0%

20

Tabela 12 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes acha que o aluno de reserva de vagas tem mais dificuldade de aprendizado em relação aos colegas

oriundo do sistema universal, por sistema que entrou – 2012

Por esta tabela, percebemos que menos de 15% dos entrevistados que entraram pela reserva escola pública e afro-descendente consideram ter alguma dificuldade de aprendizado, porém mais de 20% dos entrevistados do sistema universal e Paes acham que eles têm alguma dificuldade alegando o déficit em relação o estudo na escola pública, mas é importante ressaltar que mais de 50% dos entrevistados de todos os sistemas consideram não haver diferença de aprendizado entre os que entraram pela reserva e os que entraram pelo universal.

Se acha que a

adoção de políticas

para o negro pode

gerar preconceito

Afro-

descendente,

carente

Egresso

de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 33,3% 35,3% 75% 49,0% 77,4% 42,8%

Não 66,7% 61,8% 25% 43,4% 22,6% 42,8%

Depende 1,9% 14,4%

NR 1,9%

NS 2,9% 3,8%

Total 100,0% 100,0% 100% 100,0% 100,0% 100,0%

Tabela 13 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes acha que a adoção de políticas para a inserção do negro na universidade pode gerar preconceito, por

sistema que entrou – 2012 Neste gráfico, percebemos que os oriundos da reserva de escola pública e afro-

descendente tiveram quase a mesma porcentagem. A maioria dos que entraram pelo Paes acreditam que as políticas de inserção do negro na universidade podem gerar sim preconceito. Aqueles que afirmam que pode gerar preconceito colocam que a política por se só já é um racismo, que aumenta os preconceitos que as pessoas já têm e que parece que o negro pobre é mais importante do que o branco pobre, entre outras justificativas. Aqueles que afirmaram que não, colocaram que preconceito as pessoas já tem, que a política não vai mudar isso, também afirmaram que a questão do negro está bem esclarecida na universidade o que não gera preconceito e ainda que é um direito deles e por isso não tem como gerar racismo. Alguns ainda fizeram questão de frisar que isso depende mais do tipo de pessoa que tem na universidade. É pensando nisso que o próximo gráfico analisa se os entrevistados acreditam que o aluno oriundo da reserva de vagas pode sofrer algum preconceito.

Se acha

que o aluno

da reserva

de vagas

sofrem

algum tipo

de

preconceito

Afro-descendente,

carente

Egresso

de

escola

pública,

carente

P. de

deficiência/

Indígena

Sistema

Universal PAES

Transferência

externa

Sim 23,8% 8,8% 25% 39,6% 29,0% 42,8%

Não 76,2% 91,2% 75% 58,5% 64,5% 57,2%

21

NR

NS 1,9% 6,5%

Total 100,0% 100,0% 100% 100,0%

100,0

% 100,0%

Tabela 14 – Se o entrevistado do curso de Direito da Unimontes acha que os acadêmicos oriundos da reserva de vagas sofrem algum tipo de preconceito ou

hostilização por parte dos outros colegas, por sistema que entrou – 2012

A partir desta tabela, percebemos que a porcentagem dos cadêmicos que acreditam que sim é maior nos sistemas sem reserva de vagas. Aqueles que afirmam que sim, colocaram que já viram comentários desagradáveis sobre os cotistas, conversas paralelas, mas que não chega a atingir ninguém. Alguns disseram que inclusive muitos escondem que vieram pelo sistema de reserva de vagas. Os entrevistados também relataram que muitas vezes aqueles que entraram pelo universal se acha o melhor, porém não é bem assim e destacam que o fato de estar na faculdade já mostra que todos são capazes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste trabalho, puderam ser analisadas as relações étnico-raciais dentro da universidade, assim como as relações socioeconômicas entre os acadêmicos. Verificamos que os acadêmicos ao declarem a sua raça/cor tem preferido os termos não-brancos e atribuímos este fenômeno pelas políticas de ações afirmativas que tem valorizado aquelas pessoas de etnia negra. Porém, é preciso ressaltar dois aspectos importantíssimos: 1) muitos entrevistados ainda têm resistência na aceitação de políticas que favoreçam a raça/cor do candidato; 2) a lei 15.259/2004 ao utilizar o termo afro-descendente, não inclui exclusivamente o negro, pois pessoas que se auto-declaram brancas podem se encaixar nesta reserva, pois o fato de ser branca não exclui uma possível descendência negra.

Pensado nisso, que podemos considerar que a política de ação afirmativa da Unimontes não privilegiou exatamente o negro, pois aqueles que estão dentro da universidade hoje se beneficiaram do sistema de reserva como um todo.

Em relação à opinião de muitos entrevistados serem contra a reserva de vagas com critérios de raça/cor, ainda permanece a idéia de que está política estaria dizendo que o negro possui menor capacidade que um branco, o que seria um racismo. Mas o que precisa ser compreendido é que o negro no Brasil ainda é estigmatizado e parece que ainda permanece na cabeça das pessoas a velha idéia da democracia racial, onde basta o negro ter sido libero para ficar tudo bem. No Brasil existe preconceito, existe racismo, e enquanto o negro não ocupar posições mais privilegiadas a tendência é a perpetuação destes preconceitos. O critério carente acompanhado da etnia negra é totalmente válido, mas é preciso argumentar que a lei 15.259/2004 precisa de argumentos menos ambíguos para a entrada dos negros (incluído nesta categoria os pretos e pardos) no sistema de reserva de vagas para afro-descendente. É claro que esse tipo de política torna-se muito complicada considerando o caráter subjetivo da classificação racial, mas todos sabemos quem é vítima de racismo e quem não é.

Atentamos também que a universidade necessita melhorar os seus critérios de aprovação para ser considerado carente, pois, segundo os acadêmicos entrevistados,

22

estes são facilmente burlados e que não precisa está sendo contemplado pelo programa e quem precisa não é atendido. Além disso, é preciso ressaltar um maior apoio e incentivo aos acadêmicos em geral e os que entraram pela reserva de vagas especificamente. Os acadêmicos do Direito carentes acabam não tendo o mesmo acesso a materiais e oportunidades daqueles mais bastados e até que ponto a universidade não está permitindo que as desigualdades de fora da mesma não se perpetue dentro dela? A solução talvez não seja nem tanto atualizar a biblioteca, pois seria um custo elevado para livros que em alguns anos irão desatualizar-se, mas buscar dar um apoio aqueles acadêmicos não tem condições de arcar com as despesas do curso (o que está explicito, considerando que o mesmo entrou como carente na universidade).

Percebemos também que a diferença de desempenho acadêmico entre os que entraram pela reserva de vagas dos que não entraram é mínima e é possível argüir que se não fosse por esta política, possivelmente estes acadêmicos não estariam na universidade, no máximo, cursando uma particular sem ter as condições necessárias para isso. É necessário a melhora do ensino público básico brasileiro, mas num país marcado pelas desigualdades sociais, chega a ser utópico pensar nesta melhora. As políticas afirmativas não vão resolver o problema da pobreza do país, mas, enquanto medida paliativa, dá a oportunidade de cursar uma universidade quem antes não tinha esse privilégio.

Por fim, torna-se necessário frisar a necessidade de políticas de esclarecimento da população brasileira sobre as políticas de ações afirmativas e a sua função para que a mesma, em vez de contribuir para uma igualdade, segregue as pessoas. Este artigo, nesta tentativa simplória, teve como objetivo contribuir para um esclarecimento das relações empreendidas a partir desta política controvérsia e divergente de opiniões.

AGRADECIMENTOS

Aos acadêmicos do curso de Direito que se dispuseram a responder as 38 longas perguntas desta pesquisadora iniciante e principalmente aqueles que foram sinceros e que com suas respostas permitiram a conclusão desta pesquisa e reflexões sobre o sistema de reserva de vagas e as relações imbricadas na adoção de políticas que busca “tratar os desiguais de forma desigual.”

REFERÊNCIAS

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GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 1994.

GOMES, Joaquim Barbosa. O debate constitucional sobre as ações afirmativas. In: SANTOS, Renato Emerson dos; LOBATO, Fátima (Orgs.). Ações afirmativas: políticas públicas contra as desigualdades raciais. Rio de Janeiro: Lamparina Editora, 2003. p.15-57.

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GUIMARÃES, Antonio Sérgio Alfredo. Raça e pobreza no Brasil. In: ________ Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora 34, 2002. p. 47-77.

MEIRA, João Gildasio Veloso. Reserva de vagas e desempenho escolar na Unimontes: a implantação das cotas no ano de 2005. Montes Claros: Universidade Estadual de Montes Claros. 2009.

TELLES, Edward Eric. Racismo à Brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Ford, 2003.