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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE

DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE PONTA

GROSSA – ESTADO DO PARANÁ.

Pedido de urgência

SCHEFFER LOGÍSTICA E AUTOMAÇÃO LTDA, pessoa

jurídica de direito privado regularmente inscrita no CNPJ sob o nº

04.255.500/0001-25, com sede e foro na Rua Pedro Mezzomo, nº 256-Indústria,

Boa Vista, Ponta Grossa-PR, CEP 84.071-210, por seus bastantes procuradores,

constituídos nos termos do anexo instrumento de mandato (doc. 01), com

escritório profissional sito à Av. Paraná, nº 202, sala 802, Cabral, Curitiba-PR,

CEP 80.035-130, onde recebem intimações, vem respeitosamente à presença de

Vossa Excelência para, em conformidade com o disposto nos artigos 47 e 51 da

Lei Ordinária Federal nº 11.011/ 2005, requerer o processamento da sua

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

O que faz com fulcro nas razões de fato e de direito doravante expostas.

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PROJUDI - Processo: 0010158-46.2017.8.16.0019 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Osni Terencio de Souza Filho

06/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

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I – DA COMPETÊNCIA DESTE MM. JUÍZO

Conforme ditames do artigo 3º da Lei Ordinária Federal nº

11.101/2005, “é competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial,

deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal

estabelecimento do devedor (...).”

No caso em tela, SCHEFFER LOGÍSTICA reúne na Comarca de

Ponta Grossa não apenas seu principal estabelecimento, conforme previsto no

contrato social, como também o centro decisório de suas principais atividades

empresariais, critério alternativo de fixação do juízo competente adotado em

casos episódicos com base na doutrina majoritária.

Razões pelas quais se justifica a fixação da competência nesse MM.

Juízo.

II – DA NECESSIDADE DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

(cadastros restritivos)

A atividade empresarial desenvolvida por SCHEFFER

LOGÍSTICA é absolutamente viável e, considerado o nível de tecnologia e valor

agregado que incorpora, afigura-se altamente relevante para a economia local.

Todavia, conforme restará aprofundado mais adiante, SCHEFFER LOGÍSTICA

enfrenta sérios problemas de liquidez financeira para suportar suas obrigações

de curto e médio prazo.

Problemas esses plenamente passíveis de resolução mediante a

guarida do instituto da Recuperação Judicial e da tutela jurisdicional destinada

a assegurar a efetividade desse instrumento no período de avassaladora crise

enfrentado pela economia nacional. Isso porque o abalo de crédito sentido pela

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Recuperanda decorre, em grande medida, de sua situação junto aos cadastros

restritivos.

De modo que a suspensão de publicidade dos efeitos dos

protestos extraídos em face da Recuperanda, apresenta-se como meio apto a

ofertar as condicionantes necessárias para viabilizar o êxito da Recuperação

Judicial, prestigiando a efetividade da tutela jurisdicional in casu.

Cumpre registrar que com a propositura da Recuperação Judicial,

é certo que os créditos submetidos ao processo concursal terão a exigibilidade

suspensa e, em segundo momento, serão objeto de novação mediante a

aprovação do Plano de Recuperação Judicial, conforme ditames do artigo 59 da

LFRE.

Indaga-se, por oportuno. Considerando a suspensão da

exigibilidade do crédito pelo deferimento do processamento, qual a justificativa

para a manutenção da publicidade dos protestos?!?!

Cumpre diferenciar o pedido de sustação dos efeitos da

publicidade dos protestos em comparação com o pedido de cancelamento ou

baixa dos protestos.

Não se requer nesse momento o cancelamento ou a baixa dos

referidos protestos, o que naturalmente ocorrerá no estágio de aprovação do

Plano e consequente novação dos débitos, mas apenas e tão somente a

suspensão dos efeitos de eventuais protestos, evitando que o Cartório dê

publicidade à anotação ou omitindo sua divulgação temporariamente. Trata-se

de medida alinhada ao disposto nos artigos 6º, §4º, 47 e 59 da LFRE.

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O deferimento da medida é amplamente admitido pela

jurisprudência e tem sido reconhecido pelos juízos especializados em Falência e

Recuperação Judicial da Comarca de Curitiba, como se observa nos seguintes

excertos do decisum proferido nos autos de nº. 0016086-67.2014.8.16.0185 (1ª

Vara Especializada):

“Em que pese a Lei n° 11.101/2005 não determine a sustação

dos efeitos dos protestos como consequência do processamento do

pedido de Recuperação Judicial, resta evidente a necessidade de

tal medida com finalidade de auxiliar a recuperação da empresa

em crise. A continuidade de protesto de títulos é incompatível

com o pedido de recuperação, vez que inviabiliza a reorganização

da recuperanda, a qual, não raras vezes, necessita de crédito

bancário para continuar as suas atividades.”

Razões pelas quais se requer sejam oficiados aos Tabelionatos de

Protestos localizados em Ponta Grossa-PR, para que se abstenham de tais

procedimentos (registrando os protestos em seu sistema, mas deixando de

divulgar publicamente), bem como seja ordenado aos respectivos Cartórios de

Protestos de Títulos que comuniquem imediatamente os respectivos órgãos de

proteção ao crédito acerca dos registros dos protestos suspendidos.

III – EXPOSIÇÃO DAS CAUSAS CONCRETAS DA SITUAÇÃO

PATRIMONIAL E DAS RAZÕES DA CRISE ECONÔMICO-

FINANCEIRA DA SCHEFFER LOGÍSTICA

III.1 – BREVE INTRODUÇÃO E HISTÓRICO.

SCHEFFER LOGÍSTICA é uma pessoa jurídica genuinamente

brasileira e paranaense, fundada no ano de 1995 pelo espírito empreendedor e

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dinâmico de seu sócio fundador, residente em Ponta Grossa-PR. Contando com

uma equipe especializada de eficientes técnicos e engenheiros, já no início de

suas atividades a Recuperanda desenvolveu o primeiro sistema com

transelevadores automatizados para armazéns de cargas totalmente nacional.

Suas atividades consistem, em linhas gerais, na industrialização e

prestação de serviços de automação logística industrial, fabricação e comércio

de móveis de aço, soluções logísticas aeroportuárias, projetos de engenharia

para armazenagem e fabricação e comercialização de transportadores

horizontais, dentre outros.

Sede da SCHEFFER em Ponta Grossa – PR.

O inevitável sucesso da SCHEFFER não tardou para ocorrer,

sendo um corolário lógico da alta tecnologia empregada, elevada especialização

de seus administradores e funcionários, posicionamento geográfico e limitação

do nicho de mercado explorado, assumindo a vanguarda no segmento de

automação e logística.

Situada no principal entroncamento rodoferroviário do sul do

país, SCHEFFER LOGÍSTICA já contou com aproximadamente 290 (duzentos e

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noventa) colaboradores diretos, gerando milhares de empregos indiretos não

apenas em sua sede, como também nos diversos Estados do país nos quais

presta serviços.

A clientela da SCHEFFER é também diferenciada, eis que os

produtos possuem elevado grau de tecnologia e são personificados de acordo

com a demanda específica no segmento de cada cliente, não havendo um

produto padronizado, como se pode verificar nas seguintes imagens que

representam soluções logísticas já criadas pela Recuperanda:

Projetos realizados em Extrema-MG e Campinas-SP.

Projeto realizado em São Bernardo do Campo - SP.

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Observa-se que os produtos e serviços prestados pela SCHEFFER

LOGÍSTICA atendem os maiores grupos empresariais do país, ofertando uma

alternativa nacional para atividades de alto valor agregado e envolvimento de

tecnologia específica que traz um efeito reprodutivo relevante para a região dos

campos gerais e para o Estado do Paraná.

Infelizmente a tecnologia é um dos fatores de produção1 menos

prestigiados e fomentados no país atualmente, a despeito da relevância dada

para esse fator por economistas como Joseph Schumpeter que defendem a

inovação tecnológica como elemento essencial para o desenvolvimento

econômico de uma nação.

Com o advento da crise econômica, a Recuperanda iniciou as

medidas destinadas a redução de seus custos fixos e atualmente conta com 163

(cento e sessenta e três) funcionários diretos. Todavia, sua relevância social

permanece notadamente no que tange à geração de centenas de empregos

indiretos e dinamização da economia local e nacional.

III.2 – DAS RAZÕES DA CRISE ECONÔMICO-FINANCEIRA.

O produto fabricado pela SCHEFFER LOGÍSTICA é basicamente

destinado a composição do ativo imobilizado (investimentos) de seus clientes.

Trata-se de equipamentos pesados e infraestruturas complexas que possuem

alto valor agregado em virtude da tecnologia neles empregada.

Se por um lado a especialidade e precisão dos produtos

desenvolvidos pela SCHEFFER LOGÍSTICA a asseguraram diferenciais de

mercado que permitiram sua franca expansão e relevância para a economia 1 A ciência econômica considera como fatores de produção a terra, o trabalho, o capital, a capacidade

empresarial e a tecnologia.

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local, por outro, o nicho de mercado relacionado a investimentos é justamente o

mais sacrificado em momentos de retração da economia.

Isso porque, diante de cenários de instabilidade econômica, é

evidente que os clientes evitam a realização de investimentos destinados a

ampliar seu ativo imobilizado e sua capacidade de produção, ante as incertezas

a respeito do retorno do capital investido. É certo que todos os players do

mercado traçam suas estratégias dentro dos cenários de melhoria ou piora da

economia e de suas vendas (faturamento), de modo que não faz sentido ampliar

os investimentos para um mercado decrescente.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) é um

indicador divulgado mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria

(CNI), utilizado para identificar mudança de tendência na produção industrial,

ou seja, para auxiliar na previsão do produto industrial e, por conseguinte, do

PIB. Empresários confiantes tendem a aumentar o investimento e a produção

para atender o esperado crescimento na demanda.

No gráfico abaixo, observa-se que o índice veio deteriorando-se

deste o início de 2013, atingindo sua pior marca em meados de 2015, e os

impactos desta falta de confiança do empresário estão sendo refletidos

atualmente, com os investimentos parados.

Apesar da melhora do índice a partir do segundo semestre de

2016, os impactos na economia não são observados imediatamente, sendo

necessário um prazo para que os reflexos sejam observados. Sendo assim, a

SCHEFFER LOGÍSTICA ainda enfrentará um período de dificuldades de

mercado até que uma recuperação econômica sólida ocorra.

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48,546,8 46,2 46,8

44,7

40,238,8

37,4

29,8 29,627,5 28,3 29,2

35,1

44,0

40,7

03/13 06/13 09/13 12/13 03/14 06/14 09/14 12/14 03/15 06/15 09/15 12/15 03/16 06/16 09/16 12/16

Fonte: IPEADATA

Sabe-se ainda que a maioria dos clientes da SCHEFFER

LOGÍSTICA recorre ao mercado financeiro, notadamente ao BNDES (Banco

Nacional de Desenvolvimento), para adquirirem seus produtos de substancial

valor financeiro. Assim, os recentes anos de constante elevação da taxa básica

de juros (SELIC), bem como da elevação do custo de crédito pelo BNDES,

prejudicaram ainda mais um cenário de potencial queda do mercado. Conforme

quadro abaixo:

Ano TJLP - Média Selic - Efetiva

2013 5,00% 8,21%

2014 5,00% 10,91%

2015 6,25% 13,29%

2016 7,50% 14,03%

Fonte: Receita Federal do Brasil

A ampliação da taxa de juros e, por conseguinte, redução do

crédito como fator determinante para a redução do nível de demanda agregada

(consumo e investimento) é bem exemplificada na denominada “Curva IS-LM”,

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basilar na ciência econômica para explicar os efeitos das políticas monetária e

fiscal na economia:

Disponível em: http://www.trilhacerta.com/pag/view/1553; Onde i=taxa de juros e

Y=PIB/Demanda Agregada.

O gráfico acima apresentado evidencia de modo figurativo a

realidade de mercado enfrentada pela SCHEFFER LOGÍSTICA e, por que não

dizer, pelo segmento de máquinas e equipamentos. De modo simplista, pode-se

dizer que a curva IS explica que taxas de juros mais elevadas “i” implicam em

reduções da demanda agregada “Y”, enquanto a curva LM, em momentos de

contração monetária (elevação da taxa de juros i), igualmente implicará em

redução do PIB/Demanda Agregada.

Além das questões macroeconômicas apresentadas, o setor de

atuação da SCHEFFER LOGÍSTICA é composto, principalmente, por grandes

empresas multinacionais que possuem vantagens competitivas ao comparar

com empresas nacionais. O custo é uma das vantagens destas empresas

multinacionais, visto que muitas delas possuem somente escritórios comerciais

no Brasil, sendo a fabricação feita fora do país (com um custo menor). Além do

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http://www.trilhacerta.com/pag/view/1553

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custo, a robusta estrutura financeira destas empresas é capaz de suportar

momentos de crise no mercado.

A despeito de ter sido desafiada com medidas de gestão

destinadas a redução do custo, a persistente queda no faturamento da

SCHEFFER LOGÍSTICA resultou em um gradativo processo de endividamento.

E se até o ano de 2015 a SCHEFFER LOGÍSTICA contabilizava R$ 1.966.676,00 a

título de pagamento de juros bancários, em 2016 a rubrica atingiu o valor de R$

4.567.732,00, comprometendo seriamente o ativo da Recuperanda.

O desenrolar desse ciclo vicioso na atividade empresarial da

SCHEFFER LOGÍSTICA passará a comprometer, em questão de semanas, a

atividade empresarial e a concatenação dos fatores produtivos mais caros a

Recuperanda, a saber, a tecnologia e a mão-de-obra. Por essa razão, SCHEFFER

LOGÍSTICA recorre – em momento adequado - ao instituto da Recuperação

Judicial.

IV – DO DIREITO

IV.1 – DA PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL À

LUZ DO PRIMEIRO GRANDE DESAFIO DE EFETIVIDADE.

A Constituição Federal definiu como fundamentos da República

Federativa do Brasil, dentre outros, “os valores sociais do trabalho e da livre

iniciativa”, conforme redação do artigo 1º, inciso IV. Observada a livre iniciativa

como ponto de partida, a norma fundamental ainda delimitou como princípios

gerais da atividade econômica a “livre concorrência” (art. 170, inc. IV) e a “busca

do pleno emprego” (art. 170, inc. VIII).

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Pois bem. É certo que a previsão programática constante da

Constituição Federal não fornecia os mecanismos necessários ao empresário em

prol do prestígio à livre iniciativa e ao pleno emprego. Por outro lado, a

normativa então vigente, representada pelo Decreto-lei nº 7.661/45,

demonstrava extensos sinais de insuficiência desde seu primeiro “grande teste”

enfrentado na crise econômica de 1954.

O advento da Lei Ordinária Federal nº 11.101/2005 demarcou

justamente o momento a partir do qual o empresário passou a deter

instrumentos legais destinados a auxiliá-lo na superação da crise econômico-

financeira que invariavelmente acomete todas as pessoas jurídicas em

determinada fase de sua existência. Mormente em momentos de extrema

fragilidade econômica no panorama nacional.

Nessa linha, é relevante a passagem do voto da Exma. Ministra

Cármen Lúcia, atual Presidente do Pretório Excelso, em sede do julgamento da

ADI nº. 3934:

“Quanto ao artigo 170, quando garante a função social da

propriedade – falou-se inclusive da tribuna nos memoriais

apresentados e pareceres, da unidade produtiva que faz com o

que antes era concordata, que em geral virava uma falência a

qual não dava em nada -, acabou se transformando numa

possibilidade de se chegar exatamente à garantia da função

social e ao pleno emprego do inciso VIII do artigo 170 da

Constituição Federal. Por isso creio que a lei tenta – aliás,

bem citado também pelo Relator, no artigo 47, que se

explicite o que é esse sistema de recuperação judicial de

uma empresa – é exatamente dar cobro, concretização aos

princípios da Constituição (...).” (Grifos nossos).

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A normativa, no entanto, ainda não havia sido

devidamente desafiada no panorama nacional, o que ocorre a partir

da grave crise instaurada em 2015. E as respostas positivas da lei, dos

institutos e do Poder Judiciário passam a ser exigidas como próprias

condicionantes da existência da economia nacional, fortalecendo o raciocínio

em prol da manutenção da atividade empresarial. Nesse cenário, assume ainda

maior relevância a redação do artigo 47 da Lei Ordinária Federal nº

11.101/2005:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a

superação da situação de crise econômico financeira do devedor,

a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego

dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo,

assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à

atividade econômica.

Conforme se extrai da Exposição de Motivos do Projeto de Lei que

resultou na LFRE, a manutenção da fonte produtiva afigura-se como o

mandamento nuclear da legislação falimentar. Por conseguinte, afigura-se

preciso o escólio de Manoel Justino Bezerra Filho2:

“A lei, não por mero acaso ou coincidências, estabelece uma

ordem de prioridade nas finalidades, sendo que a primeira é a

manutenção da fonte produtora, para que assim seja mantido o

emprego dos trabalhadores, e estes sendo mantidos, é possível

manter então a satisfação dos créditos”.

2 FILHO, Manoel Jusino Bezerra. Nova Lei de Recuperação e Falências. 3ª Ed. Revista dos Tribunais. São

Paulo. 2005.

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Evidente que não se trata de admitir a preservação da atividade

empresarial a qualquer custo. No entanto, uma vez evidenciada a boa-fé do

empresário, a relevância social da atividade e a viabilidade da atividade, o

empresário deve contar com a ampla guarida do Estado e os necessários meios

que viabilizem a recuperação judicial.

Referido posicionamento pró-ativo por parte do Estado é

reforçado inclusive pelos Ministros do E. Supremo Tribunal Federal, como se

observa no trecho abaixo transcrito da fala do E. Min. Marco Aurélio de Melo

em sede do julgamento da ADI nº 3934:

“É louvável, sob todos os títulos, o instituto da recuperação

judicial da empresa; recuperação que se faz tendo em conta a

interferência do Judiciário e as balizas da própria Lei – balizas

que se revelam, em grande parte, imperativas -, havendo a maior

seriedade de propósito possível.”

Assim, a liquidação definitiva de uma empresa que, apesar de

acometida de dificuldades financeiras transitórias se mostre viável,

representaria um grande prejuízo para a sociedade, eis que se perdem,

principalmente, postos de trabalho, fonte de renda tributária, evolução

tecnológica (relevante in casu), sinergia em termos contratuais e de alocação de

recursos, dentre inúmeros outros interesses da mais relevante importância.

IV.2 – DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA

SCHEFFER LOGÍSTICA – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.

As razões da abrupta queda no faturamento da SCHEFFER

LOGÍSTICA estão diretamente vinculadas às razões da grave crise econômico-

financeira experimentada pelo país desde o ano de 2015. Da mesma forma, são

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as leis econômicas de mercado que – em última instância - irão pavimentar o

êxito da Recuperação Judicial.

Nessa lógica, afigura-se precisa a seguinte afirmação de Frederico

Augusto Monte Simionato3:

“A crise é de natureza econômica e serão as leis econômicas que,

de um modo geral, devem traçar-lhe o caminho para salvar a

empresa viável, cabendo tão-só às leis jurídicas estabelecer os

critérios de poder e solucionar os conflitos de poder entre

credores e devedores.”

A assertiva deve ser observada dentro de um contexto de

assunção de obrigações e responsabilidades da Recuperanda em adotar as

medidas econômico-financeiras em sua atividade empresarial, conforme restará

exposto preliminarmente nesse capítulo e, mais detidamente, no Plano de

Recuperação Judicial, o qual respeitará o comando do artigo 53 da LFRE.

A despeito da diversidade de seu objeto social contratualmente

definido, as atividades desenvolvidas pela SCHEFFER LOGÍSTICA podem ser

segmentadas em duas partes. A primeira representada pela personalização,

construção e entrega de produtos e a segunda pela prestação de serviços de

manutenção relacionados ou não a esses produtos próprios.

Com relação à venda de seus produtos, SCHEFFER LOGÍSTICA

desenvolve atividade específica que demanda recursos tecnológicos e

profissionais de primeira linha, tratando-se de nicho atualmente explorado por

apenas outras 6 (seis) competidoras no mercado nacional, todas estrangeiras.

3 SIMIONATO, Frederico Augusto Monte. Tratado de Direito Falimentar. Rio de Janeiro:

Forense, 2008. p.11.

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Esse é precisamente o segmento mais afetado pela crise nacional e

já tem sido desafiado por SCHEFFER LOGÍSTICA através de medidas

destinadas a reduzir o custo fixo e reduzir desperdícios no processo produtivo,

além do recálculo da rentabilidade dos contratos de execução protraída no

tempo. Trata-se de mercado que demandará maiores esforços no sentido de

ampliar a divulgação de uma marca já reconhecida pela qualidade dos

produtos.

No que atine à prestação de serviços, SCHEFFER LOGÍSTICA

detém ampla cartela de clientes oriundos majoritariamente dos produtos por

ela comercializados, os quais demandam contínua manutenção, atualização e

acompanhamento. Nesse segmento a Recuperanda detém margens menores,

porém menos voláteis a períodos de crise, haja vista que a manutenção dos

equipamentos representa a prioridade de suas clientes. A despeito de manter-se

rentável, o departamento também foi objeto de firme redução do custo fixo,

mas vem sofrendo os reflexos negativos no mercado em razão dos déficits

acumulados pela área de produtos.

Os sócios e administradores tem atuado em um esforço conjunto

para a redução de custos e, além de terem realizado empréstimos pessoais para

captação de recursos para a atividade empresarial, estão desde meados de

Outubro de 2016 sem retirar pro labore.

Ambos os segmentos explorados por SCHEFFER LOGÍSTICA

restam altamente comprometidos com despesas financeiras e bancárias que se

avolumam a cada mês. Para tanto, o cerne da Recuperação Judicial ora

analisada é o de restaurar o capital de giro mediante a suspensão de execuções

ajuizadas, parcelamento das dívidas e obtenção de desconto sobre o passivo

total.

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As estratégias e meios de recuperação judicial serão

suficientemente abordados no Plano de Recuperação Judicial, cabendo a essas

linhas gerais apenas relevar a boa-fé na utilização do instituto, bem como a

inquestionável viabilidade da Recuperação proposta, condicionada, por certo,

ao deferimento do processamento do feito.

Em face aos fatos narrados é que se pretende o deferimento do

presente pedido de recuperação judicial e seu devido processamento por esse

MM. Juízo.

IV.3 – REQUISITOS ATENDIDOS.

SCHEFFER LOGÍSTICA é constituída como sociedade empresária

e não se enquadra como “empresa pública, sociedade de economia mista, instituição

financeira, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar,

sociedade seguradora e sociedade de capitalização”, para efeitos do artigo 2º da

LFRE. Para fins comprobatórios, restam acostados em anexo o Contrato Social

e alterações (Anexo 8).

Outrossim, desenvolve suas atividades empresariais

regularmente há mais de 2 (dois) anos, jamais foi falida, jamais obteve

concessão de Recuperação Judicial e jamais foi condenada ou teve como

administrador pessoa condenada por crimes previstos na legislação falimentar,

para efeitos do artigo 48 da LFRE. Para fins comprobatórios, restam

acostados em anexo o Contrato Social e alterações (Anexo 8), as certidões

negativas criminais dos sócios e administradores (Anexo 14) e a certidão

negativa de distribuição de processos concursais (Anexo 15).

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Em consonância com o disposto no artigo 51, da lei de

recuperação e falências, são colacionados, em anexo, todos os documentos

necessários para que o pedido de recuperação judicial seja deferido, a saber:

- (Anexo 2) Procuração com poderes específicos para o presente pedido de

recuperação judicial.

- (Anexos 3 e 4) Balancete especialmente levantado para fins de recuperação

judicial, bem como os balanços de 2014, 2015 e 2016 Demonstrações de

Resultados dos exercícios de 2014, 2015 e 2016 conforme prescrito no inciso II

do art. 51 da LFRE;

- (Anexos 5) Relatório Gerencial ao fluxo de caixa e faturamento projetados,

conforme prescrito no inciso II do art. 51 da LFRE;

- (Anexo 6) Relação Nominal Completa dos Credores, com a indicação do

endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito,

discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação

dos registros contábeis de cada transação pendente, conforme prescrito no

inciso III do art. 51 da LFRE;

- (Anexo 7) Relação integral de empregados da Recuperanda, de acordo com o

inciso IV do artigo 51 da LFRE;

- (Anexo 8) Certidão de regularidade do devedor no Registro Público de

Empresas e instrumento de nomeação dos administradores, de acordo com o

inciso V do artigo 51 da LFRE;

- (Anexo 9) Relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos

administradores do devedor, de acordo com o inciso VI do artigo 51 da LFRE;

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- (Anexo 10) Extratos atualizados das contas bancárias, de acordo com o inciso

VII do artigo 51 da LFRE;

- (Anexo 11) Certidões dos cartórios de protestos situados na comarca de Ponta

Grossa-PR, de acordo com o inciso VIII do artigo 51 da LFRE;

- (Anexo 12) Relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que

este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa

dos respectivos valores demandados, de acordo com o inciso IX do artigo 51 da

LFRE;

- (Anexo 13) Relação integral dos ativos da Recuperanda, passível de variação

de acordo com o decorrer da atividade empresarial.

Salienta-se que os documentos de escrituração contábil e demais

relatórios auxiliares, estão em consonância com a forma e no suporte previstos

em lei, os quais permanecem à disposição do juízo, do administrador judicial e,

mediante autorização judicial, de qualquer interessado.

Depreende-se que todos os documentos exigidos pela legislação

foram devidamente apresentados juntamente com essa exordial, devendo ser

deferido o processamento da recuperação judicial.

Em que pese estarem presentes todos os documentos, caso Vossa

Excelência entenda pela necessidade de serem apresentados outros

documentos, pleiteia a Requerente pelo deferimento do processamento e,

posteriormente, a concessão de prazo de quinze (15) dias para que a Requerente

complete a sua documentação determinada por Vossa Excelência.

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IV.4 – PRESERVAÇÃO DO SIGILO – ART. 51, VI DA LFRE.

Em observância ao disposto no artigo 51, VI, da LFRE, SCHEFFER

LOGÍSTICA apresentará a relação dos bens pessoais de seus sócios e

administradores. Todavia, a fim de evitar a excessiva exposição e indevida

violação ao sigilo de informações dos representantes legais da SCHEFFER

LOGÍSTICA, requer-se sejam esses documentos, acostados no Anexo 09,

autuados em separado e conservados em segredo de justiça.

O pedido respalda-se na dignidade da pessoa humana, erigida

como fundamento da República pátria, bem como na garantia constitucional da

inviolabilidade da vida privada (art. 5º, inc. X da CF), os quais merecem

especial guarida do Poder Judiciário nesse período de dificuldades financeiras

do empresário probo.

V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, em conformidade com os artigos 47, 51 e

seguintes da Lei de Recuperação e Falências e demais disposições legais

aplicáveis à espécie, com nítido objetivo da continuidade da empresa, requer-

se Vossa Excelência se digne a:

a) Distribuir com urgência o presente feito e acolher o disposto no artigo 79 da

LFR para que seja dada preferência no trâmite desta Recuperação Judicial;

b) DEFERIR o processamento da sua recuperação judicial, nos termos do

artigo 52 da Lei de Recuperação de Empresas, ocasião na qual se deverá

nomear um Administrador Judicial para acompanhar o feito, determinar a

dispensa das certidões negativas tributárias, ordenar a suspensão de todas as

ações e execuções movidas contra a devedora (art. 6º) e abrir o prazo de 60 dias

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para que o Plano de Recuperação Judicial seja apresentado, nos exatos termos

do artigo 534 da referida lei;

b.1) Seja reconhecido o direito ao sigilo das informações consubstanciadas na

Relação de Bens pessoais dos sócios e administradores da Recuperanda,

acostados no Anexo 9, determinando-se, por conseguinte, a autuação em

separado e a conservação em segredo de justiça.

b.2) Caso Vossa Excelência entenda a necessidade de complementação das

documentações já colacionadas, não obstante o cumprimento integral do

dispositivo do art. 51 da Lei 11.101/2005, requer a concessão de prazo de

quinze (15) dias para complementação exigida pelo Magistrado;

c) LIMINARMENTE para que, ato contínuo ao deferimento do processamento

da Recuperação Judicial:

c.1) Seja determinada a suspensão dos efeitos de todos os protestos e restrições

de órgãos de proteção de crédito inerentes aos créditos inseridos nessa

Recuperação Judicial, expedindo-se ofícios ao SCPC, SERASA e Tabelionatos

de Protestos da Comarca de Ponta Grossa-PR;

4 Art. 53. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60

(sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de

convolação em falência, e deverá conter:

I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50

desta Lei, e seu resumo;

II – demonstração de sua viabilidade econômica; e

III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por

profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.

Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o

recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções,

observado o art. 55 desta Lei.

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Dá-se a causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para efeitos de

alçada.

Requer, outrossim, que todas as intimações sejam realizadas

EXCLUSIVAMENTE em nome de MARCUS VINÍCIUS MACHADO e OSNI

TERÊNCIO DE SOUZA FILHO, inscritos junto à OAB/PR sob o nº 50.505 e

OAB/PR sob o nº 48.437, respectivamente, sob pena de nulidade.

Termos em que,

Pede e espera o Deferimento.

Ponta Grossa, 06 de Abril de 2017.

Marcus Vinícius B Machado Osni Terêncio de Souza Filho

OAB/PR nº 50.505 OAB/PR nº 48.437

Corecon/PR nº 7.916 OAB/SP nº 349.835

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RELAÇÃO DE ANEXOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

1 – GUIAS DE RECOLHIMENTO DE CUSTAS

1.1 – COMPROVANTE DE RECOLHIMENTO DAS CUSTAS

2 - PROCURAÇÃO

3 – BALANCETE ESPECIALMENTE LEVANTADO

4 – DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS EXERCÍCIOS ANTERIORES

4.1 – DRE E BP 2016

4.2 – DRE E BP 2015

4.3 – DRE E BP 2014

4.3 – DRE E BP 2013

5 –RELATÓRIO GERENCIAL DO FC

6 – RELAÇÃO COMPLETA DE CREDORES

7 – RELAÇÃO DE EMPREGADOS

8 – CERTIDÕES DA JUNTA COMERCIAL

9 – RELAÇÃO DE BENS PARTICULARES DOS SÓCIOS

10 – EXTRATOS DAS CONTAS CORRENTES

11 – CERTIDÕES DE PROTESTOS

12 – RELAÇÃO DE AÇÕES JUDICIAIS

13 – RELAÇÃO DE ATIVOS DA EMPRESA

14 – CERTIDÕES NEGATIVAS CRIMINAIS

15 – CERTIDÕES NEGATIVAS FALIMENTARES

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recuperaÇÃo judicial - braziliobacellar.com.br · projudi - processo: 0010158-46.2017.8.16.0019 -...

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