Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Que água consumimos?
Avaliação microbiológica da água de poços
Projeto FEUP 2015/2016 – MIEA:
Coordenador Projeto FEUP João Bastos
Equipa 2 Turma 2:
Supervisor: António Vilanova Monitor: Fábio Bernardo
Estudantes & Autores:
Bernardo Oliveira Diogo Teixeira
Francisco Ferreira Leonardo Sampaio
Márcia Silva Natália Pinho
Ricardo Correia
[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015
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Resumo
O presente trabalho, proposto no âmbito da disciplina Projeto FEUP, tem como objetivo
a avaliação da qualidade da água de poços, mais especificamente, a dos seus parâmetros
microbiológicos para posterior comparação entre os valores obtidos e a respetiva legislação
em vigor. Através de uma breve explicação do ciclo da água e os fatores de poluição
adjacentes ao mesmo, procurou-se encadear os conceitos de poluição da água.
Posteriormente recorreu-se à análise de amostras de água no sentido de verificar a possível
existência de colónias de E.coli. Depois de analisadas as amostras, relacionou-se estes dois
tópicos no sentido de associar as causas de poluição aos resultados obtido para justificação
dos mesmos.
[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015
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Palavras chave
Propriedades da água
Poluição via agentes físicos, químicos e orgânicos
Efeitos dos poluentes
Transmissão de doenças
Microbiologia
Indicador de contaminação biológica
Método experimental
Protocolo experimental
Resultados experimentais
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Agradecimentos
No decorrer deste trabalho, tivemos o auxílio de diversos membros da FEUP às quais
deixamos uma palavra de apreço.
Especificamente, ao monitor Fábio Bernardo, por nos ter orientado ao longo da
realização do relatório e posterior análise do mesmo.
Ao supervisor António Vilanova e à docente Margarida Bastos, um reconhecimento
pelas suas diretivas no sentido de alcançar a excelência em termos científicos.
Por último mas não menos importante, um agradecimento à faculdade de Engenharia do
Porto, por nos ter fornecido todos os materiais necessários para a elaboração do trabalho
proposto.
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Índice
Índice de Tabelas ........................................................................................................ 5
Índice de Figuras ......................................................................................................... 5
Índice de Tabelas ..................................................................................................................... 5
Objetivos do trabalho ................................................................................................. 6
Introdução ..................................................................................................................... 7
I) Propriedades da água ................................................................................................... 9
II) Ciclo da Água ............................................................................................................ 10
III) Poluição .................................................................................................................... 11
IV) Efeitos dos poluentes nos meios aquáticos .................................................................. 12
V) Transmissão de doenças ........................................................................................... 13
VI) Contextualização microbiológica ................................................................................ 14
VII) Meios de Cultura utilizados ...................................................................................... 15
Materiais e Métodos .................................................................................................. 16
I) Método de Membrana Filtrante ..................................................................................... 16
II) Procedimento Experimental ........................................................................................ 17
Resultados Experimentais ........................................................................................ 18
Conclusões Laboratoriais ........................................................................................ 20
I) Vantagens ..............................................................................................................................................20
II) Desvantagens ...................................................................................................................................... 20
Estratégias de prevenção ......................................................................................... 21
Conclusão .................................................................................................................... 21
Referências bibliográficas ....................................................................................... 22
Anexos ......................................................................................................................... 23
I) Legislação a seguir para classificar água do poço como própria para consumo .................. 23
II) Resultados das análises bacteriológicas………………………………………………….26
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Índice de Gráficos
Gráfico 1 Estatísticas da qualidade da água .................................................................. 8
Índice de Figuras
Figura 1 Quantidade de água e a sua distribuição no mundo ....................................... 7
Figura 2 Diminuição da água subterrânea ..................................................................... 7
Figura 3 Ciclo da água ................................................................................................ 10
Figura 4 Mosquito provoca dengue ............................................................................. 13
Figura 5 Bactéria E.coli ............................................................................................... 14
Figura 6 E.coli em processo de formação de colónia. ................................................. 15
Figura 7 Amostra Leça da Palmeira. ........................................................................... 18
Figura 8 Amostra Maia. ............................................................................................... 18
Figura 9 Amostra Paços de Ferreira. ........................................................................... 19
Figura 10 Controlo Negativo. ....................................................................................... 19
Figura 11 Controlo Positivo. ........................................................................................ 19
Índice de Tabelas
Tabela 1 Análises à água. ............................................................................................. 8
Tabela 2 Resultados experimentais de acordo com DL 306/2007 ................................... 21
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Objetivos do trabalho
Com este trabalho, pretendeu-se estudar o tema da análise da qualidade da água dos
poços, em termos microbiológicos no sentido de detetar a presença de certos indicadores
de contaminação.
Como em todos os trabalhos de laboratório, o objetivo primordial é relacionar os
resultados obtidos com a problemática que está a ser trabalhada que, neste caso, consistia
em discutir os resultados da análise microbiológica da água dos diferentes poços em estudo
e assim poder avaliar a qualidade da mesma, ou seja, determinar se a água era ou não
passível a consumo humano.
Pretende-se desenvolver uma série de competências, tais como: o desenvolvimento de
um espírito crítico apurado e uma maior capacidade de cooperação entre os elementos do
grupo.
Um outro objetivo a alcançar neste trabalho é o cumprimento integral de todas as regras
de laboratório bem como o uso comedido e rigoroso de todo o material necessário à
realização do mesmo.
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Introdução
Na imagem é possível observar a distribuição mundial da água que se encontra nos
aquíferos mais superficiais. Através do mesmo é possível concluir que a maioria da água
subterranea se encontra no continente Africano e no continente da América do Norte. Por
outro lado, na Europa também se verifica 40-80 m de água subterranea em média. Cerca de
32% da população mundial é alimentada por estas águas subterrâneas, o que se traduz em
cerca de 1,6 milhões de poços naturais. [1]
Tendo em conta uma outra imagem que se refere à sobrexploração das águas
subterrâneas, é possível observar os países em que o consumo é excessivo. Esta
sobrexploração leva a um futuro desequilíbrio no ciclo hidrológico que pode ter
consequências severas no equilíbrio do próprio planeta.[2]
Figura 1 Quantidade de água e a sua distribuição no mundo
Figura 2 Diminuição da água subterrânea
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Com o desenvolvimento da civilização, a qualidade dessa água é muitas vezes
comprometida. Olhemos agora para uma amostra específica, esta amostra é relativa à
qualidade da água do poço em Penafiel, Portugal. Podemos a partir dos seguintes
resultados obter uma generalização acerca da qualidade da água do poço.
Tabela 1 Análises à água
Glutinando, uma amostra de estudo significativa do conselho de Penafiel Portugal:
Adaptando os dados referentes às análises realizadas num gráfico circular
Gráfico 1 Estatísticas da qualidade da água
Como podemos constatar no gráfico, 85% das amostras analisadas mostraram que a
água não é passível para consumo humano. As causas para estes resultados serão o objeto
maioritário deste trabalho. [3]
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I) Propriedades da água
A água é um bem essencial para a vida de todos os seres vivos na Terra, é um fator
chave na composição de qualquer ser vivo, não há vida na Terra sem água. A água existe
sob a forma de três estados físicos diferentes, liquido, sólido e gasoso, consoante a
temperatura e pressão a que se encontra, sendo o estado liquido o estado mais abundante,
a água também tem uma enorme capacidade de dissolver diversas substâncias designados
por solutos. Dissolve vários tipos de substâncias polares e iónicas (sais, açúcar) e facilita a
sua interação química sendo um mau solvente de compostos não polares, como por
exemplo os hidrocarbonetos. Possui também uma tensão superficial elevada de 0,07198 N.
m-1 à temperatura ambiente. A densidade da água pura é cerca de 1 g/cm3 e atinge valores
de densidade inferiores durante o arrefecimento ou aquecimento. Esta é a única substância
que, quando congela, aumenta o seu volume, pois a estrutura química expande-se. Como
uma molécula polar estável na atmosfera, a água desempenha um papel importante como
absorvente da radiação infravermelha, sendo um agente indispensável no efeito de estufa
da atmosfera. A molécula da água só pode ser decomposta por substâncias ávidas
tomando como exemplos: o flúor e o bromo. Estas substâncias podem criar ligações com o
hidrogénio e, assim, libertam o oxigénio. Por outro lado, há substâncias que reagem com o
oxigénio como: o fósforo, o carbono ou o silício e que libertam o hidrogénio. [4]
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II) Ciclo da Água
Sob ação dos ventos e raios solares a água que se encontra no estado líquido e à
superfície da crusta, isto é, a água dos rios, lagos, mares e oceanos aquece e passa para o
estado gasoso (evaporação), que por ter uma densidade inferior à do ar sobe para camadas
mais elevados da atmosfera. Durante a subida como a temperatura atmosférica diminui, o
vapor de água arrefece passando novamente ao estado líquido (condensação), formando
assim as nuvens. As partículas de água ao arrefecerem tornam-se cada vez maiores e mais
pesadas, provocando assim a sua precipitação na superfície terrestre sob a forma de chuva,
neve ou granizo. Dessa mesma precipitação, uma parte da água cai diretamente nos
oceanos, rios, ribeiras e lagos, outra escorre à superfície (escoamento) dirigindo-se para os
rios mares e oceanos podendo ainda infiltra-se no solo. Grande parte da água presente nas
albufeiras sofre evaporação, outra evapora mal cai no solo, especialmente em áreas
aquecidas, fechadas ou impermeabilizadas como as estradas asfaltadas, os parques de
estacionamento e os telhados dos edifícios. Da água que se infiltra no solo, uma parte é
absorvida pelas raízes das plantas, outra abastece as nascentes dos rios e os reservatórios
subterrâneos (aquíferos).
E assim tudo recomeça:
evaporação, condensação,
precipitação, escoamento,
infiltração
Figura 3 Ciclo da água
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III) Poluição
A água diz-se poluída quando as suas propriedades químicas ou biológicas se
encontram alteradas. O homem tem modificado drasticamente a qualidade deste recurso
natural. As principais fontes de poluição são: o lançamento de efluentes industriais no sector
industrial, efluentes agrícolas (pesticidas e fertilizantes químicos) usados na agricultura
intensiva, de lixiviados nas atividades domésticas e os esgotos urbanos. As águas
subterrâneas são contaminadas principalmente por lixiviados de escombreiras de minas ou
infiltração destes mesmos efluentes tóxicos. A poluição pode ser pontual, onde o foco de
poluição é único e evidente, como no caso de águas residuais, industriais, mistos ou de
minas, ou então a poluição difusa, onde não existe propriamente um foco definido de
poluição, sendo a origem desconhecida ou dispersa, tal como acontece nas drenagens
agrícolas, águas pluviais e escorrimento de lixeiras. Os contaminantes podem ser
classificados como:
a) Agentes Químicos
Orgânicos (biodegradáveis ou persistentes): Proteínas, álcoois, gorduras,
hidratos de carbono, ceras, solventes entre outros.
Inorgânicos: Ácidos, óxidos, sais solúveis ou inertes.
b) Agentes Físicos
Lixo.
Radioactividade, calor, modificação do sistema terrestre, através de
movimentação de terras ou similares.
c) Agentes Biológicos
Os coliformes fecais são um bioindicador, normalmente utilizado na análise da
qualidade microbiológica da água e são a causa de várias doenças. No entanto,
microorganismos encontrados nas águas de superfície, que têm causado problemas para a
saúde humana incluem:
Microscópicos, como Vírus, Bactérias, Protozoários, Helmintos (platelmintos e
nematelmintos), Algas.
Macroscópicos, como animais e plantas não pertencentes ao habitat natural.
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IV) Efeitos dos poluentes nos meios aquáticos
A introdução de substâncias poluentes nos corpos aquáticos, ao modificar as
características do meio, altera a relação entre os seres autotróficos e heterotróficos. Se
diminuir o oxigénio dissolvido, as espécies que realizam fotossíntese têm tendência a
proliferar, enquanto as substâncias que necessitam do oxigénio na respiração, podem
resultar numa situação de hipoxia. Esta alteração da relação entre produtores e
consumidores pode levar igualmente à proliferação de algas e organismos produtores de
produtos tóxicos. A inserção de compostos tóxicos pode ser absorvida pelos organismos,
ocorrendo bioacumulação, compostos que, entrando na cadeia alimentar, podem causar
sérios danos ao ser humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo
menos 2 milhões de pessoas, geralmente crianças com menos de 5 anos de idade, morrem
por ano em todo o mundo devido a doenças causadas por microrganismos patogénicos
presentes na água contaminada.
a) Floração das águas
Este fenómeno é causado pelo uso agrícola de fertilizantes, estes contêm fósforo e
azoto que ao atingir os cursos de água, alimentam as plantas aquáticas. Naturalmente, o
fósforo e o azoto estão em défice nos sistemas aquáticos, limitando o crescimento dos
produtores primários. Com o aumento destes nutrientes, a sua população tende a crescer
descontroladamente, diminuindo a transparência da água e com isso causando a
diminuição de luz solar, ou seja, ocorre eutrofização. Esta diminuição afecta a população de
macrófitas submersas, diminuindo a diversidade do habitat, e provocando uma redução na
capacidade de alimentos para inúmeros microrganismos, diminuindo assim fontes de
alimentos para as comunidades de invertebrados e vertebrados.
b) Eutrofização
A eutrofização é um fenómeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos
químicos ricos em fósforo ou azoto, normalmente causado pela descarga de efluentes
agrícolas, urbanos ou industriais) num corpo de água mais ou menos fechado, o que leva à
proliferação excessiva de algas, que, ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do
número de microrganismos e ao consequente declínio da qualidade do respetivo corpo de
água. [5]
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V) Transmissão de doenças
A água poluída pode causar diversos efeitos prejudiciais à saúde humana, tais como:
febre tifóide, cólera, disenteria, meningite e hepatites A e B. Pode ser igualmente por
vectores de contaminação por doenças transportadas por mosquitos, como paludismo,
dengue, malária, doença do sono, febre amarela. Esta água poluída pode conter parasitas
como verminoses. Por outro lado, a escassez de água pode gerar ou potenciar doenças
como a lepra, tuberculose, tétano e difteria. As águas poluídas por efluentes líquidos
industriais podem causar contaminação por metais pesados que geram tumores hepáticos e
de tiróide, alterações neurológicas, dermatoses, rinites alérgicas, disfunções
gastrointestinais, pulmonares e hepáticas. No caso de contaminação por mercúrio, podem
ocorrer anúria e diarreia sanguinolenta. [6]
Figura 4 Mosquito transmissor de dengue
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VI) Contextualização microbiológica
Figura 5 Bactéria E.coli
Em 1951, Esther Lederberg (2006), a maior impulsionadora das grandes descobertas no
ramo da microbiologia, desenvolveu métodos microbiológicos capazes de fornecer os dados
necessários para um conhecimento mais profundo acerca das mais variadas espécies de
bactérias e microorganismos, mais especificamente da bactéria Escherchia coli (E.coli) que
foi o agente de foco dos seus trabalhos.
Esta bactéria tem a forma de bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. A
presença de E.coli na água ou alimentos é indicativa de contaminação com fezes humanas
ou de outros animais. A quantidade de E.coli em cada mililitro de água é um dos principais
parâmetros usados no controlo da qualidade da água potável municipal, preparados
alimentares e água de piscinas.
Esta bactéria tem a característica de ser altamente específica das fezes do homem e
animais de sangue quente. Como não se multiplicam em ambiente aquático são, utilizadas
como indicadores específicos de poluição fecal. A E. coli está presente na flora intestinal
humana onde, geralmente, não constitui problema para a saúde, exceto quando o individuo
se encontre débil. As intoxicações alimentares em particular são quase sempre devidas a
bactérias de estirpes radicalmente diferentes.
Podemos definir a potabilidade de uma água através de indicadores de poluição fecal,
ou seja, se numa determinada amostra de água é detetada a presença de E.coli podemos
concluir que a amostra possivelmente esteve em contacto com substancias fecais, quer
humanas ou animais. A bactéria E.coli é um ótimo indicador de contaminação fecal
precisamente por ser uma bactéria frequente nas fezes, quer humanas, quer animal.
Encadeando todos os conceitos referidos anteriormente, podemos concluir que o objetivo
primordial do nosso trabalho é a deteção da presença da bactéria E.coli nas amostras
recolhidas para averiguar o seu grau de potabilidade. [6]
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VII) Meios de Cultura utilizados
O meio utilizado neste processo denomina-se “LSA - Lauryl Sulfate Agar”, um meio
seletivo usado na deteção de coliformes em águas, lacticínios e comida. Os coliformes
podem ser aeróbicos ou anaeróbicos, Gram-negativas, Este meio fornece azoto, vitaminas,
minerais e aminoácidos essenciais ao crescimento dos microorganismos que se pretendem
detetar. Assim, os produtos resultantes da fermentação dos constituintes do meio de cultura
tornam o meio circundante de cor amarela.
Figura 6 E.coli em processo de formação de colónia
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Materiais e Métodos
I) Método de Membrana Filtrante
Este método consiste em filtrar a amostra de água, utilizando um filtro de membrana de
tamanho e poro apropriado (no caso do presente trabalho 0,45 µm de porosidade e 47 mm
de diâmetro) que é colocado num funil de filtração estéril e a amostra é filtrada por vácuo.
No final deste processo, os microrganismos presentes na amostra de água ficam retidos na
superfície do filtro. Após filtração, a membrana é colocada sobre um meio de cultura e
incubado. Em seguida, observa-se a superfície do filtro e caso haja colónias que se
desenvolveram durante a incubação, são contadas e relacionadas com o volume da
amostra. Por norma, conta-se o número de colónias por cada 100ml de água.
Vantagens:
● Permite analisar grandes volumes de amostras.
● O tempo necessário para obter resultados é ,geralmente, rápido.
● Permite o isolamento e enumeração de colónias específicas de bactérias.
● Fornece informações sobre presença ou ausência de bactérias em 24 horas.
● Para além de ser útil na análise de águas, também o é para monotorização
bacteriológica em produtos farmacêuticos, cosméticos, eletrónicos, e em produtos
alimentares.
● Documentação: O filtro de membrana com crescimento de colónia pode ser arquivado
como um registro permanente do teste.
● Resultados quantitativos: As colónias visíveis podem ser relacionadas diretamente ao
volume de amostra.
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II) Procedimento Experimental
Análise da qualidade bacteriológica de águas de diferentes origens Escherichia coli
(adaptação de ISO 9308-1)
1. Identificou-se duas placas de Petri contendo o meio de cultura seletivo LSA (Lauryl
Sulfate Agar) com a designação da turma e do nome do aluno
2. Colocou-se o funil de filtração estéril na rampa de filtração.
3. Colocou-se a membrana filtrante estéril (0,45 µm de porosidade e 47 mm de
diâmetro) com a ajuda de uma pinça espatulada flamejada (isto é, mergulhada em álcool
etílico e levada à chama do bico de Bunsen).
4. Agitou-se a amostra e adicionar 100 mL de amostra ao funil com a torneira fechada.
5. Ligou-se a bomba de vácuo e filtrar a amostra abrindo a torneira da rampa de
filtração.
6. Depois do processo de filtração, fechou-se novamente a torneira e, com a pinça
espatulada flamejada, retirou-se a membrana e colocou-se sobre a superfície do meio de
cultura (Nota: a membrana deve aderir bem em toda a superfície ao meio de cultura, caso
contrário não haverá crescimento nessas zonas).
7. Agitou-se novamente a amostra de água e repetir o procedimento para o duplicado.
8. Incubou-se as culturas de acordo com as temperaturas recomendadas para cada
grupo de indicadores de poluição. Para este meio seletivo e para este microrganismo, as
amostras devem ser incubadas a 30 °C durante 4 h, e depois a 44 °C durante 14 h.
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III) Resultados Experimentais
Durante todo o procedimento, todo o protocolo foi efetuado com rigor e exatidão para
que todos os erros inerentes à prática laboratorial fossem minimizados. Assim, não houve
quaisquer sinais de contaminação em nenhuma das placas.
Leça da Palmeira
Na amostra referente ao poço de Leça da Palmeira, à semelhança do anterior, também
se verificou a existência de um manto de bactéria nas duas amostras. Consequentemente,
podemos inferir que a água não é própria para o consumo humano.
Maia
Figura 8 Amostras da Maia
Na amostra referente ao poço 33, em ambas as placas verificou-se a existência de um
manto de bactérias que, no segundo teste, se veio a confirmar ser bactéria E.coli. Podemos
concluir que a água não está apta a ser consumida pelos humanos.
Figura 7 Amostras de Leça da Palmeira
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Paços de Ferreira
Na amostra referente ao poço de Paços de Ferreira, tanto a placa número um como a
placa número dois se mostraram isentas de colónias de bactérias. Assim, podemos chegar
à conclusão de que água que pode ser extraída desse poço é perfeitamente própria para
consumo do ponto de vista microbiológico, uma vez que foi o único parâmetro que foi
avaliado e desconhece-se os seus constituintes físico-químicos e suas abundâncias.
Controlo Negativo
Controlo Positivo
Figura 9 Amostras de Paços de ferreira
Figura 10 Controlo Negativo
Figura 11 Controlo Positivo
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Conclusões Laboratoriais
De acordo com o decreto de lei - 236/98 artigo 67º, o decreto de lei 306/2007 e tendo
em conta a discussão dos resultados, apenas uma das amostras é passível a consumo.
Este resultado apenas reforça a ideia que se têm vindo a verificar ao longo dos anos, o
número de poços domésticos é cada vez menor. Pois, como se pode verificar nos
resultados, a facilidade de contaminação das águas com bactérias coliformes fecais é
elevadíssima. Contudo, a utilização dos poços tem vantagens e desvantagens:
I) Vantagens
Implantação rápida: Com o desenvolvimento da tecnologia de sondagem, juntamente
com o aperfeiçoamento das ferramentas de perfuração e a especialização dos profissionais,
a construção de um poço profundo é realizada num curto espaço de tempo. ́
Economicamente sustentável: Visto que a construção de um poço é relativamente
barata, as despesas desta construção serão remunerados a um curto/médio prazo,
garantindo assim, uma fonte de água própria para consumo a um preço simbólico.
II) Desvantagens
Eventos críticos: Uma captação inadequada, envolvendo um grande volume de água
bombeada, pode degradar o sistema geológico presente, dando origem a uma falência do
terreno ou até mesmo pequenos sismos.
Limitações de uso: A baixa velocidade de circulação em determinadas rochas
formadas por minerais mais reativos pode elevar bastante o conteúdo salino dessas águas,
o que pode trazer limitações de uso e aumento de custo[8].
Dependência do clima: Estas águas dependem do clima a que estão sujeitas, uma vez
que em períodos de cheia o poço encontra-se lotado, contrariamente aos períodos de
grande seca em que a quantidade de água disponível para extracção é relativamente
escassa[8].
Fácil contaminação: Sendo impossível garantir a impermeabilidade de um poço, este
estará sempre sujeito a contaminação externa, quer seja uma contaminação microbiológica
por parte das secreções resultantes da pecuária e avicultura, quer seja uma contaminação
química por parte de pesticidas e descargas ilegais que se infiltram nos lençóis de água[8].
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Estratégias de prevenção
A locação de um “poço artesiano” é, sem dúvida alguma, uma das etapas mais
importantes desta obra de captação de água subterrânea, sendo necessário grande
conhecimento geológico do subsolo da região, determinando assim, o melhor local para a
perfuração do poço. O estudo da região geológica minimiza a possibilidade da perfuração
de poços secos ou de baixas pressões, além de definir com certeza, a profundidade
máxima de perfuração, evitando-se o aprofundamento desnecessário dos poços, bem como
algum possível desastre geológico.
Conclusão
Ao longo do nosso trabalho ficamos mais cientes em relação à importância da água e a
relevância que o seu controlo tem para a nossa saúde. Pode-se concluir que, com o fim
deste trabalho ficamos mais preparados para os desafios que nos vão surgir no curso ao
longo dos anos. Como conclusão do tema geral da qualidade da água é de notar que a
água da companhia é fidedigna, no sentido em que não foram detetadas nenhuma unidade
formadora de colónias nessas amostras. No que toca às águas do fontanário, houve
algumas amostras em que havia um elevado grau de bactérias. Porém, esses mesmos
fontanários têm que ser devidamente sinalizados com a informação que a água não é
passível a consumo humano. Com base nos resultados obtidos é possível a organização
dos mesmos numa tabela, tornando mais fácil a sua leitura.
Poços Legislação UFC/100mL Resultados
Leça da Palmeira
0 UFC/100mL (valor máximo
aceite)
Manto
Não próprio para consumo Maia Manto
Paços de Ferreira
Sem colónias Próprio para
consumo
Tabela 2 Resultados experimentais de acordo com DL 306/2007 (UFC- Unidade formadora de colónias)
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Referências bibliográficas
[1]http://esmateria.com/2013/02/21/el-primer-mapamundi-de-las-aguas-subterraneas- muestra-su-importancia-para-el-clima/.htm
[2]http://enes.unam.mx/?lang=es_MX&cat=sostenibilidad&pl=nuevo-estudio-la- demanda-de-agua-supera-la-oferta.htm
[3]http://www.penafielverde.pt
[4]http://www.aguaonline.net
[5]http://www.oocities.org.htm
[6]http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/72775/2/51640.pdf
[7]http://www.ebah.pt/content/ABAAAApYEAH/apostila-analise-microbiologica-
aguadecreto-lei-243-2001-anexo-iii
[8]http://www.agsolve.com.br/noticias/as-aguas-subterraneas-ou-as-aguas-que-
brotam-das-pedras
[9]http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/conteudos/fil_legisla/Dec-
Lei_236_1998.pdf
[10]http://www.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/36833C17-A23A-4B01-A3EE-
64600AA6B1CF/615330/DL_306_2007.pdf
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Anexos
I) Legislação a seguir para classificar água do poço como
própria para consumo
No decreto de lei – 236/98 está mencionado o seguinte artigo que indica cuidados a ter
para optimizar a protecção da água disponível nos poços[9].
Artigo 67º- Protecção das águas subterrâneas contra a poluição causada pelas
substâncias perigosas:
1 — É proibida, para as substâncias das famílias ou grupos de substâncias das listas I
e II, a sua introdução nas águas subterrâneas sem encaminhamento no solo ou no subsolo,
de ora em diante designada «descarga directa».
2 — As acções de eliminação, ou de depósito para a eliminação, das substâncias das
famílias ou grupos de substâncias das listas I e II só poderão ser autorizadas caso fique
previamente demonstrado pela entidade requerente que, mediante precauções técnicas
adequadas nessas acções de eliminação ou de depósito, é possível impedir a sua
introdução nas águas subterrâneas após encaminhamento no solo ou no subsolo, de ora
em diante designada «descarga indirecta».
3 — A DRA tomará as medidas que julgar necessárias e adequadas para impedir
qualquer descarga indirecta de substâncias da lista I e para limitar essas descargas no que
respeita às substâncias da lista II, devido a acções efectuadas à superfície ou no interior do
solo diferentes das mencionadas no nº 2.
4 — Se o requerente da licença fizer a prova prévia de que as águas subterrâneas nas
quais se prevê uma descarga de substâncias das famílias ou grupos de substâncias das
listas I e II são permanentemente impróprias para qualquer uso, designadamente para uso
doméstico ou agrícola, que a presença dessas substâncias não põe em causa a exploração
dos recursos do solo e que através de adequadas precauções técnicas não existe o risco de
que essas substâncias possam atingir outras águas a que se refere o presente capítulo ou
prejudicar outros ecossistemas, a DRA poderá autorizar a descarga condicionada à
adopção pela entidade licenciada das referidas precauções técnicas.
5 — As licenças a que se referem os nº2 e nº4 só poderão ser concedidas após a DRA
ter verificado que o controlo contínuo das águas subterrâneas, e especialmente da sua
qualidade, está assegurado.
6 — A prova prévia a que se refere o nº4 incluirá, para além dos demais elementos que
nos termos do artigo 38.o do Decreto-Lei nº46/94, de 22 de Fevereiro, devem instruir o
[Que água consumimos: Avaliação microbiológica da qualidade da água de poços] 1 de Novembro de 2015
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pedido de licença, um estudo das condições hidrogeológicas da respectiva zona, do
eventual poder depurador do solo e do subsolo, dos riscos de poluição e alteração da
qualidade das águas subterrâneas pela descarga e a prova de que a descarga nessas
águas constitui uma solução adequada sob o ponto de vista ambiental.
7 — Quando uma descarga directa, ou uma acção de eliminação ou de depósito com
vista à eliminação de substâncias das famílias ou grupos de substâncias das listas I e II que
conduz inevitavelmente a uma descarga indirecta, for autorizada de acordo com os nº2 e
nº4, da licença deverão constar, para além dos elementos já referidos no artigo 39.o do
Decreto-Lei nº46/94, de 22 de Fevereiro, os seguintes:
a) O local da descarga ou o local onde se situa a acção de eliminação ou depósito
com vista à eliminação;
b) A técnica de descarga ou os métodos de eliminação ou depósito utilizados;
c) As precauções indispensáveis a que obedecerá a descarga ou acção de
eliminação ou depósito com vista à eliminação, tendo especialmente em conta a natureza e
a concentração das substâncias presentes nos efluentes ou nas matérias a eliminar ou a
pôr em depósito, as características do meio receptor, assim como a proximidade de
captações de água, em especial para produção de água para consumo humano, de
nascente e minerais naturais;
d) A quantidade máxima de cada substância pertencente às famílias ou grupos de
substâncias das listas I e II admissível nos efluentes ou nas matérias a eliminar ou a pôr em
depósito, bem como as concentrações aceitáveis dessas substâncias;
e) As precauções técnicas previstas no nº4 para impedirem qualquer descarga de
substâncias das listas I e II em outras águas que não sejam as águas subterrâneas nas
quais é licenciada a descarga directa ou indirecta;
f) Os dispositivos que permitem o controlo dos efluentes descarregados nas águas
subterrâneas; g) Se necessário, as medidas que permitem o controlo das águas
subterrâneas e designadamente da sua qualidade.
8 — As licenças a que se referem os nº2 e nº4 serão revistas, pelo menos, de quatro
em quatro anos, e podem ser prorrogadas, modificadas ou revogadas.
9 — As disposições do presente artigo prevalecem sobre o disposto nos demais artigos
deste capítulo.
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No decreto de lei – 306/2007 são estabelecidos parâmetros correspondentes aos
valores máximos de determinados componentes presentes em 100mL de água dentro dos
quais a água encontra-se própria para consumo disponível nos poços[10].
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II) Resultados das análises bacteriológicas
Requerente: Colheita Início da análise Observações
Localização: Dia 19/10/15 19/10/15
TMTC - too much to count
Amostra: Poço da Maia Hora --- ---
Volume inoculado
TESTES PRESUNTIVOS
E.coli e bactérias coliformes Enterococos fecais Membrane Lauryl Sulfate Broth
30 ºC, 4 h + 44 ºC, 14 h Slanetz and Bartley
36 2 ºC, 44 h 4 h
ufc amarelas ufc duvidosas ufc vermelhas/castanhas/rosas
ufc duvidosas
100 mL >100 >100 0 1
(O)
Origem e
descrição da
ufc
TESTES CONFIRMATIVOS + teste positivo - teste negativo
E.coli e bactérias coliformes 35 ºC, 24 a 48 h
Enterococos fecais 44 0,5 ºC, 2 h
(O) Cor amarela Gás MUG Indole
(O) BEA
Amarel
a + + + +
Laranja + + + +
RESULTADOS FINAIS
ufc – unidades formadoras de colónias
E.coli e Bactérias coliformes >100 ufc/100 ml
Enterococos fecais --- ufc/100 ml
Técnica analista Responsável pela análise
Sílvia Faia Dra. Olga Nunes