questões discursivas: intervenção do estado na propriedade

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Página 1 de 2 QUESTÕES DISCURSIVAS INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Nome: Bruno Lauar Scofield / Douglas Arthur Sperotto 1 - O imóvel de Pedro foi expropriado para nele ser construída uma creche. Passados 04 anos da efetiva transferência da propriedade, o referido imóvel foi cedido a uma borracharia. Diante do fato, Pedro pretende reaver seu imóvel, pois entende que a destinação foi indevida. Considerando esse caso hipotético, qual o instituto que autoriza o retorno do imóvel a Pedro, bem como qual é o prazo de sua utilização, a natureza jurídica e qual o termo inicial do prazo prescricio- nal/decadencial? R: O instituto que autoriza Maria a retomar o imóvel é a ação de retrocessão. Trata-se de ação de natureza real, como assentado na jurisprudência do STF (Súmula 343). Aplica-se o prazo de pres- crição de 10 anos, previsto no art. 205 do CC, contados a partir da data da transferência do imóvel ao domínio particular, e não da desistência pelo Poder expropriante. 2 - Regina possui um terreno vazio de 10.000 m² no centro de determinado município. Esse imóvel não vem sendo utilizado de acordo com a política urbanística da cidade, prevista no plano diretor. O prefeito pretende conferir a esse terreno uma finalidade de interesse social e econômico, de acordo com o plano diretor do município, mas não tem recursos para promover a imediata desa- propriação. A propósito dessa situação hipotética, redija um texto que explicite, de forma funda- mentada, quais providências necessárias e cabíveis podem ser tomadas pelo prefeito. R: As providencias são as arroladas no art. 182, § 4º da CF/88 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, confor- me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutiliza- do ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

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Questões Discursivas: Intervenção Do Estado Na Propriedade

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    QUESTES DISCURSIVAS INTERVENO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

    Nome: Bruno Lauar Scofield / Douglas Arthur Sperotto

    1 - O imvel de Pedro foi expropriado para nele ser construda uma creche. Passados 04 anos da

    efetiva transferncia da propriedade, o referido imvel foi cedido a uma borracharia. Diante do

    fato, Pedro pretende reaver seu imvel, pois entende que a destinao foi indevida. Considerando

    esse caso hipottico, qual o instituto que autoriza o retorno do imvel a Pedro, bem como qual o

    prazo de sua utilizao, a natureza jurdica e qual o termo inicial do prazo prescricio-

    nal/decadencial?

    R: O instituto que autoriza Maria a retomar o imvel a ao de retrocesso. Trata-se de ao de

    natureza real, como assentado na jurisprudncia do STF (Smula 343). Aplica-se o prazo de pres-

    crio de 10 anos, previsto no art. 205 do CC, contados a partir da data da transferncia do imvel

    ao domnio particular, e no da desistncia pelo Poder expropriante.

    2 - Regina possui um terreno vazio de 10.000 m no centro de determinado municpio. Esse imvel

    no vem sendo utilizado de acordo com a poltica urbanstica da cidade, prevista no plano diretor.

    O prefeito pretende conferir a esse terreno uma finalidade de interesse social e econmico, de

    acordo com o plano diretor do municpio, mas no tem recursos para promover a imediata desa-

    propriao. A propsito dessa situao hipottica, redija um texto que explicite, de forma funda-

    mentada, quais providncias necessrias e cabveis podem ser tomadas pelo prefeito.

    R: As providencias so as arroladas no art. 182, 4 da CF/88

    Art. 182. A poltica de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pblico municipal, confor-

    me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funes

    sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

    4 - facultado ao Poder Pblico municipal, mediante lei especfica para rea includa no plano

    diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietrio do solo urbano no edificado, subutiliza-

    do ou no utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I

    - parcelamento ou edificao compulsrios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial

    urbana (IPTU) progressivo no tempo; III - desapropriao com pagamento mediante ttulos da

    dvida pblica de emisso previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de

    at dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenizao e os

    juros legais.

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    3 - O novo prefeito de um municpio com cerca de um milho de habitantes, preocupado com o

    problema de dficit habitacional existente, decidiu implementar, pelo sistema de mutiro, um

    arrojado programa de construo de casas para famlias de baixa renda. Para tanto, efetuou a

    desapropriao de uma rea de 3.000.000,00m que pertencia a uma indstria de laticnios e cuja

    propriedade no a utilizava economicamente. Concludo o processo de desapropriao, o primeiro

    mandatrio municipal, construiu, no local, um grande mercado popular. Nessa situao, seria nula

    a desapropriao, por desvio de finalidade? Justifique de forma fundamentada a resposta.

    R: Sim, seria nula a desapropriao, por desvio de finalidade conforme o art. 5, 3 do Decreto Lei 365/41. Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pblica: 3o Ao imvel desapropriado para implantao de parcelamento popular, destinado s classes de menor renda, no se dar outra utilizao nem haver retrocesso.