rede privada após 5 meses de aulas remotas, liberação do

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Campo Grande-MS | Sábado, 5 de setembro de 2020 A5 CIDADES Rede privada Efeito da COVID ‘Animal Comunitário’ Mães contaram que período gerou estresse nas crianças por ficar tanto tempo dentro das residências Após 5 meses de aulas remotas, liberação do modo presencial é aprovada por pais Apesar de autorização do Estado, nem todos os hospitais vão retomar cirurgias eletivas ONGs temem que nova lei incentive abandono de animais Apesar das suspensões, Santa Casa chegou a fazer alguns procedimentos em pacientes que tiveram agravamento de quadro Desde suspensão de aulas, em março, crianças estão aprendendo de forma remota Arquivo pessoal Divulgação/Santa Casa A SES (Secretaria de Estado de Saúde) e a Semed (Secretaria Municipal de Educação) decidiram que as aulas na REE (Rede Estadual de Ensino) e na Reme (Rede Municipal de Ensino), previstas para retornar na próxima terça-feira (8), serão adiadas para 8 de outubro. O adiamento já havia sido comunicado anteriormente, mas a oficialização vai ocorrer na próxima semana. No começo de outubro, uma nova avaliação será feita para definir se o retorno presencial será feito, levando em conta as taxas de internações hospitalares e a progressão da COVID-19 em Mato Grosso do Sul. Rede pública Mariana Moreira O aval para que escolas privadas de Campo Grande possam retornar com o modo presencial é uma tranqui- lidade para muitos pais de alunos. O acordo firmado entre prefeitura, representantes das escolas particulares e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) prevê que as aulas da Educação Infantil sejam retomadas, dando auto- nomia aos pais para decidirem se enviam ou não as crianças à escola. Campo Grande conta com 186 escolas de ensino infantil que terão de se adaptar aos protocolos de biossegurança. O funcionamento será permitido apenas com 30% da capaci- dade total, o que deve atender cerca de 1,8 mil crianças no município, segundo a estima- tiva do secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho. A flexibilização ocorre quase seis meses após a sus- pensão das aulas presenciais, tanto nas redes públicas quanto privadas. Mãe de duas filhas – de 4 e 6 anos –, a empresária Adriana Alves Nantes, 33 anos, afirmou que as crianças estão agitadas neste período de isolamento com a falta da convivência escolar. Dependendo dos planos de biossegurança estabele- cidos, ela não vê problemas em mandar as crianças para a escola. A rotina intensa das irmãs em casa, que já tem gerado até brigas entre elas, é um dos motivos para Adriana considerar o retorno à escola. “Elas pedem para voltar para a escola. Se fosse há algum tempo atrás, eu não as levaria. Mas agora, se eu sentir que o ambiente está seguro, penso em mandá-las”, contou. Com uma filha de 3 anos, a professora Karina Lima pon- tuou que a escola em que a criança estuda já adiantou para os pais como será a retomada das atividades pre- senciais. “Eu fui ao colégio e vi o que eles estão preparando. As crianças não vão entrar de mochila, terá um tapete saniti- zante nas portas, entre outras questões”, disse. Lima comentou que, na sala da filha, apenas nove crianças permaneceram matriculadas, o que permite que apenas três crianças voltem para as aulas, conforme a decisão dos órgãos responsáveis. A profes- sora ressaltou que vai decidir pelo retorno à escola caso os pais das outras crianças não precisem mais da vaga. “A aula on-line continuará, não está defasada e eu con- sigo ajudá-la. Existem alguns pais que precisam trabalhar e mandar as crianças para o co- légio. Se for atrapalhar quem realmente precisa deixar o filho na escola, eu vou ceder a vaga da minha filha [para o retorno presencial]”, frisou. Protocolos A escola Amarelinha, lo- calizada no bairro Mata do Jacinto, já está em processo de adaptação da estrutura para se adequar aos planos de biossegurança. Conforme a administração, as carteiras vão respeitar o distanciamento exigido, apenas 30% dos alunos devem voltar e as refeições na cantina para o ensino integral não serão ofertadas mais. A decisão da prefeitura e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) estabe- leceu que os primeiros 15 dias de funcionamento serão sob vistorias para verificação do cumprimento dos protocolos de biossegurança. A publicação do decreto, que deve oficializar o retorno das aulas presenciais na rede privada, está prevista para o dia 11 de setembro, mas ainda vai depender da taxa de ocu- pação dos leitos de UTI (Uni- dade de Terapia Intensiva). A volta só será liberada, de fato, se a ocupação desses leitos estiver abaixo de 85%. Amanda Amorim As ONGs (organizações não governamentais) de proteção animal de Campo Grande temem que o pro- grama “Animal Comunitário”, sancionado nesta semana, in- centive o abandono. A lei auto- riza tutores a adotar os bichos sem retirá-los das ruas e, para isso, casinhas e comedouros serão instalados. Com a estru- tura, o medo das organizações é um aumento no número de abandono de animais. A lei complementar que cria o programa foi sancio- nada pelo prefeito Marqui- nhos Trad e publicada no Diário Oficial, na terça-feira (2). De acordo com a pre- sidente da ONG Abrigo dos Bichos, Maria Lúcia Metello, o projeto facilita o trabalho da comunidade que já tinha esse costume de ajudar os cães e gatos de rua, mas temia multas, já que antes era proi- bido alimentar sem se respon- sabilizar. “Com a criação desses lo- cais, é preciso criar um sis- tema de fiscalização, já que isso pode levar uma pessoa má intencionada a deixar os animais por lá”, pontuou. O aumento no abandono de animais é o maior medo das ONGs. Maria Lúcia aponta que, apesar de ser crime, a fiscalização não é efetiva. A organização recebe diversas denúncias e as encaminha para os órgãos responsáveis, mas dificilmente punições são aplicadas. Já a presidente da ONG Cão Feliz, Kelly Macedo, aponta que o programa incen- tiva a população a ajudar na missão de salvar os animais. Mas acredita que o primeiro passo é o controle de natali- dade para evitar a reprodução desenfreada desses animais. “Toda ajuda é importante, saber que a população pode ajudar sem medo é ótimo. É preciso colocar em prática o projeto do castramóvel para que esse número de animais nas ruas pare de crescer”, frisou. Programa Animal Comunitário A lei visa a locais que já funcionam como ponto de alimentação desses animais em áreas públicas e quer proteger os animais do frio. Com a sanção do prefeito, o programa passa para a regulamentação. No último censo produzido em 2015, cerca de 39 mil gatos se en- contravam em situação de rua no município. De acordo com a subsecre- tária do Bem-Estar Animal, Ana Cristina Camargo de Castro, não existem números atuais sobre os animais abandonados. Em diversos pontos da cidade existem pessoas que cuidam dos bi- chos. “Nós iremos trabalhar em conjunto com eles [os tu- tores]. Vamos mapear esses pontos, quem são essas pes- soas e queremos instalar be- bedouros, comedouros, para que isso seja mais saudável para os animais”, destacou. Ana destaca ainda que há maior dificuldade principal- mente em relação aos gatos. “Esses animais serão mi- crochipados, passarão a re- ceber a vacina contra a raiva e serão castrados”, explicou. Mariana Moreira A SES (Secretaria de Es- tado de Saúde) autorizou a retomada de cirurgias ele- tivas nos hospitais públicos e privados de Mato Grosso do Sul. Entretanto, a medida não será adotada de imediato por algumas instituições como o Humap (Hospital Universi- tário Maria Aparecida Pedros- sian), a Santa Casa e Unimed. A liberação foi divulgada na quarta-feira (2). As cirurgias eletivas foram suspensas em MS no dia 20 de março. A medida foi para redi- recionar os recursos humanos e fármacos para as interna- ções em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Na nova resolução, o governo do Estado considerou que as cirurgias podem ser retomadas para evitar o aumento da dor e com- plicações em pacientes que aguardam a operação. A resolução estadual prevê alguns critérios para a reto- mada dos procedimentos. As unidades devem garantir a oferta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), um número apropriado de leitos disponíveis, além da disponibi- lidade de insumos necessários para a execução de cada pro- cedimento cirúrgico. Os hospitais precisam, ainda, instituir uma comissão que vai estabelecer estraté- gias de priorização da agenda cirúrgica, levando em conta a situação local referente à pandemia de coronavírus. Apesar do aval, o Humap afirmou que os procedimentos não emergenciais seguem sus- pensos, pois a prioridade é manter a segurança dos pa- cientes e evitar a dissemi- nação de COVID-19. No HRMS (Hospital Re- gional de Mato Grosso do Sul), as cirurgias permanecem sus- pensas. A diretora-presidente, Rosana Leite de Melo, explicou que a decisão é baseada em pesquisas que apontam que a chance de um paciente morrer por complicações cirúrgicas durante a pandemia é de 40%. Rosana salientou que, de- pendendo da progressão da doença e da taxa de inter- nação em leitos de UTI (Uni- dade de Terapia Intensiva), o HRMS poderá retomar em outubro a oferta de cirurgias eletivas essenciais. Esse tipo de procedimento exige que o paciente seja operado dentro de um prazo de três a oito semanas. O Hospital da Unimed também vai manter a sus- pensão das cirurgias por en- tender que o momento não é adequado para a retomada. A unidade suspendeu os proce- dimentos desde março, reali- zando apenas urgência, emer- gência e oncológicas desde então. Já a Santa Casa afirmou que foram cancelados 664 procedimentos que estavam programados até julho de 2020. Após esse período, novos agendamentos cirúrgicos não foram feitos. No entanto, mesmo com a suspensão, o hospital fez algumas cirurgias que não estavam planejadas em pa- cientes que apresentaram agravamento do quadro clí- nico. Apenas 4% dos agenda- mentos foram cancelados na Santa Casa. De março a julho, foram realizadas 5.889 cirur- gias eletivas. O total de pro- cedimentos no período foi de 16.770, considerando os qua- dros de urgência, emergência e procedimentos eletivos. Em contrapartida, o Hos- pital El Kadri informou que, sem as cirurgias eletivas, a instituição não se sustenta e, por esta razão, as agendas para os procedimentos não emergenciais já foram reto- madas. A reportagem questionou a Cassems (Caixa de Assis- tência dos Servidores do Es- tado de Mato Grosso do Sul), mas não obteve resposta até o fechamento da edição. Impacto no Hemosul Para a coordenadora-geral da Rede Hemosul-MS, Marli Vavas, a retomada de cirurgias é preocupante por conta da dificuldade contínua na cap- tação de doadores de sangue. “O nosso estoque estratégico é calculado para cinco dias e nós não conseguimos doações suficientes para viabilizar um estoque para esse tempo, o que nos deixaria desconfortáveis para uma necessidade maior que venha a surgir”, explicou a coordenarora.

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Page 1: Rede privada Após 5 meses de aulas remotas, liberação do

Campo Grande-MS | Sábado, 5 de setembro de 2020

A5

cidadESRede privada

Efeito da COVID ‘Animal Comunitário’

Mães contaram que período gerou estresse nas crianças por ficar tanto tempo dentro das residências

Após 5 meses de aulas remotas, liberação do modo presencial é aprovada por pais

Apesar de autorização do Estado, nem todos os hospitais vão retomar cirurgias eletivas

ONGs temem que nova lei incentive abandono de animais

Apesar das suspensões, Santa Casa chegou a fazer alguns procedimentos em pacientes que tiveram agravamento de quadro

Desde suspensão de aulas, em março, crianças estão aprendendo de forma remota

Arquivo pessoal

Divulgação/Santa Casa

A SES (Secretaria de Estado de Saúde) e a Semed (Secretaria Municipal de Educação) decidiram que as aulas na REE (Rede Estadual de Ensino) e na Reme (Rede Municipal de Ensino), previstas para retornar na próxima terça-feira (8), serão adiadas para 8 de outubro. O adiamento já

havia sido comunicado anteriormente, mas a oficialização vai ocorrer na próxima semana.

No começo de outubro, uma nova avaliação será feita para definir se o retorno presencial será feito, levando em conta as taxas de internações hospitalares e a progressão da COVID-19 em Mato Grosso do Sul.

Rede pública

Mariana Moreira

O aval para que escolas privadas de Campo Grande possam retornar com o modo presencial é uma tranqui-lidade para muitos pais de alunos. O acordo firmado entre prefeitura, representantes das escolas particulares e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) prevê que as aulas da Educação Infantil sejam retomadas, dando auto-nomia aos pais para decidirem se enviam ou não as crianças à escola.

Campo Grande conta com 186 escolas de ensino infantil que terão de se adaptar aos protocolos de biossegurança. O funcionamento será permitido apenas com 30% da capaci-dade total, o que deve atender cerca de 1,8 mil crianças no município, segundo a estima-tiva do secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho.

A flexibilização ocorre quase seis meses após a sus-pensão das aulas presenciais, tanto nas redes públicas quanto privadas. Mãe de duas filhas – de 4 e 6 anos –, a empresária Adriana Alves Nantes, 33 anos, afirmou que as crianças estão agitadas neste período de isolamento com a falta da convivência escolar.

Dependendo dos planos de biossegurança estabele-cidos, ela não vê problemas em mandar as crianças para a escola. A rotina intensa das

irmãs em casa, que já tem gerado até brigas entre elas, é um dos motivos para Adriana considerar o retorno à escola.

“Elas pedem para voltar para a escola. Se fosse há algum tempo atrás, eu não as levaria. Mas agora, se eu sentir que o ambiente está seguro, penso em mandá-las”, contou.

Com uma filha de 3 anos, a professora Karina Lima pon-tuou que a escola em que a criança estuda já adiantou para os pais como será a retomada das atividades pre-senciais.

“Eu fui ao colégio e vi o que eles estão preparando. As crianças não vão entrar de mochila, terá um tapete saniti-zante nas portas, entre outras questões”, disse.

Lima comentou que, na sala da filha, apenas nove crianças permaneceram matriculadas, o que permite que apenas três crianças voltem para as aulas, conforme a decisão dos órgãos responsáveis. A profes-sora ressaltou que vai decidir pelo retorno à escola caso os pais das outras crianças não precisem mais da vaga.

“A aula on-line continuará, não está defasada e eu con-sigo ajudá-la. Existem alguns pais que precisam trabalhar e mandar as crianças para o co-légio. Se for atrapalhar quem realmente precisa deixar o filho na escola, eu vou ceder a vaga da minha filha [para o retorno presencial]”, frisou.

ProtocolosA escola Amarelinha, lo-

calizada no bairro Mata do Jacinto, já está em processo de adaptação da estrutura para se adequar aos planos de biossegurança. Conforme a administração, as carteiras vão respeitar o distanciamento exigido, apenas 30% dos alunos devem voltar e as refeições na cantina para o ensino integral não serão ofertadas mais.

A decisão da prefeitura e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) estabe-

leceu que os primeiros 15 dias de funcionamento serão sob vistorias para verificação do cumprimento dos protocolos de biossegurança.

A publicação do decreto, que deve oficializar o retorno das aulas presenciais na rede privada, está prevista para o dia 11 de setembro, mas ainda vai depender da taxa de ocu-pação dos leitos de UTI (Uni-dade de Terapia Intensiva). A volta só será liberada, de fato, se a ocupação desses leitos estiver abaixo de 85%.

Amanda Amorim

As ONGs (organizações não governamentais) de proteção animal de Campo Grande temem que o pro-grama “Animal Comunitário”, sancionado nesta semana, in-centive o abandono. A lei auto-riza tutores a adotar os bichos sem retirá-los das ruas e, para isso, casinhas e comedouros serão instalados. Com a estru-tura, o medo das organizações é um aumento no número de abandono de animais.

A lei complementar que cria o programa foi sancio-nada pelo prefeito Marqui-nhos Trad e publicada no Diário Oficial, na terça-feira (2). De acordo com a pre-sidente da ONG Abrigo dos Bichos, Maria Lúcia Metello, o projeto facilita o trabalho da comunidade que já tinha esse costume de ajudar os cães e gatos de rua, mas temia multas, já que antes era proi-bido alimentar sem se respon-sabilizar.

“Com a criação desses lo-cais, é preciso criar um sis-tema de fiscalização, já que isso pode levar uma pessoa má intencionada a deixar os animais por lá”, pontuou.

O aumento no abandono de animais é o maior medo das ONGs. Maria Lúcia aponta que, apesar de ser crime, a fiscalização não é efetiva. A organização recebe diversas denúncias e as encaminha para os órgãos responsáveis, mas dificilmente punições são aplicadas.

Já a presidente da ONG Cão Feliz, Kelly Macedo, aponta que o programa incen-tiva a população a ajudar na

missão de salvar os animais. Mas acredita que o primeiro passo é o controle de natali-dade para evitar a reprodução desenfreada desses animais.

“Toda ajuda é importante, saber que a população pode ajudar sem medo é ótimo. É preciso colocar em prática o projeto do castramóvel para que esse número de animais nas ruas pare de crescer”, frisou.

Programa Animal ComunitárioA lei visa a locais que já

funcionam como ponto de alimentação desses animais em áreas públicas e quer proteger os animais do frio.

Com a sanção do prefeito, o programa passa para a regulamentação. No último censo produzido em 2015, cerca de 39 mil gatos se en-contravam em situação de rua no município.

De acordo com a subsecre-tária do Bem-Estar Animal, Ana Cristina Camargo de Castro, não existem números atuais sobre os animais abandonados. Em diversos pontos da cidade existem pessoas que cuidam dos bi-chos.

“Nós iremos trabalhar em conjunto com eles [os tu-tores]. Vamos mapear esses pontos, quem são essas pes-soas e queremos instalar be-bedouros, comedouros, para que isso seja mais saudável para os animais”, destacou.

Ana destaca ainda que há maior dificuldade principal-mente em relação aos gatos.

“Esses animais serão mi-crochipados, passarão a re-ceber a vacina contra a raiva e serão castrados”, explicou.

Mariana Moreira

A SES (Secretaria de Es-tado de Saúde) autorizou a retomada de cirurgias ele-tivas nos hospitais públicos e privados de Mato Grosso do Sul. Entretanto, a medida não será adotada de imediato por algumas instituições como o Humap (Hospital Universi-tário Maria Aparecida Pedros-sian), a Santa Casa e Unimed. A liberação foi divulgada na quarta-feira (2).

As cirurgias eletivas foram suspensas em MS no dia 20 de março. A medida foi para redi-recionar os recursos humanos e fármacos para as interna-ções em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Na nova resolução, o governo do Estado considerou que as cirurgias podem ser retomadas para evitar o aumento da dor e com-plicações em pacientes que aguardam a operação.

A resolução estadual prevê alguns critérios para a reto-mada dos procedimentos. As unidades devem garantir a oferta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), um número apropriado de leitos disponíveis, além da disponibi-lidade de insumos necessários para a execução de cada pro-cedimento cirúrgico.

Os hospitais precisam, ainda, instituir uma comissão que vai estabelecer estraté-gias de priorização da agenda cirúrgica, levando em conta a situação local referente à pandemia de coronavírus.

Apesar do aval, o Humap afirmou que os procedimentos não emergenciais seguem sus-

pensos, pois a prioridade é manter a segurança dos pa-cientes e evitar a dissemi-nação de COVID-19.

No HRMS (Hospital Re-gional de Mato Grosso do Sul), as cirurgias permanecem sus-pensas. A diretora-presidente, Rosana Leite de Melo, explicou que a decisão é baseada em pesquisas que apontam que a chance de um paciente morrer por complicações cirúrgicas durante a pandemia é de 40%.

Rosana salientou que, de-pendendo da progressão da doença e da taxa de inter-nação em leitos de UTI (Uni-dade de Terapia Intensiva), o HRMS poderá retomar em outubro a oferta de cirurgias eletivas essenciais. Esse tipo de procedimento exige que o paciente seja operado dentro de um prazo de três a oito semanas.

O Hospital da Unimed também vai manter a sus-pensão das cirurgias por en-tender que o momento não é

adequado para a retomada. A unidade suspendeu os proce-dimentos desde março, reali-zando apenas urgência, emer-gência e oncológicas desde então.

Já a Santa Casa afirmou que foram cancelados 664 procedimentos que estavam programados até julho de 2020. Após esse período, novos agendamentos cirúrgicos não foram feitos.

No entanto, mesmo com a suspensão, o hospital fez algumas cirurgias que não estavam planejadas em pa-cientes que apresentaram agravamento do quadro clí-nico.

Apenas 4% dos agenda-mentos foram cancelados na Santa Casa. De março a julho, foram realizadas 5.889 cirur-gias eletivas. O total de pro-cedimentos no período foi de 16.770, considerando os qua-dros de urgência, emergência e procedimentos eletivos.

Em contrapartida, o Hos-

pital El Kadri informou que, sem as cirurgias eletivas, a instituição não se sustenta e, por esta razão, as agendas para os procedimentos não emergenciais já foram reto-madas.

A reportagem questionou a Cassems (Caixa de Assis-tência dos Servidores do Es-tado de Mato Grosso do Sul), mas não obteve resposta até o fechamento da edição.

Impacto no HemosulPara a coordenadora-geral

da Rede Hemosul-MS, Marli Vavas, a retomada de cirurgias é preocupante por conta da dificuldade contínua na cap-tação de doadores de sangue. “O nosso estoque estratégico é calculado para cinco dias e nós não conseguimos doações suficientes para viabilizar um estoque para esse tempo, o que nos deixaria desconfortáveis para uma necessidade maior que venha a surgir”, explicou a coordenarora.