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RECURSOS NO

PROCESSO DO TRABALHO

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1a edição — Novembro, 2012

2a edição — Outubro, 2013


MAURO SCHIAVI

Juiz Titular da 19a Vara do Trabalho de São Paulo.Mestre e Doutor em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP.

Professor Convidado dos Cursos de Pós-Graduação da PUC/SP (Cogeae),EPD (Escola Paulista de Direito), Rede LFG e Faculdade de Direito de Sul de Minas (FDSM)

e ESA (Escola Superior de Advocacia. Professor Convidado das Escolas Judiciaisdos TRTs da 2a, 7a e 15a Regiões. Professor de Cursos Preparatórios

para a Magistratura e Ministério Público do Trabalho.

RECURSOS NO

PROCESSO DO TRABALHO2a edição


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Schiavi, Mauro Recursos no processo do trabalho / Mauro Schiavi. — 2. ed. — São Paulo : LTr, 2013. Bibliografi a.

1. Direito do trabalho — Brasil 2. Recursos (Direito) 3. Recursos (Direito) — Brasil I. Título.

)18(133:559.743-UDC 34511-31

Índice para catálogo sistemático:

1. Brasil : Recursos : Direito processualdo trabalho 347.955:331(81)

R

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São Paulo, SP – Brasil

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Outubro, 2013

4941.0 - Recursos no Processo do Trabalho 2a ed.indd 4 17/10/2013 10:20:42

Versão impressa - LTr 4941.0 - ISBN 978-85-361-2740-8Versão digital - LTr 7658.0 - ISBN 978-85-361-2773-6

Dedicatória

Mais uma vez à Ida (in memoriam),à Angélica, à Lia, e à pequena Larrissa,

por serem as razões de todo o meu esforço.

Ao meu cachorro Zeus (mastino napolitano),que mesmo sem entender nada do que escrevo,

está sempre ao meu lado com manifestaçõessinceras de carinho, amizade e lealdade.


Agradecimentos

Aos cordiais e competentes servidores da 19a Vara do Trabalho de São Paulo:Adriana, Alcio, Amélia, Ana Paula, Débora, Douglas, Fernanda, Joaquim, Kelly,

Lellis, Lucélia, Patrícia, Rebeca e Sumaya, pelo incentivo,carinho e constante aprendizado na difícil missão diária de solução

dos conflitos que envolvem a aplicação do direito processual do trabalho.

Mais uma vez à LTr Editora, nas pessoas de Armando Casimiro Costa Filho e Mara Paixão, pela confiança, ajuda e incentivo na publicação deste trabalho.


RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO 9

Sumário

Nota à 2a Edição .............................................................................................. 17

Apresentação ................................................................................................... 19

Capítulo I — Teoria Geral dos Recursos Trabalhistas................................... 21

1. Do conceito de recurso ................................................................................. 21

2. Natureza jurídica dos recursos ..................................................................... 22

3. Fundamentos dos recursos ........................................................................... 23

4. Classificação dos recursos ............................................................................ 25

4.1. Recursos ordinários e extraordinários ................................................... 26

4.2. Recursos de fundamentação livre e de fundamentação vinculada ........ 26

4.3. Recursos parciais e totais ....................................................................... 27

5. Dos pronunciamentos judiciais passíveis de recurso ................................... 27

5.1. Sentença ................................................................................................ 28

5.2. Acórdão ................................................................................................. 29

5.3. Decisões Interlocutórias ........................................................................ 29

5.4. Despachos.............................................................................................. 30

6. A questão dos dissídios de alçada e a recorribilidade ................................... 31

7. Recursos e direito intertemporal .................................................................. 36

Capítulo II — Princípios dos Recursos Trabalhistas ..................................... 38

1. Do conceito e importância dos princípios no sistema recursal trabalhista .. 38

2. Dos princípios recursais em espécie ............................................................ 41

2.1. Duplo grau de jurisdição ....................................................................... 41

2.2. Taxatividade .......................................................................................... 45

2.3. Singularidade ou unirrecorribilidade .................................................... 46

2.4. Fungibilidade ........................................................................................ 48

2.5. Proibição da Reformatio in pejus ............................................................ 50


10 MAURO SCHIAVI

2.6. Variabilidade .......................................................................................... 51

2.7. Dialeticidade .......................................................................................... 52

2.8. Subsidiariedade ..................................................................................... 54

2.9. Irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias .................. 59

2.9.1. Decisões interlocutórias recorríveis de imediato......................... 61

2.10. Princípio da voluntariedade ................................................................ 64

2.11. Lealdade e boa-fé ................................................................................. 64

2.11.1. A questão do assédio processual .............................................. 68

2.12. Duração razoável do processo na esfera recursal ................................ 81

Capítulo III — Dos Pressupostos Recursais .................................................. 85

1. Conceito ....................................................................................................... 85

2. Pressupostos recursais intrínsecos ou subjetivos ......................................... 86

2.1. Cabimento ............................................................................................. 86

2.2. Legitimidade .......................................................................................... 87

2.2.1. Da Legitimidade do terceiro ........................................................ 88

2.2.2. Legitimidade do INSS .................................................................. 89

2.2.3. Legitimidade do perito e advogado ............................................. 91

2.2.4. Da legitimidade do Ministério Público ........................................ 92

2.2.5. Capacidade das partes ................................................................. 93

2.2.6. Representação .............................................................................. 95

2.2.7. Da regularização da representação processual ............................ 97

2.2.8. Capacidade postulatória (jus postulandi) ..................................... 98

2.2.9. Da Legitimidade do preposto ...................................................... 101

2.3. Interesse ................................................................................................ 102

2.3.1. Do interesse recursal da parte que fora beneficiada pela extinção do processo sem resolução de mérito .......................................... 103

2.3.2. A parte beneficiada pelo decreto de improcedência total dos pedidos tem interesse recursal? ................................................... 104

2.4. Inexistência de fatos extintivo ou modificato do direito de recorrer .... 106

3. Pressupostos recursais extrínsecos ou objetivos .......................................... 106

3.1. Preparo .................................................................................................. 106

3.1.1. Depósito recursal ......................................................................... 107

3.1.2. Da constitucionalidade do depósito recursal .............................. 113



3.1.3. Possibilidade de dispensa do depósito recursal ao litigante bene- ficiário de justiça gratuita ............................................................ 114

3.1.4. Instrução Normativa n. 03/93 do TST ......................................... 117

3.2. Regularidade formal .............................................................................. 119

3.2.1. Assinatura .................................................................................... 123

3.2.2. Recurso Interposto por meios de fax e eletrônico ....................... 123

3.2.3. Resolução n. 94/12 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho 127

3.3. Tempestividade ...................................................................................... 143

3.3.1. Privilégios de prazo ..................................................................... 146

Capítulo IV — Dos Efeitos dos Recursos Trabalhistas.................................. 147

1. Conceito ....................................................................................................... 147

2. Do efeito devolutivo ..................................................................................... 147

2.1. Extensão e profundidade do efeito devolutivo ...................................... 149

3. Efeito translativo ......................................................................................... 153

4. Regressivo ..................................................................................................... 154

5. Substitutivo .................................................................................................. 154

6. Suspensivo .................................................................................................... 155

7. Expansivo ..................................................................................................... 156

Capítulo V — Do Processamento dos Recursos Trabalhistas ....................... 158

1. Juízos de admissibilidade e de mérito dos recursos ..................................... 158

2. Procedimento ............................................................................................... 159

3. Contrarrazões ............................................................................................... 161

4. Do art. 557 do Código de Processo Civil (poderes do relator) .................... 163

5. Súmula impeditiva de recurso e sua aplicação no Processo do Trabalho ..... 167

6. Saneamento das nulidades .......................................................................... 170

6.1. Das nulidades ........................................................................................ 170

6.2. Do saneamento das nulidades em grau recursal ................................... 173

Capítulo VI — Recurso Ordinário .................................................................. 177

1. Conceito ....................................................................................................... 177

2. Regramento legal .......................................................................................... 179

3. Hipóteses de cabimento .............................................................................. 179

4. O momento de impugnação das decisões interlocutórias e os protestos ..... 180


12 MAURO SCHIAVI

5. Singularidades do Rito Sumaríssimo .......................................................... 182

6. Efeitos do recurso ordinário ....................................................................... 182

7. O § 3o do art. 515 do CPC e a teoria da causa madura .............................. 183

8. O reconhecimento da prescrição de ofício no recurso ordinário ............... 188

9. Procedimento ............................................................................................. 194

10. Juntada de documentos .............................................................................. 195

Capítulo VII — Do Recurso de Revista .......................................................... 197

1. Conceito ....................................................................................................... 197

2. Regramento Legal ......................................................................................... 199

2.1. Instrução Normativa n. 23/2003 do TST............................................... 200

3. Hipóteses de cabimento ............................................................................... 201

3.1. Divergência jurisprudencial (Lei Federal) ............................................ 201

3.1.1. Divergência Jurisprudencial (Interpretação de Lei Estadual, conven- ção coletiva, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento de empresa) ................................................................................. 203

3.2. Violação de literal dispositivo de Lei Federal ou da Constituição da República ............................................................................................... 204

3.2.1. Violação a princípios constitucionais .......................................... 211

3.3. Recurso de revista em acórdão proferido em Agravo de Instrumento .. 214

3.4. Remessa necessária e recurso de revista ................................................ 214

4. Pressupostos específicos do Recurso de Revista .......................................... 214

4.1. Objetivos ............................................................................................... 214

4.2. Subjetivos .............................................................................................. 215

5. Prequestionamento ....................................................................................... 215

5.1. Prequestionamento ficto ....................................................................... 218

5.2. Dispensa do prequestionamento ........................................................... 218

6. Vedação do reexame de fatos e provas ......................................................... 219

6.1. Singularidade da execução .................................................................... 222

7. Rejeição Liminar do Recurso de Revista pelo Relator .................................. 224

8. Singularidade do Rito sumaríssimo .............................................................. 224

9. A polêmica questão da transcendência ........................................................ 225

10. Efeitos do Recurso de Revista .................................................................... 229

10.1. Devolutivo .......................................................................................... 229

10.2. Efeito Suspensivo no Recurso de Revista ........................................... 231

11. Jurisprudência Sumulada do TST sobre o Recurso de Revista ................... 232



Capítulo VIII — Dos Embargos de Declaração .............................................. 236

1. Conceito ....................................................................................................... 236


3. Cabimento .................................................................................................... 237

3.1. Omissão ................................................................................................. 237

3.2. Contradição ........................................................................................... 237

3.3. Obscuridade .......................................................................................... 237

3.4. Manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso (art. 897-A, da CLT) .............................................................................. 237

3.5. Erro material ......................................................................................... 238

4. A questão das decisões extra, ultra e citra petita e os embargos de declaração 238

5. Caráter infringente dos Embargos (Efeito modificativo) ............................. 242

6. Embargos de declaração em face de decisão interlocutória ......................... 242

7. Embargos de declaração e contraditório ...................................................... 243

8. Embargos de declaração protelatórios e multa ............................................. 244

9. Embargos de declaração e prequestionamento ............................................ 245

10. Do processamento dos embargos de declaração......................................... 246

Capítulo IX — Agravo de Instrumento .......................................................... 249

1. Conceito ....................................................................................................... 249


2.1. Instrução Normativa n. 16/99 do Tribunal Superior do Trabalho ......... 249

2.2. Resolução Administrativa n. 1.418/10 do TST ...................................... 251

3. Cabimento .................................................................................................... 252

4. Procedimento ............................................................................................... 254

5. Efeitos ........................................................................................................... 257

6. Juízo de retração ........................................................................................... 258

Capítulo X — Agravo de Petição .................................................................... 259

1. Conceito ....................................................................................................... 259


3. Cabimento .................................................................................................... 260

3.1. Sentença de liquidação e o agravo de petição ....................................... 264

4. Delimitação das matérias objeto da controvérsia ......................................... 266

5. Procedimento ............................................................................................... 268


14 MAURO SCHIAVI

Capítulo XI — Do Recurso Adesivo no Processo do Trabalho ...................... 270

1. Conceito ....................................................................................................... 270


3. Cabimento .................................................................................................... 270

4. Processamento .............................................................................................. 271

Capítulo XII — Pedido de Revisão ................................................................. 273

1. Conceito ....................................................................................................... 273


3. Cabimento .................................................................................................... 274

4. Procedimento ............................................................................................... 276

Capítulo XIII — Embargos para o TST .......................................................... 277

1. Conceito ....................................................................................................... 277


3. Cabimento .................................................................................................... 278

3.1. Da possibilidade de cabimento simultâneo de Embargos para o TST e de Recurso Extraordinário .................................................................... 279

4. Embargos infringentes .................................................................................. 281

4.1. Procedimento ........................................................................................ 282

5. Embargos de divergência .............................................................................. 283

5.1. Procedimento ........................................................................................ 284

6. Embargos de nulidade .................................................................................. 284

Capítulo XIV — Recurso Extraordinário no Âmbito Trabalhista ................. 286

1. Conceito ....................................................................................................... 286


3. Cabimento .................................................................................................... 288

4. Da repercussão geral no recurso extraordinário em matéria trabalhista ...... 290

5. Procedimento ............................................................................................... 294

6. Recurso extraordinário e execução de sentença trabalhista ......................... 296

7. Jurisprudência sumulada do STF sobre o recurso extraordinário ................ 297

Capítulo XV — Agravo Regimental ................................................................ 299

1. Conceito ....................................................................................................... 299

2. Regramento .................................................................................................. 300



3. Cabimento .................................................................................................... 301

4. Procedimento ............................................................................................... 301

Capítulo XVI — Outros Meios de Impugnação das Decisões ....................... 303

1. Da remessa necessária ou recurso de ofício ................................................. 303

2. Ação rescisória .............................................................................................. 305

2.1. Conceito e natureza jurídica ................................................................. 305

2.2. Hipóteses de cabimento da ação rescisória ........................................... 309

2.3. Legitimidade para propor a ação rescisória ........................................... 315

2.4. Competência ......................................................................................... 316

2.5. Da revelia na ação rescisória .................................................................. 317

2.6. Procedimento ........................................................................................ 317

2.7. Prazo para a propositura da ação rescisória .......................................... 321

3. Ação anulatória na Justiça do Trabalho ........................................................ 322

4. Correição parcial .......................................................................................... 325

5. Mandado de segurança ................................................................................. 327

5.1. Conceito ................................................................................................ 327

5.2. Do direito líquido e certo ...................................................................... 328

5.3. Das competências material e funcional ................................................. 331

5.4. Mandado de Segurança em face de decisões na execução ..................... 334

5.5. Procedimento ........................................................................................ 335

5.6. Da liminar e da recorribilidade da decisão que a aprecia ...................... 340

5.7. Da recorribilidade da decisão no mandado de segurança ..................... 341

5.8. Do prazo para interposição do mandado de segurança ......................... 342

6. As liminares nos provimentos de urgência e os recursos no processo do trabalho ........................................................................................................ 343

Referências Bibliográficas ............................................................................... 347



Nota à 2a Edição

O rápido esgotamento da 1a edição me entusiasmou a atualizar o livro, realizando novos estudos, bem como refletir sobre alguns temas já escritos, com o propósito de apresentar ao leitor uma visão atual e crítica dos recursos trabalhistas, sem deixar de lado a doutrina clássica, e os entendimentos já consolidados da jurisprudência.

Todos os capítulos foram revisados, reanalisados e ampliados, com pesquisa de novas obras e reedições atualizadas de obras já citadas, com a finalidade de destacar o panorama doutrinário mais significativo dos recursos, tanto do processo civil como do processo do trabalho.

Especial destaque mereceram os capítulos da teoria geral dos recursos e o do recurso de revista em razão da alteração recente de algumas Súmulas do Tribunal Superior do Trabalho.

Nosso propósito continua sendo apresentar o capítulo recursal trabalhista de forma simples, direta e didática, sob as perspectivas do acesso à justiça, duração razoável do processo e aperfeiçoamento das decisões judiciais.

Espero que a obra continue sendo útil a todos que a consultarem.

O [email protected]



Apresentação

Depois de ter escrito, sobre o direito processual do trabalho, os livros: Princípios do Processo do Trabalho, Competência Material da Justiça do Trabalho Brasileira, A Revelia no Direito Processual do Trabalho, Provas no Processo do Trabalho, Manual de Direito Processual do Trabalho e Execução no Processo do Trabalho, todos publicados pela LTr Editora, decidi enfrentar o capítulo dos Recursos no Processo do Trabalho com maior profundidade e maior detalhamento, o que exigia livro próprio.

Sempre tive desejo pessoal de enfrentar o capítulo recursal trabalhista, que é complexo, muito criticado e apresenta aspectos positivos e negativos, mas que pode ser sensivelmente melhorado e aperfeiçoado sem grandes mudanças na legislação.

Considero o capítulo dos Recursos um dos mais fascinantes, delicados e complexos capítulos do Processo. Por isso me proponho a enfrentar o tema, não só de forma descritiva, mas crítica, apresentando não só o panorama doutrinário e jurisprudencial sobre a temática, mas também reflexões pessoais, fruto de muitos anos de estudo sobre o tema e prática constante do processo do trabalho.

Como fiz em obras anteriores, pesquisei considerável volume de doutrina e jurisprudência, procurando trazer ao leitor o maior número de informações possívelsobre cada recurso trabalhista, sempre destacando opinião própria sobre cada assunto.

Adiei, por algum tempo, a escrita deste livros, pois, primeiramente, busquei adquirir experiência e vivência em outros temas processuais, para, aí sim, me dedicar ao capítulo que busca a revisão e reapreciação dos atos processuais já decididos.

Como nos trabalhos anteriores, parto da teoria geral do processo, do sistema processual civil e, por fim, o sistema processual do trabalho.

Há muitas críticas ao sistema recursal trabalhista, máxime pela sua complexidade e morosidade. Muitos chegam a apontar que a sistemática recursal trabalhista é o grande vilão da efetividade do processo do trabalho.

No entanto, me mostro otimista com o processo do trabalho e também com seu sistema recursal que, mesmo apresentando falhas, pode ser sensivelmente melhorado e aperfeiçoado sem grande modificações legislativas, mas com grandes contribuições da doutrina e jurisprudência e também de todos que militam na Justiça do Trabalho.



Capítulo I

Teoria Geral dos Recursos Trabalhistas

1. Do conceito de recurso

Tarefa das mais árduas é fixar o conceito recurso, pois a lei processual é omissa a respeito e há múltiplas definições para o instituto.

O Código de Processo Civil Brasileiro não nos dá o conceito de recurso, apenas no art. 496(1) diz quais são as espécies de recursos cabíveis no âmbito do Processo Civil. Tampouco a Consolidação das Leis do Trabalho define o conceito de recurso (art. 893, da CLT(2)).

O termo recurso vem do latim recursus, que significa andar para trás, retorno, volta, reapreciação.

O processo vem do latim procedere, que significa marcha avante, caminhar para frente. Desse modo, o processo sempre caminha para um desfecho e resolução da controvérsia. Quando há a fase recursal, retrocede o processo, para que seja possível a reapreciação de decisões dadas em fases processuais que já foram superadas.

Como a Lei não define o conceito de recurso, esta árdua tarefa cabe à doutrina.

Para José Carlos Barbosa Moreira(3):

Pode-se conceituar recurso, no direito processual civil brasileiro, como o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial a que se impugna. Atente-se bem: dentro do mesmo processo, não necessariamente dentro dos mesmos autos.

(1) Art. 496, do CPC: “São cabíveis os seguintes recursos: I – apelação; II – agravo; III – embargos infringentes; IV – embargos de declaração; V – recurso ordinário; VI – recurso especial; VII – recurso extraordinário; (Incluído pela Lei n. 8.038, de 1990); VIII – embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário”.

(2) Art. 893, da CLT: “Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I – embargos; II – recurso ordinário; III – recurso de revista; IV – agravo”.

(3) Comentários ao Código de Processo Civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 233.


22 MAURO SCHIAVI

Nélson Nery Júnior(4):

Recurso é o meio processual que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público e de um terceiro, a viabilizar, dentro da mesma relação jurídica processual, a anulação, a reforma, a integração ou o aclaramento da decisão judicial impugnada.

Para Flávio Cheim Jorge(5):

Recurso é um remédio dentro da mesma relação processual de que dispõem a parte, o Ministério Público e os terceiros prejudicados, para obter a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de uma decisão judicial.

Conforme as definições, os recursos se destinam, dentro da mesma relação jurídica processual, à anulação, nos casos em que a decisão contém um vício pro-cessual, a reforma, quando visa à alteração do mérito da decisão, ou integração ou aclaramento, quando a prestação jurisdicional não foi completa, ou está obscura ou contraditória.

Na nossa visão:

Recursos são os remédios processuais previstos na Constituição Federal ou na Lei infraconstitucional destinados à alteração de uma decisão desfavorável (anulação, esclarecimento ou reforma), dentro da mesma relação jurídica processual onde a decisão fora dada.

Conforme a definição que adotamos, destacam-se as seguintes características:

a) os recursos pressupõem lide pendente. Por isso, não são meios autônomos de impugnação da decisão.

b)se destinam à anulação, nos casos em que a decisão contém um vício processual; à reforma, quando visa à alteração do mérito da decisão, ou integração e aclara-mento quando a prestação jurisdicional não foi completa, ou está obscura ou contraditória.

2. Natureza jurídica dos recursos

Existem duas correntes sobre a natureza jurídica dos recursos. Uma que assevera ser o recurso ação autônoma de impugnação da decisão, e outra como um meio de impugnação dentro da própria relação jurídica processual.

Diante da sistemática do Direito Processual Civil brasileiro, os recursos não constituem meio de impugnação autônomo e sim instrumento de impugnação da decisão dentro da mesma relação jurídico-processual em que foi prolatada a decisão, pois pressupõe a lide pendente na qual ainda não se formou a coisa julgada.

(4) Teoria geral dos recursos. 6. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 212.(5) Teoria Geral dos Recursos Cíveis. 4. ed. São Paulo: RT, 2009, p. 28.



Como bem adverte Flávio Cheim Jorge(6):

A interposição do recurso não dá início a um novo processo. Apenas provoca o prosseguimento daquele que até ali vinha se desenvolvendo. Observe-se que até mesmo situações habituais permitem fazer essa observação, tais como a inexistência de citação do recorrido e a desnecessidade de outorga de novo instrumento de mandato ao advogado. Concluiu-se, assim, que o prolongamento da mesma relação processual e a finalidade de impugnar a decisão são as características essenciais para se conceituar o recurso.

Há, por outro lado, no sistema processual, meios autônomos de impugnação das decisões, a exemplo das ações anulatória e rescisória, mandado de segurança e ação de querella nullitatis.

Nesse sentido, é relevante destacar as conclusões de Carlos Henrique Bezerra Leite(7):

a) recurso constitui corolário, prolongamento do exercício do direito de ação;b) essa concepção é aplicável tanto no processo comum quanto no trabalhista”.

No mesmo diapasão, argumenta Manoel Antonio Teixeira Filho(8):

O recurso, enfim, não é uma ação autônoma; é um direito subjetivo, que se encontra implícito no direito público, também subjetivo e constitucional, que é o de ação. Está certa a doutrina quando, sob outro ângulo óptico, vê no recurso um ônus processual, visto que, em verdade, para que a parte obtenha a desejada reforma ou anulação de decisão desfavorável, há necessidade de que tome a iniciativa de exercer a pretensão recursória; se não o fizer, a sua sujeição à coisa julgada, como qualidade da sentença, será inevitável, ressalvada a hipótese de remessa obrigatória, quando for o caso (Dec.-lei n. 779/69).

3. Fundamentos dos recursos

Indiscutivelmente, a busca pela justiça da decisão e possibilidade de buscar a alteração de provimentos jurisdicionais desfavoráveis fazem parte da condição humana, e tornam o processo mais democrático e humanizado. Além disso, a pos-sibilidade de revisões de decisões apefeiçoam o sistema jurisdicional e possibilitam constante controle das instâncias inferiores pelas superiores.

Por outro lado, a existência dos recursos, muitas vezes, provocam demora excessiva do processo e prejudicam a parte que tem razão. Além disso, as decisões dos Tribunais nem sempre são melhores que as de primeiro grau.

(6) Teoria Geral dos Recursos. 4. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 26.(7) Curso de direito processual do trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 628(8) Sistema dos recursos trabalhistas. 10. ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 84-85


24 MAURO SCHIAVI

Nesse sentido sustentou Renato Damião Aerosa(9):

Constata-se que o denominado princípio da justiça, que autoriza a rea-preciação de decisão judicial como forma de permitir a emissão da mais justa tutela jurisdicional, se levado a extremos compromete a garantia do julgamento sem dilações indevidas, principalmente nas causas traba-lhistas, geralmente causas de baixíma complexidade em que a tardança na solução do litígio, pela possibilidade de interposição de sucessivos recursos culmina por comprometer a própria satisfação do demandante que tenha razão.

A doutrina costuma apontar como fundamentos dos recursos:

a) falibilidade humana: Todos os julgadores, por serem humanos, estão su-jeitos a erros. Muitos podem ser corrigidos pelos recursos, mas outros não, a exemplo dos Ministros dos Tribunais Superiores, que, normalmente, são os últimos a decidir antes do trânsito em julgado da decisão.

De nossa parte, a falibilidade humana é o argumento mais forte a justificar a existência dos recursos, pois mais de um julgador apreciando a mesma demanda mini-miza a possibilidade de erro. Além disso, todos os julgadores estão sujeitos a errar, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a quantidade de serviços muitas vezes impede que o Juiz proceda a uma reflexão mais detalhada sobre o processo;

b) aperfeiçoamento das decisões judiciais: Com a possibilidade dos recursos, principalmente os juízes de primeiro grau e os mais novos irão se esmerar e cada vez mais aprimorar suas decisões. Além disso, os recursos serão apreciados por juízes mais experientes e também em composição colegiada.

Por outro lado, nem sempre as decisões de segunda instância têm maior justiça que as decisões de primeiro grau. Para alguns, a juridição de de primeiro grau é mais justa, pois o Juiz de primeira instância teve contato com as partes, viveu na pele o problema. O Juiz de segunda instância está mais distante.

c) inconformismo da parte vencida: O inconformismo, colocado pela doutrina como fundamento dos recursos, talvez seja um dos argumentos mais contundentes para justificar a existência dos recursos, pois dificilmente alguém se conforma com uma decisão desfavorável. É da própria condição humana buscar impor os próprios argumentos e tentar reverter uma decisão desfavorável.

Como bem adverte Araken de Assis(10):

O inconformismo arrebata homens e mulheres nas situações incômodas e desfavoráveis. Poucos aquiescem passivamente à adversidade. Envolvendo a rotina da condição humana conflitos intersubjetivos, resolvidos por

(9) Processo do Trabalho: recursos e meios de impugnação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p. 272.(10) Manual dos Recursos. 3. ed. São Paulo: RT, 2011. p. 37.



intermédio da intervenção do Estado, a vida em sociedade se transforma em grandiosa fonte de incômodos. E a própria pendência do mecanismo instituído para equacionar os conflitos provoca dissabores de outra natureza. A causa mais expressiva do descontentamento, cumulada à sensação asfixiante de desperdício de tempo valioso, avulta nos pronunciamentos contrários aos interesse das partes e de terceiros emitidos neste âmbito. O homem e a mulher na sociedade pós-moderna se acostumaram às relações instantâneas dos modernos meios de comunicação e regagem muito mal a qualquer demora e a soluções que não lhes atendam plena e integralmente os interesses;

d) processo justo: A doutrina também sustenta que a existência dos recursos propicia maior equilíbrio e justiça do processo, propiciando às partes maiores oportunidades, buscando uma decisão com a menor incidência de falhas possíveis.

Não obstante todas as vicissitudes que enfrenta o sistema recursal brasileiro, inclusive tem sido apontado pelos estudiosos como um dos vilões que emperram a máquina judiciária, pensamos que os recursos são necessários e constituem um instrumento democrático do Estado de Direito e uma forma democrática de se propiciar o acesso real do cidadão à Justiça.

Como no ensina Dirley da Cunha Jr.(11):

A Constituição de 1988 inovou e reuniu, em um mesmo princípio, as bases do Estado de Diretio e do Estado Democrático, provocando a cone-xão entre os seus postulados. Assim, se é certo que o elemento básico do Estado de Direito é a lei, não menos certo é que a lei deixa de ser entendida como mero enunciado formal do legislador, desprovida de conteúdo material ou substancial, para ser concebida e exigida como um ato de concretização dos valores humanos, morais e éticos fundamentais consgrados na Constituição, numa perspectiva democrática imposta pela soberania popular. Desse modo, a lei que não atenda a essa exigência é lei inconstitucional que deve ser desprezada. O Estado Democrático de Direito, portanto, é o Estado Constitucional submetido à Constituição e aos valores humanos nele consagrados”.

4. Classificação dos recursos

A doutrina tem classificado os recursos, quanto à finalidade, em ordinários e extraordinários. Quanto à fundamentação, em recursos de fundamentaçao livre e recursos de fundamentação vinculada. Com relação à extensão do inconformismo da parte, o recurso pode ser parcial ou total.

(11) Curso de Direito Constitucional. 6. ed. Salvador: Jus Podivm, 2012. p. 543.


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