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1 QUEM MATOU PEDRO LEON FERRAZ 1ª Edição 2014

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QUEM MATOU

PEDRO

LEON FERRAZ

1ª Edição 2014

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Copyright© 2014 Leon Ferraz

Título Original: Quem Matou Pedro

Editor: Leon Ferraz

Revisão: Leon Ferraz

Editoração Eletrônica: Leon Ferraz

Capa: Foto de Leon Risso

Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da

Língua Portuguesa.

Literatura Brasileira - Ferraz, Leon

Quem Matou Pedro / Leon Ferraz.

São Paulo – Brasil - 2014.

99 páginas - 14x21 cm.

ISBN:

1. Literatura Brasileira. 2. Romance.

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Agradecimentos

Meus agradecimentos à minha esposa Silvana pelo

incentivo e ajuda nesse projeto.

Minha eterna gratidão à psicóloga, escritora, artista

plástica e amiga do coração, Sonia Del Nero por

tanta dedicação e orientação na elaboração desse

romance.

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Dedicatória

Dedico esse livro ao meu bisavô Pedro para que ele

onde estiver sinta-se em paz, à minha esposa

Silvana, minhas filhas Cristiane e Simone, minha

mãe Irene e ao meu genro Rafael, à minha neta

Helena, a princesinha dos meus sonhos.

Com carinho a todos,

Leon

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Apresentação

Esse livro nasceu a partir de um sonho,

extremamente curioso e intrigante, que uma amiga de

minha esposa Vanessa, Elisabeth Kacinsky, mais

conhecida como Betty Peru, teve com uma pessoa que,

como eu, nem conheceu: meu bisavô, Pedro Ricci.

Embora essa história tenha sido escrita, como

todos os meus outros contos, de forma clara, simples e

sem rodeios, a complexidade contida no enigmático

recado que me foi revelado nesse sonho dá todo o

colorido para a trama: “Eu j{ avisei o Vinicius que está a

um quilômetro do sítio!”

O que será que meu bisavô quis dizer com esse

recado que enviou a mim, através do sonho de Betty

Peru?

O que está a um quilômetro do sítio?

Com esses questionamentos realmente intrigantes se

instalando em minha mente, fui em busca de suas

respostas e através delas, nasceu essa história. Uma

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história em que ficção e realidade se misturam e

se encaixam e que, na esperança de poder levar, de

alguma forma, um pouco de paz à alma de meu bisavô

que, lamentavelmente, partiu desse mundo de modo

trágico, tenta encaminhá-lo a lugares cada vez melhores

de seu processo evolutivo, para que possa seguir

aprendendo, crescendo evoluindo em suas trajetórias

anímicas, com maior serenidade de espírito.

Os sonhos e o vento sempre me acompanham

desde criança sendo bons companheiros. Nessa história

eles se fazem presentes: um me ajudando a elucidar os

fatos e dando cor a essa tela e o outro sendo um vetor na

minha caminhada.

Leon Ferraz

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A MENSAGEM

“Abraça o vento e dança na proa da vida”.

1ª Parte

Na metade da primeira década de 2000, uma

amiga de minha esposa Vanessa, a Elisabeth Kacinsky,

mais conhecida como Betty Peru, telefonou para ela,

como sempre o fazia, mas, desta vez, para contar-lhe

que havia tido um sonho muito intrigante naquela noite

e que precisava contar tudo aquilo que oniricamente

havia vivenciado.

Disse que sonhou que andava por uma chácara

ou sítio, de braço dado com um senhor, de estatura

média, com mais de setenta anos, trajando calça escura,

paletó claro e, na cabeça, uma boina ou algo semelhante.

Disse também que essa pessoa a levou passear por um

bonito pomar de mexericas, laranjas, peras e inúmeras

outras frutas e que toda essa trajetória percorrida por

eles foi feita com muita tranquilidade e que a figura

desse senhor transmitia muita paz e serenidade.

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Até esse momento não havia nada que pudesse

despertar alguma curiosidade ou que fosse motivo

evidente para impulsioná-la a nos procurar. Claro,

porque a parte intrigante desse sonho ficou reservada

para o final em que esse senhor, sem mais nem menos,

disse | Betty: “Eu j{ avisei o Vinicius que est{ a um

quilômetro do sítio”.

Esse foi o sonho relatado por Betty. Um sonho

curioso que mencionava meu nome ou de meu avô. Esse

recado seria para mim? Seria para meu avô? Quem

sabe?

Em vista disso, nós três, Betty, Vanessa e eu,

concordamos que essa pessoa poderia realmente ser da

minha família e como essa hipótese deveria ser

verificada, combinamos com a Betty que no sábado nos

encontraríamos e levaríamos uma fotografia de todos os

membros da família juntos para que ela pudesse

identificar se algum deles era o cicerone do sonho que

havia tido.

A partir desse momento, sem dúvida alguma,

uma grande ansiedade tomou conta de mim e de

Vanessa.

Durante a semana escolhemos duas fotos e, no

dia marcado, as levamos conosco para mostrar à Betty.

Uma delas retratava a família na década de 1950 e

a outra, na década de 1990.

No momento em que mostramos as fotografias, Betty foi

enf{tica e determinada em suas palavras: “é

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este aqui”, disse ela, apontando o dedo na

direção de meu bisavô Pedro Ricci.

Estava decifrado o primeiro mistério deste sonho.

Descobrimos quem passeou com Betty e quem falou a

tal frase esquisita, sem pé nem cabeça: meu bisavô.

Perplexo com toda essa situação não pude evitar

que alguns questionamentos surgissem em minha

mente.

Qual a razão de tudo isso?

Qual o sentido do recado que meu bisavô Pedro

enviou?

Fiz minhas anotações a respeito do tal sonho e

deixei o tempo correr.

No ano passado recorri a elas quando comecei a

escrever meus textos sobre esse assunto e me propus

estudá-lo e avaliá-lo minuciosamente.

Primeira coisa: não entendi se o Vinicius era meu

avô ou era eu. Se meu avô Vinicius já havia falecido há

anos, e o Bisavô Pedro não havia me conhecido, pois ele

morreu antes do meu nascimento, só poderia concluir

que aquele recado era endereçado a mim. Mas por quê?

Pensei, pensei, e resolvi deslocar-me à Federação

Espírita de São Paulo. A Federação Espírita fica situada

à Rua Maria Paula, a uns trezentos metros da Avenida

Brigadeiro Luís Antonio, em um prédio bem antigo e

simples.

Chegando lá, dirigi-me até uma atendente e disse que

gostaria de conversar com alguém que pudesse ouvir

minha história. Sem nada questionar e com muita

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simpatia ela mesma acompanhou-me até um

segundo subsolo e pediu que eu aguardasse na fila.

Essa fila tinha umas seis pessoas. Percebi que ali

não havia um horário a ser cumprido. Poderia demorar

a consulta cinco minutos como poderia demorar horas,

tudo dependeria do caso e do diálogo travado com cada

um.

Em questão de vinte minutos, conduziram-me a

um senhor próximo dos sessenta anos, meia altura,

magro, cabelo grisalho e com um olhar muito meigo. Ele

estava sentado numa cadeira cor de cerejeira e

convidou-me a sentar em outra igual localizada à sua

frente. Sentei-me e, entre nós, restou uma pequena mesa

da mesma tonalidade com umas folhas de papel em

branco e um lápis preto sobre ela.

Fiz minha apresentação a ele e ouvi do mesmo:

“Eu já estava te esperando”. Concordei com a cabeça,

mas meu olhar foi de espanto, e achei melhor acreditar

que aquilo era uma espécie de cartão de visita a todos.

Pensei como um cético, mas foi só por um instante.

Quem sabe fosse uma forma de impressionar, mas me

deixou dúvidas, pois senti no seu olhar algo muito

especial.

Ele perguntou-me sobre religião, falei que eu

pertencia e fui batizado e crismado na igreja católica, e

que, embora nos dias atuais tivesse diferenças

acentuadas quanto aos destinos da igreja, continuava

católico.

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Indagou sobre o que eu fazia em prol dos mais

necessitados.

Expliquei minhas poucas, mas bem sucedidas

ações em prol dos necessitados, como ajuda financeira,

doação de roupas, livros e outros. Disse-me que eu era

muito bom, mas em seguida perguntou-me: ...mas e o

carinho? Fiquei mudo, mas entendi o que ele quis me

dizer. Essa questão, de imediato fez-me enxergar um

mundo novo, sem máscaras e isento de materialismo, só

com solidariedade e amor.

Contei a ele o sonho vivido por Betty, ressaltando

o fato de ser ela pessoa espiritualizada, com muita

sensibilidade e que sempre demonstrou a nós de modo

muito acentuado e claro a sua capacidade espiritual e

deixei no ar a ideia de que seu sonho poderia até ter

contido nele um caráter mediúnico.

Olhou para mim, e perguntou-me se eu

acreditava no sonho dela.

Falei que sim. “Então ótimo, vamos continuar”,

disse ele.

Realmente sua amiga é médium e gosta também

muito de vocês e foi justamente por esses motivos que

seu bisavô Pedro fez contato com ela através do sonho

enviando-lhe esse recado. Ele sabe muito bem que o

filho dele já desencarnou e como não te conheceu em

vida e quem teve o sonho foi sua amiga, o recado só

pode ser para você. Sua amiga tem os canais abertos e

com isso propiciou o contato. Muito simples.

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E o conteúdo do recado que ele mandou?

Perguntei a ele.

Bem aí, só se nós tentássemos travar um contato

com ele, mas acho complicado porque é uma alma com

problemas, pois como você me contou ele cometeu

suicídio. Tente ver com sua amiga se ela consegue

contato com ele, acho que através dela será mais fácil.

Tente estudar detalhadamente o que tem nesse

quilômetro e por último, se nada der certo, procure-me

novamente e veremos o que posso fazer.

Comunicou que todas as terças e quintas-feiras

ele ministrava consultas nesse horário. Assim ficou

combinado. Abracei-o com muito carinho e senti uma

gostosa sensação de bem-estar.

Fiquei pensando ao sair da Federação Espírita:

Realmente meu bisavô havia cometido suicídio e isso

deve ter um peso negativo no julgamento dele lá na

outra esfera. Porém cada qual escreve sua história e não

serei eu a julgá-lo. O fato é que houve esse contato e,

embora estranho só poderia ser verdadeiro, pois como

uma amiga nossa poderia sonhar com meu bisavô?

Betty não sabia da existência do sítio, não tinha

conhecimento do fim trágico do meu bisavô, enfim nada

sabia a respeito de nada. Conclusão foi um fato muito

interessante e vamos agora caminhar com ele, assim

pensei em cá com os meus botões. Assim tomei minha

primeira decisão.

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“É fácil trocar as palavras, o difícil é interpretar

os silêncios”

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PRIMEIROS CONTATOS

2ª Parte

Após minha passagem pela Federação Espírita,

fiquei por um tempo pensando nos próximos passos a

serem dados. Retornei para casa, na Zona Oeste de São

Paulo, no Alto da Lapa.

Decidi, após conversar longamente com a

Vanessa, que não iria, por enquanto, procurar a Betty

Peru, pois já fazia mais de quatro anos que não nos

falávamos e que então era melhor deixar por enquanto

assim.

Fiz contato com o Instituto Geográfico e

Cartográfico de São Paulo, situado à Alameda Santos,

nos Jardins. Expliquei à atendente que gostaria de

marcar um encontro com alguém que trabalhasse com

mapas da região de Campo Verde e circunvizinhas. A

atendente, numa malemolência baiana, deixou-me

sozinho por uns minutos na linha, daí voltou dizendo

que a Srta. Adriana não poderia me atender no

momento, mas pedia que eu deixasse o telefone que ela

retornaria em seguida. Agradeci e nos despedimos.

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Havia ansiedade em mim, esse assunto

permeava meus pensamentos e deixava-me inquieto.

Segui a determinação e desliguei o telefone.

Passados uns quarenta minutos recebi a ligação da Srta.

Adriana. Voz doce e firme, muito objetiva e fria, disse-

me que estava muito atarefada. Pedi a ela somente um

pouco de atenção e expliquei que eu gostaria de ir até o

Instituto se ela achasse viável, pois eu precisava de

mapas da região de Campo Verde.

Ela ficou em dúvida, mas minha insistência foi

grande. Disse a ela que pessoalmente eu explicaria os

porquês de querer ver e analisar os mapas. Marcamos

para o final da semana seguinte, pois como ela estava

por demais ocupada, iria lá no sábado somente para me

atender. Aspas: eu me apresentei como amigo do filho

do ex-governador de São Paulo, Dr. Sérgio Emidio

Tarquini e isso sem dúvida manteve a minha porta

aberta. Dr. Sérgio Emidio Tarquini foi governador de

São Paulo em meados da década de setenta, eleito

indiretamente pelo Presidente Ernesto Geisel e seu filho,

o Geraldo Emidio Tarquini, vulgo Geraldão é um

querido amigo de comércio exterior e pessoal também e

uma boa pessoa.

Esses dias que antecederam à minha visita ao

Instituto, passei estudando a região de Campo Verde,

suas estradas vicinais, micro regiões, enfim, levantando

condomínios e tudo que pudesse me ajudar em alguma

coisa. A papelada já era vasta. Pensei em conversar com

algum primo meu, em especial o Silvio Ricci Amaral,