qualidade de grÃos de soja produzidos em mato … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado...

84
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO GROSSO ENTRE 2006 E 2016 PATRÍCIA DE JESUS ANDRADE C U I A B Á - MT 2016

Upload: others

Post on 02-Aug-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO

GROSSO ENTRE 2006 E 2016

PATRÍCIA DE JESUS ANDRADE

C U I A B Á - MT

2016

Page 2: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO

GROSSO ENTRE 2006 E 2016

PATRÍCIA DE JESUS ANDRADE

Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. SEBASTIÃO CARNEIRO GUIMARÃES

Coorientadora: Profa. Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE

Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agricultura Tropical.

C U I A B Á - MT

2016

Page 3: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

2

FICHA CATALOGRÁFICA

Andrade, Patrícia de Jesus

P000 Qualidade de grãos de soja produzidos em Mato Grosso entre

2006 e 2016. Patrícia de Jesus Andrade. - Cuiabá: Faculdade

de Agronomia e Zootecnia, 2016. 84 p.

Xi, xp.:il.color.

Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da

Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título

de doutor em Agricultura Tropical.

Bibliografia: p.

CDU – XXX.XX.XX

Page 4: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

3

Page 5: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

4

EPÍGRAFE

“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas

pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. ”

CORA CORALINA

Page 6: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter guiado meus passos nessa etapa da minha vida.

À Universidade Federal de Mato Grosso, por ter me proporcionado

experiências, amigos e conhecimento.

À APROSOJA-MT, pelo apoio financeiro e à coleta das amostras da pesquisa.

Aos professores e funcionários do Programa de Pós-graduação em Agricultura

Tropical, em especial, ao professor Ricardo Amorim pela paciência e auxilio nas

análises estatísticas.

Ao professor Sebastião Carneiro, pela orientação, dedicação e convivência.

Ao professor Carlos Caneppele, pela ajuda e convivência ao longo desses

anos.

Aos membros da banca examinadora, pelas sugestões apresentadas.

Aos alunos do Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, em

especial: Andréia Quintino da Cruz, Rafael Noetzold e Josilaine Gonçalves da silva.

Aos estagiários do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, pela ajuda e

convivência.

Em especial:

À professora Maria Aparecida Braga Caneppele, pela orientação, confiança,

dedicação e carinho. Sua amizade e companheirismo foram essenciais em toda a

minha trajetória acadêmica. Obrigada por me incentivar e me fazer acreditar que eu

posso e que eu consigo!

Aos meus colegas de trabalho: Clodoaldo M. da Paixão e Gabriela Kloster, pelo

apoio e disponibilidade de ajuda.

À Lineuza Leite Moreira, pela amizade, companhia, apoio e contribuição no

trabalho.

Ao meu esposo, Antônio Augusto Paes de Barros, pela paciência, dedicação,

companheirismo, por me incentivar e principalmente me encorajar nos momentos

difíceis.

Aos meus irmãos Belkior Junior de Andrade e Hellen Cristina de Moraes, e

amigas, Elinalva Aparecida e Leidiane Ferreira pelo carinho, apoio e incentivo.

Aos meus pais, Maria Lúcia e Belchior Fidelis, por me amarem, me apoiarem

e, principalmente, por serem meu Porto Seguro.

Muito obrigada!

Page 7: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

6

QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO GROSSO ENTRE 2006 E 2016

RESUMO – Conhecer a qualidade dos produtos que se comercializa é de fundamental importância para a tomada de decisões no momento do plantio, colheita e negociação. Mato Grosso é considerado um dos principais produtores de soja no país, portanto, torna-se indispensável um estudo sobre a qualidade dos grãos produzidos nesse estado. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as características de qualidade física e química dos grãos de soja produzidos em Mato Grosso em dez safras. Para isso, foram analisadas amostras de grãos de soja colhidos em diferentes regiões do estado entre as safras 2006/07 e 2015/16. Dentre as análises, foram realizadas aquelas utilizadas para a classificação comercial dos grãos; a determinação dos teores de extrato etéreo e proteína bruta; e em algumas amostras, a avaliação da incidência de fungos e a ocorrência de aflatoxinas. Com relação à qualidade física, observou-se que 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no geral, as amostras com maiores porcentuais de grãos avariados foram oriundas das regiões com maiores índices pluviométricos. O defeito mais frequente nos grãos de soja foi o do grão picado por percevejo. As características de qualidade química, extrato etéreo e proteína bruta variaram em função das condições meteorológicas. Os grãos de soja produzidos em Mato Grosso possuem, em média, 20,8% de extrato etéreo e 37,7% de proteína bruta, com menores percentuais encontrados nas cultivares de ciclo precoce. A proteína bruta do grão de soja correlaciona-se positivamente com grãos avariados, principalmente os atacados por fungos. Palavras-chave: grãos avariados, extrato etéreo, proteína, óleo.

Page 8: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

7

GRAIN QUALITY OF SOYBEAN PRODUCED IN MATO GROSSO FROM 2006 TO

2016

ABSTRACT- Knowing the quality of the products that are marketed is of fundamental importance for making decisions at the time of planting, harvesting and negotiation. Mato Grosso is considered one of the main producers of soy in the country, therefore, a study on the quality of the grains produced in this state is indispensable. The objective of this work was to evaluate the physical and chemical quality characteristics of soybeans produced in Mato Grosso in ten harvests. For that, samples of soybeans harvested in different regions of the state between the 2006/07 and 2015/16 harvests were analyzed. Among the analyzes, were used those for the commercial classification of the grains; The determination of ethereal extract and crude protein contents; And in some samples, the evaluation of the incidence of fungi and the occurrence of aflatoxins. Regarding the physical quality, it was observed that 85% of the soya beans produced in the state fell within the Basic Standard for commercialization, and, in general, the samples with the highest percentage of damaged grains came from the regions with the highest indexes Rainfall. The most frequent defect in soybean grains was stink bug. The characteristics of chemical quality, ethereal extract and crude protein varied according to the meteorological conditions. The soybean grains produced in Mato Grosso have, on average, 20.8% of ethereal extract and 37.7% of crude protein, with lower percentages found in the early cycle cultivars. The crude protein of the soybean grain correlates positively with damaged grains, mainly those attacked by fungi. Keywords: Damaged grains, oil and protein.

Page 9: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

8

SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 11

2.1 Evolução da produção de soja na última década ........................................................ 11

2.2 Características de qualidade do grão de soja ............................................................. 14

2.2.1 Qualidade física de grãos de soja ............................................................................ 14

2.2.2 Qualidade química de grãos de soja ....................................................................... 21

2.2.2.1 Variação na composição de proteína e óleo ......................................................... 23

2.2.3 Características sanitárias de qualidade ................................................................... 26

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 28

3.1 Descrição das determinações das variáveis de qualidade ..................................... 30

3.2 Dados meteorológicos ................................................................................................ 34

3.3 Análise estatística ...................................................................................................... 35

3.3.1 Qualidade física - Grãos Avariados – TAV ........................................................... 35

3.3.2 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB) .......................... 35

3.3.3 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB ............................ 35

3.3.4 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação .......................................... 36

3.3.5 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de Total de

grãos avariados (TAV) .................................................................................................. 36

3.3.6 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em diferentes

extratos de TAV ............................................................................................................ 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 38

4.1 Caracterização do ambiente - dados meteorológicos ................................................. 38

4.2 Qualidade física - Grãos Avariados - TAV .................................................................. 42

4.3 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB) ................................. 47

4.4 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB .................................. 54

4.5 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação ................................................ 59

4.7 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em diferentes

extratos de TAV ............................................................................................................... 65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 67

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 69

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 70

Page 10: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

9

1 INTRODUÇÃO

A cultura da soja vem ganhando destaque nacional nos últimos anos devido ao

fato de ser considerada uma fonte de proteína de baixo custo e Mato Grosso

apresenta-se como o estado maior produtor de grãos de soja no Brasil, sendo,

portanto, de fundamental importância o conhecimento do produto que se comercializa

ou exporta.

Nas últimas dez safras, os institutos de pesquisas dedicaram-se ao

desenvolvimento de tecnologias visando elevadas produtividades, como também a

métodos mais eficientes de controle de plantas daninhas, pragas e doenças,

minimizando assim o custo final da lavoura, sendo a qualidade do produto final, muitas

vezes, ignorado dentro do processo produtivo. Entretanto, da mesma forma que o

campo evoluiu, outras atividades, que dependem da soja como matéria-prima,

também evoluíram, principalmente no quesito qualidade do produto e, para garantir

as características desejáveis pelo mercado, é necessário que essa matéria-prima

atenda a um mínimo de qualidade.

A qualidade do grão de soja pode ser determinada por indicadores físicos,

químicos e sanitários. Com relação ao padrão de qualidade física, as indústrias

exigem que os grãos sejam secos (teor de água abaixo de 14%), limpos (máximo de

1% de matérias estranhas e impurezas) e contenham até 8% de grãos avariados

(Brasil, 2007).

Dentre as características de qualidade química, as indústrias possuem padrões

internos de exigência quanto ao conteúdo de óleo e proteína no grão de soja e esses

devem atender ao mínimo para a produção, por exemplo, de farelo de soja com alto

teor proteico (Hipro->48% de proteína). Para atingir esse teor de proteína no farelo, o

grão deve ter, em média, 38% de proteína e 19% de óleo. Quando esse valor não é

atingido, é comum a retirada do tegumento da soja, que apresenta menor

concentração de proteína, encarecendo o custo de produção de farelo (Pípolo, 2002).

Entre indústrias, produtores e pesquisadores, há especulações de que os

conteúdos de proteína e óleo no grão de soja estejam sendo reduzidos. Essa redução

tem sido atribuída aos novos materiais genéticos com baixos teores de proteína e óleo

nos grãos. Esse fato foi percebido principalmente pelas indústrias devido à dificuldade

em se produzir o farelo de soja Hipro (farelo com teor de proteína de 48%). Pressupõe-

Page 11: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

10

se que, ao melhorar o rendimento do novo cultivar, houve redução nos conteúdos de

óleo e proteína.

Outro constituinte químico de importância é a acidez, que pode acarretar

prejuízos econômicos para as indústrias de produção de óleo, devido à necessidade

de utilização de produtos químicos para neutralizar essa acidez.

Em relação aos aspectos sanitários, a avaliação de micotoxinas não está

inclusa nas análises de rotinas para verificação do padrão de comercialização e,

embora não se tenha um limite específico para grãos de soja, a ANVISA possui

legislação para os alimentos de consumo humano, e o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, para os produtos destinados à alimentação animal.

Existem vários fatores que interferem nas características de qualidades dos

grãos de soja, dentre os quais se destacam os genéticos, os climáticos e suas

interações. Dificilmente o homem conseguirá controlar o ambiente e, por isso,

compreender a interação clima x genética e suas implicações na qualidade dos grãos

poderá servir de ferramenta para a manutenção da qualidade dos grãos e a

comercialização dos mesmos.

Diante do breve exposto, percebe-se que o pagamento por qualidade deverá

ser cada vez mais adotado em função dos maiores retornos que proporcionam às

indústrias e, nesse contexto, a lucratividade do sojicultor passa por um equilíbrio entre

a quantidade e a qualidade dos grãos produzidos, tornando-se indispensável o

conhecimento das principais características de qualidade dos grãos de soja,

principalmente em Mato Grosso, onde se concentra a maior produção brasileira desse

grão.

Portanto, compreendendo a importância desse trabalho, tem-se como objetivo

a caracterização da qualidade física, química e sanitária dos grãos de soja produzidos

no estado de Mato Grosso nas últimas dez safras (2006/07 a 2015/16).

Page 12: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Evolução da produção de soja na última década

Entre os anos de 2003 a 2013, o consumo da soja aumentou 57% no mundo,

atingindo 269,7 milhões de toneladas, e a produção cresceu 62% no mesmo período,

atingindo 284 milhões de toneladas, tornando-se um dos grãos mais consumidos no

mundo, perdendo somente para o trigo e milho (Cunha e Espíndola, 2015). Cerca de

90% do consumo é destinado ao esmagamento, dos quais 80% são para a produção

de farelo e 20%, para a produção de óleo de soja (USDA, 2014). Esse farelo,

sobretudo, é matéria-prima para a agroindústria de ração, visando ao agronegócio de

carnes (Cunha e Espíndola, 2015).

Estados Unidos, Brasil e Argentina são os maiores produtores de soja no

mundo e, safra após safra, a produção aumenta (Figura 1). Em termos gerais, diversos

foram os fatores que determinaram o aumento de importância da soja no mundo,

dentre eles, destacam-se: o elevado teor de proteínas presentes no grão (em torno de

40%), que serve para alimentação humana e animal; o considerável teor de óleo, que

pode ser utilizado para diferentes fins (biocombustível, alimentação etc.) e a fácil

absorção e utilização de tecnologias de produção (Hirakuri e Lazzarotto, 2014).

Fonte: USDA, 2016, Conab, 2016 e Argentina, 2016

FIGURA 1. Produtividade e Produção de soja nos Estados Unidos da América

(EUA), Brasil (BRA), Argentina (ARG) e Mato Grosso (MT), entre as

safras 2006/07 e 2015/16.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

Pro

dutivid

ade (

Kg h

a-1

)

Pro

dução (

milh

ões d

e t

)

Safras

EUA BRA ARG MT EUA BRA ARG MT

Page 13: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

12

Embora haja aumento da produção mundial de soja, é possível notar flutuações

na produção e produtividade de soja nas diferentes safras (Figura 1). Os

levantamentos de safras brasileiras, realizados pela Conab, explicam as principais

causas dessas flutuações que, muitas vezes, são decorrentes das intempéries

climáticas.

De acordo com a Conab, a safra brasileira de soja em 2007/08 foi 2,8% superior

à safra anterior. O referido incremento deve-se ao aumento da área plantada,

motivado pelos bons preços do produto e pela expectativa futura de mercado à época

da implantação da cultura, aliados às boas condições climáticas ocorridas durante

todo o ciclo da lavoura e ao alto nível tecnológico usado (Conab, 2008). Em Mato

Grosso, a produção total foi superior 4,7% à safra 2006/07 (Conab, 2008).

Para a Safra 2008/09, havia expectativas iniciais de redução da produção, em

função do elevado custo de produção no início da safra, aliado ao atraso das chuvas

nos estados de Mato Grosso e Goiás (Conab, 2009). A estiagem do último trimestre

do ano reduziu a produtividade em 6,7% em relação à safra anterior. Entretanto,

superando as adversidades, a produção de soja 2008/09 foi 0,64% superior a 2007/08

(Figura 1).

O comportamento climático na safra 2009/10 beneficiou as lavouras de soja,

que tiveram a produtividade média nacional de 2.918 kg ha-1, 11,0% superior à da

safra anterior e o estado de Mato Grosso constituiu-se no maior produtor nacional com

18,72 milhões de toneladas, Figura 1, (Conab, 2010).

A safra 2010/2011 começou sob a influência do La Niña e superou

significativamente as primeiras previsões, principalmente em função do

comportamento do clima. As chuvas, apesar de terem ocorrido abaixo da média em

alguns meses na região Sul, aconteceram na época e na medida certas para o bom

desenvolvimento das culturas de verão (Conab, 2011). Entretanto, na região Centro-

Oeste, nos meses de fevereiro e março, em algumas áreas pontuais, as precipitações

foram mais intensas, causando transtornos à colheita e perda de qualidade do

produto, porém com aumento de produtividade (Conab, 2011).

O fenômeno “La Niña” também influenciou a safra 2011/12, as condições

climáticas adversas caracterizadas por estiagens prolongadas levaram a uma redução

de 11,9% na produção de soja. A região Centro-Oeste foi a que menos sofreu com as

estiagens que, juntamente com o incremento de 6,2% na área de plantio, favoreceram

Page 14: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

13

o aumento de produção de soja no Mato Grosso, porém com redução na produtividade

(Figura1) (Conab, 2012).

A safra 2012/13 foi caracterizada pelo atraso, provocado pelo clima, no início

do plantio na Região Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso e Goiás, e a

ocorrência de chuvas coincidindo com a colheita repercutiu nos níveis de

produtividade da lavoura. O excesso de chuvas provocou perdas no enchimento de

grão pela baixa luminosidade, e na colheita, pela alta incidência de ferrugem asiática.

A produtividade média, em Mato Grosso, foi 3,8% inferior à safra anterior. Apesar das

adversidades, nessa safra, a produção brasileira de grãos de soja teve aumento de

22,7%, Figura 1 (Conab, 2013).

A produtividade média de grãos de soja na safra 2013/14 foi inferior 0,7% à

estimativa aguardada, tendo como causa principal os problemas relacionados ao

clima durante o desenvolvimento (falta de chuva) e colheita (excesso de chuva) da

lavoura. A colheita foi concentrada nos meses de fevereiro e março (Conab, 2014).

A Região Centro-Oeste, maior produtora da oleaginosa do país, sofreu forte

estresse hídrico, causando forte impacto no desenvolvimento das lavouras na safra

2014/15. O tempo seco e a estiagem provocaram redução no ritmo do plantio quando

comparado com o mesmo período da temporada anterior. O atraso no plantio só não

foi maior em função das características dos produtores locais, altamente tecnificados,

e que dispõem de equipamentos em quantidade suficiente para acelerar o plantio,

recuperando-se de eventuais atrasos. A melhoria das condições climáticas,

juntamente com as características dos produtores acima mencionadas, contribuiu

para que em novembro tenha ocorrido o maior percentual de plantio da soja nas

últimas seis temporadas (Conab, 2015).

A safra 2015/16, em Mato Grosso, foi caracterizada por seca no plantio e

excesso de chuva na colheita, dificultando o avanço dos trabalhos de campo. Em

alguns municípios do médio-norte e nordeste, algumas cargas da oleaginosa foram

comercializadas com deságio em decorrência das avarias e umidade acima do

padrão. Em relação à produtividade, havia a expectativa de que, no decorrer da

colheita, ocorresse uma recuperação situando em níveis comparáveis à última safra,

fato que não se consolidou plenamente (Figura 1). Contribuiu para isso o fraco

desempenho apresentado pelas variedades de ciclo longo, tendo em vista que estas

lavouras sofreram mais com as condições climáticas adversas, ocorridas

principalmente em fevereiro (Conab, 2016).

Page 15: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

14

2.2 Características de qualidade do grão de soja

A demanda por produtos de qualidade é notória em todo o mundo, e esses

devem ser de excelência e com preço competitivo. Entretanto, muitas vezes, o que

determina a qualidade do produto é a matéria-prima utilizada, cabendo às indústrias

somente escolher aquela que atenda ao padrão desejado.

As indústrias esmagadoras movimentam um dos setores mais produtivos da

economia brasileira, sendo a soja e seu complexo, composto por óleo, farelo e casca.

Essas compram a soja pela massa e pelas características relacionadas à qualidade

dos grãos: umidade, impurezas, avariados e acidez, ou seja, a composição química

dos grãos das diferentes cultivares em termos de óleo, proteína, carboidratos, cinzas

e fibras não é considerada. Contudo, se a composição química fosse levada em

consideração, o retorno financeiro poderia ser maior, devido à agregação de valor no

produto final e, possivelmente, a utilização de menor quantidade de matéria-prima

(Sbardelotto e Leandro, 2008).

O aumento nos conteúdos de proteína e óleo agrega valor ao grão e pode

garantir a competitividade da soja brasileira no mercado mundial (Rodrigues, et al.,

2010). Porém, a escolha de material genético de alto potencial de massa de grão não

garante a composição química desejada, pois esta é influenciada por fatores

genéticos e ambientais.

A variabilidade na composição da semente tem sido problemática para a

indústria, pois as concentrações a serem obtidas nem sempre são alcançadas, sendo

imprescindível a determinação da qualidade do grão na hora do recebimento da

matéria-prima. Não há incentivo econômico estabelecido para a criação de cultivares

de soja com altos teores de proteína (Rangel, et al., 2007 e USDA, 2014). A partir dos

programas de melhoramento, podem-se obter genótipos que expressem bons níveis

de proteína, permitindo a discussão de um preço diferenciado por parte da indústria

de alimentação, visto que se consideram apenas as características físicas de

qualidade (Rangel, et al., 2007).

2.2.1 Qualidade física de grãos de soja

A qualidade física é fator crítico e determinante na comercialização dos grãos

de soja. A Instrução Normativa (IN) nº 11 de maio de 2007, do Ministério da Agricultura

Page 16: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

15

e Abastecimento (MAPA) (Brasil, 2007a), define o padrão oficial de classificação dos

grãos de soja considerando requisitos de identidade e qualidade intrínseca e

extrínseca, como o teor de água, a porcentagem de impurezas e matérias estranhas

e a porcentagem de grãos avariados (TAV).

Esses requisitos interferem no processo de comercialização, pois a

porcentagem de defeitos nos grãos determina sua classe como exposto nas Tabelas

1 e 2. Lotes de grãos com valores acima dos limites expostos nas Tabelas 1 e 2 sofrem

deságios na comercialização. E lotes de grãos de soja que contêm porcentuais de

defeitos graves (ardidos, queimados e mofados) superiores a 12%, para a soja

destinada diretamente à alimentação humana (Grupo I); e 40% para a soja destinada

a outros usos, como ração e óleo (Grupo II) são desclassificados e é proibida a sua

comercialização.

Nos Estados Unidos, existem três classes de medições no sistema norte-

americano de classes: classe de fatores determinantes, padrões não classificáveis e

os critérios informativos (USSEC, 2006).

TABELA 1. Limites máximos de tolerância (%) de defeitos em grãos para a soja do

Grupo I, destinados à alimentação humana (IN 11).

Tipo

Avariados

Esverdeados Partidos

Quebrados e Amassados

Matérias Estranhas e impurezas

Total Ardidos e

Queimados

Máximo de Queimados

Mofados Total¹

1 1,0 0,3 0,5 4,0 2,0 8,0 1,0

2 2,0 1,0 1,5 6,0 4,0 15,0 1,0

¹ A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos,

(Brasil, 2007a)

TABELA 2. Limites máximos de tolerância (%) de defeitos em grãos para a soja do

Grupo II, destinado à outros usos (IN 11).

Tipo

Avariados

Esverdeados

Partidos Quebrados

e Amassados

Matérias Estranhas

e impurezas

Total Ardidos e

Queimados

Máximo de Queimados

Mofados Total¹

Padrão

Básico 4,0 1,0 6,0 8,0 8,0 30,0 1,0

¹ A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos,

(Brasil, 2007a).

Os padrões de classificação norte-americanos listam seis fatores

determinantes de qualidade para a soja, que são: o peso da amostra (densidade a

Page 17: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

16

granel), a porcentagem de grãos partidos, o total de grãos danificados, grãos

danificados por calor, material estranho e grãos de soja de outras cores (USSEC,

2006). A umidade é um padrão de não classificável e é determinada em cada lote com

os resultados aparecendo em toda inspeção oficial de certificação (USSEC, 2006). A

análise de óleo e proteína são critérios informativos e será executada a pedido

(USSEC, 2006).

No Padrão norte-americano, os limites de tolerância para o total de grãos

danificados são ≤ 2% na soja Tipo 1, entre 2 e 3% na soja Tipo 2, entre 3 e 5% na

soja Tipo 3, entre 5 e 8% na soja Tipo 4 (Figura 2). O Padrão deles pouco difere em

limites de grãos danificados do brasileiro.

FIGURA 2. Padrão americano de classes de qualidade dos

grãos de soja e os requisitos de classificação.

Fonte (USSEC, 2006).

A Norma XVII da câmera de arbitragem Argentina, terceiro maior produtor

mundial de soja, estabelece a Norma de qualidade para a comercialização da Soja,

apresentada na Figura 3. Percebe-se que, no Padrão argentino, o limite de tolerância

para grãos avariados (5%) é mais exigente do que o Padrão brasileiro e o americano.

Page 18: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

17

Dentre os Padrões desses três países, percebe-se que o Padrão utilizado no

Brasil é o único que possui limites para os defeitos ardidos e mofados, provavelmente

o clima no Brasil favoreça mais a ocorrência desses defeitos.

Libre de insectos y arácnidos vivos Arbitraje: para los rubros condición "revolcado en tierra", "olores comercialmente objetables" y "granos amohosados", se establece un arbitraje con un descuento sobre el precio de CERO COMA CINCO POR CIENTO (0,5%) a DOS POR CIENTO (2,0%) según intensidad.

Fonte: ARGENTINA, 2008.

FIGURA 3. Norma de qualidade para a comercialização de soja.

A soja é considerada uma commodity agrícola, ou seja, há negociação dos

preços futuros dessa mercadoria antes mesmo de se obter os resultados de

produtividade e qualidade dos grãos. Essa negociação é uma forma de propiciar ao

produtor certa segurança em relação às flutuações dos preços. Isso ocorre devido ao

fato de as atividades agropecuárias serem dependentes das condições climáticas e a

compreensão da influência desse fator sobre a produção e qualidade dos grãos de

soja pode contribuir na comercialização do produto, o que, na maioria desses

negócios, não é ponderado.

As condições ambientais podem interferir na qualidade física dos grãos desde

o momento da colheita, quando esta coincide com o período chuvoso; a retirada dos

grãos do campo torna-se difícil e essa situação acelera o processo de deterioração

Page 19: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

18

dos grãos. À medida que aumenta a precipitação ou a umidade relativa do ar,

aumentam também as porcentagens de grãos avariados (Andrade et al., 2010).

Dos fatores de qualidade física, o teor de água dos grãos é de suma

importância, pois este poderá influenciar os demais parâmetros de qualidade. De

acordo com a IN 11 – MAPA (Brasil, 2007a), o limite máximo aceitável de teor de água

em grãos de soja, para o armazenamento e comercialização, é de 14%, e teores

superiores a esse, combinados com condições ambientais inadequadas, podem

permitir a atividade de microrganismos e enzimas, alterando as características

sensoriais do produto (Alencar et al., 2009).

Na condição de armazenamento, esse fator de qualidade também é muito

relevante. Grãos de soja armazenados com teor de água de 14,8% e temperatura de

30ºC mantiveram o Padrão Básico (< 8% de TAV) de qualidade até os 180 dias de

armazenamento e quando armazenados com 12,8 e 14,8% com temperatura de 40ºC,

foram considerados fora do Padrão Básico a partir de 135 e 90 dias, respectivamente

(Alencar et al., 2009).

Entretanto, quando a condição ambiental favorece a secagem dos grãos, isto

também pode interferir na qualidade desses. Grãos muito secos durante o processo

de colheita e debulha podem sofrer injúrias, gerando trincas e escarificações no

pericarpo ou mesmo a ruptura do tegumento do grão, expondo seu conteúdo à ação

de fungos e de insetos, causando reflexos negativos na potencialidade de

armazenamento, na redução da massa específica e na formação de micotoxinas

(Radünz et al., 2006).

Grãos ardidos é considerado um defeito grave e está relacionado ao teor de

água nos grãos e temperaturas elevadas (Santos et al., 2007). Nessa situação,

ocorrem alterações na coloração e o escurecimento dos cotilédones está associado

ao desenvolvimento de fungos e, consequentemente, há deterioração e elevação de

grãos ardidos. Grãos ardidos são considerados um dos defeitos determinantes

analisados durante a classificação, pois além do escurecimento do produto, causa

aumento da acidez do óleo contido no grão, característica indesejável, pois eleva os

custos no processo industrial para se obter óleo de qualidade (Teixeira, 2001).

Outro defeito considerado grave é a presença de grãos mofados, sendo a

presença de mofo indicativa de problemas tóxicos, podendo gerar sérios riscos à

saúde (Thakur e Hurburgh, 2007). Grãos mofados ocorrem em situações de umidade

relativa do ar acima de 60% e temperatura ambiente acima de 25°C, principalmente

Page 20: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

19

em casos de oscilações frequentes de temperatura, associadas às chuvas durante o

período de maturidade da soja (Costa et al., 1994; Meronuck, 1987 e Lacerda Filho,

2014). Para Shotwell et al. (1978), grãos de soja sem injúrias, ou seja, intactos, são

mais resistentes ao ataque e proliferação de fungos.

O defeito fermentado é considerado leve e ele antecede o defeito ardido. A IN

11 – MAPA (Brasil, 2007a) diferencia esses defeitos pela tonalidade da cor. Grãos

ardidos são aqueles que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade

e com coloração marrom-escura acentuada, afetando o cotilédone, e os grãos

fermentados são aqueles que, em razão do processo de fermentação, tenham sofrido

alteração visível na cor do cotilédone que não aquela definida para os ardidos. Essas

denominações geram muita polêmica no processo de classificação de grãos.

Amostras com porcentagens de ardidos acima de 4,0% são consideradas como

fora de tipo ou desclassificadas e não há limite para fermentados (somente dentro do

total de avariados), classificações errôneas podem interferir no padrão de

comercialização dos grãos.

Considerando que fermentado é o início do processo de formação de grãos

ardidos, conclui-se que a condição de ocorrência para esses defeitos são as mesmas.

No trabalho de Alencar et al. (2009), ardido foi o defeito que mais contribuiu para o

aumento do total de avariados.

De acordo com Wilson et al. (1995), a descoloração de grãos de soja atribuída

a fungos está relacionada à qualidade e pelo U.S. Official Standards este processo

também é um indicativo de alterações físicas, químicas, presença de metabólitos ou

outras características desfavoráveis (Sinclair, 1992).

Dentre os defeitos leves, grãos picados por percevejos são considerados como

a causa de outros defeitos. A injúria que o percevejo faz no grão facilita a entrada de

patógenos, levando à deterioração dos grãos (Braccini et al., 2003 e Andrade et al.,

2010), e a prejuízos quantitativos e qualitativos, podendo inviabilizar a industrialização

do grão (Sarmento et al., 2002)

Os percevejos filófagos, por se alimentarem diretamente das vagens, atingem

os grãos, afetando seriamente sua qualidade fisiológica e sanitária (Corrêa-Ferreira et

al., 2009)

O total de grãos avariados (TAV) é a soma dos defeitos queimados, ardidos,

mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos. O TAV, teor de

água dos grãos e a porcentagem de matéria estranha e impurezas são utilizados pelas

Page 21: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

20

indústrias de processamento de soja como padrão 14-1-8, ou seja, 14% de tolerância

máxima para o teor de água, 1%, para impurezas e matérias estranhas e 8%, para os

grãos avariados. Para a alimentação humana, o padrão é 14-1-6. Lotes de soja com

valores acima dessa tolerância apresentam desconto conforme a tabela da empresa

recebedora. O desconto é feito com o intuito de compensar os custos causados por

esses fatores, como a secagem, a limpeza e a redução de qualidade do produto final

(Lazzari, 2002).

Dentre as características físicas de qualidade dos grãos, a massa específica

não é levada em consideração no momento da comercialização dos grãos de soja,

como acontece para o trigo. A massa específica aparente ou peso hectolitro (PH) do

trigo é uma propriedade que assume elevada importância para efeito de

comercialização do produto, uma vez que os preços praticados consideram esta

característica como um indicativo de qualidade e rendimento (Lazzari, 2002).

Para Brooker et al. (1992), a massa específica depende do teor de água dos

grãos e da porcentagem de grãos danificados. Silva et al. (1997) afirmaram que baixos

valores de massa específica são encontrados em grãos que perderam matéria seca

excessivamente, devido à infestação de fungos e insetos no campo ou no

armazenamento. Portanto, a massa específica poderia ser utilizada como indicativo

de qualidade dos grãos.

A determinação de condutividade elétrica é uma importante ferramenta para

avaliar a qualidade de sementes de soja, não sendo muito utilizada para grãos. Porém,

o valor da condutividade está relacionado com a quantidade de íons lixiviados para a

solução, e esse está relacionado com a integridade da membrana celular e

membranas e células danificadas são normalmente associadas com o processo de

deterioração dos grãos e sementes (Krzyzanowski, 1999; Vieira, 1994). Ou seja,

quanto maior a deterioração dos grãos, maiores os valores de condutividade elétrica.

Para sementes, os menores valores no teste de condutividade elétrica

correspondem à menor liberação de exsudatos, indicando alto potencial fisiológico. A

realização do teste de vigor em sementes de alto e baixo vigor, com diferentes teores

de água, encontram valores entre 47 e 93 µS cm-1 g-1 para os lotes de alto vigor e

entre 68 e 140 µS cm-1 g-1, para os de baixo vigor (Vieira et al., 2002). Para grãos, não

há padrões de classificação.

Page 22: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

21

2.2.2 Qualidade química de grãos de soja

A soja e seus derivados são classificados como alimentos de alto valor

nutricional que trazem benefícios à saúde humana, pois reduzem alguns fatores de

risco de doenças crônicas, como diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares,

osteoporose e outras (Lee et al., 2007).

O teor de proteína em soja pode atingir 40%, enquanto que nas demais

leguminosas o valor mais comum é de 20 a 25% (Mateos-Aparicio et al., 2008). Entre

as 17 commodities de óleo e gordura, a soja ocupa o primeiro lugar na produção de

óleo vegetal no mundo (Farhoosh et al., 2009). Outros constituintes do grão de soja

são minerais, como ferro, potássio, magnésio, zinco, fósforo, manganês, vitaminas do

complexo B e fibras, como descrito na Tabela 3.

TABELA 3. Composição química da soja

Composição Quantidade

Energia (Kcal) 417,0

Umidade (%) 11,0

Proteínas (%) 38,0

Lipídeos (%) 19,0

Carboidratos (%) 23,0

Açúcares e Fibra Alimentar* (%) 4,0

Cinzas (%) 5,0

Cálcio (mg/100 g) 240

Fósforo (mg/100 g) 580,0

Ferro (mg/100 g) 9,4

Sódio (mg/100 g) 1,0

Potássio (mg/100 g) 1900,0

Magnésio (mg/100 g) 220,0

Zinco (μg/100 g) 3200,0

Cobre (μg/100 g) 980,0

Vitamina A (μg/100 g) 12,0

Vitamina E (mg/100 g) 1,8

Vitamina B1 (mg/100 g) 0,8 * A fibra alimentar é constituída pelo teor das fibras propriamente ditas e pelo teor dos carboidratos insolúveis. Fonte: Kagawa, 1995.

Dentre os constituintes químicos da soja, proteína bruta, extrato etéreo e acidez

são os mais importantes para as indústrias.

As proteínas são essenciais na dieta humana e seu valor biológico e nutricional

depende da quantidade, digestibilidade, absorção e utilização dos aminoácidos que a

Page 23: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

22

compõem. A digestibilidade indica o quanto das proteínas é hidrolisado pelas enzimas

digestivas e absorvido pelo organismo e o quanto foi excretado nas fezes, constituindo

o primeiro fator que afeta a eficiência da utilização proteica na dieta (Monteiro et al.,

2004).

A qualidade da proteína não é medida por valores quantitativos, ela refere-se a

sua capacidade de satisfazer os requerimentos nutricionais do homem por

aminoácidos essenciais e nitrogênio não essencial, para fins de síntese proteica

(Blanco e Bressani, 1991). Grãos com altos teores de proteína podem não estar

associados a altos teores de aminoácidos (constituintes essenciais na dieta humana

e animal), mas somente associados ao acúmulo de nitrogênio na forma de amônio e

nitrato, ou seja, nitrogênio não proteico (Schmidt et al., 2004).

O nitrogênio não proteico (NNP) não se apresenta como aminoácidos reunidos

por vínculo formando peptídeos. Existe grande variedade de compostos

caracterizados como NNP, tais como os compostos de purinas e pirimidinas, ureia,

biureto, ácido úrico e sais de amônio e nitratos (Aquino et al., 2009).

A fração de extrato etéreo é composta por substâncias solúveis em solventes

orgânicos, como, por exemplo, gorduras, óleos, pigmentos, entre outros (Silva e

Queiroz, 2005). Na soja, os triglicerídeos (óleo) são os principais componentes da

fração lipídica. O óleo de soja contém aproximadamente 11% de ácido palmítico (C

16:0), 4% de esteárico, 24% de oleico (C 18:1), 54% de linoleico (C 18:2) e 7% de

linolênico (C 18:3) (Lanna et al., 2005).

A composição e distribuição dos ácidos graxos livres e das moléculas de

triacilgliceróis determinam a qualidade do óleo, o valor nutricional, o sabor e

propriedades físicas, tais como a estabilidade oxidativa e o ponto de fusão (Lanna et

al., 2005).

Os ácidos graxos mais conhecidos são os das famílias ômega 9 (ω-9), ômega

6 (ω-6) e ômega 3 (ω-3), sendo seus principais representantes o ácido oleico, o ácido

linoleico e o ácido linolênico, respectivamente. Os dois últimos são considerados

essenciais por não serem sintetizados pelo organismo humano, estando presentes

em óleos vegetais, como o óleo de soja, canola e linhaça, além de outros produtos

derivados dessas fontes vegetais (Benatti et al., 2004).

A acidez é utilizada como indicador de qualidade, uma vez que está relacionada

com a qualidade da matéria-prima (Lazzari, 2002). O índice de acidez total em soja

varia, naturalmente, entre 0,3 e 0,5 % quando os grãos estão em formação até a fase

Page 24: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

23

de maturação fisiológica. Quando os grãos estão em condições de colheita (máximo

22% b.u.), inicia-se o processo degradativo, proporcionado por operações

inadequadas, até a fase industrial, em que são toleráveis níveis de até 0,7 % de ácidos

graxos livres (Liu, 1997).

Grãos com acidez superior a 0,7% necessitam ser neutralizados em função da

exigência do mercado de óleo (Lacerda Filho et al., 2008). Segundo os mesmos

autores, pode ocorrer perda de óleo em nível dobrado ao de acidez, ou seja, o

incremento de 0,1% de acidez no óleo bruto proporciona redução de 0,2% na massa

de óleo. Torna-se evidente, portanto, que é mais econômico conservar a qualidade

dos grãos durante a fase de armazenagem do que corrigir a acidez (Lacerda Filho et

al., 2008).

2.2.2.1 Variação na composição de proteína e óleo

Os teores de proteína e de óleo dos grãos de soja podem variar em função do

ambiente, do genótipo e da interação desses fatores. Embora a genética geralmente

seja considerada categórica na composição química, as variáveis meteorológicas

também podem influenciar o rendimento de óleo e proteína dos grãos (Rotundo e

Westgate, 2009). Kumar (2006) afirma que a latitude apresentou correlação negativa

com o conteúdo de proteína no grão e positiva com óleo, ou seja, locais de baixa

latitude produzem grãos com porcentagens maiores de proteína e menores de óleo.

Cultivares de soja adaptadas à baixa latitude (maior incidência de radiação solar e

maiores médias de temperatura do ar) apresentaram conteúdo de proteína variando

de 39,45 a 44,5%, média de 41,9% e óleo com valores entre 20,0 e 23,2%, com média

de 21,6% (Vasconcelos et al. 2006).

Dentre os elementos climáticos, a temperatura é um importante fator que

interfere na composição química dos grãos. Pípolo et al. (2004), estudando a

influência da temperatura (17 a 33°C) a partir da fase reprodutiva R5 (início do

enchimento do grão) na composição química do grão de soja (cultivada in vitro),

observaram que o aumento da temperatura diminuiu a proteína e o óleo dos grãos na

maioria dos casos, principalmente quando a taxa de crescimento foi máxima (25°C).

As concentrações de óleo e proteína foram as mais baixas, porém a concentração de

óleo e proteína se relacionou positivamente com a temperatura. Nestas condições in

vitro, o acúmulo de matéria seca foi inferior. Em média, a diminuição do teor foi menos

Page 25: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

24

pronunciada para a proteína (aproximadamente 7%) do que para o óleo

(aproximadamente 15%).

Rotundo e Westgate (2009) verificaram que faixas de temperatura média alta

(>26ºC) e baixa (< 26ºC), a partir de R5, interferiram no conteúdo de óleo e proteína

de forma diferente. Tratamentos com faixa de temperatura elevada (> 26ºC)

apresentaram efeito oposto sobre as concentrações de proteína e óleo, houve

diminuição da concentração de óleo; e aumento da concentração de proteína, e o

aumento de temperatura na faixa baixa (< 26 ºC), aparentemente, não teve efeito

significativo sobre esses teores químicos. As temperaturas mais altas são conhecidas

por aumentar a taxa de crescimento da semente e reduzir o tempo de enchimento

(Rotundo e Westgate, 2009). No caso da soja, elevadas temperaturas aceleram o

processo de maturação dos grãos (Farias et al., 2007).

Outro fato que pode ser relacionado ao aumento do conteúdo de proteína nos

grãos de soja, em condições de temperatura mais elevada, é o aumento na taxa de

assimilação de nitrogênio nessas condições. Com o óleo acontece o inverso, pois são

mais dependentes de fotoassimilados que são afetados negativamente pelo aumento

da temperatura, em particular na faixa acima de 26°C e, pelo fato de a síntese de óleo

ser de duração mais curta, a possibilidade de recuperação do conteúdo de óleo é

mínima (Rotundo e Westgate, 2009).

É importante ressaltar que a temperatura não influencia somente o conteúdo

de óleo, mas também a composição da fração lipídica, em particular, a relação entre

os ácidos graxos insaturados. O conteúdo desses ácidos nas sementes é

marcadamente diferente quando estas são submetidas a temperaturas contrastantes.

O conteúdo de ácido palmítico e esteárico não foi afetado pelas temperaturas entre

13 e 22ºC e entre 28 e 34ºC, mas, nas temperaturas mais baixas, o conteúdo de ácido

oleico diminuiu, enquanto que o do linoleico e do linolênico aumentou (Lanna et. al,

2005).

A condição hídrica, juntamente com a temperatura, é considerada um dos

principais fatores que interferem na composição química da semente de soja. Em

condição de deficiência hídrica, o percentual de proteína foi mais elevado nos grãos

das plantas que não receberam irrigação, o menor teor de proteína nos grãos do

tratamento irrigado pode estar relacionado ao fator diluição, uma vez que o rendimento

de grãos foi maior e o conteúdo de óleo não foi alterado pelo estresse hídrico (Maehler,

2003).

Page 26: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

25

Restrições hídricas no período reprodutivo elevam os teores de proteínas

(Albrecht et al., 2008), entretanto Rotundo e Westgate (2009) explicam que o estresse

hídrico reduz o ciclo da planta e a produção de todos os componentes da mesma

maneira, ou seja, não há incremento significativo de proteína.

Genótipos com alta porcentagem de proteína nos grãos tiveram baixas

produtividades, curta duração do período de enchimento de grão e rápidas

distribuições do nitrogênio e acumulação da matéria seca (Albrecht et al., 2008). Em

grãos produzidos sob algum estresse como restrição hídrica e alteração nos raios UV,

a concentração de proteína tende a ser menos diluída, resultando em aumento da

concentração desse componente no grão (Wang e Frei, 2011).

A época de colheita também é fator influente na composição química dos grãos

que, quando colhidos no estádio R6, apresentam menor teor de proteínas, ácido fítico

e sacarose e maior teor de lipídios, carboidratos, amido, glicose, frutose, estaquiose

e ácido linolênico, quando comparados com os colhidos no estádio R8 (Santana, et

al., 2012). Durante o desenvolvimento dos grãos de soja, a acumulação de óleo é

muito rápida e ocorre em estágios iniciais, enquanto que a proteína é acumulada em

fases posteriores, de 20 a 40 dias após o florescimento (Saldivar, et. al., 2011).

As condições de manejo da cultura também interferem nos constituintes

químicos da semente. Meschede et al. (2004), avaliando o teor de proteína nas

sementes mediante adubação foliar e com aplicação de molibdênio e cobalto via

tratamento de sementes, concluíram que o teor de proteína dos grãos de soja

aumentou de 36,87% para 38,39%. Esse fato pode estar associado à melhoria na

eficiência da fixação biológica do nitrogênio, uma vez que os elementos citados são

considerados essenciais para tal processo.

Trabalho realizado por Mann et al. (2002), em Minas Gerais, avaliando a

influência da aplicação de manganês na folha e no solo, sobre a qualidade de

sementes de soja, em duas cultivares, concluiu que os menores teores de proteína

foram detectados nos tratamentos testemunha, sem aplicação de manganês e os

maiores teores foram encontrados nos tratamentos que receberam as maiores doses

de manganês. Os teores de óleo também apresentaram um acréscimo de 20% nos

tratamentos que receberam manganês.

Variações no conteúdo de proteína em soja é atribuído, também, ao

melhoramento genético que nos últimos anos desenvolveram cultivares com o objetivo

de aumentar a produtividade, entretanto, a melhoria no rendimento não foi

Page 27: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

26

acompanhada pelo aumento no conteúdo de proteína; aparentemente, há uma

relação inversa entre essas duas características. Nos últimos 60 anos, houve uma

diminuição no conteúdo de proteína da soja dos cultivares modernos (Mahmoud et al.,

2006).

O progresso no desenvolvimento da soja é significante, entretanto os estudos

utilizam bases genéticas estreitas, não trazendo melhorias quanto ao conteúdo de

proteína. A exploração de base genética mais diversificada é uma promessa na

exploração de melhoria de cultivares para o incremento de características

agronômicas e componentes negociáveis, como o conteúdo de proteína. Entretanto,

embora o conteúdo de proteína no grão tenha diminuído, a qualidade da proteína não

foi alterada, ou seja, a composição dos aminoácidos é a mesma (Mahmoud et al.,

2006).

2.2.3 Características sanitárias de qualidade

Os fungos presentes nos grãos podem ser divididos em dois grupos: os que

apenas produzem grãos ardidos e os que, além da produção de grãos ardidos, são

exímios produtores de toxinas, denominadas micotoxinas. Entretanto, a presença do

fungo toxigênico não implica, necessariamente, na produção de micotoxinas, pois

essas estão intimamente relacionadas à capacidade de biossíntese do fungo e das

condições ambientais predisponentes como, em alguns casos, a alternância entre

temperaturas diurna e noturna (Pinto, 2005).

Micotoxinas são definidas como sendo os metabólitos secundários, produzidos

por fungos filamentosos, esses metabólitos são formados durante o final da fase

exponencial de crescimento dos fungos e podem causar danos aos animais e ao

homem devido ao seu potencial tóxico (Jay, 2005; Oliveira et al., 2010).

As micotoxinas associadas aos grãos são uma das principais causas de não

conformidade em relação a alimentos seguros. A resolução n° 07 -ANVISA, de 18 de

fevereiro de 2011 (Brasil, 2011), que dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT)

para micotoxinas em alimentos, estabelece o limite de 20 µg kg-1 de aflatoxinas

(AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 e AFM1) para alimentos destinados ao consumo humano

e 50 µg kg-1 para qualquer matéria-prima a ser utilizada diretamente ou como

ingrediente para rações destinadas ao consumo animal, este limite é comparável aos

Page 28: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

27

estabelecidos por outros países e recomendado pela Organização para Alimentação

e Agricultura (Van Egmond, 2004).

Os produtos agrícolas estão constantemente sujeitos à contaminação fúngica,

sendo que as principais espécies de fungos toxigênicos com capacidade de produzir

micotoxinas são os dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium (Oliveira et al.,

2010). Em grãos e produtos processados de soja, as principais micotoxinas relatadas

são: aflatoxinas (B1, B2, G1, G2), deoxinivalenol, nivalenol, ocratoxina A e

zearalenona, (Sassahara et al., 2003; Martinelli et al., 2004), sendo que a grande fonte

de contaminação por aflatoxina B1 e zearalenona é devida às impurezas e/ou

matérias estranhas presentes no lote de grãos (Oliveira et al., 2010).

A aflatoxina B1 apresenta maior poder toxigênico, seguida por G1, B2, e G2, e

a sua produção é influenciada por fatores físicos, químicos e biológicos; dentre os

fatores físicos, incluem-se a umidade do substrato maior que 14% e a temperatura do

ambiente maior que 25°C (Freire et al., 2007).

Em relação aos fatores químicos, Failla et al. (1986) afirmam que o zinco

desempenha papel de destaque na biossíntese de muitos metabólitos secundários,

incluindo policetídeos do grupo das aflatoxinas. O zinco liga-se ao ácido nucléico,

afetando a expressão dos genes de algumas enzimas envolvidas no metabolismo dos

fungos toxigênicos e na síntese das micotoxinas.

Page 29: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

28

3 MATERIAL E MÉTODOS

A avaliação da qualidade dos grãos de soja produzidos em Mato Grosso nas

safras de 2006/07 a 2015/16 foi realizada em amostras de grãos de soja obtidas em

diferentes regiões do estado. Para a definição das regiões, foi utilizado o mapa de

macrorregiões do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) (Figura

4).

FIGURA 4. Mapa de macrorregiões do Instituto Mato-grossense de

Economia Agropecuária.

(Fonte: IMEA, 2010)

As coletas de grãos de soja foram realizadas nos municípios descritos abaixo:

Região Centro-Sul: Diamantino, Nortelândia, Nova Marilândia,

Poconé, Santo Antônio do Leverger e Tangará da Serra.

Região Médio-Norte: Cláudia, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde,

Nova Mutum, Tapurah, Santa Carmem, Santa Rita do Trivelato, São

José do Rio Claro, Sinop, Sorriso e Vera.

Região Nordeste: Água Boa, Bom Jesus do Araguaia, Canabrava do

Norte, Canarana, Gaúcha do Norte, Nova Xavantina, Porto Alegre do

Norte, Ribeirão Cascalheira e Querência.

Page 30: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

29

Noroeste: Brasnorte e Santo Antônio do Leste.

Região Oeste: Campo Novo do Parecis, Campos de Júlio e Sapezal.

Região Sudeste: Alto Garças, Alto Taquari, Barra do Garças, Boa

Esperança, Campo Verde, Dom Aquino, General Carneiro, Guiratinga,

Jaciara, Itiquira, Pedra Preta, Primavera do Leste, Poxoréo e

Rondonópolis.

Na primeira safra, o número de amostra foi inferior aos demais por ter sido

estipulado um número máximo de 60 amostras. Entretanto, para maior

representatividade, houve a necessidade de aumentar o número de amostras nas

demais safras. A região Noroeste foi representada por apenas dois municípios, nos

quais nem sempre foi possível a coleta de amostras, por isso o número reduzido de

amostras nessa região (Tabela 4).

TABELA 4. Número de amostras coletadas de grãos de soja colhidos nas safras de

2006/07 a 2015/16, por região, no estado de Mato Grosso.

Safra Região/MT

Total Centro- Sul

Médio- Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste

2006/07 18 6 9 0 6 27 66

2007/08 0 33 27 3 33 21 117

2008/09 6 30 30 0 39 21 126

2009/10 33 54 33 0 51 33 204

2010/11 18 70 65 0 36 54 243

2011/12 14 33 29 17 22 66 181

2012/13 3 34 22 2 30 34 125

2013/14 21 75 25 2 30 30 183

2014/15 9 84 60 9 30 66 258

2015/16 20 48 34 2 22 63 189

Total 142 467 334 35 229 415 1692

As amostras de 1 kg de grãos de soja foram coletadas durante o esvaziamento

do depósito da colhedora pelos supervisores de campo da Associação dos Produtores

de Soja e Milho do estado de Mato Grosso (APROSOJA-MT) e enviadas ao Núcleo

de Tecnologia em Armazenagem (NTA) da Universidade Federal de Mato Grosso.

No laboratório (NTA), essas amostras foram identificadas, homogeneizadas e

aferidos os teores de água; e aquelas amostras que apresentaram teor de água

superior a 14% foram secas ao ar livre (± 30°C) e guardadas em câmara fria (± 20°C

Page 31: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

30

e 60%) até o momento das análises das características de qualidade. Na figura 5, tem-

se a representação esquemática do fluxograma de rotina de análises realizada nas

amostras de soja.

FIGURA 5. Fluxograma das ações após o recebimento das amostras no laboratório.

3.1 Descrição das determinações das variáveis de qualidade

a) Teor de água (%): obtido por duas metodologias: Quando do recebimento das

amostras no laboratório: foram realizadas em triplicata, utilizando-se o aparelho

G810-Gehaka®. Este aparelho funciona pelo princípio da capacitância, ou seja,

mede a constante dielétrica do grão colocado entre as duas placas de um

capacitor. Como a leitura do teor de água pode ser afetada, umidade,

composição química do material, temperatura, frequência usada, densidade do

grão, forma e dimensões do grão, a não homogeneidade do material, entre

Amostras 1 kg

Identificação

Homogeneização

Determinação do Teor de água (TA)

(G810 - Gehaka®)

Armazenamento em câmara fria

Qualidade Física

Teor de água

Classificação de grãos (IN – 11)

Massa específica

Massa de mil grãos

Condutividade elétrica

Qualidade Química

Proteína bruta (PB)

Nitrogênio não proteíco

Nitrogênio proteico

Extrato etéreo (EE)

Acidez

Qualidade Sanitária

Incidência de fungos (Blotter teste)

Aflatoxinas

Amostras com TA > 14%

Secagem em condições ambientais

Page 32: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

31

outros fatores; os resultados obtidos nesse aparelho foram auferidos com os

obtidos na estufa de secagem.

Quando da aferição do aparelho G810: foi realizado em estufa de

secagem por 24 horas ± 1 h a 105 ± 3ºC, de acordo com as RAS - Regras

para Análises de Sementes (Brasil, 2009).

b) Massa específica (kg m-³): obtida de forma indireta, utilizando o aparelho

G810-Gehaka® e os resultados expressos em kg hL-1 foram transformados em

kg m-3 de acordo com metodologia proposta por Brasil (2009), que é a medida

dessa característica no sistema internacional de medidas. Os valores de massa

específica foram corrigidos para o menor teor de água encontrado nas

amostras de grãos de soja.

c) Massa de mil grãos (g): obtida em triplicata, utilizando-se 08 (oito)

subamostras de 100 grãos, cujas massas foram determinadas em balança com

sensibilidade de centésimos de grama. A determinação seguiu as Regras de

Análise de Sementes (Brasil, 2009). Os valores de massa de mil grãos foram

corrigidos para o menor teor de água encontrado nas amostras de grãos de

soja.

d) Classificação física (%): realizada por meio da quantificação do percentual

de grãos avariados (queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados,

danificados, imaturos e chochos), esverdeados, quebrados, partidos e

amassados com base no Padrão de Qualidade da Soja estabelecido pela

Instrução Normativa nº11 – MAPA de 15 de maio de 2007 (Brasil, 2007a) e pela

IN nº 37 - MAPA de 27 de julho de 2007 (Brasil, 2007b).

e) Condutividade elétrica (µS cm-1 g-1): a condutividade elétrica na solução

contendo os grãos de soja foi feita de acordo com a metodologia de “Sistema

de copo” (Vieira e Carvalho, 1994), utilizando-se condutivímetro de bancada

digital – modelo DM-32 – da marca Digimed®. Os testes foram realizados em

quadruplicata utilizando-se 50 grãos para cada amostra. Após a obtenção dos

resultados de condutividade elétrica, estes foram corrigidos com base no teor

de água, segundo a eq. 2. (Carvalho, 1994).

𝐶𝐸 = [0,3227 + 0,0511(𝑇𝐴)]×𝐶𝐸𝑜 (2)

Em que:

CE é a condutividade elétrica corrigida (µS cm-1 g-1);

Page 33: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

32

TA é o teor de água observado nas sementes (%);

CEo é a condutividade elétrica observada (µS cm-1 g-1).

As análises de proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas por

dois métodos: o químico (padrão) e o método indireto de espectroscopia de

infravermelho próximo (NIR). As análises químicas foram utilizadas para aferir o

método indireto, que foi o mais utilizado para a determinação de PB e EE por ser

rápido, não destrutivo e de menor custo, visto que não utiliza reagentes químicos.

f) Proteína Bruta - PB (%):

Químico: utilizado nas determinações das amostras das safras 2006/07

a 2011/12. Neste método, a proteína bruta foi obtida a partir da

determinação, em amostras secas e moídas, do nitrogênio total por meio

da técnica do Kjeldahl (1883) com as adequações propostas por Silva e

Queiroz (2005). A análise foi realizada em duplicata e o valor de N total

multiplicado pelo fator 6,25.

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR): a porcentagem de

proteína bruta foi obtida em amostras de aproximadamente 60 g de

grãos secos (≅13,0%), limpos e inteiros, sem destruição das amostras

no aparelho NIR Spectra Analyzer, modelo Premium, marca Zeutec®,

provido de 19 filtros e faixa espectral entre 1445-2348 nm. A curva de

predição de proteína bruta foi obtida com o auxílio do software

Application Worx, utilizando-se 393 amostras com coeficiente de

correlação (r) = 0,8537 e erro padrão da calibração (RMSEC) =0,9017.

A validação simples foi realizada cruzando os resultados dos valores

obtidos na curva de calibração com o resultado da análise química,

utilizando 30 amostras que não compuseram o banco de dados da curva

de calibração.

g) Extrato Etéreo - EE (%):

Químico: neste método, o teor de EE baseou-se na extração da fração

gordurosa por meio de arraste de solvente, em duas subamostras de 0,5

g de grão moído, utilizando o aparelho Goldfisch modelo SL201/6 e éter

de petróleo como solvente. Após a extração, as cápsulas foram secas a

Page 34: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

33

105°C por 1 hora e pesadas. O resultado foi expresso em porcentagem

(Silva e Queiroz, 2005).

Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR): O procedimento

utilizado no NIR para a determinação da porcentagem de EE foi

semelhante ao da porcentagem de PB. A curva de predição de EE

utilizou 177 amostras, com coeficiente de correlação (r) = 0,75 e erro

padrão da Calibração (RMSEC) =0,6894.

h) Nitrogênio não proteico (NNP) (%): O nitrogênio não proteico foi determinado

no sobrenadante obtido após a precipitação das proteínas com ácido

tricloroacético (TCA) 5%, conforme método indicado por Campos e Nussio

(2004). Os valores foram expressos em porcentagem.

i) Nitrogênio proteico (NP) (%): Obtido pela diferença entre o nitrogênio total

obtido por meio da técnica do Kjeldahl na análise de proteína bruta, e o

nitrogênio não proteico. Os valores foram expressos em porcentagem.

j) Acidez (%): A análise foi realizada de acordo com a metodologia AOCS (1997)

método 5a-40. A determinação é via titulação, utilizando hidróxido de sódio 0,1

mol/L como padrão. Este método permite determinar a acidez livre em óleo

removido da semente por hexano extraído à temperatura ambiente, sendo o

resultado expresso em percentual de acidez na amostra (g 100 g-1).

k) Aflatoxinas (μg kg-1): Para quantificação das aflatoxinas, amostras de 0,1 kg

de grãos de soja foram encaminhadas para o Laboratório SAMITEC (Instituto

de Soluções Analíticas Microbiológicas e Tecnológicas - RS), credenciado pelo

MAPA. A ocorrência de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) nos grãos de soja foi

determinada pela metodologia de separação por cromatografia líquida e

detecção por espectrometria de massas (LC-MS/MS).

l) Incidência fúngica: A quantificação de fungos presentes nos grãos de soja

foi realizada utilizando-se o teste de incubação em papel filtro “Blotter Test”

seguindo a metodologia proposta por Neergaard (1977), modificado por

Machado (2003), com restrição hídrica.

Page 35: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

34

3.2 Dados meteorológicos

Os dados meteorológicos de 22 estações automáticas, localizadas nas

diferentes regiões do estado de Mato Grosso (Figura 6), foram obtidos junto ao

Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Nessas estações, eram registrados diariamente os valores de radiação solar,

temperatura mínima, média e máxima do ar, umidade relativa mínima, média e

máxima do ar e precipitação. Foram realizados os seguintes procedimentos:

Radiação solar (MJ m-2 dia-1): obtenção de média diária e mensal;

Temperatura mínima (°C) e umidade relativa (%) mínima: seleção da mínima

do dia, e obtenção da média mensal de mínima;

Temperatura máxima (°C) e umidade relativa máxima (%): seleção da máxima

do dia e obtenção da média mensal.

Temperatura média (°C) e umidade relativa média (%): média diária e mensal;

Precipitação (mm): soma dos registros mensais.

FIGURA 6. Posição geográfica dos pontos onde foram coletadas

as amostras de grãos de soja, entre as safras 2006/07

e 2015/16, e das estações meteorológicas utilizadas

para obtenção dos dados de tempo.

Page 36: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

35

Para a caracterização das condições ambientais, foram consideradas as

médias do primeiro trimestre do ano (janeiro, fevereiro e março), provável período de

floração e enchimento de grãos. As médias foram plotadas em gráficos que

expressaram os resultados por safra e por região com o uso do programa Microsoft

Excel 2010.

3.3 Análise estatística

3.3.1 Qualidade física - Grãos Avariados – TAV

Para verificar a qualidade física dos grãos de soja, foi realizada análise de

variância e teste de média por safra e região utilizando os dados obtidos entre as

safras 2006/7 e 2014/15 com o auxílio do programa SISVAR (Ferreira, 2008). Para a

obtenção de normalidade e homogeneidade dos dados, as médias foram

transformadas em √𝑥 + 1,

Os resultados também foram plotados em gráficos do tipo boxplot com o intuito

de verificar a variação de grãos avariados, ardidos, mofados, fermentados e picados

por safra e região. Para a produção dos gráficos, foi utilizado o programa IMB SPSS

Estatistics versão 22.

3.3.2 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB)

Realizado como descrito no item de qualidade física, ou seja, testes de médias,

mas com os dados das safras 2006/07 a 2015/16 e o boxplot.

3.3.3 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB

Com o intuito de verificar a relação entre os elementos meteorológicos e a

qualidade química e física dos grãos, foi realizada a correlação de Pearson, com as

médias por safra e região das variáveis: grãos avariados, proteína bruta, extrato

etéreo, temperaturas e umidade relativa do ar máxima, média e mínima, radiação solar

e precipitação, utilizando o programa IMB SPSS Estatistics versão 22.

Page 37: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

36

Neste estudo também foram gerados mapas de quantis para o total de grãos

avariados, extrato etéreo, proteína bruta, temperatura e precipitação com os dados de

todas as safras, utilizando-se o programa ArcGIS 10.2®

3.3.4 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação

A análise de cultivares foi realizada com o objetivo de verificar se houve

diferença no teor de extrato etéreo e proteína bruta nas cultivares de soja de mesmo

ciclo de maturação, cultivadas em diferentes regiões dentro de uma mesma safra. As

cultivares foram classificadas, de acordo com o Grupo de maturidade (GM), em:

Precoce: até GM 7.9

Semiprecoce: de GM 8.0 a 8.3

Médio: de GM 8.4 a 8.5

Semitardio: de GM 8.6 a 8.8

Tardio: GM > 8.9

Para a análise de variância e a realização do teste de Scott-Knott, foi utilizado

o programa SISVAR (Ferreira, 2008).

3.3.5 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de

Total de grãos avariados (TAV)

Para essa análise, foram selecionadas 105 (cento e cinco) amostras com

variação nas porcentagens de grãos avariados (TAV) de aproximadamente zero a

aproximadamente 100%.

Pela dificuldade em se conseguir amostras com porcentagens de avariados

acima de 20%, essas foram compostas por misturas de amostras com porcentagem

de grãos avariados inferior a 20% e com defeitos, ou seja, acrescentou-se, em uma

amostra com porcentagem de grãos avariados conhecida, grãos com defeitos para

elevar essa porcentagem de avariados até o nível desejado.

Adotou-se como critério a mistura de grãos com mesmo tamanho e coloração

de casca e hilo.

Para a execução da análise estatística dos dados, as amostras desse

experimento foram separadas nos seguintes extratos:

Page 38: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

37

Extrato 1: 0 – 4% de TAV, contendo 12 amostras; coincide com o Grupo I

e Tipo 1.

Extrato 2: 4,1 – 6% de TAV, contendo 16 amostras; coincide com o Grupo

I e Tipo 2.

Extrato 3: 6,1 – 8% de TAV, contendo 19 amostras; coincide com o Grupo

II e Padrão básico.

Extrato 4: 8,1 – 10% de TAV, contendo 15 amostras;

Extrato 5: 10,1 – 15% de TAV, contendo 12 amostras;

Extrato 6: 15,1 – 20% de TAV, contendo 10 amostras;

Extrato 7: > 20% de TAV, contendo 21 amostras.

Para verificar diferenças de qualidade física, química e sanitária entre as

classes de grãos avariados, foi realizado o teste de média Scott-Knott utilizando o

programa SISVAR (Ferreira, 2008). Para variáveis grãos avariados, grãos ardidos,

mofados, fermentados, picados e condutividade elétrica, em que o coeficiente de

variação (Cv) foi acima de 30% e não apresentaram normalidade, houve a

necessidade de transformar as médias em √𝑥 + 1.

3.3.6 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em

diferentes extratos de TAV

Neste estudo, foi realizada a correlação de Pearson entre as variáveis de

qualidade física, química e sanitária, utilizando-se o programa IMB SPSS Statistics

versão 22.

Page 39: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização do ambiente - dados meteorológicos

As médias de temperatura e radiação solar do decênio compreendido entre as

safras 2006/07 e 2015/16 estão representadas na Figura 7. Para esse período, as

médias de temperatura durante os meses de janeiro, fevereiro e março (época de

enchimento de grãos) foram de 33,3ºC de máxima, 26,5°C de média e 19,7°C de

mínima (Figura 7), valores maiores que os observados no período da última normal

climatológica (1961-1990) realizada na região que foram de 31,5°C, 25,3°C e 21,2°C,

respectivamente (Ramos, 2009). Embora maiores, os valores estão dentro dos limites

de exigência da cultura, que preconiza temperaturas médias entre 20ºC e 30ºC, sendo

30ºC a temperatura média ideal para seu desenvolvimento (Embrapa, 2011).

FIGURA 7. Médias da radiação solar (linha) e temperaturas máxima, mínima e média

do ar (barras) do estado de Mato Grosso, medidas de janeiro a março entre

os anos 2007 e 2016.

A radiação solar global média foi inferior ao estabelecido no Atlas Solarimétrico

do Brasil, de 16 MJ m-2 dia-1 (Tiba, 2001), sendo as maiores médias registradas na

região Noroeste (14,9 MJ m-2 dia-1) e as menores, na região Oeste (13,8 MJ m-2 dia-1)

(Figura 8).

12

13

14

15

16

0

10

20

30

40

Radia

ção S

ola

r (K

J m

-²dia

-¹)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Temperatura máxima Temperatura média

Temperatura mínima Radiação Solar

Page 40: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

39

FIGURA 8. Médias da radiação solar (linha) e temperaturas máxima, média e mínima do

ar (colunas), de janeiro a março, das safras 2006/07 a 2015/2016, nas regiões

Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O)

e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.

12

14

16

18

20

0

10

20

30

40

CS MN NE NO O SE

2006/07

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

0

10

20

30

40

CS MN NE NO O SE

2007/08

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

0

10

20

30

40

CS MN NE NO O SE

2008/09

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

0

10

20

30

40

CS MN NE NO O SE

2009/10

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2010/11

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2011/12

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2012/13

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

12

14

16

18

20

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2013/14

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

10

12

14

16

18

20

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2014/15

Radia

ção s

ola

r (M

J m

-2

dia

-1)

Tem

pera

tura

(ºC

)

Máxima Média

Mínima Radiação Solar

15

20

25

30

35

CS MN NE NO O SE

2015/16

Tem

pera

tura

(ºC

)

Máxima Média Mínima

Page 41: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

40

A média de radiação solar na região Médio-Norte foi superior a 14 MJ m-2 dia-1

(Figura 8), a disponibilidade energética interfere na produção de biomassa seca,

carboidratos, proteínas, lipídeos e nutrientes minerais nos grãos de soja; em geral,

quanto maior a disponibilidade energética maior será a síntese desses compostos

(Pereira et al., 2002).

É importante ressaltar que, para a planta expressar o seu potencial produtivo

e de síntese de compostos químicos, é necessário que não haja outras limitações

como as edáficas e de manejo (Pereira et al., 2002).

A umidade relativa média (UR) do ar), entre as safras 2006/07 e 2015/16, foi

14,3% inferior ao da Normal Climatológica dos últimos 30 anos, registrada no estado

de Mato Grosso, que foi de 83,4% (Ramos, 2009) (Figura 9). As máximas e mínimas

de UR foram registradas nas regiões Oeste (77,2%) em 2009/10 e Noroeste (62,3%)

em 2014/15, respectivamente (Figura 10). Essas médias de UR podem interferir na

qualidade sanitária das sementes (Costa et al., 2003), como verificado por Oliveira et

al. (2012) que encontraram incidência de patógenos e diferenças na qualidade

sanitária das sementes de soja produzidas em diferentes regiões do Mato Grosso.

FIGURA 9 Médias de umidade relativa máxima, mínima e média do ar (barras) e

precipitação (linha) do estado de Mato Grosso, medidas de janeiro a

março entre os anos 2007 e 2016.

200

300400500

600700800900

1000

30

40

50

60

70

80

90

100

Pre

cip

itação (

mm

)

Um

idade r

ela

tiva (

%)

Umidade relativa máxima Umidade relativa média

Umidade relativa mínima Precipitação

Page 42: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

41

FIGURA 10. Médias de umidade relativa máxima, mínima e média do ar (barras) e

precipitação (linha), de janeiro a março, das safras 2006/07 a 2015/2016 nas

regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste (NO),

Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2006/07

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2007/08

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2008/09P

recip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2009/10

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2010/11

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2011/12

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2012/13

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2013/14

Pre

cip

itação

(mm

)

Um

idade r

ela

tiva

(%)

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2014/15 Pre

cip

itação (

mm

)

Um

idade r

ela

tiva (

%)

Máxima Média

Mínima Precipitação

400

600

800

1000

1200

20

40

60

80

100

CS MN NE NO O SE

2015/16 Pre

cip

itação (

mm

)

Um

idade r

ela

tiva (

%)

Máxima Média

Mínima Precipitação

Page 43: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

42

Com exceção dos dados da safra de 2008/09, os demais tiveram valores de

acumulado de precipitação, do primeiro trimestre do ano, superiores à média histórica

do estado de Mato Grosso, de 743,41 mm (Figura 9).

Os menores valores de precipitação foram registrados na região Sudeste em

pelo menos metade das safras agrícolas estudadas (Figura 10).

As médias de precipitações estão dentro dos limites de necessidade hídrica da

cultura, que varia de 450 a 800 mm para todo ciclo fenológico (Farias et al., 2007).

Entretanto, a distribuição deve ser homogênea, para não prejudicar o

desenvolvimento da cultura, o que não aconteceu em alguns anos. Por exemplo, em

2008/09 e 2015/16, a estiagem e irregularidade das chuvas prejudicaram a

produtividade dos grãos (Conab, 2009 e 2016) e em 2007/08, o prolongamento do

período chuvoso causou o retardamento da colheita e a redução na qualidade dos

grãos (Conab, 2008).

4.2 Qualidade física - Grãos Avariados - TAV

A média de grãos avariados nos grãos de soja produzidos entre as safras

2006/07 e 2014/16 no estado de Mato Grosso variou entre as safras e regiões de

cultivo (Tabela 5), o que também foi percebido por De Gaspari e Maluffi (2009) quando

afirmaram que há diferenças na qualidade dos grãos em diferentes anos agrícolas e

atribuíram essas diferenças às variáveis meteorológicas.

TABELA 5. Médias de grãos avariados (%) em amostras de soja coletadas em

diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.

Safras Centro-Sul Médio-Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste

2006/07 3,2 (2,0) A a 2,9 (2,0) A a 3,0 (1,9) A a 4,9 (2,4) A a 4,3 (2,3) A a

2007/08 5,9 (2,5) A b 13,7 (3,8) B c 17,6 (4,3) B b 3,6 (2,1) A a 3,2 (1,9) A a

2008/09 9,1 (3,2) B a 5,7 (2,5) A b 8,9 (3,0) B b 10,6 (3,2) B b 9,7 (3,2) B b

2009/10 7,9 (2,9) A a 9,0 (2,9) A b 7,6 (2,8) A b 8,6 (2,8) A b 7,0 (2,7) A b

2010/11 11,0 (3,3) C a 3,8 (2,1) A a 6,3 (2,6) B b 11,3 (3,4) C b 5,4 (2,3) B a

2011/12 5,9 (2,5) B a 4,3 (2,2) A a 6,1 (2,6) B b 9,0 (3,0) C a 5,6 (2,5) B a 3,0 (1,9) A a

2012/13 10,1 (3,3) A a 6,6 (2,6) A b 5,5 (2,4) A b 3,1 (2,0) A a 4,8 (2,2) A a 9,9 (3,2) A b

2013/14 3,6 (2,1) A a 3,3 (1,9) A a 0,8 (1,3) A a 2,8 (1,9) A a 5,1 (2,3) A a 3,8 (2,1) A a

2014/15 7,6 (2,6) B a 7,3 (2,7) B b 3,0 (2,0) A a 1,4 (1,6) A a 3,6 (2,1) A a

cv (%) 32,70%

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05). Valores entre parênteses são médias

transformadas em √𝑥 + 1.

Page 44: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

43

A maior média de grãos avariados foi observada na safra 2007/08 na região

Noroeste (Tabela 5). Nessa mesma safra, esta região registrou índices pluviométricos

acima de 1000 mm (Figura 10), o que deve ter contribuído para o processo de

deterioração desses grãos. E na safra 2013/14, na região Nordeste, foi verificada a

menor média de grãos avariados (Tabela 5) e os menores índices pluviométricos

(Figura 10), fato que reforça a hipótese de que o volume de chuvas pode ter

influenciado na ocorrência de grãos avariados.

De acordo com a Instrução Normativa nº 11 (Brasil, 2007a), o limite de grãos

avariados para a soja que será destinada a outros usos é de 8%, e esse limite foi

ultrapassado em três safras nas regiões Centro-Sul (2008/09, 2010/11 e 2012/13) e

Oeste (2008/09, 2009/10 e 2010/11) (Tabela 5), coincidindo com os maiores valores

de acumulado de precipitação para o mesmo período (Figura 10). Na região Centro-

Sul, as médias de temperatura do ar, nas três safras citadas acima, foram superiores

às de outras regiões com médias de grãos avariados inferiores.

As menores médias de grãos avariados foram observadas na região Sudeste,

e, em geral, nessa região também foram registradas as menores médias de

temperatura e volume de precipitação (Tabela 5). As duas safras em que a média de

grãos avariados na região Sudeste foi superior a 8% também foram as safras com

maiores índices pluviométricos (Figura 10).

Diante do exposto acima, percebe-se que a associação entre chuva e

temperatura pode ter sido a causa de aumento dos grãos avariados, fato também

discutido por Andrade et al., (2010), Binotti et al. (2008) e França Neto e Henning et

al.(1984) que verificaram que as deteriorações dos grãos de soja são aceleradas nas

condições de elevada temperatura do ar e umidade relativa, e pela Conab, que

apontou o prolongamento do período chuvoso e o retardamento da colheita como

causas da redução da qualidade dos grãos de soja devido ao aumento de grãos

ardidos na safra 2008/09 (Conab, 2009).

A maioria dos grãos de soja colhidos nas safras 2006/07 e 2013/14 tiveram a

porcentagem de grãos avariados inferior a 10% (Figura 11), e analisando os dados

meteorológicos dessas safras verifica-se que eles são similares, principalmente em

relação ao regime de chuva e temperatura média. As safras de 2008/09 a 2010/11

foram as que apresentaram maiores quantidades de amostras com porcentagem de

grãos avariados superior a 10% sendo que em algumas amostras esses valores foram

Page 45: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

44

próximos a 30% (Figura 11). Essas mesmas safras são a que apresentaram os

maiores volumes de precipitação.

FIGURA 11. Boxplot de grãos avariados (%) avaliados em amostras de soja colhidas entre

as safras 2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),

Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato

Grosso.

Embora as médias de grãos avariados tenham sido, na maioria das vezes,

inferiores ao limite de 8%, que é o limite da Legislação, em algumas amostras, as

porcentagens de avariados ficaram acima de 25%, com destaque para os grãos

colhidos na região Oeste (Figura 11). Essas porcentagens de grãos avariados,

superior a 25%, também foi observada por outros autores (TAV entre 0,4 e 68,75%),

os quais justificaram que a falta de controle de percevejo e as condições

meteorológicas, de temperatura e umidade relativa do ar elevada foram as causas do

Page 46: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

45

aumento de amostras fora do padrão (Boeing et. al., 2014; Bocatti et al., 2013;

Andrade et al., 2010; Alencar et. al., 2009).

Embora os grãos colhidos na região Noroeste tenham apresentado as maiores

médias de grãos avariados, foi na região Oeste que se obteve o maior número de

amostras fora do padrão (Figura 11). Em seis das dez safras analisadas, essas

regiões registraram as maiores médias de precipitação, podendo estar a justificativa

para essa quantidade de amostras fora do padrão comercial, pois segundo Mayer et

al. (2014) o excesso de chuvas após a maturação fisiológica promove a reabsorção

de água pelos grãos e é um dos principais causadores de redução da qualidade.

Na maioria das classificações realizadas, verificou-se que o defeito de maior

ocorrência e variabilidade nos grãos de soja foi o do grão picado por percevejo (Figura

12). Esse defeito depende de práticas agronômicas que são muito particulares de

cada propriedade e da pressão da praga, por isso, são esperadas alta variabilidade e

baixa correlação com as condições meteorológicas. Entretanto, o aumento de chuva

pode diminuir a eficiência do controle dessas pragas, o que pode explicar o aumento

e a variabilidade desse defeito nas safras de 2008/09 a 2010/11.

Os percevejos são considerados os principais causadores de avarias nos grãos

de soja e este problema vem se tornando mais sério a cada safra pelas elevadas

populações, pela falta de monitoramento adequado e pela aplicação indiscriminada

de produtos que levam ao desenvolvimento de resistência (Corrêa-Ferreira et al.,

2009).

O defeito fermentado foi o segundo em ocorrência nas amostras analisadas e,

para algumas regiões, nas safras 2012/13 e 2014/15, este foi superior ao defeito

picado (Figura 12), com porcentagens de grãos fermentados variando entre 0,01% e

15,97%, sendo que as condições de temperatura média do ar e volume de chuva

devem ter sido a causa, visto que nessas safras foram registradas as maiores médias

de temperatura média do ar. Boeing et al. (2014) fazem a mesma suposição para

justificarem o aumento de grãos fermentados em soja quando colhidos em situação

caracterizada pelo excesso de chuva e aumento da temperatura do ar.

Dentre os defeitos graves que podem surgir nos grãos de soja, mofados é o

terceiro em grau de importância, e desses foi o de maior incidência nas amostras

analisadas (Figura 12).

Page 47: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

46

FIGURA 12. Boxplot dos defeitos ardidos, mofados, fermentados e picados por percevejos (%) em grãos de soja colhidos

entre as safras 2007/08 e 2014/2015, nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste

(NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.

Page 48: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

47

Na maioria das amostras analisadas, a porcentagem de grãos mofados foi

inferior a 2,0%, entretanto, em algumas amostras colhidas nas safras 2010/11 e

2012/13, esses porcentuais ficaram próximos a 4%, coincidindo com as safras de

maior volume de chuvas, e segunda maior temperatura média do ar, respectivamente,

situações que favorecem a proliferação de fungos e a ocorrência de grãos mofados.

Para Andrade et al. (2010), o processo de deterioração nos grãos de soja é

intensificado à medida que aumenta o volume de precipitação, culminando no

aumento de grãos mofados. França Neto e Henning (1984) explicam a exposição de

grãos de soja a ciclos alternados de umidade, antes da colheita, pela ocorrência de

chuvas frequentes, que resultará na sua deterioração e essa deterioração será ainda

mais intensa se tais condições estiverem associadas a condições de elevadas

temperaturas.

O defeito ardido, pela Legislação de Classificação de grãos, é considerado o

segundo pior defeito nos grãos de soja, perdendo somente para o defeito queimado

(Brasil, 2007). A porcentagem de grãos ardidos encontrada nas amostras colhidas em

Mato Grosso foi inferior a 1% em 75% do total avaliado (Figura 12). De acordo com a

Instrução Normativa n° 11 (Brasil, 2007), essas amostras atenderiam aos padrões

brasileiros de qualidade para a soja do Grupo I Tipo 2.

Nas amostras em que o percentual de grãos ardidos foi superior a 1% (Figura

12), a justificativa mais aceita é de que as condições meteorológicas favoreceram a

ocorrência de ardido. Condições meteorológicas, de excesso de chuva, que levam ao

atraso o processo de colheita dos grãos, e altas temperaturas podem aumentar a

proporção de grãos ardidos, que passam por processo de fermentação e perdem

qualidade (Conab, 2010). De acordo com Coradi et al. (2015) e Alencar et al. (2009)

o excesso de chuva e umidade relativa acima de 70% causam a absorção de água

pelos grãos que sofrem fermentação, tornam-se rançosos e consequentemente

ardidos, sendo mais acentuado em temperaturas acima de 23°C.

4.3 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB)

A média do teor de extrato etéreo (EE) verificado nos grãos de soja colhidos

nas últimas dez safras agrícolas foi de 20,8%, com as máximas observadas nas safras

2006/07 e 2007/08 e as mínimas em 2015/16 (Tabela 6); essa média foi superior à

Page 49: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

48

observada nos Estados Unidos, entre os anos de 1986 e 2015, que foi de 18,7%

(USSEC, 2016).

TABELA 6. Médias do teor de extrato etéreo (%) em amostras de soja coletadas em

diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.

Safras Centro-Sul Médio- Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste Média

2006/07 21,6 A a 23,0 B d 21,9 A d 21,5 A c 22,2 A d 22,0 f

2007/08 21,9 B c 23,5 C e 24,1 C c 21,1 A c 22,6 B d 22,2 f

2008/09 19,8 B a 23,0 C d 21,7 B d 19,9 A b 20,2 A b 21,1 d

2009/10 20,2 A a 19,8 B a 20,0 B b 18,5 A a 19,9 B b 19,6 b

2010/11 21,4 C a 20,8 A b 21,7 B d 21,7 B c 21,9 B c 21,5 e

2011/12 21,0 B a 21,4 A c 21,4 A d 21,9 A b 21,3 A c 20,6 A b 21,1 d

2012/13 21,1 A a 21,4 A c 20,9 A c 21,3 A b 20,6 A c 21,5 A c 21,1 d

2013/14 20,5 A a 19,8 B a 20,1 B b 18,1 A a 19,5 B b 19,5 B a 19,8 b

2014/15 20,1 B a 20,4 A b 20,1 A b 20,0 A a 20,1 A b 20,4 A b 20,3 c

2015/16 19,5 B a 19,3 A b 19,1 A b 19,0 A a 19,3 A b 19,4 A b 19,3 c

Média 20,6 B 21,0 C 21,0 C 20,8 C 20,31 A 20,6 B 20,8

cv (%) 6,43

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).

Os grãos colhidos na região Oeste do estado apresentaram os menores teores

de extrato etéreo, mas com diferenças porcentuais, em relação às médias das outras

regiões, inferiores a 1% (Tabela 6). A menor média do teor de EE também foi

registrada nessa região na safra 2009/10 e a maior média foi observada nos grãos

colhidos em 2007/08 na região Nordeste. Os baixos valores no percentual de EE

encontrados na região Oeste podem estar associados à temperatura média e à

radiação solar, que foram mínimas nessa região, sendo 1ºC e 1 MJ m-2 dia-1,

respectivamente inferiores aos valores registrados na região Nordeste.

De modo geral, o teor de EE verificado nos grãos de soja ficou entre 15,5 e

27,4% (Figura 13). Faixas similares foram encontradas em outros trabalhos utilizando

diferentes tipos de manejo e cultivares nas regiões brasileiras (Oliveira et al., 2014;

Albrecht, et al., 2008; Moraes et al., 2006; Costa et al. 2001; Bonato et al., 2000). A

faixa de extrato etéreo da soja observada nos Estados Unidos está entre 15,7 e 21,2%

(USSEC, 2016).

Page 50: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

49

FIGURA 13. Boxplot de extrato etéreo avaliado em amostras de soja colhidas entre as safras

2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),

Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato

Grosso.

A partir da safra 2011/12, verificou-se redução nos teores médios de extrato

etéreo (Figura 14), a partir dessa safra, aumentou a diversidade de materiais

Page 51: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

50

genéticos recebidos para as análises, sendo recebidas mais amostras de grãos de

soja de ciclo precoce.

Nas safras 2006/07 e 07/08, mais de 75% das amostras avaliadas

apresentaram teor de extrato etéreo acima de 20%, enquanto que em 2015/16, a

maioria ficou abaixo desse porcentual (Figuras 13 e 14), e nas últimas três safras, a

média do ano foi inferior à média dos últimos dez anos (Figura 14). Não foi possível

apontar a causa da redução de extrato etéreo nos grãos de soja nas últimas safras,

visto que as condições meteorológicas foram favoráveis ao incremento, e não à

redução do extrato etéreo nos grãos.

FIGURA 14. Médias, por safra, do teor de extrato etéreo em grãos

de soja colhidos em diferentes regiões do estado de

Mato Grosso e a diferença entre a média das últimas

dez safras.

E o fato de que Cuniberti et al. (2013) tenham observado redução de 1% no

teor de extrato etéreo nos grãos de soja colhidos na Argentina entre as safras 2006/07

e 2012/13 reforça a hipótese de que não seja somente a influência das condições

meteorológicas, outras causas devem estar relacionadas a essa redução.

Os grãos de soja colhidos no período de 2006/07 a 2015//16 apresentaram em

média 37,7% de teor de proteína bruta (Tabela 7), teor esse 2,6% acima da média de

proteína bruta dos grãos de soja colhidos nos Estados Unidos da América no mesmo

período (USSEC, 2016) e 0,9% inferior em relação à média dos grãos colhidos na

Argentina entre as safras 1997/98 a 2012/13 (Cuniberti et al., 2013).

A maior média de proteína bruta nos grãos de soja foi observada na safra

2009/10 e as menores, nas últimas duas safras (Tabela 7), entretanto, não foi possível

Page 52: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

51

justificar essa diferença com base nos dados meteorológicos, por isso, supõe-se que

essa diferença possa ocorrer devido ao material genético e/ou ao manejo utilizado.

Com exceção das três primeiras safras em que, na região Nordeste, os grãos

de soja apresentaram os maiores teores de proteína bruta, nas demais safras não foi

possível observar distinção nos teores de PB nas regiões do estado de Mato Grosso.

Nessa região, foi registrada a segunda maior média de radiação solar e a segunda

menor média de umidade relativa do ar, podendo ser a justificativa o fato de a região

se destacar em relação ao conteúdo de proteína bruta nos grãos.

TABELA 7. Médias do teor de proteína bruta (%) em amostras de soja coletadas em

diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).

A variação do teor de proteína bruta nas amostras de grãos de soja colhidos no

período estudado ficou entre o mínimo de 31,2% e o máximo de 44,7% (Figura 15).

Até a safra 2013/14, foi possível encontrar grãos com teores de proteína bruta igual

ou superior a 40%, fato não observado nas safras 2014/15 e 2015/16. Entretanto, em

2015/16, em todas as regiões, as medianas do teor de proteína bruta foram superiores

a 36%, ou seja, mais de 50% dos dados se enquadram nessa situação. Em 2014/15,

somente as regiões Centro-Sul e Noroeste apresentaram medianas inferiores a 36%

(Figura 15).

Safra

2006/07 37,1 A b 37,8 A c 39,0 B c 36,6 A b 39,0 B c 38,2 d

2007/08 34,9 A a 38,0 C b 39,6 C b 38,2 C c 36,6 B a 37,0 b

2008/09 38,0 B b 38,8 B c 39,2 B c 35,6 A a 39,0 B c 37,9 d

2009/10 39,3 A b 40,1 A d 39,4 A c 39,6 A d 39,2 A c 39,6 e

2010/11 37,7 A b 38,4 A c 37,7 A b 38,2 A c 38,3 A b 38,1 d

2011/12 37,4 A b 38,2 A c 38,1 A b 38,6 A b 38,4 A c 37,7 A b 38,0 d

2012/13 37,6 A b 38,6 A c 38,3 A b 39,1 A b 38,3 A c 38,1 A b 38,3 d

2013/14 38,0 A b 37,5 A c 36,5 A a 39,5 B b 37,1 A b 37,7 A b 37,5 c

2014/15 35,9 A a 36,4 A b 36,1 A a 36,0 A a 35,9 A a 36,4 A a 36,2 a

2015/16 36,1 A a 36,4 A b 36,5 A a 36,1 A a 36,1 A a 36,5 A a 36,4 a

Média

cv (%)

37,7

4,61

37,6 A 37,6 A 37,6 A 38,1 A 37,6 A 37,6 A

Centro Sul Médio Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste Média

Page 53: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

52

FIGURA 15. Boxplot de proteína bruta (%) avaliada em amostras de soja colhidas entre as

safras 2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),

Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato

Grosso.

Diferenças nos teores de proteína bruta também foram observadas em

trabalhos que avaliaram essa característica em soja produzida nas diferentes regiões

do Brasil, em que os valores de PB oscilaram entre 30 e 44% e essa variabilidade foi

Page 54: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

53

atribuída às condições de manejo, genética, ambiente e às interações entre eles

(Oliveira et al., 2014; Albrecht, et al., 2008 e Moraes et al., 2006), o que também pode

ser a causa das variações encontradas nesse trabalho, ou seja, as variações não

podem ser atribuídas somente a um fator mas à associação entre eles.

As médias de proteína bruta de cada uma das safras oscilaram em relação à

média geral entre 2006/07 e 2015/16. Em quatro safras, a diferença entre essas

médias foi negativa, ou seja, a média daquela safra foi inferior à média geral, dentre

essas quatro encontram-se as safras 2013/14, 14/15 e 15/16 (Figura 16). Bonato et

al. (2000) relataram que nos últimos anos têm sido frequentes os questionamentos,

em alguns estados brasileiros, sobre a redução do teor de proteína nas novas

cultivares de soja, ou seja, provavelmente a redução no teor de PB possa estar

relacionada com a introdução dos novos materiais genéticos, os quais preconizam a

produtividade e não o incremento de proteína no grão.

Nas amostras de soja colhidas nas últimas quatro safras nos Estados Unidos

também é possível notar redução nos teores de proteína bruta em relação à média

geral de 35,1% (USSEC, 2016). Nesse mesmo documento, constata-se que os grãos

de soja colhidos em 2015 apresentaram médias de teor de proteína bruta 0,8% mais

baixo e teor de óleo 1,0% maior em relação à média histórica dos grãos colhidos entre

1986 e 2015.

FIGURA 16. Médias, por safra, do teor de proteína bruta em grãos

de soja colhidos em diferentes regiões do estado de

Mato Grosso e a diferença entre a média das últimas

dez safras.

Page 55: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

54

4.4 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB

A porcentagem de grãos avariados apresentou correlação positiva e superior a

0,7 com as variáveis radiação solar e temperatura máxima do ar, entretanto essas não

foram significativas (Tabela 8). Boeing et al. (2014) também verificaram associação

positiva entre temperatura e TAV, eles observaram que em grãos de soja colhidos de

janeiro a março, período que se caracterizou pelo excesso de chuva e maior

temperatura do ar, a média de grãos avariados, principalmente o fermentado, foi em

média 10% superior aos grãos colhidos em outras épocas.

TABELA 8. Coeficientes de correlação de Pearson entre grãos avariados (%), extrato

etéreo (%), proteína bruta e as variáveis meteorológicas.

** A correlação é significativa no nível 0,01 * A correlação é significativa no nível 0,05

%Total de grãos avariados (TAV); %extrato etéreo (EE); %proteína bruta (PB); altitude (m); Temperatura máxima, mínima e média do ar (°C); Radiação solar (MJ m-2 dia-1), umidade relativa máxima, mínima e média do ar (%) e precipitação (mm).

Pela carta de quantis de grãos avariados (Figuras 17 e 18), percebe-se que

houve amostras do Grupo I e de Fora de tipo em todas as regiões, sendo difícil a

associação entre as variáveis de qualidade e meteorológicas.

O teor de extrato etéreo apresentou correlação significativa e positiva com

temperatura máxima do ar e negativa com umidade relativa média do ar (Tabela 8).

Trabalhos que avaliaram a relação entre temperatura do ar e o teor de extrato etéreo

em soja, como no de Piper e Boote (1999), verificaram que houve relação positiva

entre essas variáveis, porém observaram que o incremento de óleo na semente foi

até a temperatura média de 28°C.

As Figuras 19 e 20 evidenciam a ocorrência de grãos com mesma faixa de teor

de extrato etéreo distribuídos nas regiões com diferentes faixas de precipitação e

temperatura média, não sendo possível estabelecer distribuição homogênea dos

dados.

TAV EE PB Altitude T máxima T mínima T média Radiação UR máxima UR mínima UR média Precipitação

TAV 1

EE 0,7058 1

PB 0,8064 0,9070* 1

Altitude -0,5420 -0,4000 -0,2279 1

T máxima 0,7211 0,8480* 0,7007 -0,7422 1

T mínima -0,4661 -0,3198 -0,6625 -0,4325 -0,014 1

T média 0,3984 0,5603 0,2625 -0,8850* 0,8540* 0,5064 1

Radiação 0,7221 0,7666 0,7030 -0,1851 0,5599 -0,3589 0,2936 1

UR máxima 0,2266 0,0628 0,1295 0,3919 -0,2556 -0,3647 -0,4087 0,6479 1

UR mínima -0,5802 -0,9710** -0,8590* 0,21661 -0,766626 0,3452 -0,4671 -0,7831 -0,1398 1

UR média -0,5357 -0,9650** -0,8420* 0,298873 -0,8230* -0,2764 -0,5511 -0,6458 0,0757 0,977** 1

Precipitação -0,5235 -0,1587 -0,04576 -0,3250 0,0529219 -0,0582 0,0400 0,2988 0,4378 0,2565 0,3588 1

Page 56: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

55

FIGURA 17. Carta de quantis para acumulado total de

precipitação (mm) e total de avariados (%) nos

grãos de soja colhidos em Mato Grosso entre

as safras 2006/07 e 2015/16.

FIGURA 18. Carta de quantis para temperatura média (°C) e

total de avariados (%) nos grãos de soja colhidos

em Mato Grosso entre as safras 2006/07 e

2015/16.

Page 57: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

56

FIGURA 19. Carta de quantis para acumulado total de

precipitação (mm) e teor de extrato etéreo (%)

em grãos de soja colhidos em Mato Grosso

entre as safras 2006/07 e 2015/16.

FIGURA 20. Carta de quantis para temperatura média (°C) e

teor de extrato etéreo (%) nos grãos de soja

colhidos em Mato Grosso entre as safras

2006/07 e 2015/16.

Page 58: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

57

Correlações significativas entre o teor de proteína bruta com as variáveis

meteorológicas ocorreram somente com a umidade relativa mínima e média do ar, e

essas foram negativas (Tabela 8). Rangel et al. (2007) observaram que nas safras

com elevada precipitação (provavelmente elevada umidade relativa), durante o

período de enchimento de grãos proporcionaram a redução nos teores de PB e Pípolo

(2002) explica que, em locais com temperatura média entre 23 e 27°C, caso deste

trabalho, os resultados de aumento de PB foram melhor explicados pela distribuição

de chuvas durante o enchimento de grãos e a disponibilidade de nitrogênio do que em

relação à temperatura.

Marcos Filho (2005) também relata essa relação entre precipitação e o teor de

proteína nos grãos; ele considera que deficiências hídricas moderadas podem não ser

importantes, dependendo da época em que ocorram, pois a menor taxa fotossintética

pode ser compensada pela redução do número de sementes. Ele justifica que a baixa

disponibilidade de água no solo provoca a produção de sementes de tamanho

reduzido, principalmente no florescimento, e que essas plantas podem produzir

sementes com teores mais elevados de proteína. Além disso, em situações de alta

precipitação pluvial ou sob irrigação mal controlada, há redução no teor de proteínas

(Marcos Filho, 2005).

Nas Figuras 21 e 22, observa-se a distribuição dos grãos com diferentes teores

de proteína bruta em regiões com diferentes faixas de precipitação e temperatura

média do ar, não sendo possível estabelecer distribuição homogênea dos dados.

Nem sempre as variáveis meteorológicas foram suficientes para explicar a

variabilidade no conteúdo de extrato etéreo e proteína nos grãos de soja,

principalmente quando se comparam as médias entre as safras. Essas indagações

sobre a influência das variáveis meteorológicas na composição química dos grãos são

inúmeras e, às vezes, controversas e, por isso, muitos autores elucidam que a melhor

forma de explicar a influência dos elementos climáticos sobre a deposição de proteína

no grão é o estudo em conjunto de todos eles, ou seja, dificilmente uma variável

isolada explicará todas as variações ocorridas, não se esquecendo da variável

genética do grão (Brandelero et al., 2009; Marcos Filho, 2005; Pípolo, 2002 e Piper e

Boote, 1999).

Page 59: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

58

FIGURA 21. Carta de quantis para precipitação (mm) e teor

de proteína bruta (%) nos grãos de soja

colhidos em Mato Grosso entre as safras

2006/07 e 2015/16.

FIGURA 22. Carta de quantis para temperatura (°C) e teor de

proteína bruta (%) nos grãos de soja colhidos

em Mato Grosso entre as safras 2006/07 e

2015/16.

Page 60: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

59

4.5 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação

Das amostras de soja analisadas nesse experimento que continham a

identificação de cultivar, foi possível apontar 62 diferentes cultivares, dentre esses, 12

eram de ciclo precoce, 24, de ciclo semiprecoce, 14, de ciclo médio, 9, de ciclo

semitardio e 3, de ciclo tardio (Quadro 1).

As cultivares de ciclo precoce e semiprecoce foram as mais utilizadas nas

últimas cinco safras (Figura 23), tendo como provável justificativa para esse aumento

a possibilidade de uma segunda safra de cultivo; para viabilizar a safra de milho, é

necessária a utilização cultivares precoces ou superprecoces de soja (Debiasi et al.,

2016).

A adoção de cultivares precoces e a antecipação da semeadura são práticas

que estão crescendo entre os produtores rurais, por possibilitar e facilitar o cultivo da

segunda safra (Ferrari et al., 2015). Fietz e Rangel (2008) destacam que, apesar do

risco de queda na produtividade, a antecipação da semeadura é justificada pelo

escape dos períodos de maior infecção de ferrugem da soja, outro motivo é o de evitar

as perdas, devido ao excesso de chuvas na colheita.

A escolha de cultivares é algo que pode interferir tanto na qualidade física como

na qualidade química dos grãos de soja, pois os cultivares diferenciam-se em nível de

resistência quanto à deterioração física e quanto aos teores de extrato etéreo e

proteína bruta.

FIGURA 23. Número de cultivares de soja, de distintos ciclos de maturação,

cultivadas em diferentes safras no estado de Mato Grosso.

Page 61: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

60

QUADRO 1. Cultivares de soja plantadas em MT entre 2006/07 e 2015/16

GM – grupo de maturação, RR – cultvar transgênico, Conv – cultivar convencional, P – precoce, SP – semiprecoce, M – médio, ST – semitardio, T – tardio, EE – extrato etéreo, PB – proteína bruta.

Cultivar GM Obtentor Tecnologia Ciclo EE (%) PB (%) Média EE Média PB

SYN 1059 RR - VTop 5.9 Syngenta RR P 20,5 36,5

Flecha IPRO (6266RSF IPRO) 6.6 Brasmax IPRO P 19,7 36,2

M 7211 RR 7.2 Monsoy RR P 20,8 36,6

BRS 7380 RR 7.3 Embrapa RR P 18,9 36,7

AS 3730 IPRO 7.3 Agroeste IPRO P 20,2 36,7

CD 2737 RR 7.3 Coodetec RR P 20,9 36,7

CD 2730 IPRO 7.3 Coodetec IPRO P 20,0 36,2

TMG 123 RR 7.4 TMG RR P 20,1 38,7

ANTA 82 7.4 TMG RR P 20,4 36,9

Desafio RR (8473RSF) 7.4 Brasmax RR P 19,0 36,4

TMG 1176 RR 7.6 TMG RR P 20,5 37,5

M 7639 RR 7.6 Monsoy RR P 21,3 36,1

NS 7901 RR 7.9 Nidera RR SP 20,5 36,6

W 791 RR 7.9 Wehrmann RR SP 21,3 36,6

SYN 1080 RR 8.0 Syngenta RR SP 19,7 37,4

NA 8015 RR 8.0 Nidera RR SP 20,0 37,2

ST 810 RR 8.1 Soytech RR SP 20,0 38,5

MG/BR 46 (Conquista) 8.1 Embrapa Conv SP 20,1 38,2

BRS Valiosa RR 8.1 Embrapa RR SP 20,9 38,2

CD 237 RR 8.1 Coodetec RR SP 20,7 37,6

P98Y12 8.1 Pioneer RR SP 20,1 37,2

P98Y11 8.1 Pioneer RR SP 20,5 37,1

CD 242 RR 8.1 Coodetec RR SP 22,5 36,5

ST 815 RR 8.1 Soytech RR SP 19,7 36,1

RB 8307 RR 8.1 Riber RR SP 21,8 35,4

TMG 4182 8.2 TMG Conv SP 20,1 37,7

CD 256 RR 8.2 Coodetec RR SP 22,0 37,4

AS 3820 IPRO 8.2 Agroeste IPRO SP 19,8 36,8

ST 820 RR 8.2 Soytech RR SP 19,8 36,8

AS 3820 IPRO 8.2 Agroeste IPRO SP 20,5 36,4

FMT Tucunaré 8.3 FMT Conv SP 20,3 38,9

TMG 103 RR 8.3 TMG RR SP 19,0 38,2

TMG 131 RR 8.3 TMG RR SP 21,4 38,2

P98Y30 8.3 Pioneer RR SP 19,8 38,1

CD 246 8.3 Coodetec Conv SP 21,2 37,6

M 8360 RR 8.3 Monsoy RR SP 21,0 35,6

BRSMT Pintado 8.4 Embrapa Conv M 20,7 38,5

M-SOY 8757 8.4 Monsoy Conv M 21,6 37,6

BRS Jiripoca 8.4 Embrapa Conv M 20,4 37,4

CD 254 RR 8.4 Coodetec RR M 24,1 37,2

BG4184 8.4 Biogene RR M 20,2 36,8

W 842 RR 8.4 Wehrmann RR M 19,6 36,7

A 7002 8.5 Nidera Conv M 22,9 38,8

AN 8500 8.5 Nidera Conv M 22,6 38,6

FMT Tabarana 8.5 FMT Conv M 20,9 37,6

TMG 132 RR 8.5 TMG RR M 21,2 37,2

M 8527 RR 8.5 Monsoy RR M 21,9 37,1

P98Y51 8.5 Pioneer RR M 21,2 36,5

W 851 8.5 Wehrmann Conv M 19,7 36,0

TMG 133 RR 8.5 TMG RR M 21,5 36,0

TMG 115 RR 8.6 TMG RR ST 21,4 37,8

TMG 115 RR 8.6 TMG RR ST 21,4 36,9

CD 251 RR 8.6 Coodetec RR ST 22,6 36,8

P98Y70 8.7 Pioneer RR ST 21,6 38,1

M 8766 RR 8.7 Monsoy RR ST 20,6 37,3

M 8766 RR 8.7 Monsoy RR ST 21,9 37,3

GB 874 RR 8.7 Garça Branca RR ST 20,7 36,5

M-SOY 8866 8.8 Monsoy Conv ST 21,0 38,0

P98C81 8.8 Pioneer Conv ST 20,4 37,8

P98R91 8.9 Pioneer RR T 22,8 37,2

P98R91 8.9 Pioneer RR T 22,8 36,6

M 9144 RR 9.1 Monsoy RR T 20,4 37,9

37,3

37,421,5

36,8

37,3

20,2

20,5

21,3

Page 62: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

61

Após a seleção e avaliação dos teores de extrato etéreo de algumas cultivares

de soja de diferentes ciclos de maturação, verificou-se que, em relação à média geral,

as cultivares precoces apresentaram menores porcentuais de extrato etéreo (Tabela

9).

TABELA 9. Médias dos teores de extrato etéreo (%), por ciclo de maturação, em

diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso

Safra Região Ciclo de maturação

Precoce* Semiprecoce* Ciclo Médio*

2008/09

Médio-Norte 22,37 Aa 23,78 Aa 23,64 Aa Nordeste 22,64 Aa 22,46 Ab 23,95 Aa

Oeste 22,62 Aa 21,71 Ab 20,90 Ab Sudeste 20,34 Ab 24,75 Aa

2010/11

Médio-Norte 20,34 Aa 20,81 Aa 21,77 Aa Nordeste 19,96 Aa 20,65 Aa

Oeste 18,67 Ba 21,58 Aa Sudeste 21,61 Aa 22,03 Aa 20,59 Aa

2011/12

Médio-Norte 20,16 Aa 21,58 Aa 21,67 Aa Nordeste 20,92 Aa 21,59 Aa 20,70 Aa

Oeste 21,04 Aa 21,10 Aa 21,58 Aa Sudeste 20,51 Aa 20,04 Aa 21,17 Aa

2014/15

Médio-Norte - 20,93 Aa 19,91 Aa Nordeste 19,96 Aa 20,76 Aa 19,90 Aa

Oeste 20,22 Aa 20,21 Aa Sudeste 20,02 Aa 20,48 Aa 21,29 Aa

Média geral 20,79 B 21,38 A 21,60 A Coeficiente de variação (%) 5,32

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05).

Em relação à porcentagem da proteína bruta, as cultivares de soja de ciclo

precoce também apresentaram os menores teores de PB (Tabela 10). Bellaloui et al.

(2015) verificaram que a antecipação de semeadura (utilizando cultivares mais

precoces) resultou em maior conteúdo de óleo em sementes de soja e menores

concentrações de proteína.

De acordo com Marcos Filho et al. (2005), os cultivares mais precoces ou a

semeadura antecipada podem interferir na composição química das sementes devido

à diminuição do ciclo da cultura e à menor síntese das substâncias de reserva da

semente. Outro ponto a se considerar é que os cultivares precoces, quando

submetidos a algum estresse ambiental, possuem menor tempo de recuperação de

tal adversidade, dificultando a sua recuperação e a síntese de óleo e proteína.

Page 63: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

62

TABELA 10. Médias dos teores de proteína bruta (%), por grupo de maturação, em

diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.

Safra Região Ciclo de maturação

Precoce* Semiprecoce* Ciclo Médio*

2008/09

Médio-Norte 36,29 Ba 38,77 Ba 41,95 Aa

Nordeste 36,24 Ba 39,19 Ba 40,72 Aa

Oeste 33,25 Ab 38,57 Aa 33,15 Bc

Sudeste - 38,39 Aa 38,27 Ab

2010/11

Médio-Norte 38,58 Aa 39,00 Aa 39,39 Aa

Nordeste 38,68 Aa - 38,81 Aa

Oeste 39,46 Aa - 39,64 Aa

Sudeste 38,93 Aa 39,09 Aa 38,64 Aa

2011/12

Médio-Norte 33,95 Bb 38,08 Aa 37,76 Aa

Nordeste 36,55 Aa 38,80 Aa 38,24 Aa

Oeste 37,17 Ba 40,89 Aa 38,29 Ba

Sudeste 38,19 Aa 38,14 Aa 37,24 Aa

2014/15

Médio-Norte - 37,91 Aa 36,01 Aa

Nordeste 36,81 Aa 36,32 Aa 36,34 Aa

Oeste 36,48 Aa 36,88 Aa -

Sudeste 37,60 Aa 36,40 Aa 35,96 Aa

Média geral 37,01 B 38,31 A 38,02 A

Coeficiente de variação (%) 3,60

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05).

Os resultados desse estudo por cultivares complementam o que foi dito

anteriormente, quando foi possível perceber que nas últimas safras os teores de

extrato etéreo e proteína bruta foram se reduzindo, coincidindo com o aumento de

amostras de ciclos menores, precoce e semiprecoce. Entretanto, deve-se levar em

consideração o manejo e as condições meteorológicas aos quais essas amostras

foram submetidas. Portanto, a escolha de cultivares de ciclo menor pode ser uma das

causas da redução desses constituintes químicos e não a única, visto que esses novos

materiais genéticos preconizam a produtividade e a resistência a alguma doença ou

praga. A composição química muitas vezes não é levada em consideração na seleção

desses novos materiais.

Page 64: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

63

4.6 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de TAV

Em termos quantitativos, os defeitos que mais contribuíram para o

enquadramento das classes foram fermentados e mofados (Tabela 11), sendo que o

defeito do tipo fermentado é observado com maior frequência nas condições em que

não houve o controle do ataque de percevejos na lavoura (Bocatti, 2013), enquanto

que o do tipo mofados é dependente das condições meteorológicas, principalmente a

temperatura e a umidade relativa do período de colheita (Andrade, 2010).

TABELA 11. Características física, química e sanitária, de grãos de soja, em amostras

com diferentes porcentagens de grãos avariados.

¹ porcentagem em relação ao Total de N * Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).

Em relação à porcentagem de grãos avariados, independentemente do limite

único de cada defeito e considerando a Legislação de classificação dos grãos de soja,

grãos que estão incluídos até o extrato 3 são classificados como dentro do Padrão

Básico para a comercialização, enquanto que os demais são considerados como Fora

1 2 3 4 5 6 7

0,0-4,0 4,1-6,0 6,1-8,0 8,1-10,0 10,1-15,0 15,1-20,0 >20,0

Grãos avariados (%)2,2

(1,8)A

5,2

(2,5) B

7,2

(2,8)B

9,4

(3,2)C

11,8

(3,6)C

17,2

(4,3)D

48,7

(6,9)E 18,9

Ardidos (%)0,1

(1,0)A

0,1

(1,0)A

0,1

(1,0)A

0,2

(1,0)A

0,5

(1,2)A

1,1

(1,3)B

2,4

(1,6)B 42,0

Mofados (%)0,2

(1,1)A

0,6

(1,2)A

1,3

(1,4)A

2,2

(1,6)A

4,2

(2,2)B

3,9

(2,1)B

13,3

(3,0)B 61,5

Fermentados (%)1,4

(1,5)A

3,8

(2,2)A

5,0

(2,4)A

6,3

(2,7)B

6,2

(2,7)C

11,4

(3,5)C

32,3

(5,4)D 34,0

Picados (%)1,8

(1,6)A

3,3

(2,0)A

3,1

(1,9)A

1,8

(1,6)A

1,9

(1,6)A

1,9

(1,6)A

1,9

(1,6)A 31,4

Proteína bruta (%) 36,7 A 36,7 A 36,8 A 36,8 A 36,8 A 37,3 A 37,2 A 3,2

Nitrogênio não

proteico¹(%)6,9 A 7,5 A 7,4 A 7,3 A 8,5 B 8,2 B 8,4 B

18,2

Nitrogênio proteico¹(%) 93,1 B 92,4 B 92,4 B 92,6 B 91,5 A 91,8 A 91,6 A 1,5

Nitrogênio total (%) 5,9 A 5,9 A 5,9 A 5,9 A 5,9 A 6,0 A 6,0 A 3,2

Extrato etéreo (%) 19,4 A 19,9 A 20,4 A 20,2 A 20,9 A 20,1 A 19,6 A 6,9

Acidez (%) 2,5 A 2,4 A 2,2 A 2,4 A 2,9 B 3,2 B 4,6 C 25,9

Condutividade elétrica

(µS cm-1

g-1

)

134,3

(11,5)A

142,2

(11,8)A

155,4

(12,4)A

171,2

(13,2)A

179,1

(14,1)B

203,1

(14,1)B

286,2

(16,4)C

15,9

Massa de mil grãos (g) 139,6 A 148,5 137,1 A 146,9 A 143,3 A 150,8 A 138,7 A 12,2

Massa específica (kg m-3

) 673,0 A 668,0 A 655,0 A 667,0 A 663,0 A 661,0 A 656 A 3,4

Teor de água (%) 11,2 A 11,1 A 11,6 A 12,8 A 12,5 A 11,9 A 11,8 A 18,6

Aspergillus (%) 48,2 A 50,5 A 63,8 A 73,5 A 47,9 A 56,9 A 69,4 A 31,0

Penicillium (%) 34,6 A 32,9 A 36,9 A 49,6 B 40,3 A 52,3 B 67,6 B 38,2

Fusarium (%) 18,5 A 17,1 A 27,0 A 27,4 A 25,9 A 43,8 B 50,0 B 32,8

Características de

qualidade

Extratos de grãos avariados (%)

cv (%)

Page 65: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

64

de Tipo, podendo ser comercializados como se apresentam, desde que identificados

como tal.

Os extratos 6 e 7 apresentaram os maiores porcentuais de grãos ardidos,

entretanto, esses grãos podem ser comercializados para a indústria, desde que

informado o percentual desse defeito, pois o percentual dos defeitos graves (ardidos

e mofados) é inferior a 40%, que é o limite para ser considerado como desclassificado

(Tabela 11).

Com relação aos porcentuais de grãos mofados, esses foram maiores nos

extratos 5, 6 e 7 e de acordo com a legislação de classificação de soja, em relação ao

limite de mofados, os grãos dos extratos 5 e 6 são enquadrados em Padrão Básico e

os da classe 7, como Fora de Tipo, para a soja utilizada como matéria-prima nas

indústrias (Tabela 11).

A porcentagem de grãos fermentados foi aumentando a partir da classe 4,

sendo máxima na classe 7. Esse defeito é considerado para muitos autores como o

de maior ocorrência nas classificações de grão de soja (Lacerda Filho et al., 2014;

Smaniotto et al., 2014; Alencar, 2009; Radünz et al., 2006), fato que não aconteceu

somente no extrato 1, em que o defeito picados foi o de maior ocorrência.

É válido ressaltar que o grão, quando picado por percevejo, tem facilitada a

entrada de patógenos que causam a deterioração do mesmo, tornando-se um grão

fermentado e posteriormente ardido, sendo enquadrado como tal.

As características de qualidade química dos grãos, proteína bruta e extrato

etéreo, não se alteram nos grãos de soja das diferentes classes estabelecidas (Tabela

11). Porém, em termos percentuais, os grãos dos extratos 6 e 7 apresentaram maiores

teores de proteína bruta. Indicações de aumento de proteína em grãos avariados

foram relatadas nos trabalhos dos autores Bhattacharya e Raha (2002) e Delafronte

et al. (2013), principalmente quando as avarias eram decorrentes de grãos atacados

por fungos (originando grãos mofados).

Com relação ao nitrogênio total (NT), o proteico (NP) e o não proteico (NNP),

somente para o NNP foi observado aumento em seus teores nos grãos de soja nos

extratos 5, 6 e 7 (Tabela 11). Abramson (1974 apud Schuh, et al., 2011) justifica que

o aumento do NNP em grãos avariados é atribuído ao processo de deterioração dos

grãos e da complexação com açúcares redutores, com o escurecimento dos grãos e

a diminuição do teor de nitrogênio proteico. As principais avarias encontradas nos

grãos desses extratos foram fermentados e mofados.

Page 66: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

65

O teor de acidez aumentou nas classes com maiores percentuais de grãos

avariados, podendo ser utilizado como indicativo de qualidade dos grãos, como citado

por Biaggioni e Barros (2006) em que o teste de acidez foi utilizado como índice de

qualidade em grãos de arroz devido ao fato de o nível de ácidos graxos estar

relacionado à classificação comercial por tipos, em grãos de arroz.

A condutividade elétrica dos grãos também foi maior nas classes com maiores

valores de grãos avariados, podendo ser utilizada como indicativo de qualidade de

grãos e sementes (Krzyzanowski, 1999; Leite et al., 2014 e Coradi et al., 2015) (Tabela

12).

Em relação à ocorrência de Aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2), somente uma

amostra apresentou resultado com limite de quantificação, por isso essa característica

não foi apresentada na Tabela 11. Resultados semelhantes foram observados por

Gonçalez et al. (2001), que não encontraram nenhuma micotoxina em amostras de

grãos de soja e por Shotwell et al. (1978) que, ao analisarem 1046 amostras de seis

cultivares de soja, encontraram aflatoxinas em apenas duas e justificaram o resultado

pelo fato de a soja não ser um bom substrato para a produção de aflatoxina, devido

ao baixo teor de zinco no grão.

4.7 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em

diferentes extratos de TAV

A correlação entre as características de qualidade dos grãos permitiu verificar

a associação positiva e significativa entre os fungos Penicillium e Fusarium com grãos

avariados, ardidos, mofados, fermentados, ardidos, proteína bruta e acidez (Tabela

12). Esse resultado complementa o que foi observado no item anterior em que os

extratos com maior quantidade de grãos avariados apresentaram, em termos

percentuais, os maiores teores de proteína bruta. Portanto, o aumento desses fungos

nos grãos ocasiona o aumento de grãos avariados e de proteína nesses.

Observações semelhantes foram citadas por Bhattacharya e Raha, (2002) e os

autores justificam que a tendência de aumento de proteína no grão é devido à

formação de proteína fúngica. Embora o aumento de proteína seja algo benéfico, é

importante avaliar o aumento das frações de nitrogênio proteico e não proteico, esses

parâmetros não apresentaram correlação significativa com fungos.

Page 67: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

66

Tabela 12. Coeficientes de correlação de Pearson entre as características de

qualidade de grãos de soja

** A correlação é significativa no nível 0,01 * A correlação é significativa no nível 0,05

%Total de grãos avariados (TAV); %grãos ardidos (Ard); %grãos mofados (Mof); %grãos fermentados (Ferm); % picados (%); %proteína bruta (PB); % nitrogênio total (NT); %nitrogênio não proteico (NNP); % nitrogênio proteico (NP); %extrato etéreo (EE); %Acidez; %condutividade elétrica (Cond); massa de mil grãos (M.mil) (g); massa específica dos grãos (M.esp) (kgm-³); %teor de água (TA); %Aspergillus (Asp); %Penicillium (Penici) e %Fusarium (Fus).

Os fungos Penicillium e Fusarium também apresentaram correlações positivas

com acidez e condutividade elétrica, e estes com os grãos avariados, retomando a

questão de que a acidez e a condutividade podem ser utilizadas para indicar a

qualidade dos grãos de soja, podendo servir de respaldo para a classificação dos

grãos, visto que é uma metodologia de caráter subjetivo.

O extrato etéreo não apresentou correlação significativa com nenhuma das

características avaliadas, entretanto, houve tendência a associar-se negativamente

com os grãos atacados por fungos, o que também foi observado nos trabalhos de

Teixeira (2001), Alencar et al. (2009), Oliveira et al. (2013) e Coradi et al. (2015).

TAV Ard Mof Ferm Pic PB NT NNP NP EE Acidez Cond M.mil M.esp TA Asp Penici Fus

TAV 1

Ard 0,973** 1

Mof 0,991** 0,965** 1

Ferm 0,998** 0,967** 0,981** 1

Pic -0,387 -0,544 -0,445 -0,353 1

PB 0,806* 0,877** 0,761* 0,813* -0,461 1

NT 0,806* ,877** 0,761* 0,813* -0,461 1,000** 1

NNP 0,645 0,703 0,693 0,611 -0,427 0,616 0,616 1

NP -0,645 -0,703 -0,693 -0,611 0,427 -0,616 -0,616 -1,000** 1

EE -0,246 -0,250 -0,169 -0,283 0,148 -0,210 -0,210 0,469 -0,469 1

Acidez 0,972** 0,990** ,971** 0,964** -0,567 0,817* 0,817* 0,654 -0,654 -0,310 1

Condut ,983** 0,960** ,970** 0,982** -0,376 0,863* 0,863* 0,665 -0,665 -0,178 0,945** 1

MMIL -0,053 0,045 -0,064 -0,057 -0,144 0,192 0,192 0,156 -0,156 -0,014 0,052 0,025 1

Ma esp -0,593 -0,555 -0,581 -0,591 -0,016 -0,559 -0,559 -0,648 0,648 -0,325 -0,466 -0,602 0,484 1

TA 0,649 0,577 0,695 0,627 -0,238 0,484 0,484 0,587 -0,587 0,300 0,575 0,731 0,096 -0,399 1

Aspergi 0,491 0,335 0,442 0,517 0,355 0,405 0,405 0,067 -0,067 -0,044 0,303 0,573 -0,195 -0,473 0,646 1

Penic 0,916** 0,894** 0,897** 0,919** -0,356 0,873* 0,873* 0,573 -0,573 -0,185 0,875** 0,971** 0,122 -0,508 ,789* 0,664 1

Fus 0,874* 0,907** 0,846* 0,876** -0,431 0,971** 0,971** 0,675 -0,675 -0,102 0,850* 0,929** 0,044 -0,676 0,634 0,527 0,931** 1

Page 68: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudo em que se avalia a qualidade dos grãos, em condições de campo, é

dificultado pelo fato de não serem todas as variáveis controladas ou até mesmo por

serem desconhecidas, visto que tanto a qualidade física como a química podem ser

alteradas em função da genética, manejo e condições meteorológicas.

Dentre os resultados observados nesta pesquisa, dois ganham destaque: o

primeiro, a redução ou não de extrato etéreo e proteína, fato que vem preocupando a

indústria por não conseguir produtos com a mesma qualidade que obtém ao utilizar

grãos com teores desses constituintes mais elevados.

Essa evidência de redução não foi totalmente elucidada, pela falta de controle

ou pelo desconhecimento de alguns dados, como os de manejo. Contudo, algumas

inferências podem ser demonstradas, como a correlação positiva entre proteína e

temperatura e a correlação negativa com pluviosidade e o indício de que as cultivares

de menor ciclo poderiam ser uma das causas dessa redução.

Ocorrendo a variação da qualidade dos grãos em função da ação conjunta de

ambiente, genética e manejo, embora não se possa afirmar nada com relação ao

manejo, neste trabalho, é importante que, em futuros trabalhos, seja avaliado o efeito

da dessecação antecipada da soja na qualidade dos grãos. A síntese de proteína

ocorre até o final do ciclo da planta, portanto, a antecipação da colheita pode cessar

previamente a síntese de proteína no grão.

Outro fato relacionado ao manejo que interfere diretamente na qualidade dos

grãos é o controle de percevejos. Grãos picados foi o principal defeito encontrado

neste estudo, portanto, melhorar esse controle é fundamental para a obtenção de

grãos de melhor qualidade física. Portanto, estudos em que se controle mais as

variáveis que influenciam a qualidade do grão poderão elucidar mais essas alterações,

como também auxiliar o produtor na escolha da melhor cultivar e do melhor manejo

para a obtenção de grãos com maior qualidade.

O segundo resultado que se destacou é a correlação positiva entre grãos

avariados e o teor de proteína. Porém, é um resultado que deve ser tratado com

cautela, pois não se sabe qual o perfil aminoácido dessa proteína e quais as

consequências do uso de grão, com maior quantidade de grãos avariados, quando

utilizados na matéria-prima de alimentos para os animais.

Page 69: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

68

Outro ponto de questionamento em relação a esse resultado é o desconto que

esses grãos recebem ao serem comercializados, pois embora a qualidade física seja

menor, a qualidade química não é, e é essa última que se utiliza para a produção de

óleo de farelo, principais subprodutos da soja. É importante ressaltar que esse lote de

grãos que sofreu desconto não foi descartado; é utilizado, pela indústria, para a

obtenção dos subprodutos.

Em relação a esses últimos resultados, é uma pesquisa muito primitiva, que

deve ser mais explorada e envolver outros setores, como os de alimentação humana

e animal.

Page 70: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

69

6 CONCLUSÕES

A qualidade dos grãos de soja depende das condições meteorológicas;

Grãos de soja produzidos em Mato Grosso atendem ao Padrão comercial;

O defeito mais frequente encontrados nos grãos de soja recém-colhidos é o

grão picado por percevejo;

Os grãos de soja produzidos em Mato Grosso possuem em média 20,8% de

extrato etéreo e 37,7% de proteína bruta;

Cultivares de soja de ciclo precoce apresentam teores de proteína bruta inferior

às de ciclo médio;

Há correlação positiva entre proteína bruta e grãos avariados, principalmente

quando atacados por fungos.

Page 71: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

70

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMSON, D.; SINHA, R. N.; MILLS, J. T. Mycotoxin and odor formacion in moist cereal grain during granary storage. Cereal Chemestry St. Paul: A.A.C.C., 1980. Citado por SUCHUH, G.; GOTTARDI, R.; FERRARI FILHO, E.; ALBRECHT, L. P. DE LUCCA, A; SCAPIM, C. A.; DE AGRUIAR, C. G.; ÁVILA, M. R.; STÜLP, M. Qualidade fisiológica e sanitária das sementes sob semeadura antecipada da soja. Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.4, p.445-454, 2008. Disponível em:https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2903830. Acesso em 12 Abr. 2016. ALENCAR, E. R.; FARONI, L. R. D.; LACERDA FILHO, A. D.; FERREIRA, L. G.; MENEGHITTI, M. R. Qualidade dos grãos de soja em função das condições de armazenamento. Engenharia na Agricultura, v. 16, p. 155-166, 2008. ALENCAR, E. R.; FARONI, L. R.; FILHO, A. F. L.; PETERNELLI, L. A.; COSTA, A. R. Qualidade dos grãos de soja armazenados em diferentes condições. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.13, n.5, p.606–613, 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Leda_Faroni/publication/262463199_Quality_of_soy_bean_grains_stored_under_different_conditions/links/53ecf5ba0cf2981ada110b15.pdf. Acesso em 12 Abr. 2016. ALENCAR, E. R. de; FARONI, L. R. D.; PETERNELLI, L. A.; SILVA, M. T. C. da; COSTA, A. R. Influence of soybean storage conditions on crude oil quality. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, n. 3, p. 303, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662010000300010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 01 Mar. 2016. ANDRADE, P. J. et al. Qualidade física dos grãos de soja, cultivar TMG 115RR, submetidos à simulação de chuva durante o retardamento de colheita. Scientia Agraria, v.11, n.4, p.281-292, 2010. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/agraria/article/viewFile/18262/11948. Acesso em: 16/02/2016. ANTUNES, L. E. G.; DIONELLO, R. G. Efeitos de dois métodos de secagem sobre a qualidade físico-química de grãos de milho safrinha – RS, armazenados por 6 meses. Semina: Ciências Agrárias, v. 32, n. 1, p. 235-244, 2011. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/wrevojs246/index.php/semagrarias/article/view/3601. Acesso em 12 Abr. 2016. AMERICAN OIL CHEHIST SOCIETY (AOCS). Official and Recommended Practices. 5. Ed. Champaign, 1997. 2v. Ca 5a-40. AQUINO, A. A.; JUNIOR FREITAS, J. E.; GANDRA, J. R.; PEREIRA, A. S. C.; RENNO, P. F.; SANTOS, M. V. Utilização de nitrogênio não proteico na alimentação de vacas leiteiras: metabolismo, desempenho produtivo e composição do leite. Veterinária e Zootecnia, v. 16, n. 4, 2009. Disponível em: http://www.fmvz.unesp.br/rvz/index.php/rvz/article/view/306. Acesso em: 16/02/2016.

Page 72: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

71

ARGENTINA. Ministerio de Agroindustria. Disponível em Arhttp://www.minagri.gob.ar/new/0-0/programas/dma/granos/granos.php. Acesso em 16/02/2016. ARGENTINA. BOLSA DE COMERCIO DE ROSARIO. Norma XVII Soja. 2008 AZEVEDO, A.R.; DAMERVAL, C.; LANDRY, J.; LEA, P.J.; BELLATO, C.M.; MEINHARDT, L.; GUILLOUX, M.L.; DELHAYE, S.; TORO, A.A.; GAZIOLA, S.A.; BERDEJO, B.D.A. Regulation of maize lysine metabolism and endosperm protein synthesis by opaque and floury mutations. European Journal of Biochemistry, Cambridge, v.270, n.24, p.4898-4908, 2003. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1432-1033.2003.03890.x/full. Acesso em: 16/02/2016. BAUD S., LEPINIEC L. Physiological and developmental regulation of seed oil production. Progress in lipid research. v. 49, n. 3, p. 235-249, 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Loic_Lepiniec/publication/41147738_Physiological_and_developmental_regulation_of_seed_oil_production/links/0912f50f712247ab98000000.pdf. Acesso em: 16/02/2016. BELLALOUI, N; BRUNS, H. A.; ABBAS, H. K.; MENGISTU, A.; FISHER, D. K.; REDDY, K. N. Agricultural practices altered soybean seed protein,oil,fatty acids, sugars, and minerals in the Midsouth USA. Plant Science, v. 36, n. 31, 2015. BENATTI P, PELUSO G, NICOLAI R, CALVANI M. Polyunsaturated Fatty Acids: Biochemical, Nutritional and Epigenetic Properties. Journal of the American College of Nutrition, v. 23, n. 4, p. 281–302, 2004. BENZAIN, B.; LANE, P.W. Protein concentration of grains in relation to some weather and soil factors during 17 years of English winter-wheat experiments. Journal of Science of Food and Agriculture, Barking, v. 37, p. 435-444, 1986. BHATTACHARYA, K.; RAHA, S. Deteriorative changes of maize, groundnut and soybean seeds by fungi in storage. Mycopathologia, v. 155, n. 3, p 135-141, 2002. BIAGGIONI, M. A. M.; BARROS, R. E. Teste de acidez graxa como índice de qualidade em arroz. Ciência e Agrotecnologia, v. 30, n. 4, p. 679-684, 2006. Binotti, FFS; HAGA, KI; CARDOSO, ED; ALVES, CZ; SÁ, ME; ARF, O. Efeito do Período de Envelhecimento acelerado nenhum teste de condutividade Elétrica e na Qualidade fisiológica de Sementes de feijão. Acta Scientiarum Agronomy, v.30, n.2, p.247-254, 2008. BLANCO, A.; BRESSANI, R. Biodisponibilidad de aminoácidos en el frijol (Phaseolus vulgaris). Arch. latinoam. nutr, v. 41, n. 1, p. 38-52, 1991. BOCATTI, C. R.; LORINI, I.; QUIRINO, J. R.; ROSA, E. S.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; OLIVEIRA, M. A. de. Evolução dos defeitos da soja comercial durante o armazenamento em função da infestação de percevejos na lavoura. In: Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, 8, 2013, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa, 2013.

Page 73: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

72

Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Marcelo_Oliveira33/publication/272129325_Defeitos_da_Classificao_Comercial_da_Soja_Devido_a_Infestao_de_Percevejos_na_Lavoura_e_Sua_Evoluo_no_Armazenamento/links/54db4f5f0cf233119bc5cdfd.pdf. Acesso em: 12/03/2016. BOEING, E; BORELLI, R. P.; RUFFATO, S. Qualidade da soja produzida na região médio-norte de Mato Grosso colhida em diferentes épocas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 43, 2014, Campo Grande. Anais... Jaboticabal: UNESP, 2014. Disponível em: http://www.sbea.org.br/conbea/2014/anais/R0464-3.pdf. Acesso em: 16/02/2016. BONATO, E. R.; BERTAGNOLLI, P. F.; LANGE, C. E.; RUBIN, S. D. A. L. Teor de óleo e de proteína em genótipos de soja desenvolvidos após 1990. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 12, p. 2391-2398, 2000. BRACCINI, A. L.; ALBRECHT, L. P.; ÁVILA, M. R.; SCAPIM, C. A.; BIO, F. E. I.; SCHUAB, S. R. P. Qualidade fisiológica e sanitária das sementes de quinze cultivares de soja (Glycine max (L.) Merrill) colhidas na época normal e após o retardamento da colheita. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 25, n. 2, p. 449-457, 2003. BRANDELERO, E. M.; PEIXOTO, C. P.; RALISCH, R. Nodulação de cultivares de soja e seus efeitos no rendimento de grãos. Semina: Ciências Agrárias, v. 30, n. 3, p. 581-588, 2009. BRASIL - Leis e Decretos. Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº11, de 15 de maio de 2007, Diário Oficial da união, de 16 de março de 2007. Seção I, p. 13-15, Brasília, 2007a. BRASIL - Leis e Decretos. Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº37, de 27 de julho de 2007, Diário Oficial da união, de 30 de julho de 2007. Seção I, p. 9, Brasília, 2007b. BRASIL - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399p. BRASIL - Leis e decretos. Ministério da Saúde. Resolução n. 7/11, Diário Oficial da União, de 22 de fevereiro, Seção I, página 72, Brasília, 2011. BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.H. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport: AVI, 1992. 450p. CAMPOS, F. P.; NUSSIO, C. M. B. Métodos de análise de alimentos. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ), 2004. p. 135. CARVALHO, M. V. Determinação do fator de correção para condutividade elétrica em função do teor de água de sementes de soja [Glycine max (L.) Merrill]. Jaboticabal: Unesp, 1994. 36 p.

Page 74: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

73

CHAGAS, M. da F. Qualidade de sementes de soja utilizadas no estado de Mato Grosso, obtidas na abrangência do circuito tecnológico APROSOJA, na safra 2013/2014. 2015 LAVRAS UFLA Dissertação. CHERUBIN, M. R.; SANTI, A. L.; BASSO, C. J.; EITELWEIN, M.; VIAN, A. Caracterização e estratégias de manejo da variabilidade espacial dos atributos químicos do solo utilizando a análise dos componentes principais. Enciclopédia Biosfera, v. 7, n. 13, p. 196-210, 2011. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2006/2007, setembro de 2007, Brasília: Conab, 2007. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2007/2008, setembro de 2008, Brasília: Conab, 2008. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2008/2009, setembro de 2009, Brasília: Conab, 2009. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo levantamento – safra 2009/2010, setembro de 2010, Brasília: Conab, 2010. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2010/2011, setembro de 2011, Brasília: Conab, 2011. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2011/2012, setembro de 2012, Brasília: Conab, 2012. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2012/2013, setembro de 2013, Brasília: Conab, 2013. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2013/2014, setembro de 2014, Brasília: Conab, 2014. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: décimo segundo levantamento – safra 2014/2015, setembro de

Page 75: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

74

2015, Brasília: Conab, 2015. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira, Grãos: sétimo levantamento – safra 2015/2016, abril de 2016, Brasília: Conab, 2016. Disponível em: www.conab.gov.br. Acesso em 12 Abr. 2016. CORADI, P. C.; MILANE, L. V.; CAMILO, L. J.; PRADO, R. L. F.; FERNANDES, T. C. Qualidade de grãos de soja armazenados em baixas temperaturas/Quality of soybean grains stored in low temperatures. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 9, n. 3, p. 197-208, 2015. CORRÊA-FERREIRA, B. S.; KRZYZANOWSKI, F. C.; MINAMI, C. A. Percevejos e a qualidade da semente da soja. Circular Técnica, 2009. CORRÊA-FERREIRA, B. S.; ROGGIA, S.; BUENO, A. F. Avaliação de estratégias de manejo no controle de percevejos, em soja de crescimento indeterminado. In: Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, 32, 2011, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa, 2011. Disponível em: http://www.percevejos.com.br/wp-content/themes/somax/images/trabalhos/arquivos/Trabalho44.pdf#page=69. Acesso em 12 Abr. 2016. COSTA, S.I. da; MORI, E.E.M.; FUJITA, J.T. Características químicas, organolépticas e nutricionais de algumas cultivares de soja. In: MIYASAKA, S.; MEDINA, J.C. (Ed.). A soja no Brasil. Campinas: Instituto de Tecnologia de Alimentos,1981. p.823-827. COSTA, N.P.; FRANÇA-NETO, J.B.; HENNING, A.A.; KRZYZANOWSKI, F.C. Zoneamento ecológico do estado do Paraná para produção de sementes de cultivares precoces de soja. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.16, n.1, p.12-19, 1994. COSTA, N. D.; MESQUITA, C. D. M.; MAURINA, A. C.; FRANÇA NETO, J. D. B.; PEREIRA, J. E., BORDINGNON, J. R.; HENNING, A. A. Efeito da colheita mecânica da soja nas características físicas, fisiológicas e químicas das sementes em três estados brasileiros. Revista Brasileira de Sementes, v. 23, n. 1, p. 140-145, 2001. COSTA, N.P.; MESQUITA, C.M.; MAURINA, A.; JOSÉ DE BARROS FRANÇA NETO, J.B.; KRZYZANOWSKI, F.C.; HENNING, A.A. Qualidade fisiológica, física e sanitária desementes de soja produzidas no Brasil. Revista Brasileira de Sementes, v. 25, n. 1, p.128- 32, 2003. CUNHA, R. C; ESPÍNDOLA, C. J. A dinâmica geoeconômica recente da cadeia produtiva da soja no Brasil e no mundo. GeoTextos, v. 11, n. 1, 2015.

CUNIBERTI, M.; HERRERO, R.; MIR, L.; BERRA, O.; MACAGNO,S. Rendimiento y calidad comercial e industrial de la soja en la Región Núcleo-Sojera. Cosecha 2012-13. Estación Experimental Agropecuaria. INTA Marcos Juárez, 2013.

Page 76: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

75

DA COSTA, MESQUITA, C. D. M.; MAURINA, A. C.; NETO, J. B. F.; KRZYZANOWSKI, F. C.; OLIVEIRA, M. C. N.; HENNING, A. A. Perfil dos aspectos físicos, fisiológicos e químicos de sementes de soja produzidas em seis regiões do brasil. Revista Brasileira de Sementes, v. 27, n. 2, p. 01-06, 2005. DA SILVA, L; DA SILVA, W. E. C.; DE ARAÚJO, M. C. U.; FRAGOSO, W. D.; VERAS, G. Classificação periódica: um exemplo didático para ensinar análise de componentes principais. Química Nova, v. 33, n. 7, p. 1594-1597, 2010. DEBIASI, H.; FRANCHINI, J.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; CONTE, O. Diversificação

de espécies vegetais como fundamento para a sustentabilidade da cultura da

soja. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), 2016.

DE GASPARI P., C.; MALUFII, J. L. F. M. P. Atributos fenológicos e agronômicos em cultivares de cafeeiro arábica. Ciência Rural, v. 39, n. 3, p. 711-717, 2009. DELAFRONTE, B.; VILAS BOAS R. L. P.; LEITE, R. S.; MANDARINO, J. M. G.; QUIRINO, J. R.; CORRÊA-FERREIRA, B. S; LORINI, I.; OLIVEIRA, M. A. Variação nos teores de óleo e proteína em grãos de soja, com diferentes intensidades de ataque de percevejo, da colheita ao armazenamento, utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). In: Jornada Acadêmica da Embrapa Soja, 8, 2013, Londrina. Resumos expandidos... Londrina: Embrapa Soja, 2013. p. 55-59. Disponível em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/88088/1/Variacao-nos-teores-de-oleo-e-proteina-em-graos-de-soja-com-diferentes-intensidades-de-ataque-de-percevejo-da-colheita-ao-armazenamento-utilizando-a-espectroscopia-no-infravermelho-proximo-NIR.pdf. Acesso em: 01 fev. 2016. DORNBOS, D. L.; MULLEN, R. E. Soybean and oil contentes and fatty acid composition adjustment by drought and temperature. Jounal of American Oil Chemistry Socity, Iowa, v. 59, n. 3, p. 230-232, 1992. EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja – região central do Brasil 2012 e 2013. Londrina: Embrapa Soja, 2011, 261 p. FAILLA, LORI J.; LYNN, DAVID; NIEHAUS, W. G. Correlation of Zn2+ content with aflatoxin content of corn. Applied and environmental microbiology, v. 52, n. 1, p. 73-74, 1986. FARHOOSH, R.; EINAFSHAR, S.; SHARAYEI, P. The effect of commercial refining steps on the rancidity measures of soybean and canola oils. Food Chemistry, v. 115, n. 3, p. 933-938, 2009. FARIAS, J.R.B. NEPOMUCENO, A.E. NEUMAIER, N. Ecofisiologia da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2007. 10p (Embrapa Soja. Circular Técnica, 48). FERRARI, E.; PAZ, A.; SILVA, A. C. Déficit hídrico no metabolismo da soja em semeaduras antecipadas no Mato Grosso. Nativa, v. 03, n. 01, p. 67-77, 2015.

Page 77: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

76

FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, v. 6, p. 36-41, 2008. FIETZ, C. R.; RANGEL, M. A. S. Época de semeadura da soja para a região de Dourados- MS, com base na deficiência hídrica e no fotoperíodo. Engenharia Agrícola, v.28, n.4, p.666-672, 2008. FRANÇA NETO, J. B.; HENNING, A. A. Qualidade fisiológica e sanitária da semente de soja. Londrina: EMBRAPA – CNPSo, 1984. 39 p. (Circular Técnica, 9). FREIRE, F.C.O.; VIEIRA, I.G.P.; GUEDES, M.I.F.; MENDES, F.N.P. Micotoxinas: importância na alimentação e na saúde humana e animal. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007. 48 p GONÇALEZ, E.; PINTO, M. M.; FELICIO, J. D. Análise de micotoxinas no instituto biológico de 1989 a 1999. Biológico, v. 63, n. 1/2, p. 15-19, 2001. GUARIENTI, E. M.; CIACCO, C. F.; CUNHA, G. D.; DUCA, L. J. D.; CAMARGO, C. M. O. Avaliação do efeito de variáveis meteorológicas na qualidade industrial e no rendimento de grãos de trigo pelo emprego de análise de componentes principais. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 23, n. 3, p. 500-510, 2003. GUEDES, R. S.; LOPES, F. J.; AMANAJÁS, J. C.; BRAGA, C. C. Análise em componentes principais da precipitação pluvial no estado do Piauí e agrupamento pelo método de Ward. Revista de Geografia, v. 27, n. 1, p. 218-233, 2010. HIRAKURI, M. H.; LAZZAROTTO, J. J. O agronegócio da soja nos contextos mundial e brasileiro. Documentos Embrapa, Londrina, n. 349, 2014. HOU, H.J.; CHANG, K.C. Storage conditions affect soybean color, chemical composition and tofu qualities. Journal of Food Processing and Preservation, v. 28, p. 473-488, 2004. IMEA - Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária. Mapa de Macrorregiões do IMEA, Cuiabá: IMEA, 2010. Disponível em: http://www.imea.com.br/upload/publicacoes/arquivos/justificativamapa.pdf Acesso em 12 Abr. 2016. JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. Artmed, 2005. KAGAWA, A. (ed). Standard table of food composition in Japan. Tokyo: University of Nutrition for women, 1995. p. 104 - 105. KRZYZANOWSKI, F. C. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Abrates, 1999. KUMAR, V. et al. Influence of growing environment on the biochemical composition and physical characteristics of soybean seed. Journal of Food Composition and Analysis, v. 19, p. 188 -195, 2006.

Page 78: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

77

LACERDA FILHO, A. F. de; DEMITO, A.; VOLKS, M. B. da S. Qualidade da soja e acidez do óleo. (Nota Técnica), 2008. Disponível em: http://www.sop.eng.br/pdfs/6d2b57671ce672243df5ff377a083fb3.pdf. Acesso em: 28/02/2016. LACERDA FILHO, A. F.; RIGUEIRA, R. J. A.; MARQUES, K. K. K. M.; COELHO, M. P. Qualidade de Grãos de Soja, com Diferentes Teores de Água, Aerados com Ar Natural e Ar Esfriado Artificialmente In: Conferência brasileira de pós colheita, 4, 2014, Maringá. Anais... Maringá: Abrapos, 2014. p. 117-185. Disponível em: http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/110_20142011_23-51-27_592.PDF. Acesso em: 28/02/2016. LANNA, A. C.; JOSÉ, I. C.; OLIVEIRA, M. G. A.; BARROS, E. G.; MOREIRA, M. A. Effect of temperature on polyunsaturated fatty acid accumulation in soybean seeds. Brazilian Journal Plant Physiology, v. 17, n. 2, p. 213-222, 2005. LAZZARI, F.A. Umidade, fungos e micotoxinas na qualidade de sementes, grãos e rações. 2 ed. Curitiba: Ed. do Autor, 2002.148p. LEE, J. H.; CHO, K. M. Changes occurring in compositional components of black soybeans maintained at room temperature for different storage periods. Food Chemistry. v. 1(131): 161-169, 2012. LEE, S. J. AHN, J. K.; KHANH, T. D.; CHUN, S. C.; KIM, S. L.; RO, H. M.; SONG, H. K.; CHUNG, I. M. Comparison of isoflavone concentrations in soybean (Glycine max (L.) Merril) sprouts grown under two different light conditions. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, p. 9415 - 9421, 2007. LEITE, E.; DA SILVA, E. S.; OLIVEIRA, C. M. G.; OLIVEIRA, M. A. Estudo de perdas na qualidade dos grãos de soja convencional e transgênica durante o armazenamento In: Conferência brasileira de pós colheita, 4, 2014, Maringá. Anais... Maringá: Abrapos, 2014. p. 635-642. Disponível em: http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/110_20142011_23-51-27_592.PDF. Acesso em: 28/02/2016. LEONOR, G. R. L. C. G.; ELIAS, J. M. M. C. Sistemas de armazenamentos hermético e convencional na conservabilidade de grãos de aveia. Ciência Rural, v. 34, n. 6, 2004. LIU, K. Soybeans: chemistry, technology and utilization. New York: Chapman & Hall, 1997. 532p. LIU, C.; WANG, X.; MA, H.; ZHANG, Z.; WENRUI, GAO; XIAO, L. Functional properties of protein isolates from soybeans stored under various conditions. Food Chemistry. v. 11, n.1, p. 29-37, 2008. MACHADO, J. C.; OLIVEIRA, J. A.; VIEIRA, M.G. G.C. et al. Controle da germinação de sementes de soja em testes de sanidade pelo uso da restrição hídrica. Revista Brasileira de Sementes, v. 25, n.2, p. 77-81, 2003.

Page 79: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

78

MAEHLER, A. R., COSTA, J. A.; PIRES, J. L. F.; RAMBO, L. Qualidade de grãos de duas cultivares de soja em função da disponibilidade de água no solo e arranjo de plantas. Ciência rural. Santa Maria. v. 33, n. 2, p. 213-218, 2003. MAHMOUD, A. A.; NATARAJAN, S. S.; BENNETT, J. O.; MAWHINNEY, T. P.; WIEBOLD, W. J.; KRISHNAN, H. B. Effect of six decades of selective breeding on soybean protein composition and quality: a biochemical and molecular analysis. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 54, p. 3916-3922, 2006. MANN, E.N.; RESENDE, P.M.; MANN, R.S.; CARVALHO, J.G.; PINHO, E.V.R. von. Efeito da aplicação de manganês no rendimento e na qualidade de sementes de soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 12, p. 1757-1764, 2002. MARCOS FILHO, JULIO MARCOS FILHO. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Fealq, 2005. MARÍN, S.; SANCHIS, V.; ARNAU, F.; RAMOS, A.J.; MAGAN, N. Colonisation and competitiveness of Aspergillus and Penicillium species on maize grain in the presence of Fusarium moniliforme and Fusarium proliferatum. International Journal of Food Microbiology, v.45, p.107-117, 1998 MARTINELLI, J. A.; BOCCHESE, C. A. C.; XIE, W.; O’DONNELL, KISTLER, H. C. Soybean oid blight and root rot caused by lineages of the Fusarium graminearum and the production of mycotoxins. Fitopatologia Brasileira, Lavras, v. 29, n. 5, p. 492-498, 2004. MATEOS-APARICIO, I.; REDONDO, C. A.; VILLANUEVA-SUÁRES, M. J.; ZAPATA, R. M. A. Soybean, a promising health source. Nutrición Hospitalaria, v. 23, p.305-312, 2008. MAYER, J. F.; BORELLI, R. P.; RUFFATO, S.; BONALDO, S. M.; ARFELI, M. J. Avaliação da qualidade de grãos de soja em função da época de colheita no Norte de Mato Grosso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 43, 2014, Campo Grande. Anais... Jaboticabal: UNESP, 2014. Disponível em: http://www.sbea.org.br/conbea/2014/anais/R0306-1.pdf. Acesso em: 16/02/2016. MERONUCK, R.A. The significance of fungi in cereal grains. Plant Disease, v.71, p.287-291, 1987. MESCHEDE D. K.; BRACCINI, A. de L. e; BRACCINI, M. do C. L.; SCAPIM, C. A.; SCHUAB, S. R. P. Rendimento, teor de proteínas nas sementes e características agronômicas das plantas de soja em resposta à adubação foliar e ao tratamento de sementes com molibdênio e cobalto. Acta Scientiarum Agronomy, v. 26, no. 2, p. 139-145, 2004. MINUZZI, A. et al. Rendimento, teores de óleo e proteínas de quatro cultivares de soja, produzidas em dois locais no estado do Mato Grosso do Sul. Ciência e Agrotectnologia, v. 33, n. 04, p. 1047-1054, 2009.

Page 80: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

79

MOITA NETO, J. M.; MOITA, G. C. Uma introdução à análise exploratória de dados multivariados. Química Nova, v. 21, p.467-469, 1998 MONTEIRO, M. R. P.; COSTA, N. M. B.; OLIVEIRA, M. G. A.; PIRES, C. V.; MOREIRA, M. A. Qualidade protéica de linhagens de soja com ausência do Inibidor de Tripsina Kunitz e das isoenzimas Lipoxigenases, Revista de Nutrição, v. 7, n. 2, p:195-205, 2004. MORAES, R. M. A.; JOSÉ, I. C.; RAMOS, F. G.; BARROS, E. G.; MOREIRA, M. A. et. al. Caracterização bioquímica de linhagens de soja com alto teor de proteína. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v. 41, n. 5, p. 725-729, 2006. MOSSÉ, J.; HUET, J. C.; BAUDET, J. The amino acid composition of rice grain as a function of nitrogen content as compared with other cereals: a reappraisal of rice chemical scores. Journal of Cereal Science, v. 8, p. 165-175, 1988. MUNDSTOCK, E.; FACHEL, J. M. G.; CAMEY, S. A.; AGRANONIK, M. Introdução à Análise Estatística utilizando o SPSS 13.0. Cadernos de Matemática e Estatística Série B. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2006. NEERGAARD, P. Seed Pathology. London: Mac Millan Press, 1977. 2v. 1191p. NOGARA NETO, F.; ROLOFF, G.; DIECKOW, J.; MOTTA, A. C. V. Atributos de solo e cultura espacialmente distribuídos relacionados ao rendimento do milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.35, p.1025-1036, 2011. OLIVEIRA, G. P.; ARAÚJO, D. V. D.; ALBUQUERQUE, M. C. D. F.; MAGNANI, E. B. Z.; MAINARDI, J. T. Avaliação física, fisiológica e sanitária de sementes de soja de duas regiões de Mato Grosso. Agrarian, v. 5, n. 16, p. 106-114, 2012. OLIVEIRA, M. A; LORINI, I; MALLMANN, C. A. As micotoxinas e a segurança alimentar na soja armazenada. Brazilian Journal of Food Technology., III SSA, 2010. Disponível em http://www.lamic.ufsm.br/papers/artigo_soja.pdf. Acesso em: 10 de fev. de 2016. OLIVEIRA, M. A.; LORINI, I.; MANDARINO, J. M. G.; LEITE, R. S.; QUIRINO, J. R.; BEATRIZ SPALDING CORRÊA-FERREIRA; VILAS BOAS, R. L. P.; DELAFRONTE, B. Teores de óleo e proteína em grãos de soja, com diferentes manejos de percevejo, da colheita ao armazenamento, utilizando a espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). In: AMERICAS: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SOYBEAN UTILIZATION, 2013, Bento Gonçalves. Proceedings... Brasília, DF: Embrapa, 2013. 1 CDROM. 5 p. OLIVEIRA, M. A; LORINI, I.; MANDARINO, J. M. G.; LEITE, R. S.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; QUIRINO, J. R; Rafael VILAS BOAS, R. L. P.; DELAFRONTE, B. Teores de óleo, proteína e acidez em grãos de soja, com diferentes manejos de percevejo, da colheita ao armazenamento, provenientes das safras 2011/2012 e 2012/2013. In: CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE PÓS-COLHEITA, 6, 2014, Maringá. Anais... Londrina: ABRAPOS, 2014. Disponível em:

Page 81: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

80

http://eventos.abrapos.org.br/anais/paperfile/110_20142111_02-07-42_3677.pdf. Acesso em: 16/02/2016. PANIZZI, R. R. et al. Efeito de danos de Piezodorus guildinni (Westwood, 1837) no rendimento e qualidade da soja. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 1., Londrina, 1979. Anais... Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1979. v. 2 p .59-78. PEREIRA, A.R.; ANGELOCCI, L.R.; SENTELHAS, P.C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: Agropecuária, 2002. 478 p. PINTO, N. F. J. de A. Grãos ardidos em milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2005. (Circular técnica, 66). PIOVESAN, V.; OLIVEIRA, V. de; ARAÚJO, J. dos S. Prediction of essencial amino acid content of corn grain. Ciência e Agrotecnologia, v. 34, n. 3, p. 758-764, 2010. PIPER, E.L., BOOTE, K.J. Temperature and cultivar effects of soybean seed oil and protein concentration. Journal of the American Oil Chemists Society,v. 76, p. 1233 – 1241, 1999. PÍPOLO, A.E. Influência da temperatura sobre as concentrações de proteína e óleo em sementes de soja (Glycine max (L.) Merril). 128p. 2002. (Tese) Doutorado - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. PIPOLO, A.; SICLAIR, T. R.; CAMARA, G. M. S. Effects of temperature on oil and protein concentration in soybean seeds cultured in vitro. Annals of Applied Biology, v. 144, p. 71-76, 2004. RADÜNZ, L. L.; DIONELLO, R. G.; ELIAS, M. C.; BARBOSA, F. F. Influência do método de armazenamento na qualidade física e biológica de grãos de milho. Revista Brasileira de Armazenamento, v. 31, n. 2, p. 136-143, 2006. RAMOS, A. M.; DOS SANTOS, L. A. R.; FORTES, L. T. G. (Ed.). Normais climatológicas do Brasil, 1961-1990. 2009. RANGEL, M.A.S.; CAVALHEIRO, L.R.; CAVICHIOLLI, D.; CARDOSO, P.C. Efeito do genótipo e do ambiente sobre os teores de óleo e proteína nos grãos de soja, em quatro ambientes da Região Sul de Mato Grosso do Sul, safra 2002/2003. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2004. (Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 17) RANGEL, M.A.S.; MINUZZI, A.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A. e CARDOSO, P.C. Efeitos da interação genótipos x ambientes no rendimento de grãos e nos teores de proteína de cultivares de soja. Acta Scientiarum Agronomy, v. 29, p. 351-354, 2007. RODRIGUES, J. I. da S.; MIRANDA, F. D.; FERREIRA, A.; BORGES, L. L.; FERREIRA, M. F. S.; GOOD-GOD, P. I. V.; PIOVESAN, N. D. BARROS, E. G.,

Page 82: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

81

CRUS, C. D.; MOREIRA, M. A. Mapeamento de QTL para conteúdo de proteína e óleo em soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 45, n. 5, p. 472-480, 2010. ROTUNDO, J. L.; WESTGATE, M. E. Meta-analysis of environmental effects on soybean seed composition. Field Crops Research, v. 110, p. 147–156, 2009. SALDIVAR, X.; WANG, Y. J. CHEN, P.; HOU, A. Changes in chemical composition during soybean seed development. Food Chemistry, v. 124, p. 1369-1375, 2011. SANTANA, G. P.; BARRONCAS, P. de S. R. Estudo de metais pesados (Co, Cu, Fe, Cr, Ni, Mn, Pb e Zn) na Bacia do Tarumã-Açu Manaus-(AM). Acta Amazônica, v. 37, n. 1, p. 111-118, 2007. SANTANA, A. C.; CARRÃO-PANIZZI, M. C.; MANDARINO, M. G.; LEITE, R. S.; SILVA, J. B. IDA, E. I. Effect of harvest at different times of day on the physical and chemical characteristics of vegetable-type soybean. Ciênc. Tecnol. Aliment., v. 32, n. 2, p. 351-356, 2012. SANTI, A. L; AMADO, T. J. C.; CHERUBIN, M. R.; MARTIN, T. N.; PIRES, J. L.; DELLA FLORA, L. P.; BASSO, C. J. Análise de componentes principais de atributos químicos e físicos do solo limitantes à produtividade de grãos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 47, n. 9, p. 1346-1357, 2012. SANTOS, J. B.; PROCÓPIO, S. D. O.; DA SILVA, A. A.; COSTA, L. C. Captação e aproveitamento da radiação solar pelas culturas da soja e do feijão e por plantas daninhas. Bragantia, v. 62, n. 1, p. 147-153, 2003. SANTOS, E. L. dos; POLA, J. N.; BARROS, A. S. do R.; PRETE, C. E. C. Qualidade fisiológica e composição química das sementes de soja com variação na cor do tegumento. Revista Brasileira de Sementes v. 29, n. 1, p. 20-26, 2007. SARMENTO, R. D. A.; AGUIAR, R. W. D. S.; DE CASTRO, S. C.; DIDONET, J. Danos causados por Piezodorus guildinii (Heteroptera, Pentatomidae) em sementes de soja, em Gurupi, Tocantins. Ceres, v. 49, n. 286, 2002. SARTORIO, S. D. Aplicações de técnicas de análise multivariada em experimentos agropecuários usando o software R. 2008. Tese de Doutorado. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz. SARWAR, G. The protein digestibility-corrected amino acid score method overestimates quality of proteins containing antinutritional factors and of poorly digestible proteins supplemented with limiting amino acids in rats. Journal of Nutrition, v. 127, p. 758-764, 1997. SASSAHARA, M.; YANAKA, E. K.; PONTES NETO, D. Ocorrência de aflatoxina e zearalenona em alimentos destinados ao gado leiteiro na Região Norte do estado do Paraná. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 24, n. 1, p. 63-72, 2003.

Page 83: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

82

SBARDELOTTO, A; LEANDRO, G. V. Escolha de cultivares de soja com base na composição química dos grãos como perspectiva para maximização dos lucros nas indústrias processadoras. Ciência Rural, v. 38, n. 3, p. 614-619, 2008. SCHMIDT, A.; LIMA, G.J.M.M.; KLEIN, C.H. Composição química de híbridos de milho produzidos na safrinha em Marechal Cândido Rondon, Paraná. Concórdia: Embrapa/CNPSA, 2004. 4p. (Comunicado técnico, 357). SHOTWELL, ODETTE L.; VANDEGRAFT, ELSIE E.; HESSELTINE, CLIFFORD W. Aflatoxin formation on sixteen soybean varieties. J. Assoc. Off. Anal. Chem, v. 61, p. 574-577, 1978. SILVA, A. A. L. Influência do processo de colheita na qualidade do milho (Zea mays L.) durante o armazenamento. 1997. 77 f. Dissertação (Mestrado em Pré-processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1997. SILVA, M. S.; NAVES, M. M. V.; OLIVEIRA, R. B.; LEITE, O. S. M. Composição química e valor protéico do resíduo de soja em relação ao grão de soja. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 3, 2006. SILVA, J. S.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3 ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2005. 235p. SINCLAIR, J. B. Discoloration of soybean seeds – an indicator of quality. Plant Disease, v.76, n.11, p.1087-1090, 1992. SMANIOTTO, T. D. S.; RESENDE, O.; MARÇAL, K. A.; OLIVEIRA, D. E. C.; SIMON, G. A. Qualidade fisiológica das sementes de soja armazenadas em diferentes condições. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 18, n. 4, p. 446-453, 2014. SOUZA, A. S.; NETTO, F. M. Influência da irradiação e do armazenamento nas características estruturais da proteína de soja. Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, III JIPCA, p. 36-43, 2006. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Trad.: SANTARÉM, E.R. Fisiologia vegetal. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 613p. TANAKA, M. A. S. et al. Microflora fúngica de sementes de milho em ambientes de armazenamento. Scientia Agrícola, v. 58, n. 3, p. 501-508, 2001. TEIXEIRA, G. V. Avaliação de perdas qualitativas no armazenamento da soja. 2001. 81f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2001. THAKUR, M.; HURBURGH, C. R. Quality of US soybean meal compared to the quality of soybean meal from other origins. Journal of the American Oil Chemists' Society, v. 84, n. 9, p. 835-843, 2007.

Page 84: QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO … · 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no

83

TIBA, C. (Coord). Atlas Solarimétrico do Brasil: banco de dados terrestres. UFPE, 2001. USDA – United States Department of Agriculture, Subpart D -- United States Standards for Corn, 2014. Disponível em: http://archive.gipsa.usda.gov/referencelibrary/standards/810corn.pdf Acesso em 12 de abr. de 2016. USSEC - United States Soybean Export Council. Quality Report. Disponível em: http://ussec.org/wp-content/uploads/2016/01/2015-Final-US-Commodity-Soybean-Quality-Report.pdf. Acesso em 12 de abr. de 2016. VAN EGMOND, H. P.; JONKER, M. A. Reglamentos a nivel mundial para las micotoxinas en los alimentos y las raciones en el ano 2003. Food & Agriculture Org., 2004. Disponível em http://www.fao.org/3/a-y5499s.pdf. Acesso em: 10 de fev. de 2016. VASCONCELOS, I. M.; CAMPELLO, C. C.; OLIVEIRA, J. T. A.; CARVALHO, A. F. U.; SOUZA, D. O.; MAIA, F. M. Brazilian soybean Glycine max (L.) Merr. cultivars adapted to low latitude regions: seed composition and content of bioactive proteins. Rev. bras. Bot, v. 29, n.4, pp. 617-625, 2006 VIEIRA, R.D.; CARVALHO, N.M. Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP/UNESP,1994. 164p.

VIEIRA, F. C. F.; JÚNIOR, C. D. S.; NOGUEIRA, A. P. O.; Dias, A. C. C.; Hamawaki, O. T.; Bonetti, A. M. Aspectos fisiológicos e bioquímicos de cultivares de soja submetidos a déficit hídrico induzido por PEG 6000= Phisiological and biochemical aspects of soybean cultivars submitted to water deficit induced by PEG 6000. Bioscience Journal, v. 29, n. 3, 2013. VIEIRA, R. D.; PENARIOL, A. L.; PERECIN, D.; PANOBIANCO, M. Condutividade elétrica e teor de água inicial das sementes de soja. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 37, n. 9, p. 1333-1338, 2002. WANG, Y; FREI, M. Stressed food: the impact of abiotic environmental stresses on crop quality, Agriculture. Ecosystems and Environment, v. 141, p: 271-286, 2011. WILSON, R. F.; NOVITZKY, W. P.; FENNER, G. P. Effect of fungal damage on seed composition and quality of soybeans. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.72, n.12, p.1425-1429, 1995. YAN, W.; TINKER, A. Biplot analysis of multi environment trial data: principles and applications. Canadian Journal of Plant Science, v.86, p.623-645, 2006.