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Revista Iberoamericana de Teología ISSN: 1870-316X [email protected] Universidad Iberoamericana, Ciudad de México México Tadeu Xavier, Érico Missão Urbana: Atitudes Missionárias de Paulo em Atenas Revista Iberoamericana de Teología, vol. XI, núm. 20, enero-junio, 2015, pp. 33-54 Universidad Iberoamericana, Ciudad de México Distrito Federal, México Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=125247737002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista Iberoamericana de Teología

ISSN: 1870-316X

[email protected]

Universidad Iberoamericana, Ciudad de

México

México

Tadeu Xavier, Érico

Missão Urbana: Atitudes Missionárias de Paulo em Atenas

Revista Iberoamericana de Teología, vol. XI, núm. 20, enero-junio, 2015, pp. 33-54

Universidad Iberoamericana, Ciudad de México

Distrito Federal, México

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=125247737002

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Ribet / Vol. XI / N° 20, enero-junio 2015, 33-54Derechos reservados de la uia, ISSN 1870-316X

Missão Urbana: Atitudes Missionárias de Paulo em Atenas

Érico Tadeu Xavier*

Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Bahia

ResumoConsiderando as estratégias missionárias de Paulo, este artigo tem como objetivo apresentar oito atitudes missionárias de Paulo que caracterizaram o seu discurso na cidade de Atenas, conforme Atos 17. Os aspectos apresentados por Paulo incluem a observação, o zelo pela vontade de Deus, o respeito pela crença dos outros, a preocupação com a salvação das pessoas, a contextualização do Evangelho, o co-nhecimento da Palavra de Deus. Os resultados da pregação de Paulo, assim como a dos cristãos atuais, devem ser deixados ao Espírito Santo, porém, a igreja não deve deixar de realizar a sua tarefa missionária, utilizando-se de todos os meios neces-sários para a expansão do Evangelho, independente dos resultados que possam advir da pregação.

Palavras-chave: Paulo. Atenas. Atitudes. Missão.

AbstractConsidering Paul’s missionary strategies, this article aims to introduce eight of Paul’s missionary attitudes that characterized his speech in Athens in Acts 17. The issues presented by Paul include observation, the zeal for God’s will, respect the belief of others, concern for the salvation of the people, the contextualization of the Gospel, the knowledge of God’s Word. The results of Paul’s preaching, as well as Christians today, should be left to the Holy Spirit, however, the church must not fail to carry

* Doutor em Teologia e professor no Seminário Adventista Latino-Americano de Teolo-gia, Bahia, Brasil. Correspondencia: Av. do Parque, 1252. Ap. 01. Cep. 93950-000. Dois Irmãos, RS, Brasil. Tel. 51-8112-9609. Correo electrónico: [email protected]

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out their missionary task, using all the means necessary for the expansion of the gospel, regardless the results that may be preaching.

Keywords: Paul. Athens. Attitudes. Mission.

Introdução

Ao adentrar o estudo do campo missionário, as perspectivas de ação para a Igreja cristã, nos dias atuais, não prescinde de reconhecer as estratégias mis-sionárias dos primeiros apóstolos, em especial Paulo, pela grande extensão do seu trabalho nas cidades da época.

A pregação missionária iniciada por Cristo centrou-se em Jerusalém e ar-redores, como foi relatado nos Evangelhos, e, dando continuidade ao trabalho do Senhor, os apóstolos avançaram além das fronteiras de Roma, sendo esse avanço missionário descrito nas Epístolas consideradas por Verkuyl1 como um relato dos instrumentos utilizados pelos apóstolos para a realização do traba-lho missionário nas cidades circunvizinhas.

A missão de Paulo nas cidades destaca-se por ter este alcançado a maior parte do mundo conhecido da época. Para Luiz André Oliveira2, a intenção de Paulo era levar o Evangelho a todo o mundo e seu alvo eram os gentios, o re-manescente el, onde quer que eles estivessem. Ainda que Nichol3 a rme que muitas regiões não tivessem ouvido falar do Evangelho, Paulo conseguiu le-var a mensagem a diversas cidades importantes deixando igrejas que se encar-regariam de concluir a tarefa missionária e enviar missionários.

Uma dessas importantes cidades foi Atenas, onde Paulo pregou na sinago-ga e nas praças, revoltado com a idolatria que dominava a cidade e movido de compaixão pelas pessoas (At 17: 16). Atenas era uma das principais cidadesda Grécia, ao tempo dos lósofos Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro e Zeno e, embora tivessem passado já 400 anos após a época de ouro de Péricles, ainda

1 Citado por Gildacio Reis. Paradigmas missiológicos no novo testamento. 2006. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/missoes/paradigmas-missoes_gildasio.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2013.

2 Luís André Bruneto Oliveira. Pesquisas sepal. As cidades são o principal campo missio-nário do século xxi. 2012. Disponível em: <http://pesquisas.org.br/missoes-urbanas/principal-campo-missionario-do-seculo-xxi-as-cidades>. Acesso em: 20 jun. 2013.

3 Citado por Jorge Henrique Barro. De cidade em cidade. Londrina: Descoberta, 2002.

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conservava a glória e prestígio intactos. Atenas era o centro intelectual do mun-do, onde habitavam estudiosos de todo o mundo habitado. Mesmo após sua conquista por Roma em 146 a.C., Atenas manteve sua supremacia mantendo seu status de cidade livre. A cultura grega fora preservada pelos romanos e em muitos aspectos adotada por Roma. Mas Atenas vivia das memórias do passa-do, apresentando-se vazia, repetindo, em sua loso a, arte e religião, os ecos e re exos de tempos passados. Aos olhos de Paulo, a gloriosa Atenas se mostrou uma cidade morta, necessitada da presença do Deus vivo4.

O contato de Paulo em Atenas mostra que o apóstolo fez uso de recursos para alcançar as pessoas, reconhecendo o ambiente, construindo pontes entre a realidade que percebia e a religião de Cristo, para alcançar a judeus e gregos, abrindo, dessa maneira, as portas da sociedade ateniense, estabelecendo con-tato com os líderes religiosos e judeus nas sinagogas, com as pessoas comuns nas praças e com as pessoas de in uência na sociedade em locais estratégicos, como o Aerópago de Atenas (At 17: 16-34).

Considerando as estratégias missionárias de Paulo, este artigo tem como objetivo apresentar oito atitudes missionárias de Paulo que caracterizaram seu discurso na cidade de Atenas, conforme Atos 17.

1. Atitudes missionárias de Paulo em Atenas

Em sua caminhada missionária, o apóstolo Paulo proclamava a mensagemde boas novas mediante algumas atitudes estratégicas, observando o local onde estava, os costumes, a cultura, utilizando-se desses elementos para abordar e apresentar o Evangelho de Cristo. Segundo Barro5, Paulo fazia uso de alguns elementos que facilitassem a propagação do Evangelho, buscando cidades in-

uentes e estrategicamente localizadas, importantes centros culturais, sociais e comerciais, para falar e in uenciar o povo a aceitar o Evangelho.

Muitas das estratégias de Paulo se baseavam em reconhecer elementos do ambiente urbano que possibilitassem diferentes abordagens de pregação. Em Atenas, é possível perceber algumas das atitudes tomadas por Paulo para sua ação missionária que podem servir de exemplo para o contexto de missões nos

4 R. Kent Hughes. Atos: a igreja em chamas. Pregação da Palavra (236). Wheaton, Ill.: Crossway Books, 1996.

5 Op. cit.

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dias atuais, principalmente no que se refere a levar o Evangelho aos grandes centros urbanos.

1.1 Observar a Cidade

“Passando e observando os objetos de vosso culto...” (v.23).

Paulo fez uma cuidadosa observação da cidade. Durante os dias de espera em Atenas (v.16), o apóstolo dedicou-se a uma importante caminhada missionária pela cidade: conhecer o melhor possível seu entorno sociorreligioso e, conse-quentemente, relacionar suas observações à fé e à teologia cristã. O cuidado em observar, pesquisar e conhecer o modo de vida, além de ser uma atitude que exige o manuseio de instrumentos sociológicos e losó cos, é fundamen-talmente uma ação bíblica e teológica, que leva a igreja a uma compreensão adequada da “alma” da cidade.

Esse exemplo foi bem ilustrado por Cristo. Lendo os Evangelhos encontra-mos Jesus percorrendo a Palestina, visitando centenas de lugares, investigan-do as pessoas em suas necessidades pessoais, físicas e materiais. Ele caminha pelas cidades (ambiente urbano), pára nas aldeias (ambiente rural) e entra nas sinagogas (local de culto, reunião de pessoas), observando, amando, tocando, conversando, engajando-se, encarnando-se, doando-se. Sempre estava onde existia a necessidade, e assim ele ensinava, pregava, libertava e curava, bus-cando a restauração da dignidade humana e manifestação do Reino. Envolve-se completamente com as pessoas a ponto de sentir compaixão e convidar seus discípulos para trabalhar juntamente com ele (Mt 9:35-38).

O exemplo de Jesus em matéria de pesquisa e observação (Mt 9:35-38) pode ser sumariado assim:

1. O Poder da Observação: percorria cidades (urbano), povoados (rural), sinagogas (lugares de reuniões das pessoas) (v.35).

2. Necessidade de Engajamento: estava no processo do trabalho: Ensinava, pregava e curava (v.35).

3. Ajuntamento de Informação: sua metodologia: observação participati-va: “Vendo ele as multidões” (v.36).

4. Análise e Interpretação: as condições das pessoas: “a itas e exaustas” (v.36); o tamanho da tarefa e do trabalho: “a seara é grande” (v.37).

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5. Resposta Pessoal: efeito produzido: compaixão (v.36).6. Plano de Ação estabelecido com a informação (v.38):

§ Oração e § Trabalhadores: igrejas e pastores.

Roger S. Greenway6 sugere o seguinte:

Estude uma determinada cidade. Comece pelo mapa, identi cando suas diferentes regiões: as áreas comerciais, as zonas industriais e os bairros re-sidenciais. Analise atentamente as áreas que estão crescendo em população e os tipos de pessoas e de culturas encontradas ali. Então escolha um bair-ro e estude sua gente: religiões, culturas, idiomas e condições espirituais. Pergunte sobre suas necessidades espirituais, sociais e materiais. Descubra se há igrejas vitais para cada grupo lingüístico. Pense, então, em meios de promover o Reino de Cristo nesse bairro.

Andar pela cidade, observando-a cuidadosamente, é uma atitude pastoral-missionária importante a ser tomada do exemplo do apóstolo Paulo.

1.2 Indignação contra a idolatria

“O seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade” (v.16).

A cidade de Atenas se destacava pela grande quantidade de “deuses”. Confor-me Myer Pearlman, havia cerca de 3.000 ídolos na cidade, sendo popularmen-te dito que “há mais deuses do que homens em Atenas”7.

Champlin, em seu comentário do Novo Testamento8, diz que “Plínio asse-verou que, ao tempo de Nero, Atenas estava ornamentada por mais de trinta mil estátuas públicas, além de imensa multidão de esculturas particulares, nas casas dos cidadãos”.

6 Roger S. Greenway. O desa o das cidades. Perspectivas no movimento cristão mundial. São Paulo: Editora Vida Nova, 2009, p.581.

7 Myer Pearlman. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1995, p. 188.

8 Russel Norman Champlin. O novo testamento interpretado versículo por versículo. v. 3. São Paulo,SP: Editora e Distribuidora Candeia, 1995, p.362.

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Este autor cita o comentário de G. S. Davis acerca da extensão da idolatria na cidade de Atenas9:

Dentre esse número a esmagadora maioria se compunha de estátuas de deuses, semideuses ou heróis. Em certa rua, defronte de cada edifício, havia uma coluna quadrada, com um busto do deus Hermes. Uma outra rua, cha-mada Rua dos Tripés, estava ladeada de tripés, dedicados aos vencedores dos jogos nacionais helênicos,cada um dos quais continha alguma inscrição em honra a alguma divindade. Cada portão e pórtico tinha o seu próprio deus protetor. Cada rua, cada praça, e, na realidade, cada pardieiro (habi-tações miseráveis de qualquer espécie), tinha o seu respectivo santuário.

Diante desse quadro, Paulo se sentia revoltado, indignado. R. Kent Hughes10

comenta que Paulo estava muito angustiado, irritado com a cultura idólatra dos atenienses, que testemunhava seu estado espiritual vazio e ignorância do Deus verdadeiro. Sua reação beirou ao paroxismo11 experimentando a profun-da in delidade a Deus por parte dos atenienses, ao mesmo tempo em que sentia uma desesperada preocupação pela necessidade espiritual dessas almas igno-rantes e perdidas. A isso, Paulo não podia ser indiferente.

O apóstolo se sentia agitado no íntimo por ver a grande extensão da ido-latria ateniense. Paulo cou profundamente indignado com a situação de idolatria na cidade, mas sua indignação não o condicionou a um “discurso in amado”. Antes, por ser um sentimento bíblico legítimo, progressivo e pon-derado de clamor pela justiça divina, sua indignação o conduziu, bem como deve conduzir a igreja hoje, a atitudes missionárias a favor da cidade. O mais interessante é que, conforme comentam Charles Pfei er e Everett Harrison12, “a estratégia missionária de Paulo não incluía a evangelização de Atenas. Mas esperando ali por Silas e Timóteo, sentiu-se profundamente movido pela evi-dente idolatria que viu. Os famosos templos de Atenas eram obras de arte cuja

9 Idem, p. 362.10 Op.cit.11 John Stott diz que “o verbo grego paroxyno, de onde vem a palavra “paroxismo”,

originalmente tinha conotações médicas e se referia a um ataque epiléptico.Também signi cava “estimular”, em especial “irritar, provocar, causar ira”. Cf. John Stott. A mensagem de Atos: até os con ns da terra. São Paulo: Editora ABU, 2008, p. 313.

12 PFEIFFER, Charles F. e HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1984, vol.4, p. 277-278.

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beleza não podia ser ultrapassada, mas por trás dessa beleza Paulo viu as tre-vas da idolatria”.

John Stott ainda comenta sobre a reação de Paulo13:

Assim, a dor, ou o “paroxismo”, que Paulo sentiu em Atenas não foi cau-sado por um descontrole, nem pela piedade diante da ignorância dos ate-nienses, nem pelo medo de que não conseguissem a salvação eterna. Mas foi causada principalmente por sua aversão à idolatria, que despertou den-tro dele uma agitação profunda de ciúmes pelo nome de Deus, ao ver seres humanos tão depravados, a ponto de dar aos ídolos glória devida apenas ao único Deus vivo e verdadeiro. “In amava-se-lhe o espírito de indigna-ção com o espetáculo dessa cidade cheia de ídolos”. Essa dor e sentimento de horror interno que levou Paulo a compartilhar as boas novas com os idólatras de Atenas deveria nos motivar da mesma forma.

O sentimento interno de horror pela idolatria levou o apóstolo a reconhecer a necessidade de demonstrar aos atenienses a verdade. Assim, partindo da im-portância que os atenienses davam a seus ídolos, compartilhou as boas novas da verdadeira adoração. Esse sentimento de cultuar o Deus Verdadeiro também deve nos motivar, tal como ocorreu com Paulo, a levar o Evangelho de Cristo e todos os que pensam estar cultuando a Deus através dos ídolos.

1.3 Arguir e ser arguido

“Por isso, dissertava na sinagoga (...) também na praça, todos os dias (...). E alguns dos lósofos epicureus e estóicos contendiam com ele” (v.17,18).

A idolatria observada na cidade e sua indignação levaram Paulo a debater com os atenienses e judeus residentes ali. Ele argumentava a favor da fé cristã e era questionado acerca de sua fé em locais onde poderia ter acesso a todos, indife-rentemente de posição social ou religião.

Como de costume, começou na sinagoga, continuou na praça do mercado e terminou no Areópago. Três locais de pregação que abrangeram toda a população da cidade. Todas as classes sociais. Uma estratégia extremamente

13 Op. cit, p. 314.

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e ciente do ponto de vista para tornar o evangelho conhecido. É certo que a pregação de Paulo não produziu grandes resultados numéricos, mas mos-trou um método de evangelizar uma cidade culta, sem descartar ninguém14.

Isso mostra a versatilidade e o preparo desse missionário no contexto plural da Atenas, como ressalta Howard Marshall:

Os ouvintes de Paulo incluíam aderentes das loso as epicureanas e es-tóicas. Os primeiros, que tomavam seu nome do seu fundador Epicuro (341-270 a.C.), tendiam a um ponto de vista materialístico. Para eles, ou os deuses não existiam, ou eram tão removidos do mundo que não exerciam in uência alguma nos seus negócios. Ensinavam uma teoria atômica ru-dimentar, e, na sua ética, ressaltavam a importância do prazer e da tran-quilidade. Muitas vezes têm sido falsamente representados como sendo sensualistas nos seus conceitos, mas, na realidade, tinham um conceito no-bre do “prazer” e desprezavam o sensualismo. Os estóicos, fundados por Zenão (340-265 a.C.), adotaram o nome das stoa ou colunatas onde ele ensi-nava. Ressaltavam a importância da razão como princípio da estruturação do universo, e mediante o qual os homens devem viver. Tinham um con-ceito panteístico de Deus como alma do mundo, e a sua ética ressaltava a auto-su ciência individual e a obediência aos ditames do dever15.

Respeitando a cultura e os princípios dos atenienses, Paulo procurou apresen-tar a verdade de tal modo que os zesse re etir sobre sua forma de adoração, ao mesmo tempo em que salientava o culto ao Deus verdadeiro, levando-os ao co-nhecimento de Cristo. A esse respeito, os argumentos de Stott são relevantes:

É impossível deixar de admirar a habilidade de Paulo que falava com a mesma facilidade às pessoas religiosas na sinagoga, aos transeuntes na pra-ça e aos lósofos altamente so sticados na Ágora e na reunião do Concílio. Hoje, o equivalente mais próximo à sinagoga é a igreja, o local onde se en-contram as pessoas religiosas. Ainda é importante compartilhar o evange-lho com pessoas que frequentam a igreja e com tementes a Deus, que talvez

14 Mario Veloso. Atos: contando a história da igreja apostólica. Comentário bíblico ho-milético. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 210.

15 I. Howard Marshall. Atos: introdução e comentário. São Paulo, SP: Editora Mundo Cris-tão, 1991,p.267.

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só participem ocasionalmente dos cultos. O equivalente à ágora varia de acordo com o lugar. Pode ser um parque, uma praça ou uma esquina, um shopping ou uma feira, um bar, uma discoteca ou uma cantina de escola, qualquer lugar em que as pessoas se encontram para se divertir. Existe uma grande necessidade de evangelistas talentosos, capazes de fazer amigos e conversar sobre o evangelho em locais informais desse tipo. Quanto ao Areópago, não existe um equivalente preciso no mundo contemporâneo. O mais próximo talvez seja a universidade, onde podem ser encontradas as melhores cabeças do país. A evangelização não os atingiria na igreja ou na rua. Deveríamos promover evangelização nas casas, onde há liberdade para discussões, “agnósticos anônimos”, grupos em que não haja nenhu-ma restrição quanto a convicções, e evangelização por meio de palestras, com conteúdo fortemente apologético. Há uma necessidade urgente de mais pensadores cristãos que dediquem suas mentes a Cristo, não apenas como estudiosos, mas também como escritores, jornalistas, dramaturgos e radia-listas, como roteiristas, produtores e personalidades de televisão, e como artista e atores que empregam várias formas de expressão para proclamar o evangelho. Todos eles podem lutar contra as loso as e as ideologias não cristãs contemporâneas de uma forma que atinja homens modernos, pes-soas que pensam, para, no mínimo, conquistar ouvintes para o evangelho, em função da sensatez de sua apresentação. Cristo deseja mentes humildes, mas não reprimidas16.

Essa estratégia paulina de tornar o evangelho acessível a todos, mediante um linguajar claro e desenvolvido segundo a capacidade de compreensão de cada tipo de ouvinte, possibilita uma teologia expansiva, capaz de penetrar na mente e no coração humanos.

1.4 Conhecer o pensamento losó co de seus dias

“Nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus...” (v.28,29).

O apóstolo demonstra estar atualizado com a loso a reinante entre seus ou-vintes ao mencionar pensamentos de dois poetas. “Nele vivemos, e nos move-mos, e existimos” é uma citação de um poeta do século VI a.C., Epimênides de

16 Op. cit. p. 316-317.

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Cnossos em Creta. “Porque dele também somos geração” vem de Aratu, autor estóico do terceiro século a.C., que veio da terra de Paulo, a Celícia. Champlin con rma a presença de citações de outros autores nas epístolas de Paulo, com-provando seu conhecimento literário decorrente de seu aprendizado secular e religioso.

Vários autores de obras literárias evangélicas e outras vêem, nas epístolas de Paulo, certo número de alusões aos poetas e escritores gregos e roma-nos, como Píndaro, Aristófanes, Epimênides, Menandro, etc., havendo um número su ciente de citações diretas que nos autorizam a a rmar a ideia de que Paulo tinha familiaridade com esse tipo de literatura. No trecho de 1 Cor. 15:32 o apóstolo Paulo cita Menandro, e a passagem de Tito 1:12 con-tém um trecho extraído dos escritos de Epimênides17.

Dessa forma, visto que entendia e manejava bem o pensamento losó co, po-dia argumentar com a cidade a respeito do evangelho de Cristo dentro de pa-râmetros que faziam sentido aos ouvintes. Além disso, o pensamento losó co serviu como instrumento para a argumentação teológica do apóstolo em sua apresentação da fé cristã.

A apologética de Paulo in uenciou outros cristãos a defenderem a fé cristã, dentre os quais se destaca Justino, o Mártir, o qual fez uso do pensamento lo-só co para propagar a fé. Justino foi um lósofo que viveu no período do Im-perador Antonino Pio e de Marco Aurélio, no século II. Sua educação incluiu retórica, poesia e história e, quando jovem, mostrou interesse pela loso a, es-tudando diversas teorias losó cas até conhecer o cristianismo.

A respeito de sua conversão, comenta Rick Walde que:

Justino foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o en-volveu numa discussão sobre problemas losó cos e então lhe falou sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos lósofos, ele disse, e que falou “como con ável testemunha da verdade”. Eles profe-tizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em Jesus. Justino disse depois que “meu espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo, tomaram conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, descobri que a sua era

17 Op. cit, p. 377.

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a única loso a segura e útil [...] é meu desejo que todos tivessem os mes-mos sentimentos que eu e nunca desprezassem as palavras do Salvador”. Justino buscou cristãos que lhe ensinaram história e doutrina cristã e então “se consagrou totalmente a expansão e defesa da religião cristã”18.

Em sua caminhada cristã, ensinou estudantes em Éfeso e chegou a Roma em 150 d.C., onde fundou uma escola losó ca, debatendo com não-cristãos, tan-to pagãos, quanto judeus ou hereges, em defesa do cristianismo como a “verda-deira loso a”19. Phillip Scha 20 comenta que a cultura clássica e losó ca adquirida por Justino antes de sua conversão foi essencial para a defesa da fé, dando-lhe convicção da completude da verdade de Cristo de modo que con-fessou sua fé tanto em vida quanto no martírio da morte.

Por isso, Dionisio Hatzenberger compara a vida de Justino à do apóstolo Paulo no que diz respeito à descendência e defesa do cristianismo junto aos gentios. Ambos tinham vivido entre judeus e gentios, tinham boa formação e usavam da argumentação para convencer judeus e gentios a respeito de Cristo e, devido à fé que professavam em Cristo, foram também ambos martirizados em Roma21.

Xavier22 adverte a que o cristão faça uso da apologia, do conhecimento, para pregar o Evangelho, dispondo-se a debater em favor da fé cristã, sem perder de vista que o trabalho de conversão pertence ao Espírito Santo.

A fé deve ser explicada de maneira inteligível e coerente de acordo com o registro bíblico, considerando que, o resultado de convencer, em últi-ma instância, é do Espírito Santo. […] o apologista cristão não somente é alguém conhecedor da Palavra de Deus, mas alguém disposto, quando necessário, a debater com mansidão ao defrontar-se com heresias que per-vertem a verdade.

18 Rick Walde. Justino mártir: defensor da igreja. 2000, p. 1. 19 Fluck, Marlon Ronald. Teologia dos pais da igreja. Curitiba: Escritores Associados, 2009,

p. 32.20 Scha , Phillip. Ante-Nicene Christianity: A.D. 100-325. v. II. In: History of the Chris-

tian Church. Grand Rapids: Eerdmans, 1910, p. 714.21 Dionisio Hatzenberger. História da igreja. 2012. Disponível em: <http://hist-igreja.

blogspot.com.br/p/cristianismo-nos-seculos-i-e-ii.html>. Acesso em: 03 abr 2013.22 Erico T. Xavier. Justino Mártir: um breve ensaio de sua vida, obras e teologia.

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A utilização da loso a com sensibilidade teológica é uma atitude pastoral-missionária elementar nas cidades de hoje.

1.5 Respeito pela religiosidade do outro

“Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também

um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido” (v.22,23).

A percepção estrategista de Paulo ao falar com os atenienses revela uma atitu-de ponderada, sensata, em nada discriminadora ou acusadora. Paulo não ata-ca frontalmente e agressivamente a idolatria da cidade, que tanto o indignou. Ao contrário, ele elogia a religiosidade dos atenienses, tomando como temae referência em sua mensagem a existência de altares dedicados a deuses que eles não conheciam, possivelmente para aplacar a ira de algum deus que se sentisse ofendido com algo cometido por eles. A atitude de Paulo é caracteri-zada pelo respeito à religiosidade do outro e pela gentileza na abordagem de um tema que era controverso à fé cristã.

As palavras de Paulo contêm um tesouro de conhecimento para a igreja. Estava ele numa posição em que facilmente poderia ter dito qualquer coisa que teria irritado seus orgulhosos ouvintes, colocando-se em di culdade. Tivesse seu sermão sido um ataque direto aos deuses e aos grandes ho-mens da cidade, e ele teria corrido o perigo de sofrer a sorte de Sócrates. Mas, com o tato nascido do divino amor, cuidadosamente ele afastou-lhes a mente de suas divindades pagãs, revelando-lhes o verdadeiro Deus, para eles desconhecidos23.

Seguindo o exemplo de Cristo e do apóstolo Paulo, a eclesiologia adventista se preocupa também com a questão da liberdade religiosa. O seu pronunciamento é assim expresso:

A igreja Adventista defende a liberdade religiosa a todos, bem como a se-paração entre Igreja e Estado. As Escrituras ensinam que o Deus que deu

23 Ellen G. White. Atos dos apóstolos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007, p. 133.

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a vida também deu a liberdade de escolha. Deus só aceita a adoração feita de livre e espontânea vontade. Além disso, os adventistas acreditam que a lei deve ser aplicada imparcialmente. Sustentamos que nenhum grupo religioso deve ser julgado pelo fato de alguns éis parecerem extremistas. A liberdade religiosa é limitada quando comportamentos agressivos e vio-lentos violam os direitos humanos de outros24.

Desde o início de sua constituição, a então nascente igreja adventista já tinha como preceito manter um relacionamento amistoso com as outras denomina-ções religiosas. Ellen G. White professou que “todos aqueles que diferem de nós na fé e doutrina devem ser tratados bondosamente. Todos são lhos de Deus, e com eles devemos encontrar-nos no grande dia do juízo, independente do credo religioso”25.

E concluiu, lembrando que “Deus tem colocado sobre nós o dever de amar-mos uns aos outros como Cristo nos amou”26.

A igreja adventista possui um documento próprio, no qual apresenta algu-mas diretrizes que devem ser observadas nas relações com as demais denomi-nações:

1. Reconhecemos aquelas agências que exaltam a Cristo diante das pesso-as como parte do plano divino para a evangelização do mundo e temos em alta estima os homens e mulheres cristãos de outras denominações que estão empenhados em ganhar almas para Cristo.

2. Quando a obra fora de nossa divisão nos põe em contato com outras sociedades e organismos religiosos cristãos, o espírito de cortesia cristã, franqueza e justiça deve prevalecer em todas as ocasiões.

3. Reconhecemos que a verdadeira religião baseia-se na consciência e na convicção. Portanto, deve ser nosso constante propósito que nenhum in-teresse egoísta ou vantagem temporal atraia qualquer pessoa para nos-sa comunhão e que nenhum vínculo retenha qualquer membro a não ser a convicção de que deste modo é encontrada a verdadeira comunhão com Cristo. Se a mudança de convicção levar um membro de nossa igre-ja a não se sentir mais em harmonia com a fé e a prática adventistas,

24 Declarações da Igreja. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p. 74.25 Ellen G. White. Meditações matinais: minha consagração hoje. Tatuí, SP: Casa Publicadora

Brasileira, 1989, p. 187.26 Idem.

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reconhecemos não somente o seu direito, mas também a sua responsa-bilidade de mudar, sem opróbrio, sua liação religiosa, conforme suas crenças. Esperamos que outros organismos religiosos atuem no mesmo espírito de liberdade religiosa.

4. Antes de admitir membros de outras organizações religiosas como membros de nossa igreja, deve ser exercido cuidado para veri car se os candidatos são movidos a mudar sua liação religiosa por convicção religiosa em consideração à sua relação pessoal com Deus.

5. Uma pessoa sob censura de outra organização religiosa por transgres-são claramente con rmada dos princípios morais ou do caráter cristão não será considerada candidata aceitável para ser membro da Igreja Adventista até que haja evidência de arrependimento e reforma.

6. A Igreja Adventista não pode limitar sua missão a áreas geográ cas restritas, devido à sua compreensão do mandato da comissão evangé-lica. Na providência de Deus e no desenvolvimento de Sua obra em prol da humanidade, organismos denominacionais e movimentos reli-giosos têm surgido de vez em quando para dar ênfase especial a di-ferentes fases da verdade do evangelho. Na origem e surgimento do povo adventista, foi posta sobre nós a responsabilidade de enfatizar o evangelho da segunda vinda de Cristo como um acontecimento imi-nente. Isso requer a proclamação das verdades bíblicas no contexto da mensagem especial de preparação conforme descrita na profecia bíbli-ca, principalmente em Apocalipse 14:6-14. Esta mensagem comissiona a pregação do “evangelho eterno a toda nação e tribo e língua e povo”, chamando para ela atenção de todas as pessoas, em toda parte. Qual-quer restrição que limite o testemunho a áreas geográ cas especí cas se torna, portanto, uma redução da comissão evangélica. A Igreja Ad-ventista também reconhece o direito de outras crenças religiosas ope-rarem sem restrições geográ cas. Esse tema pode ser assim resumido: “Os adventistas procuram manter um relacionamento positivo com outras religiões. Nossa tarefa primordial é pregar o evangelho de Jesus Cristo no contexto de Sua breve volta, não apontando as falhas de ou-tras denominações”27.

27 Texto do Regulamento n. 075 do Livro de Regulamentos da Associação Geral. In: De-clarações da Igreja. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p. 79. Ver mais em: Questões sobre Doutrina. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009, pp. 425-427.

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Apreendemos com o apóstolo Paulo que o respeito às opiniões e à religiosi-dade do outro no contexto da pluralidade religiosa que caracteriza a cidade é uma sábia atitude pastoral-missionária.

1. 6 Anúncio contextualizado

“Pois esse que adorais sem conhecer é precisamenteaquele que eu vos anuncio” (v.23).

A contextualização é muito mais que adotar certos costumes (vestuário, ali-mentação e idioma) do outro. Contextualizar é uma ampla tarefa hermenêutica de compreender a palavra de Deus e transportar seu sentido para o contexto atual ou para o contexto do outro, causando o mesmo impacto que causou aos primeiros ouvintes. O conteúdo da mensagem pregada por Paulo no Areópa-go estava muito bem aplicado àquele contexto. Todavia, o que o apóstolo pro-põe anunciar aos atenienses é um Deus que eles adoravam sem conhecer.

Nessa hora de solene responsabilidade, o apóstolo estava calmo e con an-te. Tinha o coração possuído de importante mensagem, e as palavras que lhe caíram dos lábios, convenceram seus ouvintes de que ele não era ne-nhum paroleiro. “Varões atenienses”, disse ele, “em tudo vos vejo um tanto supersticiosos: porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse pois que vós honrais, não O conhecendo, é o que vos anuncio”(At 17:22,23). Com toda a sua inteligência e conhecimento generalizado, eram eles igno-rantes do Deus que criara o Universo. Alguns, todavia, que ali estavam, almejavam maior luz. Estavam procurando alcançar o in nito28.

Missionários de todas as épocas têm enfrentado o problema e o desa o da contextualização. No entanto, a encarnação de Jesus Cristo constitui o maior exemplo de contextualização: “A palavra se tornou carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). Deus deixou a glória celestial eterna e se tornou humano entre nós. O Deus eterno se tornou carne, homem desamparado e pobre. Jesus era singular em todos os aspectos. Ele era uma pessoa duas vezes 100%. Ele era totalmen-te Deus e totalmente humano. Este mistério das duas naturezas na pessoa de

28 White, 2007, op. cit, p. 131.

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Jesus Cristo se torna um exemplo de contextualização para alcançar as pessoas através de missões.

Entendemos que o evangelho de Cristo é su ciente e sempre relevante em qualquer contexto e qualquer época, mesmo que seja rejeitado por grande par-te do que é chamado de “modernidade e/ou pós-modernidade”, esta rejeição não diminui sua relevância e importância vital, pois esta rejeição é no nal das contas baseada não na sua ine ciência mas na recusa do homem natural e car-nal de pagar o alto preço exigido pelo Evangelho.

A igreja e os missionários não podem afrouxar seus padrões doutrinários e trocar o evangelho genuíno, por outro sincretizado e contextualizado pelas

loso as mundanas e costumes seculares da época, pois o resultado sempre será desastroso para a igreja. A contextualização não deve ser do Evangelho, mas dos métodos e formas de apresentá-lo dentro de cada contexto e realidade onde se está fazendo missões. Paulo em Atenas se contextualizou sem deixar, de forma corajosa, de propor algo desconhecido dos famosos lósofos e inte-lectuais gregos. Podemos, então, encarar o anúncio contextual da Palavra de Deus como parte essencial da mensagem pastoral-missionária na cidade.

1.7 Conteúdo da mensagem

(Versos 24 a 31).

O conteúdo da mensagem contextualizada de Paulo no Areópago cumpriu seu objetivo ao abordar temas relevantes para aquele ambiente especí co. Sua pregação, embora tenha incluído pensamentos de lósofos ou poetas, foi tam-bém no poder do Espírito Santo. Assim, então, passou a proclamar o Deus vivo e verdadeiro em cinco aspectos29 expondo, assim, os erros e até mesmo os hor-rores da idolatria.

a. Deus é o Criador do universo: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feito por mãos humanas” (v.24).

A proclamação de Paulo diz respeito ao Deus que fez o universo e tudo quanto ele contém, e que é, portanto, Senhor do céu e da terra. Sua

29 Ver mais em: STOTT, op. cit. p. 321-326.

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linguagem baseia-se na descrição de Deus dada no Antigo Testamento (e.g. Is 42:5; Êx 20:11), mas aquilo que disse também seria aceito pelo

lósofo grego, Platão. O Antigo Testamento não emprega a palavra mun-do (gr.kosmos), visto não haver qualquer termo correspondente em he-braico; pelo contrário, fala “do céu e da terra” ou “de tudo” (Jr 10:16). A palavra, no entanto, se emprega no judaísmo de fala grega (Sabedoria 9:9;11:17; 2 Mac. 7:23), e não é surpreendente achá-la aqui (cf. Rm 1:20); Paulo emprega a linguagem que, segundo esperaríamos, um judeu empregaria ao falar grego diante de pagãos. O Deus que é Criador e Senhor claramente não habita num templo feito por mãos humanas (cf 7: 48; Mc 14:58; a frase se empregava de ídolos feitos pelos homens em contraste com o Deus vivo, Lv 26:1; Is 46:6). Há, talvez, um eco da ora-ção de Salomão na dedicação do templo, quando reconheceu que era inadequado como casa de Deus (1 Rs 8:27). Mais uma vez, trata-se de um sentimento que seria aceito pela loso a30.

b. Deus é o mantenedor da vida: “Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (v.25).

Deus continua sustentando a vida que ele criou e deu às suas criaturas humanas. É absurdo, portanto, supor que aquele que sustém a vida pre-cisa ser sustentado, aquele que supre as nossas necessidades precisa ser suprido por nós. Qualquer tentativa de subjugar ou domesticar a Deus, de reduzi-lo ao nível de um animal doméstico que depende de nossa comida e habitação é, novamente, uma ridícula inversão de papéis. Nós dependemos de Deus; ele não depende de nós31.

c. Deus é o Governador de todas as nações: “De um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra...” (v. 26).

Os gregos não criam na igualdade de todos os seres humanos, nem reco-nheciam os direitos de todos os indivíduos. Eles se consideravam mais importantes se comparados com os incultos bárbaros que povoavam

30 Marshall, op.cit., p. 270.31 Stott, op. cit., p. 321.

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as nações fora da Grécia. E os atenienses consideravam-se os únicos se-res humanos verdadeiramente autóctones que surgiram originalmente, como nativos de África. Pensavam que não descendiam de ninguém e que eram superiores a todos. Mas, para Deus, não existe nenhuma raça superior, nem território que Ele não lhe tenha concedido. Assim falou desde os tempos antigos32.

d. Deus é o Pai dos seres humanos: “Como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração (v.28). Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à pra-ta, ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem” (v.29).

Apontando os nobres espécimes da humanidade em torno de si, com palavras tomadas de um de seus poetas, Paulo pintou o in nito Deus como um Pai, de quem eram lhos. “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, declarou ele, “como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também Sua geração. Sendo nós pois geração de Deus, não havemos de cuidar que a Divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens33.

Ao apresentar Deus como Pai, Paulo enfatiza a nossa condição fraterna mas, principalmente, expõe a superioridade divina sobre os homens por Ele criados.

Paulo quis dizer que todos os homens vieram de Deus no sentido de que são Suas criaturas, dependendo dele para a vida. Há uma doutri-na bíblica sobre a paternidade universal de Deus e a fraternidade de todos os homens que repousa no fato da criação comum e não sobre um relacionamento espiritual, como indica esta passagem. Sendo Deus o criador dos homens, deve pelo menos ser maior do que os homens. Portanto, identi car a Divindade com alguma coisa que o homem criou ou imaginou é a mais desbaratada tolice e a profundeza do pecado34.

32 Veloso, op. cit., p. 213.33 White, 2007, op. cit, p. 132.34 Pfei er e Harrison, op. cit., p. 279.

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e. Deus é o juiz do mundo: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, noti ca aos homens que todos em toda parte se arrependam (v.30); porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (v.31).

O julgamento divino, o arrependimento e a ressurreição de Cristo foram os pontos chave da pregação de Paulo aos atenienses, ponto este que tem deve ser salientado ainda hoje a todos os que ainda persistem nas práticas idólatras, como orienta Stott:

Deus entregou o julgamento ao seu lho, e o destinou e acreditou diante de todos, publicamente, ressuscitando-o dentre os mortos. Jesus foi con-

rmado através da ressurreição e declarado Senhor e Juiz. E mais do que juiz divino, ele também é varão ou “homem” (BLH). Todas as nações fo-ram criadas do primeiro Adão; todas as nações serão julgadas pelo último Adão35.

Nesse sentido, tal como em Atenas, hoje os homens devem se arrepender da idolatria que praticam. Qualquer coisa que o homem coloque acima de Deus como objeto de seu tempo, que ocupe seu pensamento, tome energia ou vida, degrada a Deus e a si mesmos e requer o arrependimento. Como explica Hughes36, o julgamento está chegando, e nosso juiz é o Cristo ressuscitado, por isso, a humanidade precisa ser chamada ao arrependimento para salvação.

Se antes de Cristo a idolatria era relevada, embora não permitida, após a vinda de Cristo não mais admite Deus essa prática, já que o próprio Deus se revelou aos homens, como esclarece Ellen White:

Nos séculos de trevas que precederam o advento de Cristo, o divino Soberano passou por alto a idolatria dos gentios; mas agora, por inter-médio de Seu Filho, enviara Ele aos homens a luz da verdade; e espe-rava de todos arrependimento para a salvação, não somente do pobre e humilde, mas também do altivo lósofo e dos príncipes da Terra37.

35 Op. cit, p. 324.36 Op. cit.37 White, 2007, op. cit. p. 132.

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Dessa forma, a mensagem da igreja na cidade deve ser dada de molde a res-ponder às suas demandas com delidade ao evangelho de Cristo, tornando-se, assim, o âmago da tarefa pastoral-missionária do povo de Deus.

1. 8 Formação da comunidade de fé

“... uns escarneceram (...). Houve, porém, alguns homens que se agregaram a ele e creram” (v.32-34).

Ao apresentar a mensagem do Evangelho aos atenienses, Paulo não alcançou a todos de igual forma. Enquanto alguns rejeitaram, outros consideraram ape-nas mais uma teoria e outros, ainda, aceitaram a mensagem, unindo-se à fé cristã. Mario Veloso38 comenta que, tendo a reunião se encerrado, as pessoas começaram a sair do Aerópago, em grupos ou individualmente, mas alguns destes se aproximaram de Paulo para continuar a conversa e acreditaram, en-tre eles Dionísio, um juiz do Aerópago. Para a igreja em Atenas, isso signi cou uma grande conquista.

De acordo com Eusébio de Cesaréia, famoso historiador eclesiásticodo século 4 d.C., Dionísio chegou a ser o primeiro bispo de Atenas. A segunda pessoa mencionada é uma mulher chamada Dâmaris. O mais provável é que tenha sido uma mulher da aristocracia que já tinha ouvido Paulo falar na praça e entrou no Areópago com a multidão, pro-cedente da cidade, que acompanhou Paulo quando os lósofos o convi-daram. As mulheres não tinham acesso normal ao Areópago, mas essa era uma ocasião especial quando muitas pessoas entraram sem ser dos que o frequentavam regularmente. Deve ter sido de importância seme-lhante à de Dionísio, pois, além dele, foi a única pessoa mencionada por Lucas. Os demais que creram também devem ter sido pessoas impor-tantes da cidade39.

David H. Stern40, comentando Atos 17:34, assim se pronunciou: “Embora se diga ocasionalmente que Sha’ul41 não teve sucesso em Atenas, esse versículo

38 Op. cit.39 Idem, op. cit., p. 216.40 David H. Stern. Comentário judaico do novo testamento. Belo Horizonte, MG: Editora

Atos, 2007, p. 319.41 Se entende como Paulo.

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prova o contrário: as pessoas citadas por nome tornaram-se o núcleo da comu-nidade messiânica da cidade”.

Conforme destaca Hughes42, o sermão de Paulo apresentou três resultados: zombaria, adiamento e crença. Enquanto a maioria do povo rejeitou ou deixou para depois, houve entre eles alguns que creram e mantiveram a fé, levandoa mensagem a outros. Após seu discurso no Aerópago, Paulo deixou esse local e, logo depois, deixou Atenas, a cidade que tinha muito, mas não tinha nada, justi cando as palavras de Cristo em Mateus 13: 12: “Àquele que tem será dado mais e terá em abundância. E quem não tem, até aquilo que tem lhe será tirado”.

Esse tem sido o resultado da mensagem divina ao longo do tempo, com-provando o que Jesus já alertou na parábola do semeador (Mt. 13: 1-9). Nem todas as pessoas irão aceitar o Evangelho mas todas devem ter o contato com a mensagem salvadora para que tenham a oportunidade, se assim o queiram, de adorar ao Deus verdadeiro.

Atenas foi palco da presença missionária da igreja pela atividade de Paulo. Da mesma forma, as cidades de hoje, cada uma com características peculiares, são a fronteira missionária para o povo de Deus que vive nos dias nais da história desse planeta. Ao olhar ao nosso redor e ao redor do mundo, encon-tramos cidades de todos os tamanhos, com toda espécie de problemas e peca-dos, com suas muitas artes e belezas, com sua carência in nita de Deus. Lendo a experiência de Paulo, sentimo-nos impulsionados a levar o evangelho a cada dimensão de vida humana que caracteriza nossas cidades. Eis a maior frontei-ra e o maior desa o para a igreja em missão! A plantação de novas igrejas éa maneira mais e caz de alcançar as cidades e o mundo para o Senhor Jesus Cristo. Paulo sabia disso e deixou uma comunidade estabelecida na cidade de Atenas. Sigamos o seu exemplo!

Considerações nais

A permanência de Paulo em Atenas, enquanto aguardava seus companheiros, tornou possível analisar alguns aspectos relevantes para a formulação de es-tratégias missionárias para os tempos atuais.

As atitudes de Paulo demonstram como sua conversão foi efetiva, man-tendo o zelo pelas coisas de Deus, guardando o temor e a fé, sem deixar de

42 Op. cit.

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preocupar-se com a salvação das almas pecadoras. Foi esse zelo e preocupação que levaram Paulo a apresentar a mensagem de Cristo em Atenas.

Os aspectos da pregação do apóstolo podem ser observados na tarefa mis-sionária, principalmente em grandes cidades, onde se concentra uma diversi-dade de pessoas e culturas. Antes de qualquer coisa, Paulo observou a cidade, e foi a partir dessa observação que enxergou não tanto a beleza da arte mas o aspecto religioso que ela continha, o que levava o povo a idolatrar imagens de diferentes deuses, incluindo entre seus ídolos um pedestal ao Deus desconhe-cido. Essa referência mostra que o povo não ignorava totalmente a verdade, mas deixou-se levar pela apostasia desconsiderando ao Criador.

A indignação de Paulo contra a idolatria fez surgiu em seu íntimo o desejo de mostrar a verdade, de levar a mensagem de salvação, na tentativa de con-vencer aquelas almas perdidas a voltar-se ao verdadeiro culto. Assim, passou a frequentar as sinagogas, as praças e até o Aerópago, questionando a crença dos atenienses e permitindo que também fosse questionado a respeito de sua fé em Cristo.

Para isso, Paulo não estava despreparado. Conhecia o pensamento losó co da época, mantinha o respeito pela religiosidade das pessoas, contextualizado o Evangelho a partir do próprio contexto idólatra, mantendo a mensagem in-cólume diante da apostasia vivenciada. Como resultado, obteve tanto a rejei-ção, quanto o descaso e a aceitação da mensagem.

Conquanto tenha alcançado a alguns poucos, a abordagem de Paulo em Atenas foi brilhante. Sua mensagem apontava diretamente para o problemae foi através de seus métodos estratégicos, de sua ponderação, conhecimento e entrega à ação do Espírito Santo, que Paulo realizou em Atenas a obra requeri-da por Cristo de cada um de nós: a de levar a mensagem a todos os povos, línguas e nações, e deixar o resultado da conversão para o Espírito Santo.

O Evangelho de Cristo é su ciente e relevante em qualquer contexto ou época e, mesmo sendo rejeitado, deve ser levado a todos, pois a igreja não deve se basear na quantidade de pessoas que aceitam a mensagem mas sim na rele-vância de sua pregação. Por isso, nem as loso as mundanas nem os costumes seculares devem interferir na importância da missão. A igreja deve buscar mé-todos e formas de apresentar o Evangelho em cada contexto e realidade, sem, contudo, descontextualizar a mensagem, propondo sempre a volta ao Criador, à verdadeira adoração.