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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Que água consumimos? Avaliação microbiológica da água de poços Projeto FEUP 2015/2016 MIEA: Coordenador Projeto FEUP João Bastos Equipa 2 Turma 2: Supervisor: António Vilanova Monitor: Fábio Bernardo Estudantes & Autores: Bernardo Oliveira Diogo Teixeira Francisco Ferreira Leonardo Sampaio Márcia Silva Natália Pinho Ricardo Correia

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Que água consumimos?

Avaliação microbiológica da água de poços

Projeto FEUP 2015/2016 – MIEA:

Coordenador Projeto FEUP João Bastos

Equipa 2 Turma 2:

Supervisor: António Vilanova Monitor: Fábio Bernardo

Estudantes & Autores:

Bernardo Oliveira Diogo Teixeira

Francisco Ferreira Leonardo Sampaio

Márcia Silva Natália Pinho

Ricardo Correia

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

1

Resumo

O presente trabalho, proposto no âmbito da disciplina Projeto FEUP, tem como objetivo

a avaliação da qualidade da água de poços, mais especificamente, a dos seus parâmetros

microbiológicos para posterior comparação entre os valores obtidos e a respetiva legislação

em vigor. Através de uma breve explicação do ciclo da água e os fatores de poluição

adjacentes ao mesmo, procurou-se encadear os conceitos de poluição da água.

Posteriormente recorreu-se à análise de amostras de água no sentido de verificar a possível

existência de colónias de E.coli. Depois de analisadas as amostras, relacionou-se estes dois

tópicos no sentido de associar as causas de poluição aos resultados obtido para justificação

dos mesmos.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

2

Palavras chave

Propriedades da água

Poluição via agentes físicos, químicos e orgânicos

Efeitos dos poluentes

Transmissão de doenças

Microbiologia

Indicador de contaminação biológica

Método experimental

Protocolo experimental

Resultados experimentais

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

3

Agradecimentos

No decorrer deste trabalho, tivemos o auxílio de diversos membros da FEUP às quais

deixamos uma palavra de apreço.

Especificamente, ao monitor Fábio Bernardo, por nos ter orientado ao longo da

realização do relatório e posterior análise do mesmo.

Ao supervisor António Vilanova e à docente Margarida Bastos, um reconhecimento

pelas suas diretivas no sentido de alcançar a excelência em termos científicos.

Por último mas não menos importante, um agradecimento à faculdade de Engenharia do

Porto, por nos ter fornecido todos os materiais necessários para a elaboração do trabalho

proposto.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

4

Índice

Índice de Tabelas ........................................................................................................ 5

Índice de Figuras ......................................................................................................... 5

Índice de Tabelas ..................................................................................................................... 5

Objetivos do trabalho ................................................................................................. 6

Introdução ..................................................................................................................... 7

I) Propriedades da água ................................................................................................... 9

II) Ciclo da Água ............................................................................................................ 10

III) Poluição .................................................................................................................... 11

IV) Efeitos dos poluentes nos meios aquáticos .................................................................. 12

V) Transmissão de doenças ........................................................................................... 13

VI) Contextualização microbiológica ................................................................................ 14

VII) Meios de Cultura utilizados ...................................................................................... 15

Materiais e Métodos .................................................................................................. 16

I) Método de Membrana Filtrante ..................................................................................... 16

II) Procedimento Experimental ........................................................................................ 17

Resultados Experimentais ........................................................................................ 18

Conclusões Laboratoriais ........................................................................................ 20

I) Vantagens ..............................................................................................................................................20

II) Desvantagens ...................................................................................................................................... 20

Estratégias de prevenção ......................................................................................... 21

Conclusão .................................................................................................................... 21

Referências bibliográficas ....................................................................................... 22

Anexos ......................................................................................................................... 23

I) Legislação a seguir para classificar água do poço como própria para consumo .................. 23

II) Resultados das análises bacteriológicas………………………………………………….26

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

5

Índice de Gráficos

Gráfico 1 Estatísticas da qualidade da água .................................................................. 8

Índice de Figuras

Figura 1 Quantidade de água e a sua distribuição no mundo ....................................... 7

Figura 2 Diminuição da água subterrânea ..................................................................... 7

Figura 3 Ciclo da água ................................................................................................ 10

Figura 4 Mosquito provoca dengue ............................................................................. 13

Figura 5 Bactéria E.coli ............................................................................................... 14

Figura 6 E.coli em processo de formação de colónia. ................................................. 15

Figura 7 Amostra Leça da Palmeira. ........................................................................... 18

Figura 8 Amostra Maia. ............................................................................................... 18

Figura 9 Amostra Paços de Ferreira. ........................................................................... 19

Figura 10 Controlo Negativo. ....................................................................................... 19

Figura 11 Controlo Positivo. ........................................................................................ 19

Índice de Tabelas

Tabela 1 Análises à água. ............................................................................................. 8

Tabela 2 Resultados experimentais de acordo com DL 306/2007 ................................... 21

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

6

Objetivos do trabalho

Com este trabalho, pretendeu-se estudar o tema da análise da qualidade da água dos

poços, em termos microbiológicos no sentido de detetar a presença de certos indicadores

de contaminação.

Como em todos os trabalhos de laboratório, o objetivo primordial é relacionar os

resultados obtidos com a problemática que está a ser trabalhada que, neste caso, consistia

em discutir os resultados da análise microbiológica da água dos diferentes poços em estudo

e assim poder avaliar a qualidade da mesma, ou seja, determinar se a água era ou não

passível a consumo humano.

Pretende-se desenvolver uma série de competências, tais como: o desenvolvimento de

um espírito crítico apurado e uma maior capacidade de cooperação entre os elementos do

grupo.

Um outro objetivo a alcançar neste trabalho é o cumprimento integral de todas as regras

de laboratório bem como o uso comedido e rigoroso de todo o material necessário à

realização do mesmo.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

7

Introdução

Na imagem é possível observar a distribuição mundial da água que se encontra nos

aquíferos mais superficiais. Através do mesmo é possível concluir que a maioria da água

subterranea se encontra no continente Africano e no continente da América do Norte. Por

outro lado, na Europa também se verifica 40-80 m de água subterranea em média. Cerca de

32% da população mundial é alimentada por estas águas subterrâneas, o que se traduz em

cerca de 1,6 milhões de poços naturais. [1]

Tendo em conta uma outra imagem que se refere à sobrexploração das águas

subterrâneas, é possível observar os países em que o consumo é excessivo. Esta

sobrexploração leva a um futuro desequilíbrio no ciclo hidrológico que pode ter

consequências severas no equilíbrio do próprio planeta.[2]

Figura 1 Quantidade de água e a sua distribuição no mundo

Figura 2 Diminuição da água subterrânea

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

8

Com o desenvolvimento da civilização, a qualidade dessa água é muitas vezes

comprometida. Olhemos agora para uma amostra específica, esta amostra é relativa à

qualidade da água do poço em Penafiel, Portugal. Podemos a partir dos seguintes

resultados obter uma generalização acerca da qualidade da água do poço.

Tabela 1 Análises à água

Glutinando, uma amostra de estudo significativa do conselho de Penafiel Portugal:

Adaptando os dados referentes às análises realizadas num gráfico circular

Gráfico 1 Estatísticas da qualidade da água

Como podemos constatar no gráfico, 85% das amostras analisadas mostraram que a

água não é passível para consumo humano. As causas para estes resultados serão o objeto

maioritário deste trabalho. [3]

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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I) Propriedades da água

A água é um bem essencial para a vida de todos os seres vivos na Terra, é um fator

chave na composição de qualquer ser vivo, não há vida na Terra sem água. A água existe

sob a forma de três estados físicos diferentes, liquido, sólido e gasoso, consoante a

temperatura e pressão a que se encontra, sendo o estado liquido o estado mais abundante,

a água também tem uma enorme capacidade de dissolver diversas substâncias designados

por solutos. Dissolve vários tipos de substâncias polares e iónicas (sais, açúcar) e facilita a

sua interação química sendo um mau solvente de compostos não polares, como por

exemplo os hidrocarbonetos. Possui também uma tensão superficial elevada de 0,07198 N.

m-1 à temperatura ambiente. A densidade da água pura é cerca de 1 g/cm3 e atinge valores

de densidade inferiores durante o arrefecimento ou aquecimento. Esta é a única substância

que, quando congela, aumenta o seu volume, pois a estrutura química expande-se. Como

uma molécula polar estável na atmosfera, a água desempenha um papel importante como

absorvente da radiação infravermelha, sendo um agente indispensável no efeito de estufa

da atmosfera. A molécula da água só pode ser decomposta por substâncias ávidas

tomando como exemplos: o flúor e o bromo. Estas substâncias podem criar ligações com o

hidrogénio e, assim, libertam o oxigénio. Por outro lado, há substâncias que reagem com o

oxigénio como: o fósforo, o carbono ou o silício e que libertam o hidrogénio. [4]

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

10

II) Ciclo da Água

Sob ação dos ventos e raios solares a água que se encontra no estado líquido e à

superfície da crusta, isto é, a água dos rios, lagos, mares e oceanos aquece e passa para o

estado gasoso (evaporação), que por ter uma densidade inferior à do ar sobe para camadas

mais elevados da atmosfera. Durante a subida como a temperatura atmosférica diminui, o

vapor de água arrefece passando novamente ao estado líquido (condensação), formando

assim as nuvens. As partículas de água ao arrefecerem tornam-se cada vez maiores e mais

pesadas, provocando assim a sua precipitação na superfície terrestre sob a forma de chuva,

neve ou granizo. Dessa mesma precipitação, uma parte da água cai diretamente nos

oceanos, rios, ribeiras e lagos, outra escorre à superfície (escoamento) dirigindo-se para os

rios mares e oceanos podendo ainda infiltra-se no solo. Grande parte da água presente nas

albufeiras sofre evaporação, outra evapora mal cai no solo, especialmente em áreas

aquecidas, fechadas ou impermeabilizadas como as estradas asfaltadas, os parques de

estacionamento e os telhados dos edifícios. Da água que se infiltra no solo, uma parte é

absorvida pelas raízes das plantas, outra abastece as nascentes dos rios e os reservatórios

subterrâneos (aquíferos).

E assim tudo recomeça:

evaporação, condensação,

precipitação, escoamento,

infiltração

Figura 3 Ciclo da água

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

11

III) Poluição

A água diz-se poluída quando as suas propriedades químicas ou biológicas se

encontram alteradas. O homem tem modificado drasticamente a qualidade deste recurso

natural. As principais fontes de poluição são: o lançamento de efluentes industriais no sector

industrial, efluentes agrícolas (pesticidas e fertilizantes químicos) usados na agricultura

intensiva, de lixiviados nas atividades domésticas e os esgotos urbanos. As águas

subterrâneas são contaminadas principalmente por lixiviados de escombreiras de minas ou

infiltração destes mesmos efluentes tóxicos. A poluição pode ser pontual, onde o foco de

poluição é único e evidente, como no caso de águas residuais, industriais, mistos ou de

minas, ou então a poluição difusa, onde não existe propriamente um foco definido de

poluição, sendo a origem desconhecida ou dispersa, tal como acontece nas drenagens

agrícolas, águas pluviais e escorrimento de lixeiras. Os contaminantes podem ser

classificados como:

a) Agentes Químicos

Orgânicos (biodegradáveis ou persistentes): Proteínas, álcoois, gorduras,

hidratos de carbono, ceras, solventes entre outros.

Inorgânicos: Ácidos, óxidos, sais solúveis ou inertes.

b) Agentes Físicos

Lixo.

Radioactividade, calor, modificação do sistema terrestre, através de

movimentação de terras ou similares.

c) Agentes Biológicos

Os coliformes fecais são um bioindicador, normalmente utilizado na análise da

qualidade microbiológica da água e são a causa de várias doenças. No entanto,

microorganismos encontrados nas águas de superfície, que têm causado problemas para a

saúde humana incluem:

Microscópicos, como Vírus, Bactérias, Protozoários, Helmintos (platelmintos e

nematelmintos), Algas.

Macroscópicos, como animais e plantas não pertencentes ao habitat natural.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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IV) Efeitos dos poluentes nos meios aquáticos

A introdução de substâncias poluentes nos corpos aquáticos, ao modificar as

características do meio, altera a relação entre os seres autotróficos e heterotróficos. Se

diminuir o oxigénio dissolvido, as espécies que realizam fotossíntese têm tendência a

proliferar, enquanto as substâncias que necessitam do oxigénio na respiração, podem

resultar numa situação de hipoxia. Esta alteração da relação entre produtores e

consumidores pode levar igualmente à proliferação de algas e organismos produtores de

produtos tóxicos. A inserção de compostos tóxicos pode ser absorvida pelos organismos,

ocorrendo bioacumulação, compostos que, entrando na cadeia alimentar, podem causar

sérios danos ao ser humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo

menos 2 milhões de pessoas, geralmente crianças com menos de 5 anos de idade, morrem

por ano em todo o mundo devido a doenças causadas por microrganismos patogénicos

presentes na água contaminada.

a) Floração das águas

Este fenómeno é causado pelo uso agrícola de fertilizantes, estes contêm fósforo e

azoto que ao atingir os cursos de água, alimentam as plantas aquáticas. Naturalmente, o

fósforo e o azoto estão em défice nos sistemas aquáticos, limitando o crescimento dos

produtores primários. Com o aumento destes nutrientes, a sua população tende a crescer

descontroladamente, diminuindo a transparência da água e com isso causando a

diminuição de luz solar, ou seja, ocorre eutrofização. Esta diminuição afecta a população de

macrófitas submersas, diminuindo a diversidade do habitat, e provocando uma redução na

capacidade de alimentos para inúmeros microrganismos, diminuindo assim fontes de

alimentos para as comunidades de invertebrados e vertebrados.

b) Eutrofização

A eutrofização é um fenómeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos

químicos ricos em fósforo ou azoto, normalmente causado pela descarga de efluentes

agrícolas, urbanos ou industriais) num corpo de água mais ou menos fechado, o que leva à

proliferação excessiva de algas, que, ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do

número de microrganismos e ao consequente declínio da qualidade do respetivo corpo de

água. [5]

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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V) Transmissão de doenças

A água poluída pode causar diversos efeitos prejudiciais à saúde humana, tais como:

febre tifóide, cólera, disenteria, meningite e hepatites A e B. Pode ser igualmente por

vectores de contaminação por doenças transportadas por mosquitos, como paludismo,

dengue, malária, doença do sono, febre amarela. Esta água poluída pode conter parasitas

como verminoses. Por outro lado, a escassez de água pode gerar ou potenciar doenças

como a lepra, tuberculose, tétano e difteria. As águas poluídas por efluentes líquidos

industriais podem causar contaminação por metais pesados que geram tumores hepáticos e

de tiróide, alterações neurológicas, dermatoses, rinites alérgicas, disfunções

gastrointestinais, pulmonares e hepáticas. No caso de contaminação por mercúrio, podem

ocorrer anúria e diarreia sanguinolenta. [6]

Figura 4 Mosquito transmissor de dengue

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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VI) Contextualização microbiológica

Figura 5 Bactéria E.coli

Em 1951, Esther Lederberg (2006), a maior impulsionadora das grandes descobertas no

ramo da microbiologia, desenvolveu métodos microbiológicos capazes de fornecer os dados

necessários para um conhecimento mais profundo acerca das mais variadas espécies de

bactérias e microorganismos, mais especificamente da bactéria Escherchia coli (E.coli) que

foi o agente de foco dos seus trabalhos.

Esta bactéria tem a forma de bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. A

presença de E.coli na água ou alimentos é indicativa de contaminação com fezes humanas

ou de outros animais. A quantidade de E.coli em cada mililitro de água é um dos principais

parâmetros usados no controlo da qualidade da água potável municipal, preparados

alimentares e água de piscinas.

Esta bactéria tem a característica de ser altamente específica das fezes do homem e

animais de sangue quente. Como não se multiplicam em ambiente aquático são, utilizadas

como indicadores específicos de poluição fecal. A E. coli está presente na flora intestinal

humana onde, geralmente, não constitui problema para a saúde, exceto quando o individuo

se encontre débil. As intoxicações alimentares em particular são quase sempre devidas a

bactérias de estirpes radicalmente diferentes.

Podemos definir a potabilidade de uma água através de indicadores de poluição fecal,

ou seja, se numa determinada amostra de água é detetada a presença de E.coli podemos

concluir que a amostra possivelmente esteve em contacto com substancias fecais, quer

humanas ou animais. A bactéria E.coli é um ótimo indicador de contaminação fecal

precisamente por ser uma bactéria frequente nas fezes, quer humanas, quer animal.

Encadeando todos os conceitos referidos anteriormente, podemos concluir que o objetivo

primordial do nosso trabalho é a deteção da presença da bactéria E.coli nas amostras

recolhidas para averiguar o seu grau de potabilidade. [6]

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

15

VII) Meios de Cultura utilizados

O meio utilizado neste processo denomina-se “LSA - Lauryl Sulfate Agar”, um meio

seletivo usado na deteção de coliformes em águas, lacticínios e comida. Os coliformes

podem ser aeróbicos ou anaeróbicos, Gram-negativas, Este meio fornece azoto, vitaminas,

minerais e aminoácidos essenciais ao crescimento dos microorganismos que se pretendem

detetar. Assim, os produtos resultantes da fermentação dos constituintes do meio de cultura

tornam o meio circundante de cor amarela.

Figura 6 E.coli em processo de formação de colónia

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Materiais e Métodos

I) Método de Membrana Filtrante

Este método consiste em filtrar a amostra de água, utilizando um filtro de membrana de

tamanho e poro apropriado (no caso do presente trabalho 0,45 µm de porosidade e 47 mm

de diâmetro) que é colocado num funil de filtração estéril e a amostra é filtrada por vácuo.

No final deste processo, os microrganismos presentes na amostra de água ficam retidos na

superfície do filtro. Após filtração, a membrana é colocada sobre um meio de cultura e

incubado. Em seguida, observa-se a superfície do filtro e caso haja colónias que se

desenvolveram durante a incubação, são contadas e relacionadas com o volume da

amostra. Por norma, conta-se o número de colónias por cada 100ml de água.

Vantagens:

● Permite analisar grandes volumes de amostras.

● O tempo necessário para obter resultados é ,geralmente, rápido.

● Permite o isolamento e enumeração de colónias específicas de bactérias.

● Fornece informações sobre presença ou ausência de bactérias em 24 horas.

● Para além de ser útil na análise de águas, também o é para monotorização

bacteriológica em produtos farmacêuticos, cosméticos, eletrónicos, e em produtos

alimentares.

● Documentação: O filtro de membrana com crescimento de colónia pode ser arquivado

como um registro permanente do teste.

● Resultados quantitativos: As colónias visíveis podem ser relacionadas diretamente ao

volume de amostra.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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II) Procedimento Experimental

Análise da qualidade bacteriológica de águas de diferentes origens Escherichia coli

(adaptação de ISO 9308-1)

1. Identificou-se duas placas de Petri contendo o meio de cultura seletivo LSA (Lauryl

Sulfate Agar) com a designação da turma e do nome do aluno

2. Colocou-se o funil de filtração estéril na rampa de filtração.

3. Colocou-se a membrana filtrante estéril (0,45 µm de porosidade e 47 mm de

diâmetro) com a ajuda de uma pinça espatulada flamejada (isto é, mergulhada em álcool

etílico e levada à chama do bico de Bunsen).

4. Agitou-se a amostra e adicionar 100 mL de amostra ao funil com a torneira fechada.

5. Ligou-se a bomba de vácuo e filtrar a amostra abrindo a torneira da rampa de

filtração.

6. Depois do processo de filtração, fechou-se novamente a torneira e, com a pinça

espatulada flamejada, retirou-se a membrana e colocou-se sobre a superfície do meio de

cultura (Nota: a membrana deve aderir bem em toda a superfície ao meio de cultura, caso

contrário não haverá crescimento nessas zonas).

7. Agitou-se novamente a amostra de água e repetir o procedimento para o duplicado.

8. Incubou-se as culturas de acordo com as temperaturas recomendadas para cada

grupo de indicadores de poluição. Para este meio seletivo e para este microrganismo, as

amostras devem ser incubadas a 30 °C durante 4 h, e depois a 44 °C durante 14 h.

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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III) Resultados Experimentais

Durante todo o procedimento, todo o protocolo foi efetuado com rigor e exatidão para

que todos os erros inerentes à prática laboratorial fossem minimizados. Assim, não houve

quaisquer sinais de contaminação em nenhuma das placas.

Leça da Palmeira

Na amostra referente ao poço de Leça da Palmeira, à semelhança do anterior, também

se verificou a existência de um manto de bactéria nas duas amostras. Consequentemente,

podemos inferir que a água não é própria para o consumo humano.

Maia

Figura 8 Amostras da Maia

Na amostra referente ao poço 33, em ambas as placas verificou-se a existência de um

manto de bactérias que, no segundo teste, se veio a confirmar ser bactéria E.coli. Podemos

concluir que a água não está apta a ser consumida pelos humanos.

Figura 7 Amostras de Leça da Palmeira

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Paços de Ferreira

Na amostra referente ao poço de Paços de Ferreira, tanto a placa número um como a

placa número dois se mostraram isentas de colónias de bactérias. Assim, podemos chegar

à conclusão de que água que pode ser extraída desse poço é perfeitamente própria para

consumo do ponto de vista microbiológico, uma vez que foi o único parâmetro que foi

avaliado e desconhece-se os seus constituintes físico-químicos e suas abundâncias.

Controlo Negativo

Controlo Positivo

Figura 9 Amostras de Paços de ferreira

Figura 10 Controlo Negativo

Figura 11 Controlo Positivo

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Conclusões Laboratoriais

De acordo com o decreto de lei - 236/98 artigo 67º, o decreto de lei 306/2007 e tendo

em conta a discussão dos resultados, apenas uma das amostras é passível a consumo.

Este resultado apenas reforça a ideia que se têm vindo a verificar ao longo dos anos, o

número de poços domésticos é cada vez menor. Pois, como se pode verificar nos

resultados, a facilidade de contaminação das águas com bactérias coliformes fecais é

elevadíssima. Contudo, a utilização dos poços tem vantagens e desvantagens:

I) Vantagens

Implantação rápida: Com o desenvolvimento da tecnologia de sondagem, juntamente

com o aperfeiçoamento das ferramentas de perfuração e a especialização dos profissionais,

a construção de um poço profundo é realizada num curto espaço de tempo. ́

Economicamente sustentável: Visto que a construção de um poço é relativamente

barata, as despesas desta construção serão remunerados a um curto/médio prazo,

garantindo assim, uma fonte de água própria para consumo a um preço simbólico.

II) Desvantagens

Eventos críticos: Uma captação inadequada, envolvendo um grande volume de água

bombeada, pode degradar o sistema geológico presente, dando origem a uma falência do

terreno ou até mesmo pequenos sismos.

Limitações de uso: A baixa velocidade de circulação em determinadas rochas

formadas por minerais mais reativos pode elevar bastante o conteúdo salino dessas águas,

o que pode trazer limitações de uso e aumento de custo[8].

Dependência do clima: Estas águas dependem do clima a que estão sujeitas, uma vez

que em períodos de cheia o poço encontra-se lotado, contrariamente aos períodos de

grande seca em que a quantidade de água disponível para extracção é relativamente

escassa[8].

Fácil contaminação: Sendo impossível garantir a impermeabilidade de um poço, este

estará sempre sujeito a contaminação externa, quer seja uma contaminação microbiológica

por parte das secreções resultantes da pecuária e avicultura, quer seja uma contaminação

química por parte de pesticidas e descargas ilegais que se infiltram nos lençóis de água[8].

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Estratégias de prevenção

A locação de um “poço artesiano” é, sem dúvida alguma, uma das etapas mais

importantes desta obra de captação de água subterrânea, sendo necessário grande

conhecimento geológico do subsolo da região, determinando assim, o melhor local para a

perfuração do poço. O estudo da região geológica minimiza a possibilidade da perfuração

de poços secos ou de baixas pressões, além de definir com certeza, a profundidade

máxima de perfuração, evitando-se o aprofundamento desnecessário dos poços, bem como

algum possível desastre geológico.

Conclusão

Ao longo do nosso trabalho ficamos mais cientes em relação à importância da água e a

relevância que o seu controlo tem para a nossa saúde. Pode-se concluir que, com o fim

deste trabalho ficamos mais preparados para os desafios que nos vão surgir no curso ao

longo dos anos. Como conclusão do tema geral da qualidade da água é de notar que a

água da companhia é fidedigna, no sentido em que não foram detetadas nenhuma unidade

formadora de colónias nessas amostras. No que toca às águas do fontanário, houve

algumas amostras em que havia um elevado grau de bactérias. Porém, esses mesmos

fontanários têm que ser devidamente sinalizados com a informação que a água não é

passível a consumo humano. Com base nos resultados obtidos é possível a organização

dos mesmos numa tabela, tornando mais fácil a sua leitura.

Poços Legislação UFC/100mL Resultados

Leça da Palmeira

0 UFC/100mL (valor máximo

aceite)

Manto

Não próprio para consumo Maia Manto

Paços de Ferreira

Sem colónias Próprio para

consumo

Tabela 2 Resultados experimentais de acordo com DL 306/2007 (UFC- Unidade formadora de colónias)

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Referências bibliográficas

[1]http://esmateria.com/2013/02/21/el-primer-mapamundi-de-las-aguas-subterraneas- muestra-su-importancia-para-el-clima/.htm

[2]http://enes.unam.mx/?lang=es_MX&cat=sostenibilidad&pl=nuevo-estudio-la- demanda-de-agua-supera-la-oferta.htm

[3]http://www.penafielverde.pt

[4]http://www.aguaonline.net

[5]http://www.oocities.org.htm

[6]http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/72775/2/51640.pdf

[7]http://www.ebah.pt/content/ABAAAApYEAH/apostila-analise-microbiologica-

aguadecreto-lei-243-2001-anexo-iii

[8]http://www.agsolve.com.br/noticias/as-aguas-subterraneas-ou-as-aguas-que-

brotam-das-pedras

[9]http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/conteudos/fil_legisla/Dec-

Lei_236_1998.pdf

[10]http://www.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/36833C17-A23A-4B01-A3EE-

64600AA6B1CF/615330/DL_306_2007.pdf

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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Anexos

I) Legislação a seguir para classificar água do poço como

própria para consumo

No decreto de lei – 236/98 está mencionado o seguinte artigo que indica cuidados a ter

para optimizar a protecção da água disponível nos poços[9].

Artigo 67º- Protecção das águas subterrâneas contra a poluição causada pelas

substâncias perigosas:

1 — É proibida, para as substâncias das famílias ou grupos de substâncias das listas I

e II, a sua introdução nas águas subterrâneas sem encaminhamento no solo ou no subsolo,

de ora em diante designada «descarga directa».

2 — As acções de eliminação, ou de depósito para a eliminação, das substâncias das

famílias ou grupos de substâncias das listas I e II só poderão ser autorizadas caso fique

previamente demonstrado pela entidade requerente que, mediante precauções técnicas

adequadas nessas acções de eliminação ou de depósito, é possível impedir a sua

introdução nas águas subterrâneas após encaminhamento no solo ou no subsolo, de ora

em diante designada «descarga indirecta».

3 — A DRA tomará as medidas que julgar necessárias e adequadas para impedir

qualquer descarga indirecta de substâncias da lista I e para limitar essas descargas no que

respeita às substâncias da lista II, devido a acções efectuadas à superfície ou no interior do

solo diferentes das mencionadas no nº 2.

4 — Se o requerente da licença fizer a prova prévia de que as águas subterrâneas nas

quais se prevê uma descarga de substâncias das famílias ou grupos de substâncias das

listas I e II são permanentemente impróprias para qualquer uso, designadamente para uso

doméstico ou agrícola, que a presença dessas substâncias não põe em causa a exploração

dos recursos do solo e que através de adequadas precauções técnicas não existe o risco de

que essas substâncias possam atingir outras águas a que se refere o presente capítulo ou

prejudicar outros ecossistemas, a DRA poderá autorizar a descarga condicionada à

adopção pela entidade licenciada das referidas precauções técnicas.

5 — As licenças a que se referem os nº2 e nº4 só poderão ser concedidas após a DRA

ter verificado que o controlo contínuo das águas subterrâneas, e especialmente da sua

qualidade, está assegurado.

6 — A prova prévia a que se refere o nº4 incluirá, para além dos demais elementos que

nos termos do artigo 38.o do Decreto-Lei nº46/94, de 22 de Fevereiro, devem instruir o

[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015

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pedido de licença, um estudo das condições hidrogeológicas da respectiva zona, do

eventual poder depurador do solo e do subsolo, dos riscos de poluição e alteração da

qualidade das águas subterrâneas pela descarga e a prova de que a descarga nessas

águas constitui uma solução adequada sob o ponto de vista ambiental.

7 — Quando uma descarga directa, ou uma acção de eliminação ou de depósito com

vista à eliminação de substâncias das famílias ou grupos de substâncias das listas I e II que

conduz inevitavelmente a uma descarga indirecta, for autorizada de acordo com os nº2 e

nº4, da licença deverão constar, para além dos elementos já referidos no artigo 39.o do

Decreto-Lei nº46/94, de 22 de Fevereiro, os seguintes:

a) O local da descarga ou o local onde se situa a acção de eliminação ou depósito

com vista à eliminação;

b) A técnica de descarga ou os métodos de eliminação ou depósito utilizados;

c) As precauções indispensáveis a que obedecerá a descarga ou acção de

eliminação ou depósito com vista à eliminação, tendo especialmente em conta a natureza e

a concentração das substâncias presentes nos efluentes ou nas matérias a eliminar ou a

pôr em depósito, as características do meio receptor, assim como a proximidade de

captações de água, em especial para produção de água para consumo humano, de

nascente e minerais naturais;

d) A quantidade máxima de cada substância pertencente às famílias ou grupos de

substâncias das listas I e II admissível nos efluentes ou nas matérias a eliminar ou a pôr em

depósito, bem como as concentrações aceitáveis dessas substâncias;

e) As precauções técnicas previstas no nº4 para impedirem qualquer descarga de

substâncias das listas I e II em outras águas que não sejam as águas subterrâneas nas

quais é licenciada a descarga directa ou indirecta;

f) Os dispositivos que permitem o controlo dos efluentes descarregados nas águas

subterrâneas; g) Se necessário, as medidas que permitem o controlo das águas

subterrâneas e designadamente da sua qualidade.

8 — As licenças a que se referem os nº2 e nº4 serão revistas, pelo menos, de quatro

em quatro anos, e podem ser prorrogadas, modificadas ou revogadas.

9 — As disposições do presente artigo prevalecem sobre o disposto nos demais artigos

deste capítulo.

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No decreto de lei – 306/2007 são estabelecidos parâmetros correspondentes aos

valores máximos de determinados componentes presentes em 100mL de água dentro dos

quais a água encontra-se própria para consumo disponível nos poços[10].

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II) Resultados das análises bacteriológicas

Requerente: Colheita Início da análise Observações

Localização: Dia 19/10/15 19/10/15

TMTC - too much to count

Amostra: Poço da Maia Hora --- ---

Volume inoculado

TESTES PRESUNTIVOS

E.coli e bactérias coliformes Enterococos fecais Membrane Lauryl Sulfate Broth

30 ºC, 4 h + 44 ºC, 14 h Slanetz and Bartley

36 2 ºC, 44 h 4 h

ufc amarelas ufc duvidosas ufc vermelhas/castanhas/rosas

ufc duvidosas

100 mL >100 >100 0 1

(O)

Origem e

descrição da

ufc

TESTES CONFIRMATIVOS + teste positivo - teste negativo

E.coli e bactérias coliformes 35 ºC, 24 a 48 h

Enterococos fecais 44 0,5 ºC, 2 h

(O) Cor amarela Gás MUG Indole

(O) BEA

Amarel

a + + + +

Laranja + + + +

RESULTADOS FINAIS

ufc – unidades formadoras de colónias

E.coli e Bactérias coliformes >100 ufc/100 ml

Enterococos fecais --- ufc/100 ml

Técnica analista Responsável pela análise

Sílvia Faia Dra. Olga Nunes