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AGÊNCIA ECCLESIA | Nº registo 109665Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís FilipeSantos, Margarida Duarte, Rui Jorge Martins, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações

Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos

Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 000010124457001 82.

Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D -1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473.

[email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Igreja Local14 - Espaço Ecclesia16 - Opinião D. Manuel Linda18 - A semana de? Lígia Silveira20 - Internacional24 - JMJ Rio 201325 - Por estes dias?26 - Dossier:Mensagem de Bento XVIpara o 47.º Dia Mundialdas Comunicações Sociais

32 - Entrevista: Cónego João Aguiar38 - Cinema40 - Multimédia42 - Estante44 - História: Uma carta aosjornalistas do cardeal Cerejeira46 - 50 Anos do Vaticano II48 - Agenda50 - Liturgia52 - Opinião:Américo Mendes, UCP/Porto54 - Ecclesia nos Media56 - Fundação AIS

Foto da capa:Bento XVI envia primeiro tweet, 12.12.2012 (Lusa)

Foto da contra-capa:«The Pope app» (Conselho Pontifício das Comunicações Sociais)

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Redes sociais, espaços deevangelização

Paz socialdepende deInstituiçõesSolidáriasCNIS e Governo reunidos emFátima [ver+]

Dia Mundial dasComunicaçõesSociais 2013: Amensagem doPapaO mundo digital e as relaçõeshumanas nas redes sociais[ver+]

Deus: a nostalgiado Amor fiávelOpinião | D. Manuel LindaBispo auxiliar de Braga [ver+]

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Ambiente Ecclesia

Paulo RochaDiretor da AgênciaEcclesia

O ambiente digital recria, a cada instante, acomunicação. Diante da diversidade de meios,pluralidade de códigos e variedade de suportes eferramentas, a escolha do “mensageiro”acontece a partir do destinatário, do formato quemelhor desperta o interesse pela mensagem quese pode ler ou ver ou ouvir. Melhor: ler e ver eouvir…A esta circunstância, a novidade de uma outra,não menos importante: a comunicação acontecea partir do que é produzido pelo leitor, peloconsumidor da comunicação. A interatividadegerada pelas redes de informação não existeapenas para reagir, para comentar, mas para serfonte de informação.E acrescente-se ainda uma terceira, de naturezaporventura mais subjetiva, valorizada pelo PapaBento XVI na Mensagem para o Dia Mundial dasComunicações Sociais de 2013, hoje tornadapública: “Uma comunicação eficaz, como asparábolas de Jesus, necessita do envolvimentoda imaginação e da sensibilidade afetivadaqueles que queremos convidar para umencontro com o mistério do amor de Deus”.A Agência ECCLESIA tem presentes as trêspremissas enunciadas quando debateestratégias de comunicação, define planos edestina meios e recursos. Por isso, fez migrarpara o digital

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este semanário, dando assim maisum passo na história de umapublicação que remonta aos anos60 e que conheceu já diferentesformatos e sobretudo váriasperspetivas editoriais. Hoje oSemanário ECCLESIA é um meio dedistribuição de notícias, de propostade análise aos acontecimentos dasociedade e de aproximação daredação a cada pessoa queparticipa nesta rede decomunicação. É também umaplataforma onde se podem criarsinergias entre instituições, divulgarprojetos e iniciativas relevantes paracada tempo e mostrar as notícias,dar a conhecer o rosto de cadapessoa, de grupos e estruturas queparticipam, nos mais variadoscontextos, naquela parábola quehoje a comunicação social édesafiada a contar.

Um desafio que a AgênciaECCLESIA quer cumprir, numtrabalho em equipa e empermanente interligação entre aprodução de conteúdos para aagência de notícias, o programa derádio e os programas de televisão,as três expressões da presença daIgreja Católica em Portugal nosmedia, da responsabilidade editorialdo Secretariado Nacional dasComunicações Sociais.Depois, outro desafio surgirá, mais emelhor criatividade será precisodescobrir e novas ferramentasaparecerão como um ambiente decomunicação, o ambiente Ecclesia.Entretanto, a interatividade e aparticipação de toda a comunidadena produção de conteúdos, naredação de notícias é uma metapara curto prazo.

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A Naturezaresolveu tirara peça do puzzle…

© naviosenavegadores.blogspot.comCargueiro “Merle”

Praia de São Jacinto, Aveiro

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Formatados pelas máquinas,esquecemo-nos que, pelomenos por enquanto, aindasomos nós que as formatamosCarlos Fiolhais, «Público»,23.01.2013 Peçamos a São Vicente que nosensine a amar generosamente.Esse amor será uma forçadecisiva para encontrarmoscaminhos de soluçãoD. José Policarpo, homilia na festade São Vicente, 22.01.2013

Eles [deputados do PSD, PS eCDS] são os primeirosresponsáveis por uma Justiçaque não prende criminosos decolarinho branco porque a leilhes é completamente favorávelEduardo Dâmaso, «Correio daManhã», 23.01.2013 Hoje dispomos de meiosvariados para chegarao povo cristãoD. António Marcelino,«Correio do Vouga»,23.01.2013

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Paz social dependedas instituições solidárias «As linhas decrédito sãonecessárias eestão a sermarcadamenteinsuficientes»Padre LinoMaia,presidente daCNIS

O presidente da Confederação Nacional dasInstituições de Solidariedade (CNIS) disse estesábado, em Fátima, que “uma certa paz social”existente em Portugal está “muito apoiada” no trabalhodesenvolvido por aquelas organizações, que o Estadonão financia como devia.Questionado pela Agência ECCLESIA sobre a eventualdependência das instituições em relação aofinanciamento estatal, o padre Lino Maia foiperentório: “O Governo é que precisa de nós”.“As linhas de crédito são necessárias e estão a sermarcadamente insuficientes”, afirmou. O responsávelnota que para outros setores há linhas de crédito com“imensas possibilidades”, enquanto que as instituiçõesde solidariedade atravessam dificuldades.O sacerdote reconhece que as tabelas salariais nosetor do apoio social são geralmente “baixas” mas há“a garantia de que são pagos 14 meses deordenados, o que não acontece na Função Pública”, eque os “postos de trabalho são mantidos”.O sacerdote afirmou que se tem instalado “umprincípio de parceria” entre as instituições associadasda confederação e o Estado, dado que “todos estãointeressados no mesmo”.Da parte da CNIS, que a 15 de janeiro assinalou 32anos, “não há, de modo nenhum, uma vénia submissaao Governo, mas uma cooperação responsável”,frisou, realçando que sem as instituições desolidariedade “a sociedade não funcionará”.

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Encontro da CNIS em Fátima, 19-01-2013 © PR/Agência ECCLESIA As conclusões de um inquérito quea CNIS enviou às suas associadasrevelam que as cantinas sociais sãoinsuficientes no apoio às pessoasmais pobres.A “grande maioria” das instituições“considera a cantina social comouma medida que responde de formaágil e muito positiva a um grupocada vez maior de pessoas comcarências alimentares, minorando oimpacto da atual crise económica”,assinala o presidente da CNIS.Alguns organismos notam que aajuda “fica aquém na satisfação dasnecessidades globais das famílias,pois é uma resposta conjuntural edeverá ser enquadrada numprograma de apoio global àsfamílias que sofram privações”,aponta o padre Lino Maia.

O secretário de Estado daSolidariedade e da SegurançaSocial, Marco António Costa,anunciou o aumento dofinanciamento para refeições emcantinas sociais, recordando quenão falta dinheiro para estasrespostas por parte do Governo.“Vamos acabar com o limite de umacantina social por instituição” e com“o limite de refeições”, disse oresponsável na sessão deapresentação do Protocolo deCooperação de 2013-2014 entre oGoverno e o setor social, assinadoem novembro de 2012. “Aquilo queiremos fazer com a CNIS, União dasMisericórdias e União dasMutualidades Portuguesas é alargaro número de instituições que estãono Programa de EmergênciaAlimentar”, afirmou o secretário deEstado.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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UCP aposta no humanismo cristão

A reitora da Universidade CatólicaPortuguesa expressou o seucompromisso com o “sólido conjuntode valores do humanismo cristão”na mensagem para o Dia Nacionalda instituição, que ocorre a 3 defevereiro.“É necessário transformar oexigentíssimo momento históricoque vivemos numa espécie delaboratório da esperança, quefermente ideias, atitudes e práticas,que devolva horizonte, quepesquise e relancepotencialidades”, frisa

Maria da Glória Garcia no textoenviado à Agência ECCLESIA.A responsável, que tomou posse docargo de reitora a 18 de outubro,sublinha o “papel representado pelabusca do conhecimento e daverdade, segundo a diversidade dossaberes, e guiada por padrões deexcelência científica e humana, paraassim melhor se colocar ao serviçodo bem comum”.

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São Vicente© Patriarcado de Lisboa

© Santuário de Fátima

O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou queos católicos devem concentrar-se navivência da sua fé e no “amor ao próximo”para poder ajudar a sociedade portuguesaa viver a crise com “grandeza eesperança”. “No momento concreto quevive a nossa sociedade, uma interrogaçãose me põe: o que devemos pedir a SãoVicente para nos ajudar a todos, Igreja esociedade, a viver as dificuldades do tempopresente com grandeza e esperança?”,perguntou D. José Policarpo, na homilia damissa a que presidiu na Sé, por ocasião dasolenidade litúrgica (22 de janeiro) de SãoVicente, mártir, padroeiro principal dadiocese. O presidente da República Portuguesanomeou António Almeida Ribeiro, até agorasecretário-geral do Ministério dos NegóciosEstrangeiros (MNE), como embaixador dePortugal na Santa Sé, sob proposta doGoverno. O decreto de nomeação foipublicado esta quarta-feira em ‘Diário daRepública’. O Santuário de Fátima vai elaborar, “acurto prazo”, um programa de“reflorestação dos locais que sofreramgrandes danos” devido ao temporal quesábado se abateu sobre a região, revelouà Agência ECCLESIA o administrador dainsitituição.

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© Diocese de Aveiro

© Santuário de Cristo-Rei

O responsável pelo ecumenismo no episcopadocatólico, o bispo D. António Couto, expressouesta quarta-feira, em Estarreja, o seu otimismoquanto à aproximação dos cristãos de diferentesIgrejas em Portugal. Durante um debate sobreecumenismo e diálogo inter-religioso com JorgeSampaio, antigo presidente da República, oprelado vaticinou que no futuro o ecumenismoem Portugal “será muito mais rico e cheio dealegria e amizade”. A equipa coordenadora da Pastoral Familiar emPortugal está apostada em ter voz ativa nadenúncia e resolução dos problemas queatualmente afligem a população. D. AntoninoDias, presidente da Comissão Episcopal doLaicado e Família, da Igreja Católica, salienta a“dificuldade” em que vivem atualmente muitasfamílias, devido à “situação socioeconómica” queenvolve o país. O Papa concedeu Indulgência Plenária Perpétuaao Santuário de Cristo-Rei, na Diocese deSetúbal, conhecido pela imagem de Jesus debraços abertos que domina o rio Tejo junto aLisboa. O reitor do santuário disse à AgênciaECCLESIA que o documento é “bastanteimportante” por se tratar do “reconhecimento,por parte da Santa Sé, do esforço que tem sidofeito nos últimos anos”. O bispo de Coimbra revelou à ECCLESIA que oprocesso de reestruturação da diocese “está adesenvolver-se a um ritmo bastante bom”,embora haja “um trabalho muito longo pelafrente”.

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Centros universitários, Igreja e estudantes unidos

O mês de janeiro está associado ao stress que muitosestudantes portugueses vivem na chamada “época deexames” da Universidade. Há locais onde osestudantes se sentem bem a estudar e conseguem terum apoio especial, onde há motivações para maisestudo, momentos de oração e propostas decaminhada de fé.Na reportagem do programa Ecclesia na Antena 1, aouvir no próximo domingo (06h00), conhecemos doisdestes locais, o CUFC - Centro Universitário Fé eCultura, na Diocese de Aveiro, e o CAES -CentroAcadémico Edith Stein, na Paróquia de São Jorge deArroios, em Lisboa.“Os estudantes hoje passam pela universidade “muitodepressa” e isso torna-se um grande desafio… temosde inventar novas formas de cativar os alunos”,confessa o padre Virgílio Maia, diretor do CUFC.Este local nasceu há 25 anos, partilhando a mesmaestrada com a Universidade de Aveiro. Foi ganhandomodernidade e hoje “estudar, investigar e celebrar”são os 3 verbos que mais se ouvem e leem nesteespaço, que conjuga estudantes, professores efuncionários.O Centro Universitário Fé e Cultura organizamomentos de debate e retiros, conhecido pela famosa“sopa da Dona Fernanda”, oferece acompanhamentoespiritual e missa diária.

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“Para mim o CUFC é uma segundacasa. Quando há um dia que oestudo corre menos bem, sei queaqui consigo ter um momento deserenidade, conversa e apoio”,conta Liliana Marques, aluna demestrado, natural de Leiria.Olhando para o futuro, o padreVirgílio acredita que não podehaver medos e deu como exemploa iniciativa do início do ano quemais marcou os alunos: “Nos diasde integração ao caloiro naUniversidade tivemos uma tendade oração no meio do recinto. Osestudantes eram convidados aentrar, parar e rezar por umaintenção, o que causou espantopara muitos”.“Surgiu aqui a verdadeiraaproximação com a comunidadeacadémica que agora nos olha deforma diferente”, acrescenta.Uma experiência semelhante vive-se no CAES, Centro AcadémicoEdith Stein. “Os jovensnão precisam de Deus só emépoca de exames e aqui elessabem que o podem encontrar”, dizpadre Paulo Araújo, diretor dainstituição. O CAES está aberto 24horas por dia e todos podem entrare estudar. Há espaço para fazerrefeições, conviver

© CUFC e até um pequeno terraço para osdias melhores. “Viemos através deuns amigos que disseram que aquidava para fazer noitadas de estudo”,contava Miguel Barroso, estudante deEngenharia Mecânica.O padre Paulo Araújo, pertencente àcomunidade Emanuel, fala do tempoque os jovens precisam para parar eas celebrações naquele centroacadémico proporcionam “celebrardevagar”. “Venho cá muitas vezes,converso e tento conhecer cada um,as suas personalidades e gostos.Todos sabem que sou padre e algunspedem para conversar sobre váriasquestões e chega-se sempre à fé”,diz o sacerdote.O CAES nasceu de um sonho dejovens estudantes que se foiconcretizando e hoje são mais de 50os que passam por este espaçotodos os dias.

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Deus: a nostalgia do Amor fiável

D. Manuel LindaBispo auxiliar de Braga

Por vezes, dou comigo a pensar que, mesmo quepositivamente quisesse negar a existência deDeus, não o conseguiria. A não ser queintentasse mentir a mim próprio.De facto, quando, por exemplo, numa viagemaérea, penso na imensidade das leis da naturezaque é preciso adaptar para que o avião se mova,ou quando me entusiasmo com a grandeza deuma montanha e a variedade de um jardim,quando reflito na complexidade de uma simplesflor do caminho ou no substrato da vida inerenteà gota de água, tudo me parece falar de umCriador, pois isso não se justifica nem secompreende por si.Entretanto, curiosamente, ato contínuo, pareceque entra em função uma qualquer voz interiorque me alerta para o paradoxo doloroso domundo, para o sem-sentido de tantas situações epara o risco de colocar a confiança em Quemnão se vê. Sustentada pela racionalidade maisfria, essa voz importuna-me: “Olha que sepensas ter dominado Deus, já O perdeste. UmDeus evidente é um deus inexistente”! E movo-me entre o intuído e o mistério, entre a presençae a ausência…Isto ajuda-me a compreender o irmão ateu e oagnóstico. É ténue, de facto, a linha deseparação entre a fé e a não-crença. E,porventura, ambas terão as suas «razões». Sepudéssemos só contar connosco e com ademonstração apodítica da nossa

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Pormenor do teto da Capela Sistina, Vaticano

inteligência, neste mistério de Deus,chegaríamos bem perto…Mas, no meu caso, entra aexperiência pessoal e comunitária:sinto que Este é um mistério degratuidade efusiva e fiável. Eleenvolve-me em amor e só em amor.Ele dá e dá-se. Por isso, oferece-meeste mundo grande e belo. Comotal, se creio n’Ele como Criador,muito mais O experimento comoAmor providente. Ou como Pai. Eobservo ainda mais: o mistérioincontornável da minha liberdade esua capacidade de me decidir porEle ou contra Ele.Neste «Ano da Fé» nãopoderíamos, todos nós, fazer aexperiência de circular mais entre

o que parece evidente e o mistério?Se assim acontecesse, talvez osateus o fossem um pouquito menose os crentes deixassem de seagarrar à sombra, como se estaconstituísse o verdadeiro ser deDeus.É que, não obstante o fenómeno dasecularização, o nosso mundocontinua a colocar a questão deDeus. É a eterna nostalgia daOrigem e do Destino. Do Alfa e doÓmega, como dizemos emlinguagem religiosa. Importa que oscrentes contribuam verdadeiramentepara a procura do sentido e não selimitem a oferecer imagensgrotescas que só colaboram noafastamento.

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As várias moradas de Deus

Lígia SilveiraAgência Ecclesia

Encontrar iniciativas que cruzem a cultura e oAno da Fé, proposto por Bento XVI, foi tarefa dosdias recentes. Uma incursão pela músicaclássica, a reflexão que uma comunidade demonjas em plena cidade de Lisboa propõe, hámais de 20 anos, empurrando uma barreira queos mais institucionais teimam em cimentar, aprogramação estimulante de um auditório geridopor um seminário diocesano e uma capela quecontinua a sua história sendo sinal de que nãoexistem fronteiras no falar de Deus.Faz lembrar o versículo de São João - «Hámuitas moradas na casa do meu Pai». Nós é quenem com GPS lá vamos. Bento XVI continua a senda por caminhos quecausam espanto aos mais distraídos. Um senhorde 85 anos, considerado por muitos como o maistradicionalista, aponta para a presença da Igrejano “continente digital”, semanas depois de,simbolicamente, ter enviado o seu primeiro tweet.Acho especialmente importante a chamada deatenção para o que se comunica e a convicçãocom que o fazemos, independentemente de serem ambiente térreo ou digital. Nunca maisesqueci uma frase proferida pelo mesmo Papachamando os fiéis à responsabilidade pelaimagem “deturpada” e “diminuída” que muitosnão crentes têm de Deus.

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Uma frase à medida do encontro deAssis, em outubro de 2011, mastambém desta realidade tecnológicacom a qual muitos receiamrelacionar-se.A proposta de ir ao encontro dasrazões da fé é a mais sincera ehumilde que se pode fazer a outrapessoa. O passo seguinte é não terreceio do futuro – e este Papa temmostrado ao que vem e para ondequer ir.Neste dia, que a Igreja Católicadedica à memória litúrgica de SãoFrancisco de Sales, padroeiro dosjornalistas, não consigo deixar depensar nos profissionais com quemaprendi a trabalhar e naqueles queno exercício da sua profissão tantasvezes me fizeram pensar que um diagostaria de ter a sabedoria paratrabalhar como eles.Hoje, alguns estão no silêncio daspalavras que não são publicadas ouditas, ausentes das redações ousem produção informativa. Mesmoassim não deixam de ser jornalistas,de ter o olhar que questiona arealidade e sabe que daí pode viruma resposta mais cívica einclusiva. Continua a ser com elesque quero aprender a ser jornalista.

Dois candeeiros iluminam umamesa. Um microfone suspensoamplifica a voz de Pier PaoloPasolini que entre março e junho de1975, encontrou em Gennarielo ointerlocutor imaginário para umareflexão sobre o estado das coisas.Luís Miguel Cintra lê os parágrafospedagógicos que, escritos há quase40 anos, lançam uma reflexão paraos dias correntes.A leitura do cineasta italianoinaugurou o ciclo «O nome deDeus» que o Teatro da Cornucópialança como um grito em hora dedesespero. Diz o encenador, nafolha de sala, que “o nome de Deusvem à boca em todos os momentosgraves” e este é particularmentedifícil quando o futuro da cultura,exemplificada no trabalho de quatrodécadas de companhia, é posto emcausa.E nós? Que parágrafos deixaríamosescrito?

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Um olhar positivo sobre os novosmedia

O presidente do Conselho Pontifíciodas Comunicações Sociais (CPCS)considera que a nova mensagem deBento XVI, ‘Redes Sociais: portaisde verdade e de fé, novos espaçosde evangelização’, apresenta umavisão “positiva” sobre estes espaçosvirtuais.“Os media sociais são consideradoscomo uma oportunidade de diálogoe de debate, reconhecendo-se-lhesa capacidade de reforçar os laçosde unidade entre as pessoas e depromover eficazmente a harmoniada família humana”, disse D.Claudio Maria Celli, na conferênciade imprensa de apresentação damensagem do Papa para o 47.º DiaMundial das Comunicações Sociais.Segundo o arcebispo italiano, estaavaliação positiva implica, noentanto, que se procure o respeitopela “privacidade”, com“responsabilidade e dedicação àverdade” e com “autenticidade,dado que não se partilhaminformações e conhecimentos”,como destacava Bento XVI.

Para o presidente do CPCS, adinâmica social dos novos mediainsere-se “na busca existencial docoração humano” e deve evitar “amaré das informações” que sufoca a“voz discreta da razão”.“O tema desta jornada fala de novosespaços de evangelização, que éanúncio da Palavra, anúncio deJesus Cristo”, disse ainda.O secretário do CPCS, monsenhorPaul Tighe, destacou por sua vez aimportância da presença decatólicos no “continente” digital, oimplica um melhor “conhecimento dalinguagem das redes sociais, quenasce de uma convergência entretexto, imagem e som, umalinguagem que se carateriza pelaconcisão e procura envolvercorações e mentes”.Em resposta aos jornalistas, D.Claudio Celli mostrou-se satisfeitocom o impacto da conta pessoal narede social Twitter que Bento XVIinaugurou no último dia 12 dedezembro, onde conta já com maisde 2,5 milhões de seguidores, emnove línguas, incluindo o português.

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Apresentação da mensagem do Papa para o 47.º Dia Mundial das ComunicaçõesSociais© PCCS.va

O presidente do CPCS convidou areplicar (retweet) as mensagens doPapa e frisou que 7% dosseguidores da página já o fazem,estimando que essa percentagempossa aumentar.Este responsável destacou aindaque o Twitter vai continuar a ser oespaço “institucional” de Bento XVInas redes

sociais, descartando uma eventualpresença no Facebook edesvalorizando, por outro lado,críticas e comentários negativos quevisam a figura do Papa.“É um risco que corremos: prefiroestar mais presente do que evitaruma presença para prevenir umrisco”, explicou.

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Visita histórica no VaticanoBento XVI recebeu em audiência osecretário-geral do PartidoComunista Vietnamita (PCV),Nguyên Phu Trong, naquela que foia primeira vez que um líder destaforça política se encontrou com oPapa e outros responsáveis daSecretaria de Estado do Vaticano.“Nos cordiais colóquios, foramtratados temas de interesse para oVietname e a Santa Sé, exprimindo-se o desejo de que rapidamentepossa ser resolvidas situaçõespendentes e que se possa reforçara profícua colaboração existente”,refere a nota de imprensa divulgadapelo Vaticano, após a reunião deterça-feira.A Santa Sé e o Vietname não têmrelações diplomáticas plenas e têmmantido negociações para o seuestabelecimento, através de umgrupo de trabalho bilateral.Nguyên Phu Trong encontrou-seainda com o secretário de Estadodo Vaticano, cardeal TarcisioBertone, acompanhado por D.Dominique Mamberti, secretário doVaticano para as relações com osEstados.

© Lusa Esta foi a quarta vez que umdirigente comunista do Vietname foirecebido no Vaticano desde 2007,ano em que o Estado asiático e aSanta Séretomaram os contactos bilaterais.O Vietname, com cerca de 86milhões de habitantes, tem seismilhões de católicos, o segundomaior número de fiéis do sudeste daÁsia, depois das Filipinas, mashistoricamente as relações entrecatólicos e o PCV têm sidomarcadas por fortes tensões,nomeadamente no que diz respeitoàs exigências de liberdade religiosae de restituição das propriedadesconfiscadas pelo regime comunista.

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Audiência geral,22.01.2013

Inundações em Jacarta©Lusa

Monsenhor DarioEdoardo Viganò

♦ Bento XVI alertou para a necessidade de oscristãos seguirem em “contracorrente” eignorarem o que classificou como “ídolos”propostos pela sociedade. “Muitos são hoje osídolos falsos que se levantam. Os cristãos, sequerem ser fiéis, não devem ter medo de seguirem contracorrente”, escreveu o Papa na redesocial Twitter. ♦ O Papa manifestou no Vaticano a sua“preocupação” com as inundações em Jacarta,capital da Indonésia, que mataram pelo menos20 pessoas, “milhares de deslocados” e“enormes” prejuízos. “Desejo exprimir a minhaproximidade às populações atingidas por estacalamidade natural”, afirmou Bento XVI naaudiência geral de quarta-feira. ♦ Bento XVI nomeou como novo diretor do CentroTelevisivo do Vaticano (CTV) o padre DarioEdoardo Viganò, de 50 anos, que substitui nocargo o padre Federico Lombardi. MonsenhorViganò, natural do Rio de Janeiro e membro doclero da Arquidiocese de Milão (Itália), vaiassumir ainda funções como secretário doConselho de Administração do CTV. ♦ O secretário-geral da CIDSE, redeinternacional de agências católicas dedesenvolvimento, saudou a aprovação, emBruxelas, de um imposto sobre as transaçõesfinanceiras (ITF) em 11 Estados-membros daUnião Europeia.

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400 portugueses esperados no Rio As inscrições dosperegrinos podemser feitas num dossete idiomas(português, alemão,espanhol, francês,inglês, italiano epolaco) disponíveisno site oficial daJMJ( www.rio2013.com).

Portugal poderá levar este ano cerca de 400jovens à Jornada Mundial da Juventude quevai decorrer no Rio de Janeiro de 23 e 28 dejulho. Esta é a expectativa do diretor doDepartamento Nacional da Pastoral Juvenil,que garante desde já a inscrição de quaseuma centena de jovens, metade dos quais daDiocese de Lisboa.Na contagem decrescente para este grandeevento da Igreja Católica, a hora é depreparação dos jovens a começar por aspetospráticos que têm a ver com os elevados custosdesta viagem que poderão chegar aos 1500euros.

DNPJ

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→ Termina esta sexta-feira o oitavário de oração pelaunidade dos cristãos com uma celebração ecuménicanacional na igreja de São José, em Coimbra às 21h00,com a participação de D. António Couto, presidente daComissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização,responsável pelo setor do ecumenismo, e D. VirgílioAntunes, bispo de Coimbra, esperando-se a presençade fiéis e ministros de outras Igrejas cristãs. → O Secretariado Nacional da Educação Cristãpromove nos próximos dias 25 a 27 o Fórum de EMRC2013 com o tema “Descobrir a solidez da fé:Testemunho e missão do professor de EMRC”. Arealizar em Fátima, o objetivo do fórum é refletir aeducação cristã enquanto serviço à formação integralda pessoa humana. → O Papa Bento XVI preside à oração de vésperas napróxima sexta-feira, dia da conversão de São Paulo,na Basílica de São Paulo fora de Muros. Estacelebração encerra também a Semana de Oração pelaUnidade dos Cristãos. → A 27 de janeiro é o Dia Internacional de Memória doHolocausto. Um dia para não esquecer seis milhões dejudeus vítimas do regime nazi. A ONU instituiu a dataem 2005 para manter viva a memória.

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Bento XVI empurra católicospara as redes sociais

A contapessoal doPapa noTwitter temmais de 2,5milhões deseguidores emnove línguas

Bento XVI defendeu hoje que a Igreja Católica tem deestar presente nas “redes sociais digitais”, como oFacebook ou Twitter, onde há centenas de milhões decontas, dada a sua importância para a vida daspessoas. “O ambiente digital não é um mundo paraleloou puramente virtual, mas faz parte da realidadequotidiana de muitas pessoas, especialmente dos maisjovens”, refere o Papa, na sua mensagem para o 47ºDia Mundial das Comunicações Sociais, dedicada aotema «Redes Sociais: portais de Verdade e de Fé,novos espaços de evangelização».Segundo o Papa, o desafio que as redes sociais têmde enfrentar “é o de serem verdadeiramenteabrangentes” para poderem beneficiar da “plenaparticipação dos fiéis que desejam partilhar aMensagem de Jesus e os valores da dignidadehumana que a sua doutrina promove”.“Os fiéis dão-se conta, cada vez mais, de que, se aBoa Nova não for dada a conhecer também noambiente digital, poderá ficar fora do alcance daexperiência de muitos que consideram importante esteespaço existencial”, sublinha.A mensagem refere, por outro lado, que o surgimentonas redes sociais do diálogo acerca da fé e doacreditar “confirma a importância e a relevância dareligião no debate público e social”. “Muitas pessoasestão a descobrir – graças precisamente a umcontacto inicial feito online – a importância do encontrodireto, de

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experiências de comunidade oumesmo de peregrinação, que sãoelementos sempre importantes nocaminho da fé”, acrescenta.Bento XVI observa também que asredes sociais da internet estão agerar “formas novas” decomunicação entre pessoas queexigem “respeito e cuidado” pelaprivacidade e a verdade.“A cultura das redes sociais e asmudanças nas formas e estilos dacomunicação colocam sériosdesafios àqueles que querem falarde verdades e valores”, refere.Segundo o Papa, estes espaçosvirtuais estão a contribuir para aaparição de um “praça pública eaberta onde as pessoas partilhamideias, informações, opiniões epodem ainda ganhar vida novasrelações e formas de comunidade”.“Assim as redes sociais tornam-secada vez mais parte do própriotecido da sociedade enquanto unemas pessoas na base destas

necessidades fundamentais”,sustenta.A mensagem papal sublinha que separticipa nestas redes “paraconstruir relações e encontraramizade, buscar respostas para assuas questões, divertir-se, mastambém para ser estimuladasintelectualmente e partilharcompetências e conhecimentos”."Nestes espaços não se partilhamapenas ideias e informações, masem última instância a pessoacomunica-se a si mesma", indica.Bento XVI diz que é necessário queas pessoas presentes nestesespaços virtuais sejam “autênticas”e saibam fugir a uma lógica de“popularidade” que, segundo amensagem, “está mais ligada com acelebridade ou com estratégias depersuasão do que com a lógica daargumentação”.

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Por uma comunicaçãomais humana e transcendente

José María Gil TamayoConsultor do ConselhoPontifício dasComunicações Sociais

Em oposição às considerações mais habituaisdos aspetos técnicos, sociológicos e políticos dascomunicações sociais, sobretudo no que dizrespeito às novas tecnologias, o Papa Bento XVIpublicou hoje, mais uma vez, o contributoautorizado da radiosa mensagem que dedicatodos os anos à Jornada Mundial dasComunicações Sociais, que desta vez tem comolema ‘Redes Sociais: portais de verdade e de fé;novos espaços de evangelização’.O olhar do Papa vai para lá dos fenómenoscomunicativos e dirige-se para o mais importante:neste caso, além de estimular a um maiorcompromisso evangelizador no mundo dacomunicação – como assinalava também arecente assembleia do Sínodo dos Bispos, aoconsiderá-lo um dos cenários da NovaEvangelização -, faz acima de tudo uma reflexãolúcida sobre a nova forma humana derelacionamento nas redes sociais digitais.O Santo Padre constata que “as mudanças nasformas e estilos da comunicação colocam sériosdesafios àqueles que querem falar de verdadese valores. Muitas vezes, como acontece tambémcom outros meios de comunicação social, osignificado e a eficácia das diferentes formas deexpressão

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parecem determinados mais pelasua popularidade do que pela suaimportância intrínseca e validade…Às vezes, a voz discreta da razãopode ser abafada pelo rumor deexcessivas informações, e nãoconsegue atrair a atenção que, aocontrário, é dada a quantos seexpressam de forma maispersuasiva”.Estas anomalias, que é precisosuperar, mostram que nacomunicação moderna se joga aprópria sorte do homem, já quequalquer grande inovaçãotecnológica ao longo da históriaimplicou uma mudança de valores,de cultura e de modeloantropológico. Por isso mesmo,Bento XVI insta a recuperar, apartir da fé, a própria ‘humanitas’da comunicação social,constituindo-se a Igreja, tambémneste terreno, comodefensora da causa do homem, dasalvaguarda da sua plenadignidade e plenitude que está sóem Deus.Assim, através de umarevitalização do testemunho da féno mundo digital, o Papa convidaos cristãos a conseguir um efeitohumanizador na comunicação dasredes sociais, já que estas se“alimentam das aspiraçõesradicadas no coração do homem”,

©OR às quais os cristãos estãoempenhados em dar resposta.O Santo Padre convida, neste Ano daFé, a confessar e a testemunhar essafé através da Nova Evangelização,também no novo cenário das redessociais, onde tem de haver“coerência e unidade entre aexpressão da nossa fé e o nossotestemunho do Evangelho narealidade onde somos chamados aviver, seja ela física ou digital”.Deste modo, as comunicaçõestornam-se mais humanas e virarão aocontrário a queixa de T.S. Eliot nosseus famosos versos:“Onde está a sabedoria queperdemos no conhecimento?Onde está o conhecimento queperdemos na informação?”.

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Ecclesia: Para ler, ver, ouvir e...navegar

2013 marca o início da produção de conteúdosinformativos na Agência ECCLESIA (AE) nosprincipais suportes da comunicação social: texto,vídeo e áudio.Historicamente relacionada com o texto, com adivulgação de informação a partir da narraçãodos acontecimentos, a AE iniciou em novembrode 2009 a produção de conteúdos radiofónicos,que são emitidos com regularidade na Antena 1,e, desde o dia 1 de janeiro de 2013, coordena aprodução dos conteúdos para os programas70x7 e Ecclesia, em emissão na RTP2.Esta circunstância oferece sobretudo umaoportunidade à marca ECCLESIA. De facto, aoproduzir informação em texto, vídeo e áudio, a AEtem a possibilidade incluir no ser perfil asferramentas e as “definições” de qualquer meiode comunicação social da era digital em quevivemos. Hoje, a sustentabilidade e o alcancedos media depende, em grande medida, dacapacidade que têm de incluir os diferentessuportes na comunicação que desenvolvem, indoao encontro das necessidades dos diferentespúblicos e sobretudo tornando o processocomunicativo num acontecimento interessante,plástico, belo.A imagem, o vídeo, surge assim comoindispensável para a comunicação. Também paraa comunicação do religioso e para a análise dos

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muitos acontecimentos quepercorrem as instituições da IgrejaCatólica. Agora, ao assumir tambéma coordenação da produção deconteúdos para televisão (acoordenação editorial acontecedesde o início destes programas:1979 no caso do 70x7 e 1997 doprograma Ecclesia), a AE consegueindexar agestão dos recursos disponíveis, porparcos que sejam, exclusivamente àquantidade e qualidade deconteúdos televisivos. E conquistatambém adisponibilidade total dessesconteúdos para a distribuição pornovas plataformas,

nomeadamente o portal deinformação de que dispõe, osemanário digital e o canal detelevisão web “My Ecclesia TV”.Na distribuição de notícias pelaAgência Ecclesia, na difusão deconteúdos na rádio (na Antena 1 e napágina web) e na emissão dosprogramas de televisão (na RTP2 ena internet), a ECCLESIA estácapacitada para informar e proporconteúdos formativos em texto, som eimagem.Várias plataformas e diferentessuportes, sempre interligados, paramelhor comunicar com quem nosquer ler, ver ou ouvir.

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A Igreja e os Media,uma relaçãoem transformação

Opções editoriais esustentabilidade são desafiosque se colocam ao SecretariadoNacional das ComunicaçõesSociais (SNCS) da Igreja Católicaem Portugal. Para o cónego JoãoAguiar, a Igreja tem de saber «oque quer dizer à sociedade» epromover parcerias entre osdiversos meios de comunicaçãode informação religiosa.

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Bento XVI publicou hoje a suamensagem para o 47º Dia Mundialdas Comunicações Sociais,dedicada ao tema «Redes Sociais:portais de Verdade e de Fé, novosespaços de evangelização». Numaentrevista ao semanário digitalECCLESIA, o diretor doSecretariado Nacional dasComunicações Sociais destaca aatenção que o atual Papa temdedicado aos novos media.Para o cónego João Aguiar, a Igrejatem de saber «o que quer dizer àsociedade» e promover parceriasentre os diversos meios decomunicação de informaçãoreligiosa. Agência ECCLESIA (AE) - Nosúltimos anos o público temconhecido uma informação religiosacom a marca Ecclesia, presente natelevisão, na rádio e também naInternet. Que percurso tem sidoeste feito pela Igreja nos conteúdosreligiosos?Cónego João Aguiar (JA) - É umpercurso de permanenteatualização. Atenta, em primeirolugar, à necessidade de evangelizaratravés dos media, sem perder devista a missão fundamental de osevangelizar

e, depois, comunicar Jesus Cristonas diversas plataformas, atravésda mensagem escrita, da mensagemaudiovisual e hoje, presente nonovo continente digital. AE - Numa adequação aos novostempos?JA - Precisamente, percebendo quea Internet é um continente novo,habitada por milhões de pessoas eque a obrigação de levar a todosuma pessoa, que é a mensagem daIgreja, urge e, por isso, estamos aí.Não por moda mas pelanecessidade de levar a mensagem aesses espaços, nesse modo de sere de estar. AE - Importa estabelecer parceriaspara otimizar a comunicação?JA - Precisamente. Há necessidadede congregar pessoas na formação,partilhar conteúdos e estruturas.Não quero ser ofensivo, mas pareceque muitos teimam ainda ir à caçacom o seu galgo ou dar tirosisoladamente. Os tiros podem fazermuito barulho, mas o alvo pode serfraco. Precisamos aprender a vivermais em comunhão neste momento.

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AE - Trata-se de comunicar dediferentes formas, na televisão, narádio, no portal da agência e, maisrecentemente no semanário digital?JA - Trata-se de dizer a verdade desempre, a pessoa de sempre, nasdiversas linguagens e plataformas.A Agência ECCLESIA tem-no feitobem.Eu tenho a experiência de ano emeio de convívio com os bonsprofissionais da Ecclesia. Duranteeste tempo fomos fazendo aevolução para as novas plataformasque o consumidor de hoje exige, ouseja, ter tudo agora e no meio queestá mais à mão.A própria Agência está em processode restruturação para que possaoferecer os conteúdos naslinguagens dos seus“consumidores”. AE - Restruturação que se estendeà presença da Igreja Católica nosmedia?JA - Decorrem num momentoparticularmente difícil. É precisofazer de forma diferente, habituar osprofissionais à linguagem, “saberque Deus não é googlável”(afirmação do jesuíta AntónioSpadaro, diretor da revista «CiviltàCattolica», ndr), mas há que estarna Internet, com a

linguagem digital, sem abandonar ospúblicos tradicionais. AE - E a Igreja está preparada parainvestir na comunicação?JA - Tem feito um esforço deatualização nas linguagens, nossuportes, num esforço assinaláveltem investido na formação, até nosseus agentes de pastoral. Não seise está a meio do caminho ou aindano princípio, mas é um esforçoassinalável. Tenho esperança queeste processo vá continuar e,sobretudo, sublinho a necessidadede continuar a fazê-lo. AE - Estando há um ano e meio aacompanhar a Ecclesia, que projetotem para o Secretariado nacionaldas Comunicações Sociais?JA - A comunicação depara-se comdois grandes desafios: editorial e desustentabilidade. O desafio editorialpara a Igreja em Portugal implicaexplicar o que é que a médio elongo prazo quer dizer à sociedadeonde está incarnada, através deque linguagem e de que meios. Esteé um desafio editorial que para nóstem ainda outro componente.

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A secularização galopante do nossotempo não torna apetecíveis osconteúdos que propomos. Há umaerosão e dificuldades que noscolocam ainda outro desafio que serelaciona com a renovação dospúblicos. Temos uma imprensa deinspiração cristã voltada paraleitores mais idosos e tradicionais,sendo por isso necessário que nalinguagem e nos conteúdos que onosso tempo faz se vá conquistandopúblicos mais jovens. E não apenasos que estão dentro da Igreja, masos outros da Igreja que são todos.

Fazer uma proposta a todos, obriga-nos a estar mais abertos, maisplurais, fiéis mas menos fechados.Por outro lado, o desafio dasustentabilidade. Vivemos uma criseeconómico-financeira grave quetambém se abate sobre os meios decomunicação social, sobre a própriaimprensa que é o meio que emmuitas dioceses e paróquias aindadomina. Conhecemos a crise domundo gráfico e podemos estarperante a crise do jornal impresso.Para além da crise financeira temoainda uma crise de comunhão.

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AE - Nos últimos anos o Papa temmostrado uma atenção particularaos novos media e tecnologias, aosbloguistas e recentemente abriuuma conta no twitter. Que percursoé este feito por Bento XVI?JA - Desde 2009 que encontramosestes temas: Novas tecnologias,novas relações; em 2010 o Papapropôs o sacerdote e a pastoral nomundo digital; em 2011 centrou-sena verdade, anúncio e autenticidadede vida na era digital. No anopassado, em 2012 a perspetivaapresentada foi do silêncio e dapalavra como caminho deevangelização. Este ano o Papaalude às redes sociais e aos portaisde verdade e de fé.Ainda não li a mensagem mas não édifícil adivinhar que não estarálonge da insistência do uso daInternet, não apenas como um meiode evangelização mas como umambiente onde o homem hoje vive,que muda também a sua forma deexpressão.Há um novo homem e mulher. Nãoestamos a falar de técnicas e de

instrumentos mas de uma realidadeantropológica sobre a qualprecisaremos de meditar. AE - Trata-se de uma redefiniçãonos espaços de evangelização?Sem perder o conteúdofundamental para o qual o Papaaponta?JA - Trata-se de pedir que hajamissionários neste mundo digital.São necessários missionáriosdigitais, não apenas apaixonadospela tecnologia e ao serviço, mascapazes de colocar alma na Internet.Hoje vamos ao Google eencontramos tudo à distância deuma palavra. Se fizermos umaprocura com a palavra Deus nãopodemos esquecer que a fé é oencontro pessoal com Jesus Cristo enão uma coisa que aparece no ecrãdo computador.

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AE - A Conferência EpiscopalPortuguesa desenvolve o projeto«Repensar juntos a Pastoral daIgreja». Que espaço ocupa acomunicação social neste repensara pastoral?JA - Deve ocupar um espaçoessencial, não como uma pastoral àparte mas estando presente emtodas as

pastorais. O monsenhor Celli, onosso patrão ideológico (presidentedo Conselho Pontifício para asComunicações Sociais, ndr), diz quese a Igreja não comunica não éaquilo que é. É este veículo decomunicação a sua vocação tendocomo finalidade provocar acomunhão.

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Django LibertadoPassam 30 anos desde que QuentinTarantino encetou a sua carreira derealizador. E quem tenha visto ‘MyBest Friend’s Birthday’, sua primeiraobra (curta), com as limitações deum iniciado, depressa seaperceberia do olhar peculiar sobreas pessoas que somos, a forma deas expressar no cinema e de tirarpartido das suas potencialidades.Pequena amostra, a que chamousua ‘escola de cinema’ dumpotencial que se revelaria não peloacademismo mas pela culturapopular, com cunho próprio.A partir de ‘Cães Danados’ (1992) ede ‘Pulp Fiction’ (1994) já não sedissocia o nome de Tarantino daironia crua, da violênciadesconcertante por ser simultanea eexplicitamente inaudita

e, no entanto, estranhamentecómica, o que a destaca darealidade – sem significar que alegitime.‘Django Libertado’, o ansiado filmeque agora estreia, poderia ser sóuma homenagem ao westernamericano e ao ‘Django’ de SergioCorbucci (1966), mas é evidentemente muito maisque isso: uma reinterpretação daquestão da escravatura e de umOeste Selvagem que sem grandespretensões intelectuais ou filosóficasnão deixa de desbravar vastoterreno sobre a condição humana, aliberdade interior, o valor da vida e,inerente a este, o do amor e daamizade como cumprimento, ou não,desse ‘estar ou ser vivo’.Django é um escravo negroseparado

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da sua mulher que acaba resgatadopor um caçador de prémios, Dr.Schulz, um americano de origemalemã, amante da literatura. Unidospor objetivos que se encontram,sendo o de Django a libertação damulher que ama e o de Schulz umprémio avultado pelos corpos, vivosou mortos, de um gangue, os doishomens seguem rumo ao Mississipi.No caminho, ganham a amizade e orespeito mútuo, numa cumplicidadeque lhes pode custar a vida.Porventura um dos seus filmes maislineares, Tarantino escusa aqui as‘deambulações’ (nunca inúteis) pordiversos caminhos e personagens,centrando nacumplicidade

de dois homens questõessuficientes para nos despertar atodos e, sobretudo, uma sociedadeamericana de uma aparente‘dormência’ sobre temas quepoderiam parecer letargicamenterepousados nos antigos westerns.E, no entanto, continuam latentes:racismo, o reconhecimento daliberdade individual e coletiva,respeito pelo outro...Um argumento inteligente, diálogosúnicos, magnificamente filmado einterpretado e servido por umaeclética e pertinente banda sonora,eis um acutilante olhar sobre ‘osvivos e os mortos’ que somos ondea crueza de algumas sequênciasnada tem de gratuito.

Margarida Ataíde

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Movimento ecuménico Jovem online Ecumenismojovem.org

Estando a Igreja a viver a semana de Oração pelaUnidade dos Cristãos, desta feita propomos umolhar atento ao sítio do Movimento EcuménicoJovem. Este espaço virtual, “organizado peloFórum Ecuménico Jovem, reflecte o entendimentocrescente entre os representantes dosdepartamentos da juventude das Igrejas CatólicaRomana, Lusitana, Metodista e Presbiteriana, quetêm vindo a reunir-se regularmente desde 1998”.Tendo como principal e importante objetivo a“descoberta e o aprofundamento dorelacionamento ecuménico”.Logo na página inicial, além do habitual menucom as diversas opções, dispomos de algunsdestaques relacionados com a temáticaecuménica. Nomeadamente encontramos ossubsídios referentes a esta semana, que este anoestão inspirados na passagem do profetaMiqueias (cf. 6-8) que lança a questão "O queDeus exige de nós". De referir que a presença deobjectos multimédia é constante, o queproporciona um ambiente bastante mais interativoe atrativo.Na opção “notícias”, os artigos sobre o fórumecuménico jovem, bem como alguns textos sobreecumenismo, são uma presença efetiva.No item “lista de documentos”, dispomos de umalistagem de escritos sobre ecumenismo (cartazes,folhetos de apresentação, mensagens, roteiros,etc.).

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Em “galeria”, podemos aceder àsvárias fotografias do grande eventoanual deste movimento, que ocorreem outubro, denominado “FórumEcuménico Jovem”.Caso pretenda mais informaçõesacerca das diferentes Igrejas quecompõem esta organização, bastaaceder à opção “contactos”, ondedispõe do endereço postal, docorreio electrónico e ainda dapágina na internet.Por último, sublinhamos somenteque pode escutar o CD musicalecuménico -“Encontrarei o TeuOlhar”, numa ferramenta própriapara o efeito. Conforme referem osseus autores, “este CD nasce desta

procura no sentido de discernir oscaminhos possíveis da reconciliaçãoe daconstrução da unidade. Sendo amúsica uma linguagem comum deexpressão da fé, esta é uma formade partilharmos composições dasdiferentes denominações cristãs aque pertencemos e um desafio aacolher os diferentes modos decantarmos a fé num único Senhor”.Aqui fica então a sugestão para quevisitem este espaço, tendo em contaque, com este pequeno gesto nospodemos unir e aproximar nestasemana tão rica e importante paratodas as Igrejas Cristãs.

Fernando Cassola Marques

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Para celebrar com crianças – Ano C Durante o ano C, a comunidadecristã lê, escuta e medita oEvangelho de Lucas. É pelo seuolhar que acompanhamos Jesus àmedida que Ele se aproxima deJerusalém.Os relatos deste médico, que nãopertenceu ao grupo dos apóstolos,caracterizam-se pela alegria - sercrente é abandonar-se com júbilo econfiança ao amor de Deus – e pelamisericórdia: Deus é pai queperdoa, pastor que procura aovelha perdida, taumaturgo que seaproxima dos que sofrem, profetaque proclama o perdão gratuito.Estas e outras notas distintivas doEvangelho de Lucas são valorizadasnas propostas contidas no livro“Para celebrar com crianças – anoC”. Mais do que fornecer guiões“pronto-a-usar”, este recursoapresenta às equipas litúrgicascinco ‘apartados’ que enquadram oEvangelho de cada Domingo.1. Breve comentário aoEvangelho (ideias-chave a para apreparação da homilia); 2. Símbolo(para tornar

visível e percetível o que dizem asleituras); 3. Sabias que…(curiosidades bíblicas e informaçõescomplementares ao Evangelho); 4.Oração (para meditar a liturgia eser usada em qualquer momento dacelebração); 5. Desenho (ilustraçãoalusiva ao Evangelho). Com estes recursos, a celebraçãoda Palavra torna-se mais fácil eprofunda, sobretudo se contar coma presença de crianças. Maissensíveis aos estímulos visuais, elasprecisam de ser envolvidas nanarrativa da liturgia para celebraremde forma ativa e participativa.

Para celebrarcom crianças –ano CJosé JoaquínGómez PaláciosEdições Salesianas172 pps.8,10€

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Revista «O teu espaço»

A Fundação Secretariado Nacional da EducaçãoCristã (SNEC) publica a revista online “O teu espaço”,com conteúdos direcionados para crianças e jovens. Ainiciativa liga-se ao projeto Educris e à sua plataformade apoio nas três grandes áreas da educação cristã:Catequese, EMRC e Escolas Católicas.A página disponibiliza vídeos, fotos e textosrelacionados com temáticas religiosas e juvenis, sendoainda adicionadas crónicas, artigos sobre música,criticas a livros e a filmes, cartoons e sugestões desites.

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Uma carta do cardeal ManuelGonçalves Cerejeira aos jornalistas

A propósito da festa de São Francisco de Sales(padroeiro dos jornalistas), o cardeal-patriarca deLisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, escreveu, a24 de janeiro de 1963, uma mensagem sobre a «Dialética do II Concílio do Vaticano e o mundo dehoje» onde referia que “aqueles que se comprazem nopróprio espírito, como narcisos, diante do espelho, emadoração própria, não lograrão entrar no tesoiroescondido da alma do concílio, como da Igreja».Na sua mensagem aos jornalistas e intelectuaiscatólicos, o patriarca de Lisboa sublinhava que oconcílio convocado pelo Papa João XXIII pretendiamostrar ao mundo o “verdadeiro rosto da igreja” e nãoseria um acontecimento para “condenar os erros, aliásjá condenados, que reverdecem sempre do troncovelho, mas não morto” (In: Boletim da A.C.P, número346, pág. 285).Nas suas considerações aos jornalistas sobre a figurade São Francisco de Sales – “o santo de integralcultura cristã” - D. Manuel Gonçalves Cerejeira, umdos padres conciliares, pedia cautela com “a névoaindecisa dos ismos” porque “importa sacudir o pó dahistória, deixando o que está morto”.Ainda no domínio dos apelos, o cardeal-patriarcaacrescentava que era fundamental “abandonar umapastoral antiquada, estática, extremamente apoiada eprotegida, servida por

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uma massa de minores” e “criar umamentalidade para os tempos novos”.Em relação à situação dos cristãos,o padre conciliar português alertouos católicos a estarem “no mundo ecom o mundo como realidade cristãeficaz”. O testemunho destes é “luzna noite do materialismo dominante”.Ao fazer referência aosacontecimentos do século XX e àsteorias dominantes, D. ManuelGonçalves Cerejeira reconheceuque se estava a assistir “àliquidação duma grande épocahistórica, a mística Cristandade,para entrar noutra, cremos, (sabeDeus através de queacontecimentos apocalípticos)noutra maior: mais humana, maiscristã”. No seu texto, o bispo deLisboa refere também que desta“grandiosa tragédia, ou melhor,desta imensa crise do crescimentoprovidencial do mundo, a Igreja saiucom um rosto mais religioso, maispuro e mais luminoso”.Ao olhar para o passado, o cardeal-patriarca de Lisboa admitia aexistência de “alguma poeira dosséculos «nas estruturas, nocomportamento e até naespiritualidade da Igreja»”. Noentanto, “quando se grita por essemundo fora

contra o triunfalismo, o clericalismo,o institucionalismo, o autoritarismo,o marianismo, o papalismo”, oprelado questionava: “[São]Inevitáveis defeitos humanos dosmembros da Igreja, ou de defeitosestruturais da própria Igreja?”.Perante estas realidades, D. ManuelGonçalves Cerejeira afirmava aosjornalistas e escritores católicos queera necessária uma nova pedagogiapastoral: séria, formação pessoal,capacidade e possibilidade dedecisão, risco de responsabilidade,como tem tentado a Ação Católica”.

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Começar o concílio em casa de um pastoranglicano

O II Concílio do Vaticano continua a colocar “muitosdesafios a toda a Igreja” disse à Agência ECCLESIAo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas. Ao falarconcretamente dos consagrados, o bispo doAlgarve pede aos institutos de vida religiosa que se“identifiquem com Cristo” para anunciar oevangelho.Sendo membro da Congregação dos Sacerdotes doCoração de Jesus (Dehonianos), D. Manuel Quintasrecorda a educação que teve antes da assembleiamagna convocada pelo Papa João XXIII. “Era umaeducação própria daquele tempo, sem quererformular qualquer juízo de valor” porque “daqui a 50anos também dirão o mesmo da educação de hoje”.Inaugurado a 11 de outubro de 1962, o II Concíliodo Vaticano reflete “essa mudança”, mas “oimportante é – em cada tempo - saber ler osaspetos positivos”.O atual bispo do Algarve, natural de Mazouco,Freixo de Espada a Cinta, (Diocese de Bragança-Miranda) entrou para o seminário em 1960 erecorda “perfeitamente” a abertura do concílio.“Naquela altura não existia televisão nosseminários”, mas – estava no Porto – “viu aabertura [do concílio] na televisão de uma famíliavizinha, por sinal um pastor anglicano”.Nascido em 1949, D. Manuel Quintas recorre à suamemória e relata que “quando o Papa Paulo VI foi àTerra Santa – penso que foi a primeira viagem queele fez ao estrangeiro – uma das famílias vizinhasemprestou uma televisão ao seminário”.

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Os responsáveis da instituição daCongregação dos Sacerdotes doCoração de Jesus souberam“encontrar resposta para que osseminaristas pudessem acompanharmomentos decisivos para a vida daIgreja”.Nos tempos que correm, segundo aspalavras do prelado algarvio, oscristãos “ainda estão a usufruir eprocurar escavar a riqueza que oconcílio ainda constitui para a Igreja”.

EcumenismoO Concílio Vaticano II, com apresença de observadores dasIgrejas separadas e a publicaçãode documentos como aConstituição Dei Verbum e oDecreto Unitatis redintegratio,imprimiu novo dinamismo aomovimento ecuménico. Para issotambém contribuíram osnumerosos encontros dos Papaacom chefes das Igrejas separadas.Cf. Enciclopédia Católica Popular

Com pouco mais de dez anosquando se deu a abertura do IIConcílio do Vaticano, D. ManuelQuintas – recebeu a ordenação aepiscopal a 03 de setembro de2000, na antiga Sé de Silves(Algarve) não tinha a perceção dagrandiosidade do acontecimento.“Na minha adolescência não tinhaessa visão”. Só, posteriormente, oprelado algarvio percebeu “o queera essa leitura nova dos sinais dostempos e essa abertura da janela”.Ordenado padre em 1977, D.Manuel Quintas fez uma experiênciamissionária em Moçambique antesde receber o sacramento da Ordem.Segundo as normas dacongregação (Dehonianos), osalunos interrompem os estudosdurante dois anos e fazem umaexperiência missionária. Nesse país– através do contacto com osmissionários – viu “a grandemudança e revolução que severificou, sobretudo no campo daliturgia”. E acrescenta: “Podercelebrar a Eucaristia nas línguasnativas”.“Um avanço e incremento muitogrande na evangelização”, concluiD. Manuel Quintas.

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Janeiro 2013

Dia 25 - Sexta-feira25 e 26 - Fátima - Hotel SantoAmaro - Encontro nacional dapastoral penitenciária sobre«Direitos humanos e sistemaprisional»25 a 27 - Fátima - Seminário doVerbo Divino - Fórum de EducaçãoMoral e Religiosa Católica sobre«Descobrir a solidez da fé:Testemunho e missão do professorde EMRC»25 a 27 - Fátima - Casa de NossaSenhora das Dores - IX Encontro deResponsáveis da PastoralVocacional dos Institutos da VidaConsagrada sobre «Comunicar paraprovocar o encontro - As novaslinguagens e o dinamismovocacional da fé».

Dia 26 - ábado26 - Porto - Biblioteca AlmeidaGarret (10h00m) - Colóquio sobre«Sustentação estrutural e financeirado SNS» organizado pelo núcleodiocesano do Porto da Associaçãodos Médicos Católicos Portugueses.26 - Lisboa - Estoril (Auditório daSenhora Boa Nova) - Ciclo deConcertos Explicados às Famílias«Ensemble de Madeiras de PedroCastro - Um Sopro de Barroco»26 - Lisboa - Convento de SãoDomingos de Lisboa - Conferênciasobre «A formação dos credos» porfrei José Manuel Fernandes eintegrada no ciclo «As linguagensda Fé».26 - Santarém - Dia diocesano docatequista.26 - Portalegre - Casa de MemSoares - Conselho Pastoraldiocesano.26 - Algarve - Centro Paroquial eSocial de Loulé - Dia diocesano docatequista sobre «O Catecismo daIgreja Católica na pastoralordinária».

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26 - Aveiro - Sé - Apresentação donovo livro «Salmos Responsoriais»,da autoria de João Gamboa, e deum duplo CD referente a «Cânticospara a Liturgia», do mesmo autor.26 - Lisboa - Oratório SãoJoséMaria(17h30) - Conferência sobre «SantaIsabel de Portugal» pelo historiadorLuis Adão da Fonseca.26 - Braga - Famalicão - Encontroarciprestal de catequistas sobre«Catequista, reacende a chama dafé».26 e 27 - Lisboa - Teatro daCornucópia - Sessão do ciclo «ONome de Deus» com a leitura, porLuis Miguel Cintra, de «DuasCartas», do francês Paul Claudel(1868-1955).

Dia 27 - Domingo27 - Dia Mundial dos Leprosos.27 - Lamego - Meda (átrio da casada cultura) - Inauguração daexposição sobre «Os documentosdo II Concílio do Vaticano e doCatecismo da Igreja Católica» por D.António Couto.

27 - Funchal - Auditório da Reitoriada Universidade da Madeira-Lançamento do livro «Visita daImagem de Nossa Senhora deFátima à Diocese do Funchal».27 - Guarda - Sabugal - O bispo daGuarda, D. Manuel Felício, presideà jornada arciprestal da fé.27 - Setúbal - Almada (Seminário) -Encontro diocesano dos ConselhosParoquiais para os assuntoseconómicos.27 - Setúbal - Charneca daCaparica - Início da semanaparoquial da fé.27 - Leiria - Sé - D. António Martoencontra-se com os catecúmenosadultos da diocese de Leiria-Fátimaque vão receber o batismo napróxima vigília pascal.27 a 03 de fevereiro - Semana doConsagrado(Mensagem da Comissão Episcopaldas Vocações e Ministérios)

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Ano C – 3.º domingo do TempoComum

A Palavra deDeus alegra etransforma ocoração

A Palavra de Deus, acolhida e celebrada, meditada evivida, está no centro das longas leituras bíblicasdeste terceiro domingo do tempo comum. Ela é ocentro à volta do qual se constrói a experiência cristã,um anúncio libertador que Deus dirige a todos oshomens e que incarna em Jesus e nos cristãos.O Evangelho apresenta Cristo como a Palavra que sefaz pessoa no meio dos homens, a fim de levar alibertação e a esperança às vítimas da opressão, dosofrimento e da miséria. A comunidade de Jesus sópode ser uma comunidade que anuncia ao mundoessa Palavra libertadora.Na segunda leitura, Paulo fala dos dons, ou carismas,de Deus que são para repartir e pôr ao serviço dobem comum. Os dons indicados em primeiro lugar(apóstolos, profetas, doutores) dizem respeito àPalavra, ao anúncio da Boa Nova. A Igreja, corpo deCristo, nasce e alimenta-se da Palavra. Diante daPalavra criadora e vivificadora que Deus dirige àcomunidade, tudo o resto passa para segundo plano.A primeira leitura exemplifica como a Palavra deveestar no centro da vida comunitária e como ela, umavez proclamada, é geradora de alegria e de festa.Vale a pena reler e meditar a descrição desta grandeassembleia do Povo de Deus presidida pelo sacerdoteEsdras à volta da Palavra.Todos são convocados, a Palavra de Deus dirige-se a

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Basílica da Santíssima Trindade, Pormenor dos Painéis de vidro, de Kerry JoeKelly (Canadá) © Santuário de Fátima

todos sem exceção, a todosinterpela e questiona. Ospormenores da cena concorrempara o respeito e veneração daPalavra, que está no centro e ocupalugar especial na vida dacomunidade. O modo como aPalavra é proclamada e explicadaindica-nos como deve processar-seuma verdadeira celebração daPalavra. Diz que «os levitas liam,clara e distintamente, o Livro da Leide Deus e explicavam o seu sentido,de maneira que se pudessecompreender a leitura». O Povodeixa-se interpelar, em atitude deconversão e transformação de vida.E tudo termina numa grande festa: odia consagrado ao Senhor é um diade alegria e de

festa para a comunidade que sealimentou da Palavra.É isso que acontece nas nossasvidas e comunidades, ao escutar aPalavra de Deus?Muito caminho de renovação háainda a percorrer, para que aPalavra do Senhor seja espírito evida, reconforte a alma, sejasabedoria, alegre o coração, ilumineos olhos, permaneça eternamenteem nós.Estas são palavras do Salmo 18 dehoje, que devemos continuar a rezarao longo da semana, para que aPalavra de Deus nos alegre, nosilumine e nos transforme.

Manuel Barbosawww.dehonianos.org

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Relatório do FMI sobre a reforma doEstado: Sobre como pensar mal essareforma

Américo M. S. CarvalhoMendesCoordenador da Área deEconomia Social daUCP/Porto

O relatório do FMI com o título “Repensar oEstado – Opções selecionadas de reforma dadespesa” enferma de um erro que se tem vindo acometer nas nossas políticas públicas não só nasúltimas décadas, mas há muito tempo: desenharno papel um país que se deseja, com metasirrealistas e depois pensar que se chega darealidade atual a esse país desejado pordecreto.Em tempos recentes, não só no setor público,mas também no privado, fizeram-se muitosdesenhos destes, seguidos de investimentos queos concretizaram, esperando-se que iria haverpaís para utilizar de forma plena a capacidadeassim instalada. Isso deu no que jásabemos: infraestruturas públicas subutilizadas einvestimentos no setor privado que foram, ouestão em risco de ir à falência, por vezes depoisde terem consumido valores elevados deincentivos públicos.O relatório do FMI é um exercício do género doatrás referido, mas a pender para o extremooposto. Agora parte-se de uma determinadameta de redução na despesa pública tomadacomo um dado exógeno na análise e desenha-seno papel um país suficientemente pequeno paracaber lá dentro, como se isso se pudesse fazerprincipalmente por decretos de uma governaçãosábia.

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Tal estratégia também vai darasneira. O país não cresce, nemencolhe por decretos queestabelecem metas desfasadas dasua realidade, realidade essa que éfeita de uma coisa chamada …pessoas, mais as instituições queestas foram construindo ao longodos séculos.Se se pensa que essas pessoas einstituições se vão ajustar ao que orelatório propõe, então está-selonge da realidade. Se se pretendeque a redução na despesa públicaassente quase exclusivamente nadiminuição do número defuncionários públicos com recursoao despedimento e na redução derendimentos que o Estadocontratualizou com eles e comoutros

cidadãos, estão está-se longe darealidade, uma vez que essadespesa tem outras componentes ehá muitos ganhos de eficiência nadespesa pública que não passampor aí e que o relatório não analisacomo deve ser. Se se pensa que semelhora a equidade e a coesãosocial com cortes nas despesassociais na escala e no ritmo deimplementação que o relatóriopropõe, também se está longe darealidade porque as consequênciasprováveis serão o oposto disso.Chega de muitos anos de políticaspúblicas desenhadas para um paísque não temos e que a grandemaioria da população não deseja tere, por isso, vai acabar por rejeitar.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00Transmissão damissa

11h00 - Transmissãoda missa da igrejaparoquial de S. Joséde Algueirão (Sintra)12h15 - 8º Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 27 - Proteger as crianças em tempo decrise.

RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 28 - Entrevista a Frei FilipeRodrigues: Vida Consagrada.Terça-feira, dia 29 - Informação e rubrica sobre os 50anos do Concílio Vaticano II com o padre António VazPintoQuarta-feira, dia 30 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja com padre José ManuelPereira de AlmeidaSexta-feira, dia 01 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre Robson Cruz e Juan Ambrosio Antena 1Domingo, dia 27, 06h00 - Centros Universitários: Igrejae estudantes unidos.Segunda a sexta-feira, 22h45 - Ano da Fé e Cultura:experiências e projetos.

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Mali: Milhares fogem do terror

Primeiro, rebeldes islamitas, muitos deles ligadosà Al-Qaeda, ocuparam o norte do Mali eimpuseram a lei islâmica, havendo vários relatosde gravíssimas violações dos Direitos Humanos.Depois, para impedir o avanço rumo à capital,chegaram tropas francesas. No meio disto estãoos cristãos, muitos deles em fuga, temendo osdias de amanhã.Um relatório sobre o Mali divulgado na últimasexta-feira, em Genebra, por Rupert Colville (doConselho dos Direitos Humanos da ONU),denuncia a existência de várias violações deDireitos Humanos, incluindo assassinato etortura.O documento, que faz eco de uma missão quevisitou este país africano em novembro, dá contaque estes atos foram cometidos tanto no nortedo Mali, controlado por rebeldes islamitas, comona área controlada pelo Governo, a sul. Noentanto, é no norte do país que se verificam oscasos mais graves.O Alto Comissariado da ONU para Refugiadosanunciou também no final da última semana queestá a reforçar as suas equipas na região,havendo o propósito de ajudar cerca de 300 mildeslocados internos e cerca de 400 mil civis quepoderão pedir refúgio em países vizinhos, comoo Burkina Fasso e a Mauritânia.

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© DR

Também a Igreja Católica está aseguir com muita preocupação aevolução dos acontecimentos,sendo que a prioridade é dar apoioàs populações deslocadas.A Conferência Episcopal do Malireuniu esta semana para conseguirno terreno uma mais eficazcoordenação dos esforços da ajudahumanitária, especialmente naregião de Mopti. Em outubro do anopassado, o padre Laurent Balas,missionário dos Padres Brancos,que tinha passado cerca de seisanos na cidade de Gao, no nortedeste país africano, afirmou, em

declarações à Fundação AIS, que“os cristãos foram obrigados a fugirdo norte do Mali".O Mali tem cerca de 15 milhões dehabitantes e praticamente 90 % dasua população é muçulmana, emcontraste com apenas 10 % decristãos. Em 2012 a Fundação AISapoio com 160 000 euros váriosprojetos no Mali e está a prepararuma ajuda de emergência para osrefugiados da Diocese de Mopti, nocentro do país, para onde fugirammilhares de pessoas. Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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Um modoparticularmentesignificativo de dartestemunho é avontade de se doara si mesmo aosoutros através dadisponibilidadepara se deixarenvolver,pacientementee com respeito,nas suas questõese nas suas dúvidasMensagem de Bento XVIpara o 47.º Dia Mundialdas Comunicações Sociais

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