recampenizaÇÃo e impÉrios alimentares: conceitos e … · apresenta-se situações no brasil em...

16
DOI: 10.4025/4cih.pphuem.163 RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E CASOS NO BRASIL ATUAL André Souza Martinello O inimigo mais temeroso que ameaça a independência do pequeno proprietário não é o grande proprietário fundiário, seu vizinho, é o industrial ou o negociante que domina o mercado sobre o qual os agricultores devem escoar seus produtos. O capitalismo é comerciante antes de ser produtor. Marc Bloch 1 Introdução Segundo Jan Douwe Van der Ploeg, na Euroupa o desenvolvimento rural se manifesta como uma recampenização, que passa pela reconstituição da organização camponesa. Este é um trabalho que apresenta alguns temas e abordagens do sociólogo rural holandês Jan Douwe Van der Ploeg. Aborda as reformulações conceituais, teóricas e debates acerca do espaço rural, problematizados pelo pesquisador holandês. Apresenta a noção de novos impérios alimentares (temática associada à globalização), para em seguida exemplificar casos brasileiros, do processo recente (História do tempo presente), denominado de Recampenização. A pesquisa foca em um primeiro momento, o domínio exercido por grandes empresas e corporações, que através de práticas de poderes em escalas locais e mundiais, exercem organização e gestão do território em que se instalam. Além de inseridas em um domínio através do mercado, as grandes marcas e empresas (brasileiras ou não) atuam conforme racionalização que impacta negativamente o entorno no qual estão localizadas, ou mais propriamente, no espaço em que se inserem, criam barreiras para outras dinâmicas de uso, acesso e concepção da terra e de práticas de agriculturas e de organização rural não propriamente agroindustrializadas. O segundo momento do artigo aponta ainda como reação ou não aos impérios alimentares, ocorre também migrações de pessoas buscando fixarem e André Souza Martinello, Historiador pela UFSC, licenciado em Geografia pela UDESC. Bolsista Capes, mestrando no Programa Multidisciplinar em Desenvolvimento Rural/PGDR na Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS. Vinculado ao laboratório de Imigração, Migração e História Ambiental/LABIMHA na UFSC: http://www.labimha.ufsc.br/

Upload: trandien

Post on 16-Dec-2018

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

DOI: 10.4025/4cih.pphuem.163

RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E CASOS NO BRASIL ATUAL

André Souza Martinello∗

O inimigo mais temeroso que ameaça a independência do pequeno proprietário

não é o grande proprietário fundiário, seu vizinho, é o industrial ou o negociante que domina o mercado

sobre o qual os agricultores devem escoar seus produtos. O capitalismo é comerciante antes de ser produtor.

Marc Bloch1

Introdução

Segundo Jan Douwe Van der Ploeg, na Euroupa o desenvolvimento rural se manifesta

como uma recampenização, que passa pela reconstituição da organização camponesa. Este é

um trabalho que apresenta alguns temas e abordagens do sociólogo rural holandês Jan Douwe

Van der Ploeg. Aborda as reformulações conceituais, teóricas e debates acerca do espaço

rural, problematizados pelo pesquisador holandês. Apresenta a noção de novos impérios

alimentares (temática associada à globalização), para em seguida exemplificar casos

brasileiros, do processo recente (História do tempo presente), denominado de

Recampenização.

A pesquisa foca em um primeiro momento, o domínio exercido por grandes empresas

e corporações, que através de práticas de poderes em escalas locais e mundiais, exercem

organização e gestão do território em que se instalam. Além de inseridas em um domínio

através do mercado, as grandes marcas e empresas (brasileiras ou não) atuam conforme

racionalização que impacta negativamente o entorno no qual estão localizadas, ou mais

propriamente, no espaço em que se inserem, criam barreiras para outras dinâmicas de uso,

acesso e concepção da terra e de práticas de agriculturas e de organização rural não

propriamente agroindustrializadas. O segundo momento do artigo aponta ainda como reação

ou não aos impérios alimentares, ocorre também migrações de pessoas buscando fixarem e

∗ André Souza Martinello, Historiador pela UFSC, licenciado em Geografia pela UDESC. Bolsista Capes, mestrando no Programa Multidisciplinar em Desenvolvimento Rural/PGDR na Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS. Vinculado ao laboratório de Imigração, Migração e História Ambiental/LABIMHA na UFSC: http://www.labimha.ufsc.br/

Page 2: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3810

estabelecerem padrões de sociabilidade e formas de vida ligadas à produção da terra, a

Recampenização, está, portanto, em forte diálogo com as migrações do urbano ao rural, assim

como às novas ruralidades emergentes, que também se inserem nos movimentos sócio-

ambientais e da busca da melhoria da qualidade de vida no campo, ao mesmo tempo que,

auxiliam na própria reprodução do campesinato e, por isso, movimento legitimadamente

denominado de Recampenização. O tema da re-emergência do campo, do espaço rural e da

sugestão d’O modo de produção camponês revisitado2, parece fazer cada vez mais sentido

também no Brasil.

A proposta desse trabalho, a partir de algumas análises de Van der Ploeg, segue na

intenção de apresentar maneiras das grandes agro-indústrias e marcas de produtos agrícolas de

maneira geral, exercerem controle de produção, circulação e consumo. Em oposição, aborda-

se o processo e escolhas que desencadeiam a Recampenização, associadas algumas vezes, à

noção do fazer local (fair trade). Utilizando observações realizadas por Van de Ploeg, de que a

Recampenização é um processo crescente e importante na Europa, principalmente como

possibilidade de fuga ou maneira de escapar parcialmente de condições adversas, algumas

delas causadas pelas grandes corporações de atuação que passa por micro e macro escalas,

apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por

organizações e pessoas que buscam melhores condições sócio-ambientais para si mesmas

(com apelos natural-ambientalistas), tornam-se exemplos e expressões do fenômeno da

Recampenização, mesmo que ainda timidamente, são formas e possibilidades de distanciar-se

das práticas e tentáculos dos impérios alimentares.

Em anexo ao trabalho, duas reportagens de revistas de circulação nacional, utilizadas

nessa pesquisa como fontes para análise e exemplificação, de maneira a tornar mais claro,

aspectos e realidades tratadas ao longo do texto.

Impérios Alimentares e outros domínios territoriais e de mercado

Na epígrafe do presente trabalho, o historiador francês Marc Bloch nos transmite e

apresenta um “tipo” de capitalista inimigo principal dos pequenos proprietários rurais, é a

oposição do comerciante ao produtor. Segundo Bloch, o grande proprietário, dono de vastas

áreas e latifundiário, não é o inimigo número um dos pequenos proprietários, mas,

principalmente o comercial, o industrial e demais negociantes que em tese obrigam certo tipo

de organização econômica e são os responsáveis pela maneira com que os pequenos

produtores (e também pequenos proprietários de terra) comercializam e circulam a produção,

até chegar ao consumidor. Essa é também, uma forma e noção de interpretar e encarar o

Page 3: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3811

capitalismo e que foi adotado por importante seguidor de Marc Bloch, o também historiador,

Fernand Braudel. Há quem sugira, inclusive, interpretando Braudel, o renomado historiador

da longa duração:

O capitalismo, acredita ele [Braudel], não surge na produção, mas na circulação. Existe capitalismo a partir do momento em que entre compradores e vendedores imediatos interpõe-se um terceiro, o comerciante; e isso é mais especialmente verdadeiro quando o terceiro é um intermediário financeiro, um comerciante de dinheiro – um banqueiro. O lucro capitalista seria, portanto, por natureza, de ordem especulativa. Muito longe de inscrever-se (como pensava Marx) no jogo das equivalências comerciais, ele resulta da capacidade do intermediário capitalista de falsear as regras da troca em seu benefício. Suprima os intermediários, parece dizer Braudel, e você estará suprimindo o capitalismo para deixar apenas o justo mercado. Ou ainda, o verdadeiro mercado só existiria com a ausência dos comerciantes! 3

Assim como Bloch, Braudel é da escola em que o peso do capital (leia-se capitalismo) é

identificado nas trocas e comércios os mais variados.

Trazendo à tona a afirmação de Bloch que abre esse trabalho, e lançando a seguinte

questão: quando os industriais, negociantes e comerciantes de modo geral são também

proprietários de grandes extensões de terras e produzem muitas vezes, ao lado das pequenas

parcelas de terras de sitiantes, camponeses e lavradores? Talvez no capitalismo do tempo de

Bloch, os vizinhos dos pequenos agricultores, eram apenas os grandes proprietários, contudo,

na atualidade, estamos diante de diagnósticos que apresentam aprofundamentos da

concentração da propriedade da terra, e do poder do capital. Quase sempre grandes

corporações que produzem, cultivam a matéria-prima, dominam (por monopólio ou não)

quase totalmente o processo de fabricação (e criação) dos produtos e ainda controlam o acesso

ao mercado consumidor através de diferentes redes que as sustentam e mantém intensa

relação e contato. Ou seja, pode-se falar inclusive de uma concentração e união via capital, do

que antes parecia separado: grandes proprietários de terras e o domínio dos mercados.

Possivelmente, diferente da época em que escreveu Bloch, hoje a principal ameaça aos

pequenos proprietários, são as grandes corporações que podem também dominar vastas

extensões de terras, não se satisfazendo nem só como dominadoras dos mercados, nem como

apenas proprietárias de grandes extensões de terras, mas associando as duas condições. São

esses também que podem ser os “novos vizinhos” dos pequenos proprietários, em uma

“junção” do que para Bloch era separado ou representado por diferentes atores: o dono de

grandes extensões de terra e os grandes negociantes.

O Squeeze on Agriculture4 apresenta os aumentos dos custos da agricultura como valor

total, ou melhor, os custos para que se realize a agricultura vem aumentando no seu valor total

Page 4: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3812

da produção ou da cadeira produtiva. Esse aumento está relacionado a vários fatores, entre

eles, liberalização excessiva (neoliberalismo) em vários setores da economia, incluso o

agrícola, aumento dos impostos e outros encargos etc. O aumento da dificuldade para

realização da agricultura e seu paralelo aumento de custo de produção, facilitaram e

possibilitaram o aumento de poder e controle dos impérios alimentares. Esses impérios são

mais que agroindústrias, mais que os hipermercados, são formas de ordenamento do mundo.

Não são apenas empresas, mas redes monolíticas, ou redes de monopólio que controlam

fluxos e cadeias de produção, circulação e distribuição de alimentos.

Essas redes de monopólios se expandiram muito rapidamente e com grande

centralização de controle formam os impérios que em última instância, atuam na busca da

expansão das formas e maneiras de lucratividade, causando conseqüências dramáticas. Esses

impérios também são algumas vezes, depositários de certas fragilidades, como o exemplo da

Parmalat. Os impérios alimentares organizam e controlam os fluxos, de maneira a possibilitar

grandes lucratividades. Definem e colocam regras de consumo, antes controlam fluxos e

conseqüentemente controlam: Produção, Comércio e Consumo. É controlando o fluxo que

ocorre o controle das demais áreas e setores do domínio imperialista dos alimentos. É preciso

ressaltar que esses impérios não possuem processo de acumulação clássica ou normal, ou

processo de acumulação capitalista, muito pelo contrário, são capitais adquiridos através de

financiamentos, grande parte do crédito disponível no mercado. Controlam também o modo

de organização do mundo: controle denso e rígido para ser aplicado na sua lógica, de maneira

a possibilitar que grande parte do mundo, de diversos setores, áreas e lógicas sejam

racionalizados em beneficiamento aos seus interesses.

Características que devem ser ressaltadas desses impérios: possuem dinâmicas e ações

parasitárias, que se contrapõem à lógica do comércio honesto ou comércio justo: fair trade.

Em segundo, pelas suas ações, buscam eliminar a autonomia do camponês. O esquema

sintetiza e apresenta o que poderia ser configurado como uma relação de centro => periferia

ou metrópole=> colônia, mas que pode estar presente em um mesmo espaço, ou seja, dentro

de uma mesma nação, de uma mesma região, país ou até local e que efetivamente colocado

em prática pelas corporações que se constituíram como impérios alimentares. A representação

abaixo sintetiza essa ação do imperialismo alimentar, das transferências realizadas de capital,

riqueza, exploração, entre outros:

Page 5: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3813

Pode-se afirmar que a agricultura para possuir uma relação mínima bastante

satisfatória e se realizar de uma maneira expressiva ou bem sucedida, precisa estar articulada

em relações de equilíbrio em forma de uma tripla articulação (a Produção Agrícola para se

realizar necessita): Sociedade (ambiente social); Ecossistema (natureza ou ambiente

biológico) e Atores envolvidos no Processo (formas de produzir). A representação dessa tripla

articulação é:

Para que a produção agrícola se efetue da melhor maneira possível é necessário então

um relação entre esses processos envolvidos na produção: a sociedade, os atores e a natureza.

Sendo os atores, importantes contribuintes e configurantes das novas relações sociais com a

natureza, muitas vezes realizada pela inovação de produção agrícola visando maior ética e

respeito ambiental. Assim, a Recampenização torna-se cada vez mais um aspecto do processo

social e características do rural identificado como parte dos novos movimentos sócio-

ambientais de preservação ambiental.

No Brasil não foi difícil perceber, com maior força a partir da década de 1990, a forte

presença de grandes empresas em determinadas regiões e localidades rurais, atuando no

mercado nacional com produção originária das pequenas propriedades. A Parmalat, por

exemplo, instalou pontos ou postos de recolhimento de leite em vários Estados do País.

Muitas vezes, leite originado da agricultura familiar, e das pequenas propriedades produtoras.

No caso do Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, em determinadas regiões, havia

recolhimento nas proximidades de áreas produtoras do campesinato e dessas bacias leiteiras,

Espaço de Pobreza

Espaço de Riqueza

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

SOCIEDADE

NATUREZA ATORES

Page 6: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3814

para depois serem levados para sede de processamento do leite. Carazinho e região de Passo

Fundo eram bancos de processamento e recebimento dos demais pontos de recolhimento de

leite feito pela corporação ou empresa de origem italiana, no Norte do Rio Grande do Sul.

Esse caso é ilustrativo desse aspecto de uma grande marca de alimentos (agro-indústria)

adquirir a produção de pequenos produtores (e produzir efetivamente a marca) de maneira

muito próxima e semelhante ao processo de “integração” que as “multinacionais brasileiras”,

como agora as unificadas Sadia e Perdigão, implantaram desde a década de 1970 no sul do

País, e ainda se percebe com produtores de Fumo, caso da Souza Cruz, por exemplo.

Mas exemplos de grandes marcas e empresas proprietárias de vastas áreas de terras e

dominadoras de mercados consumidores, poderíamos também referir, frigoríficos diversos,

bem como, indústrias dos citros, especializadas em laranja, como ocorre no interior do Estado

de São Paulo, assim como em outras regiões do país, as indústrias de congelados e pecuária

de corte. Porém, um exemplo nosso mais próximo, encontra-se no meio-oeste do Estado de

Santa Catarina. Estado que a partir das décadas de 1960, 1970 e principalmente 1980, torna-se

pujante produtor de maçã no Brasil. As grandes fazendas e latifúndios monocultores de maçã

localizam-se no município de Fraiburgo, principalmente, sendo suas marcas as que dominam

fatias importantes e consideráveis do mercado nacional dessa fruta, bem como exportam na

entressafra européia algumas variedades e suco da maçã in natura. Destacam-se das gigantes,

entre outras, Fischer, Agropel, Renar.

Alguns pequenos e médios proprietários na região, inclusive produtores assentados em

lotes de reforma agrária realizada pelo governo federal, organizam-se em cooperativas e

filiam-se em associações de maneira a não permanecerem totalmente dependentes e atrelados

aos preços das grandes firmas da maçã locais (sejam elas brasileiras ou trans-nacionais),

podendo optar pela venda do que produzem às grandes empresas ou em suas cooperativas,

escolhendo assim o preço de mercado que mais lhes convém. Não significa que essa estratégia

ainda não livre os pequenos produtores (muitas vezes chamados de fruticultores) da condição

de subordina ao mercado, de que aponta como inimigo da independência do pequeno

proprietário Marc Bloch, na epígrafe que abre esse trabalho.

Recampenização

Quando aborda o tema, Van der Ploeg5 afirma na nota número 43 que o processo de

Recampenização se apresenta no Brasil e no México de maneira modesta. Afirma antes disso,

porém, que o MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem Terra) brasileiro é um ótimo

exemplo de Recampenização, na medida em que aumenta quantitativamente o número de

Page 7: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3815

camponeses com acesso – mesmo que precário – a terra. Nesse conceito elaborado por Plog,

Recampenização é em síntese: o fluxo de pessoas para a vida camponesa, vindos de outras

organizações sociais e condições de trabalho, tornam-se camponeses quando fixados no

espaço rural para adquirirem ou produzirem alimentos, seja para auto-consumo ou

comercialização. Qualitativamente novas identidades e personagens passam a ser

identificados como camponeses; quantitativamente: ocorre o aumento do número desses

camponeses. Segundo Ploeg:

Evidentemente, o processo de recampenização a que me refiro não se confunde, de forma alguma, com um mero “retorno ao passado”. Trata-se, ao contrário, de uma ativa reconstituição de relações e elementos (velhos e novos, materiais e simbólicos) que ajudam a encarar o mundo moderno, mas em muitos aspectos grosseiro e cruel, de forma mais adequada e atrativa.6

Parece ser um pouco mais complexo e difícil tentar encontrar o momento e tempo

histórico em que nasce, ou melhor, renasce e emerge a vida rural nas condições que podem

ser inscritas no processo de Recampenização. Não é intenção desse trabalho historicizar ou

encontrar as origens desse movimento no Brasil. Mas sim, a partir de noticias de revistas de

circulação nacional – uma reportagem referente a jovens que largaram a vida na cidade em

direção ao campo (ver anexo) – tentar apontar elementos que possam caracterizar e identificar

elementos de uma Recampenização.

Na edição de 10 de novembro de 1980, a revista Visão trazia na sua seção

comportamento, uma reportagem de duas páginas assim intitulada: “Comunidades. Migração

às avessas. Cansados da vida na cidade, jovens profissionais vão ao campo”. Essa notícia

veiculada mais de duas décadas atrás, apresentava situações quase pontuais e isoladas (mais

que pareciam pipocar pelo Brasil afora) de corajosos jovens que retornavam ao campo com

objetivos, entre outros, de produzir seus próprios alimentos de maneira saudável: “O grande

apelo das 66 comunidades rurais que já funcionam no Brasil – repetindo fenômeno

semelhante dos anos 60 e 70 nos EUA e Europa – é a vida saudável do campo.”7 (negritos

meus) A revista também afirmava que, embora entre os novos jovens rurais houvesse apego à

natureza e aos valores místicos que o faziam optar pela vida campestre, “ao que parecem os

principais argumentos que justificam a troca [cidade p/ campo] são de ordens econômicas.”8

Quais os perfis, o que diziam e quem eram as pessoas apontadas ou descritas pela

reportagem que retornavam ao campo, formando inclusive novas comunidades e maneiras de

viver (e consumir) a ruralidade? Que atores atuavam (de que maneira?) na reconstituição das

relações que permitem relacionar ao que afirmou Plog sobre a Recampenização. Aponta a

Page 8: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3816

reportagem publicada em 1980 os seguintes perfis: seguidores da dieta macrobiótica;

praticantes de terapias alternativas; universitários ou ex-estudantes; agrônomos em busca da

prática da agricultura orgânica; pessoas dispostas a viver e vivenciar o cotidiano em

comunidade e de modo geral, quem estivesse disposto a puxar a enxada.

Naquele atual longínquo início de década, que seria chamada de década perdida, a

reportagem entendia o “retorno” ao campo, ou melhor, a ida pela primeira vez à moradia no

espaço rural por gerações nascidas urbanas, como também resultado de certa facilidade pelo

baixo preço da terra que caracterizava o período de então: “Há também a considerar que o

êxodo rural deixou terras relativamente baratas para serem adquiridas. E provocou a falta de

braços para a lavoura.”9 Em certo sentido, aquela Recampenização que se iniciava na década

de 1980, ou pelo menos parecia tornar-se mais visível por essa época, configurava ruptura e

contraste a forte descampenização das décadas anteriores, particularmente a de 1970 no

Brasil. Se a cidade parecia ser vista pelas pessoas que agora a abandonavam, como sinônimo

de caos, urbano como sendo: lugar nervoso, tempo corrido da vida agitada, quando se mudam

para o campo as preocupações da cidade alteram-se e surgem outras, apontava a revista Visão:

“A grande preocupação de todos é com a horta, adubada com esterco, e uma pequena

plantação de arroz, feijão e milho, fertilizada com calcário.”10 É possível dizer então, que é

também a possibilidade e momento em que as energias e preocupações estão voltadas para

questões que não estavam necessariamente presentes em outros espaços (como o urbano),

conseqüências de que a reportagem da revista de circulação nacional denominou de

“Migrações às avessas” referência ao forte êxodo rural no Brasil na segunda metade do século

XX.

Vale lembrar aqui, o paralelo com a Holanda. Segundo Ploeg, jovens tem se deslocado

da cidade para tornarem-se protetores da paisagem, essa migração e Recampenização parece

configurar-se na Holanda como uma questão ambiental, de proteção à natureza, ênfase ou

problemática muito mais forte do que tem ocorrido no Brasil. As ocupações rurais não

agrícolas (ORNA), bem como outros elementos do novo rural brasileiro parecem estar

associados e bastante próximos à Recampenização no Brasil, o que pode diferenciar da

Holanda, pois em nosso País, o [trabalho] rural não agrícola torna-se também possibilidade,

medida e forma de evitar a pobreza rural, bem como condições baixas de reprodução social. O

que nos países da Europa pode parecer opção de vida e mesmo prática de consciência

ambiental é muitas vezes no Brasil, uma necessidade e maneira de integrar e inserir-se na

organização produtiva. Casos como a multifuncionalidade e pluriatividade do meio rural,

podem ser formas importantes de obter-se renda não disponíveis apenas na limitada produção

Page 9: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3817

agrícola, ou seja, na prática significa a existência de trabalho e emprego no rural, não

necessariamente agrícola. A pobreza rural e até mesmo a fome não parecem ser temas tão

graves em se tratando de Países não subdesenvolvidos ou emergentes, como no caso da

Holanda. Com isso, quer-se apenas enfatizar que em termos conceituais, parece mesmo

importante diferenciar a Recampenização pelas condições sociais e sócio-econômicas dos

diferentes países, assim como a própria formação social particular, o que diferencia o Brasil

da Holanda.

E internamente, no que se refere às pessoas que foram morar no campo, segundo a

reportem descrita de novembro de 1980, parece ser uma classe média não totalmente excluída

das condições sociais (e de origem urbano inclusive), que caracterizam parte dos segmentos

do mais recente processo de Recampenização, caso do MST, por exemplo.

As teorias mais recentes que buscam interpretar as mudanças do que vem ocorrendo

no mundo (espaço) rural ainda se encontram em estado de gestação, ou nas palavras de Ploeg,

em plena construção. Contudo, não se deve esquecer nem abrir mão de conceitos e

formulações teóricas já realizadas, inclusive, clássicas no que se refere à Sociologia,

particularmente a Sociologia Rural. Campesinato, por exemplo, há possibilidades de re-

localizar o conceito, principalmente devido às novos problemas e questões emergentes que re-

atualizam a sua importância. Por que permanece ou deve-se reavaliar maneiras de utilização

do conceito de camponês? Diz Ploeg, principalmente pela emergência de uma resposta de

autonomia por parte do agricultor, necessidade de manter-se autônomo, torna um grupo social

bastante identificado e relacionado à categoria e noção de camponês.

Pode parecer uma mentira, afirma Van der Ploeg, ou um exagero constatar a

emergência e permanência de camponeses na globalização da modernidade do início do

século XXI, mas a presença e justamente existência de camponeses significa uma resposta aos

processos mais gerais que ocorrem na atualidade. É em resposta aos domínios do que Ploeg

chama de impérios alimentares, que se percebe a retomada da força do campesinato e das

existências do camponês, sob uma nova roupagem. Na modernidade mundo ou na Pós-

modernidade, há ainda muitos mais camponeses do que se imagina e pensa, é não apenas uma

falácia, mas um mito considerar que no coração do capitalismo não exista mais camponeses,

assim como novas dinâmicas sócio-demográficas apontam fenômenos recentes de novos

habitantes e produtores no espaço rural, também em nações na periferia do sistema capitalista,

caso do Brasil.

Page 10: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3818

Considerações finais

Na década de 1990, o impulso da Recampenização e mesmo consolidação da geração

que iniciou o retorno do urbano ao rural, tornou mais visível com a ampliação de

consumidores na busca por produtos e alimentos ecológicos. Em reportagem de 02 de agosto

de 1995, a Istoé, revista de circulação nacional, apontava exemplo que se tornava bem

sucedido no Rio Grande do Sul, em reportagem sobre “Alternativos”, intitulada: “Gaúchos

naturebas. Feira de produtos naturais, dieta macrobiótica e agricultores ecológicos na terra do

churrasco”.

O texto da revista, apontava o final da década de 1970 como momento de organização

e implementação da criação de cooperativa de produtores de alimentos orgânicos, anunciando

existência de uma recente tradição ecológica: “Esta curiosa vocação gaúcha para o

naturalismo se materializou em 1978 em uma cooperativa de produtores de alimentos que

dispensam o uso de agrotóxicos e outras substâncias que não sejam religiosamente naturais –

por exemplo, açúcar refinado.”11 Continua o texto jornalístico de Istoé, demonstrando as

peculiaridades e o surgimento da cooperativa gaúcha: “Misturando o conceito espontâneo de

preservação ambiental com alimentação sadia, a Coolméia – nome original de batismo da

instituição – conta com entreposto, lanchonete e restaurante no tradicional bairro do

Bonfim.”12

Talvez se poderia argumentar, a respeito da análise da organização para surgimento

dessa feira agroecológica, tratar-se de um exemplo ou constatação do caráter urbano da

comercialização desses alimentos, afinal, aponta a revista em 1995: “Para materializar o

conceito difundido desde o início da cooperativa, a Coolméia faz realizar aos sábados, diante

de sua sede, uma feira de legumes e verduras absolutamente sem agrotóxicos.” Isso significa

que o urbano contribui de certa maneira também para a existência e reprodução do

campesinato produtor ecológico; afinal origem e procedência do que é comercializado nessa

feira está em um rural que se pretende orgânico. Ainda segundo a revista Istoé, encontra-se

uma dinâmica de agricultura e consumo que escapa frontalmente ao que denominaríamos

impérios alimentares, assim como também resignifica e fortalece a Recampenização, basta

enfatizar o sucesso da feira, o crescimento do número de produtores participantes e também

do consumo: “No início, em 1989, eram apenas dez produtores. Em seis anos, os participantes

se multiplicaram para 200. O sucesso é tanto que a feira já deu até cria: no mesmo dia, mais

uma centena de barracas orgânicas é montada no bairro do Menino Deus.”13

Page 11: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3819

Uma das primeiras conclusões que se deve tirar está em apontar que mesmo a estrutura

não sendo favorável e até mesmo hostil a presença e reprodução do campesinato, os impérios

alimentares tem seu poder limitado e afetado quando consumidores resolvem o que, como e

quando consomem, decidindo sobre diferentes maneiras de acessar os alimentos que

consideram mais saudáveis. A aproximação e união de consumidores e produtores, tende a

fortalecer a ambos. Sem esquecer que nesse processo, consumidor e produtor de alimentos

orgânicos pode ser por vezes, o mesmo ator. Trata-se também de uma agricultura de

subsistência.

A segunda constatação é de que não se trata de pensar uma possível eliminação do

rural ou da vida e da produção no campo. Justamente pelo contrário, a agricultura e o espaço

rural não devem receber análises pelo espelho retrovisor de um carro em alta velocidade,

como se fossem condições passadas ou que estão em caminho de extinção. Já apontou José

Eli da Veiga “[...] a visão de uma inelutável marcha para a urbanização como única via de

desenvolvimento do campo só pode ser considerada plausível por quem desconhece a imensa

diversidade que caracteriza as relações entre espaços rurais e urbanos dos países que mais se

desenvolveram.”14

Assim, a capacidade de agenciamento de pequenos produtores, camponeses ou da

pequena agricultura não deve ser subestimada, assim como o desempenho que possam resultar

das escolhas que as pessoas fazem enquanto consumidoras. A transição para uma sociedade

ecológica de cunho sócio-ambiental sustentável, é cada vez mais colocada em prática por

consumidores que optam por minimizarem seus impactos ambientais e que possuem

consciência de proteção ambiental, associado a isso e também a emergência de uma vida no

campo e de produção agrícola também menos predatória do ambiente natural. Ainda que visto

como algo exótico e revestido com preconceitos, o retorno ao rural não deve ser desprezado

ou estereotipado. As vontades de jovens constituírem comunidades e implementarem formas

de vida e trabalho simultaneamente praticando à proteção ambiental, devem não ser apenas

estímulos por parte de cientistas, de governos e planejadores, diminuindo o espaço hostil que

causa, entre outros, os impérios alimentares, para essa re-emergência do rural.

A Recampenização não é o retorno romântico a vida no campo, afinal, como

historiadores muito bem enfatizam, a volta ao passado é apenas um mito, estamos diante de

um novo processo e para compreendê-lo deve se estender as concepções que se tem do rural,

de camponeses e da própria agricultura. Para exemplificar esse caráter que para nós é exemplo

denso da Recampenização, finaliza-se esse artigo, com reportagem da Revista Istoé, no qual

descreve parte do processo de constituição de uma feira agroecológica e a produção de

Page 12: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3820

alimentos por agricultores ecológicos. Nesse encontro do consumidor que busca alimentos

ecológicos e do produtor rural ecologista, os impérios alimentares não tem vez:

A idéia de plantar sem veneno partiu de um grupo de agricultores da região de Antônio Prado e Ipê, na serra gaúcha. “Muita gente ficava doente e nós não sabíamos muito bem o por quê”, explica Itair Vigolo, um dos pioneiros da agricultura ecológica no Estado. Como coordenador da pastoral local, começou a promover discussões sobre o tema e concluiu, junto com os vizinhos, que o problema estava sendo causado pelo abuso de agrotóxicos. Foi o primeiro passo para a fundação da Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado. O custo da agricultura ecológica é de 50% inferior ao da convencional. “Não gasto com veneno e quase não tenho refugo”, exulta o engenheiro agrônomo Floriano Isolan. Os consumidores também aplaudem. “A verdura daqui é mais gostosa”, afirma a dona de casa Ingracia Santos.15

Notas 1 BLOCH, Marc. A terra e seus homens: Agricultura e vida rural nos séculos XVII e XVIII. Tradução de Ikla Stern Cohen. Bauru (SP): EDUSC, 2001. p.430. 2 Título do capítulo de autoria de PLOEG, Jan Douwe Van der. No livro: SCHNEIDER, Sérgio. A diversidade da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. pp. 13-54. 3 CAILLÉ, Alain. “A dominância do mercado”. In: AYMARD, Maurice [el. Al]. Ler Braudel. Tradução Beatriz Sidou. Campinas(SP): Papirus, 1989. pp.97-135. [citação pp.102-103]. 4 “[...] a população agrícola é confrontada com um squeeze da agricultura cada vez maior. Os preços estagnam, os custos disparam e muitas famílias agrícolas são empurradas para uma condição de marginalidade. É intrigante, pelo menos à primeira vista, que nesse panorama segmentos cada vez maiores da população agrícola na Europa estejam se reconstruindo como camponeses. Esses grupos enfrentam e lutam contra a condição de marginalidade que lhes é imposta por meio da criação de novas respostas, as quais diferem claramente das prescrições e da lógica do Império.” PLOEG, Jan Douwe Van der. Camponeses e impérios alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. p.08. 5 PLOEG, Jan Douwe Van der. “O modo de produção camponês revisitado”. In: SCHNEIDER, Sérgio. A diversidade da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. pp. 13-54. citação pág. 45. 6 PLOEG, Jan Douwe Van der. “O modo de produção camponês revisitado”. Op.cit, p.47. 7 Revista Visão, 10 de novembro de 1980 p.44 e 45 (comportamento). “Comunidades. Migração às avessas. Cansados da vida na cidade, jovens profissionais vão ao campo.” 8 Ibidem. 9 Ibidem 10 Ibidem. 11 Revista Istoé, 02 de agosto de 1995 (nº1348), p.83 (alternativos). “Gaúchos naturebas. Feira de produtos naturais, dieta macrobiótica e agricultores ecológicos na terra do churrasco.” 12 Ibidem. 13 Ibidem. 14 VEIGA, José Eli da. A face rural do desenvolvimento: natureza, território e agricultura. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS, 2000. p.160. 15 Revista Istoé, 02 de agosto de 1995 (nº1348), p.83 (alternativos). Op.cit.

Page 13: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3821

Referências

ABRAMOVAY, Ricardo. O futuro das Regiões Rurais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. BLOCH, Marc. A terra e seus homens: Agricultura e vida rural nos séculos XVII e XVIII. Tradução de Ikla Stern Cohen. Bauru (SP): EDUSC, 2001. CAILLÉ, Alain. “A dominância do mercado”. In: AYMARD, Maurice [el. Al]. Ler Braudel. Tradução Beatriz Sidou. Campinas(SP): Papirus, 1989. pp.97-135. CAMPANHOLA, Clayton; SILVA, José Graziano da. (org). O novo rural brasileiro: novas ruralidades e urbanização. Volume 07. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. SCHNEIDER, Sérgio. A diversidade da agricultura familiar. Porto Alegre: editora da UFRGS, 2006. PLOEG, Jan Douwe Van der. Camponeses e impérios alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. PLOEG, Jan Douwe Van der. “O modo de produção camponês revisitado”. In: SCHNEIDER, Sérgio. A diversidade da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. pp. 13-54. VEIGA, José Eli da. A face rural do desenvolvimento: natureza, território e agricultura. Porto Alegre: Ed da Universidade/UFRGS, 2000. Revista Visão, 10 de novembro de 1980 pp.44 e 45 (comportamento). “Comunidades. Migração às avessas. Cansados da vida na cidade, jovens profissionais vão ao campo.” Revista Istoé, 02 de agosto de 1995 (nº1348) p.83 (alternativos). “Gaúchos naturebas. Feira de produtos, dieta macrobiótica e agricultores ecológicos na terra do churrasco.”

Page 14: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3822

Page 15: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3823

Page 16: RECAMPENIZAÇÃO E IMPÉRIOS ALIMENTARES: CONCEITOS E … · apresenta-se situações no Brasil em que novos meios de vidas colocados em prática, por organizações e pessoas que

3824