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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião da

revista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,

mesmo que parcial, só será permitidamediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.11, n.2, p.1-64, junho 1998

............................................................................ ............................................................... ............................................................................... ................................................................................ ............................................................. ................................................................. .........................................................

T e c n o l o g i a

Enxertia em estaca: uma nova opção paraprodução de mudas de macieiraArtigo de Gabriel Berenhauser Leite, Nelson Luiz Finardi eDarci Camellato .....................................................................................................

Monitoramento e controle da grafolita ou mariposaoriental no Alto Vale do Rio do PeixeArtigo de Eduardo Rodrigues Hickel eJean-Pierre Henri Joseph Ducroquet .....................................................................

EPAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieirade baixa exigência em frio hibernalArtigo de Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo ..............................................

Eficiência da calagem e da adubação na produçãode soja e evolução da produtividade no tempoArtigo de Eloi Erhard Scherer ................................................................................

Indução da brotação em pereira japonesaArtigo de José Luiz Petri, Gabriel Berenhauser Leite eNaoki Ogawa .........................................................................................................

Doses e modos de aplicação de adubos fosfatadoe potássico na cultura da sojaArtigo de Eloi Erhard Scherer ................................................................................

R e p o r t a g e m

A cultura do vime em Santa Catarina: altos e baixos deuma alternativa econômica e socialReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

Pequenas máquinas agrícolas, grandestrabalhos na lavouraReportagem de Paulo Sergio Tagliari eColaboração de Valdemar Hercílio de Freitas .....................................................

O p i n i ã o

Projeto Microbacias 2: Desenvolvimento com sustentabilidadeEditorial ................................................................................................................

Micropropagação e conservação in vitro de plantas forrageirasArtigo de Mario Angelo Vidor ................................................................................

O estudo das cadeias produtivasArtigo de Jorge Bleicher .........................................................................................

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2 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

Impressão: Epagri CDD 630.5A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

Projeto Microbacias 2:Projeto Microbacias 2:Projeto Microbacias 2:Projeto Microbacias 2:Projeto Microbacias 2:Desenvolvimento com sustentabilidadeDesenvolvimento com sustentabilidadeDesenvolvimento com sustentabilidadeDesenvolvimento com sustentabilidadeDesenvolvimento com sustentabilidade

O Projeto Microbacias,iniciado em 1991 e com finalprevisto para dezembro de1998, concentrou suas açõesna recuperação, conserva-ção e manejo dos recursosnaturais. Reduziram-se osíndices de erosão dos solose poluição das águas no meiorural catarinense em razãoda ampla adoção de práti-cas conservacionistas e desaneamento básico. Apesardas dificuldades enfrenta-das na execução deste pro-jeto, os resultados foramexpressivos e têm servidoinclusive de referênciamundial em projetos dessanatureza.

Motivado por esses re-sultados, o Governo do Es-

tado de Santa Catarina, emparceria com a Sociedade Ci-vil, está elaborando um novoprojeto - o Microbacias 2 -também com apoio do BancoMundial.

O novo projeto tem comoprincipal objetivo a melhoriada qualidade de vida da popu-lação rural. Para isso, oMicrobacias 2 contemplaráatividades voltadas para umamaior participação e organi-zação das comunidades en-volvidas; para a melhoria darenda, dos serviços e da infra--estrutura no meio rural; paraa geração de oportunidadesde trabalho, através de estí-mulos a empreendimentosque visem a agregação de va-lor aos produtos agroali-

mentares; para as novasalternativas econômicaspara o meio rural, inclusiveàs não-agrícolas e para acontinuidade das ações demanejo, conservação e sa-neamento dos recursosambientais.

As diretrizes definidaspelo Bird em projetos destanatureza envolvem sus-tentabilidade e alívio à po-breza. E, dentro deste con-texto, o Projeto Microbacias2 está sendo construído combase nestas premissas e naampla participação da po-pulação e lideranças noplanejamento, gestão e exe-cução deste projeto, princí-pio básico para a sualegitimação pela sociedade.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 3

AGRIBUSINESS

Agrishow’98 éAgrishow’98 éAgrishow’98 éAgrishow’98 éAgrishow’98 ésucesso totalsucesso totalsucesso totalsucesso totalsucesso totalO Agrishow’98, maior evento

de negócios agrícolas do Brasil,realizado de 20 a 27 de abril pas-sado, na Estação ExperimentalNey Bittencourt de Araújo doInstituto Agronômico, em Ribei-rão Preto, foi um completo suces-so, contando com a presença devárias autoridades, ministros daárea econômica, inclusive o daAgricultura. Mais de 300 exposi-tores compraram seu espaço eestima-se em cerca de 85 mil osvisitantes à feira.

A maioria de expositores erade empresas de porte médio, e osgrandes representaram cerca de10% do total, destacando-se fir-mas como Agrale, Agroceres,Kepler Weber, Mannesmann, DuPont, Pirelli, Fiat Allis, EucatexAgro, Gerdau, etc. Os Sebraes deSão Paulo e do Rio Grande do Sulconseguiram trazer grande nú-mero de pequenas e médias em-presas desses dois Estados. E apartir do ano que vem, os orga-nizadores pretendem intensifi-car entendimentos com osSebraes de outros Estados parafortalecer esse movimento. A im-portância do apoio dos Sebraespode ser observada pelo cresci-mento da presença gaúcha queem 97 contou com 23 expositorese este ano, apoiada pelo Sebrae,elevou o número de expositorespara 56, com crescimento de qua-se 150%. O Rio Grande do Sulrepresenta 20% do número deexpositores.

Em volume de negócios, osorganizadores obtiveram bonsresultados. O Banco do Brasil e oBradesco colocaram em disponi-bilidade linhas especiais de crédi-to, superior a R$ 100 milhões,com taxas prefixadas a partir de9,5% ao ano, em condições, por-tanto, bem mais atraentes às vi-gentes na safra 96/97, quando aslinhas eram pós-fixadas. Além derecursos próprios, os bancos ofe-receram repasses de crédito daFiname.

Mais dados sobre oAgrishow’98 podem ser obti-dos junto à Mecânica de Co-municação S.C. Ltda. , Fones(011) 259-6688/1719, Fax(011) 256-4312, E-mail:[email protected].

33333aaaaa Feira do Café Feira do Café Feira do Café Feira do Café Feira do CaféDestinada a supermer-

cadistas e profissionais de ho-téis, bares, restaurantes,cafeterias, cozinhas industriaise redes de fast-food, acabou deser realizada, de 8 a 12 de junho,a terceira edição da Feira doCafé, que mais uma vez aconte-ceu juntamente com a Feira In-ternacional da Alimentação -Fispal, no Pavilhão de Exposi-ções do Parque Anhembi, emSão Paulo.

Promovido pela AssociaçãoBrasileira da Indústria de Café -Abic, o evento, realizado anual-mente, tem como objetivo apro-ximar o setor de torrefação deseus clientes potenciais e entreas próprias indústrias e seus for-necedores de máquinas, equipa-mentos e serviços. No ano pas-sado, a feira foi visitada por maisde 160 mil pessoas, do Brasil e dediversos países, gerando negó-cios, no local, da ordem de R$ 15milhões.

Além do aspecto comercialdo evento, a Abic também visa adivulgação institucional do Cafédo Brasil, promovendo, dentroda Feira, a degustação de diver-sos “blends” (bebidas produzidasa partir da mistura de grãos devários tipos e origens), onde oparticipante pode testar seusconhecimentos; e servindo do-ces e salgados que incluemcafé na receita, como tortas esor-vetes. A Abic também pro-move minicursos que ensinamo preparo correto da bebida notradicional coador ou nas novasmáquinas de café expresso, ecursos de coquetelaria comcafé.

Produtos paracafeterias

Além de indústrias de café ede fornecedores de máquinaspara o setor, a Abic levou esteano para a feira empresas cujosprodutos sejam destinados acafeterias e lojas de café. É umsegmento que vem crescendomuito; vem investindo em novi-dades como cafés gelados, shakese cappuccinos; mas que ainda seressente de equipamentos maisadequados para esses serviços,como xícaras, bules, porta-açú-

car, sachês, guardanapos e ou-tros descartáveis com designsmais modernos e práticos, oumesmo refresqueiras, lava-lou-ças e outros utilitários.

Texto da jornalista MaríliaMoreira.

Telefone da Abic: (021) 516-8595 e Fax (021) 263-0398.

AgropalmaAgropalmaAgropalmaAgropalmaAgropalmacontinua lídercontinua lídercontinua lídercontinua lídercontinua líder

Em 1997, o GrupoAgropalma gerou 35 mil tonela-das de óleo de palma e duas milde óleo de palmiste, mantendo--se no posto de maior produtordo gênero no Brasil com 40% domercado. Praticamente metadedesse total foi exportado, princi-palmente para a Europa, e orestante ficou no país. Segundoo diretor, Harald Brunckhorst,“a demanda mundial de óleos egorduras é muito alta, mas fazparte da filosofia do grupo conti-nuar desenvolvendo o mercadointerno.”

Além do saldo comercial po-sitivo, o ano foi de grandes rea-lizações. O Agropalma inaugu-rou em Belém a Cia. Refinadorada Amazônia, primeira refinariado país para óleo de palma. Atu-almente, processa 15 mil tonela-das por ano e deve dobrar aprodução em breve. Toda a gor-dura gerada foi comercializadapara as indústrias alimentícia eoleoquímica, principalmentepara a fabricação de massas,frituras e biscoitos.

Outro marco foi a ampliaçãoterritorial. O grupo adquiriumais 15 mil hectares no Estadodo Pará. Com a expansão, oAgropalma pretende chegar a150 mil toneladas/ano. O plantioterá início já em 1998.

O óleo orgânico tambémteve destaque. Em 1996, o grupocultivava palmeiras, de acordocom as normas internacionaisde agricultura orgânica, em400ha. Hoje a área atinge1.200ha, com uma produçãoanual de mais de 2 mil toneladas.Esse óleo é certificado com oSelo Verde pelo InstitutoBiodinâmico de Desenvolvimen-to Rural (IBDR), organismo li-gado a International Federa-tion of Organic Agriculture

Movements (IFOAM).

Grupo exporta óleoorgânico

O Grupo Agropalma está ex-portando para a Inglaterra 400t deóleo de palma orgânico, extraídode palmeiras cultivadas sem apli-cação de agrotóxicos e pesticidas.O produto será utilizado na fabri-cação de margarinas e panifica-ção.

Para atender a esse crescentemercado são destinados 1.200ha,que vão gerar este ano 2.800t.“Aumentamos as áreas de plantioporque percebemos a importân-cia dos derivados de palma para asaúde e para o meio ambiente”,explica Harald Brunckhorst.

O óleo de palma é muito pro-curado pelas suas característicase aplicações. Possui várias vanta-gens porque é rico em vitamina Ee, como os outros óleos vegetais, élivre de colesterol, mas com o dife-rencial de ser indutor do benéficoHDL-colesterol.

A primeira refinaria física deóleo de palma, única do país habi-litada pelo IBDR, possui uma áreade cultivo de 17 mil hectares noEstado do Pará, fato que coloca ogrupo como o maior produtor depalma do Brasil.

Mais informações pelo Fone/Fax (011) 3021-2825.

Agroceres eAgroceres eAgroceres eAgroceres eAgroceres ePerdigão fechamPerdigão fechamPerdigão fechamPerdigão fechamPerdigão fecham

parceriaparceriaparceriaparceriaparceriaA Agroceres PIC fechou com a

Perdigão, em dezembro, contratode fornecimento de Matrizes Hí-bridas de Suínos para o ComplexoAgroindustrial, que a empresaestá implantando no Estado deGoiás, e que será um dos maioresdo Brasil em abate e industria-lização de suínos e aves. Trata-sedo Projeto Buriti, localizado emRio Verde, Goiás, cujas operaçõesdeverão iniciar no final de 1999e no qual estarão sendo investi-dos cerca de R$ 300 milhões. Oprojeto atingirá a capacidade ple-na em 2003, abatendo e proces-sando 3.500 suínos e 280.000 aves/dia.

Pelo contrato, válido para dezanos, a Agroceres fará o povoa-mento e reposição de 75% dasmatrizes suínas do Complexo#

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4 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Agroindustrial, cujo alojamentototal será de 33.300 fêmeas. Se-rão, portanto, cerca de 25.000matrizes híbridas Agroceres PICpovoando o novo projeto da Per-digão. Esses animais serão alo-jados em granjas cujo plantelmínimo será de 520 matrizes. Ea elas estarão ligados outros 336módulos, destinados à recria eterminação de leitões. Integran-do este sistema produtivo, tam-bém haverá uma Unidade deInseminação Artificial, com ca-pacidade para alojar 200reprodutores.

Além do fornecimento dematrizes e reprodutores, aAgroceres também estará dan-do integral suporte técnico aomanejo dos animais (da granjaaté o abate), inclusive com o usode moderno e exclusivo softwarepara gestão zootécnica e finan-ceira de granjas - o PigCHAMP.

Produtividade ecarne ultralight

De acordo com Fernando Pe-reira - diretor da Linha Suínos daAgroceres PIC, “no Projeto Buritiserão adotadas as mais atuais tec-nologias de produção, também umestrito conceito de biosseguridade,e os índices de desempenhozootécnico planejados para o pro-jeto são competitivos com os me-lhores padrões internacionais”.

Segundo explica, outra priori-dade da Perdigão é a qualidade decarcaça e para isso o plantel seráformado por modernos suínos“tipo carne”, inclusive os chama-dos “Suínos Ultralight”, que têmmínima camada de toucinho emaior rendimento de pernil e lom-bo. “Com isso se obtém melhorrendimento industrial dos ani-mais, com produção de carne e

derivados altamente saudáveispara o consumidor”.

Carlos Novita, diretor comer-cial da Agroceres, informa quehoje a Agroceres PIC respondepor mais de 35% da carne suínaproduzida no Brasil, sob inspeçãofederal. E destaca que “a escolhada genética Agroceres PIC, comomajoritária no Projeto, é um reco-nhecimento da excelência de seusanimais e serviços técnicos deapoio a clientes, por parte deagroindústria que é uma das maisimportantes, no país”.

Para maiores informações, li-gue (011) 222-8522 (Depto. Co-municação e Serviços deMarketing/Agroceres) e contateCoriolano Xavier (MTPS 9748).

Case Brasil iniciaCase Brasil iniciaCase Brasil iniciaCase Brasil iniciaCase Brasil iniciaconstrução deconstrução deconstrução deconstrução deconstrução de

fábrica de tratoresfábrica de tratoresfábrica de tratoresfábrica de tratoresfábrica de tratorese colheitadeirase colheitadeirase colheitadeirase colheitadeirase colheitadeiras

A Case Brasil, subsidiária daCase Corporation, líder mundialno setor de máquinas agrícolas eequipamentos para construção,iniciou no último dia 10 de marçoa construção de sua fábrica detratores agrícolas e colheitadeirasde grãos na cidade de Sorocaba.Com funcionamento previsto jápara 1999, esta nova unidade in-dustrial deverá gerar cerca de 400empregos. O investimento totalda Case Corporation é de US$ 100milhões até o ano 2000, o maior járealizado pela Companhia forados Estados Unidos.

Estes recursos serão distribu-ídos da seguinte forma: 50% serãodestinados a bens de capital, 30%em equipamentos e o restanteserá alocado na construção eampliação desta nova unidade

industrial de Sorocaba, projetosde engenharia e outras imobili-zações. Adicionalmente, o pro-grama prevê um significativoaumento nas exportações, quecolocarão a Case entre as prin-cipais exportadoras de máqui-nas agrícolas do país.

A nova unidade agrícola daCase terá 37.100 metros qua-drados de área construída (so-mente área da fábrica) e seráresponsável pela fabricação,comercialização e distribuição detratores agrícolas e colheita-deiras de grãos para os merca-dos interno e externo. Os equi-pamentos da Divisão Agrícolada empresa são utilizados nasculturas de soja, milho, trigo,arroz, algodão, feijão e cana-de--açúcar. Situada em uma áreatotal de 526 mil metros quadra-dos, a Case já tem em Sorocaba,desde 1977, uma unidade indus-trial com 48.000 metros quadra-dos (inclui área da fábrica, ar-mazém de peças, escritório) quefabrica, comercializa e distribuimáquinas para construção -retroescavadeiras, escavadei-ras, pás-carregadeiras ecarregadeiras compactas. Cer-tificada com a ISO 9001, estaunidade emprega 566 funcioná-rios. A Case possui ainda umcampo de provas que é referên-cia no Estado de São Paulo.

A Case Corporation é lídermundial no design, fabricação edistribuição de máquinas e equi-pamentos para agricultura econstrução. A Case - que empre-ga 18.000 funcionários em todoo mundo - faturou US$ 6,024bilhões no ano passado. Oendereço da Case Corpora-tion na Internet é http://www.casecorp.com, Fone (011)280-4721. Texto do jornalistaPaulo Ferro.

Da esquerda para a direita: Carlos Novita/Diretor Comercial daAgroceres, Carlos Alberto Gradin/VP Perdigão e Fernando

Pereira/Diretor da Linha Suínos da Agroceres PIC

Lançamento da Pedra Fundamental daCase - Divisão Agrícola

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

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Enxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert ia

Enxertia em estaca: uma nova opção paraEnxertia em estaca: uma nova opção paraEnxertia em estaca: uma nova opção paraEnxertia em estaca: uma nova opção paraEnxertia em estaca: uma nova opção paraprodução de mudas de macieiraprodução de mudas de macieiraprodução de mudas de macieiraprodução de mudas de macieiraprodução de mudas de macieira

Gabriel Berenhauser Leite, Nelson Luiz Finardie Darci Camellato

exploração frutícola, de manei-ra geral, está orientada cada vez

mais para a busca de sistemas deprodução mais econômicos e que pos-sibilitem o maior retorno possível emrelação ao capital investido. Dentrodeste contexto, a muda tem impor-tância fundamental, pois é a base dopomar. Mudas de baixa qualidade nãodesempenham potencial produtivoadequado, inviabilizando economica-mente o empreendimento. Além dis-to, necessita-se de metodologia deprodução de mudas que seja técnica eeconomicamente viável.

A propagação da macieira é tradici-onalmente feita enxertando-se a cul-tivar copa sobre um porta-enxertopreviamente enraizado. O método deenraizamento mais comumente utili-zado na obtenção dos porta-enxertos éa mergulhia de cepa, pois os porta--enxertos clonais das séries M e MM,mais empregados no Brasil, apresen-tam problemas de enraizamento pelométodo de estaquia. Para isso o pro-dutor de mudas necessita instalarmatrizeiros de porta-enxertos a fimde enraizá-los previamente, aumen-tando o custo de produção das mudas.Neste caso, o tempo necessário paraprodução de uma muda, desde a ob-tenção do porta-enxerto, chega a doisanos (1).

Ao contrário dos outros porta-en-xertos, o Marubakaido apresentagrande capacidade de enraizamento,sendo facilmente propagado porestaquia. Devido à boa resistênciaque este porta-enxerto apresenta àPhytophthora cactorum, é crescentea sua utilização em áreas de replantioonde os demais porta-enxertos não sedesenvolvem devido às chamadas do-enças de replantio (2).

Visando reduzir o tempo de produ-

ção da muda de macieira, testou-se apossibilidade de se enxertar a cultivarcopa sobre estacas lenhosas nãoenraizadas de Marubakaido, levando--as logo após ao viveiro, promovendo--se a cicatrização do enxerto e oenraizamento da estaca simultanea-mente.

Material e métodos

O experimento foi instalado em

agosto de 1993, no Centro de PesquisaAgropecuária de Clima Temperado -CPACT, da Embrapa, em Pelotas, RS.O material utilizado no experimentofoi coletado no início de julho, ficando30 dias em câmara fria a uma tempe-ratura de 2 + 1oC. Como porta-enxertofoi utilizado o Marubakaido e comocopa a cultivar Gala.

Foram utilizados dois tipos degarfagem: dupla fenda manual (Figu-ra 1) e ômega por meio de máquina

Figura 1 - Garfagem dupla fenda manual

A

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Enxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert ia

portátil (Figura 2), sendo enxertadasdez estacas de 25cm de comprimentopor parcela, com cinco repetições, emdelineamento inteiramente casua-lizado.

Após a enxertia, procedeu-se a ras-pagem vertical da casca, numa exten-são de 2,5cm de comprimento em doislados opostos da base da estaca, com ointento de expor o tecido cambial.Esta porção foi imersa posteriormen-te em solução hidroalcoólica de2.000ppm de ácido indolbutírico (AIB)durante 5 segundos (Figura 3). Apóssecada à sombra, as estacas foramimediatamente plantadas no viveiro,sem irrigação, num espaçamento de20cm, a uma profundidade de 5cm, efoi colocado terra até logo abaixo doponto de enxertia para evitar odessecamento das estacas.

Resultados e discussão

Na garfagem dupla fenda, opegamento dos enxertos foi de 90%,tendo as mudas atingido uma alturade 1,20 a 1,50m no inverno seguinte.Na garfagem tipo ômega efetuada commáquina portátil, o pegamento foi deapenas 16%, com as mudas atingindouma altura entre 0,7 e 1,0m no finaldo ciclo (Tabela 1).

A pouca altura no final do ciclo,observada neste experimento nasmudas de garfagem dupla fenda, quan-do comparada com a altura das mudasenxertadas pelo método tradicionalcom o porta-enxerto já enraizado, podeser decorrente do atraso na brotaçãoe do lento desenvolvimento inicial dosenxertos em estaca, fato este relacio-nado ao tempo necessário para que aestaca desenvolva sistema radicularapropriado.

O baixo percentual de pegamentoobtido com a máquina portátil tam-bém foi observado em outros ensaioscom espécies dos gêneros Pyrus ePrunus. Uma possível causa disto podeser a desuniformidade do diâmetro domaterial utilizado. Diâmetros muitograndes ou muito pequenos podemproporcionar irregularidades no cor-te, mascando o tecido cortado e comisso prejudicando a cicatrização daenxertia.

A aeração do solo é primordial na

Figura 2 - Garfagem tipo ômega por meio de máquina portátil

Figura 3 - Tratamento

das estacas porimersão

Figura 4 -Máquina de

enxertia tipo

ômega utilizadano experimento

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 7

Tabela 1 - Efeito do tipo de enxertia sobre a percentagem de pegamento doenxerto e a altura da muda

Pegamento Altura média da muda(%) (mm)

Dupla fenda manual 90 135

Ômega — máquina portátil 16 85

formação das raízes (3). Por isso oviveiro deve estar localizado em áreasnão sujeitas a encharcamento do soloe, de preferência, em solos mais fran-cos, pouco argilosos, que proporcio-nem uma boa drenagem.

Conclusão

A técnica de enxertia em estaca,

quando realizada em dupla fenda, per-mite reduzir em um ano o temponecessário para produzir mudas demacieira sobre o porta-enxertoMarubakaido.

O uso da enxertia tipo ômegapor meio da máquina portátil testadanão proporcionou resultados satis-fatórios nas condições deste experi-mento.

Literatura citada

1. EMPASC. Manual da Cultura da Macieira.Florianópolis, 1986. 562p.

2. EMPASC/ACARESC. Sistema de produ-ção para a cultura da macieira: SantaCatarina - (3a revisão). Florianópolis,1991. 71p. (EMPASC/ACARESC. Sis-temas de Produção, 19).

3. HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.;DAVIES, F.T. Plant propagation:

principles and practices. 5.ed. NewJersey: Prentice-Hall, 1990. 647p.

Gabriel Berenhauser Leite , eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 7.445, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC; Nelson LuizFinardi, eng. agr., Ph.D., Embrapa/CPACT,C.P. 403, 96001-970 Pelotas, RS e DarciCamellato , eng. agr., Ph.D., Embrapa/CPACT, C.P. 403, 96001-970 Pelotas, RS.

Tipo de enxertia

o

Enxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert iaEnxert ia

PESQUISA EMANDAMENTO

CultivoCultivoCultivoCultivoCultivo in vitro in vitro in vitro in vitro in vitro de de de de deerva-mateerva-mateerva-mateerva-mateerva-mate

A erva-mate (Ilex paragua-riensis St. Hil.) é uma espéciearbórea endêmica do continenteamericano. Apresenta grande im-portância econômica para o Sul doBrasil, Nordeste da Argentina etodo o Paraguai. Por meio da in-dustrialização de folhas e ramos fi-nos se obtém uma bebida tônica eestimulante, o chimarrão, té outereré. Apresenta qualidades me-dicinais e nutricionais, além de ser-vir como desodorizante e colorante.Atualmente sua exploração comer-cial é problemática devido ao re-tardamento na disponibilidade demudas, que no sistema convencio-nal tarda dois anos. Segundo oengenheiro agrônomo da Epagri,Mario Angelo Vidor, a Estação Ex-perimental de Lages e o Centro dePesquisa para Pequenas Proprie-dades (Chapecó) estão desenvol-vendo um trabalho cuja finalida-de é a de reduzir o período de for-

necimento de mudas de erva-mateaos produtores por meio da culturade tecidos. Para tanto, estão sendoestudados no Laboratório de Cultu-ra de Tecidos, na Estação Experi-mental de Lages, protocolos demicropropagação desta espécie. Nomomento os mais favoráveis quan-to à morfogênese e rizogênese fo-ram o 1/2 MS com 4,4 mM BAP e o1/3 MS com 9,8 mM AIB. Está pre-visto que com a utilização de gemase através de metodologia recomen-dada será possível reduzir de 24para 7 meses o fornecimento de mu-das de erva-mate.

Herbicidas para aHerbicidas para aHerbicidas para aHerbicidas para aHerbicidas para acultura da mandioca nocultura da mandioca nocultura da mandioca nocultura da mandioca nocultura da mandioca no

Sul CatarinenseSul CatarinenseSul CatarinenseSul CatarinenseSul Catarinense

Poucos são os trabalhos existen-tes no Brasil e no mundo relativos a

utilização de herbicidas na culturada mandioca, principalmente nasnossas condições edafoclimáticas.Por isso, no Brasil, somente I.A.Metribuzim tem registro para man-dioca no Ministério da Agricultu-ra.

Portanto, em virtude das rarasinformações sobre o assunto e in-sistentes solicitações de produtorese extensionistas foram iniciadasno Sul Catarinense, no ano de1993, estudos para identificarherbicidas seletivos e eficientesem solos Areias Quartozas ePodzólico Vermelho Amarelo, emplantio convencional e direto, nacultura da mandioca de um e doisciclos. Os trabalhos encontram-seem fase de análise estatística eredação.

O responsável pelo experi-mento é o pesquisador daEpagri, Mauro Luiz Lavina,da Estação Experimental deUrussanga, C.P. 49, Fone/Fax(048) 465-1209, 88840-000Urussanga, SC.

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

Monitoramento e controle da grafolita ouMonitoramento e controle da grafolita ouMonitoramento e controle da grafolita ouMonitoramento e controle da grafolita ouMonitoramento e controle da grafolita oumariposa oriental no Alto Vmariposa oriental no Alto Vmariposa oriental no Alto Vmariposa oriental no Alto Vmariposa oriental no Alto Vale do Rio do Peixeale do Rio do Peixeale do Rio do Peixeale do Rio do Peixeale do Rio do Peixe

Eduardo Rodrigues Hickele Jean-Pierre Henri Joseph Ducroquet

grafolita, Grapholita molesta(Busk, 1916) Lepidoptera:

Tortricidae, também conhecida comomariposa oriental ou broca-dos-pon-teiros, é uma das piores pragas empomares de pessegueiros e ameixei-ras. Amplamente disseminada portodas as regiões produtoras do Esta-do, esta praga causa perdas expressi-vas, tanto na produção quanto duran-te a fase de implantação dos pomares,quando incide de forma devastadora,impedindo o crescimento normal dasplantas (1).

A grafolita ocorre também em to-dos os países onde se cultiva pêssegoou ameixa. Nos países mais desenvol-vidos, as medidas de controle evoluí-ram para sistemas de manejo integra-do, onde as aplicações de inseticidasforam reduzidas ao mínimo. Nesteslugares, a chave para controle da pra-ga está no uso do feromônio sexual,um “perfume” que as fêmeas liberamno ar para atrair os machos paraacasalamento. Incorporado a cápsu-las difusoras, este “perfume” tanto éusado para monitoramento quantopara controle propriamente dito (2).

O presente artigo faz uma aborda-gem sobre as questões pertinentes aocontrole da grafolita e esclarece as-pectos da biologia, comportamento eocorrência do inseto, objetivando sub-sidiar a adoção de um controle maisracional da praga em pomares de pes-segueiro e ameixeira.

Conhecendo melhor agrafolita

A forma adulta da praga é uma

pequena mariposa de cerca de 12mmde envergadura, de coloração pardo--escuro-acinzentada com algumas es-trias de coloração branca (Figura 1).Os ovos são diminutos (0,7mm dediâmetro) e têm formato de pequenosdiscos, ligeiramente convexos eesbranquiçados. São postos isolada-mente na face inferior de folhas no-vas, em ramos novos e nos frutos. Aslagartas recém-eclodidas são branco--acinzentadas com cabeça preta, po-rém quando completamente desen-volvidas apresentam coloração bran-co-rosada com cabeça marrom e atin-gem de 12 a 14mm de comprimento(Figura 2). As crisálidas são frágeis eficam abrigadas em casulos de seda,tecidos pelas lagartas, em fendas da

casca dos troncos ou ramos, nas axilasdos ramos ou no solo. Apresentamcoloração amarelo-ocre e medem apro-ximadamente 6mm de comprimento.

As mariposas possuem hábito cre-puscular, com atividades de migra-ção, alimentação, acasalamento e pos-tura concentradas no período das 17às 22 horas. Vivem em torno de 15dias, durante os quais as fêmeasovipositam 45 ovos, em média. A incu-bação dos ovos varia de 3 a 4 dias e operíodo larval se estende de 8 a 27dias, dependendo das condiçõesambientais. Sob a forma de pupa oucrisálida, o inseto passa de 5 a 12 dias,o que resulta num ciclo de vida com-pleto, variando de 23 a 58 dias, poden-do ocorrer de 5 a 8 gerações anuais (3).

Figura 1 - Mariposa da grafolita

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

De onde veio e como surge apraga a cada ano

Acredita-se que a grafolita tenhasido introduzida da Argentina, esta-belecendo-se primeiramente na re-gião produtora de pêssego do Rio Gran-de do Sul. Hoje encontra-se dissemi-nada em diversos Estados do Brasil.Em Santa Catarina surge com grandeintensidade em todas as regiões pro-dutoras de frutas de caroço (pêssego eameixa), maçã, pêra, marmelo, cere-ja e nêspera.

A grafolita passa o inverno emdiapausa na fase larval, sob as cascasdas árvores ou em folhas aderidas aosramos, em frutos mumificados ou so-bre o solo entre as folhas secas. Quan-do em diapausa as lagartas apresen-tam-se escurecidas. No final do inver-no, com o aumento da temperatura,as lagartas empupam e após 10 a 20dias emergem os adultos. Dada a exis-tência de diapausa, é peculiar, naflutuação populacional da grafolita, aocorrência de levas de adultos (vôos),que vão se sobrepondo em geraçõessucessivas e se constituem numa ca-

racterística fundamental para definiros tratamentos, através do monito-ramento da praga (4).

Estudos de monitoramento, con-duzidos nos pomares da Estação Ex-perimental de Videira, permitiramconstatar o surgimento da primeiraleva de mariposas por volta da segun-da semana de agosto. Em torno de seisgerações puderam ser evidenciadasno ciclo 1995/96, com pico populacionalem fevereiro (Figura 3).

Para obtenção destes dados foraminstaladas armadilhas de feromônio,tipo Delta, a 1,5m de altura, em plan-tas de dois pomares de pessegueiro eum de ameixeira. Estas armadilhasforam confeccionadas com folhas deplástico maleável dobradas em triân-gulo, em cujo interior eram acondici-onados um cartão adesivo e uma cáp-sula difusora de feromônio. As arma-dilhas foram vistoriadas semanalmen-te, anotando-se o número de maripo-sas capturadas. A cada sete semanasas cápsulas difusoras de feromônioeram trocadas, bem como os cartõesadesivos, caso estes estivessem im-pregnados de detritos.

Para análises comparativas, tam-bém foram instalados, nas mesmasplantas das armadilhas do feromônio,frascos caça-mosca tipo domo(McPhail), contendo vinagre de vinhotinto a 25% como atrativo. No ciclo

1997/98 os frascos foram instaladosem plantas distantes 20m das plantasque receberam a armadilha deferomônio. Os frascos foram vistoria-dos duas vezes por semana, renovan-do-se o atrativo e anotando-se o nú-mero de mariposas capturadas.

Os danos provocados pelagrafolita

As lagartas podem atacar tanto osponteiros como os frutos do pesse-gueiro e da ameixeira e, via de regra,este mesmo hábito se verifica nosoutros hospedeiros. Nos ponteiros sealimentam dos primórdios foliares edepois penetram na medula, abrindouma galeria de 2 a 10cm de extensão.O ponteiro atacado seca e fica ene-grecido e geralmente há exudação degoma pelo orifício de entrada da la-garta (Figura 4). É comum as lagartasabandonarem o ponteiro atacado parase instalar em outros em busca dealimento. Uma única lagarta podeatacar de três a sete ponteiros damesma planta, geralmente próximosuns dos outros (3).

Os danos nos ponteiros são maisprejudiciais em viveiros de mudas eem pomares jovens em formação, poishá uma tendência natural das plantasatacadas emitirem brotações laterais,prejudicando a “arquitetura” e cresci-

Figura 2 - Lagarta completamentedesenvolvida da grafolita no interior de

ponteiro da macieira

Foto de Aomori Apple Exp. Stn.

Figura 3 - Flutuação populacional da grafolita em pomares de pessegueiro e

ameixeira em Videira, SC. Indivíduos capturados com armadilhas de feromônio.

As setas verticais indicam levas de mariposas (vôos)

#

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EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

mento das mesmas. Em maçã, o ata-que em ponteiros provenientes dapoda verde impede a formação dasgemas terminais; conseqüentemen-te, perdem-se as melhores flores des-tes ramos.

Nos frutos, as lagartas penetrampreferencialmente pela regiãocircunvizinha ao pedúnculo e vão sealimentar da polpa próximo ao caroço.No ponto de penetração das lagartaspode-se observar a deposição deexcrementos envoltos em fios de teiae goma exudada (Figura 5). Frutosatacados apresentam galerias e tor-nam-se imprestáveis paracomercialização. Quando muito pe-quenos os frutos atacados podem cair,notadamente em algumas cultivaresde ameixeira.

O maior ataque aos frutos de pês-sego e ameixa ocorre no período com-preendido entre o endurecimento docaroço e a pré-maturação, ou seja, de5 a 6 semanas após a plena floraçãoaté 15 a 20 dias antes da colheita. Naprática, frutos de pessegueiro atin-gem em torno de 2cm de diâmetroapós o endurecimento do caroço. Emameixa este tamanho varia bastanteem função da cultivar, ficando por

Foto de E.R. Hickel

Figura 4 - Ponteiro de pessegueiro

atacado pela grafolita

volta de 1,5cm de diâmetro.

Medidas de controle

Como referenciado anteriormen-te, o uso de feromônio sexual é bas-tante empregado para controle dagrafolita nos países desenvolvidos. Nastécnicas mais modernas (controle porconfundimento), o feromônio é utili-zado para impregnar o ar do pomarcom o “perfume” da grafolita, de talforma que os machos não encontrammais as fêmeas para o acasalamento(5). Sem acasalamento não há postu-ra e em conseqüência não surgemlarvas para provocar dano (6).

Outra modalidade, menos ambici-osa porém eficaz, é o emprego doferomônio em armadilhas adesivaspara aferir a quantidade de mariposasno pomar (monitoramento). Estasarmadilhas informam com grandeprecisão o momento certo de contro-lar a praga com inseticidas. São insta-ladas no final do inverno, na propor-ção de uma a duas armadilhas porhectare e as aplicações de inseticidassão feitas quando se atinge o nível detrês mariposas por armadilha por diaem pomares em produção; com inspe-ção das armadilhas duas vezes porsemana (3). Na prática estas interven-ções irão coincidir com as levas deadultos citadas anteriormente.

Apesar de estas tecnologias já es-tarem consolidadas desde meados dadécada de 70, ainda não têm sidocolocadas à disposição dos fruticulto-res catarinenses. Diversos entravescontribuem para isto, porém pode-riam ser superados com uma melhororganização dos produtores de pêsse-go e ameixa e uma maior gestão juntoaos órgãos competentes (secretariasde agricultura, casas agropecuárias,etc.), para viabilizar a importação dasarmadilhas, já que são comumenteusadas no Chile, Argentina e Uru-guai. Alguns fornecedores de insumospara fruticultura do Alto Vale do Riodo Peixe já estão providenciando aimportação de armadilhas paramonitoramento, que em breve deve-rão estar disponíveis. A redução degastos com aplicações de inseticidascom certeza compensaria os gastos

Foto de E.R. Hickel

Figura 5 - Fruto de ameixeira danificado

pela lagarta da grafolita

com as armadilhas, além de reduziros riscos ambientais pela redução daspulverizações.

Enquanto não se dispõe das arma-dilhas com feromônios, o monito-ramento da grafolita pode ser feitocom o uso de frascos caça-moscas comatrativo alimentar, nos mesmos mol-des que são empregados para mosca--das-frutas. Neste caso, porém, deve--se dar preferência a atrativos combase em sucos de frutas, principal-mente pêssego (7), pois o vinagre devinho tinto a 25% não tem dado bonsresultados (Figura 6). As mariposasda grafolita quando caem no atrativoficam boiando de asas abertas, dife-renciando-se assim de outros insetos.

O monitoramento com frascos émais trabalhoso, pois a fermentaçãodo atrativo acelera a decomposiçãodas mariposas que tendem a afundarno líquido. lsto dificulta a identifica-ção e contagem e exige a inspeção dasarmadilhas três vezes por semana. Émenos preciso também, de modo queo nível de ação para pulverização emcobertura de pomares em produção éde 1,5 mariposa/frasco/dia.

Nestes pomares, as medidas decontrole normalmente adotadas con-

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Produto Dose Carência(nome técnico) (i.a./100 litros) (dia)

EntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologiaEntomologia

Tabela 1 - Relação de inseticidas para controle da grafolita em pessegueiro

Período deproteção

(dia)

Azinfós-etílico 40ml 15 21Carbaril 130g 5 7Deltametrina 1ml 5 5Fenitrotiom 75ml 10 14Fentiom 50ml 15 21Fosmet 100ml 8 14Malatiom 100ml 5 7Triclorfom 120ml 5 7

Fonte: Aeasc - Núcleo Alto Vale do Rio do Peixe.

tra mosca-das-frutas também atuamsobre a população de grafolita, man-tendo-a em níveis baixos. Contudo,devido a variações na flutuaçãopopulacional destas pragas, podem sernecessárias medidas suplementaresde controle visando exclusivamente agrafolita.

Em viveiros de mudas e pomaresrecém-implantados, o monitoramentoe o controle da grafolita devem sermais criteriosos, pois o ataque preju-dica sobremaneira a formação e de-senvolvimento das plantas. Na faltade opção pelo monitoramento, estecontrole tem que ser sistemático epreventivo. Um esquema razoávelseria a adoção de pelo menos trêsinseticidas diferentes, aplicando-os emrodízio a intervalos definidos pelosrespectivos períodos de proteção, du-

Figura 6 - Flutuação populacional da grafolita em pomares de pessegueiro e

ameixeira em Videira, SC. Indivíduos capturados em frascos caça-mosca com

vinagre de vinho tinto a 25% como atrativo

rante o crescimento das plantas.As pulverizações com inseticidas

para controle da grafolita, devem serfeitas à tarde, preferencialmente apósàs 17 horas, para atingir melhor osadultos da praga. A isca alimentartóxica, recomendada para o controlede mosca-das-frutas, também mata osadultos da grafolita que dela se ali-mentam. Os inseticidas registradosestão listados na Tabela 1.

Segundo alguns autores, existemmicroimenópteros parasitóides de lar-vas associados à grafolita, dos quais sedestacam Macrocentrus ancylivorusRohwer e Ascogaster sp. Contudo, nãohá referência em nível de controleexecutado por estes agentes. Reco-menda-se, não obstante, que medidassejam adotadas para sua preservaçãonos pomares, tais como manutenção

de cobertura verde nas entrelinhas,aplicação criteriosa de inseticidas,entre outras.

Agradecimentos

Aos doutores Luiz A.B. Salles(Embrapa-CNPFT) e Owen Jones(AgriSence) e ao Senhor TheodorusA.J. Daamen por terem gentilmentecedido armadilhas e septos deferomônio sexual sintético de G. mo-lesta para condução dos ensaios demonitoramento.

Literatura citada

1. HICKEL, E.R. Pragas do pessegueiro eameixeira e seu controle no Estado deSanta Catarina. Florianópolis:EPAGRI, 1993. 45p. (EPAGRI. BoletimTécnico, 66).

2. CHARMILLOT, P.-J. Possibilités et limitesdes moyens sélectifs de lutte contre lestordeuses des verges. Revue Suisse deViticulture Arboriculture Horticulture,v.23, n.6, p.363-374, 1991.

3. SALLES, L.A.B. Grafolita (Grapholitamolesta) bioecologia e controle. Pelotas:EMBRAPA/CNPFT, 1984. 16p.(EMBRAPA-CNPFT. Documentos, 20).

4. BAKER, T.C.; CARDÉ, R.T.; CROFT, B.A.Relationship between pheromone trapcapture and emergence of adult orien-tal fruit moths, Grapholita molesta(Lepidoptera:Tortricidae). TheCanadian Entomologist, v.112, n.1,p.11-15, 1980.

5. VILELA, E.F.; DELLA LUCIA, T.M.C.Feromônios de insetos: biologia, quími-ca e emprego no manejo integrado depragas. Viçosa: UFV, 1987. 155p.

6. GONZALES, R.H.; BARRIA, G.;CURKOVIC, T. Confusion sexual: unnuevo metodo de control especifico dela grafolita del durazno, Cydia molesta(Busk). Revista Fruticola, v.11, n.2,p.43-49, 1990.

7. LORENZATO, D. Lepidópteros nocivos emfrutíferas rosáceas no sul do Brasil.Ipagro Informa, n.31, p.71-78, 1988.

Eduardo Rodrigues Hickel, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 7.394-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Videira, C.P. 21,Fone/Fax (049) 566-0054, 89560-000 Videira,SC e Jean-Pierre Henri JosephDucroquet, eng. agr., Dr., Cart. Prof. 17.954-D, Crea-PR, Epagri/Estação Experimental deVideira, C.P. 21, Fone/Fax (049) 566-0054,89560-000 Videira, SC.

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Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

EPEPEPEPEPAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieiraAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieiraAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieiraAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieiraAGRI 408-Condessa: nova cultivar de macieirade baixa exigência em frio hibernalde baixa exigência em frio hibernalde baixa exigência em frio hibernalde baixa exigência em frio hibernalde baixa exigência em frio hibernal

Frederico Denardi e Anísio Pedro Camilo

cultivo da macieira no Sul doBrasil atualmente está limitado

a regiões com altitude mínima de800m, onde ocorrem, pelo menos, 500horas de frio hibernal em torno de7,2oC, sendo a colheita dos frutos con-centrada nos meses de fevereiro aabril. A colheita inicia no final dejaneiro com a cultivar Gala e se encer-ra em abril com a cultivar Fuji. Veri-fica-se neste período grande fluxo deoferta de maçãs, resultando em acen-tuada queda dos preços médios decomercialização desta fruta.

As condições edafoclimáticas rei-nantes no Sul do Brasil possibilitamlongo período vegetativo, permitindocom isso estender o período de colhei-ta de maçãs, dos atuais dois meses emeio para até quatro meses. Essaampliação da safra de maçãs permiti-ria regularizar melhor, tanto o fluxode colheita (mais extenso) quanto ofluxo de oferta de maçãs naentressafra.

Devido ao longo período deentressafra (nove meses), maçãscomercializadas nos meses de dezem-bro e janeiro alcançam preços muitoatrativos.

Existem regiões nos três Estadossulinos caracterizadas por clima ame-no, satisfatório para o cultivo de fru-tas de caroço, porém impróprio para aprodução de maçãs de cultivares mui-to exigentes em frio hibernal, como asatuais cultivares Gala e Fuji.

Por outro lado, está se verificandotendências de saturação da demandapor frutas de caroço no mercado dasregiões Sul e Sudeste do país. Estastendências estão acarretando dificul-dades de comercialização, comprome-

tendo a rentabilidade do empreendi-mento.

É comum a ocorrência de geadastardias no Sul do Brasil, principal-mente nas maiores altitudes. Nas re-giões onde atualmente cultivam-sefrutas de clima temperado existemriscos de ocorrência deste fenômenoaté o final de agosto, podendo se es-tender até 15 de setembro em altitu-des maiores que 1.000m.

Estudos de laboratório indicaramque cultivares de macieira com ciclo,entre a plena floração e a colheita dosfrutos, menor do que quatro mesesproduzem frutos de baixa qualidadeem termos de tamanho (pequenos)e/ou com textura da polpa fraca (3).Porém, revelaram que mesmo maci-eira com ciclo de três meses e meiopodem produzir frutos com boa quali-dade em tamanho e conservação dapolpa, desde que apresentem boa adap-tação ao clima local. Disto conclui-seque, mesmo no Sul do Brasil, é possí-vel colher maçãs de boa qualidade jáno início de janeiro com cultivaresque florescem na primeira quinzenade setembro. Cultivares de macieiracom estas características e com baixaexigência em frio hibernal represen-tam uma importante opção para ospequenos fruticultores envolvidosatualmente com produção de frutasde caroço.

Origem da cultivar demacieira EPAGRI408-Condessa

Na Figura 1 é apresentado opedigree da cultivar EPAGRI 408-Con-dessa.

A EPAGRI 408-Condessa é produtode hibridação controlada efetuada em1987 na Epagri/Estação Experimen-tal de Caçador, SC, entre as cultivaresGala (mãe) e M-41 (pai) (Figura 1). Apartir de uma população de 1.456plântulas, em 1989 foram selecionadas93 plântulas em termos de adaptaçãoclimática e fitossanidade. Estas 93seleções preliminares foram enxerta-das sobre o porta-enxerto anão M-9para acelerar a frutificação e avaliar aqualidade dos frutos. Nos ciclos de1991, 1992 e 1993 foram selecionadas17 dentre as 93, as quais foram enxer-tadas sobre o porta-enxerto M-7 eavaliadas em nível de coleções emCaçador e em Fraiburgo, SC.

Dentre estas 17 seleções, mereceudestaque a M-1/92, inicialmente sele-cionada pela alta precocidade defrutificação, alta produtividade, boaqualidade dos frutos em termos deaparência, sabor e textura da polpa, eainda boa fitossanidade das plantas.Considerando as boas característicasda planta e dos frutos, cuja maturaçãoocorre três a quatro semanas antes dacolheita da cultivar Gala, decidiu-selançá-la como nova cultivar com adenominação de EPAGRI 408-Condes-sa.

Na Tabela 1 são apresentadas asprincipais características agronômi-cas e fenológicas das cultivares demacieira EPAGRI 408-Condessa eGala.

As plantas desta nova cultivar secaracterizam por exigirem em tornode 400 horas de frio hibernal menorou igual a 7,2oC, melhor resistência àsarna (V. inaequalis) que as cultivaresAnna e Gala, menos suscetibilidade

O

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Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

DeliciousKidd’s Orange Red

Gala Cox Orange PippinGolden Delicious

Golden Delicious440249

Condessa Edgewood Yellow Newtown(EPAGRI 408) NJ-56 55737

Golden Delicious371349 Red Rome

NJ-39 35437M-41 Jonathan

Cox Orange Pippin

Adassia RedAnna

Golden Delicious

Figura 1 - Pedigree da cultivar de macieira EPAGRI 408-Condessa

Tabela 1 - Características agronômicas e fenológicas das cultivares de macieira

EPAGRI 408-Condessa e Gala. Dados obtidos em Caçador e Fraiburgo, SC

CultivarIndicativo

EPAGRI 408-Condessa Gala

Características da plantaPorte da copa Semi-anão SemivigorosoHábito vegetativo Aberto Semi-abertoExigência em frio hibernal(A) Baixa (400 a 450h) Alta (>800h)Precocidade em frutificar Muito alta (1o ano) Média (3o ano)Resistência a doençasSarna Média Muito baixaOídio Média BaixaPodridão amarga Média a baixa BaixaMancha de glomerella Baixa BaixaDados fenológicosBrotação - início 01/09 25/09Floração• Início 05/09 28/09• Plena 15/09 07/10• Final 25/09 25/10Maturação dos frutos• Início 05/01 28/01• Final 15/01 15/02Produtividade Muito alta(B) Alta

(A) Informação obtida na Estação Experimental de Caçador e em Fraiburgo, SC, ondeocorrem entre 580 horas (Caçador) e 650 horas (Fraiburgo) de frio em torno de7,2oC.

(B) Requer forte raleio dos frutos, especialmente nos primeiros três anos após oplantio, sob pena de alternar a produção.

ao oídio (P.leucotricha ) queas cultivaresAnna, Princesa eGala, porém ébastante suscetí-vel à mancha deg l o m e r e l l a(Colletotrichumgloeosporioides ).Em termos deprecocidade, aEPAGRI 408-Con-dessa pode apre-sentar floração jánas mudas proce-dentes do viveiro,sendo muito pro-dutiva, com hábi-to de frutificaçãoque a caracterizacomo semi-spur,

ou seja: frutifica principalmente emesporões laterais e ao longo dos ra-mos do ano. O hábito vegetativo é dotipo II, semelhante à cultivar Anna,com ângulo de inserção dos ramosaberto, forte ramificação e, conse-qüentemente, forte enfolhamento(Figura 2). Por isso, requer poda deverão para favorecer a coloração dosfrutos (Figura 3) e melhorar a forma-ção e a qualidade das gemas floríferaspara o ano seguinte. Responde bem àpoda de verão realizada logo após acolheita.

Características dos frutos

Na Tabela 2 são confrontadas ascaracterísticas dos frutos das cultiva-res EPAGRI 408-Condessa e Gala.

Os frutos apresentam formato ar-redondado-oblongo, mais alongadosque os frutos da cultivar Gala, da qualdescende. A maturação ocorre entre20 e 25 dias antes da colheita dosfrutos da cultivar Gala. A coloração daepiderme é vermelho-escarlate, comestrias, cobrindo 60 a 90% da superfí-cie dos frutos (Figura 4). O fundo éamarelo, muito atrativo. O empregode porta-enxertos anões, como o M-9e o M-26, melhoram o calibre, a colo-ração e antecipam a maturação dosfrutos, fatores importantes para culti-vares com maturação antes da culti-

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14 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

Tabela 2 - Características dos frutos das cultivares de macieiraEPAGRI 408-Condessa e Gala obtidos em testes realizados na Epagri/Estação

Experimental de Caçador e em Fraiburgo, SC sobre os porta-enxertos M-9 e M-7

CultivarCaracterística

EPAGRI 408-Condessa Gala

Cor da epiderme Vermelho-escarlate Vermelho-escarlatecom estrias com estrias

Cor de fundo Amarela AmarelaCor da polpa Branco-creme Branco-cremeFormato predominante Arredondado-oblongo ArredondadoPeso médio (g) 110 a 120 115 a 130Pedúnculo Médio a longo MédioSólidos Solúveis Totais (SST %) 12,5 a 13,0 12,0 a 12,5Acidez Titulável (AT) 4,0 a 4,5 6,0 a 6,5Relação “SST/AT” 2,8 a 3,3 1,8 a 2,0Firmeza polpa (lb./cm2)(A) 15,0 a 16,0 18,0 a 18,5Conservação (temperaturaambiente) Até duas semanas (B) Até duas semanas“Russeting” Médio Pouco“Bitter pit” Pouco AusentePingo de mel Pouco Pouco

(A) Valores da polpa dos frutos maduros recém-colhidos.(B) A firmeza da polpa conserva-se bem por até duas semanas em temperatura

ambiente; porém, os frutos se desidratam facilmente, murchando. Por isso, devemser mantidos em condições de alta umidade.

var Gala. O sabor é doce, com baixaacidez e a polpa é excepcionalmentefirme para a sua época de matura-ção.

Apresenta tendência de desenvol-ver muito a cavidade carpelar, sujei-tando os frutos ao ataque de fungos(podridão carpelar). Isto parece agra-var-se quando existem poucas semen-tes nos carpelos. Por isso, é importan-te a presença de boas condições depolinização.

Polinização

Em virtude de ser uma cultivar debaixa exigência em frio hibernal, e porisso florescer bem antes das cultiva-res tradicionais, como Gala e Fuji, apolinizadora não deve requerer maisdo que 450 horas de frio hibernalmenor ou igual a 7,2oC. A cultivarEPAGRI 409-Duquesa poderá servirpara esta finalidade, porquanto re-quer menos de 500 horas de friohibernal e sua floração coincide com ada ‘EPAGRI 408-Condessa’. Poderáser utilizada também a ‘Eva’, outracultivar de baixa exigência em frio. Amaturação dos frutos destas últimasduas cultivares, no entanto, ocorre

Figura 2 - Planta da cultivar de macieira

EPAGRI 408-Condessa com intenso

enfolhamento

Figura 3 - Planta da cultivar de macieira EPAGRI 408-Condessa

após efetuada a poda de verão em janeiro

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 15

Maçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivarMaçã: nova cultivar

após a colheita da ‘EPAGRI 408-Con-dessa’.

Porta-enxertos

A ‘EPAGRI 408-Condessa’ apresen-ta forte capacidade vegetativa, resul-tando em sombreamento excessivono interior da copa, com isso prejudi-cando a coloração dos frutos ali produ-zidos. Porta-enxertos vigorosos acen-tuariam este problema. Oarqueamento forte e a poda de verão(janeiro) reduzem este problema. Oideal é o uso de porta-enxertos anões,como o M-9 e o M-26, os quais têm

Figura 4 - Frutos da cultivar de macieira EPAGRI 408-Condessa

forte efeito ananizante, reduzindo ocrescimento vegetativo e aumentan-do a diferenciação de gemas floríferas.

Recomendações

Por ser uma cultivar de baixa exi-gência em frio hibernal, a ‘EPAGRI408-Condessa’ é recomendada paraplantio em regiões onde atualmentecultiva-se com sucesso as cultivaresde pessegueiro Coral e Chiripá.

Agradecimentos

Os autores querem expressar es-

pecial agradecimento à empresafrutícola Renar Maçãs S.A., deFraiburgo, SC, pela concordância emtestar a cultivar EPAGRI 408-Condes-sa durante a fase de seleção em suapropriedade, no período de 1992-97, epelos cuidados dispensados nos tratosculturais e fitossanitários às plantasdesta nova cultivar.

Literatura citada

1. DENARDI, F.; CAMILO, A.P.; PEREIRA,A.J. Maçã. In: EPAGRI. Recomenda-

ções de cultivares para o Estado de

Santa Catarina - 1997/98. Florianópo-lis, 1997. p.97-102. (Epagri. Boletim Téc-nico, 82).

2. EMPASC/ACARESC. Sistemas de produ-

ção para a cultura da macieira: SantaCatarina. (3a revisão). Florianópolis,1991. 71p. (EMPASC/ACARESC. Sis-temas de Produção, 19).

3. DENARDI, F.; CAMILO, A.P. Relação dafirmeza da polpa e do peso médio dofruto com o período “antese —maturação” em macieira. Revista Bra-

sileira de Fruticultura, v.18, n.3, p.393-401, dez.1996.

Frederico Denardi, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 3.182-D, Crea-SC, Epagri/Estação Ex-perimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Ca-çador, SC e Anísio Pedro Camilo, eng. agr.,Ph.D., Cart. Prof. 2.532-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P. 591,Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC.

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16 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

REGISTRO

A importância dasA importância dasA importância dasA importância dasA importância dasanálisesanálisesanálisesanálisesanálises

laboratoriais nalaboratoriais nalaboratoriais nalaboratoriais nalaboratoriais naárea fitossanitáriaárea fitossanitáriaárea fitossanitáriaárea fitossanitáriaárea fitossanitária

Armando Corrêa Pacheco, José MariaMilanez, Giovanina Fontanezzi Huang

e Luís Antônio Chiaradia

Devido aos reflexos daglobalização da economia no setoragropecuário brasileiro, os produto-res rurais são estimulados a gerarprodutos de qualidade e a preçoscada vez mais competitivos. Alémdisto, a sociedade atualmente exigemaior preservação ambiental e re-dução no uso de agrotóxicos. Paraatender estas demandas e ao mesmotempo viabilizar suas explorações,os agricultores são obrigados a exer-cer suas atividades de forma profissi-onal e empresarial.

Por estas razões, verifica-se umacrescente preocupação dos produto-res rurais na correta identificação depragas e patógenos, e na busca dasformas de profilaxia e alternativasracionais de controle das mesmas.

O Laboratório de Fitossanidade

do Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades da Epagri, em Chapecó,SC (Figura 1), que no início de suasatividades tinha como objetivos prin-cipais apoiar as diversas áreas de pes-quisa conduzidas na Unidade e desen-volver pesquisas específicas nas áreasde fitopatologia e entomologia, pas-sou também a atender o público exter-no, constituído hoje principalmentede técnicos da extensão rural, coope-rativas e agricultores, que remetemamostras para um diagnóstico maisseguro.

Como enviar amostras aolaboratório

Para diagnosticar os problemasfitossanitários, as amostras devemapresentar os sintomas do ataque depragas e/ou patógenos, chegarem emboas condições de conservação e vi-rem acompanhadas de informaçõesdescritivas sobre o problema.

As partes doentes da planta (ra-mos, frutos, folhas e raízes) devem sercoletadas com diferentes graus de in-fecção: inicial, médio e final. No casode culturas que apresentemamarelecimento ou murcha, torna-senecessário a coleta de plantas intei-ras. Amostra de terra próxima dasraízes poderá ser enviada, caso hajasuspeita do patógeno estar relaciona-

do com o solo. As amostras devemser enviadas em estado fresco e em-baladas em sacos de papel, quando setiver certeza que chegarão ao labo-ratório até 24 horas após a coleta.Após este prazo, o material herbáceodeve ser prensado entre folhas dejornal ou papelão; caules , frutos etubérculos precisam ser embaladosseparadamente e remetidos dentrode caixas de papelão. Nestes casos,as amostras deverão ser encaminha-das para chegarem ao laboratório omais rápido possível. Devem ser evi-tadas as embalagens plásticas e deisopor, por acelerarem o apodreci-mento do material.

A descrição da doença, evoluçãodos sintomas, idade das plantas, cul-tivar, tratamentos fitossanitários re-alizados, indicação de danos provo-cados por ácaros, insetos,nematóides, geadas, granizo e ou-tras informações julgadas importan-tes deverão ser anexadas às amos-tras e enviadas ao laboratório. Afalta destas informações adicionaispoderá prejudicar o diagnóstico doproblema.

Metodologia de trabalhodo laboratório

As amostras encaminhadas ao la-boratório são protocoladas e analisa-das seguindo métodos e técnicaslaboratoriais capazes de permitir aidentificação das pragas e/oupatógenos causadoras dos danos.

Após as análises é feito um laudocontendo informações sobre os sin-tomas observados, diagnose da do-ença ou praga e sugestões deprofilaxia e/ou controle. Estes lau-dos ficam à disposição dos interessa-dos ou são encaminhados para oendereço de origem, sendo cobradauma taxa que varia segundo ametodologia de análise empregada.

Resultados das diagnosesrealizadas no ano de 1997

Os resultados das diagnoses rea-lizadas durante o ano de 1997 peloLaboratório de Fitossanidade doCPPP/Epagri são apresentadas nasFigura 1 - Vista parcial do Laboratório de Fitossanidade do CPPP/Epagri, em Chapecó

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

Tabela 1 - Espécies vegetais, número de amostras recebidas, locais de origem e diagnose de pragas em análises realizadas paraparticulares no Laboratório de Fitossanidade do CPPP/Epagri, em 1997

Espécie/ No Locais de origem Principais problemascultura amostras das amostras ou pragas

Citros 27 Canoinhas, Chapecó, “Ácaro-da-falsa-ferrugem”,Cunha Porã, Faxinal dos “ácaro-da-leprose”,Guedes, Irati, Nova “ácaro-purpúreo”, “bicho-cesto”,Itaberaba, São Carlos, “escama-farinha”,Tubarão, União do Oeste “escama-vírgula”,e Xaxim “lagarta-minadora” e

“mosca-das-frutas”

Erva-mate 03 Chapecó, Palmitos “Ácaro-bronzeador”e Passo Fundo (RS)

Hortaliças: abobrinha, 16 Chapecó, Cunha Porã, “Broca-pequena-do-alface, almeirão, cenoura, Mondai, Saudades, tomateiro”, “larva-arame”,feijão-vagem, melancia, Seara e Xaxim “mosca-minadora”, “traça-pepino, repolho, -das-crucíferas”, e tripessalsa e tomate

Aveia, feijão, 05 Chapecó, Mondai, São “Ácaro-branco”,mandioca e soja Carlos e Xanxerê “gorgulho-da-folha” e

“verruga-das-folhas”

Pitanga, maracujá 05 Chapecó Cochonilhas, “moscas-das-e videira -frutas” e gorgulhos

Total 56 - -

Tabela 2 - Análises de patologia de sementes realizadas para particulares no

Laboratório de Fitossanidade do CPPP/Epagri, em 1997

No Local de origemamostras das amostras

Feijão 02 Saudades15 Chapecó01 Xaxim01 Planalto Alegre04 Cristalina (GO)

Milho 01 Chapecó

Soja 13 Capinzal02 Chapecó

Trigo 08 Capinzal

Total 47 -

Tabelas 1, 2, 3 e 4. Os dados mostrama grande diversidade de problemasfitossanitários nas culturas explora-das nas regiões Oeste e ExtremoOeste do Estado de Santa Catarina,enfatizando os relacionados com aprodução de hortifrutigranjeiros,onde são cultivados aproximadamen-te 9.000ha com frutíferas e 1.500hacom olerícolas.

A falta de conhecimento e a poucatradição dos produtores nestas cul-turas têm sido as principais causasda intensificação de problemasfitossanitários. O número de laudosrelacionados às pragas na citriculturae hortaliças (Tabela 1) confirma ofato. Também são freqüentes os pro-blemas no cultivo de olerícolas, comdestaque para as doenças na culturado tomateiro (Tabela 3).

O expressivo número de análisesem patologia de sementes de milho efeijão, apresentado na Tabela 4, diz

Espécie

#

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18 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Tabela 3 - Espécies vegetais, número de amostras recebidas, locais de origem e diagnose de doenças em análises realizadas para

particulares no Laboratório de Fitossanidade do CPPP/Epagri, em 1997

Espécie/ No Locais de origem Principais problemas,cultura amostras das amostras doenças ou patógenos

Citros 07 Chapecó, Cunha Porã, Colletotrichum, Mycosphaerella

Planalto Alegre, Riqueza e Xyllela

e União do Oeste

Diversos: alface, 23 Coronel Freitas, Alternaria, Cladosporium,

alfafa, almeirão, Chapecó, Concórdia, Colletotrichum, Fusarium,

batata-doce, brócoli, Cunha Porã, Gramado Peronospora, Phomopsis,

cebola, cenoura, dos Loureiros (RS), Septoria, Rhizoctonia,

feijão adzuki, Guatambú, Maravilha, bacterioses, “ferrugem-branca”,melancia, milheto, Mondai, Nova Erechim, “míldio”, nematóidesmorango, pepino, Pinhalzinho, Planalto (RS), e “oídio”repolho, rúcula e Ponte Serrada, Xanxerêsalsa e Xaxim

Erva-mate 05 Capinzal, Ilópolis (RS), Botryodiplodia, Colletotrichum,

Joaçaba e Ouro Fusarium, Verticilium eRhizoctonia

Eucalipto e pinus 07 Chapecó, Irani, Maravilha, Armilaria, Botritis,

Pinhalzinho, São Lourenço Fusarium

do Oeste e Saudades

Feijão 03 Capinzal e Curitibanos Fusarium, Macrophomina

e Sclerotinia

Ornamentais: 06 Chapecó, Maravilha, Ponte Botrytis, Cladosporium,

rosa, beijo, ficus e grama Serrada e Xanxerê Phomopsis e Rhizoctonia

Outras frutíferas: 14 Chapecó, Cordilheira Armilaria, Colletotrichum,

ameixeira, araçazeiro, Alta, Cunha Porã, Fusarium, Pestalotia,

bananeira, goiabeira, Maravilha, Modelo, Tranzschelia, Xylella,

manacazeiro, pêsse- Quilombo, Sul Brasil ferrugem e “míldio”gueiro e videira e Xanxerê

Soja 08 Abelardo Luz, Campo Fusarium, “oídio” eErê, Capinzal, Faxinal- podridões radiculareszinho (RS), Maravilhae Saudades

Tomateiro 29 Chapecó, Faxinal dos Alternaria, Cercospora,

Guedes, Maravilha, Nova Cladosporium, Corynespora,

Itaberaba, Seara, Pinhal- Fusarium, Septoria,

zinho, Planalto (RS) bacterioses, nematóidese Xaxim viroses e “requeima”

Trigo 03 Xaxim Deficiência nutricional e“ferrugem-da-folha”

Total 105 - -

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 19

respeito aos trabalhos de pesquisaque visam avaliar a qualidade dogrão de milho para consumo, e aomelhoramento da qualidadefitossanitária de sementes de feijãoproduzidas pelos pequenos produto-res da região.

Armando Corrêa Pacheco, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 783-D, Crea-SC, Epagri/Centro de Pesquisa para Pequenas Propri-edades-CPPP, C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970Chapecó, SC, José Maria Milanez, eng.agr., M.Sc., Cart. Prof. 60.266-D, Crea-SC,Epagri/Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades-CPPP, C.P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970Chapecó, SC; Giovanina FontanezziHuang, enga agra, M.Sc., Cart. Prof. 34.587-2, Crea-SC, Epagri/Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades-CPPP, C.P. 791,Fone (049) 723-4877, Fax (049) 723-0600,89801-970 Chapecó, SC e Luiz AntônioChiaradia, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.11.485-D, Crea-SC, Epagri/Centro de Pes-quisa para Pequenas Propriedades-CPPP,C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax (049)723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

Tabela 4 - Número de diagnoses de apoio à pesquisa agropecuária realizadas peloLaboratório de Fitossanidade do CPPP/Epagri, em 1997

Patologiasementes

Alfafa 05 - -Aveia 02 01 -Citros 11 03 -Crotalária 07 - -Cebola - - 11Coentro - - 03Ervilha 01 - -Erva-mate 01 - -Feijão 15 01 23Guandu 01 - -Mandioca 01 - -Milho 08 01 110Sesbania 01 - -Sorgo 01 - -Soja 04 - 01Videira - 01 -Trigo 01 - -

Total 59 06 148

Espécie Doenças Pragas

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

Mercoleite 98 supera expectativasMercoleite 98 supera expectativasMercoleite 98 supera expectativasMercoleite 98 supera expectativasMercoleite 98 supera expectativasA retomada das feiras e exposi-

ções no Estado visando acomercialização de animais de altaqualidade e produtividade para tor-nar mais competitiva a produção lei-teira catarinense foi um dos princi-pais objetivos do Mercoleite 98, even-to agropecuário realizado em abril,no Parque de Exposições do ContaDinheiro, em Lages, SC. Além deexposição das principais raças leitei-ras - holandesa, jersey, pardo suí-ça -, o Mercoleite promoveu concur-so leiteiro, leilões, exposição do ca-valo manga-larga marchador, mos-tra de aves ornamentais e o I Encon-tro Regional dos Pequenos Produto-res de Leite. A promoção do eventoficou a cargo da Prefeitura Munici-pal de Lages, Secretaria Municipalde Agricultura e Abastecimento eAproleite/ACCB, e contou com oapoio, entre outros, das seguintesentidades: Epagri, CAV/Udesc,Cidasc, Delegacia Federal do Minis-tério da Agricultura, etc.

Para Augusto César Vieira, se-cretário da Agricultura do município

de Lages e coordenador geral do even-to, o Mercoleite 98 superou as expec-tativas iniciais dos organizadores. Nafeira do ano passado, a primeira, fo-ram inscritos 248 animais contra 430deste ano. Em 1997 foramcomercializadas 47 animais, ao passoque nesta última feira foram vendidos35 animais. O preço médio de vendade uma vaca pura de origem queproduz 30 litros por dia registrou R$ 2mil. Já a que produz 25 litros foivendida a R$ 1,5 mil. Para a pura porcruza a venda ficou em torno de R$ 1mil. Houve expressiva participação deprodutores de todas as regiões deSanta Catarina e com compradores deoutros Estados como Goiás, EspíritoSanto, Rio Grande do Sul e Paraná.Vieira ressaltou a importância dosdois eventos técnicos do Mercoleite98, a Reunião da Câmara Setorial doLeite e o I Encontro Regional dosPequenos Produtores. A CâmaraSetorial é um fórum democrático quetornou oportuna a discussão aberta atodos os segmentos da cadeia produti-va - industriais, técnicos, comercian-

tes e produtores - visando a busca desoluções conjuntas para a superaçãodos desafios impostos pelo Mercosule Globalização. Já o Encontro dosPequenos Produtores procurou dis-cutir a administração na pequenapropriedade, a organização do pro-dutor e a produção de leite a customais baixo. Com respeito a este últi-mo ponto, duas boas notícias para osprodutores. A prefeitura de Lagesestá criando um Fundo Municipalpara aquisição de vacas e formaçãode pastagem perene. E o secretáriode Estado do Desenvolvimento Ru-ral e da Agricultura, FlávioBaldissera, anunciou no evento ainstalação em Lages de um terminalde calcário, o que vai favorecer emmuito a melhoria das pastagens daregião e, conseqüentemente, maiorprodução leiteira.

Produtores econsumidoresbeneficiados

O Encontro Regional dos Peque-

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20 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

nos Produtores enfatizou a vanta-gem de produzir leite à base de pas-to, eliminando o uso de ração queencarece os custos. O engenheiroagrônomo Humberto da Silveira, daEpagri, especialista em gado leitei-ro, confirmou que Lages já possuium bom projeto de formação de pas-tagem perene, a partir do camponativo melhorado. Ele explica queinicialmente é aplicado calcário compequena incorporação no campo na-tivo, utilizando uma gradagem su-perficial. A seguir é feita a semeadu-ra com trevo, cornichão e azevém,adicionando-se também o adubo eutilizando novamente uma gradagemleve para misturar e incorporar es-tes insumos. Esta é, em resumo, aestratégia dos lageanos para forne-cer alimento mais barato ao gado, deboa qualidade, no período mais críti-co do ano, ou seja, o outono-inverno.

Além desta tecnologia eficiente ede baixo custo, os pequenos produto-res de Lages contam com um aliadopoderoso. Trata-se da Associação dasComunidades Rurais Organizadas -Acro, que reúne 22 comunidades ecerca de 1.000 associados, e destes,80 são produtores de leite que entre-gam de 1.500 a 2.000 litros diários.Mas a grande vantagem da Acro,enfatiza Humberto da Silveira, é queela remunera melhor o pequeno pro-dutor, o minifundiário. Para se teruma idéia, atualmente as empresasde laticínios pagam aos produtorescatarinenses de R$ 0,17 a R$ 0,20 porlitro entregue, ao passo que a Acropaga R$ 0,25. Por sua vez, ela vendeao consumidor o litro de leite a R$0,50, mas com um detalhe, é leiteintegral, ou seja, não é retirada agordura, como fazem as outras em-presas. Os R$ 0,25 de diferença, aassociação não contabiliza como lu-cro, ela reinveste na própria entida-de. Outro ponto importante ressal-tado pelo técnico da Epagri é queeste leite é entregue na periferia dacidade, beneficiando uma populaçãode menor nível de renda com umproduto de qualidade.

Mas as vantagens da Acro nãoparam por aí. Ela consegue obtercrédito rural nos bancos com maisfacilidade, elaborando projetos con-

juntos, o que seria inviável para opequeno produtor isoladamente, jáque os bancos estão evitando traba-lhar com baixos valores. E os consu-midores de Lages ainda têm mais umbenefício. É que o leite chega bemfresquinho nos pontos de venda, pois

a associação recebe o produto nausina por volta das 7 horas da ma-nhã, e após passar pelo processo depasteurização, é embalado e entre-gue no comércio às 11 horas da mes-ma manhã, um recorde neste tipo denegócio.

Epagri inaugura moderno centroEpagri inaugura moderno centroEpagri inaugura moderno centroEpagri inaugura moderno centroEpagri inaugura moderno centroambientalambientalambientalambientalambiental

Com a presença do secretário deEstado do Desenvolvimento Rural eda Agricultura de SC, deputados einúmeras autoridades estaduais emunicipais, a Epagri inaugurou re-centemente um novo centro de pes-quisas. Trata-se do Centro Integradode Informações e Recursos Ambientaisde Santa Catarina - Ciram, cuja mis-são é desenvolver ações de pesquisa,monitoramento, armazenagem eprocessamento de dados, geração deinformações e transferência de tecno-logias para o uso sustentável da basede recursos ambientais existentes noespaço territorial catarinense. Atuaprincipalmente nos programas de pre-visão do tempo e clima, geoproces-samento, fotogrametria e mapeamen-to, recursos hídricos, recursos de so-los, ecossistemas e biodiversidade, eco-toxicologia, microbacias, economia eeducação ambiental, sociologia e di-reito ambiental, maricultura, pisci-cultura e pesca, zoneamento am-biental, ecossistemas apícolas etecnologia ambiental. Para o desen-volvimento destes programas aEpagri conta com um quadro técnicoaltamente especializado.

Projetos beneficiam asociedade

Como exemplo de alguns projetosdo Ciram, o zoneamento agroclimáticoindica aos produtores rurais as épocase áreas de plantio de cada cultivo agrí-cola e permite aos agricultores a dimi-nuição das perdas por adversidadesclimáticas. Isto permitiu ao governoreduzir o gasto com o Proagro de300 milhões para 500 mil reais porano.

Na área de climatologia, oClimerh, órgão do Ciram mantidoem parceria com outras instituições,desenvolve projetos e estudos emmeteorologia e conta com ferramen-tas cada vez mais sofisticadas, para aprevisão do tempo, de enchentes ede outras catástrofes. Os produtorese a sociedade podem dispor diaria-mente da previsão do tempo paratodas as regiões do Estado, com atécinco dias de antecedência, e as con-dições de clima, com até três meses.Recentemente o Ciram/Climerh,com uma antecipação de aproxima-damente 24 horas, previu a ocorrên-cia de ressacas que atingiram o Lito-ral Catarinense.

Na aqüicultura a Epagri/Ciramtem a missão de promover o desen-volvimento sustentável do meio ru-ral e pesqueiro. Por meio da explora-ção racional e tecnológica, permitiuao Estado aumentar a produção demexilhões para quase 10 mil tonela-das atualmente, que acrescidas aovolume de produção de mais de 10mil toneladas de peixes de água doce,coloca Santa Catarina na liderançado setor pesqueiro, com 25% da pro-dução nacional.

Muitos outros projetos de pesqui-sa estão em andamento no Ciram,beneficiando tanto o meio rural comoo urbano, na busca de soluções paraos problemas que afligem a socieda-de catarinense.

Estima-se que todas as 200 milfamílias de agricultores catarinensespoderão ser beneficiadas a curto emédio prazos, com a implantaçãodos sistemas de produção, que serãodesenvolvidos a partir das tecnologi-as e processos de produção geradaspelo Ciram.

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 21

FLASHES

Dia de CampoDia de CampoDia de CampoDia de CampoDia de Campomostra modernasmostra modernasmostra modernasmostra modernasmostra modernastecnologias paratecnologias paratecnologias paratecnologias paratecnologias parao arroz irrigadoo arroz irrigadoo arroz irrigadoo arroz irrigadoo arroz irrigado

Gerar e adaptar tecnologiase testar e desenvolver novascultivares de arroz sequeiro eirrigado são os objetivos do Pro-grama Estadual de Geração eDifusão de Tecnologia em ArrozIrrigado da Epagri. Recentemen-te, a Empresa, por meio das Es-tações Experimentais de Itajaí eUrussanga, realizou um Dia deCampo de Arroz Irrigado tendopor local a Estação de Itajaí, SC.Na ocasião, técnicos, produto-res e industriais tiveram a opor-tunidade de conhecer a coleçãode variedades do cereal, a histó-ria da cultura do arroz em SantaCatarina e a evolução das vari-edades e sua influência no au-mento da produtividade e quali-dade do arroz catarinense, quehoje já é cultivado em outrosEstados brasileiros e países daAmérica do Sul. A equipe demelhoramento genético mos-trou aos visitantes os métodosde criação de uma variedade,sua importância e o esquema deprodução de sementes.

Também no Dia de Campo,os pesquisadores da Epagri mos-traram os avanços tecnológicosobtidos pela pesquisa nas áreasde controle de doenças, pragas eplantas daninhas. Um dos as-suntos mais esperados foi a apre-sentação do trabalho com se-mentes básicas, resultado detodo o trabalho de pesquisa. Asemente básica é produzida coma máxima qualidade, para que oagricultor, através dos produto-res de sementes certificadas,recebam o considerado melhorproduto do mercado hoje noBrasil. Esta afirmação é com-provada no dia-a-dia dos agri-cultores e industriais. É o casode recente carta recebida daempresa Comércio de CereaisDella Ltda., de Meleiro, SC, aqual parabeniza a equipe de pes-quisadores da Epagri que de-senvolveu a variedade de arrozparboilizado “108”, e informa quecom o surgimento desta varie-dade houve um aumento subs-tancial na quantidade e qualida-de do arroz catarinense, existin-do produtores que estão colhen-do mais de 140 sacos (7 mil kg)por hectare.

Na safra 1996/97 cultivaram--se cerca de 21 mil hectares dearroz de sequeiro e 129,6 mil hec-tares de arroz irrigado, com pro-duções de 40 mil toneladas e 736mil toneladas respectivamente. Oparque industrial catarinensepara a produção do arrozparboilizado é o maior do Brasil,com capacidade de processar maisque 1 milhão e 300 mil toneladasde grãos anualmente.

Os principais parceiros daEpagri em pesquisa de arroz (atu-almente pesquisas com arroz desequeiro não são realizadas) são aEmpresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - Embrapa, o Insti-tuto Riograndense do Arroz -Irga, e o Sindicato da Indústria doArroz do Estado de Santa Catari-na - Sindarroz.

Epagri já temEpagri já temEpagri já temEpagri já temEpagri já tembatata dietbatata dietbatata dietbatata dietbatata diet

A Estação Experimental deItajaí introduziu há cerca de umano o Yacon ou batata-diet, plantaoriginária dos Andes e que, alémde ser saborosa, lembrando pêraou maçã, não engorda e baixa oexcesso de açúcar do sangue. Tra-ta-se de uma planta herbáceaperene originária dos Andes erecentemente introduzida no Bra-sil através do projeto de plantasmedicinais.

As suas propriedades medici-nais e farmacológicas são interes-santes. É indicada para o trata-mento do diabetes e do colesterol.O extrato aquoso das folhas redu-ziu os níveis de açúcar no sanguede ratos diabéticos de 348 para214mg/dl (miligramas por decilitrode sangue), em dez dias. Estudosfitoquímicos demonstram a possi-bilidade de obtenção de frutanos -açúcares não assimiláveis pelotrato digestivo. O tubérculo temsabor de pêra, sendo bastante con-sumido no oriente na forma innatura. Consome-se também naforma de pó ou chips.

O plantio é através de tubér-culos inteiros (rizomas) pesando60 a 80g e gemas axilares. Sãoplantados em camalhões com 30 a40cm de altura, por 1m de base. Aplanta cresce 1m em quatro me-ses. O florescimento vai de abril amaio e a colheita ocorre dez a dozemeses após o plantio. Em condi-ções sem adubação ou preparo decamalhões, no Litoral Catarinen-se, produz 3,5kg/planta. Já emSão Paulo, utilizando uma aduba-ção para batata, obteve-se uma

produtividade de até 100t/ha detúberas e 1.000kg/ha de folhassecas. A desvantagem é que aplanta tem problemas de conser-vação, sendo sensível à alta umi-dade relativa, podendo vir a dete-riorar em dois a três dias.

Para mais informações,contatar com o pesquisadorAntonio Amaury Silva Júnior,E-mail: [email protected] Estação Experimental de Itajaí,Rodovia Antônio Heil, km 6, C.P.277, 88301-970 Itajaí, SC, Fone(047) 346-5244, Fax (047) 346-5255.

Lages sediaLages sediaLages sediaLages sediaLages sediasimpósiosimpósiosimpósiosimpósiosimpósio

internacionalinternacionalinternacionalinternacionalinternacionalsobre a araucáriasobre a araucáriasobre a araucáriasobre a araucáriasobre a araucária

Finalmente um evento paraprestigiar estudos de um impor-tante exemplar da mata nativasul-brasileira que está amea-çada de extinção. No período de03 a 05 de junho, a cidadeserrana de Lages realizou o ISimpósio do Mercosul sobre aAraucária, o nosso pinheiro brasi-leiro, tendo como promotores aEpagri e Centro de CiênciasAgrárias da UFSC. Técnicos, pes-quisadores e reflorestadores doSul do Brasil e países vizinhos sereuniram para estudar a situaçãoda Araucaria angustifolia e pro-por medidas para preservá-la,multiplicá-la e até tentar amelhoria da espécie, definindoações de curto, médio e longo pra-zo.

A Araucaria, também conhe-cida como pinheiro-do-paraná, é aúnica espécie de seu gênero comocorrência natural no Brasil, sen-do que suas florestas estão con-centradas nos Estados do Paraná,Santa Catarina e Rio Grande doSul, ocupando cerca de 20 milhõesde hectares. Sua madeira de altaqualidade é empregada para cons-truções em geral, caixotaria, fa-bricação de móveis, laminados,polpa e outros usos. A semente, opopular pinhão, tem servido dealimento para o homem e faunasilvestre, possuindo alto valornutritivo.

É paradoxal que diante de todaa riqueza produzida pelaaraucária, não tenham prospera-das as iniciativas para o estabele-cimento de programas de melho-ramento genético e refloresta-mento. Tendo isso em mente, o

evento discutiu a realização deprogramas de conservação, ca-racterização, melhoramento emanejo sustentável da espécie,buscando o conhecimento de as-pectos da biologia reprodutiva,da caracterização de variedadesbotânicas, da organização da va-riabilidade genética das popula-ções naturais e plantadas e dasua ecologia.

O simpósio foi organizadosob a forma de conferências,mesas redondas e painéis com apresença de renomados especi-alistas. Entre as principais deci-sões do encontro foram propos-tos a criação de um fórum per-manente sobre a temática, aanálise da legislação e altera-ções, caso necessário. Igualmen-te foi pleiteado o estabelecimen-to de formas de parceria entre osetor público e privado e a cria-ção de fundos para o financia-mento de pesquisas.

Mais informações podemser obtidas junto à EstaçãoExperimental de Lages, com opesquisador Celso Dalagnol,Fone (049) 224-4400, Fax (049)222-1957, E-mail:[email protected], ou junto ao CCA/UFSC, com o professor MiguelPedro Guerra, Fone (048) 231-9357, E-mail:[email protected].

Epagri deEpagri deEpagri deEpagri deEpagri deChapecóChapecóChapecóChapecóChapecóinaugurainaugurainaugurainaugurainaugura

Laboratório deLaboratório deLaboratório deLaboratório deLaboratório deAnálises deAnálises deAnálises deAnálises deAnálises de

ÁguasÁguasÁguasÁguasÁguasPor meio de recursos libera-

dos pelo Projeto Microbacias/Bird, a Epagri inaugurou recen-temente o Laboratório de Aná-lises de Águas, no Centro dePesquisa para Pequenas Pro-priedades, em Chapecó. Os prin-cipais objetivos do laboratóriosão: realizar análises da qualida-de da água das várias microbaciasmonitoradas pelo ProjetoMicrobacias, realizar outras aná-lises específicas para projetos desaneamento e monitoramentoambiental e de produção pes-queira em águas interiores eprestar serviços à comunidadeem geral, oferecendo análisespara a identificação emonitoramento da potabilidadedas águas. Ao todo serão realiza-#

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22 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

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das 32 análises químicas, físicase bacteriológicas das águas, au-mentando assim o complexolaboratorial do Centro de Pes-quisa para Pequenas Proprieda-des, que já conta com laborató-rios de Solos, Sementes eFitossanidade.

Empresa modeloEmpresa modeloEmpresa modeloEmpresa modeloEmpresa modeloadota reciclagemadota reciclagemadota reciclagemadota reciclagemadota reciclagem

de lixode lixode lixode lixode lixoPela terceira vez a Sûr ven-

ce o Prêmio Destaque de Quali-dade no Rio Grande do Sul. Oreflexo da premiação mobilizouum grupo de funcionários esti-mulados pelo Programa de Qua-lidade da empresa, que já é refe-rência na área, a introduzir oprograma de reciclagem de lixo,que também se tornou modelono setor.

Desde 1994, preocupadoscom a redução de custos dosmateriais consumidos na fábri-ca, em Guaíba, os funcionáriosda empresa se reuniram paratentar selecionar papéis, plásti-cos, metais e vidros. O programade reciclagem da Sûr fez tantosucesso que hoje é procuradopor empresas da região dos maisdiversos segmentos, como celu-lose e metais, que estão interes-sados em mudar a postura emrelação ao que é jogado fora nasorganizações.

Entre os destaques do pro-grama da Sûr está a reciclagemde material orgânico denomina-do vermicompostagem. Em oitoboxes de 2 metros quadradossão armazenados restos de ali-mentos. Ali, minhocascalifornianas (escolhidas por suavoracidade) transformam o lixoem húmus, que é consideradoum dos fatores mais importan-tes para recuperação dos solos.

A conscientização e partici-pação dos funcionários têm sidofundamental. E os resultados seapresentam em números. Em1997, a Sûr conseguiu acumulare reciclar 6,5t de plásticos e 52tde papel, o que corresponde àpreservação aproximada de1.000 árvores.

A iniciativa, que começoucom a simples colocação de lixei-ras coloridas para seleção dosmateriais, foi incorporada à filo-sofia da empresa que tem comopilares do seu Programa de Qua-lidade os chamados 5-S: Sensode Utilização, Senso de Organi-

zação, Senso de Limpeza, Sensode Saúde e Senso de Autodis-ciplina.

Todo o trabalho de seleção ereciclagem levou à melhoria daqualidade ambiental (como adesativação da antiga vala ondese queimava o lixo prejudicandoáreas vizinhas), à economia degastos da empresa e à ampliaçãoda conscientização pela preserva-ção do meio ambiente.

Para maiores informações,contatar o Fone (011) 3675-0809ou Fax (011) 3873-3773.

Cultivo deCultivo deCultivo deCultivo deCultivo dehortaliças semhortaliças semhortaliças semhortaliças semhortaliças sem

agrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosA geração de conhecimentos

proporcionada pelas pesquisascom cultivo protegido, realizadana Estação Experimental de Itajaí,permitirá o cultivo de quase todashortaliças sem nenhum agrotóxicoe redução em mais de 80% naque-las onde este insumo ainda nãopode ser totalmente dispensado,mas que, mesmo assim, o produtopoderá ser oferecido sem nenhumresíduo prejudicial.

Agricultores prontos paraentrar nesta nova olericultura,procedentes da Grande Florianó-polis, Sul do Estado e de Blumenau,juntamente com gerentes dehortifrutigranjeiros da RedeAngeloni de Supermercados, oextensionista da Epagri de Anto-nio Carlos, João Weigartner, ocoordenador do curso deprofissionalização em Olericultu-ra no Cetre, Júlio Cesar Melo e opesquisador José Angelo Rebelo,responsável pelas pesquisas emCultivo Protegido de Hortaliças,visitaram, recentemente, a Asso-ciação de Agricultura Orgânica doParaná, onde foram recebidos peloengenheiro agrônomo daquelainstituição, Rogério Rosa.

A excursão, organizada pelaRede Angeloni de Supermerca-dos, através do gerente ValdemirMedeiros, tinha por objetivo co-nhecer o trabalho, no queconcerne a qualidade do produto,embalagem e comercialização,além do nível de satisfação dosprodutores e consumidores.

De volta, reuniram-se emAntônio Carlos, juntamente como secretário de Agricultura destemunicípio, para se organizarem einiciar a produção. Em AntônioCarlos haverá um grupo de pro-dutores, cuja assistência técnica

caberá à engenheira agrônomaRosilda Helena Seltrim, da prefei-tura, trabalhando no convênioMicrobacias da Epagri. No Sul eem Blumenau, os grupos serãoorganizados em breve pelos técni-cos responsáveis pela assistênciados escritórios da Epagri e dasprefeituras que desejarem parti-cipar ou mesmo de ongs.

A Rede Angeloni de Super-mercados adquirirá toda a produ-ção, que será feita de acordo coma demanda já levantada. Além daausência de agrotóxicos, as plan-tas receberão fertilizantes emdoses controladas pelo sistema deaplicações de água por gotejo.

Em Antônio Carlos as mudaspara todos os produtores estarãoa cargo de um único produtor,especializado em cultivo protegi-do de mudas de hortaliças.

Estados UnidosEstados UnidosEstados UnidosEstados UnidosEstados Unidosdefine padrõesdefine padrõesdefine padrõesdefine padrõesdefine padrões

de produçãode produçãode produçãode produçãode produçãoorgânica deorgânica deorgânica deorgânica deorgânica dealimentosalimentosalimentosalimentosalimentos

Após vários anos de discus-sões entre diversas entidades go-vernamentais, privadas e ongs, oDepartamento de Agricultura dosEstados Unidos - USDA publicourecentemente um conjunto denormas que estabelecem, pelaprimeira vez, os padrões técnicos,uniformizados nacionalmente,para a produção e processa-mento de alimentos orgânicos,que incluem vegetais, frutas,grãos, animais (bovinos, suínos,aves, etc.). As normas incluemuma lista de materiais e procedi-mentos que podem e que nãopodem ser utilizados para a pro-dução de alimentos orgânicos eum sistema de certificação destesprodutos.

Em 1990, o Congresso ameri-cano estabeleceu a Lei de Produ-ção de Alimentos Orgânicos queautorizou o Departamento deAgricultura (equivale ao nossoMinistério da Agricultura) im-plantar e administrar um con-junto de regras uniformizadaspara a produção orgânica ou ecoló-gica, que agora está sendodivulgada. Tal lei também deman-dou que o USDA estabelecesseum Conselho Nacional de Padro-nização Orgânica (órgão repre-sentativo e democrático que in-clui produtores e processadoresorgânicos, cientistas e consumi-

dores), o qual desde 1992 vemtrabalhando com consultas avárias organizações em todo opaís para sugerir aperfeiçoamen-tos nas normas. Agora que fo-ram concluídas e publicadas es-tas normas, haverá um períodoonde a sociedade americana (pú-blico, ongs, empresas, etc.) iráanalisá-las e propor aditamen-tos ou modificações, se for ocaso. A publicação final das nor-mas definitivas deverá aconte-cer provavelmente dentro de umano.

Muitos cientistas agrícolas eambientais americanos, bemcomo entidades civis e de consu-midores estão preocupados poisas normas recém-publicadas nãolevaram em conta algumas re-comendações do Conselho Na-cional. Uma importante e ativaentidade, a Union of ConcernedScientists-UCS, que reúne ci-entistas da área agrícola e am-biental, entende que odirecionamento dado pelo Con-selho às normas é adequado,citando por exemplo o veto doConselho com respeito à inclu-são de organismos geneticamen-te modificados nos sistemas or-gânicos, naturais de produção ea recomendação de que os ani-mais não devam estar enclau-surados, confinados, e sim teracesso às pastagens, ao campo,em contato com a luz direta dosol. Entretanto, o USDA nãolevou em conta estas e outrasimportantes recomendações,relaxando nas normas, e, parasurpresa de muitos, liberou paradiscussão a possibilidade de uti-lizar irradiação na agriculturaorgânica. A UCS tem fortes sus-peitas que setores da indústriada biotecnologia, da produçãoanimal e outros estão pressio-nando o governo americano. AUCS solicita que a sociedade fi-que atenta e que escreva urgen-temente ao Departamento deAgricultura para que ele revejasua posição em muitos itens dasnormas de produção orgânica,mantendo um programa que sejaverdadeiramente de agricultu-ra orgânica e que respeite osconsumidores.

A revista Agropecuária Ca-tarinense vai acompanhar esteassunto pela Internet, e divul-gar possíveis novidades nos pró-ximos números da revista.

Quem desejar mais infor-mações sobre este tema pode-rá acessar a Internet no seguin-te endereço eletrônico:www.ucsusa.org.

o

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

A cultura do vime em Santa Catarina: altos eA cultura do vime em Santa Catarina: altos eA cultura do vime em Santa Catarina: altos eA cultura do vime em Santa Catarina: altos eA cultura do vime em Santa Catarina: altos ebaixos de uma alternativa econômica e socialbaixos de uma alternativa econômica e socialbaixos de uma alternativa econômica e socialbaixos de uma alternativa econômica e socialbaixos de uma alternativa econômica e social

Reportagem de Paulo Sergio TagliariFotos de Renata Muehlhausen e Paulo Sergio Tagliari

Quem já não comprou ouutilizou uma cesta, ou se sen-tou em uma confortável ca-deira de vime? Pois bem, es-tes conhecidos objetos de ar-tesanato, até chegarem aoconsumidor, passam por umasérie de etapas, desde a la-voura, onde o ramo do vime écolhido e local onde é proces-sado, até o comércio, onde évendido. Uma visão geral daplanta, do seu cultivo, proces-samento e da sua comercia-lização é o objetivo da repor-tagem a seguir.

ouca gente sabe, mas a culturado vime é hoje uma das princi-

pais, senão a principal, fonte de rendapara muitas centenas de pequenaspropriedades rurais catarinenses con-centradas, na região do Planalto Sul,em municípios vizinhos ou não muitodistantes de Lages, SC (Tabela 1).Além de um comércio intenso e tradi-cional ligado ao vime - matéria primae artesanato - , a facilidade no cultivoda planta tem atraído inúmeras famí-lias para esta atividade. Santa Catari-na já é o maior produtor nacional devime. Afora a expressão econômica,também contribui socialmente na ab-sorção da mão-de-obra local no perío-

do de entressafra das culturas anuaisde verão (a colheita e o processamentoocorrem de julho a setembro). É umaatividade explorada geralmente empequenas áreas, importante para asustentabilidade da propriedade agrí-cola familiar, contribuindo, dessa for-ma, para o equilíbrio social das popu-lações rurais dos municípios produto-res. Atualmente com o desempregocrescente em vários setores da econo-mia, a agricultura oferece alternati-vas bastante válidas, a exemplo destarelacionada ao vime, pois o investi-mento é mínimo e o retorno econômi-co e social é considerável. Oxalá pos-sam os políticos e governantes atenta-

rem mais para as potencialidades queo setor agropecuário oferece, já que,sabidamente, estudos em diversoslocais do mundo comprovam que man-ter um migrante rural na cidade ésete vezes, em média, mais caro doque mantê-lo em sua origem.

Sabedoras da importância estraté-gica do vime, muitas prefeiturascatarinenses, com o apoio da Epagri,estão estudando formas de apoiar ospequenos agricultores. No mês deabril, o Estado recebeu a visita deduas especialistas alemãs que vieramprestar assessoria na produção e noprocessamento do vime. As consulto-ras Bettina Braun (agrônoma, espe-

A produção de vime em Santa Catarina se concentra no Planalto Sul

P

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

cialista em produção) e Iris Bertz (ar-tista plástica, especialista em artesa-nato), que trabalham para a Agênciade Cooperação Técnica Internacional-GTZ da Alemanha, percorreram osprincipais municípios produtores doPlanalto Sul, acompanhadas por téc-nicos da Epagri, e também o municí-pio de Garuva onde a produçãoartesanal é bastante desenvolvida. Oobjetivo da visita foi fazer um levanta-mento da situação produtiva do vimee verificar os métodos e técnicas deplantio em território catarinense. Naocasião elas mantiveram contato comos técnicos municipais e debateramos interesses, as demandas, oprocessamento e a comercializaçãodo vime. Além da visita aos muni-cípios, a Epagri realizou reuniões téc-nicas nos municípios de Lages e SãoJoaquim, culminando com um cursode produção e processamento de vimeno Centro de Treinamento - Cetrejo,em São Joaquim, SC, com a presen-ça de produtores e artesãos catari-nenses.

Melhor renda por hectare

O vime ou vimeiro, da família dasSalicáceas, tem parentes próximos

Tabela 1 - Caracterização da produção de vime em Santa Catarina, municípios,

número de produtores, área cultivada, produtividade e produção, 1997

Número Área Produtivi-Município de cultivada dade

produtores (ha) (t/ha)

Bom Retiro 380 450 16 7.200Bocaina do Sul 317 395 8 a 10 3.160Rio Rufino 200 250 15 3.750Urubici 325 65 18 1.170Urupema 35 35 10 350Palmeira 09 20 08 160

Total 1.266 1.215 - 15.790

Fonte: Secretarias Municipais de Agricultura e Epagri.

Produção(t)

Vime com mais de 20 anos de cultivo -

Rio Rufino, SC

Consultoras

alemãs visitam

artesão de Bom

Retiro, SC

como o álamo e o salgueiro e seunome científico é Salix viminalis. Se-gundo a especialista alemã BettinaBraun, o vime trabalhado pelosartesãos em Santa Catarina (Salix xrubens) é um híbrido de duas espécieseuropéias o Salix alba e Salix fragilis,tendo sido introduzido no Sul do Bra-sil há mais de meio século onde sedispersou pelos Estados de São Paulo,Paraná, Santa Catarina e Rio Grandedo Sul. O parente do vime aqui noBrasil e América do Sul é o conhecidosalgueiro, ou salso (Salixhumboldtiana ), árvore nativa encon-trada na beira dos rios e mata ciliar emuito indicada para reflorestamentoao longo das margens dos rios, lagos ereservatórios, para evitar a erosão e oassoreamento. Enquanto isso, o vime,

embora tenha sido introduzido emdiferentes locais de Santa Catarina,estabeleceu-se no Planalto, onde hojeocorre espontaneamente nas margensdos cursos de água, e está sendo culti-vado em várzeas especialmente nosmunicípios da região de Lages. Exis-tem povoamentos espontâneos, emgeral nas margens de cursos de águaou em várzeas encharcadas onde ovime é colhido sem maiores cuidados.Há aqueles cultivados em áreas mar-ginais da propriedade, onde não é feitoo preparo do solo e a densidade deplantio é bastante variável. Os tratosculturais resumem-se a roçadas espo-rádicas, sendo comum o pastoreio apóso corte das varas (colheita). O rendi-mento deste sistema é variável, de-pendendo da área e da idade das plan-

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 25

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

tas, ficando em torno de 12 a 15t/ha devime verde. E, finalmente, ocorremos plantios tecnificados em várzeascom drenagem, preparo do solo,calagem, adubação e controle deplantas daninhas. Em alguns municí-pios os cultivos de fumo, milho oufeijão nestas várzeas estão sendo subs-tituídos pela cultura do vime devidoao risco de inundações periódicas. Aprodutividade pode alcançar 30 a45t/ha.

A reportagem da RAC esteve acom-panhando a visita dos técnicos da Epa-gri com a consultora alemã BettinaBraun, no município de Bocaina doSul, localidade com grande tradiçãono cultivo e processamento do vime.Possui 50 famílias que trabalham comartesanato e 51 que descascam vime,com uma produção de peças de artesa-nato num total de 13.500 unidades/mês. Um dos produtores visitados, eque também faz artesanato, é o Sr.Silvestre Basquerotti, da Comunida-de de Campinas, onde cultiva 5ha devime com a participação de toda afamília. Em anos passados explorava

O vime cresce

naturalmente

em áreasencharcadas ou

de várzea

agrícola Saulo Luiz Poffo, e estádisposto a ampliar aos poucos suaárea de cultivo. Além de produzir seupróprio vime, ele também comprade outros produtores (R$ 0,70/kg des-cascado) e revende a R$ 1,00. Emmédia, está colhendo cerca de25t/ha, podendo vender verde nalavoura para intermediários quevêm de São Paulo ao preço de R$ 0,15.Com isto, sem gastos e mão-de-obra,obtém R$ 3.750,00 livres. Porém, oSr. Batista também processa o vimecom a ajuda de mulher e filho, elabo-rando peças como cestas, carrinhos,fraldeira, etc. Desta maneira, aocusto médio de R$ 0,60 a R$ 1,00por peça, ele revela que chega aganhar R$ 15.000,00/ha (quatrovezes mais do que comercializando amatéria-prima). Vale destacar que acomercialização dos produtos - varase peças - é praticamente semanal, ouseja, é difícil encontrar uma ativi-dade na agropecuária que tenha umrendimento constante, sem muitoscustos, como esta do vime.

O técnico Saulo diz que há váriosdestinos para a produção de Bocainado Sul, que é um reflexo do que acon-tece nos outros municípios. As varasfinas e verdes, denominadas de palito,têm por destino o Rio Grande do Sul,usadas no amarrio das videiras e cul-tivos de quivi. E cerca de 40% sai domunicípio para serem descascadas emmunicípios vizinhos. As varas secas

#

FamíliaBasquerotti:

produção e

artesanato fazem a

maior parte da

renda familiar

o vime das plantas que ocorriam isola-das às margens do rio, mas hoje jáestá até arrendando terra paraampliar a área de cultivo. Sua produ-ção ainda deixa a desejar tecnica-mente, mas é um agricultor que pro-cura melhorar e aceita novas tecnolo-gias. “Hoje vale mais a pena cultivar o

vime do que milhoou criar gado”, de-põe Silvestre. Omesmo pensamen-to é compartilhadopor um vizinho, oSr. Osni Batista deSouza, que tambémprocura ouvir comatenção as reco-mendações doextensionista localda Epagri, o técnico

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vão para fábricas, via intermediáriosde Rio dos Cedros e Garuva, e para oRio Grande do Sul. Os artefatos sãodestinados a São Paulo e Rio de Janei-ro. Existem atualmente três firmasno município de Bocaina do Sul quelidam com vime. Outro dado é que 35pessoas já receberam treinamentospara confecção de peças de vime porintermédio do Sine e Senar. Apesarde todo este esforço e dedicação, ostécnicos em geral concordam e ospróprios produtores já perceberamque a tendência é de diminuição dademanda por produtos de vime. Osconsumidores estão mais exigentes,preferem pagar um pouco mais, po-rém buscam produtos de melhor qua-lidade, mais duráveis, formas maismodernas. As fábricas de plástico, porexemplo, hoje em dia colocam produ-tos mais resistentes a preços compe-titivos. “Uma grande firma de Caxiasdo Sul, que comprava artesanatocatarinense, teve que mudar deramo”, comenta o engenheiro agrô-nomo Ludgero Lengert, coordenadordo programa de profissionalização deagricultores da Epagri, para quemuma das saídas é diversificar a produ-ção, melhorando também a qualidade

do artesanato. Atualmente ofaturamento anual com a venda dovime in natura gira na casa dos R$ 2,6milhões, e se os produtores beneficia-rem o produto os ganhos serão bemmaiores. “Outro ponto que a Epagriestá verificando é a questão das vari-edades de vime. O nosso vime é dequalidade inferior, não é bom paramanejar artesanalmente, não tem boaflexibilidade, quebra com mais facili-dade e existem tipos superiores noChile e na Europa. Mas temos que tercuidado antes de introduzir um novomaterial, pois o vime brasileiro érústico, está adaptado as nossas con-dições, é resistente a doenças e pra-gas. A Epagri deverá iniciar testespara comparar diferentes variedadesde vime, ver qual o melhorespaçamento de plantio, adubação,etc.”, completa Lengert.

Normas técnicas ajudam

A colheita do vime é realizada nofinal do outono e durante o inverno.Após o corte, as varas são reunidasem feixes de 20 a 30kg, para facilitaro transporte e manuseio para o cha-mado cozimento, onde as varas colhi-das são fervidas em caldeiras comdiferentes capacidades, aquecidas àbase de lenha, a uma temperatura deebulição (100oC), durante aproxima-damente 60 a 90 minutos. Algunsprodutores utilizam tambores de me-

tal com capacidade para 200 litros,repartidos em duas partes iguais esoldadas uma na outra, sem a divisó-ria central. O descascamento deve serfeito logo após o cozimento, com acasca saturada de umidade. Não érecomendável qualquer outro proces-so, além do descascador de mola, queé elaborado artesanalmente com fer-ros de construção. Esses ferros sãofixados em uma mesa onde se procedea operação. Após o descascamento asvaras são secadas em estaleiros, ex-postas ao sol por um período de um atrês dias, dependendo das condiçõesclimáticas. Alguns produtores, porfalta de mão-de-obra ou por hábito,costumam passar as rodas de tratorpor cima dos feixes de vara para ga-nhar tempo. É o caso do Sr. VilmarVolniewicz, um dos mais tradicionaisexploradores de vime da região. Suapropriedade fica às margens da BR282 que liga Florianópolis a Lages, nacomunidade de Areião e ele cultivaseu vime em uma várzea, ao longo deseu terreno que costuma alagar se-guido. Bettina Braun aponta que atécnica de passar o trator em cimaestraga muito o vime, rachando einviabilizando muito material. MasVilmar, como que para compensareste mau hábito, revela que as cascasdas varas, que muita gente queima oujoga fora, ele aproveita para jogar nalavoura. “É um bom adubo, eu jogo naroça de milho e ele fica até dois anos

Osni Batista de Souza mostra o tanque

de cozimento das varas de vime

Após

cozimento,

varas são

descascadasartesanalmente

utilizando

ferros de

construção

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 27

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

degradando e formando uma capa pro-tetora no solo e impedindo as ervasdaninhas de crescerem muito”, contasatisfeito.

Os produtores catarinenses con-tam agora com uma ferramenta mui-to importante. Trata-se das Normastécnicas do cultivo do vime que, comodiz o nome, traz uma série de reco-mendações para o plantio, manejo,processamento e comercialização dovimeiro. Este trabalho foi possívelgraças à dedicação de técnicos, pes-quisadores, produtores e artesãos quese reuniram e compilaram o que exis-te de mais correto e adequado para acultura do vime em Santa Catarina.“Estas normas são importantes paraorientar tecnicamente os produtores,que poderão se credenciar para obtercrédito nos bancos, o que lhes possi-bilitará investir no negócio. A Epagrijá está em tratativas com o sistemabancário e as perspectivas são boas”,explica o pesquisador da Epagri,Joseli Stradioto Neto, e emenda:“este é um primeiro passo importantepara apoiar o pequeno agricultor, de-pois temos que organizá-lo, torná-loforte, evitando que fique à mercê dointermediário. Depois disso, entra apesquisa, com trabalhos que vão indi-car qual a melhor variedade, qual adensidade de plantio mais adequada,a melhor adubação e assim por dian-te”.

Entre as informações constantes

das Normas destacam-se itens comopreparo da área, preparo das estacas,plantio, práticas culturais, colheita ea tecnologia de pós-colheita. O plantiodo vime é feito através de estacas,retiradas de plantas vigorosas, livresde doenças e pragas, produtoras devaras longas e sem ramificações. Asestacas podem ter tamanho que variade 30 a 80cm, conforme o sistema deplantio, e devem ser plantadas nosmeses de julho a agosto, cravando-seperpendicularmente ao solo e à pro-fundidade de 10 a 15cm, de modo quea mesma permaneça firme. Um as-pecto técnico importante é oespaçamento entre as linhas de plan-tio que, por sugestão da consultoraalemã, deve ter de 50 a 60cm e, entreplantas, 10cm. Isto é fundamental,porque muitos produtores plantamespaçado demais e a tendência é pro-duzir galhos grossos com ramifica-ções laterais, ao invés de galho finos eeretos, que são os de melhor qualida-de, mais flexíveis e que mais se pres-tam ao beneficiamento de artesanato.Outra dica interessante é manter ocultivo no limpo, evitando a concor-rência com ervas invasoras. O Sr.Martinho Teodoro Kauling, da Comu-nidade de Piúrras, é um produtor devime que leva no capricho sua lavou-ra. “Eu sempre deixo no limpo, pois sebobear, o inço forma touceiras e com-pete com o vime, fica difícil até deentrar entre as filas”, observa o pro-

dutor. Ele diz que vende ao interme-diário, o qual colhe as varas verdes epaga entre 0,10 e 0,12 reais por quilo.“Estas terras onde está o vime eramde banhado, inúteis, mas há 12 anoseu comecei a cultivar o vime e hojenão me arrependo”, declara o Sr.Martinho, que aproveitou a visita dostécnicos da Epagri e a consultora ale-mã para satisfazer sua curiosidadesobre vários aspectos do cultivo dovime.

A adubação, como os técnicos cons-tataram nas visitas aos diversosprodutores dos municípios do Pla-nalto Sul, ainda é feita geralmentede maneira empírica. A calagem énecessária, preferentemente ocalcário dolomítico, mantendo o pHdo solo entre 5,0 e 5,5. O potássio(K) e o fósforo (P) são nutrientesfundamentais na produção do vime,devendo o nível destes sermonitorado anualmente, se possível.Deve-se evitar a adubaçãonitrogenada através da uréia, queprovoca um aumento no miolo davara, que é mais poroso, e isto baixa aqualidade do vime. A consultora ale-mã acredita que com alguns ajustesna adubação será possível aoprodutor serrano elevar seu rendi-mento que está na casa de 15t/hapara perto de 45t/ha. Mas isto nãoquer dizer que ele deva priorizareste objetivo, o importante também éa melhoria da qualidade do vime, poishá o risco, como já está acontecendo,dos compradores buscarem vime emoutras regiões ou países.

Deve-se ter atenção especial comas formigas. O controle deve ser feitodurante o plantio, de forma preven-tiva, por meio de vistorias no local enas áreas vizinhas de capoeiras ouflorestas. Pode ser utilizado tambémo controle por meio de iscas formi-cidas.

A colheita deve ser anual e feitaapós a queda total das folhas. O cortedas varas é procedido com uma tesou-ra de poda bem afiada, com o corterente ao calo da planta, devendo per-manecer algumas gemas basais navara cortada. Após a colheita é feito ocozimento, depois a secagem. Em se-guida, as varas devem ser classifica-

Densidade de

plantio é um

fator

importante nocultivo do vime #

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Varas de vime prontas para comercialização

Tabela 2 - Classificação do vime para comercialização

Dimensões da vara

Diâmetro ½ vara Comprimento(cm) (m)

A (extrinha) < 0,45 < 0,85B (extra) 0,46 a 0,70 0,86 a 1,70C (caneta) 0,71 a 1,20 1,71 a 3,00D (casquinha) 1,21 a 3,20 3,01 a 4,80E (grosso) > 3,20 > 4,80

das para a venda ou para oarmazenamento, utilizando-se a clas-sificação apresentada na Tabela 2.Após a secagem e a classificação, asvaras podem ser armazenadas. O lo-cal deve ser bem ventilado e as varasseparadas por tipo. É recomendadoque o depósito tenha possibilidades deentrada e saída de ar para facilitar aventilação natural.

A técnica Bettina Braun resumealgumas das impressões colhidas apósa visita aos diversos municípios eprodutores: “Sem dúvida uma dasgrandes vantagens do vime é que setrata de uma cultura de baixo uso deinsumos, logo o custo de produção ébaixo. Além disso, aproveita áreasmarginais (várzeas) na pequena pro-priedade, que normalmente não se-riam aproveitadas por qualquer outrocultivo, e que assim, também preser-vam o meio ambiente. Neste aspecto,ela fala que na Europa a consciênciaambiental é crescente, o uso do plás-tico, produto que leva anos para sedegradar e que é oriundo do petróleo,um recurso não renovável, está sendosubstituído por vime em muitas situ-ações. O vime é empregado em traba-lhos artesanais com crianças nas es-colas, protege de ruídos fortes, servin-do de proteção nos aeroportos contrao som dos aviões, quebra-ventos, emuito mais.

Outro aspecto importante discuti-do entre os técnicos e pesquisadoresda Epagri é a questão de mercado. Oalerta é que não se deve incentivarmais produtores para entrar nestenegócio, que assim como está, já co-meça a apresentar um certo inchaço.As questões tecnológicas são impor-tantes, mas o grande desafio é organi-zar os produtores catarinenses, essesque já estão aí, que têm tradição, quejá vêm sofrendo as peripécias de ummercado dominado, muitas vezes, porvários intermediários, que evidente-mente exploram ao máximo os peque-nos produtores e artesãos. O outropasso fundamental é treinar, capaci-tar estes pequenos empresários ru-rais, buscando a melhoria na qualida-de e diversificação das peçasartesanais, concluem os especialis-tas. Mercado do vime artesanal começa a ficar saturado, alertam os técnicos

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R e p o r t a g e mR e p o r t a g e mR e p o r t a g e mR e p o r t a g e mR e p o r t a g e m

Alemã treina artesãosAlemã treina artesãosAlemã treina artesãosAlemã treina artesãosAlemã treina artesãos

“Os trabalhos daqui são muito bons”, con-firma a especialista, “mas é preciso diversifi-car, fazer produtos mais resistentes e queestão na moda ou que tenham mais demanda;paralelo a isso, é preciso melhorar a qualidadedo vime catarinense, que é muito quebradi-ço”, orienta Iris. Esta má qualidade é que estáforçando o pessoal de Garuva e de outrasregiões do Brasil a iniciar a importação dovime chileno, que é mais flexível, melhor paratrabalhar, e se isto continuar vai inviabilizara produção do Planalto Sul Catarinense. Aextensionista Renata Muehlhausen, respon-sável geral pelos cursos de profissionalizaçãoda agroindústria artesanal da Epagri, concor-da com Iris e vai mais além, apontando anecessidade de mais contato entre os artesãos.“Foi por isso que trouxemos alguém de Garuvaaqui para o Planalto no curso e assim mostrarque as duas regiões não são inimigas comer-ciais, pelo contrário, juntando forças o artesa-nato catarinense pode progredir”, propõe.Renata explica que a associação dos produto-res e artesãos de Garuva está organizada hámais tempo, tem um trabalho artesanal maisaprimorado e está com melhor experiênciaem comercialização, pois tem um bom plane-jamento e conhecimento do mercado, o que

também deveria acontecer com a Associa-ção Regional de Artesãos do Vale do RioCanoas, recém-fundada no ano passado.“Não só deve ocorrer contatos entre osartesãos, mas é imprescindível também en-contros periódicos entre produtores e artí-fices, pois assim os agricultores saberãoaquilo que o artesão necessita e, obviamen-te, venderão mais e melhor”, complementaa extensionista.

Além dos contatos entre os váriosartesãos, o curso ministrado pela especialis-ta alemã serviu para explorar a criatividadedeles, trazendo à tona todo um potencial queestava latente. Para isto foram idealizadasvárias metodologias como teatro, conver-sas, depoimentos pessoais, etc. Além denovas técnicas aprendidas e de novas ferra-mentas que conheceram, os agricultores--artesãos puderam exteriorizar sua sensibi-lidade artística através da confecção de pro-dutos diferenciados como maçãs, guarda--chuvas, guitarras, cestos reforçados e mui-tos outros. A estratégia da Epagri é treinarestes artesãos, reconhecidamente experi-entes, para que eles, por sua vez, treinemoutros menos capazes e assim promoveruma melhoria na qualidade dos produtos. “Éum processo lento”, explica Iris Bertz eemenda: “o ideal é que tenhamos cursosperiódicos, num avançar constante, sempreprocurando aprimorar e trazer melhorestécnicas e conhecimentos”. Ela tambémadverte que se não for feito algo urgente,pode acontecer aqui o que aconteceu na suaterra, a Alemanha. “Há 40, 50 anos atrás,nossos avós eram bons artesãos, sabiamconfeccionar bons produtos, porém com opassar do tempo, os mais jovens foram rela-xando, os produtos ficaram mais simples,começaram a diminuir de preço e a qualida-de piorou. Atualmente praticamente nãoexiste produção artesanal na Alemanha,pois o produto de fora é mais competitivo. Éo que pode acontecer aqui no Brasil”, alerta,“daqui a pouco chega um produto bem bara-to da China ou qualquer outro país e quebratodo mundo por aqui”.

Um dos objetivos do curso é ensinar os

artesãos a fabricar objetos mais

resistentes

Artesãos em curso no Centro de

Treinamento de São Joaquim(a extensionista Renata, segunda da

direita para a esquerda, e a professora

Iris, agachada logo abaixo)

Artesãos e a professora Iris (segunda da

esquerda para a direita) junto a uma

maçã toda feita de vime

Catarinenses aprendem novas técnicas

para melhorar a qualidade do produto

Como se falou anteriormente, a impor-tância econômica e social do vime para asquase duas mil famílias de agricultores eartesãos no Planalto Sul em Santa Catarinaé altamente relevante, sem falar nas 4.800famílias que vivem direta ou indiretamentedo artesanato em Garuva, SC . Qualquerprograma que vise atender as necessidadesdestes grupos é mais do que bem-vindo. Ésalutar saber que as prefeituras, apoiadastecnicamente pela Epagri, estão envidandoesforços no sentido de aprimorar a produçãoe o beneficiamento. A consultora alemã IrisBertz, especialista em artesanato, passouuma semana no Centro de Treinamento daEpagri em São Joaquim convivendo comvários produtores de vime e artesãos, procu-rando passar novas técnicas e conhecimen-tos desta bela arte de confeccionar formas eprodutos de vime. “Fiquei entusiasmadacom a grande vontade de aprender doscatarinenses e da capacidade de trabalho dopessoal”, declarou Iris à reportagem. Assimcomo a técnica Bettina, Iris percorreu diver-sas propriedades, conheceu a realidade dacultura e do artesanato catarinense, obser-vando os pontos fracos e fortes. Com baseem sua experiência de nove anos estudandoe trabalhando com vime na Europa, conse-guiu trocar idéias e sentir as necessidades doartífice catarinense.

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30 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

NOVIDADESDE MERCADO

LançadoLançadoLançadoLançadoLançadosuperaditivosuperaditivosuperaditivosuperaditivosuperaditivopara motorespara motorespara motorespara motorespara motoresAcaba de ser lançado no

mercado um novo produto paramelhorar a eficiência do motorde veículos. Trata-se do Alverol,um superaditivo para motoresque tem como função principal aredução de atrito, além de redu-zir a emissão de poluentes, me-lhorar o desempenho e prolon-gar a vida útil do motor. Trata-sede um produto importado daAlemanha e originalmente de-senvolvido para usos militares eespaciais e posteriormente tes-tado e aprovado inúmeras vezespara uso em veículos comerciaise particulares. O Instituto dePesquisas e Estudos Indus-triais na Faculdade de Enge-nharia Industrial - FEI de SãoPaulo testou e aprovou estesuperóleo.

Alverol é uma películadeslizante redutora de atritopara superfícies metálicas,antidesgaste, de alta resistên-cia, grande durabilidade, não--tóxica, para uso em motoresveiculares ou estacionários,câmbios, diferenciais. Reduz oatrito de metal com metal, pro-tegendo e aumentando signifi-cativamente a vida útil das peçasdevido ao menor desgaste, aju-dando a economizar. Alverol éaplicado uma única vez antes deuma troca de óleo, e mantémsuas excepcionais qualidadesdurante mais de 100 mil quilô-metros. A composição especialdeste produto garante uma se-lagem das peças metálicas emcurto espaço de tempo. As sub-seqüentes trocas de óleo nãoalteram mais a película seladora.Reduz em até 50% a emissão depoluentes ocasionada por veícu-los automotores movidos à ga-solina, álcool ou diesel, melho-rando a qualidade do ar nos gran-des centros urbanos. Reduz tam-bém em até 10% o consumo decombustível e poupa óleo, o querepresenta economia no bolso epreservação das fontes de ener-gia não renováveis. Aumentaainda em até 15% o torque domotor e diminui em até 60% odesgaste das peças.

Alverol é um superaditivopara o motor, não para o óleonem para o combustível. Ele usao óleo apenas como veículo paraser aplicado, não permanecen-

do no óleo. Ele faz o que todos osóleos gostariam de fazer e nãoconseguem: proteger o motor napartida a frio, onde o desgaste émaior e os aditivos não atuam,pois estão juntos com o óleo nofundo do cárter e não nas peças,lubrificando-as.

Para quem quiser saber mais,contate ECOgarant Brasil, Pro-dutos Técnicos Ltda., Telefax (011)521-4189 ou representante emSanta Catarina pelo fone (047)822-0337.

Embrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaEmbrapa lançaduas novasduas novasduas novasduas novasduas novas

variedades devariedades devariedades devariedades devariedades desojasojasojasojasoja

A Embrapa Cerrados - unida-de da Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária - Embrapa,localizada em Planaltina/DF - lan-çou as variedades de soja Celestee Carla, de alta produtividade eresistentes a doenças, indicadaspara a região dos Cerrados.

A variedade Celeste apresen-ta produtividade média entre3.500kg e 4.000kg/ha, tendo che-gado a 5.000kg/ha. A produtivida-de média da soja, no Brasil e nosCerrados, é pouco superior a2.000kg/ha. Nos dois últimos anosa ‘Celeste’ apresentou a melhorprodutividade dentre todas asvariedades existentes e com elatestadas, segundo informa o en-genheiro agrônomo Plínio Itamarde Souza, responsável pelas pes-quisas com soja na Embrapa Cer-rados. A ‘Celeste’ é resistente àsprincipais doenças, inclusive aocancro-da-haste e ao olho-de-rã,os principais problemas enfrenta-dos pelos produtores. “Essa resis-tência reduz, e em alguns casosaté elimina, a aplicação deagrotóxicos, o que traz economiade custos para o agricultor e bene-fícios ecológico-ambientais paratoda a sociedade”, diz o engenhei-ro agrônomo Carlos Magno Cam-pos da Rocha, chefe geral daEmbrapa Cerrados.

A outra novidade é a cultivardenominada Carla, que tambémapresenta alta produtividade, commédia de 3.000kg/ha, chegando aaté 4.500kg/ha. É resistente aocancro-da-haste e outras doençasimportantes. Seu ciclo médio, de123 dias (inferior aos 140 dias dociclo longo), permite ao agricultorplanejar melhor as diversas eta-pas e operações da lavoura.

Tanto a ‘Celeste’ como a‘Carla’ são indicadas para plan-tio direto e plantio convencional.São bastante resistentes aoacamamento. Foram desenvolvi-das pela Embrapa Cerrados, emparceria com a Fundação Cerra-dos. São recomendadas para aregião dos Cerrados e agora estãosendo testadas no Paraná e SãoPaulo. Mais informações peloFone (061) 389-1171. Texto dojornalista Jorge Reti.

Alcoa apresentaAlcoa apresentaAlcoa apresentaAlcoa apresentaAlcoa apresentatelha para otelha para otelha para otelha para otelha para o

campocampocampocampocampoA Alcoa Alumínio apresenta

para o setor agropecuário aAgrotelha, uma telha em alumí-nio, com acabamento “stucco”, es-pecialmente desenvolvida paracoberturas de aviários, estábulose outras construções em áreasrurais, dos setores de avicultura,suinocultura e agrícola.

Projetada e fabricada segun-do os rigorosos padrões de quali-dade das normas ISO 9001, aAgrotelha é leve, de fácil instala-ção, não absorve umidade (o queé muito comum em outros tipos decoberturas e, em espaços rurais,prejudicando inclusive a criaçãode animais e aves ou a armazena-gem de grãos), não propicia a pro-liferação de fungos e pode serlavada com água e sabão, sendoideal para cobrir viveiros, estábu-los, granjas, galpões e silos.

A Agrotelha, devido ao seuacabamento “stucco”, permite umamaior difusão dos raios solares, oque resulta numa temperaturainterna ideal e agradável, carac-terística desejável à criação deanimais e ao cultivo de mudas eplantas. Elevada resistência a pro-dutos químicos, intempéries e àprópria corrosão são fatores adici-onais que garantem a durabilida-de dos telhados, fechamentos eambientes que utilizam aAgrotelha.

A relação peso-tamanho daAgrotelha é outro fator positivopara sua escolha. Cada telha pesaapenas 2,34kg, tem 5mm de es-pessura, 670 x 2.440mm de di-mensão e área útil de 1,63m2 oque, conseqüentemente, gera es-truturas de apoio mais leves e umespaçamento muito maior entreterças, acarretando uma reduçãode custos e de prazos de monta-gem.

“Oferecer uma telha leve, prá-

tica, de extrema durabilidade,que pode ser instalada pelo pró-prio usuário, sem quaisquer com-plexidades, empregando ele-mentos de fixação encontradosfacilmente em casas de materialde construção, esse é o objetivoda Alcoa na concepção daAgrotelha para atender ao setoragrícola ao qual não se adequa-va nossa linha de telhas indus-triais”, explica Thomas Reaoch,Gerente da Divisão deLaminados da Alcoa.

Para uma instalação adequa-da da Agrotelha, há uma com-pleta linha de acessórios parafixação, arremates, ajustes eacabamento, comumente em-pregados em telhados, além dadisponibilidade da assessoriatécnica da Alcoa que pode orien-tar qual material é usado até ainstalação, proporcionando aocliente um serviço planejado epersonalizado no atendimentode suas necessidades.

Mais informações pelo Fone(011) 241-7663 São Paulo, SP.

Curso deCurso deCurso deCurso deCurso decogumelo do solcogumelo do solcogumelo do solcogumelo do solcogumelo do sol

Os relatos da ação medici-nal, principalmente na preven-ção e tratamento do câncer, tor-nou o cogumelo do sol conhecidocientificamente como Agaricusblazei, muito solicitado em di-versos países asiáticos, nos EUAe no continente Europeu, ondeum quilo do produto desidratadopode ser mais caro do que ouro.

O interessante é que estecogumelo parece ter origem noBrasil, onde tem as melhorescondições para seu desenvolvi-mento.

Através de um convênio en-tre o Centro de Produções Téc-nicas - CPT e o Módulo de Cogu-melos Comestíveis da Unesp -Campus de Botucatu, SP, foiproduzido um curso de treina-mento à distância constituído deum filme técnico e um manualque apresentam a origem destecogumelo, quais as condiçõesideais para produzi-lo, como fa-zer um composto de qualidade,onde obter a melhor semente esuas características, como pro-duzir no campo e em estufas, oprocessamento e os canais maisseguros para comercializar oproduto.

É apresentado ainda depoi-mento de vários pesquisadoresque estão estudando os efeitos

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 31

medicinais do Agaricus blazei eo resultado de pesquisas recen-tes no Japão. O filme e manualpodem ser adquiridos pelo tele-fone (031) 891-7000. Texto dojornalista José Mauro de SouzaLima.

Empresa lançaEmpresa lançaEmpresa lançaEmpresa lançaEmpresa lançapomadapomadapomadapomadapomada

oftálmica paraoftálmica paraoftálmica paraoftálmica paraoftálmica paracãescãescãescãescães

Um produto de última gera-ção, para o tratamento de umadoença degenerativa de cães, aceratoconjuntivite seca (ou olhoseco), acaba de ser colocado nomercado brasileiro pelaSchering-Plough Veterinária.Com base em ciclosporina A a0,2%, Optimmune Pomada Of-tálmica, apresenta excelentesíndices de sucesso terapêuticocom apenas duas aplicações diá-rias.

Optimmune Pomada Oftál-mica estimula um aumento naprodução natural de lágrimas docão e promove a reversão dossintomas inflamatórios da do-ença. Sua ação terapêutica acon-tece em três níveis: bloqueio domecanismo de autodestruiçãodas glândulas lacrimais; açãoantiinflamatória da córnea econjuntiva, com a redução dapigmentação e neovascula-rização da córnea; e aumento daprodução de lágrimas, até mes-mo em cães que não apresen-tam patologia das glândulas la-crimais.

A apresentação do novo pro-duto, sob a forma de pomada,aumenta a eficácia e permite aredução da dose, por aumentaro tempo de contato do medica-mento com a superfície ocular.Optimmune Pomada Oftálmicaé apresentado em tubo com 3,5ge tem como posologia apenasduas aplicações diárias de 1,0cmde pomada no saco conjuntivalinferior de cada olho afetadopela doença.

Optimmune Pomada Oftál-mica integra a Linha EspecialPET da Schering-Plough Vete-rinária, segmento que vem con-centrando importantes lança-mentos. E reafirma o compro-misso da empresa em estar sem-pre pesquisando e colocando nomercado produtos que auxiliemo médico veterinário no de-sempenho de sua atividade pro-

fissional.A Schering-Plough Veteriná-

ria é uma das divisões da IndústriaQuímica e FarmacêuticaSchering-Plough, segunda maiorempresa nacional do setor, quetambém atua na fabricação demedicamentos humanos e comuma divisão de produtos de con-sumo.

Maiores informações sobreOptimmune podem ser obtidas naCentral de Atendimento Schering-Plough, Fone 0800-117788. Textoda jornalista Fernanda A. Torres.

Embrapa editaEmbrapa editaEmbrapa editaEmbrapa editaEmbrapa editapublicação sobrepublicação sobrepublicação sobrepublicação sobrepublicação sobre

a mistura dea mistura dea mistura dea mistura dea mistura derações narações narações narações narações na

propriedadepropriedadepropriedadepropriedadepropriedadeEstudos realizados pela

Embrapa Suínos e Aves - sede emConcórdia, Santa Catarina - com-provaram que grande parte dosprodutores não realiza a misturade rações de maneira adequada.Na visita às granjas de suínos foiverificado que em 43,1% delasnão se utilizavam balanças nopreparo das rações e que em12,1% os ingredientes eram mis-turados manualmente ou com ouso de pás. Esse levantamentotambém mostrou que rações pro-duzidas na propriedade nemsempre apresentam valores denutrientes analisados quecorrespondem àqueles previstosnas fórmulas. Uma das causaspara a ocorrência desse fato é afalta de conhecimento dos produ-tores de quais etapas e cuidadosdevem ser tomados ao se mistu-rar uma batida de ração, de modoque, após o ensaque, todos os sa-cos apresentem a mesma compo-sição em nutrientes.

“Considerando-se que osgastos com a alimentaçãocorrespondem à maior parte docusto de produção de suínos, deve--se tomar todo o cuidado com asrações que serão utilizadas, poisqualquer erro acarretará em pre-juízos para o desempenho dosanimais e, conseqüentemente, emperda de rentabilidade para osprodutores”- afirma o pesquisa-dor Gustavo Lima, responsávelpor esse trabalho.

Para suprir essa lacuna deinformação, a Embrapa Suínos eAves está lançando a Circular Téc-nica no 19 - Os cuidados com amistura de rações na

propriedade.Com 29 páginas, olivro contém todas as informa-ções básicas necessárias para queo produtor realize essa etapa, queé das mais importantes no prepa-ro das rações, com total controlede qualidade.

Interessados em adquirir apublicação podem solicitá-la porescrito à Embrapa Suínos e Aves,Área de Comunicação Empresa-rial, Caixa Postal 21, 89700-000Concórdia, SC, anexando ao pedi-do cheque nominal no valor deR$ 5,00 (cinco reais). Três reais(R$ 3,00) é o custo da publicação eR$ 2,00 (dois reais) são para cobriras despesas de correio. Texto dajornalista Tânia Maria GiacomelliScolari.

Novos tratoresNovos tratoresNovos tratoresNovos tratoresNovos tratoresMassey FergusonMassey FergusonMassey FergusonMassey FergusonMassey Ferguson

Foi escutando o produtor quea AGCO do Brasil pôde melhorelaborar o projeto da série 5000 detratores Massey Ferguson, queem abril p.p. foi oficialmente lan-çado no mercado brasileiro. A novafamília não é uma revolução, massim, uma evolução da tradicionale tão bem conhecida série 200,líder de vendas em seu segmentohá mais de quinze anos. Confor-me explica o diretor de marketinge vendas para América Latina,Alistair McLelland, o projeto dasérie 5000 é o início de uma novafase dentro da empresa, desdeque adquiriu, em 1996, a MasseyFerguson brasileira. “Estamoscom este lançamento, concreti-zando a introdução da filosofia daempresa que é de sempre escutaro cliente, e colocarmos no merca-do os produtos que ele necessita”,afirma.

A série 5000 é um produtogenuinamente brasileiro mas querecebe tecnologia já existente noexterior, embarcadas nos novosmodelos MF 5275, MF 5285 e MF5290. Nele estão colocadas inú-meras possibilidades de transmis-são, rodados e sistemas hidráuli-cos. Novo design, plataformaampla e isolada, maior autono-mia, torque superior, transmis-são 18x6, baixo custo de manu-tenção e diversos outros itens.“Foram 18 meses de trabalho emconjunto com o produtor, em diasde campo, clínicas que nos rende-ram mais que um novo produto,foi uma experiência rica em comodesenvolver um novo produto, euma integração maravilhosa comos nossos clientes”, afirma

McLelland.A expectativa de McLelland

com o novo produto é de que elevenha contribuir bastante naconquista das metas de vendasda empresa para 98, estipuladasem 15% a mais que o ano ante-rior. “Teremos outros reforçosdurante o ano, mas acredito quea série 5000 vai ser uma grandearma para alcançarmos nossosobjetivos”, conclui. Maiores in-formações: Fabio Piltcher - Ge-rente de MKT e Comunicação,Fone (051) 477-8373.

Agroceres lançaAgroceres lançaAgroceres lançaAgroceres lançaAgroceres lançasorgo híbrido desorgo híbrido desorgo híbrido desorgo híbrido desorgo híbrido de

baixo porte ebaixo porte ebaixo porte ebaixo porte ebaixo porte ealta eficiênciaalta eficiênciaalta eficiênciaalta eficiênciaalta eficiência

produtivaprodutivaprodutivaprodutivaprodutivaA Agroceres desenvolveu

um novo sorgo híbrido, o AG1018, ideal para fazendeiros queusam tecnologia moderna etêm solos de alta a média fer-tilidade. O novo híbrido incorpo-ra benefícios que o distinguemdos sorgos graníferos mais co-muns no mercado, principal-mente em função de seu altodesempenho em produtividade,resistência a doenças e qualida-de de grãos.

O sorgo é um dos cereaismais cultivados em todo o mun-do, servindo até mesmo comoalimento humano em algunspaíses em desenvolvimento,embora a principal utilização écomo componente de raçõesanimais e de processos indus-triais. A planta inteira, picada,também costuma ser usadacom muito sucesso noarraçoamento de gado, tanto aonatural como sob a forma desilagem. No Brasil, estima-se em360.000ha a área plantada comsorgo granífero em 1997, o querepresenta um crescimento de26% sobre área cultivada de1996.

“O AG 1018 é indicado paraplantio nas áreas tradicionais decultivo do cereal. O seu vigor,produtividade e resistência àsdoenças e ao acamamento serãoseus grandes diferenciais domercado”, assegura Paulo Ribas,Gerente Geral de Sorgo.

Para maiores informações,ligue (011) 222-8522 (Departa-mento de Comunicação e Servi-ços de Marketing/Agroceres)com Coriolano Xavier.

Novidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercadoNovidades de mercado

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Lista de endereçosLista de endereçosLista de endereçosLista de endereçosLista de endereçosdas empresas edas empresas edas empresas edas empresas edas empresas e

entidadesentidadesentidadesentidadesentidades

1. Iadel – Máquinas e ImplementosLtda.Rua Dona Ana, 88389155-000 Dona Emma, SCFone (047) 364-0197 e Fax (047)364-0112

2. Implementos RycRua Alexandre Ricardo Worell, 54589340-000 Itaiópolis, SCFone/Fax (047) 652-2316

3. Marcassio – Indústria e Comérciode Máquinas Agrícolas Ltda.Rua Ernesto Becker, 17088410-000 Atalanta, SCFones (047) 835-0061, 835-0151 eFax (047) 835-0151

4. Masinel – Máquinas Agrícolas SidoJahnel Ltda.Rodovia BR 158, km 10989890-000 Cunha Porã, SCFone/Fax (049) 863 0587Cel.: (049) 988 8131

5. Mecânica Mafrense Ltda.Rua Jorge Sabatke, 797, C.P. 11389300-000 Mafra, SCFone/Fax (047) 642-1533

6. Núcleo Integrado de Desenvolvi-mento de Produtos–NeDIPCurso de Pós-Graduação em Enge-nharia Mecânica/UFSCCampus UniversitárioFlorianópolis, SCFone (048) 331-7101 e Fax (048)234-1519

7. Triton Máquinas Agrícolas Ltda.Rua Dois Irmãos, 26389609-000 Luzerna,SCFone (049) 523-1144

8. Valdenésio Lauro da Silva(Rotacar)A/C Escritório Local da EpagriPraça da Bandeira, s/no

88450-000 Alfredo Wagner, SCFone (048) 276-1211

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Eficiência da calagem e da adubaçãoEficiência da calagem e da adubaçãoEficiência da calagem e da adubaçãoEficiência da calagem e da adubaçãoEficiência da calagem e da adubaçãona produção de soja e evolução dana produção de soja e evolução dana produção de soja e evolução dana produção de soja e evolução dana produção de soja e evolução da

produtividade no tempoprodutividade no tempoprodutividade no tempoprodutividade no tempoprodutividade no tempo

Eloi Erhard Scherer

arte considerável dos solos daregião Oeste Catarinense, prin-

cipal região produtora de soja do Esta-do, apresenta originalmente baixos te-ores de fósforo e altos de potássio, oque, na maioria das situações, nãopropicia respostas à adubação potássicanos primeiros anos de cultivo (1).

Em função desta característica dossolos, tornou-se comum o uso de fór-mulas de adubo com maiores teores defósforo do que de potássio, para obten-ção de altas produtividades de soja.Isto acarretou, na maioria das vezes,uma reposição de potássio inferior àquantidade exportada. Assim é, com otempo, este nutriente, em alguns so-los, tornou-se um fator tão limitante àobtenção de produtividadessatisfatórias quanto o fósforo (2 e 3).

O potássio é o nutriente exigido emmaiores quantidades pela cultura dasoja; para cada tonelada de grãos pro-duzida são extraídos aproximadamen-te 12kg de P2O5 e 20kg de K2O (3),indicando que o uso rotineiro de fór-mulas com menores teores de potássiodo que de fósforo trará, a médio e longoprazos, efeitos negativos sobre a pro-dutividade.

Tendo em vista o alto custo dosfertilizantes, torna-se necessário ga-rantir a máxima eficiência na sua uti-lização, pois uma agricultura modernarequer não só o uso de adubos e corre-tivos em quantidades adequadas, mastambém com uma relação de nutrien-tes ideal, de forma a atender às condi-ções de solo e necessidades da cultura.

A forma mais eficiente de utilizaçãode calcário e de adubos fosfatado e

potássico na cultura da soja, com baseem experimentos de longa duração, éo assunto deste trabalho.

Metodologia utilizada

Os dados utilizados nesta pesquisasão provenientes de três experimen-tos conduzidos por um período de dozeanos com níveis de calcário, fósforo epotássio. Os experimentos foram con-duzidos com cultivo anual de soja emrotação com culturas de inverno, emáreas contíguas num Latossolo Húmicodistrófico da região Oeste Catarinen-se, de primeiro cultivo, com as seguin-tes características químicas: pH emágua (1:1) 4,9, alumínio trocável2,4cmolc/litro, necessidade de calcário9t/ha, fósforo 1,6cmolc/litro, potássio125cmolc/litro e matéria orgânica 8,1%,conforme metodologia da ROLAS (4).

O experimento com níveis decalcário recebeu no primeiro ano dosesde 0, 1/2 e 1 vez a necessidade decorretivo para atingir pH 6,0. Quatroanos após, as parcelas foram divididasem quatro subparcelas, que recebe-ram frações de 0, 1/4, 1/2 e 3/4 danecessidade de calcário para pH 6,0. Oexperimento com adubo fosfatado re-cebeu, no primeiro ano, doses crescen-tes de até 640kg/ha de P2O5, aplicadasnas parcelas principais. No segundoano, estas parcelas foram subdividi-das, aplicando-se doses anuais de 0, 40,80 e 120kg/ha de P2O5, sempre nasemeadura da soja. O experimentocom potássio recebeu, no primeiro ano,doses crescentes de até 320kg/ha deK2O, constituindo as parcelas princi-

pais. No quinto ano, estas foram subdi-vididas e receberam doses de K

2O: 0,

40 e 80kg/ha, que foram aplicadas anu-almente nas mesmas subparcelas, sem-pre na semeadura da soja.

A correção de acidez do solo dosexperimentos com níveis de fósforo ede potássio constou da aplicação decalcário na quantidade recomendadapara atingir pH 6,0. A adubação básicado experimento com níveis de calcáriofoi de 80kg/ha de P2O5 e 80kg/ha deK2O, utilizando-se as mesmas dosesnos experimentos com níveis de potás-sio e de fósforo. Em todos os experi-mentos foram utilizados o superfosfatotriplo e o cloreto de potássio, ambos naforma granulada, aplicados a lanço eincorporados com enxada rotativa ougrade de discos antes da semeadura dasoja.

Como planta reagente foi utilizadaa cultivar Bragg, semeada anualmen-te no mês de novembro ou início dedezembro, em rotação com culturas deinverno para cobertura do solo (aveia,azevém, ervilhaca) ou colheita de grãos(trigo).

Para o presente trabalho foram uti-lizados os dados dos tratamentos comaplicação anual de 40kg/ha de K2O oude P2O5 e o dobro dessa dose (80kg/hade K2O ou P2O5), correspondendo aaproximadamente metade e uma vez aquantidade de adubo necessária paraprodutividade máxima e metade e umavez a quantidade de calcário necessá-ria para pH 6,0. Na comparação dosresultados, procurou-se isolar os efei-tos de cada fator com base no elementofaltante.

P

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Efeito na produçãode soja

Na Figura 1 estão representadas asproduções médias anuais de soja dedoze safras, de forma acumulativa,obtidas em função dos tratamentoscom calcário, fósforo e potássio aplica-dos. Nota-se que houve uma granderesposta da soja à correção da acidez dosolo e à adubação fosfatada, desde oprimeiro cultivo. Para adubaçãopotássica, ao contrário, não houve res-posta à aplicação do nutriente nosquatro primeiros anos. A produção desoja sem adubo potássico foi elevada(média de 2,7t/ha) e não diferiu signifi-cativamente (P< 0,05) dos tratamen-tos com adubo potássico.

Na soma das doze safras, o fator quemais contribuiu para o aumento daprodução foi a adubação fosfatada, pro-porcionando um aumento total de apro-ximadamente 20t de grãos, seguido dacorreção da acidez do solo, com acrés-cimo total de 13,9t de grãos. O aumen-to devido à adubação potássica foi me-nor, 11,1t de grãos. Este fato se explicapela falta de resposta à adubaçãopotássica nos primeiros quatro culti-vos, causada pela alta disponibilidadedo nutriente no solo.

No presente estudo, solo ácido comalto teor de potássio e baixo de fósforo,é possível definir dois períodos comrespostas bem distintas: primeirosquatro anos, com alta resposta àcalagem e à adubação fosfatada e ne-nhuma ou pouca resposta à adubaçãopotássica; quinto ao décimo segundoano, resposta positiva à calagem e àadubação fosfatada e potássica; ten-dência de maior resposta à adubaçãopotássica do que à calagem e à aduba-ção fosfatada, principalmente nos últi-mos quatro anos. Estes resultados con-firmam outras observações (1 e 5) deque as respostas à adubação potássicaaumentam com o passar dos anos,sendo em geral muito baixas ou nulasem solos recém desbravados.

A aplicação de uma dose de adubofosfatado maior no primeiro ano(160kg/ha de P2O5) e 80kg/ha de P2O5anualmente, nos demais anos, trouxemaiores benefícios na produção de grãosdo que uma aplicação inicial menor(80kg/ha de P2O5) e 40kg/ha de P2O5anualmente (meia dose). O aumentona produção de soja, obtido com autilização da dose de 160kg/ha de P2O5,foi de 6,3t/ha, um retorno de aproxima-damente 12kg de soja para cada quilo-grama de P2O5 a mais aplicado. A

mesma diferença na produção de grãosfoi constatada com a aplicação da doseintegral de calcário para pH 6,0 emrelação à utilização da metade da dose.Um aumento de 1,4 quilogramas desoja para cada quilograma a mais decalcário aplicado. A diferença na pro-dução entre a aplicação anual de80kg/ha de K2O e 40kg/ha de K2O nãofoi tão expressiva em função da altadisponibilidade inicial do nutriente nosolo (125 cmolc/litro), atingindo-se,mesmo assim, um acréscimo total de3,7t de grãos ao longo dos doze culti-vos.

A correção da acidez do solo e aaplicação de uma dose maior de adubofosfatado no primeiro cultivo é estraté-gica para permitir elevação de rendi-mentos em horizontes mais curtos eprioritária em condições sem limita-ção de recursos financeiros. Porém, aadoção da tecnologia de modo gradual,aproveitando as melhores perspecti-vas de retorno ao capital escasso, éuma racionalidade econômica quemuito bem se aplica à correção dafertilidade do solo. Nesse caso, oparcelamento da calagem, com a apli-cação da metade do calcário no primei-ro ano e o restante dois anos após éeconomicamente recomendável (6).

Como no período inicial não houveresposta à adubação potássica, não hánecessidade da aplicação desse nutri-ente nos primeiros quatro cultivos desoja. Neste caso, o produtor pode in-vestir mais em adubação fosfatada,fator mais limitante.

A fórmula certapara uma adubaçãoequilibrada

As fórmulas mais utilizadas pelosagricultores na cultura da soja normal-mente têm maior teor de fósforo doque de potássio. Essa tradição de utili-zação de fórmulas com maior teor defósforo, como já foi abordado anterior-mente, tem origem na condição inicialde fertilidade dos solos cultivados comsoja: boa disponibilidade de potássio ebaixa de fósforo (1 e 5).

Tomando como exemplo as carac-terísticas do solo estudado, baixo teorde fósforo (1,6cmolc/litro) e alto de

Figura 1 - Comparação de alternativas de calagem e de adubação para a cultura de

soja e seus efeitos na produção de grãos de doze cultivos sucessivos em um Latossolo

Húmico distrófico. Epagri/CPPP, 1997

(A) 9t/ha de calcário e 160kg/ha de P 2O5, no primeiro ano e mais 80kg/ha de P2O5 e de K 2O,

anualmente.

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foi o caso do solo estudado, é recomen-dado inicialmente o uso de fórmulascom relação P2O5: K2O 3:1 (exemplo,fórmula 0-30-10). Quando o teor defósforo no solo for de baixo a médio e ode potássio for alto, é recomendado ouso de fórmulas com relação P2O5: K2O1,5:1 a 2:1 (exemplo, fórmulas 0-15-10e 0-20-10). Porém, se o teor de potássiono solo for baixo e o de fósforo de médioa alto, as fórmulas a serem usadasdeverão apresentar relação P2O5: K2O1:1,5 a 1:2 (exemplo, fórmulas 0-10-15e 0-10-20). Por sua vez, se o teor deambos os nutrientes estiver no mesmonível, ou seja, numa mesma faixa desuficiência, a proporção de P2O5: K2Ono adubo deverá estar em torno de 1:1(exemplo, fórmulas 0-15-15 e 0-20-20),ou fórmulas com maior teor de potás-sio, já que é o nutriente exportado emmaior quantidade pela soja.

Disto conclui-se que é perfeitamen-te possível organizar um sistema deadubação com a utilização de um pe-queno número de fórmulas, visandosuprir os nutrientes em falta no solo eaqueles requeridos pela cultura paraatingir determinado teto de produção.

Caracterização dedeficiências nutricionaisna planta

Quando o solo é pobre em determi-nado nutriente, a princípio ocorre re-dução no crescimento da planta e dimi-nuição na produção. Quando as defici-ências são pequenas a planta não reve-la sintomas visuais imediatos, caracte-rizando a situação de fome escondida.Com o aumento da deficiência, além daredução ainda maior na produtividade,as plantas podem apresentar sintomascaracterísticos para os diversos nu-trientes em falta. Tais sinais de anor-malidade são mais freqüentes nas fo-lhas, embora possam também apare-cer em outras partes da planta (3).

A deficiência de potássio nas plan-tas de soja se manifesta pela clorosenos tecidos das folhas. Como o potássioé extremamente móvel e facilmenteredistribuído nas partes da planta, aclorose se desenvolve primeiro nasfolhas mais velhas, com as mais novaspermanecendo verdes (Figura 2).

Tabela 1 - Quantidades anuais de P2O

5 e K

2O aplicadas, produção alcançada

em doze cultivos de soja, quantidades totais de P2O

5 e de K

2O exportadas

pelos grãos e balanço desses nutrientes

Adubação anual Produção P2O5 K2O P2O5 K2O P2O5 K2Ode grãos

P2O

5K

2O (doze safras) Adicionado Exportado(A) Balanço

------------------------------------------------------kg/ha---------------------------------------------------

0 80 11.203 0 960 134 224 -134 73680 0 20.181 960 0 242 404 718 -40480 80 29.647 960 960 356 593 604 35680 40(B) 27.621 960 320 331 552 629 -23240 80 22.374 480 960 268 448 212 512160 (C) 80 31.327 1.040 960 376 627 664 333

(A) Extração média de 12kg de P2O5 e 20kg de K2O por tonelada de grãos produzidos(3).

(B) Aplicação de adubo potássico somente a partir do quinto ano, quando houveresposta à aplicação desse nutriente.

(C) Aplicação de 160kg/ha de P2O5 no primeiro ano e 80kg/ha de P2O5 e de K2Oanualmente.

potássio (125cmolc/litro), pode-se utili-zar, no período inicial, fórmulas commaior concentração de fósforo do quede potássio (fórmula 0-30-10, por exem-plo), porém nos anos seguintes o pro-dutor necessariamente deverá optarpor fórmulas de composição mais equi-librada (fórmula 0-20-20, por exem-plo). Caso o produtor continuasse uti-lizando a fórmula 0-30-10 (relação 0:3:1)em todos os doze cultivos, estaria apli-cando potássio em quantidade insufici-ente ou fósforo desnecessariamente.Supondo-se uma aplicação anual de250kg/ha da fórmula 0-30-10, ao finalde doze anos, o produtor teria adicio-nado 960kg de P2O5 e 307kg de K2O,condição que invariavelmente leva àdeficiência de potássio, pois a quanti-dade adicionada (307kg/ha) só é sufici-ente para repor metade da quantidadeexportada pelos grãos (593kg de K2O)(Tabela 1). Para fósforo, ao contrário,o balanço foi altamente positivo, poiscomo foram exportados pelos grãos aoredor de 350kg de P2O5 /ha, há umacúmulo de fósforo no solo na ordemde 550kg/ha e, por conseguinte, umaumento potencial de disponibilidadepara as plantas.

Uma adição anual de 40kg/ha deK2O na semeadura da soja não foi

suficiente para repor a quantidade donutriente retirada pelas colheitas desoja, indicando que parte desta produ-tividade foi alcançada às expensas dasreservas de potássio do solo, originan-do em doze cultivos um balanço nega-tivo de 232kg/ha de K2O (Tabela 1).Teoricamente sempre que a produçãode grãos é superior a 2.000kg/ha, os40kg/ha de K2O adicionados no plantionão são suficientes, pois cada 1.000kgde grãos exportam 20kg de K2O (3).

Dos resultados conclui-se que nãose justifica a tendência decomercialização de fórmulas para cul-turas, sem considerar a fertilidade dosolo. Deve-se enfatizar a importânciade se realizar análises periódicas dosolo para melhor se decidir sobre o tipode adubo a ser utilizado em cada situa-ção de solo e cultura.

Relação dos nutrientes noadubo

Quando da utilização de adubosmistos, o primeiro passo é estabelecera relação de nutrientes da recomenda-ção e procurar uma fórmula que me-lhor a atenda.Quando o teor de fósforo no solo formuito baixo e o de potássio alto, como #

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48 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

So jaSo jaSo jaSo jaSo ja

Quando a deficiência é muito severatodas as folhas mostram deficiêncianos estádios iniciais de crescimento(Figura 3). Em caso de deficiênciasmais severas, as manchas cloróticasadquirem coloração marrom com mortedo tecido vegetal. Com a evolução pro-gressiva do sintoma, ocorre o rompi-mento das áreas necrosadas, deixandoos folíolos das folhas mais velhas comaspecto rendilhado.

Em áreas deficientes em potássio émuito comum observar plantas semvagens no terço superior ou plantascom vagens retorcidas, sem desenvol-vimento de sementes (3). Muitas ve-zes, devido ao não-pegamento da pri-meira florada, as plantas continuamflorescendo por um período maior, comconseqüente retenção foliar namaturação, à semelhança do que ocor-re quando do ataque intensivo de per-cevejos.

O sintoma de deficiência de fósforotambém aparece inicialmente nas fo-lhas mais velhas na base perto dasvagens, e é caracterizado pela colora-ção anormal verde-azulada com pon-tos de cor marrom-escura, que nor-malmente surgem no estádio de pós--florescimento. Outras anormalidadesque podem aparecer na planta são:caules finos, folhas pequenas e cresci-mento lateral limitado. A deficiênciade fósforo em soja é mostrado na Figu-ra 4.

Os sintomas provocados pela acidezdo solo podem se manifestar de dife-rentes formas: pequeno porte das plan-tas, sistema radicular pouco desenvol-vido, raízes curtas e grossas, folhascloróticas com morte do tecido apical(toxidez de alumínio), encarqui-lhamento das folhas e presença depontos necróticos ou de cor marrom--escura (toxidez de manganês) ou fo-lhas com coloração amarelo-clara indi-cando deficiência de nitrogênio, causa-da pela ineficiência das bactériasfixadoras deste nutriente. Os sinto-mas são ilustrados na Figura 5.

Considerações finais

A utilização indiscriminada das tra-dicionais fórmulas de adubo por cultu-ra normalmente leva a um

Figura 2 - Deficiência inicial de potássio em folhas de soja; detalhes do início da

clorose nas bordas das folhas

Figura 3 - Contraste entre plantas não adubadas com potássio, à frente, e com adubopotássico, ao fundo. Sintomas característicos de deficiência severa de potássio

desequilíbrio de nutrientes no solo. Ocontínuo uso de fórmulas com maioresteores de fósforo do que de potássio nacultura da soja invariavelmente levaráao esgotamento das reservas do solo euma ampliação das deficiências de po-tássio nos próximos anos, principal-

mente nas áreas mais intensivamentecultivadas. Por outro lado, solos esgo-tados requerem doses muito mais al-tas de adubo, suficientes não só parasatisfazer à demanda da planta mas,também, para repor os elementos dosolo, que foram extraídos no tempo.

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 49

So jaSo jaSo jaSo jaSo ja

Deste trabalho conclui-se que paraa obtenção de boas produtividades elucratividades, não é suficiente aplicargrandes quantidades de fertilizantes ecalcário às culturas; importante é terum balanço adequado dos nutrientesfornecidos e um ambiente favorávelpara sua absorção pelas plantas.

Adubação balanceada é aquela quesupre os nutrientes que estão em faltano solo e atende às necessidades daplanta. Para uma melhor eficiência, aadubação deve ser recomendada combase na análise de solo, de acordo comas classes de disponibilidade de cadanutriente, estabelecidas pela Comis-são de Fertilidade do Solo, (4) e nohistórico da área.

Literatura citada

1. BEN, J.R. Resultados de pesquisa com potás-sio em soja no Rio Grande do Sul, SantaCatarina e Paraná. In: REUNIÃO DEPESQUISA DE SOJA DA REGIÃOSUL, 9., 1981, Passo Fundo, RS. Resu-mos: Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT,1981. p.174.

2. BORKERT, C.M.; SFREDO, G.J.; SILVAD.N da. Calibração de potássio trocávelpara soja em latossolo roxo distrófico.Revista Brasileira de Ciência do Solo.Campinas, v.17, p.223-226, 1993.

3. MASCARENHAS, H.A.A.; MIRANDA,M.A.C. de; LÉLIS, L.G.L.; BULISANI,E.A.; BRAGA, N.R.; PEREIRA,J.C.V.N.A. Haste verde e retenção foliarem soja por deficiência de potássio.Campinas: Instituto Agronômico, 1987.15p. (IAC. Boletim Técnico, 119).

4. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO-RS/SC. Recomendações de adubação e

de calagem para os Estados do Rio Gran-de do Sul e de Santa Catarina. 3. ed.Passo Fundo: SBCS-Núcleo RegionalSul, 1995. 223p.

5. VOLL, E.; BAYS, I.A. Correção e adubaçãodo solo para a cultura da soja em LatosolRoxo distrófico. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, Brasília, v.11, p.93-99, 1976.

6. SCHERER, E.E. Calagem na cultura da soja:parcelar ou não. Agropecuária Catari-nense, Florianópolis, v.8, n.1, p.15-19,1995.

Eloi Erhard Scherer, eng. agr., Ph.D., Cart.Prof. 9.622-D, CREA-SC, Epagri/Centro dePesquisa para Pequenas Propriedades-CPPP,C.P. 791, Fone (049)723-4877, Fax (049) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

Figura 4 -Soja cultivadasem adubo

fosfatado;

plantas com

caules finos e

folhaspequenas

Figura 5 - Soja cultivada sem a correção da acidez do solo

o

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A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:1. Os artigos devem ser originais e en-

caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

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gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

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12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

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52 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Pereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesa

Indução da brotação em pereira japonesaIndução da brotação em pereira japonesaIndução da brotação em pereira japonesaIndução da brotação em pereira japonesaIndução da brotação em pereira japonesa

José Luiz Petri, Gabriel Berenhauser Leitee Naoki Ogawa

pêra japonesa (Pyrus pyrifolia )apresenta-se como uma nova

alternativa para a produção de frutasde clima temperado no Sul do Brasil.Nos últimos anos tem-se iniciado ocultivo em escala comercial, porém,devido a alguns problemas, como oabortamento de gemas e a brotaçãodeficiente, a expansão da cultura temsido lenta.

As condições de clima do Sul doBrasil são muito instáveis de ano paraano durante o outono e inverno, prin-cipalmente em relação a temperatu-ras, proporcionando, em alguns anos,invernos amenos que afetam a saídada dormência. Estes problemas dedormência são freqüentes nas princi-pais regiões produtoras de maçã doSul do Brasil.

Um dos mais sérios problemas parao crescimento de fruteiras de climatemperado em regiões de invernoameno é a falta de baixas temperatu-ras para satisfazer o requerimentoem frio para a quebra da dormência(1). No Planalto Catarinense, regiãode produção de frutas de clima tempe-rado, brotação e floração irregularespodem ocorrer em pêra japonesa eoutras fruteiras de clima temperado.A média do número de horas de friovaria de ano para ano, porém emCaçador com altitude de 960m, a mé-dia é de 550 horas. Peras japonesasnecessitam de 900 a 1.000 horas comtemperatura abaixo de 7 oC parabrotação, e a percentagem de gemasbrotadas aumenta com o aumento doperíodo de frio, sendo que o porta-enxerto tem pouco efeito no requeri-mento em frio da cultivar (2).

Algumas práticas culturais emeios químicos podem ser necessá-rios para quebrar a dormência deperas japonesas em regiões com pou-cas horas de frio (3). A cultivar Kosui

mostrou um comportamento inter-mediário em relação a cultivar Hosuie Shinsui, menos e mais exigentes emfrio respectivamente. SegundoNishimoto e Fujisaki calciocianamidaestimulou a quebra da dormência dasgemas em peras japonesas que rece-beram 550 horas de frio (4). Asano eOkuno trabalhando com as cultivaresHosui e Kosui observaram que tem-peraturas de 3 a 10oC foram tão efeti-vas quanto as de 5oC na quebra dedormência das gemas, enquanto atemperatura de 12oC teve 60% daefetividade da temperatura de 5oC (5).Tamura mostrou que 10 oC foi menosefetivo que 5oC na quebra de dormênciadas gemas vegetativas da cultivarNijisseiki (6).

Quando as exigências em frio nãosão satisfeitas, os ramos do cresci-mento do ano têm dificuldade embrotar as gemas axilares, o que reduza intensidade da floração e a formaçãode novos ramos ou gemas floríferaspara o ano seguinte. Como a pereirajaponesa tem um crescimento vigoro-so, há necessidade que a maioria dasgemas axilares brotem, para não ha-ver dificuldade na formação em plan-tas novas.

Este trabalho teve por objetivo in-vestigar o efeito do uso de indutoresde brotação na quebra da dormêncianas cultivares Hosui, Kosui e Suisei.

Material e métodos

O delineamento do experimentoconduzido com a cultivar Suisei, emplantas de um ano, foi blocos ao acasocom seis repetições, com os seguintestratamentos: a) testemunha; b)cianamida hidrogenada 0,5%; c)cianamida hidrogenada 1,0%; d) óleomineral 3% + cianamida hidrogenada0,25%. Nas cultivares Hosui e Kosui

foram aplicados os mesmos tratamen-tos, porém foram utilizados ramos doano em vez da planta inteira. Nestascultivares foram utilizadas dez repeti-ções, sendo cada repetição constituí-da de dois ramos com um comprimen-to entre 60cm e 1m. Os tratamentosforam aplicados aproximadamentequatro semanas antes do início nor-mal da brotação, ou seja, em 25/08/97.

Na cultivar Suisei, as avaliaçõesconstituíram-se da percentagem debrotação das gemas laterais, avaliadaem uma média de cinco ramos porplanta, de brotação das gemas termi-nais, avaliada em toda a planta, e debrotação do líder central. Nas cultiva-res Hosui e Kosui foi avaliada somen-te a brotação das gemas laterais.

Resultados e discussão

No ano de 1997 ocorreu frio insufi-ciente para satisfazer as exigênciasdas cultivares Hosui, Kosui e Suisei.As plantas ou ramos não tratados comindutores de brotação atrasaram abrotação e um alto percentual dasgemas permaneceram dormentes (Ta-belas 1 e 2). Estas condições de climaque ocorreram neste ano são freqüen-tes com relação à intensidade de frionas regiões com altitude em torno de1.000m no Planalto Catarinense (Fi-gura 1).

Na cultivar Suisei, óleo mineral3% + cianamida hidrogenada 0,25%aumentou significativamente abrotação das gemas laterais, sendosuperior ao tratamento de cianamidahidrogenada a 1,0%. Ambos os trata-mentos propiciaram uma antecipaçãona brotação, que pode ser observadapelo percentual de brotação na segun-da avaliação (Tabela 1). Na brotaçãodas gemas terminais foi observadasomente a antecipação da brotação na

A

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Pereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesa

primeira avaliação (20/09),onde todos os tratamen-tos químicos foram supe-riores à testemunha, po-rém, 53 dias após, 100%das gemas estavam brota-das, mesmo nas plantasnão-tratadas. Observou-senas plantas tratadas que oóleo mineral 3% +cianamida hidrogenada0,25% teve a vantagem deestimular a brotação maiscedo e mais uniforme, fa-vorecendo o crescimentoda planta. Este resultadotambém foi observado porPetri, em macieira, onde

a brotação das gemas terminais atin-ge percentuais superiores a brotaçãodas gemas laterais (7). Para a forma-ção da planta a brotação do líder cen-tral é importante para permitir umaboa estrutura de produção. A brotaçãodo líder central foi estatisticamentesuperior quando aplicado óleo mine-ral 3% + cianamida hidrogenada 0,25%ou cianamida hidrogenada 1,0% (Fi-guras 2 e 3). Esta melhor brotação dolíder central formará plantas maisuniformes com um maior potencial deprodução no decorrer dos anos.

A brotação das gemas laterais dascultivares Hosui e Kosui foi tambéminfluenciada pelo tratamento químicopara compensar a falta de frio (Tabela2). Nestas cultivares, pelo percentualde brotação das gemas laterais nosramos sem tratamento, 56,8 e 54,3%para as cultivares Hosui e Kosui, res-pectivamente, mostram que as exi-gências em frio não foram satisfeitas(Figura 4). Esta menor brotação leva-rá a uma redução na intensidade defloração, visto que as peras japonesasflorescem e frutificam também emramos de um ano. A mesma uniformi-zação e antecipação da brotação ocorri-da na cultivar Suisei também foi ob-servada para as cultivares Hosui eKosui.

Produtos químicos como o óleomineral mais cianamida hidrogenadaou esta isoladamente podem substi-tuir em parte a falta de frio na quebrada dormência das gemas da pereirajaponesa. Isto já foi observado paraoutras frutíferas (8 e 9). Com a melhor

Tabela 2 - Efeito de indutores da brotação na pereira japonesa Hosui e Kosui.

Caçador, SC, 1997

% de brotação de gemas laterais(A)

Tratamentos Cultivar Hosui Cultivar Kosui

20/09 25/10 20/09 25/10

Testemunha 9,9 d 56, 8 c 48,0 b 54,3 bCianamida hidrogenada 0,5% 51,8 c 70,7 bc 87,1 a 92,2 aCianamida hidrogenada 1,0% 64,9 b 75,1 b 92,2 a 93,2 aÓleo mineral 3% +cianamida hidrogenada 0,25% 90,0 a 94,9 a 95,3 a 96,1 a

(A) Valores seguidos da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste deDuncan, a nível de 5% de probabilidade.

Figura 1 - Unidade de frio pelo modelo Carolina do Norte modificado e horas

de frio abaixo de 7,2 oC em Caçador, SC

1.600

1.400

1.200

1.000

800

600

400

200

088 89 90 91 92 93 94 95 96 97

657

1.177

651

1.375

799

1.401

477

787

508

877

587

953

451

695567

746

996

1.568

625

910

Horas de frio

Unidades de frio

#

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54 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Pereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesaPereira japonesa

brotação das gemas laterais haveráuma maior formação de gemasfloríferas no ano seguinte à aplicação,aumentando o potencial de produção.

Pelos resultados obtidos, óleo mi-neral 3% mais cianamida hidrogenada

Figura 2 - Planta da cultivar Susei

tratada com óleo mineral

3% + cianamida hidrogenada 0,25%.

Caçador, SC, 1997

Figura 3 - Planta da cultivar

Susei sem tratamento.

Caçador, SC, 1997

Figura 4 - Ramos da cultivar Hossui com e sem tratamento. Caçador, SC, 1997

0,25% é o melhor tratamento sob oponto de vista agronômico e econômi-co, visto que a adição do óleo mineraltambém contribui para o controle depragas e diminui a concentração dacianamida hidrogenada.

Embora o trabalho tenha sido de-senvolvido em plantas novas, pelosíndices de brotação obtidos pode-seafirmar que em plantas em produçãotambém deverá ocorrer aumento debrotação e uniformização da floração,com conseqüente aumento da produ-ção.

Literatura citada

1 - WESTWOOD, M.N. Temparate zonepomology. San Francisco: W.H.Freeman, 1978. 428p.

2 - GEMMA, H.; UCHINO, K.; FUKUSHIMA,M.; OOGAKI, C. Aclimation of japanesepear Kosui under warm temperatueduring early growing period in a vinylhouse. Acta Horticulturae, n.279. p.259-268. 1990.

3 - GEMMA, H. Dormancy breaking injapanese pears grown in a heatedgreenhause. Acta Horticulturae , n.395,p.57-68. 1995.

4 - NISHIMOTO, N.; FUJISAKI, M. Chillingrequeriment of buds of some deciduousfruit grown in southern japan and themeans to break dormancy. ActaHorticulturae, n.395, p.153-159, 1995.

5 - ASANO, S.; OKUNO, T. Period of breakingthe rest and the gerantity of chillingrequeriment of Kosui and HosuiJapanese pear. Bull. Soitama Hort.Exp. Sta. n.17, p.41-46. 1990.

6 - TAMURA, F.; TANABE, K.; ITAI, A. Effectof interruption of chilling on bud breakin japanese pear. Acta Horticulturae,n.395, p.135-140. 1995.

7 - PETRI, J.L.; PALLADINI, L.A.; SCHUCK,E.; DUCROQUET, J.P.H.J.; MATOS,C.S.; POLA, A.C. Dormência e induçãoda brotação de fruteiras de clima tem-perado. Florianópolis: EPAGRI, 1996.110p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 75).

8 - GEORGE, A.P.; NISSEN, R.J. Effect ofhydrogen cyanamide on dormancyrelease growth and yield of table grapesin subtropical Australia. AustralianJournal of Experimental Agriculture,v.28, p.425-429, 1988.

9 - EREZ, A. Chemical control of bud break.HortScience, v.22, n.6, p.1.240-1.243,1987.

José Luiz Petri, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof.2.987-D, Crea-SC, Epagri/Estação Expe-rimental de Caçador, C.P. 591, Fone (049)663-0211, Fax (049) 663-3211, 89500-000 Ca-çador, SC, Gabriel Berenhauser Leite,eng. agr., Cart. Prof. 7.445-D, Crea-SC,Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P.591, Fone (049) 663-0211, Fax (049) 663-3211,89500-000 Caçador, SC e Naoki Ogawa,estagiário, estudante de agronomia, Univer-sidade Federal do Paraná.

o

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 57

AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação

Doses e modos de aplicação de adubos fosfatadoDoses e modos de aplicação de adubos fosfatadoDoses e modos de aplicação de adubos fosfatadoDoses e modos de aplicação de adubos fosfatadoDoses e modos de aplicação de adubos fosfatadoe potássico na cultura da sojae potássico na cultura da sojae potássico na cultura da sojae potássico na cultura da sojae potássico na cultura da soja

Eloi Erhard Scherer

soja é a cultura anual de maiorexpressão econômica nas áreas

de topografia menos acidentada da re-gião Oeste Catarinense, onde predo-minam os latossolos. Estes solos, nasua grande maioria, apresentam aci-dez elevada e baixos teores de fósforo,dois fatores altamente limitantes daprodução agrícola, principalmente emse tratando do cultivo de leguminosas.

Os fosfatos adicionados ao solo naforma de adubos solúveis passam rapi-damente para a solução do solo e,devido à sua alta reatividade e fortetendência de adsorção no solo, a maiorparte do elemento passa para a fasesólida. Com o passar do tempo formacompostos de baixa solubilidade, tor-nando-se menos solúvel, ou menoslábil (1 e 2). Isso tem importantesconseqüências práticas, pois resultaem diminuição gradativa da eficiênciado fósforo aplicado ao solo em aduba-ções, restringindo o crescimento dasplantas.

Uma das maneiras de reduzir afixação do fósforo no solo e aumentar asua disponibilidade para as plantas élocalizar o adubo fosfatado em ummenor volume de solo (1 e 3). Nestasituação, o menor contato do adubocom o solo diminui a adsorção e au-menta a concentração de fósforo nasolução do solo, favorecendo a absor-ção pelas raízes das plantas (3).

Por outro lado, para que ocorramaior absorção de fósforo, este deveestar em contato com maior volume deraízes (4), o que não ocorre quando daadição localizada do adubo em queapenas parte do sistema radicular en-tra em contato com o solo adubado.

O adubo potássico quando adiciona-do ao solo dissolve-se, passando rapi-

damente para a solução e daí para aforma trocável, que está em equilíbriocom o potássio da solução. Ao contráriodo fósforo, o potássio não forma com-postos estáveis no solo e a adsorçãodepende da capacidade de troca decátions (CTC) do solo. Quanto maior aCTC, maior será a quantidade de po-tássio adsorvida, resultando em meno-res riscos de perda de potássio porlixiviação.

Dependendo do material de origeme do grau de intemperização do solo,parte do potássio adicionado na aduba-ção pode ser adsorvido especificamen-te, principalmente nas argilas expansi-vas do tipo 2:1. Porém, como quasetodos os latossolos normalmente nãoapresentam argilas desse tipo, a maiorparte do potássio adicionado vai para aforma trocável, que, por sua vez, cons-titui a principal fonte para o atendi-mento das necessidades das plantas(2).

Por causa da menor reatividade emaior mobilidade do potássio no solo, omodo de aplicação do adubo assumeuma importância menor do que nocaso do fósforo. A aplicação de maioresquantidades de cloreto de potássio nosulco, devido a alta concentração sali-na e efeito do cloro, pode ser fitotóxica(5).

O presente trabalho engloba estu-dos com modos de utilização e localiza-ção dos adubos fosfatados e potássicosna cultura da soja.

Metodologia utilizada

Os dados utilizados neste trabalhosão provenientes de dois experimentosde longa duração, conduzidos por umperíodo de doze anos em áreas adjacen-

tes, em Latossolo Húmico distróficocom as seguintes características: argi-la 70%, silte 28%, areia 2%, matériaorgânica 8,1%, necessidade de calcário8,9t/ha, fósforo 1,6cmolc/litro e potás-sio 125cmolc/litro.

Os experimentos, um com aduba-ção fosfatada e outro com adubaçãopotássica, foram conduzidos com a cul-tura da soja, cultivar Bragg, em rota-ção com culturas de inverno para pro-teção do solo (aveia, azevém, xinxo) ouprodução de grãos (trigo).

No experimento com fósforo foramaplicadas a lanço, no primeiro ano,cinco doses de P

2O

5: 0, 80, 160, 320 e

640kg/ha. No segundo ano, cada umadas cinco parcelas foi dividida em cincosubparcelas, que passaram a receberdoses anuais de 0, 40, 80 e 120kg/ha deP

2O

5, a lanço, e 80kg/ha de P

2O

5, no

sulco. O experimento com potássiorecebeu, no primeiro ano, quatro do-ses de K

2O: 0, 80, 160 e 320kg/ha,

constituindo as parcelas. No quintoano, estas foram subdivididas em qua-tro subparcelas, recebendo, anualmen-te, a partir de então, as seguintesdoses de K

2O: 0, 40 e 80kg/ha a lanço e

40kg/ha no sulco.Como fontes de fósforo e de potássio

foram utilizados o superfosfato triplo eo cloreto de potássio, ambos na formagranulada. Os adubos aplicados a lançoforam incorporados com enxadarotativa ou grade de discos antes dasemeadura da soja, e aqueles aplicadosno sulco foram incorporados manual-mente.

Para o presente estudo foram utili-zados os dados de produção de soja dostratamentos que permitem uma ava-liação comparativa dos modos de utili-zação e localização dos adubos: dose

A

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58 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação

única ou anual por cultivo, aplicaçãono sulco ou a lanço.

Resultados alcançados

A cultura da soja respondeu signifi-cativamente à adubação fosfatada, des-de o primeiro ano de cultivo, e à adu-bação potássica a partir do quinto cul-tivo (Figuras 1, 2 e 3).

A produtividade máxima dos expe-rimentos foi, em todos os cultivos,superior a 2.000kg/ha de grãos de soja,evidenciando que em nenhum dos dozecultivos os problemas climáticos che-garam a causar limitação severa naprodução de grãos.

Aplicação do adubo em dose únicaou anualmente?

Na Figura 1 encontram-se repre-sentadas as produções médias totaisde doze safras de soja, obtidas nosdiferentes tratamentos com doses emodos de aplicação do adubo fosfatado.Verifica-se que nos primeiros anos háuma superioridade do tratamentocom a maior dose inicial de fósforo(640kg/ha), porém, a partir do oitavoano, os tratamentos com aplicaçãoanual de 80kg de P2O5/ha passaram aacumular maiores rendimentos de soja.

Analisando-se os resultados alcan-çados até o oitavo ano, verifica-se quecom a aplicação da mesma quantidadede fósforo (640kg de P2O5/ha), em doseúnica (somente no primeiro ano) ouparcelada (adição anual de 80kg deP2O5/ha por oito anos), obtiveram-serendimentos semelhantes, 21,4 e20,9t/ha de grãos, respectivamente.Da mesma forma, comparando-se otratamento que recebeu uma aplica-ção inicial menor, 160kg/ha de P2O5 noprimeiro ano, e uma adubação de plan-tio maior, 80kg/ha/ano de P2O5, comaquele que recebeu uma adubação ini-cial maior, 320kg/ha de P2O5

no pri-meiro ano, e uma adubação de plantiomenor, 40kg/ha/ano de P2O5, num to-tal de 480kg/ha de P

2O

5 em cinco anos,

verifica-se que as produções acumula-das também foram equivalentes. Issomostra que a eficiência e o efeito resi-dual simples e acumulativo da aduba-ção fosfatada, aplicada nesse período,

Figura 1 - Rendimento acumulado de grãos de soja em função de diferentes doses deadubo fosfatado aplicadas no primeiro ano e anualmente, durante oito ou doze anos.

Epagri/CPPP, 1997

Figura 2 - Rendimento de grãos de soja em função da aplicação de 640kg/ha de

P2O

5 no primeiro ano ou 160kg/ha de P

2O

5 no primeiro ano e mais 40kg/ha de P

2O

5

anualmente. Epagri/CPPP, 1997

independe do modo de aplicação doadubo - dose única ou doses anuais noplantio da soja.

A Figura 2 registra o rendimentode grãos de doze safras de soja, obtidoscom a aplicação de 160kg/ha de P2O5 no

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 59

(125cmolc/litro) que o solo tinha noinício da pesquisa, concordando comoutros resultados obtidos em solos re-cém-cultivados (6 e 7). Porém, a partirdo quinto ano e com maior intensidadenos anos subseqüentes, a soja passoua produzir cada vez menos nas parce-las sem adubo potássico em relação àsparcelas que receberam esse nutrien-te.

Analisando-se os resultados alcan-çados com a aplicação de 320kg deK2O/ha em dose única, somente noprimeiro ano, ou em oito parcelas de40kg de K2O/ha, aplicadas a partir doquinto ano e por oito anos consecuti-vos, verifica-se que, a aplicação doadubo potássico em dose única propor-cionou, na soma de doze safras, umaprodução de grãos menor (26,0t/ha)em relação à aplicação parcelada(27,6t/ha). Uma diferença de aproxi-madamente 1,5t/ha de grãos de soja afavor da aplicação parcelada do adubo.

Comparando-se os tratamentos quereceberam ao longo de doze anos umtotal de 640kg/ha de K2O - tratamentocom aplicação de 320kg/ha de K2O noprimeiro ano e uma adubação anual de40kg/ha/ano de K2O a partir do quintoano (29,6t/ha de grãos) - com aqueleque não recebeu adubação potássicano primeiro ano, mas recebeu a partirdo quinto ano 80kg/ha de K2O umaadubação anual maior (29,4t/ha degrãos), verifica-se que as produçõesacumuladas em doze safras foram equi-valentes.

É provável que com a aplicação dequantidades mais elevadas, em doseúnica, haja uma maior absorção depotássio pelas plantas, conhecida comoconsumo de luxo, acarretando umamaior exportação de potássio do siste-ma. A aplicação anual de potássio nasemeadura da soja, ao contrário, éuma garantia de suprimento necessá-rio para o bom desenvolvimento dasplantas, de modo que a médio e longoprazo há um melhor aproveitamentodo potássio adicionado, atingindo-semenores perdas e maiores produtivi-dades nesse sistema de adubação, si-tuação que reforça uma provável van-tagem econômica de aplicações anuaisde adubo na semeadura da soja, tantodo fosfatado como do potássico.

primeiro ano, seguido de 40kg/ha deP2O5

de manutenção em cada cultivode soja em comparação à aplicaçãoúnica de 640kg/ha de P2O5 no primeirocultivo. Verifica-se que nos cinco pri-meiros cultivos há uma superioridadena produção de grãos do tratamentocom aplicação de 640kg/ha de P2O5; apartir do sétimo ano, porém, a situaçãose inverte a favor do tratamento comaplicações anuais de 40kg/ha de P2O5.Pela tendência de produção observadanos últimos anos, pode-se prever que oefeito residual da adubação fosfatadadeste tratamento deve ser superior aodo tratamento com aplicação única de640kg/ha de P2O5 no primeiro ano,efeito que certamente se estenderápor muito mais tempo.

Em função dos resultados obtidos econsiderando-se as limitações de or-dem econômica que os produtores nor-malmente enfrentam, a adoção da adu-bação anual por cultura parece ser amelhor alternativa, já que representaum menor desembolso inicial.

O que mais chamou a atenção foi ofato de a aplicação única de 640kg/hade P2O5 no primeiro ano proporcionarproduções da mesma magnitude que o

tratamento com aplicação da mesmaquantidade de adubo aplicada em oitoparcelas anuais de 80kg/ha de P2O5.Além disso, houve a persistência doefeito residual até doze anos após aincorporação do adubo, chegando aproduzir, mesmo após doze cultivos,ainda 51% da produção máxima e 118%(896kg de grãos) a mais do que a teste-munha.

Para cada quilograma de P2O5 apli-cado no primeiro ano, foram obtidos,na soma de doze safras, 25kg de soja amais. Um retorno altamentecompensador quando se sabe que 3kgde soja normalmente são suficientespara pagar uma unidade de adubo.Disto conclui-se que a soja é umaplanta bastante responsiva e eficienteno aproveitamento do fósforo adiciona-do pela adubação.

Na Figura 3 estão representadas asproduções de grãos, de formaacumulativa, de doze safras de soja,obtidas nos diferentes tratamentos comdoses e modos de aplicação do adubopotássico. Nota-se que nos primeirosquatro cultivos a soja não respondeu àaplicação de potássio, fato que se expli-ca pela boa disponibilidade de potássio

Figura 3 - Rendimento acumulado de grãos de soja em função de diferentes doses de

adubo potássico aplicadas no primeiro ano e anualmente, a partir do quinto ano.Epagri/CPPP, 1997

AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação

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AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação

Modo de aplicação doadubo - sulco ou lanço?

O modo de aplicação do superfosfatotriplo granulado, no sulco ou a lanço,não influenciou significativamente orendimento de grãos de soja em ne-nhum dos cultivos (Figura 4).

Pelo menor contato do adubofosfatado com o solo, era esperado ummaior benefício do fósforo aplicado nosulco, como foi observado em outraspesquisas (1 e 3), já que com a localiza-ção do adubo solúvel há uma menorfixação do nutriente no solo. Porém,também quando da utilização da formagranulada verifica-se uma aplicaçãolocalizada do fósforo no solo. A utiliza-ção da forma granulada, além de redu-zir o contato do fosfato com o solo,forma sítios com maior concentraçãode fósforo no solo, principalmente aoredor dos grânulos. Além disso, a suaaplicação a lanço com incorporaçãouniforme na camada arável permiteatingir um maior volume do sistemaradicular, outro fator relevante naabsorção deste nutriente pelas plantas(4). Dados de literatura (3) mostram anecessidade de misturar o adubo com,no mínimo, metade do volume de solopara crescimento máximo da soja. Aliteratura cita ainda que a adubaçãolocalizada no sulco é mais vantajosaquando se utilizam baixas doses defósforo em solos deficientes (1 e 2).

O modo de aplicação do cloreto depotássio no solo não influenciou sig-nificativamente a produção de grãosde soja em nenhum dos cultivos (Fi-gura 5).

Quando da utilização de maioresquantidades de cloreto de potássio, aaplicação localizada pode aumentar aconcentração salina no sulco, nas pro-ximidades da linha de semeadura, ecausar fitotoxicidade às plantas (5).Nesse caso, a mistura do adubo emmaior volume de solo é benéfica, poisdilui o efeito salino. No presente estu-do, porém, não foram constatados sin-tomas visuais de fitotoxicidade pelaaplicação localizada do cloreto de po-tássio em nenhum dos anos de cultivo.

Conclusões

Não se encontrou diferenças sig-

nificativas na produção de grãos desoja entre a aplicação do adubofosfatado e potássico em dose única ouparcelada por cultivo.

O modo de aplicação dos adubos

fosfatado e potássico, sulco e lanço,não influenciou significativamente orendimento de grãos de soja.

Não houve a constatação de sinto-mas visuais de fitotoxicidade nas plan-

Figura 4 - Rendimento de grãos de soja em função da aplicação anual de 80kg/ha de

P2O

5 no sulco e a lanço. Epagri/CPPP, 1997

Figura 5 - Rendimento de grãos de soja em função da aplicação anual de 40kg/ha de

K2O no sulco e a lanço. Epagri/CPPP, 1997

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AdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubaçãoAdubação

tas de soja por excesso de sais naaplicação localizada de cloreto de po-tássio.

Tanto a adubação fosfatada quantoa potássica apresentaram um grandeefeito residual no solo; com uma únicaaplicação de 640kg/ha de P2O5 e 320kg/ha de K2O, foram encontrados aumen-tos na produção de grãos ao aduboremanescente por um período de dozeanos e um retorno de 25 e 18kg/ha degrãos respectivamente para cada qui-lograma de P2O5 e de K2O aplicado.

Considerando-se as limitações deordem econômica que o produtor nor-malmente enfrenta, a adoção do siste-ma com adubações anuais por culturaou sistema de cultivo, independente domodo de aplicação do adubo, sulco oulanço, parece ser a melhor alterna-tiva.

LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Cadeias produtivas doEstado de Santa Catarina:Cebola. Boletim Técnico no

96. 115p.

Literatura citada

1. HANSON, R.G. Effect upon soybean culti-var Bragg when P is band-concentradedupon soil-available P. AgronomyJournal, Madison, v.71, p.267-271, 1978.

2. RAIJ, B. van. Fertilidade do solo e aduba-ção. Piracicaba, SP. Potafós/São Paulo:Ceres, 1991. 343p.

3. BORKERT, C.M.; BARBER, S.A. Predictedthe most efficient phosphorusplacement for soybeans. Soil ScienceSociety of American Journal, Madison,v.49, p.901-904, 1985.

4. JUNGK, A.; BARBER, S. A. Phosphorusuptake rate of corn roots as related tothe portion of the roots exposed tophosphate. Agronomy Journal,Madison, v.66, p.554-557, 1974.

5. MASCARENHAS, H.A.A.; MIRANDA,M.A.C. de; LELIS, L.G.L.; BULISANI,

E.A.; BRAGA, N.R.; PEREIRA,J.C.V.N.A. Haste verde na retenção foliarem soja por deficiência de potássio.Campinas, SP: IAC, 1987. 15p. (IAC.Boletim Técnico, 119).

6. BEN, J.R. Resultados de pesquisa com po-tássio em soja no Rio Grande do Sul,Santa Catarina e Paraná. In: REUNIÃODE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃOSUL, 9., 1981, Passo Fundo, RS, Resu-mos. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT,1981. P.174.

7. VOLL, E.; BAYS, S .A. Correção e adubaçãodo solo para a cultura da soja em LatosolRoxo distrófico. Pesquisa AgropecuáriaBrasileira, v.11, p.93-99, 1976.

Eloi Erhard Scherer, eng. agr., Ph.D., Cart.Prof. 9.622-D, Crea-SC, Epagri/Centro dePesquisa para Pequenas Propriedades - CPPP,C.P. 791, Fone (049) 723-4877, Fax (049)723-0600, 89801-970 Chapecó, SC.

Cadeias produtivas doEstado de Santa Catarina:Aqüicultura e pesca. Bole-tim Técnico no 97. 62p.

Os autores deste trabalho,Sérgio Winckler da Costa,Astor Grumann, FranciscoManoel de Oliveira Neto eMauro Roczanski, apresentama cadeia produtiva deaqüicultura e pesca compostapor três subcadeias ousubsistemas, que são:maricultura, piscicultura deáguas interiores e pesca marí-tima.

o

Normas técnicas do cul-tivo do vime. Sistemas de Pro-dução no 31. 20p.

técnicos da Epagri, da Prefei-tura Municipal de Rio Rufinoe de produtores.

A cultura do vime represen-ta atualmente uma das prin-cipais fontes de renda para aspequenas propriedades do Pla-nalto Sul, em Santa Catarina.Esta publicação reúne as prin-cipais práticas agrícolas utili-zadas na cultura do vime nes-ta região e foi elaborada por

O trabalho tem por obje-tivo construir uma visão in-tegrada da produção até oconsumidor final e identificaras oportunidades e ameaçasdo mercado, bem como osprincipais pontos de estran-gulamento da cadeia produ-tiva da cultura da cebola. Foielaborado pelos engenheirosagrônomos João FavoritoDebarba, Lucio FranciscoThomazelli, Carlos LuizGandin e Edson Silva, daEpagri.

Mais uma edição anualdeste boletim, cuja finalida-de é manter técnicos e agri-cultores permanentementeorientados e atualizadosquanto à escolha das cultiva-res mais adaptadas e produ-tivas nas diversas regiõesagroclimáticas de Santa Ca-tarina.

Recomendação de cul-tivares para o Estado deSanta Catarina 1998/99. Bo-letim Técnico no 98. 158p.

Normas técnicas para acultura do gengibre - Lito-ral Catarinense e LitoralParanaense. Sistemas deProdução no 30. 26p.

Técnicos da Epagri, daEmater/PR e do Instituto Agro-nômico do Paraná - Iapar ela-boraram esta publicação quereúne as tecnologias adotadase recomendadas para o cultivode gengibre no LitoralParanaense e Catarinense.

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62 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

OPINIÃO

Micropropagação eMicropropagação eMicropropagação eMicropropagação eMicropropagação econservação conservação conservação conservação conservação inininininvitrovitrovitrovitrovitro de plantas de plantas de plantas de plantas de plantas

forrageirasforrageirasforrageirasforrageirasforrageiras

Mario Angelo Vidor

m muitas nações do mundo apecuária é um dos principais fun-

damentos da economia, se não do paíscomo um todo, pelo menos em algumas desuas regiões. Nestas áreas seguidamen-te são feitos grandes esforços, objetivandoo aumento da produção, que neste casopode ser de carne, de leite, de lã e deoutros produtos e subprodutos.

O sustentáculo da pecuária no mun-do, em geral, se assenta nas pastagens.Ter uma pastagem produtiva e de boaqualidade, aliada a outros fatores, é umdos segredos para obtermos sucesso nes-te tipo de extração. Contudo, muitas ve-zes isto torna-se custoso e dispendioso.Grandes volumes de recursos são inves-tidos e, principalmente, tempo é gasto, eos resultados que esperávamos não sãoatingidos. Se é verdade que na pesquisadevemos sempre esperar resultados po-sitivos e negativos, também é verdadeque o tempo utilizado para este fim émuito valioso e, na exploração pecuáriaem geral, o tempo parece passar maislentamente.

A micropropagação de plantas e suaconservação in vitro é uma ferramenta degrande valor para diminuir este tempode busca. Esta técnica permite facilitara propagação vegetativa de algumas es-pécies, a propagação de clones durantetodo o ano, a multiplicação clonal rápidade exemplares e variedades interessan-tes, a eliminação de vírus de estoques deplantas contaminadas, curto ciclo de ge-ração e taxas elevadas de multiplicação.

No entanto, muitas vezes só propa-gar não é suficiente. Conservar tambémé necessário, e conservar o germoplasmatrabalhando no campo custa muito caro.Estes germoplasmas estarão sujeitos amoléstias, a pragas, ao meio ambiente, aintempéries, além de necessitarem deárea física relativamente grande. O cul-tivo e a conservação in vitro eliminamestes problemas.

As plantas forrageiras representam

o maior sistema de produção de alimentosem nível mundial. Isto porque 75% detodos os alimentos de origem animal sãoproduzidos pelos ruminantes. Forrageirasde todo tipo fazem parte de aproximada-mente 60 a 80% da dieta alimentar dosruminantes. Em outras palavras, asforrageiras provêm cerca de 18% do volu-me de alimentos na dieta humana e 36%do total de proteína.

Quando cuidadosamente integrada emum programa de melhoramento, a coleçãode técnicas que formam o cultivo in vitropode resultar no desenvolvimento degermoplasma sem precedentes. A possi-bilidade de ocorrerem modificações nanatureza das espécies já faz parte danossa realidade, uma vez que as técnicasda genética celular continuam a se desen-volver. A extensão de técnicas incluindouma maior gama de germoplasma deveocorrer em pesquisa mais básica dos me-canismos de regeneração e cultivo in vitroe dentro de acessos genéticos, para mani-pulação dos principais controles de rege-neração e cultivo.

Problemas alimentares da humani-dade poderão ser solucionados mais facil-mente, mas com muito trabalho, no mo-mento em que a micropropagação estiversendo utilizada mais intensamente, in-clusive nos países do terceiro mundo.

Contudo, estamos carentes de infor-mação em diversos pontos, e devemoscentralizar interesse ainda no desenvolvi-mento de meristemas pré-formados, nocultivo de embriões, gemas, ápices de ta-los, meristemas apicais; na taxa de proli-feração e estado sanitário; nos fatores decultivo, como temperatura e luz; no contro-le da proliferação e desenvolvimento; nocultivo em dupla-fase; no enraizamento;na aclimatação; na organogênese (contro-le e expressão da morfogênese); manuten-ção da potencialidade morfogenética; naregeneração de plantas; na embriogênesesomática; na micropropagação de espéci-es difíceis e outras inúmeras condições.

Trabalhos in vitro para crescimento emorfogênese de algumas linhagens deplantas indicam um potencial de utiliza-ção destas técnicas, como melhora de no-vas gerações de plantas, aumento de índi-ces agronômicos como a produção, tempode maturação, persistência e outros fato-res.

Metodologias mais aplicáveis entreleguminosas forrageiras incluemhibridização interespecífica via fusão decélulas somáticas e fusão de protoplastos.

Métodos de isolar e cultivar protoplastosde trevo branco e alfafa vêm sendo reali-zados; para outras espécies deve tentar--se, já que a tecnologia de base é a mesmae é viável. A fusão de células somáticasoferece a possibilidade de salvar embri-ões, bem como de obter novas combina-ções de híbridos. O desenvolvimento detecnologias de protoplastos paraleguminosas forrageiras proporcionará,aos futuros trabalhos, a base da pesqui-sa com organelas e manipulação desubgenomas, assim como auxiliar nastecnologias da engenharia genéticamolecular.

Métodos in vitro de produção de plan-tas haplóides podem revolucionar as pes-quisas no melhoramento de leguminosasforrageiras. Avanços nas metodologiasde cultivo de microesporos isolados eobtenção de androgênese devem, eventu-almente, ser utilizados para produção dehaplóides. Cultura de anteras e óvulossão alternativas a serem melhor estuda-das dentro desta categoria de plantas.

Métodos criobiológicos podem ser usa-dos entre leguminosas forrageiras parapermitir armazenar, por longo tempo ecom temperatura ultra baixa, a variabi-lidade genética (importante para bancosde germoplasma). Na técnica decriopreservação não é necessário osubcultivo. O potencial e estabilidadegenéticos são mantidos e evitam as en-fermidades. Para criopreservar necessi-tamos determinar etapas quanto ao cul-tivo prévio, tratamento crioprotetor, con-gelamento, armazenamento, desconge-lamento e recuperação do material(reativação do crescimento). Depois deregenerada a planta completa, deve-sefazer um estudo posterior do fenótipodeste germoplasma, para verificar seocorreu alguma modificação.

Na verdade, a micropropagação e suastécnicas de cultivo in vitro, bem como amaneira de conservar seus produtos, têmgrande potencial para melhorar, em ge-ral, as condições de vida do homem, alémde lhe oferecer uma maior gama de ali-mentos em sua mesa. O que se espera éque o homem saiba fazer uso desta ferra-menta com sabedoria.

Mario Angelo Vidor, eng. agr., Ph.D., Cart.Prof. 45.918-D, Crea-RS, Epagri/Estação Ex-perimental de Lages, C.P. 181, Fone (049)224-4400, Fax (049) 222-1957, 88502-970Lages, SC.

E

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Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998 63

CONJUNTURA

O estudo dasO estudo dasO estudo dasO estudo dasO estudo dascadeias produtivascadeias produtivascadeias produtivascadeias produtivascadeias produtivas

Jorge Bleicher

estudo das cadeias produti-vas explicita as necessidades

de inovações tecnológicas e de co-nhecimento, visa reduzir o efeitodas condições negativas que afe-tam o presente e afetarão o futurodestas cadeias, ao mesmo tempoem que busca potencializar as opor-tunidades.

Uma cadeia produtiva pode serrepresentada por uma corrente oufio (“filiere” em francês), cujo eloinicial é o produtor e o final é osetor de comercialização nos dife-rentes mercados. Os agentes eco-nômicos que constituem os elos dacorrente podem estar em torno deum produto ou dispersos, de acor-do com o nível de estruturação ouarticulação da cadeia.

As sucessivas etapas que seinterrelacionam desde o produtor,passando pelo beneficiamento,industrialização, distribuição ecomercialização, representam acadeia produtiva segundo o seuconceito original. Entretanto, paraque uma cadeia esteja estruturadae seja competitiva, ela necessita deagentes econômicos auxiliarescomo os produtores de sementes emudas; a indústria de tratores ecolhedeiras; as fábricas defertilizantes, defensivos eherbicidas; a indústria deembalagens e refrigeração, entreoutros. Portanto, no estudo dascadeias produtivas é necessáriolevar em consideração estes elos ouagentes econômicos auxiliares.

Nos países com fortes barreiras

O

alfandegárias, inclusive para o setoragrícola, havia pouco interesse nosestudos das cadeias produtivas, poisatrás das tarifas escondia-se a baixaeficiência produtiva, muitas vezesregada a abundantes subsídios. Coma globalização da economia,abertura do mercado agrícola, quedadas tarifas alfandegárias e corte desubsídios, a sobrevivência de umacadeia produtiva ficou dependenteda produtividade, da qualidade e daredução de custos em toda acorrente.

Este argumento é facilmentecomprovável quando se observamprodutos importados e nacionais nasprateleiras dos supermercados, oconsumidor compara e considera quea queda de preços dos produtosproduzidos internamente nãoacontece no nível desejado e aqualidade muitas vezes deixa adesejar. Isto é o que de fato acontecepelo não-emprego total da tecnologiadisponível e, conseqüentemente,pelo não-alcance da produtividadepotencialmente desejável.

A estrutura e o nível dearticulação interna da cadeiarepresentam um fator decompetitividade. Nas cadeiasestruturadas, as relações comerciaisentre os elos ou agentes econômicossão extremamente fortes, e acoordenação e o poder econômicosão facilmente reconhecíveis. Umacadeia desestruturada e semarticulação interna é aquela quemantém uma fraca integração entreseus elos, tornando-se extrema-mente sensível às ameaças domercado.

Portanto, as ameaças vindas domercado influenciam a capacidadede sobrevivência das cadeias a mé-dio e longo prazos, ou, no mínimo,sinalizam a necessidade de eventu-ais mudanças estruturais, de arti-culação, introdução de novas tec-

nologias e reorganização tecnoló-gica.

O Instituto Cepa de Santa Ca-tarina, estudando o Cenário Agrí-cola para o início do século XXI,concluiu que, em função daintegração regional, particular-mente o Mercosul, Santa Catari-na tem o seu mercado ampliadopara os próximos anos, para ofumo, suínos, aves, banana, man-dioca, e sofre concorrência maisacentuada em cebola, alho, uva,vinho, bovinos, lácteos e erva--mate.

O estudo de cadeias explicita anecessidade de conhecimentos etecnologias, visando reduzir oimpacto das limitações nos seuselos ou a melhoria de sua quali-dade e eficiência produtiva embenefício do produtor rural, doconsumidor e dos demais agenteseconômicos.

Observa-se que a cadeiaestruturada e articulada tem acapacidade de influenciar astomadas de decisões nos centros depesquisa e desenvolvimento,priorizando a geração detecnologias para a cadeia de umdeterminado produto.

Os resultados previstos naestruturação de uma cadeia são aminimização dos custos deprodução e a redução dos custos detransação entre as diversas etapasde um processo produtivo, o que étraduzido por competitividade. Aestruturação de uma cadeiaprodutiva é sinônimo dedesenvolvimento econômico deuma região, redução do êxodo rurale uma melhor qualidade de vidapara a família rural.

Jorge Bleicher, eng. agr., Dr., Cart.Prof. 4.167-D, Crea-SC, Epagri, C.P.502, Fone (048) 334-0066, Fax (048)334-1024, 88034-901 Florianópolis,SC.

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64 Agrop. Catarinense, v.11, n.2, jun. 1998

Higiene na ordenhaHigiene na ordenhaHigiene na ordenhaHigiene na ordenhaHigiene na ordenha

A falta de higiene durante a orde-nha é uma das principais causas dacondenação de leite nas plataformasdas usinas. As medidas para obten-ção de um leite de boa qualidade sãosimples e fáceis de seguir:

• Ordenhador/retireiro: é o ele-mento chave no processo. Dele de-penderá grande parte do sucesso,desde que esteja conscientizado daimportância da higiene em todas asetapas da ordenha. O ordenhadordeve estar com roupas, mãos e bra-ços limpos e também livre de doen-ças.

• A vaca: deve estar sem doen-ças, especialmente aquelas que sãotransmitidas por meio do leite, comotuberculose, brucelose e leptospirose.Lavar e secar o úbere da vaca antesda ordenha, de preferência com umbom desinfetante e toalhas de papel(Figura 1). Após iniciada a ordenhanão interromper o trabalho, pois adescida do leite é comandada pelaliberação de um hormônio, chama-do ocitocina, que dura somente 7 a 8minutos. Decorrido este tempo a vacasegura o leite.

• Balde: deve estar muito limpo,pois pode contaminar todo o leiteretirado. Durante a ordenha deve-secuidar para que impurezas como es-terco, pêlos, ração e poeira não caiam

no leite. O balde também deve serlavado antes da ordenha com água esabão e depois com desinfetante.

• Sala de ordenha: deve ser secae ter boa ventilação. O piso deve serlavável e ter uma leve inclinação, parafacilitar o escorrimento da água.

• Testes ao pé da vaca: despre-zar os três primeiros jatos de leite(mais contaminados) em uma canecade fundo preto ou telado (Figura 2).

Verificar se exis-tem grumos (grãosde areia) que indi-quem a presençade mastite naque-le teto. Fazer esteteste diariamente.Semanalmente ouquinzenalmenterealizar o teste dabandeja (CMT -Califórnia MastitisTest), que identifi-ca a mastite numestágio menos gra-ve. • Como pre-venir a mastite:i m e d i a t a m e n t eapós a ordenha,

mergulhar os tetos em uma solu-ção de iodo glicerinado (o produtoforma uma barreira contra ainvasão de micróbios causadores dedoenças no úbere). Os animais doen-tes, em tratamentos ou suspeitos dedoenças, devem ser ordenhados porúltimo e este leite deve ser descarta-do.

• Coar o leite: a última etapa écoar o leite em recipiente apropriadoe muito limpo.

Atenção:• Leite oriundo de vacas com

mastite fica com o pH mais alto(básico), o coalho não funciona naelaboração de queijos e o consumodeste leite pode desencadear diar-réia, especialmente em crianças.

• Leite proveniente de vacas emtratamento com antibióticos não podeser usado para fabricação de queijos(o coalho não funciona e a massa ficasem consistência). Além disso, o con-sumo deste leite pode causar reaçõesalérgicas, especialmente em pessoassensíveis à penicilina.

Nota:Agradecemos a colaboração domédico veterinário JoaquimMagno Santos, da Epagri.Figura 1 - Secar o úbere com toalhas de papel

Figua 2 -Teste da

mastite

em uma

caneca

de fundopreto

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