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  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    Universidade de LisboaFaculdade de Direito

    DIREITO COMERCIALManual de Direito Bancrio

    Prof Doutor Mene!es Cordeiro

    Lus Nascimento/ Joo Castilho/ Vera Correia"##$%"##&

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    Introdu'(o

    ) Direito da banca e do din*eiro

    O direito bancrio abrange normas e princpios jurdicos conexionados com a banca, abarcandoo unierso relatio aos bancos, !s institui"#es de cr$dito, !s sociedades %inanceiras e, em geral, !

    actiidade desenolida por essas entidades, com os seus clientes&'tentemos no RE+IME +ERAL DA, I-,TITUI./E, DE CR0DITO E ,OCIEDADE,

    FI-A-CEIRA,()&l& n&* +-/+, de . de )e0embro1, art "12

    & 3o institui"#es de cr$dito as empresas cuja actiidade consiste em receber do p4blico dep5sitosou outros %undos reembolseis, a %im de os aplicarem por conta pr5pria mediante a concessode cr$dito&

    +& 3o tamb$m institui"#es de cr$dito as empresas 6ue tenham por objecto a emisso de meios depagamento sob a %orma de moeda electr5nica&

    's institui"#es de cr$dito comportam diersas esp$cies2 desde os bancos !s entidadesenumeradas no art 21 do R+IC, reali0ando os bancos a generalidade das opera"#es reseradas !sinstitui"#es de cr$dito& 7s restantes institui"#es de cr$dito cabe reali0ar as actiidades 6ue se lhes

    apli6uem por ia legal&'s sociedades %inanceiras podem, tamb$m, reali0ar apenas opera"#es 6ue lhes sejam

    especialmente %acultadas e no so institui"#es de cr$dito (art $1 R+IC1,sendo 6ue o legislador enumera6uais as sociedades %inanceiras (art &13 n14 e " R+IC1&

    O )ireito 8ancrio regula duas grandes reas2

    Direito bancrio institucional ou Or5ani!a'(o do siste6a financeiro 2 debru"a9se sobre osbancos e demais institui"#es, as condi"#es de acesso ! sua actiidade, a regula"o ou superiso,a %iscali0a"o e as diersas regras conexas&:ste disp#e de uma %orte delimita"o2

    9 )ireito p4blico2 tem a er com a %un"o e actua"o %inanceira do :stado& :ntre n5s essepapel $, de modo alargado, assegurado pelo 8anco Central o BA-CO DEPORTU+AL(Lei Org;nica < Lei n&* =/-, de . de Janeiro1& ' este cabe9lhe gerir asdisponibilidades externas do >as? agir como intermedirio nas rela"#es monetriasinternacionais do :stado? elar pela estabilidade do sistema %inanceiro nacional?aconselhar o @oerno nos domnios econ5mico e %inanceiro (art 4"1 da LOBP1&Compete9lhe como banco emissor, emitir moeda (art &1 LOBP e art 4#&1 TCE1, serentidade %iscali0adora (art 471 LOBP1, detendo ainda poder normatio atra$s da

    publica"o de aisos (art 881 R+IC1&'crescentemos ainda o poder de superintendAncia do @oerno (art 841 do R+IC1

    9 )ireito das sociedades comerciais&9 )ireito priado2 cumpre re%erir o Btulo V do D@C, atinente a regras de conduta, onde

    surgem importantes deeres&9 )ireitos instrumentais e acess5rios2 >or exemplo, regras de registo (art &$1 e ss

    R+IC1 ou regras contra9ordenacionais (art "#41 R+IC1&

    Direito bancrio 6aterial ou Actividade das institui'9es de cr:dito e sociedades financeiras2rela"#es 6ue se estabele"am entre a banca e os particulares&O dinheiro $ a ra0o de ser do direito bancrio, pois sendo este a bitola de alor das coisas emeio geral de trocas implica a interen"o de entidades especiali0adas, a banca (Eintermedia"o%inanceiraF1&7 partida $ um direito contratual, reportando9se a determinados contratos comerciais,submetendo9se ao )ireito das obriga"#es, com as particularidades ditadas pela sua nature0acomercial&Os actos bancrios no esgotam, contudo, o unierso do )ireito bancrio material29 Vincula"#es extranegociais2 deeres de in%orma"o e de lealdade assentes na lei ou no

    princpio geral da con%ian"a (pr$9negociais ou p5s9e%ica0es1&

    9 Desponsabilidade bancria2 instituto geral de responsabilidade ciil&9 )eeres legais e as situa"#es jurdicas absolutas 6ue deem ser particularmente apliceisnas situa"#es bancrias&

    +

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    Do56tica Bancria +eral

    Captulo < OR+A-I;A.as soberano& No obstante, h diersas regras 6uese ocupam das rela"#es %inanceiras internacionais&

    Na origem da coopera"o entre sistemas %inanceiros esto o @&'&B&B& e @&'&B&3&Cumpre recordar a Con%erAncia de 8retton oods, em KK, leada a cabo por KK na"#es aliadas

    e 6ue criou o HG e 8D)&O primeiro $ uma agAncia das na"#es unidas com incumbAncias indicadas no art 41do 'cordo

    HG& :ste tem cumprido a sua tare%a, no tocante ! coopera"o internacional e ! correc"o dedese6uilbrios& NO entanto, o seu papel mais directo na de%esa da estabilidade cambial e na elimina"o

    das restri"#es perdeu9se com o termo da conertibilidade do d5lar nos anos M& oje tal $ garantido pelosgrandes centros %inanceiros mundiais no 6ue se poder chamar uma priati0a"o de certas %un"#es doHundo&

    O segundo $ uma institui"o ocacionada para promoer o desenolimento dos pases maisnecessitados+&

    33B:G' HN'NC:DO >ODBI@I3 e :L:G:NBO3 :IDO>:I3

    ) Das ori5ens ao Banco de Portu5al =4>?&@

    :m >ortugal, o surgimento de bancos, no sentido actual do termo, data do sec& PP&

    >ortugal aderiu ao HG atra$s do )L n&* K..K, de ++ de Noembro de QM&+>ortugal aderiu ao 8D) atra$s do )L n&* K..., de + de Noembro de QM&

    .

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    Na dade G$dia os cambistas j operaam& Ha0iam9no de %orma circunstancial, nalgumas %eiras&Os juros estaam proibidos pela lei can5nica, embora tal pudesse ser contornado por rias ias (cedAnciade capital a troco de uma renda1&

    Os descobrimentos proocaram um a%luxo de capitais ao >as, bem como a prtica de certosactos bancrios& 's letras de c;mbio eram usadas para %inanciar naios, haendo agentes de diersos

    bancos europeus&

    ' restaura"o e o es%or"o de guerra subse6uente motiaram alguma agita"o pr59bancria& OirlandAs )aid >reston propRs a )& Joo V a %orma"o de um banco? apesar de aceite em Q=., a

    proposta no ter tido seguimento& :G Q-- surgiu em >ortugal a moeda de papel&

    O primeiro banco aparece em -+, como 8anco de Lisboa& :m -K criou9se a Companhia deCr$dito Nacional, depois trans%ormada, em -KK na Companhia Con%ian"a Nacional& :m -KQ eri%ica9seuma %uso entre o 8anco de Lisboa e a Companhia Con%ian"a Nacional donde resulta o 8anco de>ortugal (com exclusio de emisso de notas ou obriga"#es no continente1&

    :m -K estabeleceu9se o primeiro 6uadro normatio geral da actiidade bancria em >ortugal&:m organi0ou9se o cr$dito agrcola&

    :m = uma noo )L em reserar para o :stado e para as institui"#es de cr$dito, o exercciodas %un"#es de cr$dito e demais actos inerentes ! actiidade bancria&

    Com a reolu"o de K9= d9se a nacionali0a"o da banca, sendo o diploma mais releantea Lei n&* KQ/, de - de Julho, a 6ual eda a empresas priadas e outras entidades da mesma nature0a aactiidade econ5mica em determinados sectores&

    35 em -. se em reabrir ! iniciatia priada a actiidade bancria& J em + d9se a re%orma6ue aproaria o D@C&

    )Tratado da Uni(o Euroeia

    ' constru"o europeia tem um pilar importante na lire circula"o de capitais2 arts& =Q&* a QM&* do

    BI:& No 6ue toca ao )ireito bancrio tee a maior import;ncia a prtica do direito deestabelecimento, regulado nos arts& K.&* e ss& este pressup#e a supresso gradual das restri"#es ! liberdadede estabelecimento dos nacionais de um :stado membro, no territ5rio de outro :stado membro&

    ) Uni(o Monetria

    >'@3& -9-

    K

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    Captulo < A CI-CIA URDICOBA-CRIA

    C'D'CB:DS3BC'3 )O )D:BO 8'NCTDO

    ) Direito rivado

    O )ireito bancrio $ direito priado& O 6uali%icatio p4blico ou priado no cabe a normasisoladamente tomadas, mas apenas a sistemas ou subsistemas (uma mesma regra pode ser p4blica oupriada, consoante a sua inser"o2 uma obriga"o pecuniria, por exemplo, ser p4blica se corresponder aum deer tributrio? ser priada 6uando preencha um m4tuo1&

    Direito bancrio 6aterial : rivado2 assenta em contratos comerciais, em clusulas contratuais gerais ena autonomia das partes&

    Direito bancrio institucional : rivado2 nasceu como )ireito p4blico e ainda hoje postula poderes delederiados (superiso ou %iscali0a"o por poderes p4blicos1& Bodaia, o tecido bancrio repousa eminstitui"#es 6ue, por lei, deem assumir o tipo de sociedade an5nima& Compreende tamb$m diersosdeeres gen$ricos estruturalmente priados (competAncia t$cnica, deer de in%orma"o e deer de segredo

    < arts 7213 7$13 7>1 a >?1 R+IC1&

    O direito priado $ subsidiariamente aplicel nas reas p4blicas& No campo bancrio, esse%en5meno surge mais %lagrante, podendo %alar9se numa aplica"o directa2 eja9se o art &?13 n14 daLOBP&

    )Direito funcional esecGfico

    O direito bancrio no $ aloratiamente neutro& :ste acompanha a l5gica do dinheiro e da suacircula"o& Os seus ectores e as suas solu"#es empenham9se na salaguarda do alor da moeda e doscr$ditos a ela relatios, bem como no %en5meno do lucro&

    Funcionali!a'(o de u6 sector2 6uando, al$m do pano de %undo ciil, ocorram alores sectoriaisprosseguidos pelo ramo normatio isado& No campo do direito bancrio tal $ eidente2

    Art 4#$1 TCE2 objectio primordial do 3:8C $ a manuten"o da estabilidade dos pre"os& Art 4#41 da CRP2 o sistema isa garantir a %orma"o, a capta"o e a seguran"a das poupan"as,

    bem como a aplica"o dos meios %inanceiros necessrios ao desenolimento econ5mico esocial&

    Art 4"3 al c@ 1 LOBP2 comete ao 8> elar pela estabilidade do sistema %inanceiro&

    :stamos perante um sistema 6ue A atribudo a tare%a de assegurar um sistema %inanceiro estel,em economia de mercado&

    ) Direito t:cnico

    O )ireito bancrio pode ser apresentado como )ireito t$cnico& ' expresso tem algumaambiguidade? poderia exprimir uma de duas ideias2

    ' de 6ue o estudo e aplica"o implicariam conhecimentos de t$cnica bancria& ' de 6ue o )ireito bancrio exige um estudo especiali0ado&

    Bal ideia $ redutora, pois uma aplica"o sbia implica o conhecimento da realidade subjacente&

    ) Direito fra56entrio e deendHncia cientGfica

    O )ireito bancrio tem nature0a %ragmentria, embora encontremos alguns institutos 6uedisp#em de regimes bastantes completos (como o regime do 8>1&

    >ara al$m disso recorre9se a institutos ciis ou comerciais preexistentes, cuja regula"o acolhena ntegra, introdu0indo depois algumas especi%icidades&

    =

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    ):LGB'UO ): OIBD'3 )3C>LN'3

    Na %ixa"o das coordenadas jurdico9bancrias, cumpre proceder a uma delimita"o dedisciplinas pr5ximas& >odemos, por ra0#es de articula"o %ormal e de %undo, distinguir2

    )elimita"o ertical2 ligada !s disciplinas com as 6uais o )ireito bancrio mant$m rela"#es deespecialidade2 %undamentalmente, o )ireito ciil e )ireito comercial&

    )elimita"o hori0ontal2 perante disciplinas 6ue ersem mat$ria i0inha2 os seguros e os aloresmobilirios&

    )elimita"o instrumental2 6ue opera %ace s disciplinas 6ue assegurem a concreti0a"o deinstitutos bancrios2 o registo, o processo e o )ireito penal&

    NB:D>D:B'UO : '>LC'UO )O )D:BO 8'NCTDO

    ) A reali!a'(o do Direito co6o decis(o unitria

    Na interpreta"o e na aplica"o do )ireito bancrio h 6ue ter presente as regras gerais, tal cooapuradas na actualidade pelo )ireito ciil&

    :m tra"os gerais, podemos considerar 6ue os c;nones de interpreta"o correspondem aos %ixados

    por 3aignW no s$c& PP2 Letra, esprito e ontade da lei e legislador&>ara al$m disso, a %un"o de reali0ar o direito $ olitio9cognitia, onde a acresce aos %actos e !

    lei, temos a escolha humana do aplicador, baseada em m4ltiplos %actores normatios& 'ssim, o int$rpretedee ponderar o elemento sistemtico (a norma %a0 parte de um sistema1 e teleol5gico (os comandosalem como instrumentos para alcan"ar uma ordena"o de alores e de interesses1&

    ) Interreta'(o funcional

    O )ireito bancrio assume uma nature0a %uncional espec%ica2 para al$m do )ireito comum, eleest enolido na problemtica do cr$dito e do dinheiro, cabendo9lhe salaguardar os alores subjacentes&:sta dimenso poder ter conse6uAncias interpretatias2 as %ontes bancrias deeriam ser interpretadasnum sentido conducente ! reali0a"o 5ptima da sua %un"o&

    Contudo, o )ireito bancrio apresenta reas di%erenciadas (por ex2 a contrata"o onde est emcausa a tutela do consumidor de produtos %inanceiros1, cabendo, por isso, ao int$rprete posicionar dentrodo subsistema jurdico bancrio, o problema 6ue se lhe depara&

    ) Os ticos do investi6ento3 da transarHncia3 do consu6o e os direitos de ersonalidade

    >ergunta9se se a interpreta"o do )ireito bancrio no deeria prosseguir certos aloresX

    >rimeiro2 tutela do inestimentos dos depositantes& 3ubja0 ao art 4#41 da CRP e aosarts "13n14J ?13 n143 al a3 n1" e $J "##1 todos do R+IC &

    3egundo2 transparAncia& )esenolido com base na boa %$ igente no campo das clusulascontratuais gerais (arts $13 n14 e &13 n14 da LCC+J 7$13 n14 R+ICJ 47&1 do R+E,J 71 a4"1 do CKM6ue imp#em 6ue o ban6ueiro deeria comunicar todas as clusulas ao seu cliente9

    aderente, assegurando9se de 6ue ele as entendeu1& Berceiro2 de%esa do consumidor (art da CRP1&

    Q

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    Captulo < A, FO-TE, DO DIREITO BA-CRIO

    HONB:3 NB:DN'3 e HONB:3 :IDO>:'3

    ) A Constitui'(o e a Lei Or5nica do Banco de Portu5al

    Na pr5pria Constitui"o encontramos regras bsicas de )ireito bancrio [institucional] (arts4#41 e 4#"1 CRP1, as 6uais se encontram iradas para a capta"o e para a seguran"a dos dep5sitos dosparticulares e para a sua aplica"o produtia&

    ' Constitui"o cont$m, ainda, outras regras importantes para o sector bancrio, como as 6ueconsagram o direito ! resera da intimidade da ida priada ("&13 n1 41, base do segredo bancrio, odireito de acesso aos tribunais ("#13 n141 e os princpios %undamentais da 'dministra"o >4blica2legalidade, igualdade, proporcionalidade, justi"a, imparcialidade e boa %$ ("&&3 n1"1&

    ' nel in%raconstituiconal temos a LO8> (Lei n&* =/-, de . de Janeiro1&

    )O Cdi5o Co6ercial e le5isla'(o etrava5ante

    ' )ireito bancrio material disp#e de uma %onte unitria, mesmo incompleta2 o )ireito daactiidade bancria, designadamente no tocante !s rela"#es entre o ban6ueiro e o seu cliente, dee ser

    reconstrudo com recurso a uma multiplicidade de %ontes&)esde logo, cumpre re%erir o C5d& Comercial de ---, no seu ttulo P, liro (contratos

    especiais de com$rcio1 com 6uatro artsN 2&"1 a 2&$1&O C5d& Comercial inclura ainda, no seu ttulo V (das letras, livranas e cheques< arts "7>1 a

    2?211 a mat$ria atinente aos ttulos de cr$dito& Bemos ainda uma s$rie de leis extraagantes re%erentes aactos bancrios (pag& +K1&

    ) O re5i6e +eral das Institui'9es de Cr:dito e ,ociedades Financeiras

    Como diploma nuclear (principalmente no campo institucional1 surge o D@Ce3H ()L n&*+-/+, de . de )e0embro1&

    Bemos ainda uma s$rie de Legisla"o diersa no campo das institui"#es de cr$dito e dassociedades %inanceiras (pag& +Q1&

    ) Os usos bancriosJ as clusulas contratuais 5erais

    Cabe a6ui papel importante como %onte mediata& Os actos bancrios assentam na autonomiapriada& No $ contudo imaginel 6ue, a6uando da prtica de cada acto bancrio, se proceda a umaactiidade criatia& )a6ui resulta uma prtica reiterada, ou seja, um uso&

    Os usos bancrios podem ser juridi%icados por uma de trAs ias2 'utonomia priada2 a6ui remete9se directamente para os usos, sendo estes positiados pela

    ontade das partes& Guitas e0es ocorre atra$s da Ecodi%ica"oF, em clusulas contratuaisgerais, de prticas bancrias consagradas&

    >ela lei2 re%erimos o art& .&*, n&* CC no )ireito ciil e no art& KM&* do C5d& Comercial& Odep5sito bancrio surge, muitas e0es, integrado em s$ries negociais complexas, 6ue incluem,como exemplos, abertura de conta, concesso de cr$ditos entre outros& >odemos admitir aigAncia, ex lege, de usos 6ue abar6uem todo esse neg5cio complexo, ia interpreta"o extensiado KM&* C5d& Comercial&

    >ela conic"o da sua obrigatoriedade2 a6ui temos direito consuetudinrio, embora no direitoportuguAs a %alta de consagra"o legal para o costume %rusta a e%iccia das normasconsuetudinrias&

    No campo do )ireito bancrio material, surgem as clusulas contratuais gerais, 6ue acolhemmuitos usos bancrios dando9lhe jurisdicidade&

    ) Cdi5os de conduta e fontes rivadas

    Brata9se de regras estabelecidas, por aiso, pelo 8>, nos termos do art 471 da LO e doart

    7713 n14 do R+IC(cdigos de conduta1&'s regras gerais e abstractas aproadas pelo 8> so leis em sentido material cuja positiidadederia das normas 6ue instruam o poder regulamentar do 8>& :stas regras no podem, sob pena de

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    ilegalidade ser contrrias !s leis %ixadas por 5rgos de soberania, no se aplicam a entidades 6ue noestejam sujeitas ! superiso do 8> e no podem transcender o ;mbito da sua superiso&

    >ara al$m disso, no podem ser constitutias de direitos para particulares (no $ posselconstituir direitos para uns sem se onerar outros1& >or$m, a iola"o das regras aproadas pelo 8>,designadamente por parte dum ban6ueiro, 6uando proo6ue danos num particular, d a0o a um deer deindemni0ar, por ia da " arte do art ?>213 n14 CC .(a iola"o de regras aproadas pelo 8> $ a

    iola"o de regras 6ue isam a protec"o de interesses alheios, garantida pelos poderes de autoridade do8>1&

    O art 7713 n1" do R+IC preA a elabora"o de c5digos de conduta pelas associa"#esrepresentatias das institui"#es de cr$dito, os 6uais sero submetidos ! aproa"o do 8>&

    No ;mbito estritamente associatio, compete !s re%eridas associa"#es aproar regras de condutapara os seus membros, cuja jurisdicidade depende da lire adeso aos estatutos 6ue as legitimem&

    ) As directri!es institucionais

    >ags& .= a .&

    ) As directri!es 6ateriais

    >ags& . a .-&

    ) Os re5ula6entos

    >ag& .- a .&

    Captulo V < O, PRI-CPIO, BA-CRIO, +ERAI,

    .3BJ 9Jan9-, 8GJ .-. (-1, +MM9+MK (+M.12 a iola"o de circulares do 8>, ainda 6ue noimpli6ue a nulidade dos actos prearicadores, pode dar a0o a responsabildiade ciil&

    -

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    @:N:D'L)'):3? ' )H:D:NC'UO CONC:BI'L

    ) Os rincGios no Direito

    Os princpios correspondem a proposi"#es 6ue resultam de alora"#es operadas por diersas

    normas& )istinguem9se destas por no assentarem numa preiso e numa estatui"oK

    &Os princpios tAm, ainda, diersos pap$is& ' saber2 >apel ordenador& >apel programtico& >apel regulatio&

    O >DNCS>O )' 3G>LC)'):

    ) A si6licidade bancria

    ' ideia de simplicidade impRs9se, no )ireito comercial, por oposi"o a exigAncias de%ormalidade e de solenidade No C5d& Comercial, a ideia de simplicidade daria corpo !s regras seguintes2

    Liberdade de escritura"o (art& .M&*1& Liberdade de lngua (art& Q&*1& Liberdade de %orma do mandato geral (art& +K&*1& >ossibilidade de proar o empr$stimo mercantil por 6ual6uer modo (art& .Q&*1& >ossibilidade de celebrar penhor com entrega meramente simb5lica da coisa (art& .-&*1&

    ,i6licidade bancria2 ' actiidade bancria deer redu0ir9se ao mnimo exigel para a suaconsubstancia"o e para a sua ulterior proa& :sta exigAncia tem sido prosseguida com recurso a trAs sub

    princpios2 consensualismo e re%ormali0a"o normali0ada? uso da in%ormtica e unilateralidade&

    ) Consensualis6o e refor6ali!a'(o nor6ali!ada

    No direito bancrio a ontade dos interenientes produ0ir os seus e%eitos, seja 6ual %or a %orma

    por 6ue se reele& >odemos apontar, nalguns neg5cios, uma caminhada para a simpli%ica"o %ormal&Yuanto ao G4tuo2

    )ireito ciil2 m4tuo superior a +&MMMexige documento assinado pelo muturio? sendo superiora +M&MMMexige escritura p4blica (art& K.&* CC1&

    )ireito comercial2 m4tuo celebrado entre comerciantes, seja 6ual %or o alor, admite todo og$nero de proa (art& .Q C5d& Comercial1&

    )ireito bancrio2 m4tuo, mesmo 6ue a outra parte contratante no seja comerciante e seja 6ual%or o seu alor, pode proar9se por escrito particular (art& 4nico do )&L& n&* .+&Q=, de + de'bril de K.1&Im percurso similar pode ser seguido no caso do >enhor& 'ssim2

    )ireito ciil2 exige9se a entrega e%ectia da coisa (art& QQQ&*, n&* CC1&

    KCabe %a0er re%erAncia a 6uarto conceitos 6ue nos so apresentados no manual& )ep5sito bancrio2 trata9se de um acto de execu"o de um contrato preiamente celebrado2 a

    abaertura de conta? o conceito sobrep#e9se ao do contrato de dep5sito, leando o int$rpretedespreenido a pensar 6ue existe um contrato ad hoc de dep5sito bancrio&

    Conta9corrente bancria2 surge como um elemento tpico do contrato de abertura de conta, comregras espec%icas, ditadas por clusulas contratuais gerais? o conceito sobrep#e9se ! contra9corrente comercial, cujas regras s5 caso a caso e ap5s eri%ica"o, podem ser transpostas para ocampo bancrio&

    >enhor de conta bancria2 trata9se de uma garantia espec%ica 6ue implica um conta bancriacom um saldo blo6ueado? o seu titular responde, at$ ! concorrAncia do saldo, por certa dida? oconceito sobrep#e9se ao penhor bancrio (de coisa1, 6uando segue regras espec%icas, com releo

    para a inaplicabilidade da proibi"o de pactos comiss5rios? )ep5sito solidrio2 trata9se de uma abertura de conta em 6ue se acordou poderem os

    moimentos e outras opera"#es ser particados por apenas um dos contitulares? o conceitosobrep#e9se ! solidariedade das obriga"#es, 6uando apenas tradu0iria um regime contratual e noa aplica"o da massa de regras sobre solidariedade, sem cuidadosa eri%ica"o pr$ia&

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    )ireito comercial2 entrega meramente simb5lica (art& .-&* C5d& Comercial1& )ireito bancrio (&* do )&L& n&*+&-.., de de 'gosto de .1&

    No direito bancrio a simpli%ica"o %ormal no dispensa a %orma escrita ou e6uialente&

    ) O uso da infor6tica

    :m tra"os largos poderemos considerar 6ue a in%ormtica simpli%ica2 Contrata"o e a prtica de diersos actos bancrios2 reelo para o )L n&* /+MMK, de de Janeiro&

    Guitas e0es os contratos por escrito s5 se tornam e%ica0es ap5s tratamento in%ormtico& :xecu"o de deeres de in%orma"o e de comunica"o& Ganuten"o da contabilidade e o exerccio da superiso&

    ) A unilateralidade

    Guitas e0es os actos bancrios so simplesmente cartas assinadas e no contratos %ormais&' unilateralidade pode ser2

    Deal2 nas hip5teses de surgirem incula"#es pura e simplesmente unilaterais&

    'parentes2 nos casos em 6ue tenha haido um acordo de ontades normal (contrato1 depois%ormali0ado num texto assinado, apenas, por um dos interenientes ()L n&* .K./-, de Q deNoembro, determina 6ue o m4tuo de alor superior a +MMM, mas in%erior a +MMMM, s5 sejalido se %or celebrado por documento assinado pelo muturio& O m4tuo no deixar de sercontratual, embora, %ormalmente, surja apenas um intereniente1&

    'tra$s de %orma conencional ou oluntria recorre9se a um documento, assinado apenas poruma das partes, para exprimir um acordo de ontades a 6ue ambas chegaram& '6ui acresce uma exigAnciade boa %$ e lealdade de in%orma"o&

    tamb$m a hip5tese de actos realmente unilaterais, os 6uais podem ocorrer (dogmaticamenteultrapassou9se as ideias de 6ue2 ningu$m pode ser bene%iciado sem ontade, admitindo9se a renuncia !antagem? e da nature0a contratual da remisso e da doa"o, dobrada pela proibi"o de doa"o de bens%uturos, atra$s da constru"o hist5rica destes institutos < -Q.&* e KM&* CC1&

    Bemos ainda de considerar o dispositio do art& K=&* do CC2 a promessa unilateral de umapresta"o s5 obriga nos casos preistos na lei& )este preceito tem9se procurado in%erir uma regra detipicidade dos neg5cios jurdicos unilaterais& O >ro%& Cordeiro discorda, pois esta regra s5 daria a0o atipicidade 6uando as regras relatias !s diersas %iguras unilaterais se mantiessem dentro do 6ue seespera enha a ser uma tipicidade normatia& sso no sucede2 as categorias de actos unilaterais surgem nalei, em termos gen$ricos, de modo a permitir, nelas, a incluso dum n4mero indeterminado de %iguras&

    )e todo o modo, assinalamos as %iguras da promessa de cumprimento e do reconhecimento dedida (art& K=-&* CC1, com larga aplica"o bancria&

    O >DNCS>O )' D'>):Z

    ) A raide! bancria J a nor6ali!a'(o substancial

    Raide! bancriaN trata9se de ao actuar na pr5pria subst;ncia de actos, %acilitar a tomada de decisoconducente ! sua celebra"o& :xige normali0a"o substancial&

    -or6ali!a'(o bancria2 trata9se da pr$9de%ini"o de neg5cios tipo o%erecidos pelos ban6ueiros aosclientes& Desulta da6ui 6ue, apesar de lidarmos, com um numerus apertusde actos, estes, na prtica,obedecem a tipos predeterminados& >odemos ainda %alar de normali0a"o a nel de neg5cios

    preconi0ados, estando os clientes ordenados por segmentos em %un"o do rendimento, sendo9lhepropostos neg5cios em %un"o desse segmento&

    ) O recurso a clusulas contratuais 5erais

    Brata9se de um recursos muito importante 6ue a seu tempo ir ser estudado& Como j %oi ditocolige os usos do sector e do corpo a contratos bsicos 6ue no disp#em de regimes legais supletios ou

    6ue, a esse nel, apenas des%rutam de leis muito elementares&

    M

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    ) A des6ateriali!a'(o

    Des6ateriali!a'(o2 possibilidade de representa"o e de comunica"o das realidades atinentes ! bancaatra$s de suportes automticos e electr5nicos&

    O >DNCS>O )' >ON):D'UO 8'NCTD'

    ) EssHncia do rincGio J a revalHncia das realidades

    Pondera'(o bancria2 Godo de reali0ar o )ireito, pr5prio do com$rcio bancrio& mplica,%undamentalmente2 uma %5rmula de contratar? um es6uema de interpretar? as garantias do cumprimento&

    ) A interreta'(o se5undo o ri6eiro entendi6ento

    ' interpreta"o dos actos bancrios deeria e%ectiar9se segundo as regras contidas nos arts&+.Q&* CC& O recurso a clusulas contratuais gerais implica, nos termos do art& M&* da LCC@, a utili0a"odessas mesmas regras&

    7s declara"#es pro%eridas, todos deem dar o mesmo sentido& sso condu0 a uma interpreta"o

    objectia das declara"#es bancrias& 'ssim, ale a re5ra do ri6eiro entendi6ento2 a declara"onegocial ale com o sentido codi%icado 6ue dela resulte ou, na %alta dele, com o do primeiro entendimento6ue, dela, o operador enha retirar& :ssencial $ 6ue todos dAem, ! declara"o, o mesmo sentido&

    ) A eficcia sancionatria

    No )ireito bancrio, pergunta9se se estamos perante um sector especialmente dominado pelacon%ian"a& No desenolimento das concretas rela"#es bancrias, estabelece9se, em regra, uma rela"ounilateral de con%ian"a, do cliente para com o ban6ueiro& O contrrio j no $ certo pois o cliente temmelhor conhecimento da sua situa"o do 6ue o ban6ueiro& )a a multiplica"o de garantias 6ue, muitase0es, enole o tr%ego bancrio& Contudo o ban6ueiro no procura a garantia mais %orte2 a hipoteca& )antes pre%erAncia a garantias pessoais&

    ' san"o mais e%ica0 $ a hip5tese do corte do cr$dito, em casos de incumprimento injusti%icado

    (o 6ue signi%ica o paralisar para a maioria das empresas1& O sistema auto9sustenta9se at$ por6ue oses6uemas coercios do :stado, 6uando e%ica0es, %uncionam em tempos e por pre"os proibitios&

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    Captulo V < A RELA.

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    ) Desenvolvi6entos recentes

    )esde o momento em 6ue o cliente e o ban6ueiro concluam um primeiro neg5cio signi%icatio erante uma es6uemati0a"o de tipo tradicional, a postura dos interessados em %ace de umeentual contrato s5 poderia ser de a6uiescAncia ou de recusa&

    's necessidades do tr%ego ieram determinar outra hip5tese 2 a de os interessados, no6uerendo ainda o contrato, se obrigarem, no %uturo, a conclu9lo& Beremos, ento, o contrato9promessa&)entro desta possibilidade abriram9se, depois, outras sub9hip5teses e, designadamente 2 a de haercontratos9promessa com e sem execu"o espec%ica& No primeiro caso, ocorrendo o incumprimento, o

    promitente %iel poderia sempre obter, do tribunal, uma senten"a 6ue suprisse a absten"o do %altoso ? emsuma2 celebrado o contrato9promessa, as partes teriam meios de %a0er surgir o contrato de%initio& Nosegundo caso, o incumprimento do contrato9promessa apenas poderia dar lugar a medidascompensat5rias&

    O espa"o 6ue %ica entre a completa ausAncia de compromissos e o contrato9de%initio %oi9se

    densi%icando& >oderiam, pelas partes, ser estabelecidos nculos mais lassos, de conte4do ariel e 6ueteriam em ista uma %utura composi"o de interesses& Chamaremos a essas %iguras \contrata"omitigada]&

    ' contrata"o mitigada surge consignada pela prtica dos neg5cios& )iersas %iguras tAm sidoautomati0adas& ' saber2

    9 a carta de inten'(o2 trata9se duma declara"o, normalmente em %orma epistolar e 6ueconsigne uma ontade j sedimentada de, em determinadas condi"#es, concluir certo contrato,embora sem se obrigar a tanto?9 o acordo de ne5ocia'(o2 ocorre em negocia"#es complexas e consigna uma ontade comumdas partes de prosseguir negociando, dentro de determinados par;metros?9 o acordo de base2 tamb$m em negocia"#es complexas, podem as partes, obtido um acordo emrea nuclear, %ormali09lo desde logo? as negocia"#es prosseguiro, depois, a nel t$cnico, paraaplainar os aspectos secundrios?

    9 o acordo Q uadro 2 em negocia"#es tendentes a originar m4ltiplos contratos, as partesassentam num n4cleo comum a todos eles?9 o rotocolo co6le6entar 2 tendo em ista um contrato nuclear, as partes concluem umcon$nio acess5rio, tendente a complet9lo&Im exemplo de contrato preparat5rio %re6uente entre n5s e 6ue podemos recondu0ir !

    contrata"o mitigada $ o do \contrato de resera]&' grande d4ida tem a er com o incumprimento2 pode a parte %altosa ser coagida ao

    acatamentoX Budo depender de saber se o acordo mitigado tem um conte4do su%icientemente explcitoou se se limita a obrigar as partes a prosseguir nas negocia"#es& 3endo bastante, o conte4do dee seracatado& No o sendo, a parte %altosa apenas poder ser condenada em indemni0a"o, por interrup"oinjusti%icada das negocia"#es&

    .

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    ) Acordos de cortesia e de caval*eiros

    'o longo de uma rela"o 6ue se prolongue no tempo, $ ineitel o aparecimento deobse6uiosidades, de gentile0as e de aten"#es 6ue podem dar a0o a declara"#es de cortesia ou, at$ aacordos de caalheirismo& 'ntes de mais h 6ue %ixar a terminologia&

    Chamaremos acordo de cortesia ao con$nio relatio a mat$ria no9patrimonial e 6ue relee do

    mero trato social& :le poder recair sobre a hora e o local de um encontro, sobre 6uest#es protocolares&O acordo de cortesia no se distingue do contrato (apenas1 por as partes o terem colocado %ora do)ireito 2 ele recai, antes, sobre uma mat$ria 6ue, no tendo conte4do patrimonial, no relea para o)ireito&

    O acordo de caalheiros $ um con$nio 6ue as partes pretenderam colocar %ora do campo do)ireito& >ode teoricamente, recair sobre 6uais6uer assuntos, patrimoniais e pessoais 2 tem apenas a

    particularidade de assentar na palara dada e na honra de 6uem a dA&>#e9se o problema de saber se, ao concluir um acordo de caalheiros, as partes podem abdicar,

    desde logo, de 6ual6uer protec"o jurdica& No podem, a no ser no plano do caalheirismo& Visto odisposto no art >#81do C5digo Ciil, as obriga"#es naturais s5 so posseis nos casos admitidos por lei&'l$m disso %uncionam numerosas outras regras, como a nulidade das obriga"#es indetermineis < art">#1%4< a proibi"o de doar bens %uturos < art 8?"1%4< ou a possibilidade de %ixar pra0os !s obriga"#es

    < art 7771%4, todos do C5digo Ciil& 'ssim2

    9 o acordo de caalheiros pelo 6ual algu$m compra um autom5el pagando ao endedor o pre"o6ue entender justo ou $ nulo < art ">#1%4< ou encontrar um pre"o %ixado nos termos do art>>21%43ambos do C5digo Ciil?9 o acordo de caalheiros pelo 6ual algu$m empresta uma 6uantia a outrem 6ue este pagar6uando puder ser cumprido nos termos do art 77>1, do C5digo Ciil29 o acordo de caalheiros pelo 6ual as partes iro celebrar certo contrato 2 ou satis%a0 osre6uisitos de %orma e de subsistAncia do contrato9promessa e ale como tal, ou no existe&

    ) Acordos bancrios 6iti5ados

    No ;mbito de um relacionamento bancrio complexo, $ %re6uente o ban6ueiro pronti%icar9se paraestudar propostas e ponderar solu"#es& Yuando o %a"a, poderemos estar perante declara"#es de inten"#es,

    perante acordos de negocia"#es ou, at$, perante acordos de base&

    ' rela"o bancria complexa poder compreender tais deeres mitigados&>ergunta9se, por$m, se tais declara"#es tAm, necessariamente conte4do jurdico < no tAm&Hinalmente, uma rela"o bancria complexa pode incluir acordos no9jurdicos, 6ue as partes

    pretenderam manter no caalheirismo& Yuando alguma das partes o 6ueira, tais acordos regressam aocampo no do jurdico&

    ' D:L'UO 8'NCTD' )ID')OID'

    ) Ponto bsico e evolu'(o

    ' rela"o bancria geral, como rela"o de neg5cios, $ uma clara obriga"o duradoura&' distin"o das obriga"#es em instant;neas e duradouras remonta a 3aignW& :ste clssico p#e

    em desta6ue o %acto de, nas primeiras, o cumprimento se e%ectiar num lapso juridicamente irreleante?

    pelo contrrio, nas segundas, o cumprimento prolongar9se9ia no tempo, correspondendo ! sua nature0a&Otto Von @ier_e chama a aten"o para 29 nas obriga"#es instant;neas, o cumprimento surge como causa de extin"o,9 nas duradouras, o cumprimento processa9se em termos constantes, no as extinguindo&Im dos aspectos signi%icatios das regras pr5prias das obriga"#es duradouras estaria nas %ormas

    da sua cessa"o29 a determina"o inicial da sua dura"o, seja pela aposi"o de um termo certo, seja pela de umtermo incerto ( p&ex&, a ida de uma pessoa1?9 a indetermina"o inicial , podendo, ento, sobreir a den4ncia, preista na lei ou no contrato ? aden4ncia poderia operar com um pra0o (pr$9aiso1 ou ser de e%eitos imediatos?9 a impossibilidade supereniente

    K

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    ) Do56tica 5eral

    Nas obriga"#es duradouras < ao contrrio das instant;neas < o cumprimento ai9se reali0andonum lapso de tempo alongado, em termos de rele;ncia jurdica&

    Na obriga"o duradoura, ainda podemos encontrar duas situa"#es 29 ou a presta"o permanente $ contnua, exigindo uma actiidade sem interrup"o?

    9 ou essa presta"o $ sucessia, 6uando impli6ue condutas distintas, em momentos diersos&'s obriga"#es duradouras apresentam algumas regras ditadas pela nature0a das coisas& )esdelogo, elas no se extinguem por nenhum acto singular de cumprimento& Bo9pouco elas podem dar lugar !repeti"o, na hip5tese de ser anulado ou declarado nulo o contrato em 6ue assentem 2 ou se restitui o alor( art ">81%4do C5digo Ciil1 ou no h 6uais6uer restitui"#es&

    ) A denSncia J a lon5a dura'(o

    's obriga"#es duradouras so, ainda senseis ! den4ncia& Ima e0 6ue elas no se extinguempelo cumprimento, h 6ue preer outra %orma de extin"o, diersa da resolu"o (unilateral, justi%icada eretroactia1, como imos a de reoga"o, 6ue exige m4tuo acordo& : a6ui ocorre a %igura da den4ncia&

    ' den4ncia estar, em princpio, preista por lei ou pelo pr5prio contrato )ireito preocupa9secom a mat$ria no ;mbito de situa"#es em 6ue, de modo tipi%icado, procede ! tutela da parte %raca2 como

    no )ireito do trabalho, do arrendamento ou no contrato de agAncia, regulado pelo )ecreto9Lei n* -/-Qde . de Julho, com as altera"#es introdu0idas pelo )ecreto9Lei n* -/. de . de 'bril 2 art ">1& Brata9se de um es6uema aplicel, por analogia, ! concesso e ! %ran6uia e 6ue redunda no seguinte2

    9 na %alta de pra0o, 6ual6uer das partes pode %a0er cessar o contrato de agAncia?9 para tanto, h 6ue %a0er uma den4ncia com pr$9aiso 2 tanto maior 6uanto mais longa tiersido a dura"o do contrato?9 na %alta de pr$9aiso, a den4ncia $ e%ica0, mas h responsabilidade&>#e9se o problema de saber o 6ue sucede perante obriga"#es duradouras de dura"o

    indeterminada, 6uando as partes nada tenham dito sobre a den4ncia e 6uando elas no possam serrecondu0idas a nenhum tipo contratual 6ue preeja essa %igura&

    ' proibi"o de rela"#es perp$tuas < 6ue justi%icaria sempre a den4ncia < surge apoiada na regraconstitucional da liberdade de actua"o& sso possibilitaria a lire denunciabilidade de rela"#es duradourasde dura"o indeterminada, o 6ue poderia atentar contra legtimas expectatias de continua"o e de

    estabilidade e contra a regra do respeito pelos contratos&O problema tem conhecido uma abordagem recente diersa, gra"as ! doutrina dos contratos delonga dura"o& 's partes podem, ao abrigo da sua autonomia priada, concluir contratos 6ue duremilimitadamente? basta 6ue %ixem uma associa"o de interesses 6ue tenha essa aspira"o&

    Nessa eentualidade, o %acto de elas no terem preisto uma clusula de den4ncia, ainda 6uecom pr$9aiso alongado, poderia signi%icar2

    9 ou 6ue houe erro ou es6uecimento, seguindo9se o seu regime pr5prio?9 ou 6ue h lacuna contratual, a integrar pela interpreta"o complementadora&

    No se eri%icando nenhuma dessa hip5teses < ou , a %ortiori, 6uando as partes excluamexpressamente a den4ncia ou e6uialente < 6uedar o recurso ! altera"o das circunst;ncias&

    O )D:BO >ODBI@I3 2 '8:DBID' ): CONB'

    ) A fleibilidade das elica'9es contratuais

    Yuando se inicie um relacionamento bancrio < normalmente pela abertura de conta < ambas aspartes tAm uma clara inten"o de prosseguir& O ban6ueiro existe, justamente, para desenoler a suaactiidade e, por isso, tem uma ontade explcita de celebrar noos neg5cios bancrios, en6uanto ocliente, estando satis%eito, pretende precisamente obter do ban6ueiro os in4meros produtos de tipo

    bancrio&>ois se ambas as partes j concluram um neg5cio, com uma rela"o duradoura dele subse6uente

    e com a ontade comum de completar essa rela"o com outros neg5cios, h uma clara %enomenologiacontratual&

    [ certo 6ue desta rela"o bancria, no resulta, para nenhuma das partes, o deer de celebrarnoos contratos& : isso num duplo sentido2

    9 obserados os limites contratuais ou ex bona %ide, 6ual6uer das partes pode, a todo o tempo, pRr

    cobro ! rela"o?9 o noo neg5cio 6ue uma das partes proponha ! outra pode ser objecto de lire rejei"o&

    =

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    Gas da6ui no se imp#e o a%astamento dogmtico do contrato bancrio geral&Ima das caractersticas da moderna contrata"o $ a de admitir deeres de diligAncia, de

    acompanhamento, de disponibilidade para negociar e mesmo de negocia"o sem 6ue, por este 4ltimo, seentenda a obriga"o de concluir 6ual6uer contrato&

    :stes deeres podem ter nature0a contratual, surgindo como obriga"#es mitigadas&'l$m deste aspecto, 6ual6uer contrato $ acompanhado de deeres acess5rios, isto $, de deeres

    cominados pela boa %$ e 6ue adstringem as partes a regras de seguran"a, de in%orma"o e de lealdade e6ue,no nosso )ireito, resultam genericamente do art 7&"1%"do C5digo Ciil&Hinalmente, um contrato comercial < e, para mais bancrio < $ sempre complementado pelas

    clusulas contratuais gerais e pelos usos&Com os apontados elementos, parece9nos possel indicar uma orienta"o e tra"ar uma

    constru"o para a rela"o bancria geral& )ois pontos bsicos podem ser demonstrados pela obsera"o 2tal rela"o existe e ela tem origem contratual, embora seja complementada pela lei e pelos usos&

    ' rela"o existe 2 consumado um contrato duradouro entre o ban6ueiro e o cliente h, entreambos, deeres de lealdade, com especial incidAncia sobre o pro%issional 2 justamente o ban6ueiro&

    ' rela"o tem origem contratual& Budo se inicia por6ue as partes o 6uiseram e exteriori0aramontades lires e lidas nesse sentido&

    ) Abertura de conta

    Destam trAs 6uest#es2 6uando surge o tal \contrato bancrio geral], 6ual a sua extenso e 6ueregime lhe aplicarX

    ' rela"o bancria geral surge com o contrato de abertura da conta& Ou noutros termos2 ocontrato de abertura da conta, tipicamente bancrio embora sem desenolimento legal, compreende,entre os seus e%eitos, o surgimento de uma rela"o bancria duradoura&

    ' abertura de conta deria da adeso a determinadas clusulas ou \condi"#es] contratuais geraispreconi0adas ou utili0adas pelo ban6ueiro&

    )e acordo com a prtica geral da banca portuguesa, existem \condi"#es] distintas < embora nomuito di%erentes < consoante o cliente seja uma pessoa singular < ou um \particular], na linguagem

    bancria < ou seja uma pessoa colectia < por e0es dita \empresa]&'s \condi"#es gerais] de%inem9se como apliceis ! abertura, ! moimenta"o, ! manuten"o e

    ao encerramento de contas de dep5sito junto do banco&

    :las admitem estipula"#es em contrrio, acordadas por escrito, entre as partes& : no omisso, elasremetem para os usos bancrios, e para a legisla"o bancria&O contrato de abertura de conta conclui9se pelo preenchimento de uma %icha, com assinatura e

    pela aposi"o da assinatura num local bem demarcado&'s clusulas contratuais gerais regulam o enio de correspondAncia2 para o local indicado pelo

    cliente, considerando9se recebida com o seu enio&O ban6ueiro pode alterar as clusulas contratuais gerais, remetendo as altera"#es ao cliente& No

    haendo oposi"o do cliente, dentro de determinado pra0o, a altera"o tem9se por aceite&'s clusulas contratuais gerais atinentes ! abertura de conta preAem , ainda, trAs neg5cios

    subse6uentes29 a conen"o de che6ue?9 a emisso de cart#es?9 a concesso de cr$dito por descobertos em conta&

    ' conen"o de che6ue %ica na disponibilidade do ban6ueiro2 todas as \condi"#es] reseram, aeste, o direito, de no emitir che6ues&

    ' emisso de cart#es < de d$bito, de cr$dito ou outras < %ica dependente de um acordo paraleloou ulterior, com a interen"o de noas clusulas contratuais gerais&

    ' concesso de cr$dito por descobertos em conta depende duma deciso a tomar pelo ban6ueiro&' prima0ia do contrato de abertura de conta como %onte da rela"o bancria geral subse6uente

    %oi recentemente acolhida no ordenamento bancrio portuguAs&

    Q

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    Captulo V < TPICO, EKOLUTIKO, DA BA-CA

    )V:D3HC'UO : '>DOHIN)'G:NBO )' 'CBV)'): 8'NCTD'

    >T@& a +MQ

    D:OD@'NZ'UO )' 8'NC'2 HI3`:3 : OIB3OIDCN@

    ) Reor5ani!a'(o e fus9es

    ' necessidade de inestir lea a %en5menos de concentra"o bancria& Gais rpido e, por, e0es,mais barato do 6ue montar uma rede de agAncias ser ad6uirir um banco 6ue j as tenha& O mesmoraciocnio pode ser aplicado a institui"#es especiali0adas& BAm9se eri%icado nos 4ltimos temposmega%us#es&

    ' concentra"o bancria coloca problemas& )esde logo ao nel da concorrAncia 2 nas economiasde mercado, um ponto sensel, 6uer perante as entidades reguladoras 6uer em %ace da opinio p4blica&

    Num prisma de gesto, surgem tamb$m di%iculdades& O sobredimensionamento obriga aburocrati0a"#es e a es6uemas de gesto descentrali0ada, com riscos de disparidade e de e%iciAncia&Veri%ica9se ainda 6ue se as %us#es permitem , num primeiro momento, baixar nos custos, a dimenso

    condu0, num segundo momento, a noos custos e a perdas contingentes&)e todo o modo, a (excessia1 dimenso,resultante das %us#es modernas em a ser compensadapelo %en5meno do outsourcing.

    Outsourcing

    ' expresso inglesa outsourcing, retirada da economia, resulta da jun"o dos ocbulos outside,resource e using2 a utili0a"o de recursos do exterior&

    O outsourcingdesigna o %en5meno pelo 6ual as grandes empresas abdicam de algumas das suasalAncias, entregando9as a entidades exteriores com as 6uais contratam, depois, a presta"o doscorrespondentes seri"os& Na origem, o outsourcing atingir actiidades instrumentais, 6ue no tenham aer com o neg5cio em jogo&

    Os motios 6ue podem lear ou justi%icar o outsourcing centram9se, em princpio, numa 6uesto

    de e%iciAncia& >odemos, al$m disso, apontar29 a limita"o de custos?9 aproeitamento de know-how;9 concentra"o no cerne do neg5cio&Bodaia, para al$m de antagens, o outsourcing poder implicar riscos& 'pontam9se, como

    tpicos, os seguintes29 os perigos na %ase de trans%erAncia?9 os riscos de dependAncia?9 as di%iculdades de aaliar a rela"o custos/bene%cios da opera"o, no es6uecendo os custos da

    transac"o&O outsourcingtem, na base, um contrato do mesmo nome& 3er um contrato atpico, complexo,

    basicamente de presta"o de seri"o e do 6ual emerge uma rela"o duradoura& >or e0es, o contrato deoutsourcing assume as %ei"#es de um contrato96uadro, no ;mbito do 6ual sero, depois, concludos

    acordos concreti0adores&:m certos casos, na origem da opera"o estar uma pr$ia opera"o de ciso 2 a empresa exterior

    resultar da ciso de um estabelecimento antes pertencente ! empresa principal& :sta poder manter umdomnio directo ou indirecto sobre a empresa prestadora o 6ue, como $ natural, %acilitar a coesosubse6uente&

    Borna9se ainda importante sublinhar 6ue o outsourcingpoder 9 ou no < implicar regimes deexclusio&

    ) ,e5ue J uest9es esecGficas no sector bancrio

    No sector bancrio, para al$m dos problemas acima aludidos, o outsourcing apresenta certasespeci%icidades& )esde logo, ele pode respeitar 2

    9 a seri"os t$cnicos peri%$ricos?

    9 a seri"os t$cnicos nucleares?9 a seri"os bancrios&

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    Na primeira hip5tese teremos outsourcing de seri"os de limpe0a, de seguran"a ou derestaura"o&

    No segundo caso esto enolidos, como exemplos, seri"os in%ormticos ou seri"os jurdicos&Na terceira hip5tese, esto externali0ados ectores bancrios ? p&ex& , o cr$dito autom5el, o

    cr$dito ao consumo ou a loca"o %inanceira so entregues a institui"#es especiali0adas, ligadas ! casa DO)IBO3 HN'NC:DO3

    ) Asectos 5erais do Direito do consu6o

    O )ireito de consumo $ mat$ria ciil& 7 partida, podemos di0er 6ue o )ireito do consumo emdispensar ao consumidor, tomado como elo terminal do sector econ5mico ( portanto 2depois do produtor edepois do distribuidor1, um regime especial, tendencialmente mais %aorel&

    ) O Direito euroeu e as leis nacionais

    O Bratado de Doma, na erso de =, no continha nenhum preceito relatio aosconsumidores&

    :m =, o Conselho adoptou um \programa preliminar da C:: para uma poltica de protec"oe de in%orma"o do consumidor], assente em cinco direitos %undamentais, a ele reconhecidos29 o direito ! protec"o das suas sa4de e seguran"a9 o direito ! protec"o dos seus interesses econ5micos9 o direito ! repara"o dos danos so%ridos9 o direito ! in%orma"o e ! %orma"o9 o direito ! representa"o ou de ser ouido' consagra"o comunitria em conjunto com a diulga"o dos temas dos consumidores learam

    ! aproa"o da Lei n* +/- de ++ de 'gosto 2 o primeiro regime de de%esa do consumidor&Veri%icaa9se um amadurecimento 6ue justi%icou o passo seguinte2 a Deiso Constitucional de

    -+ introdu0iu um art 44#19 hoje relatio aos \direitos dos consumidores]&' prtica colhida e os elementos comunitrios recomendaam uma reiso mais apro%undada da

    Lei de )e%esa do Consumidor, de -& 3urgiu uma autori0a"o legislatia 2 a da Lei n* QM/ de . de

    'gosto& 'penas cinco anos mais tarde, a Lei n* +K*/Q de . de Julho, %ixou o regime legal aplicel de%esa dos consumidores (lei de de%esa dos consumidores ou L)C1&

    ) A tutela no sector financeiro

    O )ireito bancrio isa proteger o cr$dito&Gas a partir da isa, tamb$m, a tutela dos clientes doban6ueiro& 's regras 6ue prosseguem essa tutela esto dispersas por todo o )ireito bancrio& 'diantandoa re%erAncia a certas rubricas, podemos apresentar o seguinte 6uadro 2

    9 regras institucionais?9 regime das clusulas contratuais gerais?9 regime da responsabilidade bancria?9 regime do cr$dito ao consumo e das trans%erAncias bancrias&

    No domnio institucional, encontramos diersas regras 6ue isam a tutela do consumidor&Ima re%erAncia especial ao %undo de garantias de dep5sitos < arti5os 4$?1 e se5uintes do

    D@C 2 um %undo 6ue tem por objecto garantir o reembolso de dep5sitos constitudos em institui"#es decr$dito 6ue nele participem ( art 4$$1%41, sendo 6ue, entre outras, participam nele, obrigatoriamente, asinstitui"#es de cr$dito com sede em >ortugal ( art 4$&1%41&

    O regime das clusulas contratuais gerais %oi aproado pelo )ecreto9Lei n* KKQ/-= de += deOutubro& O arti5o ""1%" e 2da LCC@ reporta9se a aspectos bancrios, isentando9os de algumas regras&)e todo o modo, o grosso das proibi"#es espec%icas relatias a clusulas contratuais gerais aplica9se scondi"#es dos ban6ueiros, sendo as dos arti5os "#13 "41 e ""1precisamente isados para os consumidores%inais&

    ' responsabilidade bancria $, na actualidade, um captulo clssico nas exposi"#es de )ireitobancrio& :m pontos importantes, ele tende a concreti0ar9se em torno de danos causados aos pe6uenosclientes ou \ a consumidores %inais] de produtos %inanceiros 2 assim sucede, designadamente, no campo

    da culpa in contrahendo, no domnio da responsabilidade pelo uso permitido do che6ue ou no da iola"ode deeres pro%issionais < art 721 e se5uintesdo D@C&

    -

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    ) O rovedor bancrio

    ' %igura do proedor remonta ! experiAncia sueca de -M& Consiste numa %igura independente,sem poderes de deciso, mas com a possibilidade de, junto dos diersos departamentos administratios,se inteirar do andamento de processos&, propondo determinadas solu"#es&

    ' ideia tee Axito, sendo acolhida, no campo estadual, pelo art "21da Constitui"o&

    O >DO@:33O B:CNOL@CO

    >T@& ++= ' ++-

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    Captulo < A ,ITUA.

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    No tocante aos %actos em sentido estrito $ possel, no domnio bancrio, recorrer ! tradi"ociilstica2 teremos espa"o para diersas mani%esta"#es de responsabilidade objectia, para a gesto deneg5cios e para o enri6uecimento sem causa&

    O )ireito bancrio material $ totalmente dominado pela autonomia priada2 as partes podemdeterminar a existAncia de e%eitos < liberdade de celebra"o < a nature0a das desses e%eitos < liberdade deestipula"o < e o modo por 6ue eles ocorram < liberdade de %orma& Budo isso se eri%icar nas margens

    em 6ue no surjam normas restritias& )ee %icar claro 6ue em )ireito bancrio $ possel e%ectuar todosos actos 6ue a lei no proba&:m concreto, h limita"#es de ordem prtica& 's institui"#es de cr$dito tornam9se centros de

    contrata"o maci"a& Os diersos actos so reali0ados por %uncionrios habilitados, 6ue agem emrepresenta"o dos bancos2 por ra0#es de ordena"o %uncional eles tAm instru"#es para e%ectuar certascategorias de actos, predeterminadas& 'penas as administra"#es dos bancos disp#em de latos poderes deestipula"o, reserando9os, em regra, para os contratos de maior ulto& 'l$m disso, a generalidade daactua"o bancria subordina9se a clusulas contratuais gerais& >or isso, a liberdade de estipula"o estmuitas e0es limitada em termos prticos& ' autonomia priada mant$m9se, por$m, como %onte de

    juridicidade dos actos e de legitima"o das solu"#es a 6ue se chegue&Bemos pois a%irma"o jurdica da liberdade econ5mica ( empresa e trabalho1 subjacente ao

    )ireito bancrio material&

    )Co6orta6entos concludentes

    Cabe depois perguntar pelo ;mbito da autonomia priada e designadamente2 a ontade jurgenadas partes mani%esta9se apenas atra$s da contrata"o e de actiidades unilaterais %ormalmente jurdicasou admite9se, ainda, uma actua"o puramente material mas juridicamente concludente, como %onte desitua"#es bancriasX Na se6uAncia das anlises a 6ue %icou ligado o nome de @unther aupt algumadoutrina apurou a existAncia de rela"#es de tipo contratual sem 6ue surgisse 6ual6uer contrato a antecedA9las& 'ssim sucederia em situa"#es de contratos sociais tpicos (por ex culpa in contrahendo1 ou de

    presta"o de seri"os e bens essenciais (por ex gua e electricidade1 6ue se iniciaram independentementede 6ual6uer acordo de ontades& Noas categorias de rela"#es de %acto %orma apuradas pela dourina( rela"#es contratuais de %acto1&

    Hica9nos como n4cleo impressio releante o dos comportamentos concludentes& Neste domnioo )ireito bancrio tem uma experiAncia importante& Guitos actos bancrios correntes, designadamente os

    praticados atra$s de aut5matos, completam9se sem uma mani%esta"o de ontade& Os protagonistaslimitam9se a aderir a es6uemas sociais de comportamentos predeterminados sem %ormarem 6ual6uerontade consciente, seja do acto, seja dos seus e%eitos& ' tais ocorrAncias aplica9se o regime negocial& Gashaer contratoX

    O pensamento jurdico9priado actual inclina9se para admitir uma concreti0a"o da autonomiano apenas atra$s da ontade mas tamb$m atra$s da adeso a es6uemas sociais de comportamentosconcludentes& 3e o acto jurdico, por de%ini"o %or apenas o %acto humano oluntrio, j no haer a6uineg5cio mas apenas uma rela"o negocial de %acto& 3ucede, no entanto, 6ue o neg5cio jurdico $, narealidade, sempre uma combina"o entre a autonomia priada e a tutela da con%ian"a? basta er 6ue oneg5cio ale en6uanto ontade expressa e com o alcance em 6ue o seja e no como pura oli"o&

    No comportamento concludente dominar a ertente da con%ian"a sempre 6ue %alte uma ontadecon%ormada ( o 6ue por de%ini"o, in concreto no $ eri%icel1&:m suma2 a doutrina clssica do neg5cio jurdico pode ainda redu0ir dogmaticamente o %en5meno dos

    comportamentos concludentes& ' necessria sindic;ncia do )ireito $ assegurada atra$s do controlo dasclusulas contratuais gerais&

    O3 3IJ:BO3 : O O8J:CBO

    )O banueiro e o seu cliente

    Como sujeito surge necessariamente uma institui"o de cr$dito, uma sociedade %inanceira ouuma empresa de inestimento, na enumera"o hoje resultante do D@C& 3o entidades legalmentehabilitadas a praticar , em termos pro%issionais actos bancrios& )a6ui para a %rente designadas como

    ban6ueiro&O C5digo Comercial re%eria, simplesmente os \bancos] ( art 2&"11& 'brangia assim 6uer as

    entidades singulares, 6uer as colectias 6ue se dedicassem pro%issionalmente ! actiidade bancria&

    +

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    O D@C, simpli%icando a situa"o anterior, adoptou uma biparti"o em institui"#es de cr$dito esociedades %inanceiras depois completada, por in%luAncia comunitria, com as empresas de inestimento&Os bancos so apenas um dos tipos admitidos de institui"#es de cr$dito&

    ' ideia de prtica pro%issional deixa9se precisar com recurso aos seguintes par;metros2 $ uma prtica habitual2 o ban6ueiro no se limita < como em 6ual6uer pro%isso < a praticar

    actos ocasionais ou isolados? antes os lea a cabo em cadeia, numa se6uAncia articulada?

    $ uma prtica lucratia2 o ban6ueiro pretende cobrir os custos da sua actiidade e aindareali0ar um determinado lucro? mesmo 6uando por ra0#es conjunturais ou de %undo haja

    preju0os, a actua"o desenole9se com uma mira da bene%cio? por isso toda a organi0a"odo ban6ueiro assume, de modo necessrio, uma %ei"o empresarial?

    $ uma prtica tendencialmente exclusia e isso em + sentidos2 s5 o ban6ueiro pode,pro%issionalmente, praticar actos bancrios (art >1%" do R+IC1? o ban6ueiro s5 dee, pelomenos em termos nucleares, desenoler actiidades bancrias (art 4?1%43c@ do R+IC1&

    ' lei portuguesa tipi%ica as %ormas 6ue pode assumir o ban6ueiro2 institui"#es de cr$dito ( art21@ e sociedades %inanceiras (&11& 3urgem os bancos e e6uiparados com uma capacidade bancriagen$rica e depois as diersas outras entidades com um teor especiali0ado (arts ?1%" e 71 todos doR+IC1&

    ' pessoa 6ue contacte com o ban6ueiro $ tradicionalmente designada cliente& Os clientes podemser classi%icados em %un"o da sua pr5pria nature0a& Beremos clientes singulares e colectios e dentro

    destes associa"#es, sociedades ou institui"#es de diersa nature0a, p4blica ou priada& Bem actualidadeuma contraposi"o entre pe6uenos e grandes clientes2 aos primeiros $ dispensada uma tutela pelas regrasde protec"o do consumidor&

    ' actiidade bancria pelo prisma do cliente $ hoje pura e simplesmente instrumental& 'ssim,podemos considerar 6ue 6uem tenha capacidade para a prtica de determinado acto patrimonial tem, saloexcep"o, capacidade para o %a0er em modo bancrio, por ex& abrir uma conta&

    Banto basta para proclamar como princpio 6ue pode ser cliente 6ual6uer pessoa, singular oucolectia, 6ue tenha capacidade patrimonial priada&

    )Os 6enores

    O princpio acima enunciado tem uma aplica"o tendencial !s pessoas singulares& Os menores,os interditos e os inabilitados podem aceder ! banca na medida em 6ue estejam em causa actos ao alcanceda sua capacidade de exerccio& Yuando isso no suceda deero ser representados ou assistidos nostermos legais&

    No tocante aos menores a regra bsica $ a da incapacidade (art 4"21 do CC1& Os menoresdeem ser representados junto do ban6ueiro (art4"?11 numa regra 6ue, nos termos prescritos e com asdeidas adapta"#es, se aplica aos interditos (art 42>11 e aos inabilitados (art3 4$21@a6ui atra$s daassistAncia de um curador&

    Contudo, h excep"#es a ter em conta (art 4"71 do CC1& >oucos actos bancrios podero serconsiderados \pr5prios da ida corrente do menor] (art 4"71%43b@? proaelmente, apenas seriamadmitidas, por essa ia, pe6uenas opera"#es de c;mbio& No entanto2

    o menor de Q anos poder praticar os actos bancrios relatiamente a bens 6uehaja ad6uirido pelo seu trabalho (art 4"71%43a@ CC@

    o menor autori0ado a exercer determinada actiidade, relatiamente aos bens

    6ue lhe adenham por essa ia, poder igualmente %a0A9lo (4"71%43c@do mesmodiploma? recorde9se 6ue a idade mnima de admisso para prestar trabalho $ deQ anos (art $$1%" do Cd Do Trabal*o@

    )O obVecto

    O objecto (imediato1 da situa"o jurdica bancria $ o complexo de direitos e deeres emergentesdo concreto acto bancrio considerado& Normalmente o complexo em causa $ sinteticamente designado

    pelo %acto jurdico 6ue o origine& 'ssim, podemos %alar na situa"o jurdica \abertura de conta] paraexprimir os direitos e os deeres 6ue emergem para as partes < cliente e ban6ueiro < da celebra"o dumcontrato de abertura de conta&

    ' situa"o bancria, ! semelhan"a do 6ue ocorre com as diersas situa"#es de tipo pro%issional,no se de%ine apenas pelos seus sujeitos& :xige9se ainda um objecto especi%icamente bancrio&

    >or in%luAncia comunitria encontramos no D@C uma enumera"o de opera"#es consideradasbancrias (art ?1%4@' lista $ meramente exempli%icatia&

    ++

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    ),itua'9es bancrias se6 banueiroJ o abusivis6o

    :ste tipo de situa"#es so excepcionais&Ima melhor exposi"o de conjunto re6uer a antecipa"o duma classi%ica"o de actos bancrios

    em %un"o da entidade apta a pratic9los& :ncontramos2 actos de nature!a bancria absolutaJ

    actos de nature!a bancria relativaJ actos de nature!a bancria eventual&

    O acto de nature!a bancria absoluta s5 pode ser praticado por institui"#es de cr$dito? $ o 6uesucede nos casos do art >1%4 do R+IC

    O acto de nature!a bancria relativa s5 pode ser praticado, a ttulo pro%issional, pelasinstitui"#es de cr$dito e sociedades %inanceiras? $ o 6ue sucede com as actiidades re%eridas nas alGneasb@ a i@ e r@ do n14 do R+IC =art >1%" do R+IC

    Hinalmente e por excluso de partes sero eentualmente bancrios os actos re%eridos nas alGneasV@ a r@ do art ?1%4 do R+IC&

    >erante essa classi%ica"o podemos apontar as seguintes situa"#es bancrias sem ban6ueiro2 6toaos actos de nature0a bancria absoluta, os praticados pelas entidades do art >1%2? 6uanto aos actos

    bancrios eentuais, por ra0#es estruturais no ser possel imagin9los sem ban6ueiro&Os actos bancrios sem ban6ueiro seguem o regime pr5prio dos actos bancrios& 'penas haer

    6ue excluir2 as regras a%astadas ou substitudas por preceitos espec%icos2 $ o 6ue sucede, em

    especial, pelos actos bancrios praticados por entidades publicas? as regras 6ue, por sua nature0a ou %inalidade, tenham exclusiamente a er com a

    pro%isso de ban6ueiro&O abusiismo bancrio consiste na prtica de actos bancrios edados& :m abstracto, temos +

    hip5teses2 ou a prtica, por no ban6ueiro, de actos de nature0a bancria absoluta ou a prtica pro%issionalde actos relatiamente bancrios&

    ' hip5tese $ objecto de incrimina"o2 $ o 6ue resulta do art "##1 do R+IC& ' +* tem a ercom ilcitos de mera ordena"o social com releo para o art "4413a@ do R+IC6ue preA, a tal prop5sito,uma in%rac"o especialmente grae&

    O CONB:)O @:D'L

    )Ele6entos nor6ativos e voluntriosN os tios bancrios

    Os actos bancrios implicam um conjunto de e%eitos a 6ue podemos dar a designa"o global deconte4do& >odemos distinguir diersos elementos e, designadamente, os normatios e os oluntrios,consoante adenham de normas jurdicas ou de actos, normalmente contratos, celebrados pelas partes&

    Os elementos normatios so injuntios ou supletios, con%orme possam, ou no, ser a%astadospela ontade das partes&

    >or seu turno, os elementos oluntrios so necessrios e eentuais& Os necessrios deem serproidenciados pelas partes, sob pena de no se consubstanciar o neg5cio ou de surgirem irregularidadesirrepareis& >ense9se, por exemplo, num contrato de c;mbio em 6ue as partes no indicassem as moedas

    em presen"a& Os eentuais limitam9se a a%astar normas supletias&O )ireito bancrio %aculta ainda diersas subclassi%ica"#es& 'ssim os elementos normatiospodem ser legais, regulamentares ou usuais2 a sua origem estar, respectiamente, na lei, emregulamentos ou nos usos bancrios&

    >or seu turno, nos elementos oluntrios podemos distinguir os oluntrios gerais dosoluntrios espec%icos2 os primeiros adAm de clusulas contratuais gerais, proindo os segundos deacordos especi%icamente concludos&

    O conjunto representado pelos elementos normatios e pelos elementos oluntrios necessriosconstitui o tipo contratual e, para o caso, o tipo bancrio&

    O especial papel da autonomia priada, particularmente 6uando ertida em clusulas contratuaisgerais, permite distinguir os \tipos sociais], em aproeitamento de terminologia habitual2 trata9se de actoscon%igurados por elementos repetidamente ertidos em clusulas contratuais&

    +.

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    )ConteSdo ositivo

    No estudo do conte4do dos actos bancrios podemos distinguir um conte4do positio e umnegatio& O conte4do positio tem a er com normas de imposi"o, isto $, com regras 6ue prescreem,

    para os actos bancrios, determinados e%eitos& O conte4do negatio liga9se a normas de proibi"o2 semde%inir, precisamente, o espa"o pr5prio dos actos bancrios tais normas %ixam para este limites

    inultrapasseis&' existAncia de um conte4do positio de relatia extenso tem a er, no sector bancrio, com aspreocupa"#es de poltica econ5mica, de salaguarda do sistema e, mais recentemente, de tutela dosconsumidores 6ue nele dominam& Os poderes de superiso concreti0am todos esses elementos&

    )ada a nature0a predominantemente relatia das situa"#es bancrias, o conte4do positio dosdiersos actos con%igura9se, prealentemente, atra$s de deeres cominados ao ban6ueiro&

    )Os deveres de co6etHncia3 adeua'(o e eficiHncia

    O D@C tem um Btulo V relatio !s regras de conduta do ban6ueiro& ', no tocante a deeresgerais, surgem9nos K %iguras2

    a competAncia t$cnica2 art 721 as rela"#es com os clientes2 art 7?1

    o deer de in%orma"o2 art 7$1 o crit$rio de diligAncia2 art 7&1

    ' competAncia t$cnica d a0o a deeres de 6ualidade e de e%iciAncia& :sta norma $ importante& 'actiidade bancria $ dominada por par;metros tecnol5gicos e culturais em permanente ascenso&>odemos apontar exigAncias %sicas (instala"#es, acesso,etc1 e exigAncias bancrio9culturais(disponibilidade de produtos, cria"o de noos seri"os1& ' prossecu"o destes objectios obriga o

    ban6ueiro a um es%or"o permanente de reorgani0a"o do trabalho e m$todos e de %orma"o de seupessoal& >ara o%erecer boas condi"#es ao seu cliente, o ban6ueiro ter de racionali0ar os custos o 6ue, nolimite, poder pRr em causa o objectio pretendido& Brata9se, em suma, da eterna tenso entre a 6ualidadee o pre"o, num drama 6ue sendo j bem conhecido da ind4stria conencional chega agora ! banca&

    ' competAncia t$cnica, assim entendida, dee ser aproximada dos deeres prescritos no D@C6uanto !s rela"#es com os clientes (art 7?11 e 6uanto ao crit$rio de diligAncia (art 7&11&

    's rela"#es com os clientes leam o legislador a re%erir deeres de diligAncia, lealdade,descri"o, e de respeito consciencioso dos interesses con%iados ao ban6ueiro&

    O crit$rio de diligAncia, aparentemente orientado para os administradores e para o pessoaldirigente mas, no %undo, destinado ao pr5prio ban6ueiro, en6uanto institui"o, aponta para a bitola do

    ban6ueiro criterioso e ordenado& Brata9se da recupera"o, com %ins bancrios, da %igura do bonus pater%amlias&

    >ergunta9se se os arts 7213 7?1 e 7&1 do R+IC com o conjunto de deeres de ade6ua"o e dee%iciAncia 6ue deles resultam, se podem considerar como erdadeiras normas de conduta, %ontes dedireitos para os clientes, ou, se pelo contrrio, sero meras regras programticas& 3e bem se atentar,apenas o mercado poder, em ultima inst;ncia a%irmar se o ban6ueiro cumpre ou no os seus deeres deade6ua"o e de e%iciAncia&

    Os arts 7213 7?1 e 7&1 do R+ICso, assim, meras normas programticas e de en6uadramento&

    Na prtica, eles tero de ser completados por outras regras, de nature0a legal ou contratual, de modo a dara0o a erdadeiros direitos subjectios ou, de todo o modo, a regras precisas de conduta, suscepteis de,6uando ioladas, indu0irem responsabilidade bancria&

    )ConteSdo ne5ativoJ confor6a'(o le5alN ossibilidade e deter6inabilidade

    O conte4do das situa"#es das situa"#es jurdicas bancrias dee obedecer !s regras jurdicas dosneg5cios jurdicos&

    O acto bancrio dee ser %sica ou legalmente possel, con%orme com a lei e determinel ( art">#1%4 do CC1&

    ' con%ormidade com a lei $ um re6uisito 5bio& No campo bancrio m4ltiplas regras de ordemp4blica, desenolidas designadamente pelo poder regulamentar do 8anco Central, podem iniabili0ardiersos actos %erindo9os de nulidade& Im papel importante $ ainda o desempenhado, neste domnio, pela

    legisla"o relatia ! laagem de dinheiro e ao bran6ueamento de capitais&' determinabilidade obriga a recordar a distin"o entre actos indeterminados e actosindetermineis& No * caso encontramos uma actua"o desconhecida a6uando da celebra"o do neg5cio

    +K

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    mas dotada de elementos 6ue podem proporcionar a sua determina"o antes do cumprimento, como noscasos dos arts ?##1 e >>21 do CC& No +* caso o acto $ indeterminel por6uanto na celebra"o no $ detodo con%igurel a %ei"o 6ue este ir assumir a%inal& Brata9se, em suma, de um acto aleat5rio 6ue pode%acultar largas margens de arbtrio e 6ue inclusie pode ser con%igurado como doa"o de bens %uturos,edada pelo art 8?"1%4 do CC& ' jurisprudAncia tem indo, e bem, a inalidar neg5cios bancrios deconte4do indeterminel&

    ),e5ueJ bons costu6es e orde6 Sblica

    O conte4do bancrio dee ser con%orme com os bons costumes e a ordem p4blica ( art ">#1%"1&>odemos aan"ar 6ue os bons costumes abrangem + reas2

    a das regras de comportamento pessoal, sexual e %amiliar, 6ue embora noexplicitadas no CC, so reconhecidas e obseradas na sociedade?

    a dos c5digos de conduta e deontol5gicos, a obserar em determinadas pro%iss#es&' categoria de actua"#es contrrias aos bons costumes no $ de %cil con%igura"o no )ireito

    bancrio& :m princpio, o )ireito bancrio moe9se num plano estritamente patrimonial sendo9lheindi%erente o 6ue se passa nas es%eras das pessoas interenientes&

    ' + categoria tem um papel crescente& Os c5digos de conduta exprimem uma deontologiabancria 6ue autolimita o ban6ueiro& ' inobser;ncia de regras deontol5gicas signi%icatias $ indutora de

    nulidade, por ia da iola"o da regra dos bons costumes, preista no art ">#1 do CC& Depare9se2 a noser esta constru"o, os c5digos de conduta poderiam ser aproeitados como normas de protec"o parae%eitos de indemni0a"o& >odemos ainda %a0er a6ui interir a $tica bancria, mani%esta"o especiali0adada $tica dos neg5cios&

    ' ordem p4blica exprime, por seu turno, o conjunto de princpios injuntios 6ue no podem serpostergados pela autonomia priada& No )ireito bancrio surgem importantes ectores de ordem p4blica,por exemplo, no tocante aos limites existentes para a remunera"o do capital&

    O art ">41 do CCcon%igura a hip5tese de apenas o %im do neg5cio jurdico ser contrrio ! leiou ! ordem p4blica ou o%ensio dos bons costumes&

    ' doutrina e a jurisprudAncia tAm apontado a existAncia de um deer de no9ingerAncia, por partedo ban6ueiro, nos neg5cios com o seu cliente& 'ssim, na prtica dos diersos actos bancrios, o ban6ueiroteria mesmo a obriga"o de no indagar o %im 4ltimo dos actos praticados& Brata9se de um deer 6ue sereo cliente mas, em simult;neo, o pr5prio ban6ueiro2 este no poderia ser responsabili0ado por %inalidades

    6ue deeria desconhecer&O raciocnio a%igura9se correcto, com + precis#es2 ele $ lido para opera"#es de caixa 9 portanto

    opera"#es passias e conexas tais como recep"o de dep5sitos ou reali0a"o, na base destes, depagamentos < e conhece excep"#es legais, designadamente as indu0idas das regras sobre bran6ueamentode capitais&

    Noutras opera"#es, designadamente na concesso de cr$ditos signi%icatios, a %inalidade doneg5cio consta, mesmo e em regra, do pr5prio contrato& Nestas hip5teses o art ">41 $ claramenteaplicel no domnio bancrio&

    3ec"o < ,E+REDO E I-FORMA.odedi0er9se 6ue a con%ian"a $ tanto mais %orte 6uanto maior %or a personali0a"o da rela"o&

    O enunciado geral do deer de segredo no pode %a0er es6uecer 6ue neste domnio, comonoutros, os institutos abstractos so precedidos por mani%esta"#es peri%$ricas ditadas pelas mais diersasnecessidades2 econ5micas, culturais, religiosas ou deontol5gicas&

    +=

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    O segredo deixa, assim, de ser uma exigAncia da tran6uilidade contratual e da con%ian"abilateral, surgida entre os contratantes& :le assume a dimenso de uma exigAncia p4blica necessria para o%uncionamento das institui"#es& Ningu$m con%iar no seu adogado se tier a ideia 6ue este poderreelar, %ora do 6ue exija a de%esa dos interesses, 6uanto lhe con%iar&

    O passo seguinte tem a er com oponibilidade do sigilo a .s& )esta %eita, o problema p#e9se noj perante indiscri"#es do co9contratante mas em %ace de outras entidades 6ue, a 6ual6uer ttulo, tenham

    ou possam ter acesso !s in%orma"#es& Nessas condi"#es est, desde logo, o :stado&O segredo aproxima9se, desta %orma, do direito ! intimidade sobre a ida priada e, maislatamente, dos direitos %undamentais relatios ! personalidade& :stes, por seu turno, tamb$m so%reramuma eolu"o& No * tempo eram essencialmente destinados a deter o :stado? posteriormente eles ierama mostrar9se e%ica0es na tutela das diersas posi"#es erga omnes&

    )O re5i6e do R+IC

    )eu9se um en%ra6uecimento do segredo bancrio mas tal en%ra6uecimento deu9se perante o:stado, por exigAncias policiais e %iscais e no propriamente perante os particulares&

    O D@C dedicou ao segredo pro%issional o captulo do ttulo V (arts 7>1 e 781@Bem interesse relear os preceitos penais, art 48$1 do CP

    )A defesa do se5redo bancrio

    O segredo bancrio dee ser preserado nas nossas sociedades& :m termos jurdico9positios, osegredo bancrio come"a por se apoiar na pr5pria Constitui"o e designadamente nos seus arts "&1%4 e"$1&

    O )ireito bancrio acompanha hoje 6uase todas as opera"#es patrimoniais praticadas pelaspessoas& O ban6ueiro pode atra$s da anlise dos moimentos das contas de dep5sitos ou dosmoimentos com cart#es, seguir a ida dos cidados& O ban6ueiro, at$ por ter muitos milhares de clientes,no o %ar2 no o dee %a0er& Gas %acultar tais elementos a .*s $ pRr cobro ! intimidade das pessoas&

    'l$m do problema da intimidade priada, o desrespeito pelo segredo bancrio p#e ainda emcausa a integridade moral das pessoas atingidas& ' reela"o de dep5sitos, moimentos e despesas podeser %onte de presso, tro"a ou suspei"o&

    3endo assim, o segredo bancrio s5 cessa com o consentimento do cliente2 $ o 6ue resulta do art

    781%4 do R+IC e 48$ do CP& Bal consentimento e6uiale a uma limita"o oluntria de um direito depersonalidade ( o direito ! resera sobre a intimidade da ida priada, art >#1 do CCcom coberturaconstitucional dos arts "$1%4 e "&1%4& por isso 6ue lhe aplicar o regime do art >41 do CC&

    O segredo bancrio deria, ainda, da existAncia de uma rela"o jurdica bancria, de basecontratual& 'o concluir a abertura de conta o ban6ueiro e o seu cliente, explcita ou implicitamente,assentam em 6ue o sigilo ser respeitado& Yuando no o %a"am2 o sigilo sempre se imporia como deeracess5rio, imposto pela boa %$ (art 7&"1%" do CC1&

    O ban6ueiro, ao 6uebrar o sigilo, iola a rela"o bancria bsica& 'l$m disso no emos a 6uettulo poder um .*, seja ele o :stado, imiscuir9se numa rela"o contratual, 6uebrando o segredo& Oscontratos so tamb$m \propriedade priada]2 deem ser respeitados pelo :stado&

    Bemos, ainda, ra0#es p4blicas 6ue recomendam a de%esa do segredo bancrio& oje os\actiistas] reiindicam9se de democracia& Bodaia $ ingenuidade pensar 6ue, por ia bancria, se odescobrir as grandes manig;ncias e os grandes tr%egos& Imas e outros podem ser mascarados de

    moimentos legtimos e titulados ou deslocali0ados para parasos sem inter%erAncia& 'panham9se, sim, os(pe6uenos1 incautos e incomoda9se muita gente por puro sensacionalismo ou por retor"o pessoal ou

    p4blica&

    LGB'U`:3 'O 3:@D:)O 8'NCTDO2 8D'NYI:'G:NBO : H3C'L)'):

    )O re5i6e rocessual do levanta6ento

    O segredo bancrio conhece algumas excep"#es& >erante o )ireito priado o segredo s5 cede em%ace de 6uem tenha um direito bastante relatio ao bem 6ue esteja, ou possa estar, na posse do ban6ueiro&[ o 6ue sucede em %ace dos sucessores do cliente ou os seus credores em processo executio&

    No )ireito p4blico, para al$m dos casos espec%icos do bran6ueamento e da %uga %iscal, a 6uebra

    do segredo exige imperiosas ra0#es de interesse geral a con%irmar pelo tribunal&

    +Q

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    ' lei de processo penal pRs a maior dignidade na 6uebra do segredo, art 42$1 do CPP& O art$481%? do CPC remete a 6uebra do sigilo para o disposto no processo penal&

    Desta sublinhar 6ue a \prealAncia do interesse preponderante] dee ser tomada em termossubstantios e aloratios2 apenas os interesses subjacentes a um crime prealecem sobre os bens de

    personalidade em jogo no segredo& :la dee limitar9se ao minimum necessrio en6uanto o segredo semant$m como tal, %ora do processo onde %oi reelado&

    )O branuea6ento de caitais

    O bran6ueamento designa, em geral, a utili0a"o de ban6ueiros para dissimular a origemcriminosa da obten"o de %undos& O problema liga9se ao crime organi0ado e ao tr%ico de droga, mastamb$m a outros (art 2&>1A do CP, aditado pela Lei /+MMK1&

    ' )irectri0 n* +MM/, de K de )e0embro %oi transposta pela Lei /+MMK, de + de Gar"o, entreoutros aspectos, o diploma preA o seguinte2

    uma obriga"o do ban6ueiro de identi%icar o seu cliente habitual ou o ocasional 6uee%ectue uma transac"o 6ue atinja ou ultrapasse os +&=MM euros e de apurar, nahip5tese de actua"o por conta de outrem, 6ue $ o dominus =art 4$1@J

    um deer do ban6ueiro de denunciar ! autoridade judiciria competente suspeitasde opera"#es capa0es de implicar o crime de bran6ueamento =art 4>1@J

    um deer de no praticar actos de bran6ueamento (art ?1@O )ecreto9Lei n* .+=/=, de + de )e0embro, iera punir o bran6ueamento de %undos

    proenientes de crimes de terrorismo, tr%ico de armas, extorso de %undos, rapto, lenocnio, corrup"o eoutras in%rac"#es& 'l$m disso, no art 21, alargou a estas situa"#es os deeres do ban6ueiro j impostos6uanto ! mat$ria dos %undos proenientes do tr%ico de droga& 'cabaria por ser reogado pela Lei n*/+MMK 6ue absoreu as suas regras&

    )A fiscali!a'(o tributria

    O segundo ponto 6ue poder exigir a 6uebra do sigilo %iscal $ o da %iscali0a"o tributria&Classicamente, apenas em casos muito pontuais, a 'dministra"o e a Hiscali0a"o Bributrias tinhamacesso a elementos bancrios ou similares dos contribuintes&

    Ima linha mais radical, 6uer por, do segredo bancrio ter uma ideia %rancamente oposta ! actualpanor;mica da doutrina, contrria ! da sua aproxima"o dos direitos %undamentais, 6uer por subscreeruma aplica"o isolada do principio da tributa"o pelo lucro real, entende 6ue os aludidos poderes limitamo segredo bancrio&

    'dmitir 6ue a 'dministra"o pudesse aceder, sem pr$io controlo judicial, a tudo 6uantorespeite sem o pr$io consentimento destes seria um extraordinrio retrocesso na ideia de :stado de)ireito e da separa"o dos poderes& :m suma2 a de%esa dos direitos de personalidade e dos direitos%undamentais re6uer, sempre, lei expressa e ia jurisdicional como modo de limitar certos direitos, entreos 6uais o sigilo bancrio e o 6ue ele representa& )iersos preceitos constitucionais o exigem, com releo

    para os arts 2"1%& e 2?1, al$m, naturalmente, "$1%4 e "&1%43 todos da CRP&>rocessou9se depois todo um debate relatio a uma re%orma %iscal 6ue limitaria o segredo

    bancrio& 3eria a %orma de redu0ir uma alegada %uga %iscal, demagogicamente apresentada por %or"aspolticas opostas como sendo a causa do d$%ice das contas p4blicas&

    :sta mat$ria %oi alterada pela Lei n* ==98/+MMK, de .M de )e0embro& O n1 4do art &21B daL+T j permite ! 'dministra"o Hiscal aceder aos elementos bancrios 6ue entender2 dar as

    justi%ica"#es 6ue lhe aprouer sem hip5tese do recurso judicial (n1 $, a contrario1, nem mesmodeolutio&

    Brata9se de um preceito claramente inconstitucional2 iola o art "&1%4& Gas al$m disso, iola oart 481%4, pois h uma suspenso de direitos, liberdades e garantias %ora do 6ue permite a CD>, o art"#1%43 o art1 4#21%"(princpio da tipicidade tributria1 e o art "&&1%"(princpio da proporcionalidade,todos da CD>& :sta no pode ser inocada 6uando conenha e es6uecida nos restantes casos&

    +

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    ' NHODG'UO 8'NCTD'

    )O te6a

    's opera"#es monetrias mais simples so, no %undo, actua"#es simb5licas dos operadores, uns

    perante os outros, actua"#es essas a 6ue se associa o surgimento de nculos abstractos&Budo isto s5 $ possel atra$s de comunica"#es permanentes entre todos os interenientes ou,em termos muito analticos, de in%orma"#es& 3eja para executar opera"#es seja, simplesmente, parareconhecer as diersas posi"#es dentro do sistema, h, na banca, uma permanente troca de in%orma"#es&

    3e o n4cleo bancrio mais duro, o do dinheiro e das opera"#es a ele relatias, ie j sob o signoda in%orma"o, muito mais isso sucede com a restante actiidade do ban6ueiro& ' rela"o bancriaduradoura, estabelecida

    O )ireito bancrio $ um )ireito de in%orma"#es& [ certo 6ue essa a%irma"o ale, em grandeparte, para todos os sectores s5cio9econ5micos das modernas sociedades p5s9industriais& Gas no )ireitobancrio, em %ace da per%eita predetermina"o dos interenientes, ban6ueiro e cliente, e tendo em conta oalor das opera"#es e a necessidade extrema da preciso, as in%orma"#es redobram de alor e assumemum papel pioneiro, em termos de regula"o& )igamos 6ue, no direito bancrio, as in%orma"#es h muito

    perderam a sua nature0a instrumental e acess5ria2 antes surgem como objecto principal de muitas

    obriga"#es&Im ban6ueiro d in%orma"#es inexactas a um cliente 6ue, assim, ad6uire um mau produto e tempreju0os& Im cliente engana o seu ban6ueiro 6uanto !s suas possibilidades econ5micas& 8an6ueirosemitem in%orma"#es preliminares ou trocam in%orma"#es inexactas&

    Nuns casos houe engano de boa %$? noutros, negligAncia? noutros %inalmente uma ontadedirecta, necessria ou eentual de enganar& :m suma2 temos, a6ui, m4ltiplas hip5teses de responsabilidadecujos contornos deem ser preiamente determinados&

    )Modalidades

    3o rios os crit$rios posseis&)e acordo com a %onte os deeres de in%orma"o podem resultar2

    de clusulas gerais?

    de lei estrita&No * caso o deer de in%orma"o decorre de prescri"#es indeterminadas, tamb$m ditas clusulas

    gerais, com releo para a boa %$ in contrahendo ou para a obser;ncia da boa %$ na execu"o doscontratos, arts ""71%4e 7&"1%4 a6bos do CC

    No +* o deer $ inculcado por lei expressa a tanto dirigida2 o art $721 do CC $ o maiscaracterstico exemplo& >ode incluir9se a6ui tamb$m o deer de in%orma"o 6ue tiesse sidoexpressamente pactuado por contrato&

    O deer de in%orma"o, proeniente de clusulas gerais, pode ainda subdiidir9se? temos& clusulas gerais legais, 6uando a pr5pria lei as prescrea directamente? tal a

    situa"o das remiss#es para a boa %$ objectia? clusulas gerais honorrias ou doutrinrias, 6uando haja 6ue recorrer a doutrinas

    tais como a dos deeres do tr%ego, acima re%erenciados&

    Bamb$m o deer deriado de lei estrita admite uma subdistin"o& 'ssim, encontramos2 lei estrita geral2 o caso do art $721, 6ue preA, em termos gerais, a hip5tese desurgimento do deer de in%ormar?

    lei estrita espec%ica2 as diersas hip5teses em 6ue a lei manda comunicar, aisar ouin%ormar algu$m, de alguma coisa? no )ireito bancrio temos, como exemplo, oart 7$1%4 do R+IC

    )e acordo com o conte4do, o deer de in%orma"o pode ser2 indeterminado preciso

    O deer de in%orma"o $ indeterminado 6uando no seja possel determinar preiamente o seuconte4do& Bal a situa"o tpica das in%orma"#es in contrahendo&

    O deer $ preciso 6uando a sua predetermina"o seja iel& >ense9se no caso do deer decomunicar a recep"o tardia ou a cedAncia do locado, preistos, respectiamente, nos arts ""81%4 e

    4#2>13 5@ a6bos do CC

    +-

  • 7/26/2019 Re Sumo Manual Menezes Cordeiro 2

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    :ntre os + extremos apontados, h m4ltiplas gradua"#es posseis& Bendencialmente, poderemosconsiderar 6ue os deeres de in%orma"o decorrentes de clusulas gerais so indeterminados, en6uanto os

    proenientes de leis estritas espec%icas so precisos& Gas no %atalmente2 em certos contratos, porhip5tese, a boa %$ obriga a prestar in%orma"#es predetermineis, en6uanto leis estritas espec%icas s5 inconcreto permitem %ixar o teor in%ormatio a transmitir&

    'inda 6uanto ao conte4do, $ possel dostinguir2

    deeres de in%orma"o substanciais? deeres de in%orma"o %ormais&

    Nos deeres de in%orma"o substanciais o obrigado est adstringido a eicular a erdade 6ueconhe"a, descreendo9a em termos explcitos? nos %ormais, o obrigado %ica inculado, apenas, a transmitiruma mensagem pre%ixada& 'ssim, no caso de boa %$ in cotrahendo, o obrigado deer descreer toda arealidade releante para a contraparte procurando termos ade6uados para o %a0er com %idelidade? j no dodeer de comunicar uma recep"o tardia o obrigado apenas dir2 recebi tarde ou %ora de tempo&

    :m princpio a substancialidade ariar na ra0o inersa da preciso2 6uanto mais preciso %or umdeer, mais %ormal ser o seu cumprimento? 6uanto mais indeterminado, maiores as exigAncias dasubstancialidade&

    3urge, da6ui, o crit$rio da autoria da determina"o dos deeres de in%orma"o& Bemos +hip5teses bsicas2

    determina"o aut5noma? determina"o heter5noma?

    determina"o aut5noma 6uando o pr5prio obrigado tenha o encargo de, ! medida 6ue asitua"o progrida, ir %ixando os termos a in%ormar e a mat$ria a 6ue respeitam2 pense9se na culpa incontrahendo&

    ' determina"o $ heter5noma sempre 6ue a %ixa"o da in%orma"o no caiba ao pr5prio& : ento+ so as sub9hip5teses2

    determina"o automtica? determina"o pelo bene%icirio?

    ' determina"o $ automtica 6uando resulte, objectiamente, da situa"o em causa& 'ssimocorre, por exemplo, na recep"o tardia ou na pr5pria boa %$ contratual&

    ' determina"o opera pelo bene%icirio sempre 6ue caiba, a este, proceder ! con%igura"o dodeer de in%ormar& Bal ser o caso das in%orma"#es a %ornecer, pelos administradores, aos s5cios das socs&

    'n5nimas, em assembleia9geral (art "8#1%4 do C,C@>or %im encontramos o crit$rio da inser"o no nculo& ' in%orma"o pode ser objecto depresta"o principal, de presta"o secundria ou de deeres acess5rios&

    >erante um contrato cujo objecto seja, precisamente, o aconselhamento e a in%orma"o, esta aisurgir como objecto da presta"o principal, a cargo do ban6ueiro& Num neg5cio com diersos elementos,

    por exemplo um contrato de engenharia %inanceira, $ plausel a presen"a de clusulas no dominantes6ue preejam in%orma"#es2 a presta"o $ secundria& Hinalmente em 6ual6uer situa"o contratual, oumesmo pr$ ou p5s9contratual, a boa %$ pode determinar a presta"o de in%orma"#es, trata9se de um deeracess5rio&

    :stas di%erencia"#es so releantes para a determina"o do ;mbito e da intensidade dain%orma"o a prestar&

    )Infor6a'9es ao cliente

    Numa situa"o bancria ambas as partes %icam, ou podem %icar, adstritas a trocar determinadasin%orma"#es& Como base de estudo, deemos assentar em 6ue o problema se p#e, apenas, 6uando o

    ban6ueiro dea in%ormar, a ttulo principal, secundrio ou acess5rio2 integra9se assim o art ?>$1%" doCC& Ora, ! partida no h 6ual6uer deer geral, por parte do ban6ueiro, de prestar in%orma"#es2 o bancono $, por pro%isso, uma agAncia de in%orma"#es e mesmo esta teria de ser contratada para in%ormar& >orisso o deer de in%orma"o s5 ocorre 6uando o ban6ueiro o tenha assumido ou 6uando a boa %$ o exija&Hora dessas hip5teses o ban6ueiro 6ue preste uma in%orma"o coloca9se, como 6ual6uer outra entidade,no ;