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(...) no decorrer da primeira década do século XXI, Portugal assiste à abertura de várias colecções particulares, agora disponibilizadas em espaço público (...) Talvez seja excessivo afirmar que durante o ano de 2015 houve no panorama das exposi- ções em Portugal um olhar especial sobre a figura do coleccionador. Contudo, este caso foi também assinalado recentemente por Catarina Figueiredo Cardoso num artigo que considerou 2015 “um ano marcado por ex- posições de colecionadores” 1 . Lembrando brevemente alguns exemplos de anos ante- riores, como a atenção que o investidor José Berardo tem recebido enquanto personali- dade mediática ou as várias apresentações da Colecção Cachola, subjectiviza-se forço- samente a particularidade deste caso no ano que passou. Aliás, a constatação de que no decorrer da primeira década do século XXI, Portugal assiste à abertura de várias colec- ções particulares, agora disponibilizadas em espaço público, tem sido proferida várias ve- zes por Adelaide Duarte, uma das historiado- ra de arte que mais trabalho de investigação desenvolveu na área da formação de colec- ções de arte contemporânea em Portugal. Nesse grupo contam-se: “o Núcleo de Ar- te Contemporânea Doação José-Augusto França (NAC-DJAF), em Tomar, no ano de 2004; a Ellipse Foundation for Contemporary Art Collection, Cascais, e o Centro de Arte Manuel de Brito (CAMB), em Oeiras, em 2006; o Museu Coleção Berardo de Arte O ano do Coleccionador FLÁVIA VIOLANTE E RITA SALGUEIRO Moderna e Contemporânea (MCBAMC), em Lisboa, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas Coleção António Cachola, (MACE), em Elvas, em 2007; a prefiguração do Museu do Design e da Moda Coleção Francisco Capelo (MUDE), em Lisboa, em 2009.” 2 Outros exem- plos mais recentes englobam: Fundação Leal Rios (2012) ou Coleção Norlinda e José Lima na Oliva Creative Factory (2013). Diga-se ain- da que um relance sobre o exterior, onde também proliferam mostras de colecções privadas - destaque para a exposição Art & Language incompleto: Colección Philippe Méaille no MACBA em Barcelona (Setembro de 2014 e Maio de 2015), Coleccionismo y Modernidad. Dos casos de estudio: Colec- ciones Im Obersteg y Rudolf Staechelin no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid (Março e Setembro de 2015) ou Ich Kenne Kein Weekend: The archive and Collection of René Block na Berlinische Galerie e na Neuer Berliner Kunstverein, em Berlim, (Setembro de 2015 e Fevereiro de 2016) – sinalizam o peso que estes espólios vão ganhando no contexto institucional pú- blico e privado. Terminadas as ressalvas, construímos esta reflexão em torno do ano que passou conscientes de que o moldamos para desig- nar uma determinada realidade. Partimos RE • VIS • TA arte / reflexão / crítica 04. 2016 – n.º1 O ano do Coleccionador / Flávia Violante e Rita Salgueiro 01/12 /

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(...) no decorrer da primeira década do século XXI, Portugal assiste à abertura de várias colecções particulares, agora disponibilizadas em espaço público (...)

Talvez seja excessivo afirmar que durante o ano de 2015 houve no panorama das exposi-ções em Portugal um olhar especial sobre a figura do coleccionador. Contudo, este caso foi também assinalado recentemente por Catarina Figueiredo Cardoso num artigo que considerou 2015 “um ano marcado por ex-posições de colecionadores” 1. Lembrando brevemente alguns exemplos de anos ante-riores, como a atenção que o investidor José Berardo tem recebido enquanto personali-dade mediática ou as várias apresentações da Colecção Cachola, subjectiviza -se forço-samente a particularidade deste caso no ano que passou. Aliás, a constatação de que no decorrer da primeira década do século XXI, Portugal assiste à abertura de várias colec-ções particulares, agora disponibilizadas em espaço público, tem sido proferida várias ve-zes por Adelaide Duarte, uma das historiado-ra de arte que mais trabalho de investigação desenvolveu na área da formação de colec-ções de arte contemporânea em Portugal. Nesse grupo contam -se: “o Núcleo de Ar-te Contemporânea Doação José -Augusto França (NAC -DJAF), em Tomar, no ano de 2004; a Ellipse Foundation for Contemporary Art Collection, Cascais, e o Centro de Arte Manuel de Brito (CAMB), em Oeiras, em 2006; o Museu Coleção Berardo de Arte

O ano do Coleccionador

FLÁVIA VIOLANTE E RITA SALGUEIRO

Moderna e Contemporânea (MCBAMC), em Lisboa, o Museu de Arte Contemporânea de Elvas Coleção António Cachola, (MACE), em Elvas, em 2007; a prefiguração do Museu do Design e da Moda Coleção Francisco Capelo (MUDE), em Lisboa, em 2009.” 2 Outros exem-plos mais recentes englobam: Fundação Leal Rios (2012) ou Coleção Norlinda e José Lima na Oliva Creative Factory (2013). Diga -se ain-da que um relance sobre o exterior, onde também proliferam mostras de colecções privadas - destaque para a exposição Art & Language incompleto: Colección Philippe Méaille no MACBA em Barcelona (Setembro de 2014 e Maio de 2015), Coleccionismo y Modernidad. Dos casos de estudio: Colec-ciones Im Obersteg y Rudolf Staechelin no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid (Março e Setembro de 2015) ou Ich Kenne Kein Weekend: The archive and Collection of René Block na Berlinische Galerie e na Neuer Berliner Kunstverein, em Berlim, (Setembro de 2015 e Fevereiro de 2016) – sinalizam o peso que estes espólios vão ganhando no contexto institucional pú-blico e privado.

Terminadas as ressalvas, construímos esta reflexão em torno do ano que passou conscientes de que o moldamos para desig-nar uma determinada realidade. Partimos

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então desta lista, uma selecção3 é claro, incompleta:

Honey, I rearranged the collection... by artist Parte 1 e 2 na Culturgest (Lisboa);

Your body is my body: o teu corpo é o meu corpo no Museu Coleção Berardo (Lisboa);

Colecção Cachola: João Onofre no Chiado 8 (Lisboa);

O Olhar do Colecionador no Museu Berardo (Lisboa);

Eu e os Outros. Colecção Alberto Caetano no Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa);

Afinidades Electivas: Julião Sarmento na Fundação EDP (Lisboa).

—O Ano do Cartaz: Colecção Lempert e Ernesto de Sousa Se este texto não olhasse para o coleccio-nador como tema, teria certamente focado exposições que apresentaram grandes co-lecções dedicadas ao cartaz enquanto veí-culo ou médium. Nesse âmbito 2015 foi um ano profícuo. Pensamos aqui na ambiciosa programação de Miguel Wandschneider que propõe a apresentação da Colecção Lempert em cinco partes, a cumprir até 2018. À data pudemos ver duas partes: Honey, I rearran-ged the collection... by artist Capítulo 1 – Parte I (Novembro de 2014 – Março de 2015) e Parte II (Maio de 2015 – Setembro de 2015) na Culturgest, em Lisboa. Outro exemplo de peso foi a exposição Your body is my body: o teu corpo é o meu corpo (Abril de 2015 –

Abril de 2016) “espólio, agora denominado como Coleção de Cartazes Ernesto de Sousa e integrado na Coleção Berardo” 4

Como ponto comum, a montagem ir-repreensível tanto na Culturgest como no Museu Berardo reflecte o cuidado expositi-vo através dos materiais que conferem uma visibilidade e dignidade museográfica pouco comum ao suporte. Se na apresentação da primeira parte da Colecção Lempert os for-tíssimos núcleos, por artista5 e organiza-dos em espaços independentes, garantiam uma autonomia individual face ao conjunto, o mesmo não se sentia de forma tão clara na segunda parte em que a consciência das fronteiras não operou em todas as salas6. Sem referências externas e na ausência de tradução, Miguel Wandschneider remete a função comunicacional para segundo plano, mantendo a leitura destes cartazes – que na maior parte dos casos anunciam expo-sições – ancorada primeiramente no regis-to formal. O que emerge é por isso o lado gráfico, a composição, a tipografia, a ima-gem. Vem depois o contexto. O artista, os grupos, as cidades, os espaços de expo-sição e o lado documental que inscrito no mesmo suporte é passível de ser activa-do, facilmente, caso fosse essa a intenção. Mais, há um sentimento de não cumprimen-to nestes cartazes que os afasta do cam-po publicitário. Destaca -se assim a arti-culação que estabelecem com a obra (num sentido mais vasto) dos artistas que os as-sinam e a clara identificação da autoria.7 Diga -se ainda que apesar de a exposição envergar o nome do coleccionador, este per-manece omisso. Sobre a questão sabemos apenas que a vasta colecção, com cerca de 15 mil cartazes, foi começada por Herbert Fritz Lempert, nos anos 60.

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Por oposição, a colecção de cartazes reunida por Ernesto de Sousa agora apre-sentada no Museu Berardo pela mão de Isabel Alves8, é simbólica pela relação que estabelece e que claramente denota o que foi a vida e a acção deste singular coleccio-nador, os interesses e os acontecimentos em que participou mais activamente, enquan-to agente ou como espectador. Essa leitura biográfica, que porventura será a mais di-recta, não é forçada na exposição uma vez que não existe, além do texto de parede ini-cial em que se apresenta a figura, qualquer outra informação sobre Ernesto e a prove-niência dos cartazes. Ficamos apenas com o nome dos três núcleos que organizam e dividem o espaço: My Body is Your Body: o meu corpo é o teu corpo, 1962–1987; Arte e Política e Portugal, 1933 –1988; Arte e Política no Estrangeiro, 1946 –1987. Para aceder a mais informação, é preciso consultar o catá-logo que exaustivamente dá conta do inves-timento que Ernesto realizou, aprofundando ao longo da sua vida o conceito de cartaz e a sua validade comunicacional e política. Além de republicar o texto de 1965, Artes Gráficas, Veículo de Intimidade, destacam -se, o arti-go de José Bártolo que estuda o design em Portugal nos anos 60 e 70 do século XX e o ensaio de Rui Afonso dos Santos que permite conhecer como a história da colecção se in-trinca na história de Ernesto. Relativamente à opção programática, confirma -se com esta exposição, a aposta de Pedro Lapa em tem-porárias de grande duração (talvez por for-ça das circunstâncias), após o caso de O Consumo Feliz. Publicidade e sociedade no século XX, outra mostra de cartazes que es-teve patente mais de um ano, ou seja entre Maio de 2013 e Junho de 2014.

—Artista Coleccionador: Julião SarmentoCom um espectro diferente, mas com alguns dos mesmos nomes presentes na Colecçao Lempert e nas relações de Ernesto de Sousa9, pudemos ver em 2015 a Coleccção de Julião Sarmento. A exposição Afinidades Electivas apresentada na Fundação EDP en-tre Outubro de 2015 e Janeiro 2016, foi co-missariada por Delfim Sardo e decorreu em parceria com a Fundação Carmona e Costa onde foram expostos trabalhos em papel.

No Museu da Eletricidade, um dos pon-tos fortes da exposição traduz -se no con-sistente núcleo dedicado à fotografia, mas também na possibilidade de ver em Portugal obras ligadas a referências maiores da arte americana como Robert Morris, Joseph Kosuth ou Bruce Nauman, entre outros no-mes fundamentais que marcam a segunda metade do século XX, Joseph Beuys, Andy Warhol, etc. A justaposição de nomes consa-grados em articulação com outros de pesos e contextos diversos é ainda algo que refor-ça a importância deste tipo de espólio e ex-posição. Facilmente estabelecemos leituras e pontes entre a pequena fotografia de Sara & André no início do percurso, o trabalho de Nan Goldin ou o vídeo de Gabriel Abrantes.

Com título tomado de empréstimo a Goethe e evocando a imagem do artista re-colector, Sardo traça o retrato do coleccio-nador de afinidades “constituídas a partir de zonas muito intensas de vivências comuns, sem qualquer preocupação com ligações formais entre trabalhos que lhe interessam e o seu próprio trabalho artístico.” 10 O enfoque romântico que o título confirma é um recurso que estava igualmente presente aquando da exposição O olho do tigre: Obras da Colecção

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Sarmento, na Appleton Square, com curado-ria de Ana Anacleto no início de 2014. Nesse caso, uma apresentação mais reduzida da colecção, por comparação à vasta selecção de obras agora apresentadas na Fundação EDP, o título também remetia para um poeta:

Não por acaso, resolvemos titular a pre-sente exposição de O OLHO DO TIGRE, referindo -nos objectivamente a uma mo-dalidade do olhar que reconhecemos em toda a prática de Julião Sarmento. O seu duplo estatuto de artista e coleccionador suporta, em nosso entender, a constru-ção de um olhar, ou melhor, de uma par-ticularidade do olhar – a sua condição felina, voraz, perscrutadora, ávida. Para o coleccionador, desejar e perseguir um objecto que pretende que faça parte da sua colecção, implica, em certa medi-da, uma postura de caçador. E aqui a me-táfora do tigre é absolutamente eficaz, uma vez que, no momento da persegui-ção, o seu olhar se fixa na presa não mais a deixando até ao derradeiro momento da conquista.

A dualidade inscrita na figura do tigre que combina uma inebriante beleza estética com uma ferocidade primor-dial, está plasmada no conhecido poema de William Blake e na forma como lida simultaneamente com a questão da criação e da inspiração e com o concei-to de sublime (na presença do mistério e do medo).11

Ainda que um dos factores determinantes para a singularidade de qualquer colecção esteja intrinsecamente relacionada com o olhar do colecionador e com as respectivas condições de constituição, este acaba por

ser vezes de mais um mote que se repete. Parece -nos que o interesse, estudo e expo-sição não se deve restringir ao peso do co-leccionador sob pena de se descurar aquilo que verdadeiramente constitui um espólio, ou seja as obras, a forma de incorporação, quer pela via da aquisição directa, doação, troca, amizade, gosto, mercado, valor, etc, o lugar que ocupam no conjunto enquanto co-lecção e as possibilidades que geram. Nesta perspectiva acresce a importância de produ-zir um catálogo associado à exposição, fac-to que ocorreu como resultado de Afinidades Electivas, ainda que o conteúdo fique no campo do levantamento e inventário.

—Coleccionador Curador: O Olhar do ColeccionadorUm exemplo em que porventura a efabula-ção do colecionador também entra em jogo foi a exposição O Olhar do Colecionador, que esteve patente entre Maio e Setembro de 2015, no Museu Berardo. Como é de conhe-cimento público e novamente notícia, José Berardo, provavelmente o mais conhecido coleccionador português assinou em 2006 um protocolo com o Estado português dis-ponibilizando o seu espólio de arte moder-na e contemporânea por 10 anos no espaço do Centro Cultural de Belém. No protocolo consta a hipótese de o Estado adquirir 862 obras, pelo valor de 316 milhões de euros até 2016. A situação encontra -se em negocia-ção com o actual Ministro da Cultura, João Soares, que depois do silêncio de Barreto Xavier, volta a reforçar a importância des-ta colecção no contexto nacional. Essa im-portância provém aliás da natureza da sua constituição, pensada por Francisco Capelo, obra a obra, pontuando movimentos e artis-

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tas de relevo do século XX. A apresentação cronológica e didática que Pedro Lapa defi-niu desde 2012 através das duas exposições permanentes (Coleção Berardo 1900 -60 e 1960 -90), contrasta portanto com a amostra mais pequena e intuitiva com que Berardo, assumindo também o papel de curador em 2015, ocupou uma parte do grande hall no piso -1 do museu.

Rica em pormenores que merecem men-ção, começando pelo título que novamente remete para a metáfora do olhar, sublinha-mos no entanto o critério de escolha que ficou claro num breve texto assinado pelo coleccionador. Esse critério é pois o do gosto pessoal, marcado por um traço formalmen-te comum que se evidenciava rapidamen-te na exposição. Para além das obras com temáticas mais, e cite -se, “picantes”, revela Berardo:

Confesso, também, que sempre me senti atraído pela escala opulenta de alguma pintura moderna e a seleção de algumas das obras reflete esse meu fascínio.12

Concretamente a escala ou melhor, a dimen-são, foi um traço central que presidiu toda a exposição e uma redução que infelizmen-te se aplicou à obra de Marc Chagall que servia de imagem de divulgação com a le-genda, “Uma das maiores obras de Marc Chagall”. Essa mesma frase tinha também lugar na exposição. Colada no chão, (onde geralmente existe uma linha que impede a aproximação excessiva do espectador) em letras garrafais, a frase informava (redun-dantemente) quem tinha o privilégio de ver o imponente pano de cena para a “Flauta Mágica”, Acto 2, Cena 3 (1965 -1967), conce-bido por Chagall para a Metropolitan Opera

House de Nova Iorque, que a dimensão é um factor qualitativo.

Relembre -se que já em 2014, por oca-sião da exposição O Narrador Relutante, co-missariada por Ana Teixeira Pinto, Berardo fez questão de mostrar o seu gosto, em de-sacordo com a linha posta em prática pelo já referido director artístico, Pedro Lapa. Não resistimos a transcrever parte do mais in-vulgar texto institucional que conhecemos. Referindo -se à exposição, (numa publicação editada pela Sternberg Press13) Berardo afir-ma: “a inovação ultrapassa a minha perce-ção estética” e elabora:

Enquanto público custa -me compreen-der determinadas obras. O problema po-derá ser meu… quem sabe algum res-quício do Velho do Restelo? Talvez falta de formação? Incultura? Inexistência de intelectualismo? Resistência à mudança ou a alguns padrões de criação artística atual? As hipóteses são muitas, mas são minhas, são sinceras e de um verdadeiro narrador relutante. 14

O trocadilho com o título da exposição que Joe assume de forma literal, marca o tom deste breve texto. Na impossibilidade de citar integralmente, saltamos para o final. Terminando, dirige -se ao leitor (perplexo?!):

Bem hajam todos os que participam nes-ta exposição, e como diz o grande músico Paulo de Carvalho: “Desculpem qualquer coisinha”. Espero que o futuro de ontem não seja o hoje e que o amanhã seja uma imensidão de janelas abertas! 15

2. General Idea, Nazi Milk, 1979 © Esther Schipper (Berlim) e Culturgest.O ano do Coleccionador / Flávia Violante e Rita Salgueiro05/12 /

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—Coleccionadores como mecenas? A Colecção António Cachola16 teve a primeira apresentação pública em 1999, em Espanha, no Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporâneo. Em 2007 é inaugurado o Museu de Arte Contemporânea de Elvas onde parte da colecção é exposta em per-manência. Segundo uma vontade estratégi-ca, Cachola aproxima o contexto espanhol à região do Alto Alentejo e contribui para ten-tar colmatar lacunas culturais nesta zona do país.

António Cachola faz parte de um grupo de coleccionadores que após algumas déca-das dedicadas a reunir (com a orientação de Bernardo Pinto de Almeida, João Pinharanda e Delfim Sardo) um consistente número de

obras de arte de autores contemporâne-os portugueses, procurou torná -la pública apostando numa lógica de descentralização dos pólos de arte contemporânea. Esta prá-tica encontra no contexto português outros exemplos semelhantes como é o caso das já referidas: Colecção Norlinda e José Lima em depósito na Oliva Creative Factory em São João da Madeira e da Colecção José-Augusto França em Tomar. Embora sejam colecções distintas na forma como foram definidas e estruturadas, os coleccionadores viram nos Municípios fortes aliados no momento de as tornar públicas.

A Colecção Cachola tem -se multiplica-do em exposições pelo país, destaque para a última “Um horizonte de proximidades: Uma topologia a partir da Coleção António

3. Vista da exposição Afinidades Electivas, 2015 © Colecção Julião Sarmento e Fundação EDP. O ano do Coleccionador / Flávia Violante e Rita Salgueiro06/12 /

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Cachola” no Arquipélago: Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, Açores entre Outubro de 2015 e Fevereiro de 2016 com curadoria de Sérgio Mah. Depois da maior apresentação no Museu Berardo em 201017, em Maio de 2015 a Colecção António Cachola volta a Lisboa. Desta vez com um conjunto de exposições comissariadas por Delfim Sardo18, um ciclo iniciado com a apre-sentação do trabalho de João Onofre, sen-do esta uma escolha paradigmática da linha orientadora da colecção. Apresentam -se como importantes alicerces da colecção a aposta em artistas portugueses em início de carreira, tendo as décadas de 80 e 90 maior representação e simultaneamente a acentu-ada aposta na consolidação de núcleos mo-nográficos. Neste sentido, é possível que no Chiado 8 o curador mostre de forma co-erente um conjunto de obras representativo da relação de António Cachola com a produ-ção de Onofre. Acompanhando desde início o artista, o coleccionador detém Sem título (We Will Never Be Boring) de 1997, a primeira obra de Onofre, agora apresentada ao lado de Tacet (2014) uma das últimas, produzida com a fundamental ajuda de Cachola. A co--produção de Tacet é em si mesma uma con-firmação deste seu posicionamento. Cachola aposta na produção da obra que depois vem a adquirir, uma acção não muito comum no contexto português: um mecenato que torna possível a existência da obra, aparentemen-te sem contrapartidas, nem encomendas.19

—Coleccionadores como Amigos: Eu e os Outros, Coleção de Alberto Caetano O Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado apresentou entre Julho e Outubro de 2015 a exposição “Eu e os Outros:

Coleção de Alberto Caetano” com curado-ria de Adelaide Duarte, Alberto Caetano e Raquel Henriques da Silva, e produzida pe-los Amigos do Museu do Chiado.

Novamente em tom de efabulação, a história desta colecção é contada no catá-logo pelas curadoras. Iniciada por um jovem adolescente...

Por volta de 1975, Caetano combaten-do a timidez e desafiando convenções, percorreu casas de alguns artistas de Lisboa, pedindo desenhos para uma desejada coleção. A António Soares, Sarah Affonso, a Carlos Botelho, a João Vieira, entre outros, o jovem Caetano tocou à porta, apresentou -se como co-lecionador e pediu que lhe oferecessem um desenho. Enquanto Botelho ignorou tal pretensão, Sarah Affonso ou António Soares acederam e permitiram -lhe ser bem sucedido.20

Nesta exposição Alberto Caetano fez parte da equipa curatorial, facto determinante na estrutura expositiva que opta por uma lógi-ca binária de confronto directo sempre entre duas obras. Alguns dos pares são prováveis, como é o caso da fotografia “Sem Título” da série Inox (estudo) de Jorge Molder e a obra “Santa Luzia” de Rui Sanches, ou mesmo directos como é o caso da obra “Galo” de Rosa Ramalho e a pintura “Ateca -Barcelona” de Joaquim Rodrigo. Estes encadeamentos partem maioritariamente de pontos de vista afectivos, mas simultaneamente, são esta-belecidas relações formais, essas mais de-claradas ao olho do espectador.

A exposição é a primeira de um ciclo, que o programa eleitoral dos Amigos do Museu do Chiado propôs para 2015:

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(...) o tema colecções e coleccionadores está intimamente ligado ao mercado galerístico e a uma noção concreta de poder económico.

(...) as exposições Coleções no MNAC, re-cuperando uma atividade praticada no Museu ao tempo da sua reabertura em 1994. Estas exposições temporárias têm por base colecções particulares de rele-vância, cujo âmbito cronológico coincida com o do acervo do Museu, desejando--se, com esta iniciativa, aproximar os co-lecionadores da instituição e incitar ao seu depósito ou doação.22

Podemos afirmar que esta incursão junto da programação do Museu é uma estratégia que reforça a importância do poder privado como determinante para a subsistência dos museus públicos. Nesta área a Professora Raquel Henriques da Silva tem sido umas das vozes mais activas, suscitando o interes-se de mecenas junto das instituições públi-cas. A possibilidade de alcançar seguidores aumenta quando as colecções privadas ga-nham visibilidade no espaço público e são incorporadas na programação museológica, promovendo consequentemente um traba-lho de organização, documentação e estudo das obras, que as valoriza.

Ainda dentro da mesma lógica, os Ami-gos do MNAC − MC avançam com uma se-gunda linha de acção convergente, o Ciclo Colecionar Arte: Conversas a partir de Cole-ções Particulares. Iniciado em 2013, o ci-clo dá a palavra a coleccionadores de arte contemporânea, para na primeira pessoa re-velarem ao público do MNAC − MC as suas escolhas, interesses e métodos de trabalho, procurando “mapear os colecionadores (...) do nosso país, aproximando -os do Museu, e [convidando -os] a partilhar as motivações do colecionismo, o gosto e as vicissitudes da reunião das obras ou as flutuações do mer-cado da arte.” 23

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—Como é evidente, o tema colecções e colec-cionadores está intimamente ligado ao mer-cado galerístico e a uma noção concreta de poder económico. Susceptível a oscilações e sempre passível de questionamento, a di-mensão do objecto artístico como produto e investimento é sistematicamente surri-piada no contexto museológico. Em 1994 Raquel Henriques da Silva dava atenção a este problema, analisando o trabalho de-senvolvido pelo galerista Manuel de Brito:

Num país quase sem museus de arte moderna e sem políticas públicas con-tinuadas de apoio e promoção da práti-ca artística, o empenho coleccionista de Manuel de Brito permitiu -lhe adquirir es-pólios de inestimável valor, salvar os pai-néis de Almada Negreiros do Cine San Carlos de Madrid ou reunir peças soltas que são marcos significativos de diversos percursos e a sua dedicação promocional em relação à arte portuguesa tem feito dele organizador ou comissário de algu-mas das suas mostras no estrangeiro. 24

Passados mais de 20 anos sobre esta afirma-ção, o problema já não se prende com a falta de espaços. É notório que nas últimas déca-das têm proliferado em Portugal espaços de-dicados à Arte Moderna e Contemporânea. Em regra estes ganham notoriedade através de marcantes projectos de arquitectura, fi-cando muitas vezes a faltar um programa museológico e/ou curatorial. Sem verbas para adquirir colecção ou sem possibilida-de de trabalhar segundo uma lógica de rede ou de co -produção, muitas vezes são as co-lecções privadas que salvam programações. Contudo, é importante reforçar que existem

exemplos que ao longo dos últimos anos têm vindo a marcar presença positiva no contexto nacional, insistindo na validade e pertinência da descentralização cultural, como é o caso do: Centro de Artes Visuais e o Círculo de Artes Plásticas em Coimbra, que através da parceria com a Universidade de Coimbra permitiu em 2015 a produção da Bienal Ano Zero; do Município de Vila Franca Xira com o trabalho consistente do Museu do Neo -Realismo, e que este ano apresen-ta mais uma edição da Bienal de Fotografia com curadoria de David Santos; do Centro Cultural Vila Flor, que desde 2012 trabalha em parceria com o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG), um dos maiores espaços pensados e preparados para arte contemporânea no país (rema-nescência de Guimarães Capital da Cultura) onde têm vindo a mostrar as escolhas coerentes do curador Nuno Faria tendo como esteio a colecção do artista José de Guimarães; ou ainda o recente Fórum da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora que desde 2015 conta com a programação a car-go de Filipa Oliveira.

Portanto, actualmente a pergunta é ou-tra: onde podemos ver (e mostrar a quem nos visita) colecções de arte contemporâ-nea − portuguesa ou internacional − expos-tas em permanência? Esta é uma pergun-ta que se pode colocar: ao MNAC − MC que por missão deveria cumprir essa função25; ao Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian que não mantém uma posição programática clara e coerente, ou ainda ao Museu Serralves e à Colecção Caixa Geral de Depósitos que têm cingido a sua aposta quase exclusivamente à itinerância das colecções.·

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NOTAS:

1. Trata -se do primeiro texto de uma série que Catarina Figueiredo Cardoso, coleccionadora de publicações de artista, escreveu para a plataforma online Artecapital sobre colecções de arte contemporânea e coleccionadores. Cf. Catarina Figueiredo CARDOSO, Janeiro 2016: ser Coleccionador é… in http://www.artecapital.net/estado­‑da­‑arte­‑60­‑catarina­‑figueiredo­‑cardoso‑-janeiro -2016 -ser -coleccionador -e - [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

2. Adelaide DUARTE, Da Colecção ao Museu: O colecionador privado de arte moderna e contemporânea em Portugal in http://run.unl.pt/bitstream/10362/10382/1/adelaide1.pdf [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

3. A selecção incide em exposições apresentadas no decorrer de 2015 e que operam no campo da arte contemporânea. Nesta lista poderiam entrar outros exemplos pertinentes como: Uma Conversa Infinita. Livros de artista, ephemera e documentos no Museu Berardo (10 de Julho de 2014 a 29 de Março de 2015); Sonnabend | Paris – New York na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva (5 de Fevereiro a 3 de Maio); The Sonnabend Collection: meio século de Arte Europeia e Americana. Parte 1 no Museu Serralves (1 de Fevereiro a 8 de Maio de 2016).

4. your body is my body – o teu corpo é o meu corpo in http://pt.museu berardo.pt/exposicoes/your -body -my -body -o -teu -corpo -e -o -meu--corpo#sthash.y8avB8dG.dpuf [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

5. Jean Dubuffet, Claes Oldenburg, Ben Vautier, Allan Kaprow, Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Richard Hamilton, Dieter Roth, Ellsworth Kelly, Dan Flavin, Sol LeWitt, Hanne Darboven, Richard Tuttle, Lawrence Weiner, Marcel Broodthaers, Gino de Dominicis, James Lee Byars et al.

6. Oswald Oberhuber, John Baldessari, Franz West, Günter Brus, Martin Kippenberger, Reinhard Mucha, Lothar Baumgarten, General Idea, Heimo Zobernig, Mike Kelley, AlbertOehlen, Christopher Wool, Christopher Williams et al.

7. No texto de parede que assina, Miguel Wandschneider coloca algumas questões: “Por que razão tantos artistas, sobretudo a partir da década de 1960, produziram tantos cartazes, na sua maioria para anunciar as suas próprias exposições, não deixando esse meio de comunicação por mãos alheias (de designers, galerias, instituições)? Por que razão tantos artistas continuaram a produzir cartazes na época da comunicação eletrónica, em que o cartaz foi destronado e tornado obsoleto por meios mais rápidos, mais eficazes­e­mais­económicos­de­divulgação­das­exposições?”

8. Directora do Centro de Estudos Multidisciplinares Ernesto de Sousa e viúva de Ernesto de Sousa.

9. Marina Abramovic, John Baldassari, Andy Warhol, Lawrence Weiner, Joseph Beuys entre outros.

10.­Delfim­SARDO,­Afinidades Electivas, Documenta, Lisboa, 2015, p.22.

11. Ana ANACLETO, O OLHO DO TIGRE: Obras da Colecção Sarmento in http://www.appletonsquare.pt/exposicoes/o_olho_do_tigre/press_o -olho -do -tigre.html [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

12. O Olhar do Colecionador / The Collector’s Eye in http://pt.museuberardo.pt/exposicoes/o -olhar -do -colecionador--collectors -eye#sthash.b49ahpTE.dpuf [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

13. Ana Teixeira PINTO, O Narrador Relutante: Práticas Narrativas na Arte Contemporânea, Sternberg Press, Lisboa, Berlim, 2014.

14. Idem, p.123.

15. Idem.

16. Cf. website Colecção António Cachola in http://www.col--antoniocachola.com/?lang=pt [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

17.­“A­Culpa­Não­É­Minha.­Obras­da­Colecção­António­Cachola”­ com curadoria de Eric Corne, 13 de Setembro de 2010 a 09 de Janeiro de 2011.

18. Colecção António Cachola: Chiado 8 – Espaço Fidelidade Arte Contemporânea. Exposição de João Onofre entre Maio a Julho de 2015; Ângela Ferreira e Fernanda Fragateiro entre Julho e Setembro de 2015; e Musa Paradisiaca e Mauro Cerqueira entre Março e Abril de­2016.­Ciclo­comissariado­por­Delfim­Sardo­um­nome­que­se­repete na curadoria de exposições de colecções privadas.

19. Sublinhamos que a noção de mecenato é cada vez mais estranha no campo da arte contemporânea. A produção de obras está muitas vezes dependente de prémios monetários, sendo que os fees pagos pelas instituições nem sempre fazem parte do contracto, e em alguns casos as galerias comerciais suportam uma percentagem das despesas de produção, tendo claro a contrapartida da venda.

20. AAVV, Eu e os Outros: Coleção de Alberto Caetano, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Lisboa, 2015, p.4;

21. Eleição dos órgãos sociais da associação Os Amigos do Museu do Chiado in http://amigos.museuartecontemporanea.pt/Iniciatives/view_by_category/8 [consultado a 28 de Janeiro de 2016].

22. Até à data foram convidados: Alberto Caetano (Abril de 2014), José Lima (Março de 2015), Luiz Augusto Teixeira de Freitas (Julho de 2015) e Miguel Rios (Novembro de 2015)

23. Eleição dos órgãos sociais da associação Os Amigos do Museu do Chiado. op. Cit.

24. BRITO, Manuel de, SILVA, Raquel Henriques da, Colecção Manuel de Brito: Imagens da arte portuguesa do século XX, Electa, Lisboa, 1994, p.16.

25. Não esquecemos que após a reabertura em 1994, o MNAC -MC mostrou­um­esforço­muito­significativo­para­inscrever­a­produção­contemporânea portuguesa na História da Arte, trabalhando e aprofundando as colecções.

1. Joaquim Rodrigo, Ateca – Barcelona, 1975. Fotografia: José Manuel Costa Alves © MNAC-MC e Coleção Alberto Caetano

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4. José Berardo e a obra de Marc Chagall, Pano de cena para a Flauta Mágica de Mozart, 1965 © Museu Berardo.

5. Joseph Beuys, Bernd Klüser, München. Fotografia: Cláudio Balas. © Coleção de Cartazes Ernesto de Sousa e Museu Berardo.

6. Dan Flavin, Four “Monuments” For V. Tatlin 1964-1969 from Dan Flavin, 1970, impressão offset© Leo Castelli Gallery (Nova Iorque) e Culturgest.

7. João Onofre, Tacet, 2014. 2k video, cor e som. 7'40", still de video © Artista e Colecção António Cachola.

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