impérios antigos - da mesopotâmia à origem do islã

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Impérios Antigos - Da Mesopotâmia à Origem do Islã

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IMPÉRIOS ANTIGOS

Da Mesopotâmia à Origem do Islã

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IMPÉRIOS ANTIGOS

Da Mesopotâmia à Origem do Islã

Eric H. Cline Universidade George Washington

Mark W. GrahamFaculdade de Grove City

Tradução:Getulio Schanoski Jr.

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Dedicado às nossas famílias, nossos alunos passados, presentes e futuros, e a todas as turmas de alunos IHUM (cursos de Ciências Humanas).

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AgrAdecimentos

A ideia para este livro surgiu no programa dinâmico e inovador da Introdução às Ciências Humanas (IHUM) da Universidade de Stanford em que ambos os autores lecionaram. Quaisquer

semelhanças entre este texto e aquele ensinado à equipe do curso de Antigos Impérios do outro programa – inicialmente elaborado por Ian Morris e Jennifer Trimble – não são, de forma alguma, “meras coincidências”, principalmente se considerarmos que Ian Morris nos ofereceu sua gentil contribuição e entusiasmo para este projeto des-de o início. Outros ex-colegas IHUM da equipe docente de Antigos Impérios, em especial Emma Blake, Maura Heyn e Cindy Nimchuk, também poderão sentir sua influência, respectivamente, em partes das primeiras seções a respeito do Mediterrâneo ocidental, do império palmirense e dos aquemênidas do texto atual. Uma Doação Nacional para o Seminário de Verão de Ciências Humanas na Universidade de Chicago intitulada “Cultura e Comunicação no Mundo Islâmico Pré--Moderno” inspirou o Capítulo Catorze.

Chuck Dunn foi o primeiro a sugerir que o curso do Antigo Mundo na Faculdade de Grove City, em linhas gerais baseado em Antigos Im-périos, fosse transformado em um livro didático e, desde então, diversas outras pessoas ajudaram no desenvolvimento da ideia básica deste livro. A sólida orientação editorial de Beatrice Rehl durante todo o tempo foi indispensável, assim como as críticas feitas por dois grupos de excelen-tes revisores anônimos. Vários amigos e colegas também leram e co-mentaram de forma criteriosa alguns rascunhos de capítulos, incluindo Fred Donner, Iain Duguid, Steven L. Jones e David Michelson.

Os dois autores contribuíram com a ideia e a forma final do siste-ma de apresentação do livro desde o princípio. A pesquisa inicial, bem como a redação de cada capítulo, foi então realizada por Graham, com Cline posteriormente sendo incumbido de editar e harmonizar com ma-estria o texto final. Stephen Morrison e Andrew Welton proporcionaram um auxílio de pesquisa de primeira classe na Faculdade de Grove City,

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ImpérIos AntIgos8

com Andrew à frente da parte inicial do desenvolvimento do projeto e Stephen tendo assumido o projeto quando este já estava próximo de sua execução final, incluindo o preparo do Índice. Um grupo extra de alunos da Faculdade de Grove City aceitou a tarefa de realizar a pri-meira leitura do manuscrito, sendo que as respostas desses estudantes ainda não formados acabaram se tornando de grande utilidade: Pierce Babirak, Christina Corrin, Emma Finney, Jordan Mihalik e Abigail Morrison. Outro grupo de alunos auxiliou com ilustrações e proces-sos de direitos autorais, além de contribuir com uma assistência edi-torial: Carolyn Augspurger, John Hayward, Matthew Koval, Elizabeth Mubarek e Jonathan Riddle. O Fundo Calderwood da Faculdade de Grove City ajudou com o apoio do trabalho desses alunos, ao que os autores desejam registrar sua grande gratidão.

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Índice

Introdução – O que é um (Antigo) Império? . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19Definição de império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21Império, reação e resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26Impérios, antigos e modernos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27Perguntas, perguntas, perguntas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

Capítulo 1 – Prelúdio à Era dos Antigos Impérios . . . . . . . . . . . . . . .30O surgimento do império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31Entre Amarna e Kadesh: Realpolitik, o estilo de governo da força da Idade do Bronze . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45Colapso do sistema internacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

Capítulo 2 – A Origem da Era dos Antigos Impérios . . . . . . . . . . . . .56As passagens do tempo histórico e a origem da Era dos Antigos Impérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57Mudanças climáticas e o nascimento de uma nova era . . . . . . . . . .60O renascimento dos neoassírios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61A lógica do domínio assírio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66O fim do domínio assírio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79

Capítulo 3 – A Relação com os Impérios: Variedades de Reações . . . . . 82Formação do Estado secundário: Urartu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83Coalizão e colapso: a Síria e seus vizinhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90Renascimento do comércio leste ocidental: os fenícios/canaanitas . . . 95Conflito e pacto: Israel e Judá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101

Capítulo 4 – Além do Oriente Próximo: os Impérios Neobabilônicos e os Antigos Persas Aquemênidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110

A ascensão (e queda) do Império Neobabilônico . . . . . . . . . . . . .111Analisando o passado e o futuro: o domínio neobabilônico em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115Interlúdio: o Povo do Livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .120O enigmático Nabonido e a conquista persa . . . . . . . . . . . . . . . . .121O advento do império multiculturalista: os persas aquemênidas . .124

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A pragmática de um império multicultural . . . . . . . . . . . . . . . . . .130Reagindo ao império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133

Capítulo 5 – O Cadinho da História: o Oriente Encontra o Ocidente . . 136A expansão grega e o nascimento da pólis . . . . . . . . . . . . . . . . . .141A revolução intelectual jônica e os limites da tolerância persa . . .147O cadinho da história . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .152A guerra greco-pérsica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .154Poslúdio: Oriente, Ocidente e orientalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . .161

Capítulo 6 – Democracia e Império Entre Atenas e Alexandre . . . .163Uma era de ouro (em Atenas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166Uma democracia pode reger um império? A Guerra do Peloponeso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173O império contra-ataca: Alexandre, o Grande . . . . . . . . . . . . . . . .182

Capítulo 7 – Impérios “Conquistados por Lanças”: a Síntese Helenística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .190

Os “jogos fúnebres” de Alexandre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191A síntese IEMP helenística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195O império e a cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .202O indivíduo e o mundo helenístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .206Resistência e revolta: os maurianos e os macabeus . . . . . . . . . . . .210

Capítulo 8 – O Mediterrâneo Ocidental e a Ascensão de Roma . . . .218O cenário do Mediterrâneo ocidental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .222Os primórdios romanos: dentro e fora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .227As raízes do imperialismo romano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .236

Capítulo 9 – Imperium Sine Fine: o Imperialismo Romano e o Fim da Antiga Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .248

Roma versus Cartago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .249Symploké: Roma e o Oriente helenístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .254A república tardia e o fim da antiga ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . .263

Capítulo 10 – A Nova Ordem Política: as Bases do Principado . . . .275Sr. IEMP: Otaviano/Augusto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277Pax Romana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .288Dentro da arena: um microcosmo da sociedade imperial no principado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .292Os “bárbaros” sob os olhares romanos: os romanos encontram “os outros” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .296

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ÍndIce 11

Capítulo 11 – Governando e Resistindo ao Império Romano . . . . .301O poder e as províncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303O culto imperial e o governo romano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .311Resistindo ao governo romano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .316

Capítulo 12 – Crise e Recuperação Imperial . . . . . . . . . . . . . . . . . .327A “crise do século III” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .328O advento do Cristianismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .338O dominato: o Cosmos restaurado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .346

Capítulo 13 – Impérios Universais e suas Periferias na Antiguidade Tardia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .359

O universalismo político e religioso romano . . . . . . . . . . . . . . . . .361A renovatio: Bizâncio, a nova roma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .367A origem do império pérsico sassânida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .373Política, resistência e heterodoxias nas periferias dos impérios. . .379

Capítulo 14 – A Formação do Império Mundial Islâmico . . . . . . . .388O confronto dos impérios e o fim do (antigo) mundo . . . . . . . . . .390Os árabes e o advento do Islã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .395Os omíadas: o primeiro império islâmico (e o último antigo) . . . .403

Índice Remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .414Leituras Adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .437

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ilustrAções

I.1. Estátua de Udjahorresne ........................................................ 20

I.2. Vaso Chigi: Detalhe de hoplitas, oenochoe (jarro de vinho) de Corinto ............................................................................... 24

1.1. Mapa da Idade do Bronze ...................................................... 33

1.2. Templo zigurate, Agargouf, Iraque ........................................ 36

1.3. Epitáfio de pedra da Vitória de Naram-Sin ............................ 39

1.4. Paleta de Narmer. ................................................................... 41

1.5. Pirâmide da Etapa de Djoser/Zoser ........................................ 42

1.6. Pirâmide Curvada de Sneferu em Dahshur ............................ 42

1.7. Pirâmides de Guizé ................................................................ 43

1.8. Templo funerário de Ramsés II em Abu Simbel .................... 47

1.9. Complexo elamita .................................................................. 49

1.10. Akhenaton, Nefertiti e seus filhos abençoados por Aton ....... 51

1.11. Guerreiros lutando a bordo de navios: batalha naval contra os Povos do Mar ..................................................................... 54

2.1. Mapa do império neoassírio ................................................... 63

2.2. Tiglate-pileser III atacando uma cidade com um aríete ......... 64

2.3. Torre com defensores. Assírios atacam a cidade judaica fortificada de Laquis .............................................................. 65

2.4. Guerreiros assírios empalando prisioneiros judeus após conquistar a fortaleza judaica de Laquis ................................ 68

2.5. Um harpista nos jardins de Senaqueribe ................................ 69

2.6. Marcha triunfal de Assurnasirpal, com Assur acima ............. 71

2.7. Soldados assírios .................................................................... 71

2.8. Armas de cerco ...................................................................... 72

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ImpérIos AntIgos14

2.9. Painéis em alto-relevo ............................................................ 77

3.1. Mapa de Urartu ...................................................................... 85

3.1. (continuação) .......................................................................... 86

3.2. Faixa de bronze dos portões do palácio de Salmanasar III .... 87

3.3. Modelo de bronze da muralha de uma cidade. Da Turquia, Urartiana ................................................................................ 89

3.4. Capacete pontiagudo de bronze. Urartiano ............................ 91

3.5. Pedra orthostat mostrando um cavaleiro arameu ................... 93

3.6. Rei Hazael de Damasco emoldurado por uma flor de lótus ... 95

3.7. Ilha de Arvad na costa libanesa .............................................. 99

3.8. Os portões de madeira de Salmanasar III com faixas de decoração em alto-relevo em bronze.................................... 100

3.9. Jeú, rei de Israel, ajoelhado diante do rei Salmanasar III da Assíria .................................................................................. 105

3.10. O Prisma de Taylor, neoassírio, de Nínive ........................... 107

4.1. Estela de Nabonido, dinastia neobabilônica ........................ 114

4.2. O Portal de Ishtar, construído durante o reinado de Nabucodonosor II................................................................. 116

4.3. Cilindro de Nabonido ........................................................... 122

4.4. Mapa do império persa aquemênida .................................... 127

4.4. (continuação) ........................................................................ 128

4.5. Inscrição de Behistun ........................................................... 129

4.6. Tumba de Dario II ................................................................ 130

4.7. Procissão de coletores de impostos ...................................... 132

4.8. Salão de recepção “Apadana”, alto-relevo de pagadores de impostos ............................................................................... 134

5.1. Continente grego e mapa egeu ............................................. 139

5.1. (continuação) ........................................................................ 140

5.2. Tigela com um desenho de pétalas radiantes, dos frígios .... 141

5.3. Kouros (estátua) de Súnion .................................................. 142

5.4. Pintor Oltos (fl. c. 525-500 a.C.) hoplita .............................. 145

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IlustrAções 15

5.5. Busto de Pitágoras ................................................................ 150

5.6. Monte ateniense (Soros), Maratona ..................................... 157

5.7. Monumento de Leônidas, Termópilas .................................. 159

6.1. Pintor de Eufileto ................................................................. 166

6.2. Partenon ............................................................................... 169

6.3. Busto de Eurípides ............................................................... 171

6.4. Bodhisattva Maitreya em pé (Buda do Futuro) .................... 185

6.5. A Batalha de Issus [ou Batalha do Isso] (Batalha de Alexandre), mosaico ............................................................ 187

7.1. Mapa do mundo helenista .................................................... 196

7.2. Tetradracma de Seleuco I ..................................................... 197

7.3. Detalhe de Ptolomeu III Euergetes I e a deusa .................... 199

7.4. Moeda bactriana ................................................................... 203

7.5. Faros de Alexandria (reconstrução após o tempo de Adler) ... 204

7.6. Busto do filósofo Zenão de Cítio ......................................... 209

7.7. Um mapa da dinastia mauriana ............................................ 213

7.8. Antíoco IV Epifanes ............................................................ 215

8.1. Mapa do Mediterrâneo Ocidental ........................................ 219

8.1. (continuação) ........................................................................ 220

8.2. Vista ao sul para Cartago de Sidi Bou Saïd ......................... 223

8.3. Monumento Dougga com decoração do Oriente Próximo ..... 225

8.4. Escoadouro do Rio Tibre, o canal de água do Fórum Romano; Cloaca Máxima .................................................... 228

8.5. Templo etrusco ..................................................................... 229

8.6. Estátua de bronze conhecida como “Lupa Capitolina” retratando uma loba amamentando os gêmeos romanos Rômulo e Remo ................................................................... 231

8.7. Tumba de Lúcio Cornélio Cipião ......................................... 238

8.8. Mapa do progresso da força romana na Itália ...................... 243

8.9. Centuriação .......................................................................... 245

8.10. Caminho romano em Óstia .................................................. 246

Page 13: Impérios Antigos - Da Mesopotâmia à Origem do Islã

ImpérIos AntIgos16

8.11. Plano municipal romano ...................................................... 246

9.1. A primeira moeda de prata de Roma ................................... 250

9.2. A reconstrução do porto de Cartago .................................... 252

9.3. Baal-Tanit, a principal deusa cartaginesa na época das Guerras Púnicas ................................................................... 255

9.4. Maison Carrée, templo romano no estilo grego ................... 261

9.5. General de Tívoli .................................................................. 262

9.6. Homem romano segurando bustos de seus ancestrais ......... 264

9.7. Júlio César, cabeça de mármore ........................................... 272

10.1. O mundo romano no tempo de Augusto .............................. 278

10.1. (continuação) ........................................................................ 279

10.2. Ara Pacis do imperador Augusto ......................................... 285

10.3. Ara Pacis – detalhe da procissão da família de Augusto ..... 286

10.4. Lar de Cupido e Psique ........................................................ 290

10.5. Tricapitol de Sbeitla; um exemplo de sincretismo da cultura romana e local ...................................................................... 291

10.6. Anfiteatro El Jem ................................................................. 292

10.7. Gladiador de Éfeso ............................................................... 293

10.8. Esquema de assentos do anfiteatro ....................................... 294

10.9. Moeda stater de ouro do líder “bárbaro” Vercingetórix (verso) ............................................................................ 296

11.1. Moeda de bronze da cidade de Alexandria, reinado do imperador Adriano, 134/135 d.C. ........................................ 309

11.2. Casa de banho romana, Bath, Inglaterra .............................. 310

11.3. Casas de banho antonianas, Cartago .................................... 311

11.4. Aqueduto Zaghouan, Tunísia ............................................... 312

11.5. Retratos funerais dos filhos de Aline de Hawara, Fayum Oasis, Egito .......................................................................... 313

11.6. Mosaico do cavalo com os gêmeos, Cartago ....................... 314

11.7. Estátua de Boadicéa, Londres .............................................. 319

11.8. Moeda de Tito com um prisioneiro judeu. Desenho linear de Andrew Welton .................................................................... 321

Page 14: Impérios Antigos - Da Mesopotâmia à Origem do Islã

IlustrAções 17

11.9. Massada ................................................................................ 324

12.1. Imperadores romanos de 180 a 284 d.C. .............................. 332

12.2. Lápide com banquete funerário, Palmira, século II ou III d.C. 334

12.3. Rainha Zenóbia com uma serva. Alto-relevo de Palmira,século III d.C. ...................................................................... 335

12.4. Sapor recebendo a rendição de Valeriano em Naqsh-I-Rustem ................................................................ 337

12.5. Átis reclinado de Campus Magna Mater, Óstia; divindade de uma religião popular ....................................................... 342

12.6. Santa Perpétua e Santa Felicidade ........................................ 344

12.7. Os Tetrarcas .......................................................................... 347

12.8. Mapa das províncias romanas no tempo de Diocleciano ..... 349

12.8. (continuação) ........................................................................ 350

12.9. O Arco Triunfal de Diocleciano em Sbeitla, Tunísia ........... 351

12.10. Monograma de Cristo (Chi-Rho) em uma coroa de flores ... 353

12.11. Medalhão com o deus Sol sobre sua carruagem, frente leste do Arco de Constantino ........................................................ 354

12.12. As basílicas cristãs da Roma de Constantino ....................... 355

13.1. Áureo com o busto de Caro ................................................. 365

13.2. Tetradracma de Lisímaco com Alexandre usando o chifre do carneiro de Amon ............................................................ 366

13.3. Medalhão de ouro de Constantino ....................................... 366

13.4. Teodósio e a corte, Istambul ................................................ 368

13.5. Muros teodosianos reconstruídos, século V d.C. ................ 370

13.6. Batistério vândalo, Sbeitla, Tunísia ...................................... 371

13.7. Imperatriz Teodora e criadas, Ravena .................................. 372

13.8. Santa Sofia, Istambul; no centro do império bizantino ........ 374

13.9. Investidura de Ardacher I ..................................................... 377

13.10. Os Nove Santos .................................................................... 381

13.11. Mapa da Península Arábica mostrando os lakhmidas e os gassânidas ............................................................................ 384

14.1. A Cúpula da Rocha .............................................................. 390

Page 15: Impérios Antigos - Da Mesopotâmia à Origem do Islã

ImpérIos AntIgos18

14.2. A Cúpula da Rocha e a Igreja do Santo Sepulcro. Foto de George Klaeren .................................................................... 391

14.3. Combate entre o imperador Heráclio e Khusrau (Cosroes/Khusraw) II .......................................................................... 396

14.4. Muros de Diyarbakir, perto da fronteira bizantina- -sassânida ....................................................................396

14.5. Imperador Heráclio descalço e vestindo uma camisa, carregando a Santa Cruz até Jerusalém ............................... 398

14.6. Ahwal-i Qiyamar – Muhammed [sic] e os três primeiros califas (khalifas), Abu Bakr, Umar, Uthman ........................ 402

14.7. O soldo bizantino, de Cartago, 610-613 .............................. 405

14.8. Dinar de ouro com um califa (khalifa) em pé, dinastia omíada, 695-696 .................................................................. 405

14.9. Dinar de ouro do califa (khalifa) Abd al-Malik ................... 406

14.10. Vista interna do domo da Cúpula da Rocha ......................... 407

14.11. Ilwan, salão de adoração, Grande Mesquita Omíada de Damasco ............................................................................... 409

14.12. O mundo muçulmano até c. 750 .......................................... 411

Page 16: Impérios Antigos - Da Mesopotâmia à Origem do Islã

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introdução

O que é um (AntigO) impériO?

Se os historiadores se abstêm de como as sociedades operam, eles se apri-sionam nas noções comuns de sua própria sociedade.

– Michael Mann, Sources of Social Power1

Em algum momento entre 520 e 510 a.C., durante o reinado de Dario I, o “Grande Rei, Rei dos Reis, Rei da Pérsia, Rei dos Países”, um nobre egípcio nativo chamado Udjahorresne ergueu

uma estátua de si mesmo (fig. I.1). Antes disso, na função de comandan-te naval a serviço dos reis egípcios Amásis e Psamético III, ele lutara contra o império persa invasor. Udjahorresne testemunhara a invasão persa e o ataque ao Egito sob o comando de Cambises, o predecessor direto de Dario I, em 525 a.C. Como resultado da invasão, Udjahor-resne, que contribuíra de forma tão eficiente no auxílio aos persas, recebeu um importante cargo honorífico na administração do Egito persa. Na longa dedicatória de autoelogio esculpida diretamente sobre sua estátua, Udjahorresne não economizou na eloquência dos elogios aos maravilhosos feitos que realizara em favor dos persas. Ele enalteceu o regente persa por aceitar seus conselhos e, assim, completar a transi-ção de seu domínio em relação ao Egito de maneira tranquila e eficaz.

Udjahorresne poderia facilmente ser repudiado como um traidor asqueroso e um colaborador espião – um bajulador de seus novos mes-tres persas. Contudo, sua história autocomplacente nos oferece algumas ideias valiosas a respeito das manobras dos antigos impérios:

Quando o grande rei de todas as terras, Cambises, chegou ao Egito, as pes-soas de todas as terras (estrangeiras) estavam com ele. Ele exercia soberania

1. Vol. 1 (Cambridge: Cambridge University Press, 1986), vii.

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na terra em toda a sua extensão; todos ali se estabeleceram, sendo ele o grande rei do Egito, o poderoso soberano de seu país. Sua majestade me concedeu a honra de ser o Primeiro San e determinou que, sob seu comando, ocupasse o cargo de chefe e superintendente do templo. Ele assumiu o título oficial de Mestu-Ra. Mostrei à Sua Majestade a grandeza de Sais, como sendo a morada de Neith, a Grande Mãe, que deu à luz ao deus do sol Rá, o Primeiro a Nascer, quando ainda nenhum parto havia existido, junto com a doutrina da grandiosidade da casa de Neith, como sendo um Paraíso em todo o seu plano (...). Supliquei ao rei Cambises contra o povo que ocupara sua morada nesse templo de Neith, para que fossem desalojados dali no intuito de que o templo de Neith fosse restaurado em todo o seu antigo esplendor (...). Sua Majestade assim o fez depois de minhas instruções a respeito da grandeza de Sais, como sendo a cidade de todos os deuses que ocupam seus tronos em suas moradas para todo o sempre (...). Fui fiel ao meu pai e cumpri a vontade de minha mãe; bondoso para com meus irmãos. Estabeleci para eles o que Sua Majestade ordenara, dando-lhes terras esplêndidas a fim de que durassem para sempre (...). Defendi os fracos contra os fortes. Protegi aquele

I.1. Estátua de Udjahorresne

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que me honrou e lhe ofereci o melhor de mim. Fiz a eles tudo que pude quando seu tempo derradeiro chegou (...). Fui devoto a todos os mestres que tive e eles me honraram com condecorações de ouro e me ofereceram toda a glória (...). Uma mesa real de oferendas concedida por Osíris Hemaka, fartura de pão, cerveja, carne bovina, carne de ganso e todas as coisas boas e puras à imagem do Primeiro San, Ut’a-Horesnet, fiel para com os deuses de Sais.2

A maior parte das antigas dedicatórias é mais ou menos de auto-complacência, sendo que milhares delas sobrevivem até os dias de hoje – geralmente o único material escrito que temos – e proclamam a for-mação e o fortalecimento dos impérios. Um dos problemas centrais que confrontam o historiador antigo está em como analisar esses documen-tos para construir um cenário geral (isto é, a “história” na História). O que essa e outras dedicatórias podem nos revelar a respeito da formação e manutenção dos antigos impérios? Observe que os atos específicos dos persas e de Udjahorresne acabam se encaixando em algum tipo de categorias de base: algumas políticas, outras ideológicas ou, ainda mais especificamente, religiosas e até econômicas. A mensagem política está bem evidente. Cambises, o Persa, “exercia soberania na terra em toda a sua extensão”. Ele agora é sem dúvida o rei do Egito. Entretanto, a mensagem ideológica provavelmente é a mais declarada: os templos egípcios foram restaurados e o sistema religioso tradicional foi restabe-lecido. Os fracos são protegidos dos fortes; a justiça está cumprida. Por fim, é claro que os bens materiais são parte da motivação e recompensa daqueles que sustentam a nova ordem da terra. Udjahorresne e sua fa-mília são recompensados de maneira pública e farta por seus esforços e sua lealdade aos mestres estrangeiros como parte dos colaboradores das elites. Uma combinação de fatores políticos, ideológicos e econômicos ajuda a manter o novo império em seu lugar. A feliz preservação dessa estátua e sua dedicatória nos oferecem algumas das peças de que preci-samos para reunir a história do império persa.

DefiniçãO De impériO

Os aspectos mais interessantes da história geralmente não são as questões a respeito das quais todos concordam (essas são, na realidade, raras e não muito estimulantes), mas aquelas acerca das quais os

2. “The Pastophorus of the Vatican (XXVIth Dynasty)”, em Records of the Past, trad. Pe-ter Le Page Renouf, em ed. S. Birch, Series I, vol. X (London: Samuel Bagster and Sons, 1878).

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historiadores discordam. Vamos começar por nosso termo central – “império”. A palavra em si, de maneira essencial, é derivada do latim imperium, que significa comando, ordem, domínio, poder e soberania. Originalmente, descrevia os poderes de regência e conquista concedidos a um cônsul romano. Com o passar do tempo, passou a denotar um território, mais próximo daquilo que hoje veríamos como, por exemplo, o sol que nunca se põe no império britânico. Normalmente pensamos em um império como um território em expansão ou extenso que pode ser traçado em um mapa. Os romanos eram mais inclinados, ao menos no início de sua história, a enxergar uma esfera de comando ou controle, algo como os termos atuais de “hegemonia” ou “soberania”. Quando empregamos o termo “império” em estudos de um passado distante, geralmente invocamos uma consciência mais atual. Por essas e outras razões, alguns estudiosos concordam com o historiador sir Keith Hancock quando ele diz que o “imperialismo não é um termo a ser usado por eruditos”.3 Outros não se sentem confiantes de que podem ignorar o termo:

Sugerir, por exemplo, que devemos abolir o “império” como uma categoria na história dos gregos e falar somente em “hegemonia” não me parece algo de grande utilidade. Seria um consolo pequeno demais para os melianos, quando os soldados atenienses os atacaram, ser informados de que estavam prestes a se tornar as vítimas de uma investida hegemônica, e não imperial.4

Uma das definições atuais de maior utilidade do termo império vem de um estudioso de Relações Internacionais da Universidade de Columbia, M. W. Doyle:

Um sistema de interação entre duas entidades políticas, uma das quais a parte dominante exerce controle político da política interna e externa – a soberania efetiva – da outra, a periferia subordinada.5

Assim como com a maioria das definições técnicas, essa pode pa-recer um tanto ríspida em princípio e, por isso, permita-nos fazer um aparte para “desvendarmos” o termo, como diriam os acadêmicos. É importante que façamos isso, pois a definição de império de Doyle será nossa base ao longo de todo este texto.

3. Keith Hancock, Survery of British Commonwealth Affairs, vol. 2 (London: Oxford Uni-versity Press, 1940), 1.4. M. I. Finley , “The Fifth-Century Athenian Empire: A Balance Sheet”, em Imperialism in the Ancient World, ed. P. D. A. Garnsey e C. R. Whittaker (Cambrige University Press, 1978), 103-104.5. Empires (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1986), 12.

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Observe primeiramente que o termo “império” presume uma re-lação, uma interação entre um grupo dominante e outro subordinado, sendo este último necessariamente um grupo estrangeiro. Um grupo rege o outro, incorporando seu povo, terra, templos e assim por diante, que passam a fazer parte de suas posses. O que falta dizer na definição de Doyle é que um império é algo territorialmente vasto. A Pérsia no fim do século VI a.C., por exemplo, seria a “metrópole dominante”, tendo o Egito como a “periferia subordinada”. Ainda assim, a história da conquista persa do Egito não é uma questão simples que implica a desolação das terras de um povo conquistado, dizimando e/ou escra-vizando seus habitantes e lançando as cabeças de seus infantes contra as pedras. Há uma entidade estrangeira, o império persa, agora gover-nando o Egito, e, ainda assim, Udjahorresne, um egípcio subordinado que mantém uma posição social elevada dentro dela; ele faz parte do “sistema de interação” mencionado por Doyle. Udjahorresne se orgu-lha imensamente do fato de que, segundo sua suposta sugestão, muitas coisas continuam no Egito “da mesma forma que antes”. Existe ainda uma grande continuidade em termos de poder social dos dias antes da chegada da Pérsia. Contudo, são os persas que agora ditam as regras. Grande parte da dedicatória de Udjahorresne revela o meio pelo qual os persas inicialmente mantiveram sua posição dominante.

Como, exatamente, o império persa – ou qualquer outro império antigo – conseguiu manter essa posição dominante? Como ele perdeu seu poder? Uma das maneiras utilizadas por historiadores para contra-por grandes investigações e análises relevantes de questões tão abran-gentes que envolvem longos períodos de tempo é manter o foco em um tema central. Usamos aqui um modelo teórico, emprestado da disciplina da Sociologia, para ajudar a definir nosso tema central. Esses modelos teóricos auxiliam na difícil tarefa de transformar alguns materiais de fontes fragmentadas, nunca antes consideradas pelo olhar crítico do historiador moderno, em uma história compreensível.

Michael Mann, um sociólogo da Universidade da Califórnia – Los Angeles, propôs um modelo de poder bastante influente que muitos historiadores consideram útil. O modelo de Mann nos ajudará a focar em um problema possível de ser solucionado – a questão de como antigos humanos exerciam poder em relação a um espaço social e geográfico. Muitas outras abordagens da história antiga são possíveis e produtivas, mas essa específica é intrigante pelo fato de levantar questões que estão nas mentes de muitas pessoas nos dias de hoje. Segundo o modelo de Mann, as sociedades são organizadas como redes de poder com quatro

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fontes sobrepostas de força social: ideologia, economia, força militar e política (doravante abreviado como IEMP). Já encontramos quase todas essas noções na dedicatória de Udjahorresne. Os impérios são construídos sobre essas “fontes de força social”, como Mann as chama; impérios fortes são provas de todas as quatro fontes trabalhando juntas de maneira eficaz. As discussões levantadas pelo modelo IEMP são relevantes para qualquer período da história.

Essas quatro fontes de poder social devem agir juntas, falando de modo geral, sendo que nenhuma delas pode ser demonstrada como primordial ou mais importante do que as demais. Vejamos o exemplo que Michael Mann usa de um contexto histórico muito posterior: os lanceiros suíços da antiga Europa medieval. Trata-se de um fato militar básico da história que, no século XIV d.C., os famosos cavaleiros blindados da montaria foram derrotados por exércitos de lanceiros da infantaria. Muita coisa resultou dessa derrota, incluindo o declínio daquilo que é às vezes chamado de feudalismo clássico e o advento dos estados modernos centralizados. A questão histórica do “por quê?” parece ser respondida aqui com facilidade: “as mudanças na

I.2. Vaso Chigi: Detalhe de hoplitas, oenochoe (jarro de vinho) de Corinto.

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tecnologia das relações militares levam às mudanças das relações de força política e econômica. Com esse modelo, temos um caso aparente de determinismo militar”. De modo superficial, então, a força militar foi a causa fundamental dessa importante mudança na história humana. Essa explicação poderia ser atrativa e concisa, mas muitos fatores relevantes e significativos teriam de ser ignorados se parássemos por aí (como alguns professores de História e documentários de canais de televisão costumam fazer). Um dos pontos centrais dos vencedores era uma “forma de ética moral”, uma “segurança nos lanceiros à direita e à esquerda e às costas de alguém”. Isso, por sua vez, foi moldado pela “vida coletiva relativamente igualitária dos burgueses flamengos, dos burgueses suíços e dos fazendeiros donos de pequenas propriedades rurais”.6 Assim, a resposta desse “por quê?” histórico, na realidade, vai muito além e é muito mais complexa do que pode parecer a princípio, envolvendo todas as quatro de nossas fontes (IEMP).

Poderíamos aplicar esse mesmo tipo de análise em relação à unida-de de infantaria dos gregos, uma forma altamente eficaz de organização militar a respeito da qual aprenderemos mais no Capítulo 5 (fig. I.2). Os gregos derrotaram o império persa simplesmente por causa de suas fortes formações militares? O que tornou essa tecnologia militar tão atraente para os gregos e também tão eficiente em suas famosas guerras contra a Pérsia? A unidade de infantaria em si surgiu dentro de um determi-nado tipo de organização social entre algumas cidades-estados gregas, construída com base em ideais de participação política abrangente e de visões de igualdade e, portanto, concretizaram-se em função de outras forças sociais – algumas ideológicas, outras políticas e algumas, sem dúvida, econômicas. A força militar “exige excedentes morais e econô-micos – ou seja, sustentações ideológicas e econômicas –, assim como a utilização de recursos de tradições e desenvolvimento mais estrita-mente militares. Todos são fatores necessários para o exercício do poder militar.”7 A questão básica é que todas essas fontes de poder social, operando em conjunto, são importantes e necessárias para a expressão do domínio e da formação do império (bem como para a resistência a este). Com essas fontes de poder social trabalhando juntas no mundo antigo, os impérios não apenas se formaram, mas também puderam ser combatidos e abolidos com eficiência.

Ao longo deste texto, mostramos também que a ideologia re-ligiosa é muito mais do que apenas uma casaca grossa das pautas

6. Sources of Social Power, vol. 1, 19.7. Sources of Social Power, vol. 1, 19.