[recensão a] alt, albrecht - universidade de coimbra

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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] Alt, Albrecht - Essays on old testament history and religion Autor(es): Carreira, José Nunes Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24217 Accessed : 8-Oct-2021 09:40:51 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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Page 1: [Recensão a] Alt, Albrecht - Universidade de Coimbra

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

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Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

[Recensão a] Alt, Albrecht - Essays on old testament history and religion

Autor(es): Carreira, José Nunes

Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24217

Accessed : 8-Oct-2021 09:40:51

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dell’origine esterna e del rapporto con le popolazioni autoctone, è dunque una costruzione chiaramente 'datata’ ai problem¡ del VI secolo, e che non ha nulla a che vedere con quelli del XII» (p. 664)... não é a ideia transmitida pelos mais credenciados historiadores de Israel. Seria bom indicar os relatos dos Juizes «de carácter nitidamente mítico» (s/c) (p. 665) e ver o seu peso na imagem histórica global transmitida por essa fonte. Não passa isto de uma sombra ténue que não chega verdadeiramente a afectar o valor da Obra, com que se regozijam es- pecialistas e alunos universitários de Orientalística e História Pré- -clássica. Muito fica obviamente por esclarecer. Mas, no seu todo, aí está «a» história do Oriente Antigo que faltava, bem legível, e doeu- mentada com achegas dos últimos vinte anos — os novos contributos de materiais arqueológicos e textuais, o ampliar dos horizontes a zonas já tidas por ‘periféricas’ e secundárias e também o penetrar de interesses e métodos mais alargados e avançados no sector orien- talístico» (p. V).

José Nunes Carreira

ALBRECHT ALT, Essays on Old Testament History and Religion, trans- lated by R. A. Wilson (Journal for the Study of the Old Testament, The Biblical Seminar), Sheffield Academic Press, Sheffield 1989, 10.95/17.95 Libras, ISBN 1-85075-204-4.

Queixam-se autores anglófonos de os trabalhos de A. Alt só de- masiado tarde terem sido divulgados em versão inglesa e do prejuízo que isso trouxe à investigação veterotestamentária desse quadrante linguístico. É facto que A. Alt (1883-1956), que já sobressaía na Ale- manha da década de 20 como professor e investigador de Antigo Tes- tamento e história de Israel, só em 1966 foi publicado na Inglaterra (primeira edição destes Essays, Basil Blackwell, Oxford). A edição in- glesa selecciona apenas os títulos mais famosos dos três volumes de Kleine Schriften zur Geschichte des Volkes Israel (C. H. Beck, München 1953, 1959, 1964); mas eles são tão importantes que merecem 0 nome de epocais.

«O deus dos pais» (pp. 1-77 = Der Gott der Väter, Stuttgart 1929) continua absolutamente indispensável para compreender a religião dos patriarcas hebreus (o título evoca ao mesmo tempo o «deus» e os «pa- triarcas», em alemão, «Erzväter»). Continuam válidas as conclusões

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sobre a forma específica de religião do «deus (com minúscula, pois historicamente diferente de Deus das religiões monoteístas) do pai» e a apropriação de santuários cananeus pelos «hebreus» errantes. Reduzi-la a religião de nómadas seria erróneo, pois nómadas foram os primeiros adoradores de Javé e 0 tipo de religião é inteiramente distinto. O estudo sobre «As origens do direito israelita» (79-132 = «Die Ursprünge des israelitischen Rechts», comunicação à Academia Sa- xónica das Ciências, em Leipzig, 1934) nada perdeu da acutilância, na distinção de leis casuísticas e leis apodíticas, na fundamentação histórica e bíblica, apesar dos aprofundamentos e correcções poste- riores (nomeadamente M. Noth, Die Gesetze im Pentateuch, Halle 1940, München 1960, versão inglesa Edinburgh/London 1966; E. Gersten- berger, Wesen und Herkunft des «apodiktischen Rechts», WMANT 20, Neukirchen-Vluyn 1965; G. Liedke, Gestalt und Bezeichnung aittesta- mentlicher Rechtssätze, WMANT 39, Neukirchen-Vluyn 1971; Z W. Falk, Hebrew Law in Biblical Times, Jerusalem 1974).

Com «A instalação das tribos israelitas na Palestina» (pp. 133-169 = «Die Landnahme der Israeliten in Palästina», Leipzig 1925) e o não traduzido estudo «Erwägungen zur Landnahme der Israeliten in Pa- lästina» (1939) A. Alt lançou a hipótese da penetração lenta e pacífica das tribos nos territórios mal povoados da montanha de Canaã (bem diferente do que se extrai de uma leitura rápida do Livro de Josué), que, corrigida com o não-apelo a uma duvidosa transumância e o chamar a terreiro da realidade social — movimentos de bandoleiros hapiru, nomadismo interno —, continua, a meu ver, a prestar os seus serviços como melhor base de compreensão do fenómeno histórico. Em outro trabalho igualmente interpelante, «A formação do Estado is- raelita na Palestina» (pp. 171-237 = «Die Staatenbildung der Israeliten in Palästina», Leipzig 1930) encontra-se bem formulada a teoria da pe- netração e instalação das tribos de Israel. Na versão inglesa: «this was no single movement completed in a relatively short time, as it appears,I admit, in the later literary works of the Israelite tradition, particularly in the Book of Joshua. It was in fact a series of movements by single tribes and bands which may well have lasted for several centuries; and in the majority of cases they did not proceed by force of arms... The result of this was that the tribes were not all established in one single compact territory, but were split up in several groups, whose lands were separeted from one another by chains of non-Israelite townships. The intermittent nature of the invasion, and the incomplete occupation which resulted from it, corresponded to the conditions under which the whole process was carried out, for the Israelites, who had been

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accustomed to a nomadic life under desert conditions, had none of the military superiority which had made possible the Aegean 'peoples’ (leia-se Filisteus e povos aparentados) much swifter and more decisive victories over the existing population.» (pp. 175-176)

«A monarquia nos reinos de Israel e Judá» (pp. 239-259 = «Das Königtum in den Reichen Israel und Juda», VT 1, 1951, pp. 2-22) lançou a teoria da realeza carismática de Israel, contraposta à realeza dinástica de Judá. Estudos posteriores (especialmente, G. Bucellati, Cities and Nations of Ancient Syria, Roma 1967 e T. Ishida, The Royal Dynasties in Ancient Israel, BZAW 142, Berlin/New York 1977) deviam-na ter reduzido à expressão mais simples (maior intervenção do profetismo na política de Israel e necessidade de justificar a posteriori golpes de Estado sangrentos). Mas ela continua impávida em consagradas his- tórias de Israel (M. Noth, 10a ed., 1968, J. Bright, 3a ed. 1981,S. Herrmann, 2a ed. 1980, H. Donner, 1984/1986), o que diz muito da autoridade e rigor da argumentação do seu autor.

É grato revisitar estes estudos, que não envelheceram com 0 passar do tempo. Que frescura de exposição, alicerçada no domínio do texto bíblico e na documentação extra-bíblica, para além de uma original história de territórios. Para a orientação de investigação no sentido da história do território palestinense contribuiu sem dúvida o facto de A. Alt ter estado à frente do Institut für die Altertumskunde des Heiligen Landes em Jerusalém e ter presidido, a partir de 1925, ao Verein zur Erforschung des Heiligen Landes. Saúde-se mais esta edição dos «Ensaios» de uma personalidade, cuja obra, nas palavras de G. W. Anderson, «deve ser contada entre as influências de mais longo alcance e mais frutuosas da investigação europeia do Antigo Testamento no século XX» («Biographical Note», p. V). A versão inglesa presta relevante serviço não só aos investigadores do mundo anglófono mas a quantos por esse mundo fora não dominam o alemão, nomeadamente aos es- tudantes de Teologia e mestrandos de História e Cultura Pré-clássica em Portugal.

José Nunes Carreira

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