recensão critica de educação e sociologia de durkheim
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INDÍCE
1 – CONTEXTO...............................................................................................................3 2–APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DA OBRA .....................................................5
3 – ANÁLISE CRITICA.................................................................................................11
4 – BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................13
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CONTEXTO
“Educação e Sociologia” - Émile Durkheim
Edições 70,
Agosto de 2009,
Tradução: Nuno Garcia Lopes,
Colecção Biblioteca 70
Podemos situar a obra “Educação e Sociologia” numa França com graves
problemas sociais mas também com grandes progressos no desenvolvimento das
ciências humanas e na grande indústria.
Com a proclamação da Terceira República Francesa foi declarada obrigatória a
escolaridade para crianças dos 6 aos 13 anos e foi proibido o ensino religioso nas
escolas públicas. Os conceitos de Durkheim de educação e pedagogia situam-se num
contexto histórico em que, para o autor, “havia a necessidade de preservar a sociedade
contra o individualismo das novas sociedades urbano-industriais, assegurando suficiente
coesão e integração social e moral, contra o egoísmo e a anomia (Giddens,1976), isto é,
reproduzir um passado, moralmente mais coeso e integrado, no
presente”(Caria1992,174).
Para Durkheim a educação é um aspecto central para perceber como as
sociedades se organizam e se transformam. O objectivo da educação é fornecer ao
individuo uma visão do mundo e um tipo de orientação do espírito que pudesse seguir
ao longo de toda a sua vida. As necessidades do homem não são apenas materiais, mas
também espirituais. Numa educação moderna e secular, própria do período de soberania
do cidadão que se vivia, quando começava a desaparecer a influência religiosa que
fornecia o “alimento” ao espírito, o grande desafio seria arranjar uma forma de
substituir a função que a religião realizava: função de coesão social e de aproximação
dos indivíduos. Esse vazio deixado pela debilitação da autoridade religiosa seria
colmatado, na opinião de Durkheim, com a educação.
Assim, a educação vai além da mera transmissão de conhecimentos. Permite
criar disciplina, integração no grupo, autonomia do indivíduo e moralização da
sociedade, permitindo ainda a manutenção da ordem social visando sempre uma
sociedade orgânica.
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Este livro apresenta a reimpressão dos dois únicos estudos pedagógicos que
Durkheim publicou. Os dois primeiros capítulos reproduzem os artigos Educação e
Pedagogia do Nouveau Dictionnaire de pédagogie et d´instruction primaire, publicado
em 1911. O terceiro capítulo reproduz a lição de abertura da sua cátedra na Sorbonne
em 1902 e o último capítulo apresenta a lição de abertura, em Novembro de 1905, do
curso para os candidatos aos concursos para o magistério secundário.
O que nos é proposto por Durkheim é, em primeiro lugar definir o que é educação, quais
são os seus objectivos e como poderão ser atingidos.
Seguidamente orienta-nos para a pedagogia enquanto conjunto de teorias que guiam o
processo educativo e a sua ligação a outras ciências como a psicologia e a sociologia.
Os terceiro e quarto capítulos referem-se às lições de abertura das suas aulas e dirigem-
se aos seus alunos mas reflectem essencialmente o que é dito nos dois primeiros
capítulos.
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APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DA OBRA
Furetiére, no seu Dictionnaire, definia a educação como o “cuidado que se toma
de criar, de nutrir as crianças; diz-se, mais ordinariamente, do cuidado que se toma de
cultivar-lhes o espírito, seja para a ciência seja para os bons costumes” (Sommerman
2003:49). Para Henry Joly a educação é definida como “conjunto de esforços cujo fim é
dar a um ser a posse completa e o bom uso das diversas faculdades” (Sommerman
2003:49).
Para Durkheim (1984:51) “ A educação é a acção exercida pelas gerações
adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. Tem por objectivo
suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e
morais que são exigências próprias da sociedade política no seu conjunto e do meio
social ao qual está particularmente destinado”.
A educação será assim o conjunto de todas as características naturais que
possuímos á nascença mais a acção da geração mais velha sobre a geração mais nova.
Não é possível definir qual a educação ideal pois tem a ver com factores como o tempo
e o espaço, com a experiência das gerações anteriores, com factores históricos, políticos
e religiosos de cada sociedade.
Em cada sociedade existe um conjunto de regras, que são o produto da vida em
comum e que deverão ser transmitidas às crianças de modo a formar indivíduos que
conseguirão viver nessa sociedade de forma harmoniosa e perfeitamente integrada.
Esta integração na sociedade está intimamente ligada á função que será desempenhada e
por isso a criança deve ser preparada para essa função, independentemente do meio em
que nasceu. Durkheim salienta que “a educação das crianças não deve depender do
acaso que as fez nascer aqui ou ali com estes ou com aqueles pais” (Durkheim 2009:50).
A ideia de função leva Durkheim às questões de homogeneidade/heterogeneidade,
referindo que em cada sociedade há sempre um factor comum, que leva á construção de
um ideal de homem físico, moral e intelectual e que é o mesmo para todos os indivíduos
de cada sociedade. É a existência deste factor comum que nos permite falar de
homogeneidade.
Por outro lado a sociedade precisa de diversidade e especialização, sendo a
educação o meio pela qual essa especialização é incutida desde cedo nas crianças. Esta
diversidade é imposta pela sociedade para que esta possa subsistir.
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O objectivo da educação é formar o ser social. Este ser social é definido por Durkheim
como sendo a soma de dois seres distintos: um ser individual a que corresponde a nossa
personalidade e um conjunto de ideias morais e sociais que exprimem o grupo social de
que fazemos parte.
Cada criança é uma “tábua rasa” quando nasce. A sociedade tem a função de
instituir e nos subordinar a regras. Só através desta subordinação, a que os homens se
submetem de livre vontade, é que podemos ter uma vida em comum, em sociedade, pois
“é a sociedade que nos obriga a dominar os nossos instintos e paixões, a privarmo-nos e
a subordinar os nossos objectivos pessoais a objectivos mais elevados” (Durkheim
2009:57).
A sabedoria humana que é aplicada na educação é fruto do acumular da experiência
humana passada de geração em geração, permitindo que quando uma geração
desaparece, esse legado não seja perdido.
Durkheim refere-se ao papel do Estado na educação como sendo um papel
simultaneamente passivo (em que o Estado só interviria em caso de impossibilidade
óbvia dos pais cumprirem o seu dever de dirigir e orientar o desenvolvimento moral e
intelectual da criança) e activo, na medida em que cabe ao Estado zelar pelos princípios
pelos quais a sociedade se rege, mantendo a acção educativa sob o seu controlo.
Relativamente aos objectivos da educação levantam-se sempre algumas questões
controversas quando este assunto é abordado. Como pode ser uma educação
considerada eficaz?
Para Fontenelle “nem a boa educação faz o bom carácter nem a má o destrói”
(Durkheim, 2009:63) e para Helvetius “todos os homens nascem iguais e com iguais
aptidões. Só a educação faz as diferenças” (Durkheim, 2009:63). Estas duas abordagens
mostram o quanto podem divergir diferentes definições sobre a mesma palavra.
O homem possui tendências natas a que chamamos instinto. O instinto é um
“sistema de movimentos determinados, sempre os mesmos que, uma vez desencadeados
pela sensação se encadeiam automaticamente uns nos outros até que chegam ao seu
termo sem que a reflexão intervenha em momento algum” (Durkheim, 2009:63). Estas
tendências e formas de pensar e agir, que já se encontram feitas no homem, podem
impedir o educador de levar a cabo um trabalho eficaz de educação. E consideramos um
trabalho eficaz de educação quando se consegue criar um indivíduo capaz de uma vida
em comum na sociedade.
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Durkheim tece ainda algumas considerações sobre o que considera “falta de equilíbrio
mental” em alguns indivíduos, que os poderá levar a “condutas desviantes”, por
exemplo tornarem-se criminosos.
No entanto considera que, apesar destes desvios tornarem um individuo menos
predisposto para uma conduta moralmente correcta, tal não significa que seja assim que
efectivamente irá acontecer. Como salienta Bain “o filho de um grande filósofo não
herda um único vocabulário” (Durkheim 2009:64).
A acção educativa é comparada à acção hipnótica pois através de pequenas
acções que nos parecem inofensivas estamos a moldar o espírito e o carácter da criança.
Isto requerer autoridade por parte do educador, sendo esta autoridade doseada, aplicada
de modo paciente e metódico de modo a ter sucesso, até que a criança saiba o que é o
dever.
Após explicar o que é a educação e quais os seus objectivos Durkheim entra no
campo da pedagogia, que define como o conjunto de teorias e modos de conceber a
educação. Não deve ser confundido o conceito de educação com pedagogia: enquanto o
primeiro são acções e maneiras de praticar, o segundo são teorias cujo objectivo é
determinar o que deve ser a educação.
São também indicadas as causas pelas quais a pedagogia deve ser considerada
uma ciência: assenta em factos realizáveis e observáveis que apresentam uma certa
homogeneidade entre si, podendo assim ser classificados na mesma categoria lógica.
É frequente haver uma certa confusão entre pedagogia e ciências de educação.
No entanto é fácil destrinçar as diferenças se entendermos a linha de estudo de cada
uma delas. Podemos dizer que a pedagogia elabora teorias práticas que forneçam ao
educador ideias que o orientem, e que as ciências da educação fornecem ao educador a
prática e os procedimentos para ele fazer o que faz.
As teorias práticas em que a pedagogia se apoia deverão ter suporte em ciências
incontestadas para que possam ser consideradas legitimas. Poderíamos considerar como
ciências de suporte á pedagogia a ciência da educação, a psicologia e a sociologia.
A dificuldade encontrada em considerar que as três ciências acima referidas poderiam
apoiar a pedagogia prende-se com a sua ainda imaturidade (no caso da sociologia e da
ciência da educação) pois são ciências que ainda não são consideradas como tal ou, no
caso da sociologia, acabada de nascer. Já a psicologia, tem sido objecto de diversas
controvérsias.
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A pedagogia tende a tornar-se cada vez mais uma força contínua da vida social,
sendo claro que para responder a mudanças cada vez mais evidentes é fundamental
criarem-se reflexões pedagógicas.
O pedagogo deve conhecer e compreender o sistema do seu tempo e perceber
quais as lacunas que vão surgindo, de modo a guiar a educação no sentido de preencher
essas lacunas.
Para compreender o sistema de educação que temos hoje, temos que
compreender a educação como um somatório de todas as doutrinas do passado, pois
foram elas a base das doutrinas recentes, sem as quais o sistema de educação não
existiria. Uma das críticas que é feita aos pedagogos é criarem os seus sistemas de
educação abstraindo-se por completo daquilo que os precedeu. O ideal pedagógico de
uma época exprime o estado da sociedade dessa época, sendo-lhe adequado a
consciência da criança, que tem leis próprias que é preciso conhecer para as poder
modificar.
Para Kant, Mill, Herbert e Spencer “a educação teria antes de mais por objectivo
realizar em cada individuo (…) os atributos constitutivos da espécie humana em geral”
(Durkheim 2009:95).
Segundo eles era incontestável que a educação seria apenas uma, que existia uma
natureza humana, que a educação seria indiferente às condições sociais e históricas e
que o problema pedagógico seria encontrar a forma de exercer a acção educativa sobre a
natureza humana. O papel do educador, neste cenário, seria apenas o de orientador para
que não houvesse desvios ou atrasos relativamente ao fio condutor da educação. Neste
contexto o importante seria as capacidades nativas e a natureza do homem deixando de
lado as condições sociais e históricas.
Para Durkheim esta concepção de educação está em contradição com aquilo que a
história nos tem ensinado. Não existe uma única educação válida para todo o género
humano, existem sim sociedades com sistemas pedagógicos diferentes que coexistem e
funcionam paralelamente. É evidente que a educação das crianças “não deve depender
do acaso que as faz nascer aqui ou ali, destes pais ou daqueles” (Durkheim 2009:97),
mas não é por isso que a educação se torna uniforme.
A educação reflecte as épocas e os lugares pois, á medidas que as condições
sociais vão mudando as necessidades do homem também mudam, acomodando-se às
novas condições sociais. Durante séculos a educação reflectia as características de um
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conjunto de instituições sociais, religiosas, politicas, económicas e morais. Aos poucos
tem vindo a afastar-se cada vez mais dessas instituições e a tornar-se mais geral e mais
abstracta.
As sociedades modernas são cada vez mais um conjunto de indivíduos diferentes
entre si em que a única característica que os aproxima é a sua qualidade de humanos.
Esta nova concepção de sociedade afasta-se das sociedades mais antigas, como por
exemplo as Gregas e as Romanas em que o objectivo único da educação era criar gregos
e romanos.
É a sociedade que determina e constrói o tipo humano que pretende e é por isso
que “o homem que a educação deve realizar em nós, não é o homem tal como a natureza
o fez, mas tal como a sociedade quer que ele seja” (Durkheim 2009:102). O nosso ideal
pedagógico é construído tendo por base todas as características e comportamentos da
nossa sociedade.
A sociedade só subsiste se persistir nos seus membros uma homogeneidade
suficiente que garanta a renovação da sua existência. Esta homogeneidade mais não é do
que a socialização dos indivíduos (conjunto de ideias, crenças, práticas morais aliadas á
nossa personalidade). Isto forma o ser social e o objectivo da educação é precisamente a
criação deste ser.
Nas sociedades primitivas e muito simples bastava aos homens o seu instinto,
quase comparável ao instinto animal. Mas á medida que as necessidades da sociedade
foram crescendo, foi também aumentando a necessidade da criação de regras e códigos
de conduta moral que obrigasse o homem a viver em grupo e a por de lado a sua
natureza. É nestes pontos que Durkheim deduz que não é a psicologia que ajudará o
pedagogo, mas sim a sociologia. Apenas a sociologia pode ajudar a pedagogia pois cabe
á sociologia perceber de que modo é que a sociedade nos molda, de que modo é que
conseguimos pôr de lado o nosso eu individual e aprendermos a sacrificarmo-nos.
Pelas reflexões anteriores Durkheim conclui que a sociologia é fundamental na
definição dos fins que a educação deve procurar. No que diz respeito á escolha dos
meios, esse papel caberá á psicologia.
Para que a educação se possa realizar o ingrediente essencial é o indivíduo. A
psicologia integra-se neste ponto com a necessidade de conhecer a natureza do
indivíduo, os seus desejos, as suas emoções, para melhor definir os métodos a aplicar.
Durkheim chama mesmo á psicologia a ciência do indivíduo.
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Mas Durkheim continua a insistir na importância acrescida da sociologia no
apoio prestado á pedagogia. Tanto na escola como na sociedade, as regras, a disciplina,
os castigos e as recompensas são idênticas, ou seja os procedimentos pelos quais uma
funciona serão, em princípio, os mesmos que são utilizados pela outra. Por isso, se
percebermos como funciona a sociedade podemos extrapolar esse conhecimento para as
instituições pedagógicas.
Neste ponto, no estudo do colectivo, a psicologia não terá a mesma utilidade,
dado que é focada no indivíduo.
A orientação do indivíduo vai condicionar os procedimentos da educação, sendo sempre
esta transformada de acordo com as influências de circunstâncias sociais duráveis ou
passageiras. Durkheim exemplifica com a alteração que a educação sofreu quando o
“Renascimento opôs todo um conjunto de métodos novos àqueles que a Idade Média
praticava” (Durkheim 2009:111). Por isso a carácter da educação é sempre apresentado
como respondendo às necessidades sociais, exprimindo ideias e sentimentos colectivos.
É no estudo da sociedade que se podem encontrar os princípios básicos para a
orientação pedagógica. A sociedade é a “fonte da vida educativa” (Durkheim 2009:11
3) e é nessa fonte que devemos beber o conhecimento, as necessidades, as ideias.
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ANÁLISE CRITICA
Ao longo dos vários capítulos torna-se um pouco repetitivo o enumerar dos
objectivos da educação, no papel do educador no atingir desses objectivos e na
importância da sociedade na definição dos objectivos que o processo educativo deve
conter, tendo o leitor, por vezes, a sensação de que já leu o mesmo texto em capítulos
anteriores.
No entanto esta obra de Durkheim parece ter alguns conceitos muito actuais
sobre determinados pontos de vista. Um dos conceitos apresentado pelo autor é o da
existência de um sistema educacional como instituição socializadora das novas gerações
nos valores, regras, comportamentos e normas que caracterizam cada sociedade.
É verdade que todos os indivíduos nascem com capacidades inatas e com
instintos próprios e que a partir do momento do nascimento começa o processo de
socialização. O ser humano, aquando do seu nascimento, poder-se-á comparar a
qualquer animal na natureza, tem apenas os seus instintos e reage às situações de acordo
com esses instintos, é algo que é intrínseco à sua própria natureza.
O processo de socialização está directamente ligado à cultura, à região
geográfica, à classe social em que nos inserimos e a educação faz parte do processo. No
entanto não podemos considerar como principal interveniente apenas o educador
(considero aqui como educador o professor). Devemos atribuir aos pais um papel
primordial na construção daquilo que Durkheim chama o ser social, mas é uma ilusão
pensar que podemos educar os nossos filhos como queremos. Determinadas regras,
normas de comportamento, princípios deverão ser transmitidas obrigatoriamente, quer
se goste quer não se goste, sob pena de o indivíduo não conseguir viver em harmonia na
sociedade em que se integra.
O ser social existe dentro de cada sociedade e age de acordo com aquilo que a
sociedade define como sendo “normal”. Muitos indivíduos fogem àquilo que é
considerado “normal” e são excluídos socialmente dessa sociedade. Mas o que é
considerado “normal”? É tudo aquilo que é socialmente aceitável, são as regras/normas
morais e de conduta que a sociedade ditou que têm que ser seguidas e às quais o
homem, que vive nessa sociedade, tem que se adaptar.
Isto é o que Durkheim considera o poder coercivo da sociedade sobre o homem
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São estas normas/regras que são ensinadas às crianças durante o processo
educativo pelos pais e pelos educadores. Como é que uma criança aprende que, para
comer, não deve usar as mãos mas sim os talheres? É-lhe ensinado que deve proceder
desse modo, no entanto esta norma aplica-se á nossa sociedade mas pode não fazer parte
das regras e normas de conduta de alguns povos indígenas, ou provavelmente na Idade
Média utilizar os talheres era visto como algo pouco “civilizado”. Esta reflexão leva-nos
aos objectivos da educação no espaço e no tempo e em como eles podem divergir
totalmente. Apesar de muitos autores terem opinião oposta, Durkheim considera
precisamente que não pode haver uma única educação universal, mas que cada
educação deverá ser adequada a cada sociedade.
As ideias de Durkheim foram adaptadas, em perspectivas diferentes, por outros
autores. Pode referir-se, a título de exemplo, Talcott Parsons com uma perspectiva de
funcionalismo evolucionista que engloba numa visão macrossociológica diferentes
práticas educativas que são construidas na relação com outras instituições sociais.Tal
como Durkheim, também Parsons considera que o processo educativo tem a dupla
função de manter a integração social e criar um individualismo institucionalizado.
Outros autores, noutras correntes e escolas de pensamento, abordaram a questão
da educação e dos processos educativos. Contemporâneamente, temos autores como
Bourdier, Giddens, Althusser e Habermas, que reificam a educação num “sistema
abstracto de reprodução de uma cultura supostamente predefinida e coerente”(Silva
2002:17).
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BIBLIOGRAFIA
Caria, Telmo Umberto. 1992. “Perspectiva sociológica sobre o conceito de educação e a
diversidade das pedagogias”. Sociologia – Problemas e Práticas Nº 12:171-184
(Caria 1992)
Durkheim, Émile.1984. Sociologia, Educação e Moral. Porto:Rés.
(Durkheim 1984)
Durkheim, Émile. 2009. Educação e Sociologia. Lisboa: Edições70.
(Durkheim 2009)
Silva, Graziela. 2002. “Sociologia e Educação: um debate teórico e empírico sobre
modernidade”. Enfoques v1, n.01:66-117
(Silva 2002)
Sommerman, Américo. 2003. “Formação e desenvolvimento sustentável”. Faculdade de
ciências e tecnologias.
(Sommerman 2003)