As tecnologias para captar e armazenar a água da chuva associadas a práticas agroecológicas vem possibi l i tando aos agricultores/as construir um imaginário diferente do Semiárido, uma vez que os projetos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) valorizam as especificidades e potencialidades da região a partir de ações que viabilizam o sujeito a viver no campo de forma digna.

Nessa ótica, é visível a alegria dos agricultores ao conquistar sua cisterna de produção, afinal, esse benefício representa muito mais do que o acesso à água, é sobretudo a materialização de políticas públicas voltadas à cidadania e à qualidade de vida no sertão. Nesse contexto, um olhar diferente sob a região Semiárida reflete a essência e a beleza de

pessoas alegres, resistentes e solidárias que lutam por melhores condições de vida.Essas palavras traduzem a experiência da família do Sr. Juraci Antônio de Oliveira que reside na

comunidade de Pau Branco, município de Riacho de Santana-BA com sua esposa Maria Ana de Oliveira e filhos. Exemplo de agricultores persistentes que através das tecnologias implantadas em 2011 pelo Centro de Agroecologia no Semiárido CASA mostraram que é possível produzir durante o período da estiagem.

“Antes só plantava coentro, cebola, alho e alface na época da chuva porque era difícil produzir na seca. Hoje, com a cisterna-enxurrada plantamos de tudo um pouco; em volta dos canteiros de cebola, alface e beterraba a gente planta o milho pra aproveitar a água que molha a horta, tem também umas mudas de tomate que quero plantar,” afirma seu Juraci cheio de planos. Além de hortaliças, o agricultor também planta mudas de coco através da irrigação por gotejamento que é uma técnica simples usada para economizar água.

A horta para seu Juraci além de garantir a

Ano 7 . 1318Setembro/2013

Riacho de Santana-BA

Seu Juraci e dona Maria expressam a riquezado seu lindo quintal produtivo.

Tecnologias que possibilitam uma vida mais digna no campo.

Quintal produtivo de seu Juraci:Cenário de Riquezas e Possibilidades

segurança e a soberania alimentar da sua família através do consumo de alimentos saudáveis, representa a valorização do saber local, da agricultura familiar, responsável por grande parte da alimentação dos brasileiros. Isso fica explicito quando o agricultor relata: “sempre gostei de plantar, desde menino observava meus avós cultivando hortaliças, utilizando os saberes tradicionais para produzir; aquilo para mim era algo interessante, já que as técnicas de plantio eram simples e naturais”.

Com o resgate dessas técnicas, muitos agricultores como seu Juraci estão produzindo de maneira sustentável, exemplo disso são os agricultores da comunidade de Pau Branco que entregam hortaliças para a merenda escolar através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Isso fortalece a agricultura

familiar e favorece a valorização dos alimentos produzidos pelas famílias do campo. Vivências como essas marcam a vida das pessoas e reforçam a identidade de agricultores/as que

buscam alternativas de convivência com o Semiárido a partir da troca de saberes e experiências. Com os cursos de capacitação tornou-se mais fácil produzir de forma orgânica, “a gente sabe o que está alimentando, usamos os produtos existentes no próprio terreno para fazer os defensivos naturais, outro dia mesmo utilizamos o nim para combater os insetos na alface” relata Sr. Juraci.

Além de pôr em prática os conhecimentos adquiridos no curso de Gerenciamento de Água para Produção de Alimentos GAPA, seu Juraci aproveita a experiência do seu filho Edcarlos, que é técnico agrícola e já trabalhou como animador de campo no CASA, para cultivar sua propriedade de maneira adequada. “É uma grande alegria quando você percebe que seus filhos gostam e sentem orgulho de ser agricultores, prova disso é que dos meus nove filhos apenas dois moram distante em outra cidade. É bom quando trabalhamos em nossa própria terra sem precisar servir ao agronegócio”, conclui Seu Juraci.

Essa fala evidencia a importância de valorizar o Semiárido como um espaço rico e produtivo que permita aos agricultores/as produzir de maneira sustentável, garantindo qualidade de vida e geração de renda familiar para incentivar o jovem a permanecer na sua terra. Isso só é possível com uma educação contextualizada que valorize a realidade e as especificidades dessa região, de modo a fortalecer a cultura e a identidade do sujeito do campo.

Troca de saberes e experiências viabilizam alternativasde convivência com o Semiárido.

Cenário de possibilidades e riquezas.

CASA

CENTRO DEAGROECOLOGIANO SEMI-ÁRIDO