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LUCIANA HARUE YAMANE RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLETOS ATRAVÉS DE PROCESSO BIOHIDROMETALÚRGICO São Paulo 2012

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LUCIANA HARUE YAMANE

RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLETOS ATRAVÉS DE PROCESSO

BIOHIDROMETALÚRGICO

São Paulo 2012

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LUCIANA HARUE YAMANE

RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLETOS ATRAVÉS DE PROCESSO

BIOHIDROMETALÚRGICO

Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia.

São Paulo 2012

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LUCIANA HARUE YAMANE

RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLETOS ATRAVÉS DE PROCESSO

BIOHIDROMETALÚRGICO

Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia. Área de concentração: Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Orientador: Prof. Dr. Jorge Alberto Soares Tenório.

São Paulo 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus incentivadores, meus pais, Noboru e Irani.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, acima de tudo, por me dar tudo aquilo que preciso para alcançar meus sonhos. Ao meu orientador, Prof. Dr. Jorge Alberto Soares Tenório, pelos duros, porém ricos ensinamentos que foram fundamentais para meu crescimento acadêmico. À Prof. Dra. Denise Crocce Romano Espinosa, por ter sido muito mais que uma professora durante meu doutorado. Ao Prof. Dr. Arthur Pinto Chaves pela colaboração no desenvolvimento do trabalho. À FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pela concessão da bolsa de doutorado (Processo n° 08/532 54-1) e auxílio regular à pesquisa (Processo nº 10/51009-0). Ao Setor de Patrimônio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo pela doação das placas de circuito impresso utilizadas neste trabalho. Ao LTM - Laboratório de Tratamento de Minérios e Resíduos Industriais do Departamento de Engenharia de Minas/USP, em especial, ao técnico Alfredo dos Santos Freitas, pela ajuda imprescindível na etapa de pré-tratamento. À Carina Ulsen do Laboratório de Caracterização Tecnológica do Departamento de Engenharia de Minas/USP, pela colaboração na etapa de cianetação. À todos os colegas do LAREX, Laboratório de Reciclagem, Tratamento de Resíduos e Metalurgia Extrativa, em especial, aos queridos amigos que fiz: Viviane de Moraes, Flávia Silvas, Daniela Buzzi, Hugo Hashimoto, Victor Bridi, Eduardo Junca, Denis Massucato e Girley Ferreira. Aos colegas Eduardo Ruggi e Daniela Gomes Horta, pelo apoio oferecido na etapa de biolixiviação. Aos meus pais, por tudo que fizeram, fazem e sei que sempre irão fazer por mim, a minha eterna gratidão por sempre acreditarem em mim, e por vezes, mais que eu mesma. Ao meu querido avô Alfredo que deixou além de muitas saudades, um dos melhores exemplos de perseverança e integridade. À minha irmã Fabiana, por sempre cuidar de mim, estando perto ou longe, e por me dar minhas duas maiores alegrias: Fábio e Luíse. E por fim, ao meu noivo Rafael, que foi meu maior alicerce desde o inicio do doutorado, pois sempre me incentivou e apoiou. Obrigado por ter sido meu amigo, companheiro, minha família e principalmente, meu amor. Obrigado a todos que contribuíram para realização deste trabalho.

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"Eu pedi forças... e Deus me deu dificuldades para fazer-me forte. Eu pedi sabedoria... e Deus me deu problemas para resolver.

Eu pedi prosperidade... e Deus me deu cérebro e músculos para trabalhar. Eu pedi coragem... e Deus me deu perigos para superar.

Eu pedi amor... e Deus me deu pessoas com dificuldades para ajudar. Eu pedi dádivas... e Deus me deu oportunidades.

Eu não recebi nada do que pedi,

mas eu recebi TUDO que precisava”

(Howard Hendricks)

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RESUMO

O consumo de produtos eletroeletrônicos, em especial de computadores pessoais, aliado ao avanço tecnológico, diminui a vida útil dos equipamentos a cada geração e o intenso marketing gera um rápido processo de substituição. As placas de circuito impresso são encontradas em praticamente todos os equipamentos eletroeletrônicos e são particularmente problemáticas para reciclar devido à mistura heterogênea de material orgânico, metais e fibra de vidro. As placas de circuito impresso são industrialmente recicladas através de processos hidrometalúrgicos e pirometalúrgicos. A biolixiviação, que é baseada na capacidade de microrganismos solubilizarem metais, pode ser usada para recuperar metais de placas de circuito impresso de computadores. O presente trabalho investigou a recuperação de metais de placas de circuito impresso de computadores obsoletos através de processo biohidrometalúrgico. Para isto, as placas de circuito impresso foram processadas através de cominuição seguida de separações magnética e eletrostática. A bactéria Acidithiobacillus ferrooxidans-LR foi cultivada e adaptada na presença de placas de circuito impresso. Um estudo de frascos agitados foi realizado com amostras do material não-magnético das placas de circuito impresso para avaliar a influência da adaptação bacteriana, densidade de polpa, velocidade de rotação e concentração inicial de Fe+2 sobre o processo de biolixiviação. Lixiviação com sulfato férrico também foi estudada para efeitos de comparação. Os parâmetros analisados foram: pH, Eh, concentração de Fe+2, extração de metais, análises por EDS e MEV. Os resultados da caracterização mostraram que através da separação magnética é possível obter duas frações: material magnético, na qual ficou concentrado o ferro, permitindo sua posterior recuperação, e material não-magnético, na qual ficou concentrado cobre, zinco, alumínio, estanho e ouro. Para a extração de cobre, zinco e alumínio, os resultados do estudo de frascos agitados permitiram a definição das condições: densidade de polpa de 15gL-1, volume de inóculo (bactérias adaptadas) de 10% (v/v), velocidade de rotação de 170rpm, e concentração inicial de Fe+2 de 6,75gL-1. A lixiviação com sulfato férrico extraiu menos de 35% do cobre do que a biolixiviação, porém é um fator contribuinte assim como a lixiviação promovida pelo ácido sulfúrico. Imagens obtidas no MEV mostraram diferenças entre as superfícies das amostras do material não-magnético antes e depois da biolixiviação, evidenciando os pits de corrosão formados pelo contato da bactéria. Palavras-chave: placas de circuito impresso, biolixiviação, metais, reciclagem, A. ferrooxidans-LR.

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ABSTRACT

Consumption of electric and electronic devices, especially personal computers, coupled with technological advances, decreases equipments lifespan in each generation and intense marketing generates a rapid replacement process. Printed circuit boards are found in all electric and electronic equipment and are particularly problematic to recycle because of the heterogeneous mix of organic material, metals, and fiberglass. Printed circuit boards are industrially recycled by hydrometallurgical and/or pyrometallurgical processes. Bioleaching, which is based on microorganism’s capacity to dissolve metals into soluble elements, can be used to metal recovery from printed circuit boards of computers. This study investigated metal recovery from printed circuit boards of obsolete computers by biohydrometallurgical process. Printed circuit boards from obsolete computers were processed by size reduction followed by magnetic and electrostatic separation. Bacteria Acidithiobacillus ferrooxidans-LR were grown and adapted in presence of printed circuit board. A shake-flask study was carried out with printed circuit board samples (non-magnetic material). Influence of bacterial adaptation, pulp density, rotation speed and initial Fe+2 concentrations on bioleaching were evaluated. Leaching in acidic ferric sulphate was also performed for comparison purposes. Analyzed parameters were: pH, Eh, ferrous iron concentration, metals extraction, EDS and SEM analysis. Characterization results shown that through magnetic separation, it is possible to obtain two fractions: magnetic material, which concentrated iron; and non-magnetic material, which concentrated copper, zinc, aluminum, tin and gold. Results obtained in the extraction of copper, zinc and aluminum allowed to define optimal conditions of bioleaching: pulp density of 15gL-1, inoculums volume (adapted bacteria) of 10% (v/v), rotation speed of 170rpm, and Fe+2 initial concentration of 6.75gL-1. Ferric iron leaching extracted less copper (35%) than bioleaching, but it’s a contribute factor as leaching promoted by diluted sulfuric acid. SEM analysis shown surface differences between non-magnetic material before and after bioleaching, showing corrosion pits formed by bacteria contact. Keywords: printed circuit boards, bioleaching, metals, recycling, A. ferrooxidans-LR.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1. REVISÃO DE LITERATURA ............................. .................................................. 3

1.1. RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS ........ .................. 3

1.1.1. Composição do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos ......................... 3

1.1.2. Geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos ............................. 5

1.1.3. Placas de circuito impresso .......................................................................... 7

1.2. LEGISLAÇÃO SOBRE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS

ELETROELETRÔNICOS ................................. ........................................................... 9

1.2.1. Políticas internacionais sobre resíduo de equipamentos eletroeletrônicos ... 9

1.2.2. Legislação brasileira sobre resíduos de equipamentos eletroeletrônicos ... 10

1.3. TRATAMENTO DO RESÍDUO DE EQUIPAMENTOS

ELETROELETRÔNICOS ................................. ......................................................... 12

1.3.1. Processos de reciclagem mecânica ............................................................ 13

1.3.2. Processos pirometalúrgicos ........................................................................ 14

1.3.3. Processos hidrometalúrgicos ...................................................................... 15

1.3.4. Cianetação .................................................................................................. 18

1.3.4.1. Histórico da cianetação ........................................................................... 18

1.3.4.2. Processo de cianetação .......................................................................... 18

1.3.5. Processos biohidrometalúrgicos ................................................................. 20

1.3.5.1. Histórico da biolixiviação ......................................................................... 22

1.3.5.2. Microrganismos utilizados na biolixiviação .............................................. 22

1.3.5.3. Mecanismos de biolixiviação de A. ferrooxidans ..................................... 25

1.3.5.4. Fatores que influenciam a biolixiviação ................................................... 28

1.3.5.5. Vantagens e desvantagens da biolixiviação ............................................ 34

1.3.5.6. Aplicações da biolixiviação ...................................................................... 34

2. OBJETIVO .......................................... ............................................................... 37

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3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................... .................................................. 38

3.1. PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLET OS 38

3.2. PRÉ-TRATAMENTO DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE

COMPUTADORES OBSOLETOS. ........................... ................................................ 38

3.2.1. Redução de tamanho das placas de circuito impresso de computadores

obsoletos ............................................................................................................... 39

3.2.3. Separação magnética das placas de circuito impresso cominuídas ........... 40

3.2.4. Separação eletrostática do material não-magnético das placas de circuito

impresso cominuídas ............................................................................................. 41

3.3. CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES OBTIDAS NO PRÉ-TRATAMENT O . 42

3.3.1. Classificação granulométrica ...................................................................... 42

3.3.2. Pirólise ........................................................................................................ 43

3.3.3. Lixiviação em água-régia ............................................................................ 43

3.3.4. Análises químicas ....................................................................................... 44

3.4. ESTUDOS DE BIOLIXIVIAÇÃO .......................... .......................................... 44

3.4.1. Microrganismos mesófilos ........................................................................... 46

3.4.2. Meio de cultura ........................................................................................... 46

3.4.3. Adaptação bacteriana ................................................................................. 46

3.4.4. Solução oxidada de cultivo ......................................................................... 47

3.4.5. Estudos em frascos agitados ...................................................................... 47

3.4.5.1. Influência da adaptação bacteriana ......................................................... 48

3.4.5.2. Influência da densidade de polpa ............................................................ 48

3.4.5.3. Influência do volume da solução oxidada de cultivo ................................ 49

3.4.5.4. Influência da velocidade de rotação ........................................................ 49

3.4.5.5. Influência da concentração inicial de Fe+2 ............................................... 49

3.4.6. Caracterização do material insolúvel após a biolixiviação .......................... 50

3.4.7. Determinação analítica dos parâmetros de controle ................................... 50

3.4.7.1. Controle de pH e Eh. ................................................................................ 50

3.4.7.2. Determinação da concentração de Fe+2 por titulometria ......................... 50

3.5. ENSAIO DE LIXIVIAÇÃO COM SULFATO FÉRRICO .......... ........................ 51

3.5.1. Determinação da concentração de metais .................................................. 52

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3.5.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Espectrometria de Energia

Dispersiva de Raios-X (EDS) ................................................................................. 52

3.6. ENSAIO DE CIANETAÇÃO .............................. ............................................. 52

3.6.1. Lixiviação do ferro do material insolúvel para o ensaio de cianetação........ 53

3.6.2. Preparação dos reagentes .......................................................................... 53

3.6.3. Lixiviação alcalina com cianeto de sódio .................................................... 54

3.6.4. Procedimento de titulação e cálculo de cianeto livre................................... 54

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................ ............................................. 56

4.1. PRÉ-TRATAMENTO DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE

COMPUTADORES OBSOLETOS. ........................... ................................................ 56

4.1.1. Cominuição das placas de circuito impresso de computadores obsoletos . 56

4.1.2. Separação magnética e eletrostática .......................................................... 57

4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES OBTIDAS NO PRÉ-TRATAMENT O . 58

4.2.1. Classificação granulométrica ...................................................................... 58

4.2.2. Pirólise e lixiviação em água-régia .............................................................. 60

4.2.3. Análises químicas das frações obtidas no pré-tratamento .......................... 61

4.3. ESTUDOS DE BIOLIXIVIAÇÃO .......................... .......................................... 64

4.3.1. Influência da adaptação bacteriana ............................................................ 66

4.3.2. Influência da densidade de polpa ............................................................... 70

4.3.3. Influência do volume da solução oxidada de cultivo ................................... 82

4.3.4. Influência da velocidade de rotação ............................................................ 91

4.3.5. Influência da concentração inicial de Fe+2 .................................................. 98

4.4. ENSAIO DE LIXIVIAÇÃO COM SULFATO FÉRRICO .......... ...................... 105

4.4.1. Caracterização do material insolúvel após a biolixiviação ........................ 108

4.5. ENSAIOS DE CIANETAÇÃO ............................. .......................................... 109

5. CONCLUSÕES ................................................................................................ 111

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 113

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quantidade de resíduo de equipamentos eletroeletrônicos gerado a partir

de computadores pessoais (kg/hab.ano) em diversos países ..................................... 6

Figura 2 - Esquema da captação e transferência de elétrons durante a oxidação do

Fe+2. R: rusticianina; c: citocromo c; a: citocromo a. ................................................. 27

Figura 3 - Placa de circuito impresso de computador obsoleto antes do

processamento. ......................................................................................................... 38

Figura 4 – Diagrama de blocos do pré-tratamento e caracterização das placas de

circuito impresso de computadores obsoletos........................................................... 39

Figura 5 - Guilhotina manual utilizada para redução do tamanho das placas de

circuito impresso. ...................................................................................................... 39

Figura 6 - Moinho de martelos utilizado na cominuição das placas de circuito

impresso .................................................................................................................... 40

Figura 7 - Separador magnético de correias cruzadas. ............................................. 41

Figura 8 - Separador eletrostático. ............................................................................ 41

Figura 9 - Mufla utilizada no ensaio de pirólise. ........................................................ 43

Figura 10 – Diagrama de blocos das etapas de pré-tratamento e estudos de

biolixiviação. .............................................................................................................. 45

Figura 11 - Ensaio de biolixiviação com frascos agitados. ........................................ 47

Figura 12 - Ensaio de lixiviação com sulfato férrico .................................................. 51

Figura 13 – Diagrama de blocos das separações magnética e eletrostática e seu

respectivo balanço de massa (% em massa) ............................................................ 57

Figura 14 - Distribuição granulométrica das placas de circuito impresso cominuídas

por peneiramento ...................................................................................................... 58

Figura 15 - Distribuição granulométrica das placas de circuito impresso cominuídas

por difração de raio laser (Malvern). .......................................................................... 59

Figura 16 - Composição das frações de placas de circuito impresso após pré-

tratamento (% em massa). MA: material magnético; CD: material condutor; MI:

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material misto; NC: material não-condutor; PCI: placa de circuito impresso

cominuída. ................................................................................................................. 60

Figura 17 - Espectro de energia dispersiva do material não-magnético das placas de

circuito impresso de computadores obsoletos........................................................... 65

Figura 18 - Imagem de elétrons retro-espalhados do material não-magnético das

placas de circuito impresso de computadores obsoletos. ......................................... 66

Figura 19 - Extração de cobre (%) obtida no estudo sobre a influência da adaptação

bacteriana sobre a biolixiviação do cobre presente no material não-magnético das

placas de circuito impresso após 30 dias. ................................................................. 67

Figura 20 - Variações do pH antes do ajuste diário versus tempo. Símbolos: (□)

Controle abiótico, (■) A. ferrooxidans-LR adaptada crescendo com placas de circuito

impresso, (▲) A. ferrooxidans-LR não-adaptada crescendo com placas de circuito

impresso. ................................................................................................................... 68

Figura 21 - Variações na concentração de Fe+2 (mgL-1) do estudo da influência da

adaptação bacteriana. Símbolos: (□) Controle abiótico, (■) A. ferrooxidans-LR

adaptada, (▲) A. ferrooxidans-LR não-adaptada ...................................................... 69

Figura 22 - Extração de cobre (%) obtida utilizando densidade de polpa de: 15gL-

1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) após 15 dias.......... 71

Figura 23 - Extração de cobre (%) obtida nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b)

22,5gL-1; (c) 30gL-1; (d) 45gL-1; (e) 60gL-1; (f) 75gL-1 e respectivos controles

abióticos após 15 dias. Legenda: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1

( ) e 75gL-1 ( ). ....................................................................................................... 72

Figura 24 - Variação do pH antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8 a 2,0 nas

densidades de polpa: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e

75gL-1 ( ) após 15 dias. ........................................................................................... 73

Figura 25 - Variação do pH antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8-2,0 nas

densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1 e (f)

75gL-1 e seus respectivos controles abióticos após 15 dias. Legenda: 15gL-1(■),

22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ). ...................................... 75

Figura 26 - Variação da concentração de Fe+2 (mgL-1) nas densidades de polpa

15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) após 15 dias. 76

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Figura 27 - Variação da concentração de Fe+2 (mgL-1) nas densidades de polpa: (a)

15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1, (f) 75gL-1 e respectivos

controles abióticos após 15 dias. Legenda: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-

1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) ..................................................................................... 77

Figura 28 - Extração de zinco, alumínio, chumbo e zinco nas densidades de polpa:

(a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1, (f) 75gL-1 após 15 dias. Bio:

biolixiviação; Cont: controle. ...................................................................................... 78

Figura 29 - Espectros de energia dispersiva do material insolúvel após a biolixiviação

nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1, (f)

75gL-1 após 15 dias. .................................................................................................. 80

Figura 30 - Imagens de elétrons retroespalhados do material insolúvel após a

biolixiviação nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1,

(e) 60gL-1, (f) 75gL-1 após 15 dias. ............................................................................ 81

Figura 31 - Extração de cobre utilizando como inóculo volumes de solução oxidada

de cultivo de (%v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle abiótico. ...... 83

Figura 32 - Variação de pH utilizando como inóculo, volumes de solução oxidada de

cultivo de (v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle abiótico. .............. 84

Figura 33 - Variação na concentração de Fe+2 utilizando como inóculo volumes de

solução oxidada de cultivo de (v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle

abiótico. ..................................................................................................................... 85

Figura 34 - Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho obtidas utilizando como

inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v): (a) 5%, (b) 10%, (c) 20%, (d)

30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15 dias. Bio:

biolixiviação; Cont: controle. ...................................................................................... 87

Figura 35 - Espectros de energia dispersiva do material insolúvel após biolixiviação

utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v): (a) 5%, (b)

10%, (c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico

após 15 dias. ............................................................................................................. 88

Figura 36 - Imagem de elétrons retroespalhados do material insolúvel após

biolixiviação utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v):

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(a) 5%, (b) 10%, (c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao

controle abiótico após 15 dias. .................................................................................. 90

Figura 37 - Extração de cobre (%) utilizando velocidade rotação de (■) 150rpm, (▲)

160 rpm e (●) 170rpm e respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○)

170rpm. ..................................................................................................................... 92

Figura 38 - Variação de pH utilizando velocidade de rotação de (■) 150rpm, (▲) 160

rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e

(○) 170rpm. ................................................................................................................ 93

Figura 39 - Variação do potencial redox (Eh) em mV vs. EPH utilizando velocidade de

rotação de (■) 150rpm, (▲) 160 rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles

abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm. ....................................................... 94

Figura 40 - Variação da concentração de Fe+2 utilizando velocidade de rotação de

(■) 150rpm, (▲) 160 rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles abióticos (□)

150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm. ............................................................................ 95

Figura 41 - Extração de metais utilizando diferentes velocidades de rotação (150,

160 e 170rpm) comparadas ao controle abiótico após 15 dias. ................................ 96

Figura 42 – Análises por espectroscopia de energia dispersiva e respectivas

imagens de elétrons retro-espalhados do material insolúvel após biolixiviação

utilizando velocidade de rotação de: (a) 170rpm, (b) 160rpm, (c) 150rpm após 15

dias. ........................................................................................................................... 97

Figura 43 - Extração de cobre (%) utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de

(■) 6,75; (▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆)

13,57; (○) 16,97 após 15 dias. ................................................................................... 99

Figura 44 - Variação de pH utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de (■) 6,75;

(▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆) 13,57; (○)

16,97 após 15 dias. ................................................................................................. 100

Figura 45 - Variação de Eh utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de: (■) 6,75;

(▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆) 13,57; (○)

16,97 após 15 dias. ................................................................................................. 100

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Figura 46 - Variação na concentração de Fe+2 utilizando concentração inicial de Fe+2

(gL-1) de: (■) 6,75; (▲) 13,57; (●) 16,97 e respectivos controles abióticos após 15

dias. ......................................................................................................................... 101

Figura 47 - Extração de metais (%) utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de

6,75; 13,57; 16,97 e seus respectivos controles abióticos. Bio: biolixiviação; Cont:

controle. .................................................................................................................. 102

Figura 48 - Análises de espectroscopia de energia dispersiva e respectivas imagens

de elétrons retro-espalhados do material insolúvel após biolixiviação usando

concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de: (a) 6,75; (b) 13,57 e (c) 16,97. .................... 103

Figura 49 - Comportamento das condições inoculadas nos estudos de biolixiviação.

................................................................................................................................ 104

Figura 50 - Comportamento da condição controle nos estudos de biolixiviação. .... 105

Figura 51 - Extração de cobre (%) obtida na lixiviação ácida com sulfato férrico

(70ºC) após 4 horas. ............................................................................................... 106

Figura 52 - Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho (%) obtidas na lixiviação

com sulfato férrico comparadas a biolixiviação (densidade de polpa de 15gL-1). .... 107

Figura 53 - Espectro de energia dispersiva do material insolúvel após lixiviação com

sulfato férrico. .......................................................................................................... 107

Figura 54 - Extração de ouro em função do tempo de ensaio de lixiviação alcalina

com cianeto de sódio. ............................................................................................. 109

Figura 55 - Consumo de cianeto livre em função do tempo de ensaio de lixiviação

alcalina com cianeto de sódio. ................................................................................ 110

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Componentes perigosos no REEE. ........................................................... 5

Tabela 2 - Porcentagem de metal encontrado em média nos minérios e nas placas

de circuito impresso. ................................................................................................... 8

Tabela 3 - Novos desenvolvimentos na recuperação de metais a partir de resíduo de

equipamentos eletroeletrônico por técnicas hidrometalúrgicas. ................................ 17

Tabela 4 - Constantes de estabilidade dos complexos de Au(I)................................ 19

Tabela 5 - Constantes de estabilidade (β) dos cianocomplexos metálicos. .............. 20

Tabela 6 - Resumo de pesquisas reportadas sobre biolixiviação de sucata eletrônica

e placas de circuito impresso. ................................................................................... 21

Tabela 7 - Fatores e parâmetros que podem influenciar a lixiviação bacteriana e

mobilização metálica. ................................................................................................ 29

Tabela 8 - Faixa de pH ótimo para crescimento e atividade da A. ferrooxidans........ 30

Tabela 9 - Comparação do custo dos tratamentos de minérios sulfetados de ouro. . 34

Tabela 10 - Concentração dos metais (% em massa) nas frações obtidas no pré-

tratamento das placas de circuito impresso determinadas por ICP-OES com relação

à massa total. ............................................................................................................ 62

Tabela 11 - Concentração dos metais de placas de circuito impresso reportados em

diferentes trabalhos. .................................................................................................. 62

Tabela 12 - Concentração (%) dos metais no material não-magnético das placas de

circuito impresso de computadores obsoletos determinada por EAA e utilizada nos

estudos de biolixiviação. ........................................................................................... 64

Tabela 13 – Concentração de metais (% em massa) no material insolúvel após

biolixiviação. ............................................................................................................ 108

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1

INTRODUÇÃO

O resíduo de equipamentos eletroeletrônicos (REEE), também conhecido

como resíduo eletroeletrônico ou sucata eletrônica, contempla todo tipo de

equipamento eletroeletrônico danificado, obsoleto ou que tenha chegado ao fim de

sua vida, podendo ser citados, computadores, celulares, eletrodomésticos,

televisores e também partes desses equipamentos, como as placas de circuito

impresso (1; 2; 3; 4; 5).

O Brasil segue a tendência mundial de rápido crescimento no consumo de

equipamentos eletroeletrônicos acarretando um aumento na geração deste resíduo,

que apesar de ser urbano, em relação a sua geração, possui características de um

resíduo industrial, devido sua composição (5; 6; 7).

O destino final do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos é a incineração

ou aterro, porém, quando aterrados, metais como chumbo, cádmio e mercúrio

podem ser lixiviados, contaminando o solo. A queima de equipamentos

eletroeletrônicos libera gases tóxicos (dioxinas e furanos) devido à presença de

retardantes de chama (compostos bromados, clorados, fosfatos e ésteres) (8; 9). Sob

esta perspectiva, a reciclagem do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos

contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e conservação dos

recursos naturais.

O gerenciamento do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos na

comunidade européia através de legislação específica (diretivas européias) pode ser

citado como exemplo (1). No Brasil, com a aprovação da Lei 12.305/2010, a Política

Nacional de Resíduos Sólidos prevê o tratamento do resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos, eletrodomésticos e seus componentes mediante posterior

regulamentação. Na prática, apesar de iniciativas de reciclagem terem surgido, o

que efetivamente têm sido realizados é a coleta, desmontagem e segregação do

resíduo, sendo que as placas de circuito impresso, que concentram os metais de

interesse econômico como cobre, ouro e prata, são enviadas a usinas de reciclagem

no exterior, ficando apenas o resíduo de valor agregado inferior, absorvido pelo

mercado nacional de reciclagem (7).

Adicionalmente, podem ser ressaltados outros fatores que refletem a

importância do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos como fonte alternativa

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2

para extração de metais, como: o esgotamento de minérios de alto teor, a economia

energética no processo de recuperação já que o metal já se encontra em sua forma

metálica, e a exploração de reservas minerais para atender a demanda de matéria-

prima da quantidade cada vez maior de produtos eletroeletrônicos.

Dentre os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, as placas de circuito

impresso, que são encontradas em todos os equipamentos eletroeletrônicos,

despertam maior interesse, sendo compostas geralmente por materiais poliméricos,

cerâmicos e metais (10). Os métodos convencionais de reciclagem de placas de

circuito impresso envolvem rotas pirometalúrgicas ou hidrometalúrgicas (3).

A biolixiviação de minérios é uma técnica conhecida há décadas, todavia tem

sido mais desenvolvida recentemente, principalmente devido à exaustão dos

minérios mais ricos. O processo de biolixiviação baseia-se na utilização de

microrganismos para promover a solubilização de metais através da lixiviação

bacteriana sendo uma alternativa na recuperação de metais de interesse econômico

(11; 12).

A utilização da biolixiviação como rota alternativa na recuperação de metais

do REEE possui como vantagens: a economia de insumos (ácidos e agentes

oxidantes) utilizados em um processo hidrometalúrgico convencional, o baixo

requerimento energético além de evitar a emissão de poluentes gasosos quando

comparado ao processo pirometalúrgico; e o baixo investimento de capital inicial e

custo.

Este trabalho propõe o estudo de uma rota para a recuperação dos metais de

interesse econômico presentes em placas de circuito de computadores obsoletos

através de biolixiviação bacteriana do cobre, para posterior extração do ouro.

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3

1. REVISÃO DE LITERATURA

Nas últimas décadas, a indústria de equipamentos eletroeletrônicos tem

revolucionado o mundo, sendo onipresente no nosso dia-a-dia, e sem estes

produtos a vida moderna não seria possível, podendo-se encontrar estes produtos

em diversas áreas como medicina, educação, comunicação, segurança e cultura,

além de incluir os eletrodomésticos como televisores, geladeiras, celulares e

computadores (1).

No Panorama Econômico 2011 divulgado pela Abinee (13), que apresentou os

dados do setor eletroeletrônico entre 2003 e 2010, o número de computadores

pessoais vendidos entre 2003 e 2010, passou de 3,2 para 14 milhões de unidades, e

em 2009 este levantamento mostrou que 35% dos domicílios possuíam computador.

Este fenômeno resulta no acúmulo de toneladas de resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos, como computadores, televisores, aparelhos de som, celulares,

entre outros produtos eletroeletrônicos.

1.1. RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS

O resíduo de equipamentos eletroeletrônicos abrange várias formas de

equipamentos eletroeletrônicos, sendo gerado por fábricas de componentes e pelo

descarte de equipamentos obsoletos ou em desuso (10), possuindo diferentes idades,

origens e fabricantes, e consequentemente, composição variada.

1.1.1. Composição do resíduo de equipamentos eletroeletrôn icos

O resíduo de equipamentos eletroeletrônicos pode ser definido como uma

mistura de vários metais, acoplados, cobertos ou misturados a plásticos e materiais

cerâmicos (3), porém as quantidades de materiais encontrados no REEE dificultam a

generalização da sua composição.

A composição das placas de circuito impresso pode variar dependendo das

diferentes metodologias aplicadas, origem do material, métodos analíticos e porque

a composição tem variado com o tempo principalmente devido às inovações

tecnológicas e exigências de reciclagem (14; 4; 15).

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4

Equipamentos eletroeletrônicos modernos podem conter mais de 60

elementos diferentes em sua composição, sendo alguns valiosos, alguns perigosos,

e alguns ambos (1).

Em geral, o resíduo de equipamentos eletroeletrônicos apresenta: 30% de

plásticos; 30% de óxidos e 40% de metais (10).

Os metais, que chegam a aproximadamente 40% do resíduo, incluem cobre,

ferro, estanho, níquel, alumínio, chumbo e zinco. Os metais preciosos são: a prata

(0,2%), o ouro (0,1%) e o paládio (0,005%) e estão na forma de finos filmes sob

outros metais base (Al, Cu, Fe) e cerâmicos (14).

Metais preciosos, em especial o ouro, têm ampla aplicação no processo de

fabricação de equipamentos eletroeletrônicos, servindo como material de contato

devido sua estabilidade química, propriedades condutoras e resistência à

corrosão (3; 16). O uso nesse caso é feito na forma pura, não sendo encontrado em

forma de liga, pois esta somente eliminaria as propriedades que o ouro apresenta.

Os metais preciosos encontram-se concentrados em (10):

• Conectores elétricos: melhoram condutividade e reduzem o desgaste;

• Placas de circuito impresso: proteção contra oxidação;

• Transistores: melhora de desempenho;

• Capacitores: aumentam a eficiência.

Os materiais cerâmicos geralmente encontrados nas placas de circuito

impresso são sílica, alumina, mica e titanato de bário (17), e os substratos orgânicos

consistem nas camadas de papel impregnadas com resina fenólica ou camadas de

fibra de vidro impregnadas com resina epóxi, poliamida, éster de cianato, resina BT,

entre outros (18). Estudos (14; 19; 20; 21; 22; 23) com o objetivo de caracterizar diferentes tipos de

sucata eletrônica, mas principalmente placas de circuito impresso, são reportados na

literatura mostrando que tanto a composição quanto a concentração dos materiais,

em especial dos metais, é bastante heterogênea.

A presença de componentes perigosos (como baterias, plásticos contendo

retardadores de chama, capacitores, entre outros) contidos no resíduo de

equipamentos eletroeletrônicos podem poluir o meio ambiente e oferecer risco à

saúde (24). A Tabela 1 (2; 25) relaciona os componentes perigosos presentes no REEE.

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5

Tabela 1 – Componentes perigosos no REEE (2; 25). Materiais e componentes Descrição

Baterias Metais como chumbo, mercúrio e cádmio podem estar presentes nas baterias

Telas de tubos catódicos Chumbo no cone de vidro e camada fluorescente que cobre o interior do painel de vidro

Componentes contendo mercúrio, por exemplo, interruptores

Mercúrio é usado em termostatos, sensores, relês e interruptores. Também é usado em equipamentos médicos, transmissores de dados, telecomunicação e celulares.

Cartuchos de tinta, líquida ou pastosa, assim como cartuchos coloridos

Toners e cartuchos de tinta têm que ser removidos e coletados separadamente devido à tinta residual que pode conter metais como Pb

Placas de circuito impresso Nas placas de circuito impresso, ocorre cádmio em certos componentes, por exemplo, chips, detectores e semicondutores e Pb nas soldas

Capacitores contendo bifenilas policloradas

Capacitores têm que ser removidos, pois caso venham a ser incinerados geram gases tóxicos

Plásticos contendo retardadores de chama halogenados

Durante a incineração/combustão do plástico com retardadores de chama halogenados pode ocorrer a geração de gases tóxicos

Equipamentos contendo CRC, HCFC ou HFCs

CFC ou HCFC presentes na espuma e no circuito de refrigeração devem ser apropriadamente extraídos e destruídos e o mercúrio deve ser removido

1.1.2. Geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônic os

Os dados disponíveis sobre a geração de resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos ainda são escassos e estimativas são feitas baseadas em balanços

de venda, importação e exportação. A estimativa de geração global de REEE é de

20-25 milhões de toneladas por ano (26).

Relatório divulgado pela United Nations Environment Programme – UNEP, em

2009 (1), sobre as barreiras para transferência de tecnologias de reciclagem de

resíduo de equipamentos eletroeletrônicos, revelou que no grupo de países formado

por Brasil, África do Sul, Marrocos, Colômbia e México, classificados como tendo

potencial para adaptar tecnologias pré e pós-processamento do REEE, o Brasil é o

país que gera a maior quantidade de resíduo de computadores pessoais com mais

de 0,5kg/hab.ano, como pode ser observado na

Figura 1 (1).

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6

Figura 1 - Quantidade de resíduo de equipamentos eletroeletrônicos gerado a partir de computadores pessoais (kg/hab.ano) em diversos países (1)

Segundo Ribeiro (7), a geração atual (2011) de REEE no Brasil (celulares,

televisores, computadores, rádios, máquinas de lavar roupa, geladeira e freezer) é

de 678.960t/ano, e estima-se que o acúmulo entre 2001 a 2030 será de 22,4 milhões

de toneladas.

O REEE está crescendo cerca de 4% ao ano, sendo estimado que mais de

315 milhões de computadores se tornaram obsoletos entre 1997 e 2004 somente no

Estados Unidos (27). O tempo médio de vida de computadores pessoais passou de

4,5 anos em 2002 para 2 anos em 2006 (5).

A cada ano, 20 a 50 milhões de toneladas de REEE são gerados

mundialmente (5). Em 2001, a quantidade de resíduo de equipamentos

eletroeletrônico gerado no Estados Unidos foi estimada em torno de 2,26 milhões de

toneladas e estes foram sobretudo equipamentos de vídeo, equipamentos de áudio

e equipamentos de informação, como computadores, monitores e telefones (24).

Estudo feito pela UNU - Universidade das Nações Unidas indica que a atual

geração de REEE pelos 27 membros da União Européia seja cerca de 8,3-9,1

milhões de toneladas por ano, enquanto que a geração global seja 40 milhões

t/ano (1).

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7

Na Coréia do Sul foi estimado que o número de computadores pessoais

acumulados agora excede mais de 20 milhões de unidades, no entanto, somente

metade está atualmente em uso (28).

No entanto, a taxa de geração per capita em populações de países em

desenvolvimento como a China é estimada em menos de 1kg de REEE per capita

por ano (29).

Estas estimativas refletem que, apesar dos dados de geração ainda não

serem precisos, a geração mundial de resíduo de equipamentos eletroeletrônicos

cresce a cada ano, justificando a crescente importância que o gerenciamento de

REEE vem ganhando, principalmente no que diz respeito à busca de processos de

reciclagem e do uso do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos como fonte

secundária para recuperação de materiais. A reciclagem de placas de circuito

impresso é a mais explorada tanto industrialmente quanto em escala laboratorial,

devido à presença de metais preciosos.

1.1.3. Placas de circuito impresso

A placa de circuito impresso, plataforma no qual componentes como chips

semicondutores e capacitores são montados, fornece as interconexões elétricas

entre os componentes (30).

As placas de circuito impresso são a base de quase todos os equipamentos

eletroeletrônicos, sendo cruciais para a manufatura e venda de cerca de U$S 1

trilhão em equipamentos eletroeletrônicos a cada ano (19).

Os dois tipos mais comuns de placas de circuito impresso são feitos de fibra

de vidro reforçado com resina epóxi (referida comercialmente como FR-4) ou papel

de celulose reforçado com uma resina fenólica (FR-2). O tipo FR-4 é utilizado em

computadores e os tipos FR-2 são usados em televisões e eletrodomésticos (17).

Tipicamente, na face superior ficam os componentes e na face inferior fica o

circuito propriamente dito formado por listras negras (de cobre, que funcionam como

condutores) (31).

Veit (4) estudou a recuperação de cobre de sucatas de placas de circuito

impresso por processamento mecânico e eletrometalurgia e comparou seus

resultados de porcentagem dos metais encontrados nas placas de circuito impresso

e minérios, como mostra a Tabela 2 (4), a fim de mostrar o potencial das placas de

circuito impresso como fonte secundária na recuperação de metais.

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8

Tabela 2 - Porcentagem de metal encontrado em média nos minérios e nas placas de circuito impresso (4).

Elemento % no minério % médio na PCI

Cobre 0,5-3,0 21,19

Zinco 1,7-6,4 0,17

Estanho 0,2-0,85 3,17

Chumbo 0,3-7,5 1,20

Ferro 30-60 1,31

Níquel 0,7-2,0 0,17

Alumínio 51-64 1,79

PCI: placa de circuito impresso

Como pode ser observado na Tabela 2, a concentração média de cobre na

placa de circuito impresso é superior à concentração média encontrada no minério,

assim como para o estanho.

Os metais preciosos nas placas de circuito impresso representam mais de

80% do valor intrínseco total, mesmo sua quantidade sendo menos de 1% em

massa (14). A concentração dos metais preciosos nas placas de circuito impresso

pode ser até 10 vezes maior que em minerais ricos (32). A concentração de ouro nas

placas de circuito impresso pode variar dependendo do tipo, origem e idade da placa

(21).

Apesar do conteúdo de ouro variar dependendo das diferentes formas e tipos

de circuitos integrados, este resíduo se tornou uma fonte secundária de ouro (33).

Cerca de um terço dos metais preciosos recuperados do resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos é de ouro (34).

Outro metal que também atrai atenção nas placas de circuito impresso é o

cobre, que apesar de possuir menor valor comparado ao ouro, chega a representar

27% em massa da placa de circuito impresso (19).

Veit (4) obteve resultados que mostram a viabilidade técnica de se recuperar o

cobre utilizando processamento mecânico seguido de técnica eletrometalúrgica.

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9

1.2. LEGISLAÇÃO SOBRE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS

ELETROELETRÔNICOS

1.2.1. Políticas internacionais sobre resíduo de equipamen tos

eletroeletrônicos

Nas últimas duas décadas têm ocorrido um aumento do número de políticas

ambientais e leis focando o processo de desenvolvimento de produtos com vista à

redução dos impactos ambientais resultantes destes produtos (35; 36).

No Japão, desde abril de 2001, a Home Appliances Recycling Law obriga os

fabricantes a receber e reciclar os aparelhos usados. Adicionalmente, o Japão

iniciou a reciclagem compulsória de computadores de empresas em abril de 2001, e

expandiu a exigência para computadores residenciais no verão de 2003 com a “Lei

para promoção da utilização efetiva de recursos” (37).

Na União Européia, os estados membros e o Parlamento Europeu acordaram,

em 2002, duas diretivas para equipamentos eletroeletrônicos. A “Waste Electrical

and Electronic Equipment (WEEE)” (2002/96/EC) estabelece regras disciplinando a

gestão dos REEE, tendo como principio a responsabilização do poluidor pagador. As

principais considerações desta diretiva incluem a recuperação, reciclagem e reuso

do REEE (38).

Em adição, a diretiva 2002/95/EC (39), “Restriction of the Use of Certain

Hazardous Substances in Electrical and Electronic Equipment (RoHS)”, restringe o

uso de 6 substâncias perigosas: chumbo, mercúrio, cádmio, cromo hexavalente,

bifenil polibrominado e difenil-éter polibrominado, comumente encontrados em

equipamentos eletroeletrônicos (23).

A RoHS influenciou diretamente a fabricação de placas de circuito impresso,

já que os componentes eletrônicos eram soldados com uma liga de estanho e

chumbo, e com esta diretiva em vigor, as placas de circuito impresso passam a usar

solda lead-free (livre de chumbo) (40).

Na Alemanha, também foi criada a Lei ElektroG, que gerencia o REEE no

país (35). A ElektroG reúne o conteúdo da WEEE e da RoHS e determina a

circulação, a devolução e a eliminação sustentável ao meio ambiente de

equipamentos eletroeletrônicos antigos.

Na Coréia do Sul, com a lei da responsabilidade estendida do produtor, que

passou a ser efetiva em 2003, fabricantes, distribuidores e importadores de produtos

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10

de consumo como ar condicionado, TVs e computadores são obrigados a atingir

metas oficiais de reciclagem ou pagar multas (23).

Na China, a coleta de resíduo é parcialmente organizada, mas não se presta

exclusivamente a este fim e cobre todo tipo de resíduo. Os coletores é que pagam

ao consumidor por seus equipamentos usados, mesmo sem funcionar. Depois do

desmantelamento, o REEE é mandado para refinarias de metais no sudeste do país

(41).

Cerca de 50-80% do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos coletado para

reciclagem em países industrializados acaba em centros de reciclagem na China,

Índia, Paquistão, Vietnã e Filipinas, tendo como vantagens o baixo custo trabalhista,

e regulamentações ambientais menos exigentes (27).

Exemplos de iniciativas internacionais foram: a Convenção da Basiléia em

1989 sobre o controle do movimento de resíduos perigosos e sua disposição; e a

Conferência de Estocolmo sobre poluentes orgânicos e a Convenção de Roterdã

sobre o comércio internacional de produtos químicos perigosos (42; 43).

1.2.2. Legislação brasileira sobre resíduos de equipamento s eletroeletrônicos

No Brasil, ainda não existe uma legislação específica em âmbito nacional

para o controle dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, a exemplo da União

Europeia. A Lei 12.305 de 2/8/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

estabelece normas sobre a redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos

resíduos sólidos, traz o princípio da responsabilidade estendida do produtor e prevê

ainda especial tratamento (mediante posterior regulação) dos REEE (44).

A Norma ABNT NBR 10.004/2004, que classifica os resíduos sólidos,

classifica como resíduo perigoso as cinzas provenientes da incineração de placas de

circuito impresso (código de identificação F043), devido à incineração ser uma

corrente prática no tratamento deste resíduo (45).

No entanto, alguns estados (PR, MT, SP e PE) possuem leis estaduais

específicas para regulamentação dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos.

No Paraná, a Lei Estadual 15.851/2008, obriga as empresas produtoras e

distribuidoras, que comercializam equipamentos de informática, a criarem e

manterem um programa de recolhimento, reciclagem e destruição desses

equipamentos sem causar poluição ambiental (46).

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11

A Lei Estadual 8.876/2008 do Estado do Mato Grosso que dispõe sobre a

coleta, reciclagem, tratamento e disposição final do lixo tecnológico (47; 48) define

quais são os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, estabelece que os

equipamentos que forem reaproveitados terão um fim social e os REEE devem ser

entregues aos estabelecimentos que os comercializam, ficando a cargo destes, a

implantação de sistemas de reutilização, reciclagem, tratamento e destinação final.

Em São Paulo, a Lei Estadual 13.576/2009 institui normas e procedimentos

para a reciclagem, gerenciamento e destinação final de lixo tecnológico (49). E

recentemente publicada, a Resolução SMA-038 de 02/08/2011, estabelece a relação

de produtos geradores de resíduos de impacto ambiental, dentre eles, os produtos

eletroeletrônicos, cujos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes

deverão implantar programa de responsabilidade pós-consumo para fins de

recolhimento, tratamento e disposição final a partir de 02 de outubro de 2011 (50).

No Decreto 23.941/2002, o governo de Pernambuco regulamenta a lei

12.008/2001 e estabelece que os comerciantes de produtos eletroeletrônicos são

obrigados a dar tratamento e destinação final e ainda, que a destruição térmica deve

proceder utilizando os mesmos processos utilizados no tratamento de resíduos

perigosos (51). Este decreto foi revisado na Lei Ordinária Estadual nº 14.236/2010,

que cria Nova Política Estadual de Resíduos Sólidos (52).

No Estado do Rio de Janeiro, o Projeto de Lei nº 1937/2004 sobre o

gerenciamento de lixo tecnológico não foi aprovado, sendo anexado a outro projeto

de lei, nº 1006/1999 (Política Estadual de Gerenciamento Estadual de Resíduos

Sólidos), que foi arquivado em 2007 (47).

No Estado de Santa Catarina, a Lei 14.364/2008, que estabeleceria o

gerenciamento do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos, determina em artigo

único a responsabilização pós-consumo do fabricante, importador e empresas que

comercializem produtos e respectivas embalagens ofertadas ao consumidor final,

em que couber (53).

Apesar de existirem leis estaduais a respeito do gerenciamento do resíduo de

equipamentos eletroeletrônicos, as mesmas possuem textos sucintos, sem definição

e ainda deverão ser regulamentadas (7).

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1.3. TRATAMENTO DO RESÍDUO DE EQUIPAMENTOS

ELETROELETRÔNICOS

As opções no tratamento do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos

geralmente envolvem o reuso, remanufatura ou remodelamento, reciclagem, além

da incineração e aterros sanitários (3; 54), porém, o resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos é disposto junto com o resíduo urbano, com exceção de

eletrodomésticos como geladeiras e fogões cujos materiais são reutilizados pela

indústria de produção secundária de metais (23), e geralmente seu destino final é a

queima ou o aterro (55).

No EUA em 2005, mais de 1,36 milhões de toneladas cúbicas de REEE foram

descartadas, principalmente em aterros (37).

Visto que países como China e Índia são países que recebem sucata

eletrônica, através de exportação ilegal ou doação (1), estudos (56; 57; 58) sobre a

contaminação do solo em áreas de reciclagem informal são reportados na literatura

alertando para concentrações de metais como Pb, Cd e Cu em amostras de solo e

plantas, que excedem os limites determinados pela legislação local colocando a

população em risco.

Outra forma de tratamento, que deve ser encorajada, é o reuso. Segundo Cui

e Zhang (3), o equipamento que já não é mais útil ao comprador original pode ter

valor para outros, e o reuso dos equipamentos eletroeletrônicos deve ser prioridade

no gerenciamento do REEE, já que a vida útil do equipamento é estendida reduzindo

assim o volume de resíduo que precisa ser tratado. Os equipamentos que ainda

possuem funcionalidade podem ser doados para programas de inclusão digital, ou

vendidos como equipamentos de segunda mão.

Mercados de equipamentos de segunda mão são comuns em países como

Índia, China, Tailândia e África do Sul que recebem resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos através da importação ilegal ou doação de REEE oriundos de

países desenvolvidos (1; 59). Discussões sob o ponto de vista social levantam o ponto

positivo da inclusão social e o ponto negativo do transbordo ilegal de REEE, gerando

controvérsia sobre o assunto.

A remanufatura ou “refurbishment”, termo em inglês, envolve a desmontagem,

limpeza, reparo ou remodelamento, remontagem e teste para produção de

equipamentos novos ou semi-novos, e envolve o uso de peças antigas e reposição

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com peças novas, já a reciclagem significa o reprocessamento do resíduo para a

produção de materiais com o propósito original ou outros propósitos (3; 60).

Equipamentos remanufaturados são menos dispendiosos que equipamentos novos,

já que parte da estrutura é reaproveitada.

A reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos para recuperação de metais

preciosos data de 1969, quando o U.S. Bureau of Mines iniciou trabalhos para a

recuperação destes metais a partir de sucatas eletrônicas militares, que já naquela

época atingiam 9.100t/ano (61).

Os processos de reciclagem de sucata eletrônica geralmente envolvem

processos mecânicos, hidrometalúrgicos, pirometalúrgicos, eletrometalúrgicos e

mais recentemente, biometalúrgicos, podendo haver uma combinação de diferentes

processos dependendo de quais e quantos materiais serão recuperados (3).

1.3.1. Processos de reciclagem mecânica

Processos de reciclagem mecânica visam a separação física dos

componentes, podendo ser realizada através de: redução de tamanho (moagem),

separação granulométrica, separação densitária, separação eletrostática e

separação magnética (62; 32; 63). A reciclagem mecânica é comumente aplicada como

um pré-tratamento visando concentrar os metais para posterior recuperação (64).

A redução de tamanho é usada para liberar os metais de outros

componentes, e assim expondo os metais para aumentar as taxas de extração dos

processos de recuperação subsequentes (62), podendo ser utilizados moinhos que

podem ter ação de impacto (moinho de martelos) ou de corte (moinho de facas) (65).

Koyonaka et al. (66) em estudo sobre a moagem de placas de circuito impresso

observou que a aceleração gradual da rotação do moinho de martelos aumentou a

concentração de componentes metálicos.

A separação granulométrica é utilizada para concentrar o conteúdo metálico

que já foi cominuído (2). Estudos realizados por Zhihai et al. (67) e Murugan et al. (68)

reportam que a distribuição granulométrica pode ser influenciada pelo tipo de

moinho, composição, tamanho do resíduo, velocidade de rotação e fluxo de entrada.

Na separação densitária, a diferença na densidade dos componentes é a

base da separação (2). Tal processo pode ser aplicado na separação das frações

poliméricas, visto que os plásticos são naturalmente hidrofóbicos, utiliza-se um

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líquido de densidade intermediária entre dois plásticos, permitindo assim a

separação dos mesmos (69).

A separação magnética é um método consagrado na área de processamento

de minérios para concentração e/ou purificação de substâncias minerais e pode ser

empregada, dependendo das diferentes respostas ao campo magnético associadas

às espécies individualmente. A separação magnética pode ser feita tanto a seco

como a úmido. O método a seco é usado, em geral, para granulometria grossa e a

úmido para aquelas mais finas (70).

Separadores eletrostáticos são usados para separar metais não ferrosos do

resíduo, o processo geralmente segue após um processo de separação magnética

primária (62). A separação eletrostática é um processo de concentração de minérios

que se baseia nas diferenças de algumas de suas propriedades, tais como:

condutibilidade elétrica, susceptibilidade em adquirir cargas elétricas superficiais,

forma geométrica, densidade entre outras. Para promover a separação é necessário

um campo elétrico de intensidade suficiente para desviar uma partícula

eletricamente carregada e uma carga elétrica superficial das partículas que lhes

permitam sofrer a influência do campo elétrico (70; 71).

Os produtos resultantes dos processos de separação sofrem um

enriquecimento de certos metais. Estes metais poderão ser ainda mais concentrados

e separados usando vários processos de pirometalurgia, hidrometalurgia,

eletrometalurgia e biohidrometalurgia.

1.3.2. Processos pirometalúrgicos

Os processos pirometalúrgicos são baseados na separação térmica dos

materiais (72).

O processamento pirometalúrgico (incineração, fundição em forno elétrico a

arco, escorificação, sinterização e reações em fase gasosa a altas temperaturas)

tem sido o método tradicional para recuperar metais não-ferrosos e metais preciosos

do resíduo de equipamentos eletroeletrônicos, em especial das placas de circuito

impresso, nas últimas duas décadas (3).

A recuperação de metais a partir de REEE através de processamento

pirometalúrgico, de forma geral, envolve a redução direta dos óxidos metálicos a

temperaturas (acima 1000°C) usando o carbono como a gente redutor, e oxidação

térmica das impurezas voláteis juntamente com os compostos orgânicos, formando

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como subprodutos: a escória (contendo óxidos de ferro e alumínio), o material

particulado retido no filtro (rico em óxidos de zinco, chumbo e estanho) e os gases

(impurezas voláteis) que deverão receber tratamento posterior, pois são

tóxicos (72; 73). Adicionalmente, para facilitar o processo de fundição é feita a

insuflação de ar que atua como agente oxidante, e o cobre obtido ao final do

processo arrasta quase todos os metais preciosos presentes na sucata (72; 73).

A presença de compostos bromados na sucata eletrônica, que são usados

como retardantes de chama, dificulta o tratamento térmico do resíduo, pois são

precursores de dibenzo-p-dioxinas e dibenzofuranos (72; 25; 41). Estudos de destruição

térmica de REEE com monitoramento de furanos e dioxinas halogenadas mostram

que a incineração é uma opção viável se for usado equipamento para o controle de

emissões (25).

A base das placas de circuito impresso é feita de fibra de vidro reforçada com

polímeros pertencentes à classe de plásticos termofixos que não são recicláveis, e a

pirólise de placas de circuito impresso gera gases (dioxinas e furanos) que são

tóxicos (19; 9), e além disso, outra desvantagem do processo pirometalúrgico é o

requerimento intenso de energia (64).

Alguns estudos (74; 75; 76; 77) envolvendo a pirólise na reciclagem de placas de

circuito impresso são reportados na literatura. Hall e Williams (74) estudaram a

recuperação de metais de sucatas de placas de circuito impresso através da pirólise

obtendo no final cinza consistindo principalmente de cobre, cálcio, ferro, níquel,

zinco e alumínio.

Os métodos pirometalúrgicos para a recuperação de metais de resíduo de

equipamentos eletroeletrônicos em operação (escala industrial) são: o Processo

Noranda (Canadá), Fundição Boliden Rönnskår (Suécia) e Umicore (Bélgica) (3).

Processos pirometalúrgicos podem estar combinados com aplicação posterior

de processos hidrometalúrgicos na recuperação de metais, podendo ser citado

trabalho desenvolvido por Menetti et al. (10) que estudaram a recuperação de ouro de

sucata eletrônica através de processo pirometalúrgico e hidrometalúrgico.

1.3.3. Processos hidrometalúrgicos

Os processos hidrometalúrgicos podem ser definidos com processos entre a

interface de uma fase sólida com uma fase líquida, com a temperatura podendo

variar de 10ºC a 300ºC (72).

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Comparado com os processos pirometalúrgicos, os processos

hidrometalúrgicos oferecem menor custo, redução de impacto ambiental (visto que

não há geração de gases tóxicos), taxa de recuperação de metais (99%), além de

serem aplicáveis para escalas menores (64).

As principais etapas do processamento hidrometalúrgico consistem numa

série de lixiviações ácidas ou cáusticas do material sólido. As soluções são

submetidas a procedimentos de separação e purificação com a precipitação de

impurezas, extração por solvente, adsorção e troca iônica para isolar e concentrar os

metais de interesse, e então as soluções finais são tratadas por eletrorrefino,

redução química ou cristalização para a recuperação do metal (3).

A lixiviação em meio ácido na presença de um oxidante é extensivamente

utilizada para extração de cobre de placas de circuito impresso (64; 78). Moraes (79)

estudou a recuperação de metais de placas de circuito impresso de celulares

através de processo hidrometalúrgico em duas etapas, obtendo recuperação de 99%

de Fe, Zn e Ni com lixiviação em ácido sulfúrico, e posterior 99% de extração de

cobre com lixiviação em ácido sulfúrico em meio oxidante, ambos em pH 0,5 e à

75°C. Martins (80) estudou a recuperação de estanho e cobre através de lixiviação

ácida com ácido sulfúrico, uma mistura de H2SO4 + HCl e uma mistura de HCl e

HNO3 obtendo extração de 98% de Sn e 93% de Cu. A Tabela 3 (3) mostra os novos

desenvolvimentos na recuperação de metais do resíduo de equipamentos

eletroeletrônico por técnicas hidrometalúrgicas.

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Tabela 3 - Novos desenvolvimentos na recuperação de metais a partir de resíduo de equipamentos eletroeletrônico por técnicas hidrometalúrgicas (3).

Metais Recuperados Características do processo Produto

Au Chips de computador foram tratados com ácido nítrico para dissolução dos metais; o resíduo foi lixiviado com água régia; recuperação do ouro através da precipitação com sulfato ferroso.

Flocos de Ouro

Au e Ag REEE com tamanho <0,5cm tratado com uma combinação de KI e I2 ou NaCl e hipoclorito de cálcio; a recuperação de ouro e prata foi realizada através de extração por solvente.

Au e Ag

Ni Lixiviação de níquel de capacitores usando 1M HNO3 a 90°C, tempo de reação de 90min e densidade de polpa de 5gL-1.

Ni em solução

Au (98%), Pd (96%), Pt (92%), Ag (84%)

Dissolução dos metais em H2SO4 e MgCl2; HCl e brometo foram usados para dissolução dos metais preciosos; cementação do ouro por pó de zinco.

Au e Pt

Cu (98%) Dissolução do cobre em ácido sulfúrico ou água regia; recuperação de cobre por eletrorrecuperação

Cu

Cu e Ag (93%), Pd (99%), Au (95%)

Lixiviação do cobre em ácido sulfúrico; lixiviação do paládio por cloreto, lixiviação do ouro e prata com tiouréia ou cianeto, absorção do ouro, prata e paládio por carbono ativado.

AgCl, Cu, Pd, Au

92% Au, Ag e Pd

Dissolução dos metais de base em HCl ou H2SO4; lixiviação do ouro e prata por HCl e NaClO3; precipitação de Au por FeCl2

Espoja de ouro

Au REEE tratado com uma solução de NaCl, CuCO3 e HCl. Residual de ouro

Sn, Pb Solda foi dissolvida com uma solução ácida de Ti(IV) ; estanho e chumbo foram recuperados por eletrorrecuperação

Sn e Pb

Cu, Pb e Sn Lixiviação de placa de circuito impresso em HNO3; recuperação dos metais base por eletrodeposição

Cu, Pb e Sn

Au Tratamento térmico; dissolução de ouro com lixiviação em HNO3 e água régia; extração por solvente de ouro; solução de sulfato ferroso foi usada para precipitação do ouro

Ouro metálico

Au Tratamento com solução alcalina em autoclave a 80 – 190ºC para remoção do alumínio; tratamento com solução de ácido sulfúrico em outra autoclave sob pressão de oxigênio excedente para remoção de metais não-ferrosos.

Concentrado enriquecido de metais preciosos

Au e Ni Lixiviação dos metais base por ácido sulfúrico e oxidante (sulfato férrico) e lixiviação dos metais preciosos por água régia

Ni e Au em solução

Os processos hidrometalúrgicos focam na extração dos metais preciosos, e

os agentes lixiviantes mais usados são cianeto (81), água-régia (14; 33), tiouréia (82),

haleto, cloreto férrico, isocianato de potássio, tiosulfato (64) e mistura de ácidos

sulfúrico, nítrico e clorídrico (16).

Park e Fray (14) utilizaram lixiviação em água-régia numa relação entre metais

e solução lixiviante fixada em 1:20 para recuperar metais preciosos. Rhee et al. (33)

também utilizaram água-régia e obtiveram 99% de recuperação de ouro e prata

através de separação mecânica, lixiviação ácida e eletrólise de sucata eletrônica.

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Kim et al. (83) conduziram experimentos para lixiviar ouro de placas de circuito

impresso usando cloro eletro-gerado como oxidante e recuperação por troca iônica

obtendo 93% de recuperação do ouro.

Dentre os processos hidrometalúrgicos, a cianetação tem sido o processo

hidrometalúrgico tradicional de extração de ouro, sendo descrito a seguir.

1.3.4. Cianetação

1.3.4.1. Histórico da cianetação

A solubilidade do ouro e da prata em soluções alcalinas de cianeto já era de

conhecimento dos químicos no século XVIII (84). Scheele em 1783 e Bragaton em

1843 observaram que o ouro pode ser dissolvido em soluções cianídricas. Elsner em

1846 foi o primeiro a considerar a importância do oxigênio na cianetação do ouro,

entretanto, a aplicação prática deste conhecimento somente foi desenvolvida após

cerca de 40 anos (85), patenteada pelo inglês MacArthur e desde 1887, o cianeto é

aplicado em minérios para dissolução do ouro (84).

As primeiras utilizações comerciais do processo de cianetação ocorreram na

mina de Crown, na Nova Zelândia, em 1889 e em Robison Deep, em Witwatersrand,

África do Sul, em 1890 (81). Com o processo de cianetação sendo aplicado em cada

mina do mundo, o impacto na hidrometalurgia foi enorme, e a produção de ouro

cresceu exponencialmente durante o período de 1900-1910 (86).

1.3.4.2. Processo de cianetação

A dissolução do ouro requer a combinação de um agente oxidante, como o

oxigênio, com agentes complexantes específicos, como o íon cloro, tiouréia, cianeto,

capazes de estabilizar os íons auroso ou áurico em solução (81), porém o cianeto tem

sido utilizado na extração tradicional do ouro, tendo como principais vantagens o

custo e a estabilidade do complexo dicianoaurato (87).

A Tabela 4 (81) mostra a constante de estabilidade de formação do complexo

dicianoaurato em relação a outros agentes complexantes.

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Tabela 4 - Constantes de estabilidade dos complexos de Au(I) (81).

Complexo log β Au(CN)2

- 38 Au(Tu)2

+ 23,3 Au(S2O3)2

3- 28,7 Au(SCN)2

- 17,1 AuBr2

- 12

AuCl2 9 β representa a constante de equilíbrio para a seguinte reação de complexação do metal:

Au+ + nCm- = Au(C)n1-m; Tu representa tiouréia CS(NH2)2.

O processo de cianetação baseia-se na capacidade do cianeto em formar um

complexo estável com o ouro e é ilustrado através da reação (Eq.1) (81):

2Au(s) + 4CN-(aq) + ½O2(g) + 2H+

(aq) = 2 Au(CN-)2(aq) + H2O(l) (Eq. 1)

O processo é caracterizado pela interdependência de diferentes variáveis

como concentração de cianeto e oxigênio, pH, temperatura e velocidade de

agitação (85).

A principal desvantagem do processo é a toxicidade do cianeto a todas as

espécies animais, podendo ser sob a forma de cianeto livre (CN-), cuja concentração

letal ao homem é de 50 a 200mg/L, ou cianeto de hidrogênio (HCN), letal em

concentrações de 100 a 300mg/L, ou gás cianídrico (87).

O cianeto é utilizado na forma de sais, como o cianeto de sódio, NaCN, de

potássio, KCN, e de cálcio, Ca(CN)2, sendo os dois primeiros mais prontamente

solúveis em água.

A lixiviação alcalina por cianeto pode ser realizada em pilhas de estéril ou de

rejeitos, em pilhas de minério, em tanques estacionários ou em tanques com

agitação, porém, o ouro é apenas um componente diante dos demais constituintes

do minério (81). Alguns gramas de ouro são extraídos para cada tonelada de minério

tratado, e apesar das condições termodinâmicas serem favoráveis, alguns minerais

associados são também lixiviados (81).

O cianeto não é um íon seletivo para o ouro, reagindo também com outras

espécies que em alguns casos, encontram-se em concentrações superiores que o

próprio ouro, como o cobre presente em minérios contendo ouro (calcopirita, bornita,

calcocita, entre outros) (88). A presença de quaisquer constituintes (Fe+2, Cu, Zn) no

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minério causadores de um consumo excessivo de cianeto é conhecida como

cianicidas (81; 89).

A Tabela 5 (81) mostra as constantes de estabilidade de cianocomplexos

metálicos. Complexos que apresentam constantes de equilíbrio superiores aquela do

cianocomplexo de ouro são formados preferencialmente durante a cianetação.

Tabela 5 - Constantes de estabilidade (β) dos cianocomplexos metálicos (81).

Íon Complexo metálico log β1

Zn+2 Zn(CN)42- 19,6

Ag+ Ag(CN)2- 20,5

Cu+ Cu(CN)32- 21,6

Ni+2 Ni(CN)4 30,2

Fe+2 Fe(CN)64- 35,4

Au+ Au(CN)2- 39,3

Fe+3 Fe(CN)63- 43,6

Co+3 Co(CN)63- 64,0

β representa a constante de equilíbrio para a seguinte reação de complexação do metal :

Mn+ + mCN- = M(CN)mn-m.

Os elementos prejudiciais à cianetação do ouro capazes de formar

cianocomplexos metálicos podem ser extraídos através de uma etapa de pré-

tratamento. O pré-tratamento se faz necessário, pois alguns minérios refratários de

ouro contêm componentes que interferem na extração e recuperação de metais

preciosos (90).

1.3.5. Processos biohidrometalúrgicos

O processo biohidrometalúrgico, também conhecido como biolixiviação,

caracteriza-se pela solubilização de metais através da ação de microorganismos (72).

Apesar de a biotecnologia ser umas das mais promissoras técnicas no setor

metalúrgico (91), um limitado número de pesquisas tem sido reportado para

biolixiviação de resíduo de equipamentos eletroeletrônicos, sendo sumarizadas na

Tabela 6 (92).

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Tabela 6 - Resumo de pesquisas reportadas sobre biolixiviação de sucata eletrônica e placas de circuito impresso (92).

Tipo/ fonte do

resíduo Microrganismo utilizado Extração e condições

Tipo de

reator

PCI (trituradas) (i) A. ferrooxidans e A.

thiooxidans

(ii) A. ferrooxidans e ácido

cítrico

(iii) A. niger e P.

Simplicissimum

(iv) A. ferrooxidans, A.

thiooxidans e cultura mista

(v) A. ferrooxidans e 6,66gL-1

Fe+3

(vi) Acidithiobacillus sp. e

Leptospirillum sp.

(vii) C. violaceum

(i) Al, Cu, Ni, Zn-90% a 0,5-10gL-1 DP

em duas etapas para 7 e 10 dias

(ii) Cu-37% com 7gL-1 Fe+2 e 80% na

presença de ácido cítrico

(iii) 100% recuperação a 100gL-1 DP

pelo ác. glucônico

(iv) 99% Cu com cultura mista a 7,8gL-

1 DP com tamanho de 0,5-1,0mm em 9

dias; 88,9% do Cu, Pb e Zn em 5 dias

com tamanho <0,35mm

(v) 98% Cu em 24h, pH 1,5 com 100%

inóculo e 72% Cu sem inóculo

(vi) 100% Cu e Ni em 42 dias a 10gL-1

DP, pH 1,5 na presença de 4,5gL-1

Fe+2 + 10gL-1 S

(vii) 14,9% Au em 7 dias a baixa

densidade de polpa

Frascos

agitados

PCI e REEE (i) S. thermosulfido-oxidans e

acidofílicas heterotróficas

(ii) S. thermosulfido-oxidans e

Thermoplasma acidiphilum

(i) 89% Cu, 81% Ni, 79% Al, 83% Zn,

com 10gL-1 DP em 18 dias

(ii) 86% Cu, 74% Ni, 80% Zn, 64% Al

em ácido pré-lixiviado (27 dias) e por

280 dias

(i) Frascos

agitados

(ii) Reator

em coluna

REEE Desulfovibrio desulphuricans

para recuperar Au, Pd e Cu de

licor de nitrato

recuperação de ouro como pó e 95%

do Pd a pH 5

Frascos

agitados

PCI de celulares C. violaceum 13% Au e 37% Cu em 8 dias com

100gL-1 DP

REEE, jóias de prata e

conversor catalítico de

platina

C. violaceum, P. fluorescens e

P. plecoglossicida

68,5% Au em 7 dias, baixa

mobilização de prata, platina e ouro

Frascos

agitados

DP: densidade de polpa, PCI: placas de circuito impresso, REEE: resíduo de equipamentos

eletroeletrônicos.

A utilização de microrganismos para promover a solubilização de metais

(lixiviação bacteriana ou biohidrometalurgia como é atualmente denominada)

apresenta-se como uma alternativa na recuperação de metais de interesse

econômico (93).

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1.3.5.1. Histórico da biolixiviação

A primeira citação científica sobre a interação entre bactérias e minerais pode

ser atribuída a Winogradsk, microbiologista russo, que mencionou uma possível

participação de microrganismos nos ciclos geológicos, no final do século XIX (94).

Entretanto, o primeiro registro oficial da lixiviação natural de cobre em pilhas data do

século XVIII nas minas do rio Tinto, na Espanha (93). A solubilização do cobre era

então considerada como sendo um processo químico (95).

A correlação definitiva entre a lixiviação natural e de metais e a participação

direta de bactérias no processo foi estabelecida no final dos anos 1940. Através de

experimentos, Colmer, Hinkle e Temple (1947-1951) conseguiram isolar, purificar e

caracterizar a bactéria responsável pela acidez e concentração de metais em

efluentes de minas de carvão nos EUA, o T. ferrooxidans (93).

Após a descoberta da ação biológica, o primeiro estudo sistemático para

aproveitamento de minerais sulfetados por lixiviação bacteriana foi realizado na

Kennecott Copper Corporation, EUA, em 1958, e foi aplicado comercialmente em

Bingham Canyon em 1964 (96).

Na última década, a recuperação de metais pela biotecnologia tem sido uma

das mais promissoras tecnologias (97). O biotratamento de minérios refratários de

ouro, que contêm partículas de ouro associadas com minerais sulfetados tem sido

desenvolvido para aplicação industrial (98).

A utilização das tecnologias de biolixiviação tem aberto uma nova rota para

recuperação de cobre de minérios refratários, minérios refratários de ouro e outras

fontes de metais (99).

1.3.5.2. Microrganismos utilizados na biolixiviação

A biolixiviação ocorre em condições aeróbias, ou seja, o microrganismo utiliza

oxigênio para seu crescimento. Os principais microrganismos capazes de oxidar

ferro(II), enxofre e sulfetos minerais são dos gêneros Acidithiobacillus,

Leptospirillum, Sulfobacillus, Sulfolobus e Acidianus (100; 101; 102) e estão presentes na

drenagem ácida de minas (103).

Os microrganismos responsáveis pela lixiviação bacteriana de minerais

refratários de ouro pertencem ao gênero Acidithiobacillus, espécies ferrooxidans e

thiooxidans e são encontrados na presença de compostos de ferro e enxofre (104).

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Gênero Acidithiobacillus

A principal espécie bacteriana envolvida diretamente na solubilização de

metais de seus minérios é a espécie oxidante do enxofre e suas formas reduzidas

(sulfetos metálicos, por exemplo) T. ferrooxidans (105).

O gênero Acidithiobacillus que foi proposto recentemente (2000),

anteriormente era parte do gênero Thiobacillus, descoberto em 1902, pelo alemão

Beijerink (94).

A. ferrooxidans é uma espécie não patogênica, capaz de oxidar compostos

inorgânicos contendo enxofre (105). Esta bactéria é quimioautotrófica, fixa CO2 e retira

energia do enxofre e seus compostos reduzidos (sulfetos, tiossulfato, politionatos,

tiocianato) (106). É gram-negativa, tem forma de bastão, com diâmetro e comprimento

aproximados, respectivamente, iguais a 0,3 a 0,8 e 0,9 a 2µm e se movimenta por

meio de um flagelo polar. Acidithiobacillus ferrooxidans e Acidithiobacillus

thiooxidans são as espécies mais comuns do gênero e têm como fonte de energia

enxofre sob forma reduzida (S2-, S0), íons tiosulfato, minerais sulfetados e ferro(II)

(exclusivamente para A. ferrooxidans) (107). São acidofílicas, desenvolvendo-se numa

faixa de pH de 1,5 até 4,5 e o pH ótimo de crescimento está entre 1,6 e 2,0 (104).

Acidithiobacillus ferrooxidans encontra-se comumente na drenagem ácida de

minas e nos rejeitos minerais numa variedade de condições ambientais. Estes micro-

-organismos são isolados na drenagem ácida de minas (104).

Existem várias características da bactéria A. ferrooxidans que a tornam um

interessante microrganismo para estudos básicos de fisiologia, bioquímica e

genética, bem como para o desenvolvimento de processos industriais em atividades

hidrometalúrgicas (108):

• Crescimento em condições ambientais extremas, sobretudo meios com

acidez e concentrações de metais.

• Crescimento autotrófico (fixação de CO2 atmosférico) proporcionado pela

energia liberada da oxidação de compostos inorgânicos, como o íon

ferroso e formas reduzidas de enxofre.

• Resistência a concentrações de metais potencialmente tóxicos,

provavelmente condicionada por genes plasmidiais.

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• Capacidade de solubilizar metais de interesse econômico, devido ao seu

metabolismo oxidativo que produz agentes de lixiviação ácida de metais

(íon férrico e ácido sulfúrico).

• Capacidade de adaptação ao ambiente, suportando concentrações tóxicas

de elementos em solução.

Gênero Sulfobacillus

São bactérias acidófilas encontradas nas fontes de enxofre (“geiser”, por

exemplo) e depósitos minerais. Tem forma de bastão e ocorrem em pares ou

cadeias de células. As colônias crescidas em agar são redondas e de cor vermelho

cinza. As espécies normalmente encontradas são: Sulfobacillus

Thermosulfidooxidans e Sulfobacillus yellowstonensis. São bactérias gram-positivas,

capazes de oxidar ferro(II), enxofre elementar e compostos reduzidos de enxofre.

Crescem em condições heterotróficas em meios contendo glicose, sucrose ou outras

fontes orgânicas de carbono, o que não acontece com o gênero Acidithiobacillus (109).

O pH é de 2,1 a 2,5 e a temperatura é de 50 a 55ºC, mas pode crescer na

faixa de 20 a 60ºC. Suas dimensões aproximadas são 0,6 a 0,8µm de largura por

1,0 a 3,0µm de comprimento (107).

Gênero Leptospirillum

Descoberto na Armênia, nos anos 70, este gênero tem a mesma ecologia que

o gênero Acidithiobacillus, além de apresentar algumas espécies termófilas

moderadas. Como Acidithiobacillus, apresenta um único flagelo polar. As diferentes

espécies podem ser encontradas na forma de vibrião, espiralar, ou pseudococo. São

gram-negativas e formam colônias quando crescidas em sílica gel impregnada com

ferro(II). São quimiolitotróficas estritas usando como fonte de energia ferro(II), em

solução ou na forma de minerais. O gênero não é capaz de oxidar o íon sulfeto.

Leptospirillum ferriphilum e Leptospirillum ferrooxidans são as espécies mais

conhecidas (107).

Comparada ao gênero Acidithiobacillus, a bactéria Leptospirillum ferrooxidans

é resistente a ambientes ácidos, crescendo em pH 1,2 e tolerante a temperaturas

superiores (100; 110).

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Gênero Sulfolobus

São arqueobactérias, acidófilas e termófilas extremas. Têm forma esférica

com lobos, sem motilidade, flagelado e não apresentam endósporo. As colônias têm

aparência lisa e não pigmentadas. São quimioautotróficas facultativas e usam

enxofre elementar como fonte de energia, crescendo e oxidando enxofre apenas na

presença de extrato de levedura (0,01 a 0,02%). Podem ser citadas as espécies

Sulfolobus acidocaldarius, Sulfolobus solfataricus e Sulfolobus metallicus (107; 109).

Gênero Acidianus

Arqueobactérias de forma esférica, ocasionalmente com lobos na forma de

tetraedro, piramidal ou disco. São anaeróbias facultativas, entretanto, observa-se

crescimento em condições aeróbias durante a oxidação do enxofre, ferro(II) e

sulfetos minerais. São capazes de crescer em meio contendo até 4% NaCl. As duas

espécies de interesse para a hidrometalurgia são Acidianus infernus e Acidianus

brierleyi (107).

1.3.5.3. Mecanismos de biolixiviação de A. ferrooxidans

Dois mecanismos são propostos para a oxidação biológica de íons ferrosos e

compostos reduzidos de enxofre, sendo eles: o mecanismo direto e o mecanismo

indireto (111). A contribuição de cada mecanismo depende fortemente do tipo de

minério sulfetado (ou resíduo) e das condições de operação da biolixiviação (112).

A princípio, o mecanismo direto é mediado pela ação da bactéria e pelas

reações químicas catalisadas enzimaticamente supondo o contato físico dos

microrganismos com a superfície mineral e o mecanismo indireto como sendo as

reações químicas, não havendo contato físico entre os microrganismos e o mineral

(114; 115).

No mecanismo direto, a bactéria ataca o sulfeto metálico de forma direta

mediante sua aderência através de uma interação eletrostática entre um

polissacarídeo extracelular e a superfície mineral, criando uma interface onde

ocorrem as reações de oxidação enzimática pelo transporte de elétrons (94; 114; 115).

No caso de minerais sulfetados, o processo de biolixiviação em pilhas

consiste na deposição de minério sobre uma base impermeabilizada, seguida de

uma irrigação na superfície da pilha formada, com uma solução de ácido sulfúrico

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(pH=2). Essa solução, coletada após a percolação pelo minério, é reciclada

constantemente pela pilha, ocasionando uma intensificação da atividade bacteriana

no substrato mineral sulfetado (113). São propostos diferentes mecanismos para a

oxidação de sulfetos metálicos insolúveis, como pirita, molibdenita ou tungstenita

(mecanismo do tiosulfato); e sulfetos metálicos solúveis, como calcopirita, esfalerita,

calcocita ou galena (mecanismo de polisulfetos) (111).

As bactérias com ação efetiva sobre os processos de lixiviação bacteriana

produzem a energia necessária para seus mecanismos vitais (ATP – trifosfato de

adenosina) através da oxidação dos íons ferrosos ou de compostos inorgânicos de

enxofre de valência reduzida (100).

No caso da biolixiviação de íons ferrosos, o processo baseia-se na

capacidade dos microrganismos em produzir íons Fe(III), um agente oxidante. A

reação de oxidação biológica do íon Fe(II) é mostrada na reação (Eq. 2) (94):

2Fe+2 + 1/2O2 + 2H+ → 2Fe+3 + H2O (Eq. 2)

A teoria do mecanismo de biolixiviação não é unânime, existindo ainda

bastante controvérsia (114). A literatura científica discute a possibilidade de dois

mecanismos atuarem sobre a biolixiviação de sulfetos metálicos.

Os elétrons transferidos na reação de oxidação do Fe+2 liberam a energia

para fosforilação do ADP (adenosina difosfato), sendo o O2 o aceptor final de

elétrons, conforme as reações (Eq. 3 a 5) (28):

2Fe+2 → 2Fe+3 + 2e- (Eq. 3)

ADP + P → ATP (Eq. 4)

O2 + 2H+ + 2e- → H2O (Eq. 5)

Sendo: P – fosfato.

O sistema ferroxidase é o complexo enzimático responsável pela

transferência dos elétrons dos substratos oxidados na cadeia respiratória da

bactéria, sendo composto por quatro proteínas: o citocromo a1, dois citocromos tipo

c e a rusticianina (proteína situada no periplasma que é o aceptor inicial dos

elétrons) (28).

O sistema de captação e transferência de elétrons durante a oxidação do íon

ferroso pode ser representado conforme o esquema da Figura 2 (108).

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Figura 2 - Esquema da captação e transferência de elétrons durante a oxidação do Fe

Dessa forma a seq

Fe+2

→ e- → Rusticianina

Fe+3

O mecanismo indireto considera a ação dos íons férricos sobre o mineral

sulfetado dissolvendo-o. Através desta reação química de lixiviação, se produzem

íons ferrosos e enxofre elementar. Finalmente, estas espécies químicas são

oxidadas biologicamente a íon férrico

2S0 + 3O2

O íon Fe(III) então oxida, metais ou ligas metálicas permitindo sua dissolução

em meio ácido (pH <2,0), com

Cu + 2Fe+3

O íon ferroso produzido

férrico (Eq. 2) e o enxofre é também oxidado pela (28).

Simultaneamente, reações secundárias de precipitação podem ocorrer

(dependendo do pH e composição da solução), levando à formação de arsenieto

férrico, hidróxido férrico, sulfeto férrico e jarositas, como mostra

a 11), respectivamente (116)

2H3AsO4 + 2Fe+3 �

2Fe+3 + 6H2O � 2Fe(OH)

Esquema da captação e transferência de elétrons durante a oxidação do Ferusticianina; c: citocromo c; a: citocromo a.

Dessa forma a sequência de elétrons seria:

→ Rusticianina → cit. c1 → cit. c → cit. a → O2

indireto considera a ação dos íons férricos sobre o mineral

o. Através desta reação química de lixiviação, se produzem

íons ferrosos e enxofre elementar. Finalmente, estas espécies químicas são

oxidadas biologicamente a íon férrico (Eq. 2) e íon sulfato (Eq. 6)

2 + 2H2O � 2SO42- + 4H+ (Eq.

O íon Fe(III) então oxida, metais ou ligas metálicas permitindo sua dissolução

0), como por exemplo, o cobre (Eq. 7) (106; 114; 116)

� Cu+2 + 2Fe+2

O íon ferroso produzido é novamente oxidado pela ação das bactérias

e o enxofre é também oxidado pela bactéria a ácido

Simultaneamente, reações secundárias de precipitação podem ocorrer

(dependendo do pH e composição da solução), levando à formação de arsenieto

co, hidróxido férrico, sulfeto férrico e jarositas, como mostram(116):

� 2FeAsO4 + 6H+

2Fe(OH)3 + 6H+

27

Esquema da captação e transferência de elétrons durante a oxidação do Fe+2. R:

2

indireto considera a ação dos íons férricos sobre o mineral

o. Através desta reação química de lixiviação, se produzem

íons ferrosos e enxofre elementar. Finalmente, estas espécies químicas são

) (106; 114; 116):

Eq. 6)

O íon Fe(III) então oxida, metais ou ligas metálicas permitindo sua dissolução (106; 114; 116):

(Eq. 7)

é novamente oxidado pela ação das bactérias a íon

ácido sulfúrico (Eq.6)

Simultaneamente, reações secundárias de precipitação podem ocorrer

(dependendo do pH e composição da solução), levando à formação de arsenieto

m as reações (Eq. 8

(Eq. 8)

(Eq. 9)

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Fe(OH)3 + SO42- + 2H+ � 2Fe(OH)(SO4) + 2H2O (Eq. 10)

6Fe+3 + 4 SO42- +12H2O � 2H[Fe(SO4)2.2Fe(OH)3] + 10H+ (Eq. 11)

A jarosita pode formar camadas protetoras na superfície do minério

acarretando na diminuição da concentração de íons férricos e na formação de

barreiras cinéticas devido à baixa difusão de reagentes e produtos em zonas de

precipitação (104).

A contribuição de cada mecanismo (direto ou indireto) na biolixiviação

depende das características do substrato e das condições em que ocorre o

processo, sendo que a interação entre a célula e a superfície mineral é dependente

de vários parâmetros físicos e bioquímicos, porém a adaptação é uma parte crucial

da conduta metabólica, na qual a bactéria não somente é capaz de reconhecer uma

nova fonte de substrato, mas também responde às mudanças da concentração do

meio (116).

1.3.5.4. Fatores que influenciam a biolixiviação

A biolixiviação pode ser influenciada por fatores físico-químicos,

microbiológicos, propriedades do minério ou resíduo a ser lixiviado e tipo de

processo (117). A Tabela 7 (117) lista os parâmetros que influenciam a lixiviação

bacteriana.

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Tabela 7 - Fatores e parâmetros que podem influenciar a lixiviação bacteriana e mobilização metálica (117).

Fator Parâmetro

Parâmetros fisico-químicos

pH temperatura potencial oxi-redução disponibilidade de oxigênio disponibilidade de dióxido de carbono transferência de massa disponibilidade de nutrientes concentração de íon férrico tensão superficial

Parâmetros microbiológicos

presença de inibidores diversidade microbiológica densidade populacional atividade microbiana distribuição espacial dos microorganismos tolerâncias aos metais habilidade de adaptação dos microorganismos

Propriedades do minério/resíduo a ser lixiviado

tipo de minério/resíduo composição do minério/resíduo tamanho das partículas área de superfície porosidade hidrofobicidade interações galvânicas

Tipo de processo

tipo de lixiviação (in situ, pilha, ou tanque de lixiviação densidade de polpa agitação geometria da pilha

A contribuição de cada fator depende das condições em que ocorre o

processo, sendo que a interação entre a célula e a superfície do resíduo é

dependente de um conjunto de parâmetros físicos e bioquímicos (98; 118).

Os principais fatores que interferem no processo de lixiviação bacteriana são:

pH, temperatura, Eh, disponibilidade de O2 e CO2, meio de cultivo, concentração de

Fe+2 e Fe+3, presença de inibidores e adaptação bacteriana (118; 98; 108; 114; 117), sendo

descritos a seguir:

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pH

A bactéria A. ferrooxidans é acidófila e a manutenção do pH na faixa 2,0-2,5 é

fundamental para a oxidação bacteriana do íon ferroso e solubilização dos metais

(108).

Alguns estudos (90; 114) mostram que valores de pH entre 1,5 e 3,5 não

influenciam no crescimento bacteriano, porém foram observados alguns meses de

latência da bactéria em pH inferior a 1,2 e o pH acima de 3,5 pode inibir o

crescimento da bactéria. A bactéria A. ferrooxidans pode ser adaptada através da

crescente adição de ácido para suportar pH inferior a 2,0 (90).

Apesar de A. ferrooxidans possuir um mecanismo que permite a flutuação dos

valores de pH do meio, o pH citoplasmático deve permanecer constante. Tem sido

sugerido que peculiaridades na estrutura e na composição da parede celular e da

membrana citoplasmática devido à presença de ácidos graxos ciclopropanos

conferem rigidez e diminuição da permeabilidade da membrana (114).

O H+ é necessário para redução do O2 e para estabelecer o gradiente elétrico

através da membrana, além de também ser utilizado na redução de nucleotídeos de

pirimidinas (NAD e NADP), os quais são necessários para fixação do CO2

atmosférico (108).

Como o pH interno é neutro (cerca de 6,5) e o pH ótimo de crescimento é 2,0,

esse pH confere o gradiente da membrana, e consequentemente, o potencial

elétrico requerido para formação de ATP (106; 108).

A Tabela 8 apresenta as faixas de pH ótimo reportados em diferentes

trabalhos.

Tabela 8 - Faixa de pH ótimo para crescimento e atividade da A. ferrooxidans.

Referência pH ótimo Yang et al (118) 1,5 – 2,0 Mousavi et al (98) 2,0 – 2,3 Nemati et al (114) 1,5 – 3,5 Garcia Jr. (108) 1,8

Temperatura

Os microrganismos podem ser classificados como mesófilos, termófilos

moderados e termófilos extremos de acordo com a faixa de temperatura que vivem.

As bactérias do gênero Acidithiobacillus são mesofílicas, o que significa que vivem

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na temperatura entre 30°C a 40°C (100), sendo entre 28°C a 30°C a temperatura para

a oxidação do íon ferroso (90).

Nemati et al. (114) descrevem que diferentes temperaturas são reportadas em

trabalhos independentes variando de 25 a 35ºC.

Potencial redox (E h)

O potencial redox nos sistemas de biolixiviação é determinado basicamente

pela oxidação biológica de íons ferrosos e reflete a curva de crescimento dos

microrganismos, já que o crescimento bacteriano está associado ao aumento da

concentração de Fe+3 e por consequência ao aumento do Eh (116).

O potencial redox está relacionado com a razão Fe+2/Fe+3 pela equação de

Nernst (Eq. 12).

Eh = 0,75 – 2,303RT log [Fe+3] (Eq. 12) F [Fe+2] Onde:

Eh = potencial de oxi-redução na lixívia [V]

R = constante dos gases [J/(mol.K)]

T = temperatura [K]

F = constante de Faraday [J/(mol.V)]

Como o potencial de equilíbrio é +0,75V, valores de Eh acima favorecem a

formação de Fe+3 e valores abaixo favorecem a formação de Fe+2 (106).

Disponibilidade de O 2 e fixação de CO 2

A disponibilidade de oxigênio é fundamental, visto que a bactéria A.

ferrooxidans é aeróbica e consome o O2 na oxidação do íon ferroso, como mostra a

reação (Eq. 13) (90):

4FeSO4 + O2 + 2H2SO4 → 2Fe2(SO4)3 + 2H2O (Eq. 13)

Na oxidação do íon ferroso são transferidos 2 elétrons utilizados na

fosforilação do ADP, sendo o oxigênio o aceptor final de elétrons, como mostram as

reações (Eq. 3 a 5) (28):

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Em estudos de frascos agitados o oxigênio é introduzido ao meio lixiviante

através da agitação constante. Estudos de biolixiviação (28; 15; 118; 93; 95) reportam taxas

de extração acima de 70% com condições de agitação variando entre 150rpm a

250rpm.

A fixação do CO2 atmosférico ocorre através do ciclo de Calvin, que consiste

em uma série de reações de fixação, redução e regeneração da molécula aceptora

de CO2, no qual o CO2 é incorporado pela bactéria para construção de suas

biomoléculas (108).

Nutrientes disponíveis (meio de cultivo)

As bactérias responsáveis pela extração de metais de sulfetos metálicos são

quimiolitotróficas e, portanto, compostos inorgânicos são requeridos para seu

crescimento (90).

O meio de cultivo fornece um meio favorável à atividade microbiana sendo

compostos basicamente por sais e uma fonte de Fe+2 (90; 108; 115). Diferentes meios de

cultivo podem ser utilizados, e a diferença está basicamente na concentração dos

sais utilizados:

• 9K

• T&K

A formação e precipitação de jarosita, que é um hidro-sulfato básico férrico,

pode ocorrer devido à presença de certos nutrientes (K+, Na+, NH+4, Ag+ ou H3O+) na

solução lixiviante, o que pode ocasionar a diminuição da taxa de lixiviação (106; 116). A

fórmula geral da jarosita é: MFe3(SO4)2(OH)6+.

Concentração de Fe +2 e Fe+3

Como já salientado anteriormente e mostrado nas Eq. 2 e Eq. 7, a oxidação

do íon ferroso fornece a energia necessária à atividade bacteriana e o íon férrico é o

produto da oxidação bacteriana, responsável pelo mecanismo indireto de

solubilização metálica (94; 106; 114; 116).

Nemati et al. (114) concluiram que a concentração de íon ferroso tem influência

no crescimento bacteriano, consequentemente, este parâmetro é frequentemente

utilizado como forma de monitorar a taxa de crescimento, observando um declínio no

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número de células quando da diminuição da concentração de íon ferroso no meio,

adicionalmente, concentrações de íon ferroso também podem ter efeito inibitório,

variando de 2 até 6gL-1.

Presença de inibidores

O efeito dos metais nos microrganismos depende da sua concentração na

solução podendo ser bactericidas (os microrganismos são mortos), ou

bacteriostáticos (o crescimento é inibido, mas os microrganismos não são mortos).

De acordo com Nemati et al. (114), populações naturais de A. ferrooxidans são

resistentes a Cu+2 (1 - 2gL-1) porém a atividade bacteriana pode ser inibida por

concentrações maiores que variam entre 0,45 – 4,45gL-1.

A tolerância do A. ferrooxidans aos cátions metálicos é atribuída à capacidade

das células em excluir cátions metálicos da sua estrutura interna (119).

Além dos metais, o pH, a concentração de Fe+2 e Fe+3, a disponibilidade de

O2, a densidade de polpa e a concentração de sais no meio, também podem inibir a

atividade microbiana (118).

Adaptação bacteriana

A adaptação bacteriana é o primeiro passo no processo de biolixiviação no qual

a bactéria entra em contato com o resíduo ou minério através de repicagens

sequenciais. O processo de adaptação pode ser realizado através da diminuição

gradual de Fe+2 e do aumento gradual da concentração de substrato, porém não

existem condições predefinidas para período de adaptação, densidade de polpa ou

efeito inibitório promovido pelas concentrações de íons metálicos (11; 120).

O processo de adaptação bacteriana permite aumentar a tolerância bacteriana

aos íons metálicos gerados durante o processo de biolixiviação (120).

Estudos de biolixiviação (15; 96; 120; 121; 122) mostram que as taxas de recuperação

de metais pelas bactérias adaptadas são superiores quando comparadas com as

taxas de extração alcançadas com bactérias não-adaptadas. Xia et al. (122) sugerem

que existem diferenças significativas no ataque bacteriano e tolerância ao estresse

de ruptura de células bacterianas adaptadas e não adaptadas devido à mudanças

nos componentes e estrutura da parede celular.

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1.3.5.5. Vantagens e desvantagens da biolixiviação

O crescente conhecimento da oxidação bacteriana como um processo

economicamente viável é atribuído, principalmente, ao esgotamento de minérios

ricos em cobre, ouro e prata (104).

Alguns fatores também fazem do processo de biolixiviação uma vantajosa

alternativa na recuperação de metais, podendo ser citados (108; 123):

• a economia de insumos (ácidos e agentes oxidantes) utilizados em um

processo hidrometalúrgico convencional, pois a própria bactéria produz

insumos a partir de substratos presentes no minério;

• o requerimento de energia, se comparado ao processo pirometalúrgico;

• o investimento de capital inicial e custo operacional devido à simplicidade das

instalações;

• a reduzida necessidade de mão-de-obra especializada na operação;

• além de evitar a emissão de poluentes gasosos, como o SO2 gerado no

processo pirometalúrgico.

Comparado aos processos convencionais (hidrometalúrgicos e

pirometalúrgicos), a principal desvantagem é o processo ser mais lento.

A Tabela 9 (97) mostra a relação econômica entre os tratamentos para minérios

sulfetados de ouro por biolixiviação, oxidação sob pressão e ustulação aplicados

para uma planta de 100t/dia. A biolixiviação comparada aos outros tratamentos é a

menos dispendiosa.

Tabela 9 - Comparação do custo dos tratamentos de minérios sulfetados de ouro (97).

Biolixiviação Oxidação sob pressão

Ustulação

Capital (US$ mil) 3,8 7,5 4,9

Custo de operação (US$/t)

43 43 56

1.3.5.6. Aplicações da biolixiviação

Atualmente, a lixiviação bacteriana é aplicada em escala comercial para a

recuperação de cobre e urânio de minérios de baixos teores em vários países,

destacando-se EUA, Canadá, Austrália, África do Sul (105) e mais recentemente, de

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ouro, em vários países, destacando-se os EUA, Canadá, África do Sul, Rússia,

Espanha, Chile, México, Bulgária e Austrália (12).

Estudos de laboratório também têm mostrado que a lixiviação bacteriana

pode ser aplicada na solubilização direta do ouro pela bactéria cianogênica

Chromobacterium violaceum. Groudev & Groudeva (109) investigaram a solubilização

do ouro contido no minério usando a técnica de agitação em balão. Durante os

experimentos, os microrganismos realizaram o metabolismo dos aminoácidos e

peróxidos, os quais foram fundamentais no processo de dissolução efetiva do ouro

do minério refratário.

Faramarzi et al (124) descrevem a solubilização microbiológica do ouro através

do cultivo de diferentes bactérias cianogênicas formando cianeto na presença de

sucata eletrônica e solubilizando o ouro como dicianoaurato (forma solúvel).

Brandl & Faramarzi (125) também mostraram que o ouro pode ser solubilizado

microbiológicamente de placas de circuito impresso usando a C. violaceum.

Uma outra aplicação comercial da bio-hidrometalurgia é o pré-tratamento de

minérios sulfetados refratários de ouro. Para este processo, os microrganismos são

usados para oxidação da pirita, pirrotita ou arsenopirita para expor o ouro ocluso da

matriz do mineral sulfetado. Seguido do pré-tratamento de biolixiviação, o ouro é

extraído e recuperado por processos hidrometalúrgicos convencionais como a

cianetação (125; 113; 126).

Estudos laboratoriais têm aplicado a biolixiviação para a extração de metais

como cobre, para posterior recuperação de metais preciosos como o ouro, utilizando

portanto, a lixiviação bacteriana como uma etapa de pré-tratamento (117; 127).

Investigações laboratoriais podem utilizar colunas de percolação, colunas de

lixiviação, lixiviação em frascos de Erlenmeyer e bioreatores (90).

Estudos realizados por Olson et al. (113), Mihaylov & Hendrix (127) e Spencer et

al. (126) mostraram que o processo de biolixiviação como pré-tratamento para

minérios refratários de ouro usando a T. ferrooxidans para primeiro oxidar o minério

sulfetado, antes da extração do ouro, é viável.

Uma fonte secundária de metais, em especial, metais preciosos como ouro,

prata e paládio, que pode ser utilizada é a sucata eletrônica.

Ilyas et al. (15) mostraram que metais podem ser recuperados da sucata

eletrônica pela lixiviação bacteriana usando bactérias termofílicas como a

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S. thermosulfidooxidans. Foi observado que a pré-adaptação dos microrganismos

aos íons metálicos aumentaram as taxas de solubilização dos metais.

Choi et al. (28), Yang et al. (118) e Liang et al. (128) estudaram a recuperação

microbiana de cobre de placas de circuito impresso de sucatas de computadores

usando a Acidithiobacillus ferrooxidans em frascos Erlenmeyers contendo

concentrados da bactéria e as placas de circuito trituradas, obtendo taxas de

extração de cobre superiores a 80%.

No Brasil, desde 1985, uma série de estudos em escala laboratorial vem

sendo realizados em universidades e institutos de pesquisa como Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Instituto

de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Centro de Pesquisas e Desenvolvimento

(CEPED), Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual de São

Paulo (UNESP), Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) e a Escola

de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (106).

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2. OBJETIVO

O objetivo geral do trabalho é estudar uma rota alternativa para recuperação

dos metais de interesse econômico presentes em placas de circuito impresso de

computadores obsoletos utilizando a combinação de técnicas de Tratamento de

Minérios, processo biohidrometalúrgico (lixiviação bacteriana) e por fim, o processo

hidrometalúrgico tradicional da metalurgia do ouro (cianetação).

Objetivos específicos:

- Realizar caracterização das placas de circuito impresso de computadores

obsoletos através de operações unitárias de Tratamento de Minérios.

- Avaliar a separação dos materiais (magnético, não magnético, condutor, misto e

não condutor) através da separação magnética e eletrostática.

- Determinar a composição das frações obtidas nas separações magnética e

eletrostática.

- Adaptar a bactéria à presença das placas de circuito impresso cominuída.

- Estudar a influência dos parâmetros de processo sobre a biolixiviação dos metais

contidos nas placas de circuito impresso.

- Avaliar a lixiviação alcalina com cianeto de sódio do material sólido proveniente da

biolixiviação visando à recuperação do ouro.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES OBSOLETOS

Neste trabalho foram utilizadas placas de circuito impresso oriundas de

computadores obsoletos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Para a realização do trabalho foram obtidos aproximadamente 45kg de placas

de circuito impresso provenientes de computadores dos mais variados tipos e

idades. A Figura 3 mostra uma placa de circuito impresso de computador antes de

qualquer processamento.

Figura 3 - Placa de circuito impresso de computador obsoleto antes do processamento.

Peças como baterias e capacitores foram retiradas manualmente para o

processamento.

3.2. PRÉ-TRATAMENTO DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE

COMPUTADORES OBSOLETOS.

Para a realização do pré-tratamento das placas de circuito impresso de

computador visando separar os materiais metálicos, poliméricos e cerâmicos foram

utilizadas operações unitárias de Tratamento de Minérios como ilustrado na Figura

4. Os resultados são apresentados na forma de balanço de massa.

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Figura 4 – Diagrama de blocos do pré-tratamento e caracterização das placas de circuito

impresso de computadores obsoletos.

Cada uma das etapas do fluxograma foi descrita a seguir.

3.2.1. Redução de tamanho das placas de circuito impresso de computadores

obsoletos

As placas de circuito impresso foram cortadas numa guilhotina manual para

reduzir seu tamanho, adequando ao tamanho da abertura do moinho de martelos de

aproximadamente 18 x 28cm. A Figura 5 mostra a guilhotina manual utilizada neste

trabalho.

Figura 5 - Guilhotina manual utilizada para redução do tamanho das placas de circuito

impresso.

Placa de circuito impresso

Redução e cominuição

Classificação granulométrica

Peneira

Malvern

Separação magnética

Material magnético

Pirólise

Lixiviação água-régia

Material não-magnético

Separação eletrostática

Material condutor

Pirólise

Lixiviação água-régia

Material misto

Pirólise

Lixiviação água-régia

Material não-condutor

Pirólise

Lixiviação água-régia

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3.2.2. Cominuição das placas de circuito impresso de compu tadores obsoletos

Através da cominuição é realizada a liberação dos materiais constituintes das

placas de circuito impresso. Um moinho de martelos, modelo MDM 18/18 da marca

Astecma, foi utilizado para triturar as placas de circuito impresso. Inicialmente

utilizando-se uma grelha de 6mm e em seguida uma grelha de 2mm. A Figura 6

mostra o moinho de martelos utilizado.

Figura 6 - Moinho de martelos utilizado na cominuição das placas de circuito impresso

Ao final da etapa de moagem, o material cominuído seguiu para a separação

magnética.

3.2.3. Separação magnética das placas de circuito impresso cominuídas

Um separador magnético de correias cruzadas separa partículas ferrosas, as

quais aderem a correia devido à atração magnética formando a fração magnética,

enquanto que os metais não-ferrosos formam a fração não-magnética (34). Um

separador magnético de correias cruzadas a seco (eletroímã 6,5 A) foi utilizado para

realizar a separação do material magnético do material não-magnético. A Figura 7

mostra o separador magnético utilizado.

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Figura 7 - Separador magnético de correias cruzadas.

O material submetido à separação magnética subdividiu-se em três frações:

imã permanente (fortemente magnético) e alto campo (fracamente magnético),

formando o material magnético, e, o material não-magnético. O material não-

magnético seguiu para o separador eletrostático.

3.2.4. Separação eletrostática do material não-magnético das placas de

circuito impresso cominuídas

A separação eletrostática visa separar o material condutor do material não-

condutor, para tanto foi utilizado um separador eletrostático. A Figura 8 mostra o

separador eletrostático.

Figura 8 - Separador eletrostático.

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A regulagem utilizada no separador eletrostático foi a seguinte:

• Spliter do condutor: 45º

• Spliter do não-condutor/misto: 45º

Eletrodo ionizante:

• Distância do rotor: 25 cm

• Angulo: 80º

Eletrodo estático:

• Distância do rotor: 25 cm

• Angulo: 52,5º

• Fonte de alta tensão: 30 a 46 kV

• Rotação do motor: 115 rpm

Ao final da separação, obtiveram-se três frações, sendo elas: material

condutor, material misto e material não-condutor.

A separação eletrostática juntamente com a separação magnética foi

realizada no Laboratório de Tratamento de Minérios e Resíduos Industriais do

Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo.

3.3. CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES OBTIDAS NO PRÉ-TRATAMENTO

Foi realizada a caracterização de amostras de cada fração obtida no pré-

tratamento das placas de circuito impresso (material magnético, condutor, misto e

não-condutor) a fim de se determinar a composição e a liberação dos materiais.

3.3.1. Classificação granulométrica

Uma amostra de aproximadamente 300 g de placas de circuito impresso após

processamento em moinho de martelos foi classificada de acordo com o seu

tamanho de partícula através de separação granulométrica via seca realizada com

peneiras vibratórias com as seguintes aberturas: 2,00mm; +1,00mm; +0,50mm;

+0,25mm e +0,106mm.

Os resultados foram expressos em porcentagem acumulada acima com

relação ao tamanho da abertura das peneiras.

Adicionalmente, também foi realizada a análise de distribuição do tamanho

das partículas (via úmida) no equipamento Malvern – Mastersizer 2000, localizado

no Laboratório de Resíduos do Depart. de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da

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USP, através da técnica de difração de raio laser que permite medir o diâmetro das

partículas. Além disso, o equipamento fornece resultados estatísticos de área

específica, além dos diâmetros d10, d50 e d90 (diâmetros no qual, respectivamente,

10%, 50% e 90% das partículas estão abaixo).

3.3.2. Pirólise

No ensaio de pirólise, alíquotas de 1-3g de cada material (magnético,

condutor, misto e não-condutor) foram colocadas em navículas cerâmicas. Estas

navículas permaneceram durante uma hora na mufla a 800ºC em atmosfera inerte

de argônio. O objetivo do ensaio é separar o material orgânico (polímeros) que

volatiliza, do material inorgânico (metais e cerâmicos), calculada pela diferença de

massa final e inicial. A Figura 9 mostra a mufla utilizada.

Figura 9 - Mufla utilizada no ensaio de pirólise.

3.3.3. Lixiviação em água-régia

Amostras de 1-5 g de cada uma das frações foram solubilizadas com água-

régia na proporção 1:20 (14), isto é, 1g de placa de circuito impresso para 20mL de

solução de água-régia. O contato entre a amostra e a água- régia durou 24 horas

para garantir completa digestão dos metais, seguido de filtração simples com papel

de filtro quantitativo. Assim, foram obtidas 2 frações: fração lixiviada, a qual deve

conter água-régia e metais solubilizados e fração não lixiviada que corresponde aos

sólidos não solúveis retidos no papel de filtro, este material indica a quantidade de

materiais cerâmicos e poliméricos.

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3.3.4. Análises químicas

As soluções lixiviadas foram enviadas para análise química para

determinação dos elementos presentes em cada fração pela técnica de

espectrometria de emissão óptica por plasma acoplado indutivamente. Os metais

analisados foram: Cu, Fe, Ni, Sn, Pb, Zn, Al, Ag, Au e Pd.

Os resultados obtidos no ensaio de pirólise e lixiviação em água-régia foram

usados para calcular a composição das frações através das equações 14 e 15.

LA = (M) + (P + C) Eq. (14)

PI = (P) + (M + C) Eq. (15)

Onde, LA significa lixiviação em água-régia; PI é pirólise; M é a fração

metálica (% em massa); P é a fração polimérica (% em massa) e C é a fração

cerâmica (% em massa).

3.4. ESTUDOS DE BIOLIXIVIAÇÃO

A partir do pré-tratamento e caracterização das placas de circuito impresso,

foi possível definir o material não-magnético para a realização dos estudos de

biolixiviação, como mostra a Figura 10.

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Figura 10 – Diagrama de blocos das etapas de pré-tratamento e estudos de biolixiviação.

Os estudos tiveram o objetivo de avaliar a influência de diferentes parâmetros

sobre a biolixiviação dos metais presentes no material não-magnético das placas de

circuito impresso e determinar as condições para extração dos metais, em especial o

cobre. Para tanto, foram realizados estudos sobre a influência da: adaptação

bacteriana, manutenção do pH, velocidade de rotação, concentração inicial de Fe+2,

densidade de polpa e volume de solução oxidada de cultivo sobre a solubilização

dos metais.

Placas de circuito

impresso

Cominuição

Separação magnética

Material magnético

Extração de Fe

Material não-magnético

Adaptação bacteriana

Estudos de biolixiviação

Lixívia

Extração de Cu

Material insolúvel

Extração de Au

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Através da biolixiviação, o cobre é solubilizado pelo íon férrico, juntamente

com outros metais, como Al, Zn, Pb e Sn, deixando a fração sólida concentrada com

os metais preciosos para a etapa seguinte que envolve a cianetação, já que o ouro

não é solúvel em Fe+3.

3.4.1. Microrganismos mesófilos

Os estudos de biolixiviação foram conduzidos com microrganismos mesólifos,

a 30oC. Os microrganismos mesófilos (Acidithiobacillus ferrooxidans, linhagem LR)

foram isolados de licor de lixiviação ácida de minério de urânio (129) e gentilmente

cedidos pelos professores Oswaldo Garcia Jr e Denise Bevilaqua, da Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, SP.

3.4.2. Meio de cultura

Para o crescimento do inóculo microbiano foi empregado o meio de cultura

T&K (130), que é composto por duas soluções (A e B).

Solução A: (NH4)2SO4: 0,625gL-1; MgSO4.7H2O: 0,625gL-1 e K2HPO4:

0,625gL-1.

Solução B: 166,5gL-1 FeSO4.7H2O

Para o preparo do meio de cultura T&K, as soluções A e B foram preparadas,

aciduladas com H2SO4 5M até pH 1,8 e esterilizadas separadamente.

A solução A foi esterilizada em autoclave, a uma temperatura de 120ºC,

durante 30 minutos e 1atm. A solução B foi esterilizada por filtração em membrana

Millipore (0,45 µm). A finalização do preparo do meio de cultura consistiu na mistura

das soluções A e B em uma proporção de 4:1, respectivamente.

3.4.3. Adaptação bacteriana

O processo de adaptação bacteriana foi conduzido através de repicagens

seqüenciais, onde bactérias foram cultivadas na presença de placas de circuito

impresso (amostras do material não-magnético), inicialmente na concentração

2,5gL-1, adquirindo resistência aos produtos da lixiviação química e biológica.

Sucessivos cultivos, com acréscimo de 0,5gL-1 na concentração de placas de circuito

impresso a cada repique, foram realizados utilizando como inóculo, uma alíquota de

10mL do cultivo anterior contendo bactérias adaptadas, aumentando-se desta forma,

gradualmente, a tolerância bacteriana a crescentes concentrações de placas de

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circuito impresso até 45gL-1. A processo de adaptação bacteriana foi realizado

durante 4 meses.

3.4.4. Solução oxidada de cultivo

A bactéria A. ferrooxidans-LR adaptada foi crescida em 200mL de meio de

cultura T&K em Erlenmeyers de 250mL de capacidade tampados com algodão

hidrófobo (previamente autoclavados), à temperatura de 30°C em um agitador orbital

(shaker) com rotação de 185rpm e 5% v/v de inóculo.

Após aproximadamente 24 horas, a coloração do meio de cultura passa de

esverdeada para avermelhada, devido ao aumento da atividade bacteriana, gerando

assim uma solução oxidada de cultivo (com bactérias em fase logarítmica de

crescimento), utilizada como inóculo nos experimentos.

3.4.5. Estudos em frascos agitados

Estudos em frascos agitados envolvem o uso de material particulado

suspenso em líquido lixiviante e mantido sob agitação (90). Foram realizados 6

estudos visando avaliar diferentes parâmetros que podem influenciar a biolixiviação

do cobre durante 15 dias (Figura 11).

Figura 11 - Ensaio de biolixiviação com frascos agitados.

Para avaliar a extração dos metais foi realizada a análise da concentração de

metais pela técnica de espectrometria de absorção atômica no Laboratório de

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Química Analítica da UNESP, Araraquara, SP, para determinação dos metais do

material não-magnético utilizado nos ensaios de biolixiviação.

O cálculo da extração dos metais estudados considerou os valores da Tabela

12 como sendo o total da concentração de cada metal contido no material não-

magnético e o valor determinado na lixívia durante as coletas, usado para o cálculo

da porcentagem de extração.

A água de evaporação foi reposta a cada amostragem com solução de ácido

sulfúrico estéril de pH=1,8 e o pH do meio foi ajustado durante os ensaios pela

adição de solução estéril de H2SO4 5M para a faixa 1,8-2,0. Os ensaios

acompanhados por amostragem periódica da fração líquida, seguida de análises das

concentrações de Cu, Fe, Zn, Al, Pb, Sn, análise de Fe2+ (dicromatometria) e

medidas de pH e Eh.

3.4.5.1. Influência da adaptação bacteriana

Este ensaio teve o objetivo de comparar a biolixiviação do cobre usando como

inóculo bactérias adaptadas e não-adaptadas. Foram utilizados 200mL de solução

lixiviante (Meio T&K) e 3,0g de placa de circuito impresso (material não-magnético),

o que conferiu aos ensaios uma densidade de polpa de 15gL-1. Para o inóculo dos

ensaios foram utilizadas 5% (v/v) da solução oxidada de cultivo com bactérias

adaptadas e bactérias não-adaptadas, e respectivos controles abióticos. A

velocidade de rotação aplicada foi 180rpm.

Haghshenas et al. (120) considerou culturas seriadas em meio contendo

crescentes densidades de polpa como sendo uma estratégia eficaz para adaptação

da A. ferrooxidans.

A linhagem bacteriana utilizada neste estudo foi isolada de uma mina de

urânio (129) e o processo de adaptação foi fundamental para criar tolerância da

bactéria às amostras de placas de circuito impresso, que inicialmente mostraram ser

tóxicas em densidades de polpa maiores que 2,5gL-1, provavelmente pela natureza

alcalina, concentração de cobre (28%) e/ou presença de componentes orgânicos,

como a resina utilizada na fabricação das placas.

3.4.5.2. Influência da densidade de polpa

Este experimento teve como objetivo avaliar a influência da densidade de

polpa sobre a biolixiviação de placas de circuito impresso.

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Diferentes densidades de polpa foram avaliadas em 6 condições, sendo:

15gL-1; 22,5gL-1; 30gL-1; 45gL-1; 60gL-1; 75gL-1 e respectivos controles abióticos.

Foram utilizados 200mL de solução lixiviante (Meio T&K), inóculo de 5% (v/v)

da solução oxidada de cultivo com bactérias adaptadas a 180rpm de velocidade de

rotação.

3.4.5.3. Influência do volume da solução oxidada de cultivo

Com o intuito de avaliar a influência do volume de solução oxidada de cultivo,

um estudo utilizando 200mL de solução lixiviante (Meio T&K), 15gL-1 de placas de

circuito impresso (material não-magnético) a 180rpm de velocidade de rotação foi

realizado.

Diferentes volumes de solução oxidada de cultivo de bactérias adaptadas

foram inoculados, sendo (%v/v): 5, 10, 20, 30, 40, 50 e 60. Um controle abiótico

também foi estudado em paralelo.

3.4.5.4. Influência da velocidade de rotação

Este experimento teve como objetivo avaliar a influência da velocidade de

rotação sobre a mobilização dos metais presentes nas placas de circuito impresso

(material não-magnético). Foram utilizados 200mL de solução lixiviante (meio T&K),

15gL-1 de placas de circuito impresso (material não-magnético) e 10%v/v de inóculo

(bactérias adaptadas).

Foram avaliadas diferentes velocidades de rotação, sendo: 150rpm, 160rpm e

170rpm.

3.4.5.5. Influência da concentração inicial de Fe+2

Este estudo busca avaliar a influência da concentração inicial de íon ferroso

sobre a biolixiviação dos metais das placas de circuito impresso.

Foram utilizados 200mL de solução lixiviante, 15gL-1 de placas de circuito

impresso (material não-magnético), 10%v/v de inóculo, velocidade de rotação de

170rpm e diferentes concentrações iniciais de íon ferroso (gL-1), sendo: 6,75; 13,57 e

16,97.

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3.4.6. Caracterização do material insolúvel após a biolixi viação

Após os estudos de biolixiviação, foi realizada a repetição dos ensaios com as

condições determinadas (inóculo de 10%v/v de bactérias adaptadas com densidade

de polpa de 15gL-1, 33,3gL-1 de solução inicial de FeSO4 sob velocidade de rotação

de 160rpm com manutenção de pH) a fim de se obter massa para os ensaios de

cianetação. Foi realizada a caracterização do material insolúvel após a biolixiviação

(amostra quarteada de 10g) via espectrometria por absorção atômica para

determinação da concentração dos metais: ouro, prata, cobre, níquel, ferro, estanho

e zinco. O procedimento de caracterização foi o mesmo utilizado para a amostra

antes da biolixiviação (item 3.3.3), para fins de comparação e fechamento do

balanço de massa.

3.4.7. Determinação analítica dos parâmetros de controle

A coleta de alíquotas de 15mL para determinação dos parâmetros de controle

foi realizada nos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 10, 13 e 15° dias.

As alíquotas da lixívia foram centrifugadas durante 20min a 5000rpm e o

sobrenadante retirado, sendo que 10mL da alíquota foram utilizados na titulometria

do ferro e nos 5mL restantes foram adicionadas 2 gotas de HNO3 concentrado e

preservado em frasco âmbar a 4°C até a realização d a análise de metais.

3.4.7.1. Controle de pH e Eh.

Para determinação do pH utilizou-se um pHmetro microprocessado de

bancada modelo Q400MT da Quimis.

Para determinação do Eh utilizou-se um pHmetro de bancada marca Digimed,

modelo DM-22, com eletrodo de platina (Ag/AgCl como eletrodo de referência). A

esterilização dos eletrodos foi realizada através da limpeza com álcool 70% entre as

medições.

3.4.7.2. Determinação da concentração de Fe+2 por titulometria

Para determinar a concentração de Fe+2 por titulação com dicromato de

potássio, amostras de 10mL de alíquotas da lixívia foram acidificadas com 20mL de

uma mistura ácida e diluídas para 50 mL com água destilada. A seguir foram

adicionadas 3 gotas do indicador (solução 1% de difenilssulfonato de bário em

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H2SO4 concentrado) e titulou-se com solução padrão de dicromato de potássio até

viragem da cor verde para a cor lilás.

A mistura ácida foi preparada vertendo 150mL de ácido sulfúrico concentrado

sobre 500 mL de água destilada, e após resfriar, vertendo sobre essa solução,

lentamente, 150mL de H3PO4 concentrado até completar o volume para 1 litro.

A concentração de Fe+2 foi calculada em função do volume de solução padrão

oxidante consumida, baseado na Eq. 16:

Cr2O7-2 + 6Fe+2 + 14H+ � 2Cr+3 + 6 Fe+3 + H2O (Eq. 16)

3.5. ENSAIO DE LIXIVIAÇÃO COM SULFATO FÉRRICO

Este experimento teve como objetivo avaliar o grau de dissolução química do

resíduo e contribuir para elucidação dos mecanismos de dissolução.

Os ensaios de lixiviação das amostras foram realizados em um reator

cilíndrico de vidro borossilicato de 4 bocas, de 500mL de capacidade, tendo um

agitador magnético com chapa aquecedora acoplados ao reator. A temperatura do

sistema foi mantida constante por meio de um regulador de temperatura à 70ºC. Um

condensador reto, de 0,5m de comprimento, foi utilizado para reduzir a evaporação

do sistema (Figura 12).

Figura 12 - Ensaio de lixiviação com sulfato férrico

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52

As soluções lixiviantes de sulfato férrico foram preparadas com a mesma

concentração da solução B de sulfato ferroso, que compõe o meio de cultivo

bacteriano (166,5gL-1) e transferidas para o reator cilíndrico de vidro borossilicato. O

pH da solução lixiviante foi então, ajustado para 1,8. O ajuste de pH foi realizado

com a adição de H2SO4 concentrado. O sistema foi montado, e assim que a

temperatura de trabalho foi atingida, uma amostra de aproximadamente 20g do

material não-magnético da placa de circuito impresso foi adicionada ao reator numa

proporção 1:10. O tempo de reação foi de 4 horas, tendo sido coletadas alíquotas do

licor lixiviante para quantificação dos metais após 0,5; 1, 2, 3 e 4 horas.

3.5.1. Determinação da concentração de metais

A determinação da concentração dos metais (Cu, Fe, Zn, Al, Ni e Sn) na

lixívia foi realizada retirando-se alíquotas de 5mL, que foram analisadas pela técnica

de espectrometria de emissão atômica no Laboratório de Química Analítica da

UNESP, Araraquara, SP.

3.5.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Espectr ometria de Energia

Dispersiva de Raios-X (EDS)

Antes e após os experimentos de biolixiviação, o resíduo foi analisado via

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectrometria de Energia Dispersiva

de raios-X (EDS) de forma a identificar as fases precipitadas e complementar a

caracterização das amostras.

As análises foram realizadas no Laboratório de Microscopia Eletrônica do

Dept. Eng. Metalúrgica e de Materiais da USP.

3.6. ENSAIO DE CIANETAÇÃO

Foi realizado ensaio de cianetação, em duplicata, com amostras do material

insolúvel, provenientes do ensaio de biolixiviação e de lixiviação do ferro com H2SO4

5M.

Como os estudos de biolixiviação foi realizado em escala laboratorial

utilizando um shaker de 20 posições, a quantidade de material insolúvel biolixiviado

a cada ensaio (densidade de polpa de 15gL-1) era de aproximadamente 40g após 15

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53

dias. Foram realizados 3 ensaios de biolixiviação, nas condições determinadas nos

estudos de biolixiviação, gerando uma amostra de 120g de material insolúvel, que foi

quarteada, e duas amostras de 55g foram utilizadas no ensaio de cianetação.

3.6.1. Lixiviação do ferro do material insolúvel para o en saio de cianetação.

Após a etapa de biolixiviação, o material insolúvel foi filtrado e lavado com

água destilada, precipitando os íons Fe+3 na forma de hidróxido de ferro (que são

solúveis apenas em pH ácido) e seco em estufa. A presença de hidróxido de ferro

altera a estabilidade do pH, e para realização do ensaio de cianetação, o pH deve

ser mantido sempre acima de 9,2 evitando assim que o gás cianídrico (que é letal)

seja formado.

Adicionalmente, apenas o Fe+3 e o Co+2 formam cianocomplexos mais

estáveis que o ouro (81), como pode ser observado na Tabela 5. Portanto, foi

necessária a lixiviação do material insolúvel proveniente da biolixiviação para

solubilizar o ferro.

A lixiviação do ferro do material insolúvel proveniente da biolixiviação foi

realizada com agitação do material insolúvel com solução H2SO4 5M por 5min à

temperatura ambiente com agitador magnético, seguida de filtração e secagem em

estufa a 70°C por 24h.

3.6.2. Preparação dos reagentes

A preparação dos reagentes utilizados no ensaio de cianetação e na titulação

é descrita a seguir:

- Solução indicadora de rodanina 0,02%: dissolver 0,02g de rodanina em 99,98mL

de acetona (pureza analítica).

- Solução de AgNO3 0,01N: pesar 1,710g do sal, dissolver em água deionizada e

transferir para um balão volumétrico de 1000mL, completando o volume com água.

- Solução de emergência: solução de NaOH 5M para neutralizar a lixiviação em caso

de emergência.

- Solução de lavagem pH>12: solução de NaOH 0,16% acrescida de hipoclorito de

sódio comercial (proporção 1:6) para pré-lavagem de toda vidraria utilizada no

ensaio e nas titulações.

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54

3.6.3. Lixiviação alcalina com cianeto de sódio

O ensaio de lixiviação alcalina com cianeto de sódio teve por objetivo estudar

a extração do ouro, presente no material insolúvel proveniente da etapa de

biolixiviação e de lixiviação do ferro com solução de ácido sulfúrico (5M).

Foram adicionados em frasco Erlenmeyer de 250mL de capacidade: a

amostra de material insolúvel a ser lixiviada (polpa com 30% de sólidos) e solução

de NaOH (pH 11), conferindo volume inicial de 183mL.

A concentração de sólidos em polpas a serem cianetadas, geralmente, varia

de 45% a 52%, porém, quanto mais diluída a polpa, mais favorecido é o contato

entre o ouro e o cianeto (81), trabalhando-se portanto, com 30% de sólidos.

Os frascos foram colocados num shaker sob agitação constante de 150rpm

para favorecer a difusão dos reagentes cianeto e oxigênio dissolvido. Após 10min

com o pH estabilizado entre 10,5 e 11,5 foi adicionado o cianeto de sódio (5gL-1). O

ensaio teve duração de 144h e foi conduzido à temperatura ambiente. O pH foi

monitorado durante todo o ensaio, e corrigido quando necessário, com solução de

NaOH 1M para pH 11.

Foram retiradas alíquotas de 2mL durante o ensaio com auxílio de pipetador

automático, para titulação, a cada 2 a 8h para cálculo da concentração de cianeto

livre garantindo a presença de CN- no sistema para complexar com o ouro, havendo

reposição de NaCN(s) quando a concentração de cianeto livre era inferior a 200ppm.

A reposição de cianeto é necessária, devido à decomposição do íon cianeto, que é

instável termodinamicamente e apresenta tendência a degradação natural (81).

Também foram coletadas amostras periódicas (5mL) com pipetador

automático para determinação da concentração de ouro por espectrometria de

absorção atômica, após 1, 4, 8, 12, 18, 36, 48, 72, 102 e 144h. O volume retirado foi

reposto com solução NaOH pH 11 após cada coleta.

Toda a vidraria utilizada no ensaio e nas titulações foi pré-lavada com uma

solução de lavagem a fim de remover o cianeto remanescente antes de proceder a

lavagem habitual, e os resíduos gerados foram acondicionados para tratamento

posterior.

3.6.4. Procedimento de titulação e cálculo de cianeto livr e

Para a titulação das alíquotas retiradas do meio lixiviante foi utilizado o

seguinte procedimento adaptado (131; 132):

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- Amostrar 1mL do Erlenmeyer e acrescentar 30mL de solução NaOH (pH 11) e 5

gotas da solução indicadora de rodanina.

- Titular com AgNO3 0,01N até o ponto de viragem.

- Anotar o volume gasto de AgNO3 para cálculo da concentração de cianeto livre.

- Realizar titulação em duplicata.

Para o cálculo da concentração de CN- livre foi utilizada a Eq. 17 (131), sendo

que o volume gasto para titular a amostra é a média dos resultados, subtraindo o

valor do branco.

CN- livre (ppm) = (N x V) x AgNO3 x 0,05204 x 106 (Eq. 17)

Va

Onde:

N = Normalidade corrigida da solução de AgNO3 0,01N (Eq. 18)

V = Volume de AgNO3 gasto para titular uma amostra descontando o volume

gasto para titular a prova em branco, em mL.

Va = Volume da alíquota pipetada para análise, em mL.

0,05204 = miliequivalente-grama do cianeto livre

106 = fator de transformação para ppm.

A determinação do fator de correção da solução de AgNO3 0,01N (131; 132) foi

realizada através de titulação utilizando 5,0mL de solução de NaCl 0,1N com 40mL

de água deionizada e 1mL de indicador (dicromato de potássio 5%). Para calcular a

normalidade corrigida da solução de AgNO3 0,01N (N) foi utilizada a Eq. 18 (131).

N = 5,0 x 0,1 Eq. 18

Vg

Onde:

N = normalidade corrigida

5,0 = volume de NaCl pipetado

Vg = volume de AgNO3 gasto na titulação

0,1 = concentração do NaCl pipetado

A determinação do cianeto livre foi utilizada para fins de cálculo do consumo

de CN-.

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56

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. PRÉ-TRATAMENTO DAS PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE

COMPUTADORES OBSOLETOS.

Apesar dos metais estarem presentes nas placas de circuito impresso, eles

estão acoplados com outros materiais como plásticos e fibra de vidro e por esta

razão se faz necessário o uso de técnicas de Tratamento de Minérios para liberar os

metais, facilitando assim sua recuperação.

Os materiais das placas de circuito impresso são basicamente unidos por

fixação, inserção, soldagem e empacotamento (133). O processamento das placas de

circuito impresso visando a reciclagem envolve etapas como moagem, separação

granulométrica, separação magnética e separação eletrostática (32; 62).

4.1.1. Cominuição das placas de circuito impresso de compu tadores obsoletos

Na etapa de cominuição das placas de circuito impresso observou-se que

ocorre perda de material (29%), pois durante o processo, as partículas mais finas e

leves são expelidas pelo moinho de martelos como poeira.

Placas de circuito impresso são fabricadas com fibra de vidro, que é um

material abrasivo e, portanto, facilita a geração de partículas finas, que são perdidas

pela abertura.

Estudos (4; 133; 68; 66) sobre liberação de materiais das placas de circuito

impresso usando moinho de martelos tem mostrado ser um método eficaz, mesmo

com as perdas de material.

Menetti, Chaves e Tenório (10) também observaram perda de material na

alimentação direta de sucata eletrônica no moinho de martelos, e que placas e/ou

componentes adicionados em peças inteiras provocaram um desgaste da parte

interna do moinho.

Adicionalmente, ressalta-se que o processo de cominuição foi realizado em

escala laboratorial, num moinho de martelos com 5kg h-1 de capacidade.

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57

4.1.2. Separação magnética e eletrostática

Os resultados de balanço de massa para as separações magnética e

eletrostática são apresentados na Figura 13. As perdas de massa obtidas no

processo de cominuição também foram analisadas e estão incluídas no balanço de

massa.

Figura 13 – Diagrama de blocos das separações magnética e eletrostática e seu respectivo

balanço de massa (% em massa)

Como observado na Figura 13, as placas de circuito impresso são compostas

por 85% em massa de material não-magnético, enquanto que o material magnético

representou apenas 15%. O material magnético concentrou os metais magnéticos

como ferro e níquel, que estão normalmente presentes em componentes acoplados

à superfície da placa.

O material não-magnético após separação eletrostática subdividiu-se em 3

frações, sendo elas: condutora, mista e não-condutora. O material não-condutor

representou 53% em massa das placas de circuito impresso e concentrou os

materiais poliméricos, dentre eles a fibra de vidro, e os materiais cerâmicos.

Segundo Zheng et al. (134), os materiais não metálicos podem representar até 70%

das placas de circuito impresso.

Resultados similiares foram obtidos por Veit (4) em trabalho sobre reciclagem

de placas de circuito impresso de computador.

Separação eletrostática

Separação magnética

Placas de circuito impresso

100%

Material não-magnético

85%

Material condutor

30%

Material misto

2%

Material não-condutor

53%

Material magnético

15%

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4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS FRAÇÕES OBTIDAS NO PRÉ-TRATAMENTO

A caracterização das frações obtidas no pré-tratamento teve como objetivo

determinar a composição das placas de circuito impresso cominuídas no que se

refere aos materiais poliméricos, cerâmicos e metálicos, e adicionalmente, avaliar o

grau de liberação dos materiais e determinar a concentração dos metais presentes.

4.2.1. Classificação granulométrica

A distribuição granulométrica da placa de circuito cominuída antes das

separações magnética e eletrostática foi realizada por peneira vribratória (Figura 14).

Figura 14 - Distribuição granulométrica das placas de circuito impresso cominuídas por

peneiramento

Como pode ser observado na Figura 14, o processo de moagem reduziu as

placas de circuito impresso permitindo assim a liberação dos materiais para posterior

recuperação. Segundo Zhihai et al. (135), a cominuição e a liberação das placas de

circuito impresso afetam diretamente as operações de separação física e a taxa de

recuperação dos materiais.

Os metais utilizados na montagem das placas de circuito impresso

encontram-se acoplados ou soldados sobre a placa e em componentes

eletroeletrônicos que a compõe (2).

Trabalhos reportados na literatura científica divergem com relação a

granulometria utilizada para liberação/recuperação dos materiais. Segundo Zhang e

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,01 0,10 1,00 10,00

% A

cum

ula

da

Fração granulométrica (mm)

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59

Forssberg (133), a liberação completa dos materiais através do processo de moagem,

em especial do cobre, pode ser alcançada com frações menores que 2mm, porém,

segundo Murugan et al. (68), em partículas entre 1,2-2,5 mm, o metal não é

completamente liberado dos componentes poliméricos/cerâmicos. Estas diferenças

podem ser atribuídas a origem, idade, marca e tipo de placa de circuito impresso

estudada.

A distribuição granulométrica permite classificar o tamanho das partículas

após o processo de cominuição, porém não fornece informações quanto ao grau de

liberação dos materiais, sendo necessário análises adicionais (lixiviação em água-

régia e pirólise).

Na Figura 15 é apresentada a distribuição granulométrica da placa de circuito

cominuída através de difração de raio laser obtida no Malvern - Mastersizer 2000. O

objetivo desta análise foi complementar os resultados, visto que o equipamento

analisa a distribuição dos diferentes tamanhos das partículas baseado no diâmetro

médio, não sendo comparável à análise de distribuição granulométrica por

peneiramento.

Figura 15 - Distribuição granulométrica das placas de circuito impresso cominuídas por

difração de raio laser (Malvern).

Como pode ser observado na Figura 15, na distribuição granulométrica das

placas de circuito impresso cominuídas por difração de raio laser, 10% das

partículas possuem tamanho menor que 1,11µm, 50% estão abaixo de 6,84µm e

90% abaixo de 89,06µm.

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60

Na distribuição granulométrica por difração de raio laser, a água auxilia na

separação das partículas finas que, no sistema de peneiramento a seco, ficam

aderidos na superfície das partículas maiores (136), por este motivo dificulta a

comparação entre as duas técnicas.

4.2.2. Pirólise e lixiviação em água-régia

Os resultados obtidos na pirólise e lixiviação em água-régia de cada fração

obtida no pré-tratamento das placas de circuito impresso (material magnético,

condutor, misto e não-condutor) foram apresentados na Figura 16. As perdas

obtidas no processo de cominuição são consideradas.

Figura 16 - Composição das frações de placas de circuito impresso após pré-tratamento (% em massa). MA: material magnético; CD: material condutor; MI: material misto;

NC: material não-condutor; PCI: placa de circuito impresso cominuída.

Como pode ser observado na Figura 16, nas frações magnética e condutora

ficaram concentrados os metais, apresentando respectivamente, 8% e 29%.

Observa-se também a presença de materiais poliméricos/cerâmicos, provavelmente

por não ter ocorrido total liberação de algumas partículas metálicas durante o

processo de moagem, mesmo com granulometria abaixo de 2mm.

Os materiais poliméricos ficaram concentrados no material não-condutor,

como era esperado, totalizando 21,6% em massa das placas de circuito impresso.

Resultados similares para a fração orgânica foram encontrados por Hall e

0

5

10

15

20

25

30

MA CD MI NC

Po

rce

nta

gem

em

ma

ssa

(%

)

Metal

Cerâmico

Polímero

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61

Williams (74) na pirólise de placas de circuito impresso de computadores, televisores

e celulares.

Os substratos orgânicos encontrados nas placas de circuito impresso

consistem nas camadas de papel impregnadas com resina fenólica ou camadas de

fibra de vidro impregnadas com resina epóxi, poliamida, éster de cianato, resina BT,

entre outros (18). Na pirólise de partículas plásticas de placas de circuito impresso

realizada por Guo et al. (8), os principais componentes encontrados no resíduo foram

carbono e fibra de vidro.

Quantidades, menores que 8,5% em massa do total, de polímeros e materiais

cerâmicos foram encontradas em outras frações (magnética, condutora e mista),

provavelmente porque materiais metálicos e cerâmicos podem não ter sido

completamente liberados durante o processo de cominuição, sendo que, estes

materiais representam metade da massa das placas de circuito impresso

cominuídas.

A fração cerâmica das placas de circuito impresso totalizou 28% em massa, e

após o pré-tratamento, o material cerâmico ficou concentrado no material não-

condutor, juntamente com os materiais poliméricos. Os materiais cerâmicos

geralmente encontrados nas placas de circuito impresso são sílica, alumina, mica e

titanato de bário (17).

A lixiviação em água-régia solubiliza os metais, incluindo os metais preciosos,

permitindo posterior análise química, apresentada no item 4.2.3.

Estudos (14; 2; 4) reportam a composição geral de placas de circuito impresso

sendo 40% de metais, 30% de material cerâmico e 30% de polímeros. Os resultados

obtidos na composição das placas de circuito impresso cominuídas foram similares à

literatura, porém foi observado diferenças na concentração de metais (49,6%) e

polímeros (21,6%), devido ao lote estudado ser composto unicamente por placas de

circuito impresso de computador.

4.2.3. Análises químicas das frações obtidas no pré-tratam ento

A concentração dos metais (% em massa) nas frações obtidas no pré-

tratamento determinadas por ICP-OES em relação ao peso total foram apresentadas

na Tabela 10.

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62

Tabela 10 - Concentração dos metais (% em massa) nas frações obtidas no pré-tratamento das placas de circuito impresso determinadas por ICP-OES com relação à massa total.

Como pode ser observado na Tabela 10, o cobre é o metal de maior

concentração na placa de circuito impresso cominuída, e representando

praticamente metade da composição metálica, ficando concentrado no material

condutor, assim como estanho, alumínio, zinco e chumbo. Adicionalmente, nota-se a

presença destes metais também em outras frações, principalmente no material não-

condutor, podendo ser inferido que a separação eletrostática não concentrou estes

metais numa única fração.

A Tabela 11 apresenta a concentração dos metais de placas de circuito

impresso reportada em diferentes trabalhos..

Tabela 11 - Concentração dos metais de placas de circuito impresso reportados em

diferentes trabalhos. % em massa

Park; Fray

(14) Yang et al. (118)

Guo et al. (19)

Goosey; Kellner (20)

Sum

(137) Prata 0,100 - 3,3g/t 0,05 0,2 Paládio 0,010 - - 0,01 0,005 Alumínio 5,0 - 4,7 - - Ouro 0,025 - 80g/t 0,03 0,1 Cobre 16,0 25,06 26,8 16 20 Ferro 5,0 0,66 5,3 3 8 Níquel 1,0 0,0024 0,47 2 2 Chumbo 2,0 0,80 - - 2 Estanho 3,0 - 1,0 - 4 Zinco 1,0 0,04 1,5 - 1

Como pode-se observar na Tabela 11, a composição das placas de circuito

impresso varia, o que pode ser atribuído, segundo Park & Fray (14) e Veit et al. (22), às

diferentes metodologias aplicadas e/ou porque a composição tem variado com o

tempo principalmente devido às inovações tecnológicas. Ilyas et al. (15) também

Fração magnética Fração condutora Fração mista Fração não-condutora

Prata 0,02 0,04 0,00 0,07

Alumínio 0,86 1,95 0,11 1,34

Ouro 0,03 0,06 0,01 0,05

Cobre 1,32 17,47 0,41 4,59

Ferro 5,03 0,04 0,01 0,20

Níquel 0,24 0,08 0,00 0,05

Chumbo 0,45 2,62 0,06 1,06

Estanho 0,71 3,83 0,11 1,58

Zinco 0,39 2,93 0,10 0,80

% em massa em relação à massa total

Placas de circuito impresso

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63

sugerem que métodos analíticos e a origem do material podem atribuir diferenças na

composição.

Em trabalho desenvolvido por Lewis et al. (138) sobre a biorecuperação de

metais a partir de resíduos triturados (sucata metálica, sucata eletrônica e sucata de

carros), os resultados mostraram a importância do pré-tratamento mecânico para

preparação do material e redução da concentração de ferro.

O ferro é um metal fortemente magnético e ficou concentrado no material

magnético, como esperado, representando 5,3% em massa de toda placa de circuito

impresso cominuída. Em consonância com o observado por Lewis et al (138), o pré-

tratamento concentrou 95% deste metal no material magnético, mostrando que a

separação magnética foi eficaz, apenas com o pré-tratamento das placas de circuito

impresso. O níquel, por ser um metal fracamente magnético, não ficou concentrado

apenas no material magnético, e cerca de 35% do níquel sofreu arraste para o

material não-magnético.

Chumbo e estanho estão presentes em todas as frações mostrando que o

pré-tratamento não foi efetivo na concentração destes metais em uma única fração,

tendo o material condutor, concentrado a maior parte. Estes metais são comumente

utilizados na soldagem de componentes eletrônicos das placas de circuito impresso

(133; 139).

O zinco pode ser usado para substituir o chumbo na solda (38; 140) e também

ficou mais concentrado no material condutor.

Cobre foi o metal de maior porcentagem (23,8%) nas placas de circuito

impresso, usado devido à sua condutividade em diversos componentes, como

contatos e engates elétricos, chips, circuitos impressos, fios, transformadores e

bobinas (10). O cobre (73,4%) ficou concentrado no material condutor e o restante

dividido nas outras frações, o que mostra que a separação eletrostática não é

interessante no que diz respeito a recuperação do cobre das placas de circuito

impresso. A distribuição difusa do cobre, principalmente, após a separação

eletrostática, se deve ao fato do cobre ser utilizado na base da placa de circuito.

Murugan et al. (68) descrevem que mesmo com a cominuição, liberar o cobre da

resina utilizada nas camadas é difícil. As placas de circuito impresso de

computadores são do tipo FR-2, formadas por uma camada de fibra de vidro ou

celulose e resina fenólica, e na superfície contêm uma camada de cobre para

conectar os contatos elétricos.

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64

Com relação aos metais preciosos, o ouro é utilizado devido à sua

estabilidade química como um filme prevenindo a oxidação de contatos elétricos em

computadores (3) e apresentou distribuição difusa em todas as frações. O total de

metais preciosos encontrado (ouro e prata) no material cominuído foi menor que

0,2%, porém, segundo Park & Fray (14), os metais preciosos somam mais de 80% do

valor total intrínseco das placas de circuito impresso, considerando a quantidade de

menos de 1% em massa.

Os resultados obtidos no pré-tratamento e caracterização das placas de

circuito impresso mostram que a separação magnética é vantajosa para concentrar

o ferro no material magnético, permitindo sua posterior recuperação, e que os metais

de interesse econômico, como o cobre e o ouro, apresentaram distribuição difusa

nas frações obtidas após a separação eletrostática, permitindo definir o material não-

magnético para os estudos de biolixiviação.

4.3. ESTUDOS DE BIOLIXIVIAÇÃO

Os estudos de biolixiviação visaram avaliar a influência de diferentes

parâmetros sobre a biolixiviação bacteriana dos metais contidos no material não-

magnético das placas de circuito impresso.

A Tabela 12 apresenta a composição em porcentagem em massa do material

não-magnético determinada por espectrometria de absorção atômica (EAA).

Tabela 12 - Concentração (%) dos metais no material não-magnético das placas de circuito

impresso de computadores obsoletos determinada por EAA e utilizada nos estudos de biolixiviação.

Metal Concentração (%) Cu 28,1 Sn 7,8 Pb 4,9 Al 4,5 Zn 3,9 Fe 0,4 Ni 0,2 Ag 0,1 Au 0,1

Os valores apresentados na Tabela 12 foram utilizados para calcular a

porcentagem de extração dos metais nos estudos de biolixiviação. Comparando os

resultados apresentados na Tabela 10 e na Tabela 12 observa-se que a

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porcentagem de cobre n

cobre da placa de circuito impresso

todos os outros metais, as diferenças foram irrelevantes.

A repetição da caracterização apenas para esta fração se deve ao fato de que

nos estudos de biolixiviação, seriam utilizadas amostras d

e todas as análises química

minimizar as variações nos resultados

de serem quali e quantitativas, podem variar dependendo do tipo de equipamento

utilizado, diluições, preservação da a

minimizar estas variações é manter

como por exemplo, realizar todas as análises no mesmo equipamento.

As análises químicas de caracterização apresentadas na

realizadas por ICP-AES enquanto que as análises químicas apresentadas na

12 foram por EAA. Esta mudança foi feita para adequar o

equipamento ao tipo de amostra

amostras de lixiviado deveriam conter concentraç

este o principal metal analisado na etapa de biolixiviação.

Para complementar a caracterização d

realizadas ainda, análises de microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia

de energia dispersiva, que são apresentadas nas

Figura 17 - Espectro de energia d

de cobre no material não-magnético foi superior (Tabela

cobre da placa de circuito impresso somando-se todas as frações (

todos os outros metais, as diferenças foram irrelevantes.

A repetição da caracterização apenas para esta fração se deve ao fato de que

nos estudos de biolixiviação, seriam utilizadas amostras do material

e todas as análises químicas seriam realizadas por EAA, portanto, foi uma forma de

minimizar as variações nos resultados, pois é sabido que análises químicas, apesar

quantitativas, podem variar dependendo do tipo de equipamento

utilizado, diluições, preservação da amostra, entre outros fatores. Uma forma de

minimizar estas variações é manter constantes os fatores que podem vir a

realizar todas as análises no mesmo equipamento.

As análises químicas de caracterização apresentadas na

AES enquanto que as análises químicas apresentadas na

foram por EAA. Esta mudança foi feita para adequar o perfil de detecção do

equipamento ao tipo de amostra, diminuindo assim o número de diluições, já que as

amostras de lixiviado deveriam conter concentrações de cobre (>2000 mgL

este o principal metal analisado na etapa de biolixiviação.

Para complementar a caracterização do material não

análises de microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia

de energia dispersiva, que são apresentadas nas Figura 17 e Figura

Espectro de energia dispersiva do material não-magnético impresso de computadores obsoletos.

65

Tabela 12) ao total de

se todas as frações (Tabela 10). Para

A repetição da caracterização apenas para esta fração se deve ao fato de que

o material não-magnético

, portanto, foi uma forma de

sabido que análises químicas, apesar

quantitativas, podem variar dependendo do tipo de equipamento

mostra, entre outros fatores. Uma forma de

constantes os fatores que podem vir a interferir,

realizar todas as análises no mesmo equipamento.

As análises químicas de caracterização apresentadas na Tabela 10 foram

AES enquanto que as análises químicas apresentadas na Tabela

perfil de detecção do

o número de diluições, já que as

(>2000 mgL-1), sendo

não-magnético foram

análises de microscopia eletrônica de varredura e espectroscopia

Figura 18.

das placas de circuito

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Figura 18 - Imagem de elétrons retrocircuito impresso de computadores obsoletos

A análise do espectro de energia dispersiva

placas de circuito impresso (

Tabela 12 e com a literatura

indicado por dois picos de Cu, seguido pelo estanho. Outros picos, refe

Pb, Ni e Zn também podem ser observados.

Os pontos mais claros observados na

Podem ser observadas tamb

circuito impresso (fenolite).

metálicas não estão presas às

após a moagem.

4.3.1. Influência da adaptação bacteriana

O objetivo deste estudo inicial

no processo de lixiviação biológica do

placas de circuito impresso.

de elétrons retro-espalhados do material não-magnéticcircuito impresso de computadores obsoletos.

A análise do espectro de energia dispersiva do material

placas de circuito impresso (Figura 17) é coerente com os dados apresentados na

e com a literatura (19; 14; 118), sendo o cobre o metal de maior concentração

indicado por dois picos de Cu, seguido pelo estanho. Outros picos, refe

Pb, Ni e Zn também podem ser observados.

Os pontos mais claros observados na Figura 18 são partículas metálicas.

Podem ser observadas também as fibras de vidro que compõe a base das placas de

circuito impresso (fenolite). Analisando a imagem, nota-se ainda que as partícu

metálicas não estão presas às fibras de vidro, o que indica a liberação do material

adaptação bacteriana

estudo inicial foi avaliar a influência da adaptação bacteriana

no processo de lixiviação biológica do cobre presente no material

placas de circuito impresso.

66

magnético das placas de

não-magnético das

) é coerente com os dados apresentados na

, sendo o cobre o metal de maior concentração

indicado por dois picos de Cu, seguido pelo estanho. Outros picos, referentes a Al,

são partículas metálicas.

ém as fibras de vidro que compõe a base das placas de

se ainda que as partículas

fibras de vidro, o que indica a liberação do material

foi avaliar a influência da adaptação bacteriana

presente no material não-magnético das

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67

Para a realização do ensaio foram utilizadas como inóculo as bactérias

adaptadas obtidas após o processo de adaptação com culturas seqüenciais. Os

resultados obtidos na extração de cobre (%) do estudo sobre a influência da

adaptação bacteriana são apresentados na Figura 19.

Figura 19 - Extração de cobre (%) obtida no estudo sobre a influência da adaptação

bacteriana sobre a biolixiviação do cobre presente no material não-magnético das placas de circuito impresso após 30 dias.

Os resultados obtidos na extração de cobre (Figura 19) com bactérias

adaptadas mostraram que após 30 dias, a taxa de biolixiviação de cobre foi 13

pontos percentuais maior do que com as bactérias não-adaptadas.

Estudos de biolixiviação (15; 96; 120; 121; 122) usando adaptação dos

microrganismos são reportados e os resultados mostram que as taxas de extração

de metais pelas bactérias adaptadas são superiores quando comparadas com as

taxas de extração alcançadas com bactérias não-adaptadas. Xia et al. (122) sugerem

que existem diferenças significativas no ataque bacteriano e tolerância ao estresse

de ruptura de células bacterianas adaptadas e não adaptadas devido à mudanças

nos componentes e na estrutura da parede celular.

Segundo Horta et al. (96) a importância da adaptação bacteriana dos

microrganismos às condições do meio de lixiviação foi comprovada pela melhor

eficiência em extração de cobre obtida pelas células adaptadas quando comparadas

às não adaptadas.

O meio inoculado com bactérias não-adaptadas e a condição controle

obtiveram 5 pontos percentuais de diferença na extração de cobre mostrando que

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68

nestas condições a atividade bacteriana foi inibida e a extração de cobre foi

provavelmente somente química.

De acordo com Nemati et al. (114), populações naturais de A. ferrooxidans são

resistentes a íons cobre na faixa de concentração de 1 a 2gL-1 sendo que a atividade

bacteriana pode ser inibida por concentrações superiores a 4,45gL-1, porém

linhagens adaptadas podem chegar a tolerar concentrações maiores que 29,8gL-1 de

íons cobre.

Ilyas et al. (15) e Yang et al. (118) estudaram a extração de cobre de placas de

circuito impresso em frascos agitados obtendo extrações de cobre maiores que 70%.

A adaptação bacteriana diminuiu a sensibilidade de A. ferrooxidans-LR aos íons

cobre gerados o que resultou no incremento da taxa de biolixiviação de cobre.

A continuação do processo de adaptação pode ser uma alternativa no sentido

de aumentar a tolerância bacteriana aos íons metálicos gerados durante o processo

de biolixiviação, às condições do meio lixiviante e a possível toxicidade de outros

componentes da placa de circuito impresso, como a resina e a fenolite.

A Figura 20 mostra as variações no pH antes do ajuste para a faixa de 1,8 a

2,0. A estabilidade do pH foi necessária, pois o CO2 é um fator limitante no

crescimento bacteriano e o pH ácido é fundamental na solubilidade do CO2 (114).

Figura 20 - Variações do pH antes do ajuste diário versus tempo. Símbolos: (□) Controle

abiótico, (■) A. ferrooxidans-LR adaptada crescendo com placas de circuito impresso, (▲) A. ferrooxidans-LR não-adaptada crescendo com placas de circuito impresso.

O pH do meio inoculado com bactérias adaptadas e do meio inoculado com

bactérias não-adaptadas permaneceu entre 1,8 e 2,0 após o 8º dia, possivelmente

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69

devido às combinações das reações que consomem ácido, como a oxidação

química e microbiológica do Fe+2, e as reações que produzem ácido, como a

hidrólise do íon férrico (15; 118).

O pH do controle abiótico apresentou valores maiores do que o inoculado

devido aos consumos de H+ e O2 (promovido pela agitação) na oxidação do Fe+2

produzindo Fe+3.

Na Figura 20, também pode ser observado que o pH do meio inoculado com

bactérias adaptadas apresentam uma elevação acentuada a partir do 2º dia ao

passo que no meio inoculado com bactérias não-adaptadas esta elevação do pH

ocorre até o 6º dia, indicando que a fase exponencial do crescimento bacteriano das

bactérias adaptadas ocorreu antes.

Na fase exponencial do crescimento bacteriano, o aumento exponencial do

número de células acarreta um aumento da atividade metabólica bacteriana

envolvendo a oxidação do íon ferroso a íon férrico e na conseqüente solubilização

do cobre.

A Figura 21 apresenta as variações da concentração de Fe+2 no estudo de

influência da adaptação bacteriana sobre a biolixiviação do cobre das placas de

circuito impresso cominuídas (material não-magnético).

Figura 21 - Variações na concentração de Fe+2 (mgL-1) do estudo da influência da adaptação

bacteriana. Símbolos: (□) Controle abiótico, (■) A. ferrooxidans-LR adaptada, (▲) A. ferrooxidans-LR não-adaptada

Nemati et al. (10) concluiram que a concentração de íon ferroso tem forte

influência no crescimento bacteriano, consequentemente, este parâmetro é

frequentemente utilizado como forma de monitorar a taxa de crescimento,

Page 87: RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES … · 2013-06-11 · impresso de computadores. O presente trabalho investigou a recuperação de metais de

70

observando um declínio no número de células quando da diminuição da

concentração de íon ferroso no meio.

Como pode ser observado na Figura 21, na condição inoculada, o consumo

total de Fe+2 ocorre até o 2º dia de experimento, indicando a fase exponencial de

crescimento bacteriano, e em consonância com a elevação de pH discutida

anteriormente. Comportamento similar observado por Bevilaqua et al. (11) na

biolixiviação da calcopirita. A elevação no final do experimento demonstra a

influência da oxidação química como fator contribuinte após fase de crescimento

exponencial/estacionário bacteriano.

Na condição controle, a concentração de Fe+2 começa a declinar após o 20º

dia de experimento (Figura 21), comportamento similar foi observado por Francisco

Jr. et al. (99) na lixiviação bacteriana de uma amostra mineral contendo pirita, pirrotita

e molibdenita, que sugere que este fato ocorre pela oxidação natural do Fe+2.

Apesar da biolixiviação ser um processo antigo e vir sendo aplicada para

minérios sulfetados de baixo teor há 40 anos (105; 106), a aplicação da biolixiviação

para recuperação de metais a partir da sucata eletrônica ainda encontra-se em fase

laboratorial e o mecanismo de biolixiviação do cobre de placas de circuito impresso

tem sido sugerido ser similar ao de sulfetos metálicos (3; 28), e pode ser utilizado para

fins de comparação.

As amostras no material não-magnético das placas de circuito impresso

cominuídas estudadas apresentaram 0,36% p/p de Fetotal, portanto o ferro presente

na lixívia (sob a forma de íon ferroso) foi quase totalmente proveniente da adição de

solução de sulfato ferroso (solução B) durante preparação do meio.

Os resultados obtidos no estudo de influência da adaptação bacteriana sobre

a biolixiviação do cobre presente no material não-magnético das placas de circuito

impresso mostram que o uso da bactéria adaptada é mais vantajoso, pois aumenta a

porcentagem de extração, como esperado, e portanto, sendo utilizada nos estudos

seguintes.

4.3.2. Influência da densidade de polpa

Os resultados mostraram que a maior extração de cobre (97,2%) foi obtida

utilizando densidade de polpa de 15gL-1 após 15 dias. Os resultados obtidos na

extração de cobre utilizando diferentes densidades de polpa são apresentados na

Figura 22.

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71

Figura 22 - Extração de cobre (%) obtida utilizando densidade de polpa de: 15gL-1(■),

22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) após 15 dias. Como pode ser visto na Figura 22, os resultados mostraram que o aumento

na densidade de polpa acarretou na diminuição da extração de cobre, isso porque

quanto menor a densidades de polpa, maior é o volume de solução lixiviante por

massa de concentrado, o que aumenta a solubilização metálica (98). Além disso, a

atividade bacteriana pode ser inibida por concentrações maiores, que variam entre

0,45 – 4,45gL-1, sendo assim o aumento na densidade de polpa pode inibir

significantemente a atividade dos microrganismos (98; 114). Guo et al. (19) descrevem

efeito similar da densidade de polpa sobre a biolixiviação de escória fundida Pb/Zn.

Nas densidades de polpa de 15gL-1 e 22,5gL-1 foi biolixiviado mais de 70% do

cobre devido à adaptação bacteriana ter aumentado a tolerância das bactérias aos

íons gerados na oxidação dos metais contidos nas placas de circuito impresso.

Resultados similares foram obtidos por Ilyas et al. (15) e Yang et al. (118) que

estudaram a recuperação de cobre de placas de circuito impresso em frascos

agitados obtendo taxas de extração de cobre maiores que 70%.

Na maior densidade de polpa (75gL-1) a extração de cobre foi inferior a 20%, a

mesma obtida no controle abiótico, como pode ser observado na Figura 23f,

mostrando que nesta densidade de polpa a extração de cobre não sofreu influência

da atividade bacteriana, tendo ocorrido apenas a lixiviação química do cobre.

Na Figura 23 são apresentadas as extrações de cobre (%) obtidas em cada

densidade de polpa estudada com os respectivos controles abióticos.

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72

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 23 - Extração de cobre (%) obtida nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1; (c) 30gL-1; (d) 45gL-1; (e) 60gL-1; (f) 75gL-1 e respectivos controles abióticos após 15 dias.

Legenda: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ). Alguns estudos (15; 118; 93; 95) reportam a toxicidade das placas de circuito

impresso, e apesar da adaptação bacteriana aumentar a tolerância aos íons

metálicos, provavelmente, devido à quantidade de placas de circuito impresso

adicionadas ao meio lixiviante, nas densidades de polpa de 30gL-1, 45gL-1, 60gL-1 e

75gL-1, pode ter ocorrido um aumento da condição de lise das células além de

prejudicar o processo de transferência de massa (118). Ainda assim, como pode ser

observado na Figura 23, nas densidades de polpa de 15gL-1 a 60gL-1, a extração de

cobre obtida na biolixiviação foi superior aos controles abióticos.

A toxicidade das placas de circuito impresso pode ser comprovada pelo

tempo decorrido na oxidação biológica do íon ferroso, já que na ausência das placas

de circuito impresso, o mesmo ocorre em aproximadamente 24 horas e, na presença

das placas de circuito impresso, ainda que na densidade de polpa de 15gL-1, o

decaimento do Fe+2 ocorre após 6 dias (Figura 27a). No entanto, segundo Brandl et

al. (93), os componentes e mecanismos responsáveis por esta toxicidade ainda não

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73

foram estudados, mas microrganismos crescem bem em concentrações menores

que 10gL-1 de sucata.

Os resultados obtidos nas condições controles de todas as densidades de

polpa estudadas (Figura 23) mostraram que a solubilização do cobre foi promovida

pelo baixo pH (1,8 a 4,0), o que mostra que a lixiviação ácida é um fator contribuinte

na extração do cobre. Apesar do cobre ser insolúvel em solução diluída de ácido

sulfúrico, a agitação introduz oxigênio no meio, o que favorece a solubilização do

cobre (141).

As variações de pH antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8 a 2,0 utilizando

diferentes densidades de polpa após 15 dias são apresentadas na Figura 24.

Figura 24 - Variação do pH antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8 a 2,0 nas densidades de polpa: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) após 15 dias.

Como pode ser observado na Figura 24, a partir do 7º dia, o pH elevou-se até

3,5 nas densidades acima de 30gL-1 sugerindo o consumo de ácido durante a

oxidação dos metais da placa de circuito impresso, como Zn, Sn, Al, Pb e Cu. Outro

fator que possivelmente contribuiu é a natureza alcalina das placas de circuito

impresso, reportada em alguns estudos (93; 95).

Ilyas et al. (15) sugerem que os componentes não-metálicos da placa de

circuito impresso também contribuem com efeito tóxico sobre o processo de

biolixiviação devido à sua alcalinidade, observando o aumento do pH inicial quando

a sucata eletrônica não-lavada foi adicionada ao meio lixiviante. Vestola et al. (142)

também sugerem a inibição devido à presença de resíduos de solventes orgânicos

presentes nas placas de circuito.

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74

Mousavi et al. (98) reportam que a inibição observada para valores de pH

acima de 2,3 é parcialmente causada pela formação de uma camada de precipitados

férricos sobre a bactéria o que dificulta a difusão de prótons. Pode-se observar na

Figura 23c e Figura 23d, referentes às densidades de polpa de 30gL-1 e 45gL-1,

respectivamente, que até o 7º dia, a extração de cobre no controle abiótico foi

praticamente nula. A partir do 7º dia, quando o pH começa elevar até alcançar 3,5;

nota-se que a extração do cobre passa a ser promovida basicamente pelo consumo

de ácido (presente no meio e reposto através do ajuste do pH), já que a diferença

até o final do experimento permanece praticamente a mesma. O mesmo

comportamento pode ser observado na densidade de polpa de 60gL-1, porém a

elevação do pH é observada a partir do 10º dia.

O conjunto desses fatores, resultou nas extrações inferiores obtidas nas

densidades de polpa acima de 30gL-1.

Nas densidades 15gL-1 e 22,5gL-1, nas quais observou-se extrações de cobre

acima de 70% com a biolixiviação, o pH permaneceu entre 1,8 e 2,0, devido à

oxidação microbiológica do Fe+2 e à hidrólise do íon férrico (15; 118).

Na Figura 25, são apresentadas as variações de pH antes do ajuste diário

para a faixa de pH 1,8 a 2,0 obtidas em cada densidade de polpa estudada com os

respectivos controles abióticos.

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75

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 25 - Variação do pH antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8-2,0 nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1 e (f) 75gL-1 e seus

respectivos controles abióticos após 15 dias. Legenda: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ).

Como já dito anteriormente, na densidade de polpa de 75gL-1, a extração de

cobre foi a mesma obtida pelo controle abiótico. A Figura 25f mostra que a variação

de pH entre o controle abiótico e a biolixiviação teve comportamento similar, assim

como o decaimento da concentração de Fe+2 (conforme Figura 27f) mostrando que

não houve influência da oxidação biológica.

A variação de pH dos controles abióticos das densidades de polpa de 15gL-1,

22,5gL-1, 30gL-1 e 45gL-1 foi similar, com elevação do pH a partir do 7º dia devido ao

consumo de H+ na lixiviação dos metais, mesmo com o ajuste diário do pH. Isso se

deve ao fato de que o H+ consumido na oxidação dos metais não é reposto ao meio

através do ciclo Fe+2/Fe+3 promovido pela bactéria, sendo que a flutuação dos

valores do pH também afetam a solubilidade dos metais, como observado por

Vestola et al. (142).

Na densidade de 60gL-1 e 75gL-1 a elevação de pH ocorre após o décimo dia.

A elevação do pH nos controles abióticos só ocorre após alguns dias devido à

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76

lixiviação em ácido sulfúrico diluído de alguns metais, como alumínio e estanho ser

lenta (141).

As variações da concentração de Fe+2 (mgL-1) utilizando diferentes

densidades de polpa após 15 dias são apresentados na Figura 26.

Figura 26 - Variação da concentração de Fe+2 (mgL-1) nas densidades de polpa 15gL-1(■),

22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) após 15 dias. A Figura 26 e a Figura 27a mostram que, na densidade de polpa de 15gL-1, o

decaimento completo da concentração de Fe+2 ocorre até o 7º dia. Em resumo, a

fase exponencial do crescimento bacteriano ocorreu até o 7º dia, quando a

concentração de íon ferroso decai, e a partir daí, a biolixiviação se torna menos

acentuada.

Na densidade de polpa de 22,5gL-1, observa-se que a fase exponencial de

crescimento ocorre até o 10º dia, com o decaimento completo de Fe+2. Nas outras

densidades de polpa (acima de 30gL-1), um lento decaimento começa a partir do

7-10º dia. Comportamento semelhante observado por Mousavi et al. (98) em estudo

sobre a influência das variáveis do processo, dentre elas a densidade de polpa,

sobre a biolixiviação de sulfetos minerais.

As variações da concentração de Fe+2 obtidas em cada densidade de polpa

estudada com os respectivos controles abióticos são apresentadas na Figura 27.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16

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cent

raçã

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Fe

+2(m

g L

-1)

Tempo (dias)

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77

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 27 - Variação da concentração de Fe+2 (mgL-1) nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1, (f) 75gL-1 e respectivos controles abióticos

após 15 dias. Legenda: 15gL-1(■), 22,5gL-1 (♦), 30gL-1(▲), 45gL-1(●), 60gL-1 ( ) e 75gL-1 ( ) Na Figura 27, observa-se que na condição controle, em todas as densidades

estudadas, a concentração de Fe+2 decai lentamente devido à oxidação do Fe+2 em

conseqüência da elevação do pH durante o consumo de H+ na lixiviação dos metais.

Comportamento também observado por Francisco Jr. et al. (99) na lixiviação

bacteriana de uma complexa amostra mineral contendo pirita, pirrotita e molibdenita.

A partir da densidade de polpa de 30gL-1 (Figura 27c a Figura 27f) pode se

observar que o decaimento da concentração de Fe+2 tanto nos controles abióticos

quanto na biolixiviação, ocorre lentamente.

Em comparação com outros estudos (15; 93; 11), foi observado que as placas de

circuito impresso têm um efeito tóxico sobre a biolixiviação e, consequentemente, no

crescimento bacteriano, baseado no tempo reportado da fase exponencial

caracterizada pelo decaimento da concentração de íon ferroso.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

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10000

0 2 4 6 8 10 12 14 16Con

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Tempo (dias)

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78

Na Figura 28, são apresentadas as extrações de zinco, alumínio, chumbo e

estanho obtidas em cada densidade de polpa estudada com os respectivos controles

abióticos.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 28 - Extração de zinco, alumínio, chumbo e zinco nas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) 60gL-1, (f) 75gL-1 após 15 dias.

Bio: biolixiviação; Cont: controle. Como pode ser observada na Figura 28, em todas as densidades de polpa

estudadas, a extração de zinco foi igual ou inferior ao controle abiótico, o que mostra

que a extração ocorreu somente pela lixiviação promovida pelo meio ácido.

Comportamento similar também foi observado por Lewis et al. (138) em estudo de

biolixiviação de sucata eletrônica. O metal puro de zinco dissolve-se lentamente em

ácidos, mas a presença de impurezas ou contato com platina e cobre acelera a

reação e este se dissolve em ácido sulfúrico diluído com liberação de H2 (141).

A extração do alumínio, acima de 50%, promovida pela biolixiviação ficou

evidenciada na densidade de polpa de 15gL-1 tendo o controle abiótico lixiviado

menos de 20%. Segundo Mendham et al. (141), a dissolução do alumínio em ácido

sulfúrico diluído é lenta.

0102030405060708090

100

Bio Cont Bio Cont Bio Cont Bio Cont

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0102030405060708090

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79

A partir da densidade de polpa de 45gL-1 a lixiviação do alumínio não foi mais

influenciada pela atividade bacteriana. Este resultado é coerente com o reportado

por Brandl et al. (93) em estudo sobre a lixiviação de sucata eletrônica usando uma

cultura mista de T. ferrooxidans e T. thiooxidans, no qual obtiveram 100% de

solubilização do alumínio na densidade de polpa de 10gL-1 e menos de 10% usando

50gL-1. Assim sendo, os resultados comprovam que densidades de polpa acima de

45gL-1 tiveram efeito inibitório sobre biolixiviação do alumínio.

A extração de chumbo foi superior nas condições controles em todas as

densidades de polpa estudadas, mostrando não haver influência da oxidação

biológica promovida pela A. ferrooxidans-LR, porém todos os resultados foram

inferiores a 50%. O ácido sulfúrico não possui efeito na dissolução do chumbo

devido à formação de sulfato de chumbo insolúvel na superfície (138; 141).

A extração do estanho foi inferior a 20% em todas as densidades de polpa

estudadas, havendo diferença observada apenas na biolixiviação na densidade de

polpa de 15gL-1 com relação ao controle abiótico. O estanho dissolve-se lentamente

em ácido sulfúrico diluído com formação de sais de estanho II (141). Também é

observada a precipitação do estanho sob forma de SnO em meios biolixiviantes (138).

Brandl et al. (93) não detectaram Pb e Sn no lixiviado devido à precipitação do

chumbo sob a forma de PbSO4 e de estanho provavelmente como SnO.

Na Figura 29, são apresentadas as análises de espectroscopia de energia

dispersiva do material insolúvel após a biolixiviação obtidas utilizando diferentes

densidades de polpa após 15 dias.

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(a)

(c)

(e)

Figura 29 - Espectros de energia dispersiva do densidades de polpa: (a)

Nas análises do

polpa estudadas, apresentadas na

elementos é coerente com a análise química, pois são o

amostra em estudo e confirmam que o estanho permaneceu na fração sólida, sendo

(b)

(d)

(f)

Espectros de energia dispersiva do material insolúvel após a biolixiviação nas

(a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1, (e) após 15 dias.

Nas análises do material insolúvel após a biolixiviação,

polpa estudadas, apresentadas na Figura 29, nota-se que a distribuição destes

elementos é coerente com a análise química, pois são os principais constituintes da

amostra em estudo e confirmam que o estanho permaneceu na fração sólida, sendo

80

após a biolixiviação nas

(e) 60gL-1, (f) 75gL-1

nas densidades de

se que a distribuição destes

s principais constituintes da

amostra em estudo e confirmam que o estanho permaneceu na fração sólida, sendo

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observados picos característicos do elemento Sn identificada em todas as

densidades de polpa (Figura

Na Figura 30, são apresentad

microscopia eletrônica de varredura do

cada densidade de polpa estudada.

(a)

(c)

(e)

Figura 30 - Imagens de elétrons retroespalhados do nas densidades de polpa:

observados picos característicos do elemento Sn identificada em todas as

Figura 29a até Figura 29f).

são apresentados os resultados das imagens obtidas por

microscopia eletrônica de varredura do material insolúvel após a biolixiviação em

cada densidade de polpa estudada.

(b)

(d)

(f)

de elétrons retroespalhados do material insolúvelnas densidades de polpa: (a) 15gL-1, (b) 22,5gL-1, (c) 30gL-1, (d) 45gL-1

após 15 dias.

81

observados picos característicos do elemento Sn identificada em todas as

imagens obtidas por

após a biolixiviação em

material insolúvel após a biolixiviação

1, (e) 60gL-1, (f) 75gL-1

Page 99: RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES … · 2013-06-11 · impresso de computadores. O presente trabalho investigou a recuperação de metais de

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Nas Figura 30d, Figura 30e e Figura 30f são evidenciadas regiões mais

claras, caracterizando partículas metálicas, nas quais se procedeu a análise

empregando-se espectroscopia de energia dispersiva, mostrada na Figura 29.

Identificou-se elementos como Sn, Cu, Zn, Ni e Pb nesta região em estudo,

resultados estes coerentes com a análise química, pois as intensidades relativas do

picos para o Sn, são proporcionalmente maiores do que as intensidades dos outros

metais.

Os resultados obtidos no estudo de influência da densidade de polpa sobre a

biolixiviação dos metais presentes no material não-magnético das placas de circuito

impresso mostram que a maior extração de cobre (97%), alumínio (50%) e zinco

(95%) foi alcançada usando 15gL-1 de densidade de polpa, ficando assim definido

para os estudos seguintes.

4.3.3. Influência do volume da solução oxidada de cultivo

A solução oxidada de cultivo é utilizada para inocular bactérias que estão em

fase exponencial de crescimento nos experimentos. A saber, o crescimento

bacteriano possui 4 fases, sendo: fase lag (fase de adaptação), fase exponencial,

fase estacionária e fase de morte (100). Na fase exponencial, ocorre um aumento

exponencial do número de células, que acarreta um aumento da atividade

metabólica bacteriana envolvendo a oxidação do íon ferroso a íon férrico e a

conseqüente solubilização do cobre (94).

A Figura 31 apresenta os resultados obtidos na extração de cobre usando

diferentes volumes de solução de cultivo oxidada como inóculo.

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83

Figura 31 - Extração de cobre utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de

cultivo de (%v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle abiótico.

Como pode ser observado na Figura 31, com 10% de inóculo foi alcançado

99,2% de extração do cobre, tendo sido este o melhor resultado obtido. A principal

diferença observada com 10% de inóculo foi a fase exponencial de crescimento

bacteriano ter ocorrido até o 2° dia, enquanto que com 5% de inóculo esta fase

ocorreu até o 6° dia. Isto ocorreu, pois utilizando 10% de inóculo, foi introduzido ao

meio um número maior de células do que com 5% de inóculo, e este incremento no

número de células fez com que o Fe+2 disponível fosse oxidado mais rapidamente,

como observado na Figura 33, com conseqüente extração de 80% do cobre em 5

dias. A partir do 5° dia, o aumento na extração de cobre foi provavelmente devido à

lixiviação do cobre (promovida pelo meio ácido), podendo ser inferido que o

crescimento bacteriano pode ter entrado na fase estacionária, na qual o número de

células permanece o mesmo ou quase não há replicação, já que o pH permaneceu

em torno de 2,0 mostrando atividade biológica do ciclo Fe+2/Fe+3.

Com o aumento do volume da solução oxidada de cultivo sendo inoculada ao

meio, consequentemente, a disponibilidade de Fe+2 é menor (no meio de cultivo), e

como o crescimento bacteriano está estritamente ligado à oxidação biológica do íon

ferroso para obtenção de energia, mesmo com a inoculação de um número maior de

células, não foi observado um incremento significante na extração de cobre, quando

inoculado volumes acima de 30% de solução oxidada de cultivo. Além disso, a

0

10

20

30

40

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60

70

80

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Controle

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84

oxidação do Fe+2 pode ser inibida na presença de concentrações (10gL-1) de íon

férrico (104).

Na solução oxidada de cultivo, o íon ferroso já foi completamente oxidado a

íon férrico antes da inoculação ao meio, ou seja, quanto maior o volume inoculado,

maior é a concentração inicial de Fe+3, o que leva a uma extração inicial de cobre

maior, como observado nas condições com 50% e 60% de volume de inóculo. A

partir do 5º dia, a extração permanece constante até o final do experimento. A

lixiviação promovida pelo íon férrico não foi a única responsável pela extração acima

de 60% obtida.

As variações de pH, medidas antes do ajuste diário para faixa de pH 1,8-2,0,

utilizando diferentes volumes de solução oxidada de cultivo como inóculo após 15

dias são apresentados na Figura 32.

Figura 32 - Variação de pH utilizando como inóculo, volumes de solução oxidada de cultivo

de (v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle abiótico.

Como pode ser observado na Figura 32, o pH de todas as condições

estudadas (5% a 60%) permaneceu entre 1,6 e 2,3 com diferença entre os volumes

inoculados, mostrando atividade bacteriana mesmo com volumes de inóculo acima

de 30%, no qual a extração foi inferior à obtida com 10% de inóculo. Este fato

corrobora com o incremento na extração de cobre em relação ao controle (lixiviação

com ácido sulfúrico diluído), promovido pela biolixiviação.

O controle da evolução do pH serve para observar se está ocorrendo

1

2

3

0 2 4 6 8 10 12 14 16

pH

Tempo (dias)

5%

10%

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Controle

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85

atividade bacteriana, visto que apenas na condição controle, observa-se a elevação

do pH. A intensidade da atividade bacteriana pode ser inferida através da evolução

da concentração de Fe+2. Sendo assim, ainda que a extração de cobre tenha sido

inferior nas condições utilizando inóculo acima de 10%, tal comportamento não é

observado na variação de pH.

Valores na faixa de pH de 1,5 a 4,5 não afetam o crescimento de A.

ferrooxidans (104). Resultados obtidos por Mousavi et al. (98), em estudo sobre a

influência do pH sobre a biolixiviação de um sulfeto mineral pela A. ferrooxidans,

mostraram que a biolixiviação permaneceu constante na faixa de pH 2 a 2,3.

Apenas na condição controle observou-se a elevação do pH para valores

acima de 3,0 devido ao consumo de ácido na oxidação dos metais presentes na

amostra.

A Figura 33 mostra a variação na concentração de Fe+2 (mgL-1) utilizando

diferentes volumes de solução oxidada de cultivo como inóculo após 15 dias.

Figura 33 - Variação na concentração de Fe+2 utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v): 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e controle abiótico.

O decaimento da concentração de Fe+2, com inoculo de 10% ocorreu até o 2°

dia de experimento, caracterizando a fase exponencial do crescimento bacteriano, o

que também foi observado para todos os outros volumes inoculados acima de 10%,

porém a extração final de cobre foi inferior, tendo sido inversamente proporcional ao

volume de solução oxidada de cultivo inoculada ao meio. Seria esperado que com o

0,0

1000,0

2000,0

3000,0

4000,0

5000,0

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Controle

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86

incremento no número de células, e conseqüentemente da concentração inicial de

Fe+3, responsável pela oxidação dos metais, a extração dos metais fosse aumentar.

Tal fato foi observado apenas aumentando o volume de inóculo de 5% para 10%. A

partir de 10% de inóculo, foi observado o oposto. Isto ocorreu devido à capacidade

oxidativa de A. ferrooxidans estar baseada na oxidação do Fe+2 a Fe+3 (mecanismo

direto) (115), e proporcionalmente, quanto maior o volume de solução oxidada de

cultivo, menor a concentração inicial de Fe+2 disponível no meio.

Os resultados mostraram que o mecanismo direto exerceu mais influência

sobre a extração de cobre do que o mecanismo indireto (oxidação pelo íon férrico).

No estudo sobre a influência da densidade de polpa, observou-se que o

decaimento de Fe+2 na densidade de polpa de 15gL-1 e 5% de volume de inoculo

ocorreu até o 6°dia, devido ao efeito inibitório so bre a atividade bacteriana causado

pelos íons metálicos e toxicidade das placas de circuito impresso (15; 118; 93; 95), porém

utilizando acima de 10% de volume de inoculo, observa-se (Figura 33) que o tempo

de decaimento diminui para 2 dias, provavelmente devido ao aumento no número de

células ativas a medida que aumenta o volume de inóculo.

Na Figura 34 são apresentadas as extrações de zinco, alumínio, chumbo e

estanho (%) obtidas utilizando diferentes volumes de solução oxidada de cultivo

como inóculo após 15 dias.

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87

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g) Figura 34 - Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho obtidas utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v): (a) 5%, (b) 10%, (c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15 dias. Bio: biolixiviação; Cont: controle.

Na Figura 34 pode-se observar que apenas a extração do alumínio

apresentou aumento com relação ao controle abiótico, para os outros metais (Pb, Sn

e Zn) a lixiviação ácida obteve extração superior a biolixiviação, comportamento

semelhante ao obtido no estudo da influência da densidade de polpa, como

mostrado na Figura 28.

Na Figura 35 são apresentadas as análises de espectroscopia de energia

dispersiva do material insolúvel após a biolixiviação obtidas utilizando diferentes

volumes de solução oxidada de cultivo como inóculo após 15 dias.

0102030405060708090

100

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(a)

c)

(e)

(g)

(b)

(d)

(f)

Figura 35 - Espectros de energia dispersiva do material insolúvelutilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de (v/v)(c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15 dias.

88

Espectros de energia dispersiva material insolúvel após biolixiviação

utilizando como inóculo volumes de solução (v/v): (a) 5%, (b) 10%,

(c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15

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89

A Figura 35 mostra que o estanho permaneceu na fração sólida, sendo

observados picos característicos do elemento Sn em todas as amostras após 15

dias de biolixiviação.

Como pode ser observado na Figura 35a, na Figura 35b, na Figura 35c e na

Figura 35d, as análises do material insolúvel após a biolixiviação utilizando 5%, 10%,

20% e 30% de volumes de solução oxidada de cultivo como inóculo,

respectivamente, mostram que a distribuição destes elementos é coerente com a

análise química do lixiviado para os metais analisados (Al, Zn, Pb e Sn).

Na Figura 35e e na Figura 35f são observados além dos picos do Sn, picos

característicos do elemento Cu de maior magnitude com relação a Figura 35b, no

qual houve maior extração de cobre (99,2%), corroborando com o fato que utilizando

volumes acima de 50% de inóculo, a extração de cobre decai para cerca de 60%,

permanecendo assim na fração sólida. Os picos de Cu são proporcionalmente

maiores que o Sn, já que apesar da extração de 60%, a concentração inicial do

cobre na amostra é de 28,1% (Tabela 12).

Na Figura 36 são apresentados os resultados das imagens obtidas por

microscopia eletrônica de varredura do material insolúvel após a biolixiviação

utilizando diferentes volumes de solução oxidada de cultivo como inóculo após 15

dias.

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(a)

(c)

(e)

(g)

(b)

(d)

(f)

Figura 36 - Imagem de elétrons retroespalhados do após biolixiviação utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de(v/v): (a) 5%, (b) 10%, (c) (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15 dias.

90

Imagem de elétrons retroespalhados do material insolúvel após biolixiviação utilizando como inóculo volumes de solução oxidada de cultivo de

: (a) 5%, (b) 10%, (c) 20%, (d) 30%, (e) 40%, (f) 50% e (g) 60% comparadas ao controle abiótico após 15 dias.

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91

Não foram observadas diferenças significativas nas imagens de microscopia

eletrônica de varredura apresentadas na Figura 36, pois foram obtidas extrações de

cobre acima de 60% em todas as condições estudadas, assim como mais de 80%

do zinco e 50% do alumínio, o que pode ser observado são partículas não-metálicas

(fibra de vidro) que compõe a placa de circuito impresso.

Os resultados obtidos no estudo de influência do volume de inóculo (solução

oxidada de cultivo) sobre a biolixiviação dos metais presentes no material não-

magnético das placas de circuito impresso mostram que a maior extração de cobre

(99%), alumínio (56%) e zinco (100%) foi alcançada usando 10% (v/v) de inóculo de

bactérias adaptadas e 15gL-1 de densidade de polpa, ficando assim definido para os

estudos seguintes.

4.3.4. Influência da velocidade de rotação

Em estudos de frascos agitados, o oxigênio é introduzido ao meio lixiviante

através da agitação constante. A disponibilidade de oxigênio é fundamental, visto

que a bactéria A. ferrooxidans é aeróbica e consome o O2 na oxidação do íon

ferroso (90). Segundo Lewis et al. (138), a temperatura e a velocidade de agitação tem

provado ser os parâmetros que mais influenciam a cinética de dissolução do cobre.

Foi discutido nos estudos anteriores que o efeito da lixiviação química dos

metais (controles abióticos), principalmente do cobre, foi resultado da introdução de

oxigênio promovido pela agitação. Um estudo utilizando diferentes velocidades de

rotação foi realizado para investigar a possibilidade de diminuir a velocidade de

rotação, suprimindo assim o efeito da lixiviação química sem comprometer a

extração do cobre pela biolixiviação. Os resultados obtidos na extração de cobre

(%) sob diferentes velocidades de rotação são apresentados na Figura 37.

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Figura 37 - Extração de cobre (%) utilizando velocidade rotação de (■) 150rpm, (▲) 160 rpm

e (●) 170rpm e respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm.

Como pode ser observado na Figura 37, a maior extração de cobre (99%) foi

alcançada utilizando velocidade de rotação de 170rpm.

Estudos de biolixiviação (28; 15; 118; 93; 95) reportam taxas de extração acima de

70% com condições de agitação variando entre 150rpm a 250rpm, porém utilizando

velocidades de rotação de 150 e 160rpm, a extração do cobre diminuiu para menos

de 60% (Figura 37b e Figura 37c), devido também a redução da transferência de

massa à medida que a velocidade de rotação diminui.

Devido à natureza aeróbica de A. ferrooxidans, o oxigênio dissolvido é um

fator limitante para o crescimento bacteriano, não sendo observado o crescimento

para concentrações inferiores à 0,2mgL-1 (114). Apesar de não ter sido realizada a

medição do oxigênio dissolvido no meio, observa-se que a diminuição da velocidade

de rotação, e por conseqüência, da introdução de oxigênio ao meio, diminuiu a

extração do cobre, sendo esperado que, velocidades inferiores às aplicadas possam

inibir o crescimento bacteriano. A agitação do meio promove não somente a

introdução de oxigênio, mas também de CO2, requerido como fonte de carbono na

atividade metabólica bacteriana (108).

Estudos de frascos agitados são usualmente utilizados em escala laboratorial

e a determinação da velocidade de rotação ocorre de forma experimental, e assim

como para o processo de adaptação bacteriana, fatores como biomassa utilizada e

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Ext

raçã

o d

e c

ob

re (

%)

Tempo (dias)

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93

meio de cultura podem variar a velocidade de rotação, sendo, portanto, necessária

sua investigação.

A Figura 38 mostra a variação de pH utilizando diferentes velocidades de

rotação.

Figura 38 - Variação de pH utilizando velocidade de rotação de (■) 150rpm, (▲) 160 rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm.

Em todas as velocidades de rotação estudadas nas condições inoculadas

(Figura 38), o pH manteve-se na faixa de crescimento bacteriano de 1,5-2,5

reportada na literatura (90; 114) não exercendo influência direta nas extrações inferiores

observadas nas velocidades de 150 e 160rpm.

Nos controles abióticos observa-se o aumento no pH após o 7º dia de

experimento, como esperado. Segundo Choi et al. (28), o pH do meio lixiviante

aumenta levemente porém de forma continua a valores próximos de 3,0,

provavelmente devido à formação de íons hidróxidos formados durante a oxidação

do cobre.

O REEE consome ácido e o pH do meio precisa ser ajustado repetidas vezes

para manter o pH na faixa 1,5-2,5 e a flutuação dos valores de pH afeta a

solubilidade dos metais dissolvidos (142). A Figura 39 mostra a variação do potencial redox (Eh) utilizando diferentes

velocidades de rotação. Nos estudos anteriores não foram apresentadas as medidas

de potencial redox devido à problemas no eletrodo.

1

2

3

4

0 2 4 6 8 10 12 14 16

pH

Tempo (dias)

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94

Figura 39 - Variação do potencial redox (Eh) em mV vs. EPH utilizando velocidade de

rotação de (■) 150rpm, (▲) 160 rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm.

Na evolução do monitoramento do potencial redox observada na Figura 39,

pode-se observar que não houve diferenças significativas entre as condições

inoculadas, contudo, observa-se que utilizando velocidade de rotação de 170rpm, os

valores de Eh ficam ligeiramente acima, e ainda, que utilizando velocidade de

rotação de 150rpm, apenas no terceiro dia o Eh atingiu valores entre 550 e 650mV

vs. EPH, enquanto que esta elevação ocorre no 2º dia para as outras condições

estudadas. A partir desse período, o processo de oxidação ocorre de forma mais

intensa, provavelmente, devido à aclimatação dos microrganismos. Mesmo

comportamento observado por Bevilaqua et al. (11), com culturas de A. ferrooxidans

crescendo com calcopirita, ocorrendo elevação do potencial redox para valores

acima de 550mV vs. EPH, evidenciando a oxidação do ferro.

Os resultados obtidos nos controles abióticos foram similares aos obtidos por

Wang et al. (95) em estudo sobre biolixiviação de placas de circuito impresso usando

A. ferrooxidans, no qual valores de pH e Eh dos meios não inoculados sob as

mesmas condições experimentais ficaram em torno de 2,60±0,10 e 270±10mV vs.

EPH, respectivamente.

Na Figura 39, é possível também averiguar a diferença do valor do potencial

redox nos sistemas inoculados e em seus respectivos controles, isso porque o

potencial redox nos sistemas de biolixiviação é determinado basicamente pela

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Eh

(mV

vs. E

PH

)

Tempo (dias)

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95

oxidação biológica de íons ferrosos e reflete a curva de crescimento dos

microrganismos, já que o crescimento bacteriano está associado ao aumento da

concentração de Fe+3 e, por consequência, ao aumento do Eh (116). Este fato é

corroborado pela Figura 40, que mostra a variação na concentração de Fe+2

utilizando diferentes velocidades de rotação.

Figura 40 - Variação da concentração de Fe+2 utilizando velocidade de rotação de

(■) 150rpm, (▲) 160 rpm e (●) 170rpm e seus respectivos controles abióticos (□) 150rpm, (∆) 160rpm e (○) 170rpm.

Na Figura 40 observa-se que o decaimento completo da concentração de Fe+2

ocorreu até o segundo dia utilizando 170rpm de velocidade de rotação, enquanto

que a 160rpm, o decaimento ocorreu no terceiro dia e usando 150rpm ocorreu no

quarto dia, inferindo que as aplicações de diferentes velocidades de rotação

influenciaram o período exponencial de crescimento da bactéria, visto que o oxigênio

dissolvido disponível no meio é utilizado na oxidação biológica do íon ferroso (90) e o

mesmo é introduzido através da agitação. Tais resultados estão em consonância

com Figura 37, na qual a extração de cobre foi inferior utilizando menores

velocidades de rotação (150 e 160rpm).

O compreendimento do processo de biolixiviação envolve a análise de

parâmetros de monitoramento, como: pH, Eh, concentração de Fe+2 e extração de

metais, que refletem a complexidade do sistema e estão intimamente interligados,

portanto, comprova-se que a maior extração de cobre (99%) foi obtida utilizando a

maior velocidade de rotação (170rpm) estudada, que contribuiu para a oxidação

biológica do íon ferroso até o segundo dia, evidenciada pelos valores de Eh.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Co

nce

ntr

açã

o d

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2(m

gL-1

)

Tempo (dias)

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96

Comparando este resultado com o obtido na extração de cobre do estudo de

influência do volume da solução oxidada de cultivo (item 3.4.5.3) utilizando 10%v/v

(Figura 31), nota-se que a extração final foi a mesma (99%), portanto o aumento na

velocidade de rotação para valores acima de 170rpm não influencia a extração de

cobre, visto que nessa velocidade a introdução de oxigênio atende a demanda

metabólica bacteriana.

A Figura 41 mostra a extração do zinco, alumínio, chumbo e estanho usando

diferentes velocidades de rotação.

Figura 41 - Extração de metais utilizando diferentes velocidades de rotação (150, 160 e

170rpm) comparadas ao controle abiótico após 15 dias.

O zinco é solúvel e colocado em solução mesmo sem a adição de íon férrico

à solução (138). Na Figura 41, pode-se observar que na extração de zinco houve um

aumento com relação ao controle abiótico nas condições com velocidade de rotação

de 150 e 160rpm, diferentemente dos estudos anteriores, nos quais a extração de

zinco foi superior a 80% em todas as condições (inoculadas e controles), mostrando

que agitação do meio abaixo de 170rpm, diminui a extração de zinco nos controles

abióticos para cerca de 65%.

Com relação aos controles abióticos, este efeito não foi observado para

extração de alumínio, visto que não houve diferenças significativas aplicando-se

diferentes velocidades de rotação, e o efeito contrário foi observado na extração de

estanho e chumbo, onde quanto menor a velocidade de rotação, menor foi a

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

Biolixiviação Controle Biolixiviação Controle Biolixiviação Controle Biolixiviação Controle

Zinco Aluminio Chumbo Estanho

Ex

tra

ção

de

me

tais

(%

)

170rpm

160rpm

150rpm

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lixiviação química. Um incremento na extração foi observado apenas para a

biolixiviação de alumínio, em consonância com os resultados obtidos nos estudos

anteriores. Cerca de 80% do chumbo e estanho permanecem no

biolixiviado.

A Figura 42 mostra análises de espectroscopia de energia dispersiva

respectivas imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura

insolúvel após biolixiviação utilizando

dias.

(a)

(b)

(c)

Figura 42 – Análises por espectroscopia de energia dispersivaelétrons retro-espalhados do

rotação de: (a) 17

Um incremento na extração foi observado apenas para a

biolixiviação de alumínio, em consonância com os resultados obtidos nos estudos

Cerca de 80% do chumbo e estanho permanecem no

mostra análises de espectroscopia de energia dispersiva

imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura

após biolixiviação utilizando diferentes velocidades de rotação

Análises por espectroscopia de energia dispersiva e respectivaespalhados do material insolúvel após biolixiviação utilizando velocidade de

: (a) 170rpm, (b) 160rpm, (c) 150rpm após 15 dias.

97

Um incremento na extração foi observado apenas para a

biolixiviação de alumínio, em consonância com os resultados obtidos nos estudos

Cerca de 80% do chumbo e estanho permanecem no material insolúvel

mostra análises de espectroscopia de energia dispersiva e

imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura do material

de rotação após 15

e respectivas imagens de

após biolixiviação utilizando velocidade de 0rpm após 15 dias.

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98

Analisando a Figura 42, observa-se que os resultados são coerentes com a

extração do zinco, alumínio, chumbo e estanho obtidas usando diferentes

velocidades de rotação, e ainda, na Figura 42c, nota-se uma partícula onde o metal

mesmo após a moagem ainda esta inserido na matriz de fibra de vidro da placa de

circuito, evidenciando não ter ocorrido a liberação total dos materiais em algumas

partículas de granulometria superior a 2mm.

Os resultados obtidos no estudo de influência da velocidade de rotação sobre

a biolixiviação dos metais presentes no material não-magnético das placas de

circuito impresso mostram que a maior extração de cobre (99%), alumínio (56%) e

zinco (100%) foi alcançada usando velocidade de rotação de 170rpm, 10% (v/v) de

inóculo de bactérias adaptadas e 15gL-1 de densidade de polpa, ficando assim

definido para os estudos seguintes.

4.3.5. Influência da concentração inicial de Fe +2

Em estudo de extração de cobre de placas de circuito impresso usando A.

ferrooxidans, Choi et al. (28) concluiu que a adição de íon ferroso ao processo de

biolixiviação ajuda a promover a dissolução de cobre.

O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do aumento na concentração

inicial de Fe+2 (do meio T&K, que confere a concentração inicial de 6,75gL-1 de Fe+2)

sobre a biolixiviação de placas de circuito impresso e foi realizado em paralelo com o

estudo de influência do volume da solução oxidada de cultivo (item 4.3.3). Como a

extração de cobre em ambos os estudos foi de 99%, os resultados apresentados

utilizando concentração inicial de Fe+2 de 6,75gL-1 já foram discutidos (Figura 31,

10%v/v), sendo assim, este estudo contribuiu para comprovar o efeito inibitório que

concentrações de Fe+2 (13,57 e 16,97gL-1) podem exercer sobre a extração de

cobre.

A extração de cobre (%) obtida utilizando diferentes concentrações iniciais de

Fe+2 é apresentada na Figura 43.

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99

Figura 43 - Extração de cobre (%) utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de (■) 6,75; (▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆) 13,57; (○) 16,97

após 15 dias. A Figura 43 mostra que o aumento na concentração inicial de íon ferroso, não

aumentou a extração de cobre, como seria esperado, já que atividade biológica está

estritamente ligada a oxidação do íon ferroso. Porém, segundo Nemati et al. (114)

concentrações de Fe+2 (maiores que 5kg m-3) mostram ter efeito inibitório sobre o

crescimento microbiana. Em ambas as condições estudadas a extração obtida foi

superior a 70%.

Estudo realizado por Choi et al. (28) sobre a biolixiviação de cobre de placas de

circuito impresso utilizando diferentes concentrações iniciais de Fe+2 (0-9gL-1) obteve

maior solubilização do cobre (5gL-1) usando 7gL-1 de Fe+2, resultado similar ao

obtido neste estudo (6,75gL-1).

O mesmo foi observado por Xiang et al. (143), com o aumento da biolixiviação

do cobre a medida que aumentou a concentração inicial de Fe+2 (0, 3, 6 e 9gL-1) e

declínio nas concentrações de 12 e 15gL-1. Ainda neste estudo, a taxa de lixiviação

do cobre diminuiu com o tempo de incubação, sendo sugerido que o mesmo ocorreu

devido à precipitação de Fe+3 formando uma camada de passivação na superfície

das placas de circuito cominuídas, que explica a diminuição da extração do cobre

nas concentrações de Fe+2 inicial (12 e 15gL-1).

A Figura 44 e a Figura 45 mostram, respectivamente, a variação de pH e Eh

do estudo sobre a influência da concentração inicial de Fe+2.

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Ext

raçã

o d

e c

ob

re (

%)

Tempo (dias)

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100

Figura 44 - Variação de pH utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de (■) 6,75;

(▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆) 13,57; (○) 16,97 após 15 dias.

Figura 45 - Variação de Eh utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de: (■) 6,75;

(▲) 13,57; (●) 16,97 e seus respectivos controles abióticos (□) 6,75; (∆) 13,57; (○) 16,97 após 15 dias.

Mesmo com a inibição da atividade bacteriana nas concentrações de íon

ferroso iniciais de 13,57 e 16,97gL-1, as extrações de cobre foram superiores a 70%,

e não foram observadas diferenças significativas nas variações de pH e Eh nas

condições estudadas, como mostram as Figura 44 e Figura 45, respectivamente. O

Eh das condições inoculadas manteve-se em torno de 600mV vs EPH.

1

2

3

4

0 2 4 6 8 10 12 14 16

pH

Tempo (dias)

0

100

200

300

400

500

600

700

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Eh

(mV

vs.

EP

H)

Tempo (dias)

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101

O íon férrico em solução aquosa possui potencial de redução padrão tão alto

quanto +0,77V e pode solubilizar os metais presentes na sucata eletrônica, incluindo

o cobre (143).

A Figura 46 mostra a evolução na concentração de Fe+2 no estudo sobre a

influência da concentração inicial de Fe+2.

Figura 46 - Variação na concentração de Fe+2 utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1)

de: (■) 6,75; (▲) 13,57; (●) 16,97 e respectivos controles abióticos após 15 dias. Na Figura 46, observa-se que o decaimento da concentração de Fe+2 nas

condições inoculadas (13,57 e 16,97gL-1) ocorre mais lentamente (até o 7º dia), o

que pode ter ocorrido por um conjunto de fatores, sendo eles: o Fe+2 disponível na

concentração inicial de 6,75gL-1 já seria suficiente para a oxidação dos metais

presentes baseado na extração obtida nesta condição, o efeito inibidor da

concentração de Fe+2, diminuindo assim a atividade metabólica.

Nas condições abióticas, foi observado nos estudos realizados com

concentração inicial de Fe+2 de 13,57 e 16,97gL-1, que o decaimento da

concentração de Fe+2 ocorreu de forma lenta, ao contrário das condições inoculadas,

o que explica porque a solubilização do cobre também ocorre de forma lenta. Em

estudo realizado por Meruane e Vargas (144) sobre a oxidação biológica do íon

ferroso pela A. ferrooxidans com pH variando entre 2,5 a 7,0, os resultados

mostraram que nas condições abióticas quanto maior o pH do meio lixiviante (acima

de 7), maior a taxa de oxidação química do íon ferroso, na faixa 5,5-7,0 esta taxa

permanece praticamente constante, e em pH abaixo de 5,5, a taxa de oxidação

diminui rapidamente como resultado da acidificação do meio.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

0 2 4 6 8 10 12 14 16Con

cent

raçã

o de

Fe

+2(m

g L

-1)

Tempo (dias)

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102

A Figura 47 mostra a extração dos metais utilizando diferentes concentrações

iniciais de Fe+2.

Figura 47 - Extração de metais (%) utilizando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de 6,75;

13,57; 16,97 e seus respectivos controles abióticos. Bio: biolixiviação; Cont: controle. A Figura 48 mostra as análises de espectroscopia de energia dispersiva e

respectivas imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura do material

insolúvel após biolixiviação usando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de: (a) 6,75;

(b) 13,57 e (c) 16,97.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Bio Cont Bio Cont Bio Cont Bio Cont

Zn Al Pb Sn

Ext

raçã

o (

%)

6,75g/L Fe(II)

13,57g/L Fe(II)

16,97g/L Fe(II)

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Figura 48 - Análises de elétrons retro-espalhados

inicial de Fe

Os resultados apresentados na

comportamento já discutido

que a concentração inicial de Fe

estudos anteriores.

4.3.6. Discussão das condições inoculada e controle abióti co dos estudos de

biolixiviação

Foi observado nos estudos de biolixiviação que nas condições inoculadas

com a bactéria, que apresentaram extração de cobre acima de 90%, os parâmetros

(a)

(b)

(c)

Análises de espectroscopia de energia dispersiva e respectivas imagen

espalhados do material insolúvel após biolixiviação usando concentração inicial de Fe+2 (gL-1) de: (a) 6,75; (b) 13,57 e (c) 16,97

Os resultados apresentados na Figura 47 e na Figura 48

comportamento já discutido anteriormente e foram importantes na confirmação de

que a concentração inicial de Fe+2 é de 6,75gL-1, tendo sido usada em todos os

Discussão das condições inoculada e controle abióti co dos estudos de

Foi observado nos estudos de biolixiviação que nas condições inoculadas

com a bactéria, que apresentaram extração de cobre acima de 90%, os parâmetros

103

respectivas imagens de

após biolixiviação usando concentração (a) 6,75; (b) 13,57 e (c) 16,97.

obtiveram o mesmo

e foram importantes na confirmação de

, tendo sido usada em todos os

Discussão das condições inoculada e controle abióti co dos estudos de

Foi observado nos estudos de biolixiviação que nas condições inoculadas

com a bactéria, que apresentaram extração de cobre acima de 90%, os parâmetros

Page 121: RECUPERAÇÃO DE METAIS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE COMPUTADORES … · 2013-06-11 · impresso de computadores. O presente trabalho investigou a recuperação de metais de

104

de controle (extração de cobre, pH, concentração de Fe+2 e Eh) tiveram o mesmo

comportamento. A Figura 49 mostra um gráfico adimensional do comportamento de

cada parâmetro monitorado durante os estudos de biolixiviação e as fases do

crescimento bacteriano, apenas para discussão da condição inoculada.

Figura 49 - Comportamento das condições inoculadas nos estudos de biolixiviação.

Durante a fase log, que caracteriza a fase de crescimento exponencial

bacteriano, o número de células aumenta exponencialmente acarretando no

decaimento acentuado da concentração de Fe+2 (devido ao consumo de Fe na

atividade metabólica bacteriana) e consequentemente o aumento do potencial de

oxiredução (que é dado pela razão Fe+2/Fe+3) e a extração acentuada de cobre.

Na fase estacionária, onde o número de células permanece constante, o

consumo de Fe+2 e consequentemente do potencial de oxiredução permanecem

constantes, e a extração de cobre ocorre de forma menos acentuada.

Na fase de morte, o número de células decai, e a extração de cobre passa a

ser influenciada apenas pela lixiviação promovido pelo meio ácido (condição

controle). O pH permanece praticamente constante durante todo o ensaio.

A Figura 50 mostra o comportamento observado nas condições controle

(abiótico) nos estudos de biolixiviação.

pH

[Cu]

Eh

[Fe+2]

tempo (dias)

Fase estacionária

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105

Figura 50 - Comportamento da condição controle nos estudos de biolixiviação.

Nas condições controle abiótico de todos os estudos de biolixiviação

realizados, o comportamento foi similar. A extração de cobre é proeminente apenas

no final do experimento, acompanhada pela elevação do pH, devido ao consumo de

H+ na oxidação do cobre. A concentração de Fe+2 permanece praticamente

constante com lento decaimento devido à oxidação natural do Fe+2, influenciando

portanto o Eh.

4.4. ENSAIO DE LIXIVIAÇÃO COM SULFATO FÉRRICO

O uso do sulfato férrico ácido na dissolução de minérios para recuperação de

cobre, em especial da calcopirita, tem sido extensivamente discutido, por

desempenhar dois papéis importantes: como agente oxidante e por ser responsável

pela passivação da calcopirita (145; 146). No tratamento da sucata eletrônica, o íon

férrico como agente oxidante é reportado apenas como parte do processo de

biolixiviação.

A Figura 51 apresenta a extração de cobre obtida na lixiviação ácida (pH 1,8)

com sulfato férrico (166,5gL-1) à temperatura constante de 70ºC após 4 horas.

pH

[Cu]

Eh

[Fe+2]

tempo (dias)

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Figura 51 - Extração de cobre (%) obtida na lixiviação ácida com sulfato férrico

A extração de cobre obtida na lixiviação com sulfato férrico após 4horas de

ensaio à 70°C foi em torno de 35% e inferior a extr ação de cobre obtida na

biolixiviação com densidade de polpa de 15gL

(99%).

Apesar de o íon f

metálica, a extração inferior obtida na lixiviação com sulfato férrico sugere que a

diferença com relação a biolixiviação pode ser atribuída pela ação do mecanismo

direto bacteriano (138). Além disso,

de precipitados sobre a superfície da amostra criando uma camada de difusão que

diminui o fluxo dos reagentes e produtos

Os resultados obtidos na extração de zinco, alumínio, chumbo e estanho na

lixiviação com sulfato férrico comparados com a biolixiviação são apresentados na

Figura 52.

Extração de cobre (%) obtida na lixiviação ácida com sulfato férrico4 horas.

A extração de cobre obtida na lixiviação com sulfato férrico após 4horas de

ensaio à 70°C foi em torno de 35% e inferior a extr ação de cobre obtida na

biolixiviação com densidade de polpa de 15gL-1 (97%) e 10% de volume de inóculo

Apesar de o íon férrico ser o agente oxidante responsável pela solubilização

metálica, a extração inferior obtida na lixiviação com sulfato férrico sugere que a

diferença com relação a biolixiviação pode ser atribuída pela ação do mecanismo

. Além disso, o íon férrico também pode promover a formação

de precipitados sobre a superfície da amostra criando uma camada de difusão que

diminui o fluxo dos reagentes e produtos (142; 145).

Os resultados obtidos na extração de zinco, alumínio, chumbo e estanho na

lixiviação com sulfato férrico comparados com a biolixiviação são apresentados na

106

Extração de cobre (%) obtida na lixiviação ácida com sulfato férrico (70ºC) após

A extração de cobre obtida na lixiviação com sulfato férrico após 4horas de

ensaio à 70°C foi em torno de 35% e inferior a extr ação de cobre obtida na

e 10% de volume de inóculo

érrico ser o agente oxidante responsável pela solubilização

metálica, a extração inferior obtida na lixiviação com sulfato férrico sugere que a

diferença com relação a biolixiviação pode ser atribuída pela ação do mecanismo

íon férrico também pode promover a formação

de precipitados sobre a superfície da amostra criando uma camada de difusão que

Os resultados obtidos na extração de zinco, alumínio, chumbo e estanho na

lixiviação com sulfato férrico comparados com a biolixiviação são apresentados na

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Figura 52 - Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho (%) obtidas na lixiviação com sulfato férrico comparadas a biolixiviação (densidade de polpa de 15gL

Como pode ser observado na

Al, Pb e Sn) na lixiviação com sulfato férrico foi inferior a biolixiviação, mostrando

que a lixiviação bacteriana aumenta a extração de metais,

indireto de oxidação promovido pelo íon férrico é um fator contribuinte.

A Figura 53 apresenta a análise de espectroscopia de energia dispersiva do

material insolúvel após lixiviação com sulfato férrico.

Figura 53 - Espectro de energia dispersiva d

Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho (%) obtidas na lixiviação com sulfato férrico comparadas a biolixiviação (densidade de polpa de 15gL

Como pode ser observado na Figura 52, a extração de todos os metais (Zn,

Al, Pb e Sn) na lixiviação com sulfato férrico foi inferior a biolixiviação, mostrando

teriana aumenta a extração de metais, e que

indireto de oxidação promovido pelo íon férrico é um fator contribuinte.

apresenta a análise de espectroscopia de energia dispersiva do

após lixiviação com sulfato férrico.

ectro de energia dispersiva do material insolúvel após lixiviação com sulfato férrico.

107

Extrações de zinco, alumínio, chumbo e estanho (%) obtidas na lixiviação com

sulfato férrico comparadas a biolixiviação (densidade de polpa de 15gL-1).

, a extração de todos os metais (Zn,

Al, Pb e Sn) na lixiviação com sulfato férrico foi inferior a biolixiviação, mostrando

e que o mecanismo

indireto de oxidação promovido pelo íon férrico é um fator contribuinte.

apresenta a análise de espectroscopia de energia dispersiva do

após lixiviação com sulfato

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108

A análise apresentou um pico de enxofre (Figura 53), decorrente da presença

de SO4- do sulfato férrico, e um segundo pico, de estanho, consonante com o fato da

lixiviação ter extraído menos de 5% do estanho contido no material não-magnético

da placa de circuito impresso, sendo este, o segundo metal de maior concentração

na amostra. Outros picos referentes a Zn, Cu, Ni e Fe também podem ser

observados em menor escala coerente com a extração inferior a 20% dos mesmos

pela lixiviação.

4.4.1. Caracterização do material insolúvel após a biolixi viação

Foi realizada a caracterização do material insolúvel, após a biolixiviação, com

o objetivo de determinar a concentração de ouro e dos metais (cobre, ferro, zinco,

prata, níquel) que podem ser prejudiciais ao processo de cianetação. O resultado da

caracterização é apresentado na Tabela 13.

Tabela 13 – Concentração de metais (% em massa) no material insolúvel após biolixiviação.

Metal Concentração (% em massa)

Ouro 0,1

Prata 0,1

Cobre 0,3

Ferro 15,5

Alumínio 2,07

Estanho 7,17

Chumbo 4,5

Como pode ser observado na Tabela 13, após a etapa de biolixiviação, o ouro

e a prata permaneceram no material insolúvel comparado a amostra antes de

qualquer tratamento, como era esperado, já que o íon férrico não oxida os metais

preciosos. O estanho também permaneceu no material insolúvel, pois a extração

durante a biolixiviação foi inferior a 20%, assim como o chumbo. Já a concentração

de cobre confirma que a biolixiviação extraiu 99% destes metais.

A presença de estanho, alumínio e chumbo não interfere na cianetação do

ouro, já que não formam cianocomplexos metálicos mais estáveis que o de ouro (81).

Seria esperado que o ferro, que é dissolvido em ácido sulfúrico diluído (141),

não permanecesse no material sólido após a biolixiviação, porém, durante a filtração

do material insolúvel com água destilada, o Fe+3 proveniente da solução de

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109

biolixiviação precipitou sob a forma de hidróxido de ferro, visto que o íon férrico é

solúvel apenas em pH ácido, tendo sido necessária uma etapa de lixiviação do ferro

do material insolúvel para o ensaio de cianetação.

4.5. ENSAIOS DE CIANETAÇÃO

Os resultados obtidos na lixiviação alcalina com cianeto de sódio do material

insolúvel após a biolixiviação e lixiviação do ferro, mostram que 86% do ouro

presente no material insolúvel foi extraído após 144h de ensaio, como mostra a

Figura 54.

Figura 54 - Extração de ouro em função do tempo de ensaio de lixiviação alcalina com

cianeto de sódio.

É importante destacar que foram realizados ensaios de cianetação do

material insolúvel anteriores que não obtiveram sucesso devido a instabilidade do

pH. Após a etapa de biolixiviação, o material insolúvel é filtrado e lavado com

água destilada, precipitando os íons Fe+3 na forma de hidróxido de ferro (que são

solúveis apenas em pH ácido) e seco em estufa. Para realização do ensaio de

cianetação, o pH deve ser mantido sempre acima de 10, evitando assim que o gás

cianídrico (que é letal) seja formado. A presença de hidróxido de ferro altera a

estabilidade do pH. A preparação do material insolúvel para extração do hidróxido de

ferro foi realizada com solução H2SO4 5M, seguida de filtração simples e secagem.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Ex

tra

ção

de

ou

ro (

%)

Tempo (horas)

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110

A Figura 55 mostra o consumo de cianeto livre durante o ensaio de lixiviação

alcalina com cianeto de sódio.

Figura 55 - Consumo de cianeto livre em função do tempo de ensaio de lixiviação alcalina

com cianeto de sódio.

Como pode ser observado na Figura 55 e na Figura 54, a extração de ouro e

o consumo de cianeto livre, respectivamente, foram proeminentes nas primeiras 20h

de ensaio, no qual, quase 40% do ouro foram extraídos. O ouro remanescente foi

lentamente extraído até 86% ao longo das 144h de ensaio, já que o ouro dissolve-se

lentamente em cianeto de sódio (141).

Segundo Ciminelli (81), apesar de termodinamicamente favorecida, a extração

de ouro em soluções cianetadas é limitada pela velocidade de reação lenta.

Brittain (147), que estudou a cinética da dissolução do ouro por cianeto,

descreve que à medida que a reação de cianetação prossegue e a concentração de

ouro na fração sólida diminui, ocorre um aumento de resistência à dissolução do

ouro. Zheng et al. (148) correlaciona esta resistência à formação de uma camada de

passivação na superfície do ouro. A acumulação de películas, tais como: AuCN,

AuOH, Au(OH)(CN)−, Au(OH)(CN)3−, Au(OH)3, Au2O3, AgCN·AuCN, Au2S, Au2S·S,

retarda a cianetação do ouro, pois atuam como passivadores, bloqueando os

reagentes à superfície do ouro (149).

0

500

1000

1500

2000

2500

0 20 40 60 80 100 120 140 160

Co

nsu

mo

de

cia

ne

to li

vre

(p

pm

)

Tempo (horas)

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111

5. CONCLUSÕES

A análise dos resultados obtidos neste trabalho permite concluir que:

1. O processamento das placas de circuito impresso de computador mostrou que

a separação magnética é vantajosa para concentrar o ferro no material

magnético, permitindo sua posterior recuperação, e que os metais de interesse

econômico, como o cobre e o ouro, apresentaram distribuição difusa nas

frações obtidas após a separação eletrostática.

2. Na caracterização das frações obtidas através do processamento das placas

de circuito impresso de computador verificou-se que quantidades (menores que

4%) de polímeros e materiais cerâmicos foram encontradas nas frações

magnética e condutora, devido às partículas metálicas não terem sido

completamente liberadas durante o processo de cominuição, mesmo com

granulometria menor que 2mm.

3. Os estudos de biolixiviação sobre a influência da adaptação bacteriana,

densidade de polpa, velocidade de rotação e da concentração inicial de Fe+2

mostraram que estes parâmetros influenciam a extração de cobre e alumínio

através da biolixiviação das placas de circuito impresso (material

não-magnético) usando a bactéria A. ferrooxidans-LR.

4. O ensaio de lixiviação com sulfato férrico e a lixiviação com ácido sulfúrico pH

1,8 (controles abióticos) mostram que a solubilização dos metais promovida

pela lixiviação é um fator contribuinte na extração dos metais.

5. Para a extração de cobre, zinco e alumínio, os resultados dos estudos

permitiram a definição das condições: densidade de polpa de 15gL-1, volume

de inóculo (bactérias adaptadas) de 10% (v/v), velocidade de rotação de

170rpm, e concentração inicial de Fe+2 de 6,75gL-1.

6. Através da caracterização do material insolúvel obtido após a biolixiviação do

material não-magnético de placas de circuito impresso de computador

conclui-se que o ouro permaneceu no material insolúvel, permitindo sua

posterior recuperação através da cianetação.

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7. A biolixiviação do material não-magnético de placas de circuito impresso de

computador extraiu 99% do cobre nas condições definidas nos estudos de

biolixiviação.

8. O ensaio de cianetação permitiu a extração de 85% do ouro presente no

material insolúvel após biolixiviação e lixiviação do ferro com H2SO4 5M após

144h de ensaio, permitindo sua posterior recuperação.

9. A combinação de operações unitárias de Tratamento de Minérios, processo

biohidrometalúrgico e cianetação permitiram a definição de uma rota alternativa

para extração seletiva e sequencial dos metais (ferro, cobre, zinco, alumínio e

ouro).

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