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RETRATO Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida A minha face? Cecília Meireles: poesia, por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 19-20. 1. O tema do texto é a) A consciência súbita sobre o envelhecimento. b) A decepção por encontrar-se já fragilizada. c) A falta de alternativa face ao envelhecimento. d) A recordação de uma época de juventude. e) A revolta diante do espelho. Senhora (Fragmento) Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar da conversa o tema desagradável. Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor idéias singulares, talvez

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Page 1: Questões LPT

RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje,Assim calmo, assim triste, assim magro,Nem estes olhos tão vazios,Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,Tão paradas e frias e mortas;Eu não tinha este coraçãoQue nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,Tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaA minha face?

Cecília Meireles: poesia, por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 19-20.

1. O tema do texto é

a) A consciência súbita sobre o envelhecimento.b) A decepção por encontrar-se já fragilizada.c) A falta de alternativa face ao envelhecimento.d) A recordação de uma época de juventude.e) A revolta diante do espelho.

Senhora

(Fragmento)

Aurélia passava agora as noites solitárias.Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para

justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar da conversa o tema desagradável.

Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor idéias singulares, talvez inspiradas pela posição especial em que se achara ao fazer-se moça.

Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e pois toda a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento deconveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus e redentor.

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Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação, que entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge.

Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mundo moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir esses limbos.

ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8.

2. O narrador revela uma opinião no trecho

a) “Aurélia passava agora as noites solitárias.” b) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”c) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” d) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” e) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...”

A sombra do meio-dia

A Sombra do Meio-Dia é o belo título de um romance lançado recentemente, de autoria do diplomata Sérgio Danese. O livro trata da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de um ghost-writer, ou redator-fantasma – aquele que escreve discursos para outros. A glória do ghost-writer de Danese adveio do dinheiro e da ascensão profissional e social que lhe proporcionaram os serviços prestados ao patrão – um ricaço feito senador e ministro, ilimitado nas ambições e limitado nos escrúpulos como soem ser as figuras de sua laia. A desgraça, da sufocação de seu talento literário, ou daquilo que gostaria que fosse talento literário, posto a serviço de outrem, e ainda mais um outrem como aquele. As exigências do patrão, aos poucos, tornam-se acachapantes. Não são apenas discursos que ele encomenda. É uma carta de amor a uma bela que deseja como amante. Ou um conto, com que acrescentar, às delícias do dinheiro e do poder, a glória literária. Nosso escritor de aluguel vai se exaurindo. É a própria personalidade que lhe vai sendo sugada pelo insaciável senhorio. Na forma de palavras, frases e parágrafos, é a alma que põe em continuada venda.

Roberto Pompeu de Toledo, Revista VEJA, ed.1843, 3 de março de 2004. Ensaio p. 110.

3. O texto foi escrito com o objetivo de

a) Conscientizar o leitor.b) Apresentar sumário de uma obra.c) Opinar sobre um livro.d) Dar informações sobre o autor.

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e) Narrar um fato científico.

Texto I Carta

(Fragmento)

A terra não pertence ao homem; é o homem que pertence à terra. Disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. O que fere a terra fere também os filhos da terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Carta do cacique Seattle ao presidente dos EUA em 1855.Texto de domínio público distribuído pela ONU.

Texto II Dicionário de Geografia

(Fragmento)

Segundo o geógrafo Milton Santos: “o espaço geográfico é a natureza modificada pelo homem através do seu trabalho”. E “o espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções”.

GIOVANNETTI, G. Dicionário de Geografia. Melhoramentos, 1996.

4. Os dois textos diferem, essencialmente, quanto

a) À abordagem mais objetiva do texto I.b) Ao público a que se destina cada texto.c) Ao rigor científico presente no texto II.d) Ao sentimentalismo presente no texto I.e) Ao tema geral abordado por cada autor.

Quando a separação não é um trauma

A Socióloga Constance Ahrons, de Wisconsin, acompanhou por 20 anos um grupo de 173 filhos de divorciados. Ao atingir a idade adulta, o índice de problemas emocionais nesse grupo era equivalente ao dos filhos de pais casados. Mas Ahrons observou que eles "emergiam mais fortes e mais amadurecidos que a média, apesar ou talvez por causa dos divórcios e recasamentos de seus pais". (...) Outros trabalhos apontaram para conclusões semelhantes. Dave Riley, professor da universidade de Madison, dividiu os grupos de divorciados em dois: os que se tratavam civilizadamente e os que viviam em conflito. Os filhos dos primeiros iam bem na escola e eram tão saudáveis emocionalmente quanto os filhos de casais "estáveis". (...)

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Uma família unida é o ideal para uma criança, mas é possível apontar pontos positivos para os filhos de separados. "Eles amadurecem mais cedo, o que de certa forma é bom, num mundo que nos empurra para uma eterna dependência.”

REVISTA ÉPOCA, 24/1/2005, p. 61-62. Fragmento.

5. No texto, três pessoas posicionam-se em relação aos efeitos da separação dos pais sobre os filhos: uma socióloga, um professor e o próprio autor. Depreende-se do texto que

a) A opinião da socióloga é discordante das outras duas.b) A opinião do professor é discordante das outras duas.c) As três opiniões são concordantes entre si.d) O autor discorda apenas da opinião da socióloga.e) O autor discorda apenas da opinião do professor.

Luz sob a porta

— E sabem que que o cara fez? Imaginem só: me deu a maior cantada! Lá, gente, na porta de minha casa! Não é ousadia demais? — E você?— Eu? Dei telogo e bença pra ele; engraçadinho, quem ele pensou que eu era?— Que eu fosse.— Quem tá de copo vazio aí?— Vê se baixa um pouco essa eletrola, quer pôr a gente surdo?

(VILELA, Luiz. Tarde da noite. São Paulo: Ática, 1998. p. 62.)

6. O padrão de linguagem usado no texto sugere que se trata de um falante

a) Escrupuloso em ambiente de trabalho.b) Ajustado às situações informais. c) Rigoroso na precisão vocabular.d) Exato quanto à pronúncia das palavras.e) Contrário ao uso de expressões populares.

A Formiga e a Cigarra

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os amigos ao final do expediente de trabalho, tomando uma cervejinha. Seu nome era “trabalho” e seu sobrenome, “sempre”.

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Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir. Então, passados alguns dias, começou a esfriar. Era o inverno que estava começando. A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca. Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:– Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha toca?– Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e comprar essa Ferrari?– Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga deseja algo de lá?– Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O CARREGUE!MORAL DA HISTÓRIA: “Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine”.

Fábula de La Fontaine reelaborada.http://www.geocities.com/soho/Atrium/8069/Fabulas/fabula2.html - com adaptações

7. Em relação ao texto original da fábula, percebe-se ironia no fato de

a) A cigarra deixar de trabalhar para aproveitar o Sol.b) A formiga trabalhar e possuir uma toca.c) A cigarra, sem trabalhar, surgir de Ferrari e casaco de visom.d) A cigarra não trabalhar e cantar durante todo o outono.e) A formiga possuir o nome “trabalho” e o sobrenome “sempre”.

O Islã não é só árabeReligião abrange diversas etnias em todo mundo

Boa parte da população ocidental acredita que o mundo islâmico é aquela porção de países do Oriente Médio que têm como idioma oficial o árabe. Por isso, são indevidamente considerados árabes alguns países de maioria islâmica, mas que têm outros idiomas, como Turquia (línguas turca e curda), Irã (persa), Afeganistão (pashtu e dari) e Paquistão (urdu e punjabi).

Existem atualmente cerca de 1,3 bilhão de muçulmanos no mundo, como são denominados os adeptos do islamismo. A maioria vive na Ásia, onde essa religião nasceu e ganhou o mundo há cerca de 1.400 anos. Da Ásia, os muçulmanos passaram para o norte da África - onde foram chamados de mouros - e parte da Europa. Integraram-se com africanos, europeus das penínsulas ibérica e itálica e outros povos. Hoje eles estão presentes também entre europeus, norte-americanos e até brasileiros.

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O islamismo cresceu em número de adeptos muito mais fora do mundo árabe do que no local em que a religião nasceu. Basta fazer uma comparação: os países islâmicos mais populosos, como a Indonésia (com “apenas” 228 milhões de habitantes), o Paquistão (145 milhões), Bangladesh (131 milhões) e Nigéria (127 milhões) têm contingentes humanos muito maiores que o Egito (70 milhões), país de maior população entre os árabes, seguido de longe pelo Sudão (36 milhões). Até a Índia, majoritariamente hindu, tem aproximadamente 100 milhões de muçulmanos.

Revista GALILEU. p. 42. Novembro de 2001.

8. Assinale verdadeira ou falsa o que diz respeito ao uso das aspas no termo apenas:

a) Irônico.b) Crítico.c) Metafórico.d) Coloquial.e) Técnico

O bicho

Vi ontem um bichoNa imundice do pátioCatando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão, Não era um gato.Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

BANDEIRA, Manuel. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Ática, 1985.

9. O que motivou o bicho a catar restos foi:

a) A própria fome.b) A imundice do pátio.c) O cheiro da comida. d) A amizade pelo cão.

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Não se perca na rede

A internet é o maior arquivo público do mundo. De futebol a física nuclear, de cinema a biologia, de religião a sexo, sempre há centenas de sites sobre qualquer assunto. Mas essa avalanche de informações pode atrapalhar. Como chegar ao que se quer sem perder tempo? É para isso que foram criados os sistemas de busca. Porta de entrada na rede para boa parte dos usuários, eles são um filão tão bom que já existem às centenas também. Qual deles escolher? Depende do seu objetivo de busca. Há vários tipos. Alguns são genéricos, feitos para uso no mundo todo (Google, Por exemplo). Use esse site para pesquisar temas universais. Outros são nacionais ou estrangeiros com versões especificas para o Brasil (Cadê, Yahoo e Altavista). São ideais para achar paginas “com.br”.

Paulo D’Amaro

10. O artigo foi escrito por Paulo D’Amaro. Ele misturou informações e análises do fato.

O período que apresenta uma opinião do autor é:

a) “foram criados sistemas de busca.”b) “essa avalanche de informações pode atrapalhar.”c) “sempre há centenas de sites sobre qualquer assunto.”d) “A internet é o maior arquivo público do mundo.”e) “Há vários tipos.”

QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 42.

11. A respeito da tirinha da Malfada, é correto afirmar que ela:

a) Gosta do Natal pelo mesmo motivo de sua amiga.b) Pensa em resposta à pergunta da amiga.

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c) Concorda com a forma de pensar de sua amiga.d) E a amiga têm as mesmas opiniões.e) Percebe que a amiga não compreendeu sua fala.

A língua está viva

Ivana Traversim

Na gramática, como muitos sabem e outros nem tanto, existe a exceção da exceção. Isso não quer dizer que vale tudo na hora de falar ou escrever. Há normas sobre as quais não podemos passar, mas existem também as preferências de determinado autor – regras que não são regras, apenas opções. De vez em quando aparece alguém querendo fazer dessas escolhas uma regra. Geralmente são os que não estão bem inteirados da língua e buscam soluções rápidas nos guias práticos de redação. Nada contra. O problema é julgar inquestionáveis as informações que esses manuais contêm, esquecendo-se de que eles estão, na maioria dos casos, sendo práticos – deixando para as gramáticas a explicação dos fundamentos da língua portuguesa. (...) Com informação, vocabulário e o auxilio da gramática, você tem plenas condições de escrever um bom texto. Mas, antes de se aventurar, considere quem vai ler o que você escreveu. A galera da faculdade, o pessoal da empresa ou a turma da balada? As linguagens são diferentes.

Afinal, a língua está viva, renovando-se sem parar, circulando em todos os lugares, em todos os momentos do seu dia. Estar antenado, ir no embalo, baixar um arquivo, clicar no ícone – mais que expressões – são maneiras de se inserir num grupo, de socializar-se

(Você S/A, jun. 2003.)

12. A tese da dinamicidade da língua comprova-se pelo fato de que:

a) As regras gramaticais podem transformar-se em exceções.b) A gramática permite que as regras se tornem opções.c) A língua se manisfesta em variados contextos e situações.d) Os manuais de redação são práticos para criar idéias.e) É possível buscar soluções praticas na hora de escrever.

A culpa é do dono?

A reportagem “ Eles estão soltos” (17 de janeiro), sobre os cães da raça pit bull que passeiam livremente pelas praias cariocas, deixou leitores indignados com a defesa que seus criadores fazem de seus animais. Um deles dizia que os cães só se tornam agressivos quando algum movimento os assusta. Sandro Megale Pizzo, de são Carlos, retruca que é difícil saber quais de nossos movimentos “assustariam” um pit Bull. De Siegen, na Alemanha, a leitora Regina Castro Schaefer diz que pergunta a se

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mesma que tipo de gente pode ter como animal de estimação um cachorro que é capaz de matar e desfigurar pessoas.

Veja, Abril. 28/02/2001

13. O que sugere o uso de aspas na palavra “assustariam”?

a) Raivab) Ironiac) Medod) Insegurançae) Ignorância

Leite

Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...)

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite − leite em pacote, imagina, Tereza! − na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.

Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: "líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais". Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 mil anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve para fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora. Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.

Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!

Millôr Fernandes. O Estado de São Paulo. 22/08/1999.

14. Ao criar a palavra "embromatologia" (ℓ. 6), o autor pretendeu ser:

a) Concisob) Irônicoc) Sériod) Formale) Cordial

Você não entende nada

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Caetano Veloso

Quando eu chego em casa nada me consolaVocê está sempre aflitaCom lágrimas nos olhos de cortar cebolaVocê é tão bonita

Você traz a coca-cola Eu tomoVocê bota a mesaEu como eu como eu como eu como eu comoVocêNão está entendendoQuase nada do que eu digoEu quero ir-me emboraEu quero é dar o foraE quero que você venha comigo

Eu me sentoEu fumoEu comoEu não aguentoVocê está tão curtidaEu quero tocar fogo neste apartamentoVocê não acreditaTraz meu café com suíta Eu tomoBota a sobremesa Eu como eu como eu como eu como eu comoVocêTem que saber que eu quero correr mundoCorrer perigoEu quero é ir-me emboraEu quero dar o foraE quero que você venha comigo

Veloso, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova cultura. 1998

15. A repetição da expressão “eu quero”, em diversos verbos, tem por objetivo

a) Fazer associação de sentido.b) Reforçar a expressão dos desejos.c) Detalhar sonhos e pretensões.d) Apresentar explicações novas.e) Refutar argumentos anteriores.

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Texto ITio Pádua

Tio Pádua e tia Marina moravam em Brasília. Foram um dos primeiros. Mudaram-se para lá no final dos anos 50. Quando Dirani, a filha mais velha, fez dezoito anos, ele saiu pelo Brasil afora atrás de um primo pra casar com ela. Encontrou Jairo, que morava em Marília. Estão juntos e felizes até hoje. Jairo e Dirani casaram-se em 1961. Fico pensando se os casamentos arranjados não têm mais chances de dar certo do que os desarranjados.

Ivana Arruda Leite. Tio Pádua. Internet: http://www.doidivana.zip net.Acesso em 07/01/2007.

Texto II

O casamento e o amor na Idade Média

(fragmento)

Nos séculos IX e X, as uniões matrimoniais eram constantemente combinadas sem o consentimento da mulher, que, na maioria das vezes, era muito jovem. Sua pouca idade era um dos motivos da falta de importância que os pais davam a sua opinião. Diziam que estavam conseguindo o melhor para ela. Essa total falta de importância dada à opinião da mulher resultava muitas vezes em raptos. Como o consentimento da mulher não era exigido, o raptor garantia o casamento e ela deveria permanecer ligada a ele, o que era bastante difícil, pois os homens não davam importância à fidelidade. Isso acontecia talvez principalmente pelo fato de a mulher não poder exigir nada do homem e de não haver uma conduta moral que proibisse tal ato.

Ingo Muniz Sabage. O casamento e o amor na Idade Média. Internet: <http://www.milenio.com.br/ingo/ideias/hist/casament.htm>. Acesso em

07/01/2007 (com adaptações).

16. Sobre o "casamento arranjado", o texto I e o texto II apresentam opiniões. Assinale o que é verdadeiro e o que é falso:

a) Complementaresb) Duvidosasc) Opostasd) Preconceituosase) Semelhantes

Page 12: Questões LPT

Gabarito:

1. A2. E

3. B

4. B

5. C

6. B

7. C

8. A

9. A

10. B

11. E

12. C

13. B

14. B

15. B

16. C

Vamos aos exercícios então.

TEXTO XX

Page 13: Questões LPT

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. (Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas)

1) Pode-se afirmar, com base nas idéias do autor-personagem, que se trata: a) de um texto jornalístico b) de um texto religioso c) de um texto científico d) de um texto autobiográfico e) de um texto teatral

2) Para o autor-personagem, é menos comum: a) começar um livro por seu nascimento. b) não começar um livro por seu nascimento, nem por sua morte. c) começar um livro por sua morte. d) não começar um livro por sua morte. e) começar um livro ao mesmo tempo pelo nascimento e pela morte.

3) Deduz-se do texto que o autor-personagem: a) está morrendo. b) já morreu. c) não quer morrer. d) não vai morrer. e) renasceu.

4) A semelhança entre o autor e Moisés é que ambos: a) escreveram livros. b) se preocupam com a vida e a morte. c) não foram compreendidos. d) valorizam a morte. e) falam sobre suas mortes.

5) A diferença capital entre o autor e Moisés é que:  a) o autor fala da morte; Moisés, da vida. b) o livro do autor é de memórias; o de Moisés, religioso. c) o autor começa pelo nascimento; Moisés, pela morte. d) Moisés começa pelo nascimento; o autor, pela morte. e) o livro do autor é mais novo e galante do que o de Moisés.

6) Deduz-se pelo texto que o Pentateuco: a) não fala da morte de Moisés. b) foi lido pelo autor do texto. c) foi escrito por Moisés. d) só fala da vida de Moisés. e) serviu de modelo ao autor do texto.

Page 14: Questões LPT

7) Autor defunto está para campa, assim como defunto autor para: a) intróito b) princípio c) cabo d) berço e) fim

8) Dizendo-se um defunto autor, o autor destaca seu (sua): a) conformismo diante da morte ; b) tristeza por se sentir morto c) resistência diante dos obstáculos trazidos pela nova situação d) otimismo quanto ao futuro literário e) atividade apesar de estar morto

TEXTO XXI Segunda maior produtora mundial de embalagem longa  vida, a SIG Combibloc, principal divisão do grupo suíço SIG, prepara a abertura de uma fábrica no Brasil. A empresa, responsável por 1 bilhão do 1,5 bilhão de dólares de faturamento do grupo, chegou ao país há dois anos disposta 5 a brigar com a líder global, Tetrapak, que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado. Os estudos para a implantação da fábrica foram recentemente concluídos e apontam para o Sul do país, pela facilidade logística junto ao Mercosul. Entre os oito atuais clientes da Combibloc na região estão a Unilever, com a marca de atomatado Malloa, no Chile, e a 10 italiana Cirio, no Brasil. (Denise Brito, na Exame, dez./99)

9) Segundo o texto, a SIG Combibloc: a) produz menos embalagem que a Tetrapak. b) vai transferir suas fábricas brasileiras para o Sul. c) possui oito clientes no Brasil. d) vai abrir mais uma fábrica no Brasil. e) possui cliente no Brasil há dois anos, embora não esteja instalada no país.

10) Segundo o texto: a) O Mercosul não influiu na decisão de instalar uma fábrica no Sul. b) a SIG Combibloc está entrando no ramo de atomatado. c) a empresa suíça SIG ocupa o 2o lugar mundial na produção de embalagem longa vida. d) a Unilever é empresa chilena. e) a SIG Combibloc detém 2/3 do faturamento do grupo.

11) Os estudos apontam para o Sul porque: a) o clima favorece a produção de embalagens longa vida. b) está próximo aos demais países que compõem o Mercosul. c) a Cirio já se encontra estabelecida ali. -v-.v. d) nos países do Mercosul já há clientes da Combibloc. e) o Sul é uma região desenvolvida e promissora.

12) “...que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado.” (/. 5-6) Das alterações feitas nessa passagem do texto, a que não mantém o sentido original é: a) a qual detém cerca de 80% dos negócios em tal mercado.

Page 15: Questões LPT

b) que possui perto de 80% dos negócios nesse mercado.  c) que detém aproximadamente 80% dos negócios em tais mercados. d) a qual possui aproximadamente 80% dos negócios nesse mercado. e) a qual detém perto de 80% dos negócios nesse mercado.

13) “...e apontam para o Sul do país...” O trecho destacado só não pode ser entendido, no texto, como: a) e indicam o Sul do pai b) e recomendam o Sul do país c) e incluem o Sul do país d) e aconselham o Sul do país e) e sugerem o Sul do país

TEXTO XXII Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na  pesca,  em  determinados  ofícios 5 mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. (Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes)

14) Segundo o autor, os antigos moradores da terra: a) foram o fator decisivo no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. b) colaboravam com má vontade na caça e na pesca. c) não gostavam de atividades rotineiras. d) não colaboraram com a indústria extrativa. e) levavam uma vida sedentária.

15) “Trabalho acurado” (l. 6) é o mesmo que: a) trabalho apressado b) trabalho aprimorado c) trabalho lento d) trabalho especial e) trabalho duro

16) Na expressão “tendência espontânea” (/. 7), temos uma(a): a) ambigüidade b) cacofonia c) neologismo d) redundância e) arcaísmo

17) Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: a) os portugueses b) os negros c) os índios d) tanto os índios quanto os negros e) a miscigenação de portugueses e índios

18) Pelo visto, os antigos moradores da terra não possuíam muito (a): 

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a) disposição b) responsabilidade c) inteligência d) paciência e) orgulho 

TEXTO XXIII Com todo o aparato de suas hordas guerreiras, não conseguiram as bandeiras realizar jamais a façanha levada a cabo pelo boi e pelo vaqueiro. Enquanto que aquelas, no desbravar, sacrificavam indígenas aos milhares, despovoando  sem  fixarem-se,  estes  foram 5 pontilhando de currais os desertos trilhados, catequizando o nativo para seus misteres, detendo-se, enraizando-se. No primeiro caso era o ir e voltar; no segundo, era o ir-e-ficar. E assim foi o curral precedendo a fazenda e o engenho, o vaqueiro e o lavrador, realizando uma obra de conquista dos altos sertões, exclusive a pioneira. (José Alípio Goulart, in Brasil do Boi)

19) Segundo o texto: a) tudo que as bandeiras fizeram foi feito também pelo boi e pelo vaqueiro. b) o boi e o vaqueiro fizeram todas as coisas que as bandeiras fizeram. c) nem as bandeiras nem o boi e o vaqueiro alcançaram seus objetivos. d) o boi e o vaqueiro realizaram seu trabalho porque as bandeiras abriram o caminho. e) o boi e o vaqueiro fizeram coisas que as bandeiras não conseguiram fazer.

20) Com relação às bandeiras, não se pode afirmar que: a) desbravaram  b) mataram  c) catequizaram d) despovoaram e) não se fixaram

21) Os índios foram: a) maltratados  b) aviltados  c) expulsos d) presos e) massacrados

22) O par que não caracteriza a oposição existente entre as bandeiras e o boi e o vaqueiro é: a) aquelas (/. 3) / estes (/. 4) b) ir-e-voltar (/. 6/7) / ir-e-ficar (/. 7) c) no primeiro caso (/. 6) / no segundo (/. 7) d) enquanto (/. 3) / e assim [1.7)  e) despovoando (/. 4) / pontilhando (/. 5)

23) “...catequizando o nativo para seus misteres...” Das alterações feitas na passagem acima, a que altera basicamente o seu sentido é: a) doutrinando o indígena para seus misteres b) catequizando o aborigine para suas atividades c) evangelizando o nativo para seus ofícios d) doutrinando o nativo para seus cuidados e) catequizando o autóctone para suas tarefas

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24) O elemento conector que pode substituir a preposição com (/. 1), mantendo o sentido e a coesão textual, é: a) mesmo  b) não obstante  c) de d) a respeito de e) graças a

25) “...o aparato de suas hordas guerreiras...” sugere que as conquistas dos bandeirantes ocorreram com: a) organização e violência b) rapidez e violência c) técnica e profundidade d) premeditação e segurança e) demonstrações de racismo e violência

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TEXTO XXIV Você se lembra da Casas da Banha? Pois é, uma pesquisa mostra que mais de 60% dos cariocas ainda se recordam daquela que foi uma das maiores redes de supermercados do país, com 224 lojas e 20.000 funcionários, desaparecida no início dos anos 90. Por isso, seus antigos 5 donos, a família Velloso, decidiram ressuscitá-la. Desta vez, porém, apenas virtualmente. Os Velloso fizeram um acordo com a GW.Commerce, de Belo Horizonte, empresa que desenvolve programas para supermercados virtuais. Em troca de uma remuneração sobre o faturamento, A GW gerenciará as vendas para a família Velloso. A família cuidará apenas das 10 compras e das entregas. (José Maria Furtado, na Exame, dez./99)

26) Segundo o texto, a família Velloso resolveu ressuscitar as Casas da Banha porque: a) a rede teve 224 lojas e 20.000 funcionários. b) a rede foi desativada no início dos anos 90. c) uma empresa do ramo de programas para supermercados propôs um acordo vantajoso, em que a rede só entraria com as compras e as entregas. d) mais da metade dos cariocas não esqueceram as Casas da Banha. e) a rede funcionará apenas virtualmente.

27) A palavra ou expressão que justifica a resposta ao item anterior é: a) Você (/. 1) . ,.. . b) desaparecida (/. 4) c) Por isso (/. 4) d) Desta vez (/. 5) e) acordo {l. 6)

28) “Desta vez, porém, apenas virtualmente.” Com a passagem destacada acima, entende-se que as Casas da Banha:

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a) funcionarão virtualmente, ou seja, sem fins lucrativos. b) não venderão produtos de supermercado. c) estão associando-se a uma empresa de informática. d) estão mudando de ramo. e) não venderão mais seus produtos em lojas.

29) O pronome “Ia” (/. 5) não pode ser, semanticamente, associado a: a) Casas da Banha (/. 1) b) pesquisa (/. 1) c) daquela (/. 2) d) uma (/. 3) e) desaparecida (/. 4) 

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TEXTO XXV A fábrica brasileira da General Motors em Gravataí, no Rio Grande do Sul, será usada como piloto para a implementação do novo modelo de negócios que está sendo desenhado mundialmente pela montadora. A meta   da   GM    é    transformar-se    numa    companhia    totalmente 5 voltada para o comércio eletrônico. A partir do ano 2000, a Internet passará a nortear todos os negócios do grupo, envolvendo desde os fornecedores de autopeças até o consumidor final. “A planta de Gravataí representa a imagem do futuro para toda a GM”, afirma Mark Hogan, ex-presidente da filial brasileira e responsável pela nova divisão e-GM. (Lidia Rebouças, na Exame, dez./99)

30) Segundo o texto: a) a GM é uma empresa brasileira instalada em Gravataí. b) a montadora fez da fábrica brasileira de Gravataí um modelo para todas as outras fábricas espalhadas pelo mundo. c) no Rio Grande do Sul, a GM implementará um modelo de fábrica semelhante ao que está sendo criado em outras partes do mundo. d) a fábrica brasileira da GM vinha sendo usada de  acordo com o modelo mundial, mas a montadora pretende alterar esse quadro. e) a GM vai utilizar a fábrica do Rio Grande do Sul como um protótipo do que será feito em termos mundiais.

31) A opção que contraria as idéias contidas no texto é: a) A GM vai modificar, a partir de 2000, a forma de fazer negócios. b) Será grande a importância da Internet nos negócios da GM. c) O consumidor final só poderá, a partir de 2000, negociar pela Internet. d) O comércio eletrônico está nos planos da GM para o ano 2000. e) A fábrica brasileira é considerada padrão pelo seu ex-presidente.

32)Deduz-se, pelo texto, que a fábrica brasileira: a) será norteada pela Internet. b) terá seu funcionamento modificado para adaptar-se às necessidades do mercado. c) será transferida para Gravataí.

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d) estará, a partir de 2000, parcialmente voltada para o comércio eletrônico. e) seguirá no mesmo ritmo de outras empresas da GM atualmente funcionando no mundo.

33) Por “implementação” (/. 2), pode-se entender: a) complementação b) suplementação c) exposição d) realização e) facilitação

34) Segundo as idéias contidas no texto, a transformação que se propõe a GM: a) não tem apoio dos fornecedores. b) tem apoio do consumidor final. c) tem prazo estabelecido. d) é inexeqüível. e) não tem lugar marcado. 

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