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00 NÚMERO regressa às aulas R.A.P. O RJIES para os alunos BANDAS ESTUDANTIS NOVEMBRO | DEZEMBRO 2008. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA MENSAL

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eDITorIAL

A revista Aula Magna é um órgão de im-prensa estudantil. Feita por nós e para ser lida por nós, os estudantes. Vem para falar de nós, do que fazemos, do que procuramos, do que nos rodeia. Vem fazer tudo isso por dentro, não como algo que nos é oferecido, mas como algo que nos pertence..

Herdeira do espírito estudantil que se ba-teu pela liberdade de expressão num tempo em que ela não existia, a Aula Magna é um órgão de informação independente, isento e de qualidade. Nada do que é académico nos é indiferente, desde as políticas educati-vas e pedagógicas, passando pela produção científica e artística, até às festas, tunas e actividades recreativas. Atenta, crítica e fiel aos factos, esta revista é estudante do Norte, do Sul do país e das ilhas, é estudante do ensino universitário como do politécnico, do público como do privado.

Este projecto acredita que nos falta a nós, estudantes, sabermos uns dos outros, do que andamos a fazer, do que se passa à nossa volta, para onde caminha o ensi-no superior e em que nos vai afectar essa caminhada. Se o reitor decidiu, nós que-remos saber. Se o grupo de teatro nasceu, nós queremos divulgar. Se aqueles caloiros que estavam sempre no bar com as guitar-ras formaram uma banda, nós queremos dizer onde e quando é que eles vão tocar. Queremos ser a revista de tudo o que nos diz respeito e não do que outros acham que nos diz respeito.

Juntamos aos nossos projectos-colegas da imprensa estudantil, os recursos profis-sionais que não existiam, os meios que não estavam ao alcance, a abrangência nacional que não era possível, a colaboração com os professores e funcionários.

Assim nos apresentamos, como somos e queremos ser: estudantes em formato de revista.

A Aula Magna rege-se pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, respeitando a boa fé dos leitores. É um órgão isento e independente de todas as formas de poder político, económico, religioso e de quaisquer grupos de pressão. Procura sempre a verdade dos factos e a pluralidade das opiniões fundamentadas, separando sempre de forma clara uma e outra coisa.

A Aula Magna é um órgão de informa-ção sobre todo o ensino superior, um meio de propagação de ideias e de correntes de pensamento, um espaço de debate e refle-xão livre, responsável e civilizado.

A Aula Magna é um meio de dinamiza-ção e de divulgação do trabalho dos estu-dantes do ensino superior que aposta num sistema redactorial comunitário e aberto à participação de todos.

A Aula Magna é um meio de dinamiza-ção e de divulgação do trabalho dos estu-dantes do ensino superior que aposta num sistema redactorial comunitário e aberto à participação de todos.

A Aula Magna é um projecto de impren-sa estudantil herdeiro da tradição académi-ca e de associativismo estudantil, sempre defensora dos princípios da liberdade de expressão, da democracia, do respeito pelos direitos humanos, da igualdade social e da universalidade do ensino superior. A Aula Magna pugna pela ideia de Universidade (de onde não se exclui o ensino politécnico) enquanto centro de criação, transmissão e difusão de cultura e ciência de um país.

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Colabora, inscreve-te num dos nossos gru-pos ou entrega os teus textos e fotos através de www.aulamagna.pt

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AnFITeATro

U-LisboaFestival de Tunas

A décima edição do Festival de Tunas S. Vicente é dedicada a Júlio Verne, o conhecido escritor visionário do início do século XX. Será uma inspiração futurista para a tuna anfitriã, a VicenTuna, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (UL), e para as outras cinco que vão sub-meter-se a concurso. Recorde-se que a Magna Tuna Cartola de Aveiro, a Tuna da Escola Superior de Comunicação Social, a Estudantina Universitária de Lisboa e a Tuna Académica do ISCTE foram os vencedores da edição do ano passado. O Festival realiza-se na Aula Magna da UL a 22 de Novembro, às 21 horas. À semelhança da edição ante-rior, parte dos lucros revertem a favor do Instituto Português de Oncologia.

IP-LeiriaConferência de 6 Sigma

Divulgar as vantagens da me-todologia 6 Sigma é o objectivo da conferência que o Instituto Politécnico de Leiria e a empresa Sinmetro organizam nos dias 4 e 5 de Dezembro. É a primeira apresentação em Portugal deste sistema de trabalho que pretende rentabilizar o binómio serviço/cliente, através de um elaborado

processo de definição, medição, análise, melhoria e controlo. A conferência, que decorre no Auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, conta com a participação de especia-listas nacionais e estrangeiros. Nas várias intervenções, falar-se-á das aplicações do 6 Sigma em sistemas de saúde, indústrias farmacêuticas, laboratórios e ac-tividades musicais, entre outras. Porque, qualquer que seja a área, o cliente tem sempre razão.

Prémio Jacinto Prado CoelhoLiteratura clássica distinguida

Carlos Ascenso André, da Universidade de Coimbra, e José Pedro Serra, da Universidade de Lisboa (FLUL), foram dis-tinguidos em ex-aequo com o Prémio Jacinto Prado Coelho, no valor de cinco mil euros. As obras em causa foram Caminhos do Amor em Roma, uma edição

da Cotovia, e Pensar o trágico: categorias da tragédia grega, da Fundação Calouste Gulbenkian. Trata-se de dois estudos sobre a literatura clássica, o primei-ro centrado na poesia latina do século I a.C, o segundo, na he-rança do teatro grego. Actual di-

rector do Conselho Directivo da Faculdade de Letras de Coimbra, Carlos Ascenso André tem vin-do a estudar e a traduzir alguns dos principais nomes do chama-do século de ouro do Império Romano, tutelado pela figura de Augusto, e em particular os temas do exílio e do amor na antiguidade. São da sua respon-sabilidade as traduções de Arte de Amar e Amores, de Ovídio, poeta que é abordado neste en-saio, a par de Vergílio, Propércio, Catulo e Tibulo. Pensar o trágico: categorias da tragédia grega foi a tese de dou-toramento, defendida em 1999, de José Pedro Serra, professor do Departamento de Clássicas da Faculdade de Letras da UL. Esquilo, Sófocles e Eurípides são alguns dos autores analisados neste périplo pelo mundo helé-nico. Uma revisitação que tem como objectivo «lançar mão a esses textos antigos, compreen-der como deles florescem radi-cais questões que nos habitam, tomando para nós o mesmo heróico desejo de querer ver, de querer saber, na procura do nos-so rosto mais autêntico». O júri do prémio, atribuído pelo Centro Português da Associação Internacional de Críticos Li-terários, foi constituído por Fernando J. B. Martinho, Helder Godinho e Fernando Pinto do Amaral.

Ernesto Castro LealOs republicanos da I República

Contribuir para o estudo do campo partidário republica-no português, entre 1910 e 1926, é o principal objectivo do livro Partidos e Programas, de Ernestro Castro Leal. Recorrendo a um conjunto mui-to alargado de documentação, em grande parte inédita, o pro-fessor de História da Faculdade

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As opiniões veiculadas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a opinião da revista ou dos seus colaboradores. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos ou imagens por quaisquer meios e para quaisquer fins.

Agenda

Aveiro

DECA da U-AveiroCampus Universitário de Santiago234 37 03 89http://www.ua.pt/ca/Improvisação - oficina por Mário Laginha19 de NovTeatro AveirenseRua Belém do Pará234 400 920http://www.teatroaveirense.pt/Concerto de encerramento dos Festivais de Outono da U-AveiroOrquestra Filarmonia das Beiras, Coro e Orquestras do DECA da U-Aveiro (Elsa Silva, piano e Luís Carvalho, direcção)21 de Nov: 21h30Reitoria da Universidade de AveiroCampus Universitário de Santiago234 37 06 06http://www.ua.pt/Semana aberta da ciência e tecnologia da Universidade de Aveiro – 2008A Universidade de Aveiro apresenta palestras, aulas, sessões de esclarecimento, de cinema, exposições e outros eventos sobre ciência e tecnologia. Para estudantes, professores e público em geral.24 a 29 de Nov: das 9h00 às 18h00

CoimbraAuditório da Reitoria da U-CoimbraPaço das Escolas239 859 800http://www.ces.uc.pt/direitoshumanoscoloquio/Desafios aos direitos humanos e à justiça global - Colóquio internacionalNa comemoração dos seus 30 anos, o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra organiza um colóquio internacional sobre direitos humanos e justiça global.27 e 28 Nov: das 9h30 às 18h30

ÉvoraAuditório da Reitoria da U-ÉvoraLargo dos Colegiais, 2266 740 800http://www.ciep.uevora.pt/eps/II Congresso Nacional de Educação para a SaúdeConferência Alimentação Saudável: Desafios Alcançáveis, de Isabel do Carmo, directora -do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital de Santa Maria (CHLN)Conferência Drogas ou Vida: Uma Opção Decisiva, de João Goulão, presidente do Conselho Directivo do Instituto da Droga e da ToxicodependênciaConferência Educação Sexual na Actualidade: Perspectivas e Caminhos, de Marta ReisConferência Promoção e Educação para a Saúde, de José Robalo, sub-director geral da Direcção-Geral de SaúdeConferência Violência(s) em Meio Escolar, de Pedro StrechConferência de encerramento, de Filomena Araújo, vereadora da Câmara Municipal de Évora19, 20 e 21 de Nov: das 9h00 às 18h00

FaroReitoria da Universidade de FaroCampus de Gambelas289 800 100http://congresso.amigosdoscastelos.org.pt/

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AnFITeATro

de Letras da Universidade de Lisboa analisa a estrutura, evo-lução e fragmentação do Partido Republicano Português, com a consequente pulverização de pequenos organismos partidá-rios. «Os vários partidos e gru-pos políticos republicanos con-figuraram múltiplas identidades políticas, sem apresentarem uma diferenciação intensa, dado que se inscreviam no património comum do republicanismo his-tórico», escreve Ernesto Castro Leal. No entanto, a par de rivali-dades de chefia e de carácter, ou tácticas, os diversos protagonis-tas da agitada I República, como se demonstra neste estudo, po-dem filiar-se ideologicamente em duas identidades políticas: «O demoliberalismo unitarista e o radicalismo federalista». Além de Partidos e Programas, editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, Ernesto Castro Leal publicou, entre outros títu-los, António Ferro: espaço políti-co e imaginário social e Nação e nacionalismos: a cruzada nacio-nal D. Nuno Álvares Pereira e as origens do Estado Novo.

George SteinerOs romances do ensaísta

Anno Domini é a mais recente colectânea contos de George Steiner publicada em Portugal. A edição é da Gradiva, que

tem vindo a traduzir uma fa-ceta menos conhecida do prof. da Universidade de Oxford e reputado ensaísta: a de ficcio-nista. O pós-guerra é o cenário comum às três histórias de Anno Domini, também marcadas

pela evocação da violência da Guerra. Não é só a dor física que atormenta estas personagens, mas também o mal existencial provocado pela consciência de terem vivido o fim de um tem-po. Tal como em O Transporte para San Cristobal de A. H. ou Provas e Três Parábolas, também lançados pela Gradiva, a litera-tura de George Steiner é forte-mente contaminada pela teses que defende nos seus ensaios. Não poucas vezes ecoam nestas páginas livros tão importantes

como Nostalgia do Absoluto, No Castelo do Barba Azul ou O Silêncio dos Livros.

Bragança de MirandaA imagem do corpo, o corpo da imagem

Que relações se estabelecem entre o corpo e a imagem? De que forma as novas tecnologias alteraram essa ligação? Quais as consequências dessa mudança? Estas são algumas das questões a que J. A. Bragança de Miranda tenta responder em Corpo e Imagem, uma edição da Vega. Este ensaio parte do princípio de que a «imagem, num sentido lato, constituiu historicamente uma forma de protecção do cor-po». Porém, com a fotografia, o cinema e o advento do digital verificaram-se dois fenómenos. Por um lado, «o deslocamento das imagens que passam a cir-cular livre e desencontradamen-te». Por outro, «a sua hibridação com o imaginário teológico, es-tético e técnico». Foi essa nova «plasticidade» que pôs em causa a noção clássica de corpo. Na mesma editora, o professor do Departamento de Ciências da Comunicação da F-Ciências Sociais e Humanas da U-Nova de Lisboa publica Envios, uma antologia de textos curtos que escreveu para o seu blogue, Reflexos de Azul Eléctrico.

VIII Congresso dos monumentos militares27, 28 e 29 Nov: das 9h00 às 18h00

LisboaISG - Escola de GestãoRua Vitorino Nemésio, n.º 521 751 37 00http://www.isg.pt/DEBATES DO CICLO SERÕES DA JUSTIÇA DO ISGJustiça e a Questão PenitenciáriaCom Anabela Miranda Rodrigues (Centro de Estudos Judiciários), Conceição Gomes (Observatório Permanente da Justiça Portuguesa) e Nuno Caiado (Direcção Geral de Reinserção Social)19 de Nov: das 18h30 às 21h30Eficiência e Equidade na TributaçãoCom Eduardo Paz Ferreira (F-Direito da U-Lisboa), Paulo Macedo (BCP) e Rogério Fernandes (ISG)10 de Dez: das 18h30 às 21h30Departamento de Engenharia de Electrónica e Telecomunicações e de Computadores do ISELR. Conselheiro Emídio Navarro, 121 831 71 80http://www.deetc.isel.ipl.pt/JETC08 - Jornadas de Engenharia de Electrónica e Telecomunicações e de ComputadoresOrganizadas de três em três anos, as JETC incluem conferências, concursos, oficinas (workshops) e outras iniciativas.20 e 21 de Nov: das 9h00 às 18h00Aula Magna da U-LisboaAlameda da Universidade21 011 34 00http://www.ul.pt/Mercury RevConcerto de apresentação do álbum Snowflake Midnight29 Nov: 22h00F-Letras da U-LisboaAlameda da Universidade, Sala 6721 792 00 86http://www.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/poeticas_rock.htmPoéticas do Rock em Portugal (call for papers)Colóquio sobre literatura, música e palco. As letras, os textos, a poesia e a sua encenação na música Pop e Rock.Até 30 Nov

PortoF-Engenharia da U-PortoRua Dr. Roberto Frias22 508 14 00http://sicc.fe.up.pt/conf/manager.php/gescon/homeFórum Internacional de Gestão da Construção - GESCON 2008O evento abordará temas como o Financiamento, Planeamento e Concepção, a Gestão de Projecto, a Gestão da Construção/Desconstrução e a Gestão da Utilização. Principais oradores: Vitor Abrantes, Hipólito Ponce de Leão, Reis Campos (FEPICOP), Jorge Moreira da Costa (IcBench), Daniel Bessa (EGP-UPBS), Pedro Gonçalves (Soares da Costa)11 e 12 Dez: das 9h00 às 18h00

Cheltenham, Reino UnidoUniversity of Gloucestershire+44 (0)844 8010001.http://www.wam-research.org.uk/conference/Conferência Crossing Cultures: Women, Ageing and Media5 Dez

Eleições

AE F-Psi. e C.da Educação da U-Lisboa4 e 5 de DezembroA-Académica da U-LisboaVotação: 10 e 11 de DezembroTomada de posse: 8 de JaneiroA-Académica de CoimbraPrimeira volta: 26 e 27 de NovembroSegunda volta: 3 e 4 de DezembroAE F-Belas Artes da U-LisboaVotação: 27 e 28 de DezembroTomada de posse: 2 de Dezembro

Universidade de Lisboa

A secção de Desporto da Uni-versidade de Lisboa promove, no dia 22 de Novembro, das 10 às 13 horas, nas suas instala-ções, uma oficina de Shiatsu. Esta velha técnica de massa-gem, originária do Japão, tem como objectivo a recuperação e manutenção da saúde do alin-hamento energético do corpo. Um bálsamo para a agitação da vida contemporânea. A ofi-cina destina-se a pessoas sem qualquer experiência nesta disci-plina. Os preços variam entre os 20 e os 30 euros.

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AnFITeATro

Para uma grande parte dos alunos do en-sino superior, a sigla RJIES deve soar, na melhor das hipóteses, a um palavrão dito em croata. Aos medianamente informa-dos, pode evocar mudanças no ensino superior. Os outros, muito provavelmen-te uma minoria, saberão do que se trata: Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior ou, trocado por miúdos, a mais profunda reforma do ensino superior desde a aprovação da Lei da Autonomia das Universidades, em 1982. Na teoria, o RJIES é uma extensa lei, composta por 185 artigos e aprovada na Assembleia da República a 19 de Julho de 2007, com os votos favoráveis do Partido Socialista e os votos contra de toda a oposição. O docu-mento só agora começa a ter verdadeiras consequências no terreno, já que houve a necessidade de alterar os estatutos das uni-versidades e institutos politécnicos e eleger os novos órgãos, como o Conselho Geral, que substitui o anterior Senado. O governo das instituições de ensino superior com-preende ainda um Reitor/presidente (elei-to pelo Conselho Geral) e um Conselho de Gestão. Nas faculdades, cai a Assembleia de Representantes (substituída por um ór-gão colegial com um máximo de 15 mem-bros) e há ainda um director, um Conselho Científico e um Conselho Pedagógico. As mudanças estruturais são estas, mas, na prática, em que é que mudam a vida de um estudante?

As personalidades contactadas pela re-vista Aula Magna para comentar o assunto destacaram, sem excepção, o decréscimo da representatividade dos alunos nos órgãos de governo das instituições. Sublinharam tam-bém a evidência: o novo regime deixa-os mais desprotegidos na defesa dos seus pon-tos de vista, na maioria das situações. Porém, discordaram quanto à relevância que estas alterações possam ter no seu dia-a-dia. Para André Moz Caldas, eleito para o Conselho

Geral da Universidade de Lisboa (UL) e mem-bro do Núcleo de Estudantes Socialistas da Faculdade de Direito da UL, o RJIES apenas se sentirá «muito a jusante», uma opinião com-partilhada por Negesse Pina, vice-presidente da Associação Académica da Universidade

de Aveiro (AAUAv). Do lado oposto está José Soeiro, que, com 24 anos, foi até Julho o mais jovem deputado da Assembleia da República, pelo Bloco de Esquerda. O sociólogo, que fez parte do Senado da Universidade do Porto (UP) durante dois anos, acha mesmo que as instituições se vão tornar «mais agrestes» para os alunos.

Órgãos mais pequenos e funcionais O RJIES toma uma orientação clara: retirar a classe discente (ou reduzir fortemente a sua pre-sença) dos órgãos que tomam as opções estratégicas das instituições. «Ficamos com órgãos mais pequenos, funcionais e dinâ-micos, mas também menos democráticos»,

considera Moz Caldas, que reconhece que havia um problema de sobredimensiona-mento. «Há uma tentativa de arrumar a casa, de reunir responsabilidades espalhadas e competências conflituantes», acentua Bruno Carapinha, estudante de doutoramento em Ciência Política na UL, e membro do Comité Executivo da Associação de Estudantes Eu-ropeus (ESU). O dirigente pensa que se passa de um processo de decisão «lento» e gerador de consensos para outro «ágil e muito orga-nizado», mas que pode gerar «conflitos e si-tuações de boicote». A composição do Con-

Estudantes longe das decisões

texto João Pedro Barros, fotografias Diogo Santos

O novo regime jurídico já mexe com o funcionamento das instituições de ensino superior, deixando os alunos mais desprotegidos. Pelo menos, é isto que pensam várias personalidades ligadas ao meio estudantil. A Aula Magna faz as contas ao que vai mudar

Os efeitos do RJIES

«No novo conselho geral, com três ou quatro votos, os estudantes quase não vão ter peso para propor (...) matérias» Pedro Barrias

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José Soeiro acha que as instituições se vão tornar «mais agrestes» para os alunos

Reitor| Estudantes perdem peso na eleição

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selho Geral, onde a representação dos alunos (mínimo de 15 por cento) é cerca de metade da das personalidades externas (mínimo de 30 por cento) é o principal alvo das críticas. No Senado, os estudantes tinham paridade com os docentes e investigadores, agora estes ocupam, obrigatoriamente, mais de metade dos lugares.

E os alunos que não se preocupam com a gestão da sua universidade ou faculdade, vão sentir a diferença? «É mais do que evidente que o novo modelo está mais preocupado na obtenção de receitas e lucros, deixando de lado tudo o resto, como as actividades lú-dicas, as cidadanias activas», observa Bruno Carapinha. José Soeiro antevê que as univer-sidades e politécnicos se vão tornar em locais de «prestação de serviços a quem pode pagá-los», em vez de serem um «lugar de acesso a formação e conhecimento», com cursos ou programas dirigidos à comunidade. O antigo dirigente estudantil dá conta de casos em que a força dos alunos nos órgãos da universida-de foi decisiva: «Fiz parte de um Conselho Directivo onde os estudantes conseguiram travar o processo de subida das propinas, e de uma Assembleia de Representantes onde conseguimos fazer passar uma resolução

que permitia aos estudantes divulgar os seus materiais e cartazes, que tinham sido retirados», relata. Pedro Barrias, presidente da Federação Académica do Porto (FAP) durante dois anos (2006 e 2007) acrescenta mais uma preocupação: «No Senado da UP éramos 42 alunos. No novo conselho geral, com três ou quatro votos, os estudantes qua-se não vão ter peso para propor, quanto mais

discutir, matérias relativas, por exemplo, ao estatuto de atleta de alta competição ou diri-gente associativo».

E há vantagens? Apesar das críticas, a FAP manifestou uma «posição concordante», na generalidade, com o RJIES, por «permitir al-guma autonomia das universidades». Tam-bém a AAUAv, diz Negesse Pina, «não é con-tra». «Mas acreditamos que três alunos não conseguem representar a voz dos 12.000 que

estudam em Aveiro. É uma questão demo-crática, nem queremos paridade», salienta. É caso para perguntar: há alguma vantagem para os alunos? Os inquiridos neste artigo consideram, de uma forma genérica, que há um reforço de poderes do Conselho Peda-gógico, onde se mantém a paridade com os professores. «É mais fácil tratar das questões

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O RJIES é como dizer aos estudantes: «deixem-se lá de manifestações, de

discutir a política geral das universidades, e estudem». Para mim, isto é uma visão retrógrada do papel das universidades. Há uma tentativa de arrumar a casa, de reunir responsabilidades espalhadas e compe-tências conflituantes, mas elas continuam a existir.

Bruno CarapinhaMembro do Comité Executivo da Associação de Estudantes Europeus (ESU)

«Ficamos com órgãos funcionais (...) mastambém menos democráticos» André Moz Caldas

Representantes| De dezenas os estudantes passam para três ou quatro

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curriculares», admite Pedro Barrias. André Moz Caldas salienta o facto do órgão passar a ter competências para aprovar o regula-mento de avaliação do aproveitamento dos estudantes. No entanto, lamenta-se o facto do organismo ter um carácter essencialmen-te consultivo. A AAUAv defende mesmo que as suas decisões «deviam ser vinculati-vas», de forma a «garantir que aquilo que se decide num órgão paritário tem reflexo no Conselho Geral». Para Pedro Barrias, o Con-selho Pedagógico acaba por ser vinculativo «na prática», porque «há muitas questões que só ele é que trata». Ainda assim, a au-sência, no papel, de um poder «vinculativo ou executivo» impede o órgão de tomar decisões, por exemplo, no caso de «um pro-fessor que maltrata um aluno». «Aí, o que se pode fazer é remeter o caso para o Conse-lho Científico ou Executivo», explica. Bruno Carapinha tem um olhar mais crítico sobre as novas competências do Conselho Pedagó-gico, classificando o órgão, na prática, como «esvaziado de poder»: «Qualquer implicação financeira, ou interligada com a área científi-ca, não é aplicada. Há um boicote dos Con-selhos Científicos e Directivo», acusa.

Uma segunda mudança potencialmen-te favorável é a criação de um provedor do estudante, «cuja acção se desenvolve em articulação com as associações de estudan-tes», lê-se na lei. Porém, a AAUAv é contra os moldes desta figura, e Bruno Carapinha volta a não poupar críticas: «O provedor é uma espécie de gabinete de apoio ao cliente. Não é isso que as associações e os estudantes pretendiam. É o reconhecimento de que o estudante passa a ser um elemento externo à comunidade académica». Há ainda um novo regime disciplinar do aluno, aplicado pelo reitor ou presidente, e que substitui o decreto de 1932 que ainda vigorava. A pena

de expulsão aí prevista é eliminada, e Pedro Barrias julga que há um maior «rigor» e «responsabilização» dos alunos. «Fiz parte da secção disciplinar do Senado, e era muito difícil sancionar alguma coisa, a lei era muito omissa».

O novo regime prevê ainda a possibilidade das universidades se transformarem em fundações públicas de direito privado, o que lhes permitirá uma maior autonomia. Para André Moz Caldas, a passagem do direito público para o direito privado pode trazer «muitas diferenças em termos de relacionamento» com os alunos. Mas isso já são contas para outro artigo. No imediato, sobra alguma indignação – «não concordamos com a forma como a mudança foi feita, como se os alunos fossem os culpados do estado do ensino superior», lamenta Negesse Pina – e um alerta de Bruno Carapinha para as instituições: «Andamos entretidos com isto há um ou dois anos, e não fazemos o que devia ser feito em termos educativos».

Os estudantes deixam de ter margem para discutir algumas matérias no Conselho Geral. Em algumas questões ainda podem ter uma minoria de bloqueio, algum poder de decisão, mas na maioria delas não terão peso quase nenhum.

Pedro BarriasAntigo presidente da Federação Académica do Porto (FAP)

Era necessária uma mudança de paradigma no ensino superior português, mas não concordamos com a falta da participação estudantil na sua gestão. As personalidades exteriores devem participar nos conselhos gerais, são os reais empregadores, mas achamos que o seu peso é demasiado. Pela minha experiência, não há assim tantas pessoas de mérito interessadas em participar.

Ricardo PintoPresidente da Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico

«É mais do que evidente que o novo modelo está mais preocupado naobtenção de receitas e lucros, deixando de lado tudo o resto, como asactividades lúdicas, as cidadanias activas»

Conselho Pedagógico| Alunos mantêm paridade em relação ao número de professores

«O provedor é uma espécie de gabinete de apoio ao cliente. Não é isso que as associações e os estudantes pretendiam. É o reconhecimento de que o estudante passa a ser um elemento externo à comunidade académica»

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O prof. Virgílio Machado che-gou já ao ponto de ameaçar im-pedir-nos de cometer fraudes nos testes. Impede-nos, assim, de nos iniciarmos numa práti-ca que tencionamos aperfeiço-ar durante o nosso curso e na nossa vida profissional, que é a de actuarmos, o mais possível, desonestamente, tornando a fraude, o suborno e a corrup-ção generalizada, parte do nosso dia-a-dia. Procuraremos, assim, amassar fortunas, não como fru-to do nosso trabalho e do desen-volvimento do bem-estar geral, mas de processos que permitam apropriarmo-nos daquilo que não nos pertence e de técnicas de dissimulação que construam as nossas riquezas à custa da mi-séria dos outros.

A fraude nos testes é, além do mais, um processo que nos permite manter o subdesenvol-vimento das nossas faculdades intelectuais. Não queremos cor-rer o risco de nos habituarmos a responder a questões que nos são postas, analisando-as à luz dos nossos conhecimentos. Também não queremos ser obrigados a ter a franqueza de admitir que não sabemos. Queremos, pelo contrário, mostrar que temos conhecimentos que não possuí-mos. Faremos assim, aquilo que esperamos vir a fazer pela vida fora: dar a perceber, aos nossos empregadores e aos nossos su-bordinados, que somos muito mais sabedores do que realmen-te somos, criando, assim, não uma relação de respeito mútuo, mas de venaração, como génios intelectuais. Para esse fim, acha-mos mais próprio apropriarmo-nos do trabalho dos outros, dan-do respostas que são deles, que não sabemos, nem percebemos,

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O estado de embrutecimento intelectual em que nos encontramos, não nos permite participar ou acompanhar a discussão de qualquer assunto dentro do âmbito da disciplina ou pertinente para a nossa formação

Virgílio A. P. MachadoProf. da F-Ciências e Tecnologia da U-Nova de Lisboa

Abaixo assinadoPedagogia

AnFITeATro. oPInIÃo

Os alunos, abaixo assinados, do 1.º ano dos cursos de […] desta universidade […], onde foram admitidos, tornando assim impossível o acesso à universidade de outros candidatos, vêm, por este meio, manifestar-se contra as medidas repressivas, de que têm sido alvo, da parte do prof. Virgílio Machado

mas que subscrevemos como se fossem nossas.

O prof. Virgílio Machado exige, também, que sejamos pontuais às aulas e não se coíbe de assinalar quando não compa-recemos ou chegamos atrasados. Ora, nós somos contra o regime de faltas. Não porque seja des-necessário, por só faltarmos por motivo de força maior, mas por-que achamos que as faltas ficam a atestar o nosso desinteresse em participar na vida académica. As faltas obrigam-nos a fazer o sacrifício de frequentar as aulas, de conviver com colegas e pro-fessores. Nas aulas temos de ou-vir falar de assuntos em que não estamos minimamente interes-sados. Nós não queremos saber nada do que se passa nas aulas. Queremos é acabar o curso! Achamos que não temos qual-quer contributo a dar nas aulas. O estado de embrutecimento in-telectual em que nos encontra-mos, não nos permite participar ou acompanhar a discussão de qualquer assunto do âmbito da disciplina ou pertinente para a nossa formação. Não nos senti-mos capazes de dirigir qualquer questão ao prof., porque temos receio de cair no ridículo de per-guntar qualquer coisa que possa interessar aos outros ou de elu-cidar dúvidas que também exis-tam no espírito dos colegas, ou pedir um esclarecimento que, na verdade, o prof. devia ter dado, mas que, eventualmente, se te-nha esquecido de dar.

Temos, também, o direito de chegar atrasados, quando muito bem entendermos. Não quere-mos deixar de contribuir para que esta nossa terra continue a ser um país atrasado. Pela nossa vida fora, queremos continuar a

não respeitar quaisquer horários ou compromissos. No nosso fu-turo emprego, tencionamos, aliás, iniciar o trabalho sempre fora de horas, dando, assim, o exemplo a todos os nossos su-bordinados e ao operariado em geral. Não tencionamos, nunca, respeitar horas marcadas para encontros, reuniões, negócios ou quaisquer actividades profissio-nais ou privadas, contribuindo, assim, para grandes prejuízos, para todos, em tempo perdido, esperas inúteis e evitáveis.

Além do mais, o prof. Virgílio Machado pretende que nos mantenhamos em silêncio nas aulas, quando ele se nos dirige ou um colega faz qualquer in-tervenção. Obriga-nos, assim, a dar provas de uma educação que não possuímos, a um respeito pelos outros que não temos. Achamos que, nas aulas, deve-mos poder falar do que muito bem entendermos, uns com os outros, fazendo a algazarra ne-cessária para nos fazermos ouvir no meio da confusão geral, tal qual um grupo de ébrios numa taberna. Outro processo não há, aliás, de impedir que aqueles que estão interessados possam acompanhar as aulas, desmoti-vando-os de fazerem um estudo sério e incentivando-os a aderi-rem à mediocridade geral.

Assim, e resumindo, porque o prof. Virgílio Machado insiste em que nós temos que estudar, desenvolver qualidades de tra-balho, de integridade pessoal e consciência profissional para as quais não estamos vocaciona-dos, nem é para isso que esta-mos cá, pedimos a sua imediata substituição por outro que nos dê uma boa nota no fim do ano e nos chateie o menos possível.

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Fazer da universidade um palco

texto Frederico Pedreira, fotografias Filipe Mateus, ilustração João Fazenda

As faculdades e os institutos politécnicos são viveiros onde nascem os mais variados projectos musicais. E todos temos um amigo que pertence a um. As bandas com estudantes não são mais apoiadas porque ninguém dá apoios ou porque ninguém os sabe pedir?

Bandas estudantis

Foi numa praxe académica que Mafalda Arnauth, então caloira de Veterinária, ace-deu ao pedido para cantar um fado. O tema de Amália Rodrigues, Triste Sina, desbra-vou-lhe o caminho para uma promissora carreira nos palcos e para a edição de seis

discos, sendo o mais recente Flor de Fado. Muitos são os artistas e bandas, nacionais e internacionais, que se desenvolveram num ambiente universitário, aprimorando os seus ímpetos criativos através de um inten-so percurso estudantil.

Se Mafalda Arnauth assistiu ao traçar do seu destino numa praxe, a vocalista dos Deolinda, Ana Bacalhau, desencantou-o no ambiente descontraído do Bar Novo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Foi na véspera de mais

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um concerto e na «correria típica destes dias» que explicou como conheceu Dídio Pestana e Gonçalo Tocha, os músicos com quem viria a formar a sua primeira banda, os Lupanar: «Participava sempre que havia uma sessão de Karaoke e, além disso, pedia para cantar a capella uma música da Janis Joplin.» Havia também um núcleo de rádio para o qual contribuía com um programa de música semanal. É por isso que Ana Bacalhau acredita que o contexto univer-sitário foi fundamental para o seu desen-volvimento artístico e para o a da banda: «Partilhávamos o interesse pela Língua Portuguesa, pela música, e achámos que nos poderíamos juntar e criar um grupo que trabalhasse diferentes linguagens mu-sicais», afirma.

Começaram por ensaiar em casa de Dídio Pestana, mas durante o ano lecti-vo de 2000/2001 decidiram aumentar o número de músicos para sete. Desta for-ma, passaram a ocupar as salas de aula da FLUL com ensaios acústicos. Em 2002, os Lupanar continuaram a crescer e a Reitoria da Universidade de Lisboa, atenta às ini-ciativas de índole criativa, mostrou-se in-teressada na banda. O auge do início de carreira seria atingido com um espectáculo para cerca de 800 pessoas na Aula Magna da Universidade de Lisboa.

Ana Bacalhau diz que este concerto foi «crucial» para o desenvolvimento dos Lupanar. «Nunca poderíamos suportar sozinhos todos os custos financeiros, logís-ticos e humanos que fazer um espectáculo naquele espaço implica.» Apoio idêntico tiveram, em 2005, para a edição de autor do primeiro álbum da banda. Os Lupanar angariaram outros financiamentos, mas foi a associação de estudantes da FLUL a assegurar o material promocional, como postais e cartazes.

O papel das associações Os Lupanar consti-tuem um bom exemplo de como uma banda estudantil, com um ou mais membros a fre-quentarem o ensino superior, pode singrar nos circuitos comerciais da música optan-do, numa primeira etapa, pela divulgação académica e pelos apoios universitários. Surgem então as questões: como se procu-ram estes apoios e quem pode ajudar?

Para Pedro Barros, dirigente associativo da FLUL entre 1994 e 1997, não poderá ser uma AE a assumir o apadrinhamento das bandas, o que acabaria por resultar numa pré-definição estética dos grupos ou na cria-ção de «boybands ou girlbands». No entanto, sublinha o papel fundamental da estrutura universitária para acolher projectos e inicia-tivas musicais. Nesse sentido, é essencial as bandas entregarem nas AE um «dossier de apresentação do grupo», onde deve cons-tar uma maquete. «Acima de tudo, o que vai seduzir é o projecto musical», afirma. É importante também incluir «uma biografia

dos músicos», na medida em que esses ele-mentos podem «chamar à atenção», através, por exemplo, de uma colaboração com um artista de renome ou o trabalho demonstra-do numa área artística diferente.

Os membros da banda devem assim «seleccionar os elementos mais fortes», sa-bendo que serão estes a despertar a curio-sidade das associações de estudantis. «Não basta dizer que a música é interessante», diz

Pedro Barros. Outros aspectos que fazem a diferença são «a linha gráfica da maquete e um bom texto de apresentação da banda». E os contactos com a imprensa. As bandas devem também estar a par «do fecho das agendas dos jornais para anunciar os con-

certos a tempo», para além de «fazerem um apanhado dos jornalistas que escrevem so-bre música», tendo em conta as áreas de es-pecialização de cada um. «Depois, é enviar os press-releases e as maquetes ao cuidado dessas pessoas», explica Pedro Barros.

Vice-presidente da Associação de Es-tudantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e organizador de um torneio de bandas universitárias, Tiago Veríssimo acredita que é possível dar apoio a bandas que tenham um projecto bem estruturado, incluindo as autorizações ne-cessárias, por parte do Conselho Directivo, para alugar um espaço da universidade para ensaios. Foi o que a associação de es-tudantes fez para a tuna, a quem foi atribu-ído uma sala num dos pavilhões da facul-dade. Para este dirigente, a primeira acção que as bandas devem tomar é apresentar um projecto na associação de estudantes seguindo os critérios da «concisão e cre-

dibilidade». Assim, no portfólio da banda «devem constar dados simples, como o número de membros, há quanto tempo se juntaram, que instrumentos usam, descre-vendo o tipo de música e a quem pode in-teressar, anexando também um historial de

«Se não existir uma iniciativa clara das vossas associações de estudantes no sentido da promoção de acções culturais, que as proponham os músicos, as bandas, os fãs», apela Ana Bacalhau

Deolinda| A primeira banda de Ana Bacalhau nasceu na universidade

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concertos». Tiago Veríssimo afirma já ter uma considerável experiência no contacto com músicos, mas num circuito comercial exterior à universidade. Conclui que, com uma abordagem informada por parte da banda, os responsáveis pelos espaços «fi-cam quase obrigados a aceitar os pedidos que forem feitos».

A atitude das bandas Agora jornalista na Agência Lusa, Filipe Pedro colaborou ac-tivamente na revista estudantil Subcave, onde se empenhou na divulgação de ban-das portuguesas em início de carreira. Re-cordando o caso dos Ornatos Violeta, «que viviam todos juntos quando se formaram», e dos Zen, «que surgiram de jam sessions ocasionais e de uma mescla de diferentes bandas», sublinha a importância do con-vívio universitário. «É necessário criar uma rede de contactos e uma componente intelectual que seja comum aos membros da banda», afirma. No entanto, para obter apoios, as bandas devem «ter objectivos bem delineados» quando procuram a ajuda da sua universidade e «saberem que tipo de apoios precisam e o que pretendem conse-guir através deles». «Para cada fase de de-senvolvimento da banda corresponde um tipo de apoio diferente», lembra.

Mas nem todo o trabalho de promoção deve ser feito pelos músicos. Da sua experi-ência, Pedro Barros pode afirmar que «não há uma política de incentivo» por parte das

entidades soberanas do meio universitário. Aquilo que há são «as festas do caloiro e semanas culturais.» Destaca a necessida-de das próprias associações de estudantes «olharem para o que está à sua volta, saí-rem mais à noite e procurarem projectos interessantes que possam ser integrados em espectáculos organizados pelas facul-dades». Considera «inacreditável» que, por exemplo, a Associação Académica da Universidade de Lisboa tenha convidado novamente Quim Barreiros para a festa do caloiro deste ano, quando há projectos mais pequenos mas de qualidade superior. «Pegar em coisas interessantes feitas pelos alunos das universidades» é o que propõe para uma melhoria da programação des-ses concertos. Ana Bacalhau completa a questão com um incentivo aos leitores: «Se não existir uma iniciativa clara das vossas associações de estudantes no sentido da promoção de acções culturais, que as pro-ponham os músicos, as bandas, os fãs».

Todo o processo de obtenção de apoios pode revelar-se complicado, e por vezes até frustrante. Como Tiago Veríssimo explica, um dos factores negativos é o Orçamento de Estado, que torna quase impossível um maior investimento nas actividades cultu-rais: «Não há dinheiro nem para o material necessário para as aulas». Hugo Barros, pro-dutor freelancer e habitué na produção de concertos na Aula Magna da Universidade de Lisboa, completa o cenário menos pro-pício: «Nas AE há um processo burocrático pesado, e as poucas pessoas que dela fazem parte têm de passar o tempo todo a tentar segurar a própria estrutura». No entanto, há todo um trabalho de promoção inter-na, incluindo a tarefa incansável que Pedro Barros denomina de «bater a todas as por-tas», que a banda deve desenvolver e que, tal como sucedeu com os Lupanar, pode abrir caminhos auspiciosos. E é de bom grado que Ana Bacalhau se lembra dos incentivos prestados pela FLUL aos Lupanar, que se revelaram «essenciais», «quer em termos logísticos, como em termos de promoção e do boca-a-boca». Revela-se então essencial uma vontade inabalável das bandas para se auto-promoverem, até porque alguns apoios são realmente possíveis. Filipe Pedro concorda que todo o processo de obtenção de apoios universitários «não é uma bata-lha fácil», mas que é fundamental as bandas «acreditarem» em si mesmas. E acrescenta: «Só assim é possível dar o salto».

as bandas devem «ter objectivos bem delineados» quando procuram a ajuda da sua universidade e «saberem que tipo de apoios precisam», diz Filipe Pedro

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De regresso às aulasRicardo Araújo Pereira

Diz que nunca escreverá um romance, embora admita que a Literatura sempre o fascinou. Por isso, dez anos depois da licenciatura, inscreveu-se num mestrado

texto Luís Ricardo Duarte, fotografias José Miguel Soares

Parece que foi de propósito. Um momento à Gato Fedorento precisamente antes da entrevista ao Ricardo Araújo Pereira. Dez da manhã, no café do costume. Uma senho-ra bem composta, com ar de avó, senta-se na mesa ao lado. Traz um livro meio lido debaixo do braço. Com calma, abre o ro-mance e, quando o empregado chega, pede «Dois rissóis e uma míni...» Mais tarde, o espectáculo continua. Depois de pousar o matinal manjar, o empregado diz-lhe: «Já lhe trago a cervejinha...».Está bom de ver que facilmente se faria um sketch do Gato Fedorento com este episó-dio. Até porque, como me dirá Ricardo Araújo Pereira, é nos «contrastes» que se encontra a chave de uma boa piada. Mas não falámos só de humor. Depois de uma licenciatura em Comunicação Social, na Universidade Católica, ele está de regres-so às aulas. Passados dez anos, inscreveu-se no mestrado em Teoria da Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Quisemos saber como é a sua vida de es-tudante, quais os seus planos para a tese, como vê o Ensino Superior hoje em dia, o que há de científico nos sketches que escreve e representa. Pelo meio, hou-ve referências à Bíblia, Umberto Eco, Shakespeare, Nietzsche, Eça de Queirós, Aristóteles, David Lodge, Woody Allen e Flaubert. É que, a brincar a brincar, Ricardo Araújo Pereira sabe do assunto. E muito a sério.

Qual foi o objectivo do teu regresso à universidade? Fazer o que sempre quis. Se tivesse podido escolher sem constrangimentos, quando acabei o 12.º ano, teria seguido Literatura. Mas os meus pais acharam que não tinha saídas profissionais, que não se ganhava dinheiro a escrever, que jornalismo era melhor. Vê-se mesmo que não percebem nada do mercado de trabalho. Não há jan-tar de família em que não lhes recorde isso amargamente. Depois de velho, vim tentar recuperar esse projecto.

Um investimento pessoal nessa área, como autodidacta, não era suficiente? Com o mestrado posso continuar a fazê-lo. Compro e leio tudo o que me apetece, mas ter uma orientação, ainda por cima a este nível, é muito importante. É óptimo ter Miguel Tamen ou António Feijó como professores, uma grande mais-valia. Como está a ser a experiência de voltar às aulas?Simpática. Sempre gostei de estudar. Entretanto, tive uma experiência fugaz na Universidade Nova de Lisboa. Inscrevi-me na licenciatura de Estudos Portugueses [na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas], mas por falta de tempo só fiz duas cadei-ras. Agora que tivemos a inteligência de assinar um contrato [com a SIC] em que a carga horária é mais leve, fiquei com tem-po para este tipo de coisas.

Encontraste muitas diferenças no en-sino superior, passados dez anos?No mestrado é tudo diferente. A própria sala, enquanto espaço físico, muda (esta-mos todos à volta de uma mesa) e não há exactamente uma matéria que se vá percor-rendo ao longo das aulas. Na Universidade Católica o curso de Comunicação Social estava a começar. Por essa razão ou por outras, era uma grande balbúrdia, com ca-deiras canceladas, outras que fazíamos por cancelar porque não tinham interesse al-

gum. Além disso, uma pessoa com 18 anos não está preparada para a universidade. Eu, pelo menos, não estava.

Porquê?Aos 18 anos é-se uma besta. Não se está minimamente interessado em aprender. Agora, tenho outra vontade.

Hoje levas-te mais a sério?Talvez menos ainda... Se calhar esse é o pro-blema quando se tem 18 anos, em que tudo tem uma enorme importância. Hoje, tenho uma perspectiva diferente sobre o assunto. Mas não quero estar a fazer a rábula do tipo que envelheceu e ficou mais maduro. No meu caso, aos 18 anos era uma besta.

Sentiste diferenças entre o ensino pú-blico e privado?Não muito. Na Católica foi diferente, mas provavelmente porque o curso estava no início. Suponho que os cursos de Direito e de Economia sejam exigentes e estimulan-tes como noutras faculdades, admitindo que esses cursos possam ser estimulantes. Por isso, não tenho nada contra a Católica. A biblioteca, por exemplo, era bastante boa e permitia o acesso directo às estantes, como o Umberto Eco defende. Também fiz o curso todo sem grande interesse pelo jornalismo e pelo fenómeno da comunica-ção em geral. Aproveitei todas as hipóteses que tinha para escolher opções relaciona-das com os meus gostos pessoais. Foi as-sim que fiz Literatura Brasileira ou Cultura Clássica, por exemplo.

Como é a tua vida de estudante?Igual às dos outros, imagino. O mestrado ainda vai muito no início, mas apresento-me aqui à hora marcada e vou-me embora quando a aula acaba.

E acompanhas a vida académica?Referes-te a quê?

Lutas estudantis, tunas, jornais, es-planadas...

Além disso, uma pessoa com 18 anos não está preparada para a universidade. Eu, pelo menos, não estava. Aos 18 anos é-se uma besta. Não se está minimamente interessado em aprender. Agora, tenho outra vontade

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Nada. Só venho aqui pela razão por que isto foi criado. Não tenho interesse em mais nada. Por exemplo, praxes... coisa linda, não é?

Nem pelas associações de estudantes?Não, embora tenha sido presidente de uma. Mas na Católica aquilo tinha outra piada. Dava para passar o tempo e para chatear al-gumas pessoas. Foi divertido fazer uma as-sociação de extrema-esquerda. Uma vez or-ganizámos um conjunto de colóquios, com Francisco Louçã e Al Berto, entre outros. Quando pedimos uma sala deram-nos uma das melhores, na Biblioteca João Paulo II, visível de todos os pontos da faculdade. No entanto, assim que afixámos o cartaz com os oradores, fomos remetidos para uma subcave impossível de encontrar.

A graça que o humor tem

Alguns sketches do Gato Fedorento brincam com a ideia de professor e aluno. É um universo potencialmente engraçado?Muito. A ideia de haver um tipo a falar

para vários que estão a ouvir é divertida de corromper. Exemplos: se o professor não for assim tão admirável, se os alunos tiverem menos capacidade para aprender ou se tiverem outros interesses. Lembro-me de um sketch sobre um professor que vai apresentar um poema, mas como é particularmente difícil pede ajuda a outro professor que é homossexual. Depois, faz o outing dele à frente dos alunos. O sketch sobre o curso de literatura para porteiras tinha o mesmo espírito. A ideia surgiu a partir de uma frase de David Lodge, se-gundo a qual a Literatura é coscuvilhice para intelectuais. Daí ao curso sobre a Madame Bovary foi um passo.

Na universidade ainda há os formalis-mos, os senhores professores, senhores mestres, senhores doutores, senhores catedráticos, jubilados, honorários…Pois. Talvez seja uma coisa muito portu-guesa, como toda a gente diz. Mas é di-vertido, um gajo que é só professor, ou professor doutor por extenso, ou prof. não sei o quê. Essas nuances às quais se presta atenção são muito giras.

O humor do Gato Fedorento tem mui-to de investigação social e linguística. Achas que dava uma tese de qualquer coisa?Ficaria muito surpreendido se alguém pretendesse estudar as nossas fantochadas. Mas por acaso vai haver uma tese em que seremos objecto ou caso de estudo.

Mas reconheces essa dimensão de es-tudo de comportamentos e de tiques de linguagem?Não diria estudo, porque parece que es-tamos a fazer uma tese em forma de pro-grama humorístico. Há um lado infantil em nós que faz com que reparemos em duas ou três coisas que as pessoas adul-

A ideia de haver um tipo a falar para vários que estão a ouvir é divertida de corromper

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tas não estão vocacionadas para reparar. Acontece-nos muitas vezes uma criança fazer uma pergunta que nos confronta com algo que vimos durante anos e anos mas em relação à qual nunca tínhamos pensado daquela maneira. Basicamente, o nosso trabalho é fazer esse tipo de pergun-tas e observações.

Como se estivéssemos a ver as coisas pela primeira vez?Exactamente. Temos, no dia-a-dia, o olhar calejado. Estamos fartos de ver determinada coisa a acontecer e por isso deixamos de a questionar. No Gato Fedorento, procuramos ver as coisas pelo olhar de uma criança ou de um extrater-restre. Isso ajuda a manter uma imaturi-dade bastante grande, o que, por sua vez, prejudica muito o relacionamento com o sexo feminino...

Vês-te a dar aulas sobre humor?Já dei umas aulas de escrita humorística. Tem um lado divertido e outro enfadonho. Enfadonho porque a conversa sobre hu-mor normalmente não tem graça nenhu-ma. E retira graça ao que antes achávamos graça.

Então onde está a graça? Em fingir que o que dizemos para ter graça está a ser inventado na altura. A simulação

da espontaneidade é provavelmente um dos elementos mais importantes nisto de fazer rir. Mas não passa de uma simulação. Woody Allen diz que nunca improvisa quando está em palco, porque as pesso-as pagam para o ver. Só improvisa quan-do está a escrever. Conta dez piadas para chegar a duas que são boas. Com o Gato Fedorento passa-se o mesmo.

É a dimensão escrita do humor que mais te interessa?Sim. Porque depois é preciso um actor – e essa é a parte para a qual temos pouco jeito – para fingir que aquilo está a ser inventa-do no momento.

O riso e a morteSão as relações entre o riso e a morte que mais interessam a Ricardo Araújo Pereira. E até podem vir a ser o tema da sua tese de mestrado, embora não queira dar mui-tas garantias, sabendo as voltas que a vida dá. Certo é que, dentro desta área, já tem muitas leituras feitas, que lhe apontam para um preconceito histórico face ao riso e para uma íntima proximidade com a consciência da morte. Falta, caso a ideia avance, circunscrever o projecto, porque a empreitada é interminável. Mas qualquer que seja o resultado final, Ricardo Araújo Pereira já parece ter acertado na epígrafe, que retirará do Hamlet, de Shakespeare. É uma fala do príncipe da Dinamarca, quando este se encontra no cemitério, jun-to à cova que está a ser criada para Ofélia. Quando vê a caveira de Yorick, o bobo da corte, com quem tanto brincara, Hamlet afirma: «Diz as coisas que tu dizias antes, que faziam rir uma mesa inteira. Vai ter com a minha senhora e diz-lhe que, por muita maquilhagem que ponha na cara, vai acabar por ficar como tu estás agora. Fá-la rir disso.»

Gostavas de fazer uma tese de mes-trado sobre as relações entre o riso e a literatura?Sim, sobretudo sobre as relações entre o riso e a morte. Aristóteles defende que o Homem é o único animal que se ri. Muitos outros cientistas e antropólogos subscre-veram esta teoria. Ao mesmo tempo, so-mos o único animal que tem consciência da morte. Não sei se as duas coisas não es-tarão relacionadas, como apontam alguns

escritos de Nietzsche, que fala sobre a me-lancolia e o riso.

O riso é um fenómeno interessante de se estudar?Em muitos sentidos. O riso nunca teve um prestígio muito grande, mesmo hoje em dia, o que é paradoxal, já que um argu-mentista que escreve textos humorísticos para televisão ganha muito mais do que qualquer outro. Incomparavelmente mais, pelo menos em Portugal. Historicamente também comprovamos essa tendência. O riso nunca recebeu muita consideração. Uma pessoa que se ri não é séria, nas vá-rias acepções da palavra, não só no senti-do de não ser circunspecta, mas também de não ser honesta e digna de confiança.

As gargalhadas são mais diabólicas do que divinas?Justamente. É suposto que Deus não tenha rido. Pelo menos nos evangelhos canóni-cos, Jesus Cristo chora várias vezes, mas nunca ri. No Génesis, há dois ou três mo-mentos de riso mas também há margem para interpretar a reacção de Deus ao riso como má (embora admita que se possa en-tender o contrário). Mas tradicionalmente foi interpretado dessa forma. Um dos mo-mentos é Sara, mulher de Abraão, que se ri quando Deus lhe diz que vai ser mãe. Aos 99 anos. Quando a Virgem Maria recebe a notícia que vai ser mãe, mesmo saben-do que nunca teve relações sexuais, não se ri. E o modelo de fé sempre foi a Virgem Maria, e não Sara, que questiona o poder de Deus.

Temos, no dia-a-dia, o olhar calejado. Estamos fartos de ver determinada coisa a acontecer e por isso deixamos de a questionar. No Gato Fedorento, procuramos ver as coisas pelo olhar de uma criança ou de um extraterrestre

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Hoje fui tomar o pequeno-almoço a um café. Sentou-se ao meu lado uma sen-hora toda bem-posta e pediu dois rissóis e uma míni. Isto dava um sketch?Uma mini logo de manhã? Epá, isso é mui-to bom.

O humor nasce assim?Claro. O contraste é uma das ferramentas fundamentais, exactamente como descre-veste. Imagina que era um trolha a beber uma míni, ou uma senhora muito bem-posta a beber chá? Ninguém acharia piada. Uma senhora a beber uma míni tem graça, tal com um trolha a beber chá e biscoitos.

Indícios literários

Qual o teu interesse na Literatura?Isso é uma pergunta complicada... Sempre tive interesse na Literatura. Passei a in-fância na casa da minha avó, que sabia ler muito mal e escrever pior ainda. Lá em casa havia uns livros do meu tio, in-cluindo os contos de Eça de Queirós. De vez em quando lia alguns para a minha avó. Um deles, A Aia, narra a história de um reino e de uns bandidos que querem raptar o príncipe. Ao longo do conto, Eça vai dando a entender o que vai acontecer. À medida que eu ia lendo, a minha avó, que nem a quarta classe tinha, percebia que estava ali um indício, que qualquer coisa ia correr mal. Para mim era diverti-do perceber como uma coisa sofisticada, como é a Literatura, ainda assim, conse-guia fazer-se entender a uma pessoa sem instrução.

Atingir uma certa universalidade?Sim. Depois há outra questão. Sem querer fazer psicanálise, não sou uma pessoa es-pecialmente terna, no sentido em que não consigo comunicar muito bem fisicamen-te. Não sou uma pessoa carinhosa, com os gestos não vou lá. É algo que me preocupa desde que sou pai.

A tua linguagem não verbal é pouco ex-pressiva?É isso, não sou competente na linguagem não verbal. Mas a linguagem verbal sem-pre me interessou imenso. Por exemplo, mesa. É uma palavra que não tem nada a ver com o objecto a que se refere, é uma absoluta convenção. Eu digo mesa, tu ou-

ves mesa, eu estou a pensar numa mesa, tu estás a pensar noutra, mas o certo é que nos entendemos com essas quatro letras juntas. São mecanismos de linguagem que sempre me fascinaram. Ou o modo como a poesia, que é racional porque se baseia nas convenções das palavras, consegue ser ao mesmo tempo irracional.

Com essas preocupações literárias, podemos esperar um romance teu? Eu próprio escrever? Duvido muito. A minha vida é escrever, mas não literatura. Escrevo crónicas e textos humorísticos. Mais do que isso não creio que tenha com-petência.

Este mestrado não é uma forma de per-ceber melhor o interior da Literatura?É obviamente uma maneira de saber mais,

mas não necessariamente para perceber como se escreve um romance. Nem sei se é esse o caminho.

Escreveres um romance pode ser uma piada de mau gosto?Pois pode. Pode ser uma péssima piada. Prefiro ter graça quando pretendo tê-la. Não é tão giro quando as pessoas se riem de nós sem querermos.

A minha vida é escrever, mas não literatura. Escrevo crónicas e textos humorísticos. Mais do que isso não creio que tenha competência

É suposto que Deus não tenha rido. Pelo menos nos evangelhos canónicos, Jesus Cristo chora várias vezes, mas nunca ri

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Soaram aleluias quando o Conselho Directivo da Faculdade de Belas Artes de Lisboa voltou atrás na de-cisão de suspender as festas dentro do edifício. É que não há festa como esta, garante André Martins. «Como a faculdade fica num antigo conven-to, é um espaço diferente, que fica espectacular com o jogo de luzes e com a amplificação natural do som», descreve. Numa das últimas, que de-correu nos corredores, até houve ví-

Às quartas-feiras, de 15 em 15 dias. O ritual repete-se na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT UNL). Carlos João e Carolina Costa marcam presença sempre que po-dem. Muita música, bar aberto ou happy hours e temas sempre dife-rentes. São as «famosas» noites aca-démicas organizadas pelo Grupo Académico Nús Koppus, conhecido por GANK. Não terão seguramente

o glamour de outros espaços, nem a promoção de outras iniciativas, como a Gala Anual da AE da FCT UNL, no Buddha Bar, em Lisboa. Mas a sua regularidade cativa mui-tos adeptos, garantem Carlos João e Carolina Costa. E a «originalidade» também. No 29.º aniversário da AE FCT UNL, assinalado no passado dia 12, houve um pouco de tudo. Magusto à tarde, porco no espe-to ao cair do dia, promoções para quem foi trajado e música pela noite dentro. A última, antes das férias do Natal, é dia 26 de Novembro.

dos Dj Luís Santos e Nuno Beleza. «Imperdível», garante. Mário Lourenço também não falta às festas que organiza, enquanto pre-sidente da AE da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Insti-tuto Politécnico do Porto. E não vai faltar, dia 20 de Novembro, a mais uma edição da All You Need is Vougue. Mas, a norte, a oferta é grande. E o cardápio de festas não ficaria completo, diz, sem uma referência à Baconal, a festa da Faculdade de Medicina da UP. É remédio santo.

«Nada se compara à FEP Street, que anima a semana de recepção ao caloiro da AE da Faculdade de Economia da Universidade do Porto»

FEP Street e Baconal20 de Novembro - discoteca Vougue

Não perde uma. Por mais festas que tenha no currículo, nada se compara à FEP Street, que anima a semana de recepção ao caloiro da AE da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (UP). «É uma festa que chama muita gente, tem boa música e um óptimo am-biente», assegura Mário Lourenço. Este ano, a FEP Street realizou-se na discoteca Via Rápida, com mú-sica a cargo da dupla Funkyou2 e

Mário LourençoP. da AE da ES de Tec da Saúde do IP-Porto

As noites do GANK26 de Novembro - FCT UNL

Carlos João e Carolina CostaMembros da AE FCT

No convento de Belas Artes

André MartinsF-Belas Artes da U-Lisboa

PÁTIo.FeSTAS

«O toque artístico é uma das imagens de marca das noites de Belas Artes»

deo no tecto. O toque artístico é uma das imagens de marca das noites de Belas Artes. «A música não é a mar-telo», afirma, lembrando algumas sessões mais alternativas. Depois, é o carnaval que se repete sempre que os estudantes querem. Recentemente, houve uma festa dedicada aos anos 80 e outra sobre as personagens dos filmes do Tarantino. À lei da bala, ou ao ritmo da série B, a ficção invadiu a realidade. «As pessoas mascara-das vêm com outro espírito», atira André Martins. «Sentem-se mais à vontade».

«Muita música, bar aberto ou happy hours e temas sempre diferentes. São as «famosas» noites académicas da FCT»

DIOGO SANTOS

DIOGO SANTOS

FILIPA LOURENÇO

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PÁTIo.DeSPorTo

Os clubes são os locais de eleição para a prática da esgrima em Portugal. Numa ronda efectuada entre as principais academias do país, a Aula Magna apenas conseguiu encontrar aulas da modalidade em Lisboa, na Escola de Desportos de Combate, que funciona no Estádio Universitário. «Somos uma espécie de ilha, porque a esgrima que se faz em Portugal é de clubes», reconhece André Escobar, professor no Estádio Universitário de Lisboa. No entanto, esta é uma esgrima «de lazer» e não filiada, já que o Centro Desportivo Universitário de Lisboa (CDUL) abandonou a sua prática, apesar do largo historial na modalidade. Na Associação Académica de Coimbra, também já não há esgrima, há cerca de dez anos. Nem o facto de o primeiro-ministro José Sócrates ter sido atirador da instituição, entre 1975 e 1980, salvou a secção.

«Já nem sequer existe uma competição universitária», nota Joaquim Videira, o melhor esgrimista português no ranking internacional (35.º lugar), que esteve presente nos Jogos Olímpicos de Pequim. O facto pode parecer pouco relevante a quem apenas procura uma actividade física salutar, mas é representativo da pouca aposta na esgrima ao nível do ensino superior. André Couto, presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, reconhece mesmo que o Evento Nacional Universitário de Esgrima (uma espécie de campeonato oficioso), previsto para o dia 18 de Abril de 2009, «não teve instituições interessadas na sua organização».

Fora de Lisboa, a situação torna-se ainda mais difícil e os clubes são a única opção. Enquanto estudou e treinou no

Porto, entre 2005 e 2007, Joaquim Videira tentou «iniciar um projecto», que poderia ter sido desenvolvido em torno do Centro Desportivo Universitário do Porto, mas não teve sucesso. Consultando a lista de salas de armas da Federação Portuguesa de Esgrima (disponível no sítio www.fpe.pt/~fpept/SGC/index.php/fpe_site/salas_de_armas), é possível verificar a concentração em torno das grandes cidades.

Quanto custa começar? A esgrima tem fama de ser um desporto caro, mas André Esco-bar rejeita essa ideia. Em primeiro lugar, porque na maioria das instituições o mate-rial pode ser emprestado «até um máximo de um ano, se for preciso». Depois, para começar basta «um fato de treino, ténis e boa disposição». Para disputar provas na-cionais, o professor estima que seja neces-sário gastar «cerca de 500 ou 600 euros em equipamento».

E o preço das aulas? No Estádio Universitário de Lisboa, as condições são mais favoráveis para os estudantes, que pagam 17,5 euros mensais por duas aulas por semana e 22 euros por três aulas semanais, para além de uma inscrição no valor de 25 euros. Os outros utentes têm de despender consideravelmente mais dinheiro, o que também é a situação mais usual nos clubes.

«A esgrima que se faz em Portugal é de clubes», reconhece André Escobar, professor no Estádio Universitário de Lisboa

Nem o facto do primeiro-ministro José Sócrates ter sido atirador da Associação Académica de Coimbra salvou a esgrima

Pouca esgrima nas academias

Esgrima

A vida não está fácil para um estudante do ensino superior que se queria iniciar na esgrima. Com excepção de Lisboa, a modalidade está ausente da oferta de desporto académico e concentrada em clubes.

texto João Pedro Barros

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encontrar-te-ás sozinho à porta do delírio,terás os cognomes da espera e o direito a votar,comprarei um passe para visitar o museu das tuas obsessões, saberás fazer-me voltar a horários fixos,tirarei notas de rodapé com pormenores complicados e referências exaustivas,farei esboços dos teus sorrisos,apunhalar-me-ás com ideias universais e alegres

a caminho das coisas particulares e tristes,sangrarei adjectivos ao modo superlativo, formas retóricas imprecativas

e estruturas paralelísticas, deixarei as veias dos cárpatos abertas até encherem a tua piscina, chamarás o segurança e dirás: isto não é hollywood, babe!,

aqui ninguém se suicida com uma overdose de felicidade, não temos rottweilers a vigiar o sono das crias, nem personal shopper para tratar as depressões,

terei o tamanho das minhas cicatrizes e as pestanas a fazer tim-tim-tim, terás fome de mim, prender-me-ás à cama como nos abraçámos às nossas ilusões, subirei àquele comboio chamado desejo,gritarás o meu nome de boca virada para a estação do prazer, confundir-me-ás com as outras, serei as outras nesse flutuar branco e veloz, declinar-te-ei nas conjugações do passado, desprezarás os volumes que imitam o contorno do meu corpo, arrumarás num canto do mapa as ruas que levam a nós, colocarás cartazes em cima dos destroços

enquanto um néon publicitário da boticário executará o papel do ocaso.dois minutos antes de cair o pano, o director de som escolherá para o nosso fim

uma banda sonora na moda.

Direito a

votarGolgona Anghel

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