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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO
GROSSO ENTRE 2006 E 2016
PATRÍCIA DE JESUS ANDRADE
C U I A B Á - MT
2016
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO
GROSSO ENTRE 2006 E 2016
PATRÍCIA DE JESUS ANDRADE
Engenheira Agrônoma
Orientador: Prof. Dr. SEBASTIÃO CARNEIRO GUIMARÃES
Coorientadora: Profa. Dra. MARIA APARECIDA BRAGA CANEPPELE
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agricultura Tropical.
C U I A B Á - MT
2016
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FICHA CATALOGRÁFICA
Andrade, Patrícia de Jesus
P000 Qualidade de grãos de soja produzidos em Mato Grosso entre
2006 e 2016. Patrícia de Jesus Andrade. - Cuiabá: Faculdade
de Agronomia e Zootecnia, 2016. 84 p.
Xi, xp.:il.color.
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da
Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título
de doutor em Agricultura Tropical.
Bibliografia: p.
CDU – XXX.XX.XX
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EPÍGRAFE
“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas
pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. ”
CORA CORALINA
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter guiado meus passos nessa etapa da minha vida.
À Universidade Federal de Mato Grosso, por ter me proporcionado
experiências, amigos e conhecimento.
À APROSOJA-MT, pelo apoio financeiro e à coleta das amostras da pesquisa.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-graduação em Agricultura
Tropical, em especial, ao professor Ricardo Amorim pela paciência e auxilio nas
análises estatísticas.
Ao professor Sebastião Carneiro, pela orientação, dedicação e convivência.
Ao professor Carlos Caneppele, pela ajuda e convivência ao longo desses
anos.
Aos membros da banca examinadora, pelas sugestões apresentadas.
Aos alunos do Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical, em
especial: Andréia Quintino da Cruz, Rafael Noetzold e Josilaine Gonçalves da silva.
Aos estagiários do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, pela ajuda e
convivência.
Em especial:
À professora Maria Aparecida Braga Caneppele, pela orientação, confiança,
dedicação e carinho. Sua amizade e companheirismo foram essenciais em toda a
minha trajetória acadêmica. Obrigada por me incentivar e me fazer acreditar que eu
posso e que eu consigo!
Aos meus colegas de trabalho: Clodoaldo M. da Paixão e Gabriela Kloster, pelo
apoio e disponibilidade de ajuda.
À Lineuza Leite Moreira, pela amizade, companhia, apoio e contribuição no
trabalho.
Ao meu esposo, Antônio Augusto Paes de Barros, pela paciência, dedicação,
companheirismo, por me incentivar e principalmente me encorajar nos momentos
difíceis.
Aos meus irmãos Belkior Junior de Andrade e Hellen Cristina de Moraes, e
amigas, Elinalva Aparecida e Leidiane Ferreira pelo carinho, apoio e incentivo.
Aos meus pais, Maria Lúcia e Belchior Fidelis, por me amarem, me apoiarem
e, principalmente, por serem meu Porto Seguro.
Muito obrigada!
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QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA PRODUZIDOS EM MATO GROSSO ENTRE 2006 E 2016
RESUMO – Conhecer a qualidade dos produtos que se comercializa é de fundamental importância para a tomada de decisões no momento do plantio, colheita e negociação. Mato Grosso é considerado um dos principais produtores de soja no país, portanto, torna-se indispensável um estudo sobre a qualidade dos grãos produzidos nesse estado. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as características de qualidade física e química dos grãos de soja produzidos em Mato Grosso em dez safras. Para isso, foram analisadas amostras de grãos de soja colhidos em diferentes regiões do estado entre as safras 2006/07 e 2015/16. Dentre as análises, foram realizadas aquelas utilizadas para a classificação comercial dos grãos; a determinação dos teores de extrato etéreo e proteína bruta; e em algumas amostras, a avaliação da incidência de fungos e a ocorrência de aflatoxinas. Com relação à qualidade física, observou-se que 85% dos grãos de soja produzidos no estado se enquadraram dentro do Padrão Básico para a comercialização, sendo que, no geral, as amostras com maiores porcentuais de grãos avariados foram oriundas das regiões com maiores índices pluviométricos. O defeito mais frequente nos grãos de soja foi o do grão picado por percevejo. As características de qualidade química, extrato etéreo e proteína bruta variaram em função das condições meteorológicas. Os grãos de soja produzidos em Mato Grosso possuem, em média, 20,8% de extrato etéreo e 37,7% de proteína bruta, com menores percentuais encontrados nas cultivares de ciclo precoce. A proteína bruta do grão de soja correlaciona-se positivamente com grãos avariados, principalmente os atacados por fungos. Palavras-chave: grãos avariados, extrato etéreo, proteína, óleo.
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GRAIN QUALITY OF SOYBEAN PRODUCED IN MATO GROSSO FROM 2006 TO
2016
ABSTRACT- Knowing the quality of the products that are marketed is of fundamental importance for making decisions at the time of planting, harvesting and negotiation. Mato Grosso is considered one of the main producers of soy in the country, therefore, a study on the quality of the grains produced in this state is indispensable. The objective of this work was to evaluate the physical and chemical quality characteristics of soybeans produced in Mato Grosso in ten harvests. For that, samples of soybeans harvested in different regions of the state between the 2006/07 and 2015/16 harvests were analyzed. Among the analyzes, were used those for the commercial classification of the grains; The determination of ethereal extract and crude protein contents; And in some samples, the evaluation of the incidence of fungi and the occurrence of aflatoxins. Regarding the physical quality, it was observed that 85% of the soya beans produced in the state fell within the Basic Standard for commercialization, and, in general, the samples with the highest percentage of damaged grains came from the regions with the highest indexes Rainfall. The most frequent defect in soybean grains was stink bug. The characteristics of chemical quality, ethereal extract and crude protein varied according to the meteorological conditions. The soybean grains produced in Mato Grosso have, on average, 20.8% of ethereal extract and 37.7% of crude protein, with lower percentages found in the early cycle cultivars. The crude protein of the soybean grain correlates positively with damaged grains, mainly those attacked by fungi. Keywords: Damaged grains, oil and protein.
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SUMÁRIO Página 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 11
2.1 Evolução da produção de soja na última década ........................................................ 11
2.2 Características de qualidade do grão de soja ............................................................. 14
2.2.1 Qualidade física de grãos de soja ............................................................................ 14
2.2.2 Qualidade química de grãos de soja ....................................................................... 21
2.2.2.1 Variação na composição de proteína e óleo ......................................................... 23
2.2.3 Características sanitárias de qualidade ................................................................... 26
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 28
3.1 Descrição das determinações das variáveis de qualidade ..................................... 30
3.2 Dados meteorológicos ................................................................................................ 34
3.3 Análise estatística ...................................................................................................... 35
3.3.1 Qualidade física - Grãos Avariados – TAV ........................................................... 35
3.3.2 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB) .......................... 35
3.3.3 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB ............................ 35
3.3.4 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação .......................................... 36
3.3.5 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de Total de
grãos avariados (TAV) .................................................................................................. 36
3.3.6 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em diferentes
extratos de TAV ............................................................................................................ 37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 38
4.1 Caracterização do ambiente - dados meteorológicos ................................................. 38
4.2 Qualidade física - Grãos Avariados - TAV .................................................................. 42
4.3 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB) ................................. 47
4.4 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB .................................. 54
4.5 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação ................................................ 59
4.7 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em diferentes
extratos de TAV ............................................................................................................... 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 67
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 69
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 70
9
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja vem ganhando destaque nacional nos últimos anos devido ao
fato de ser considerada uma fonte de proteína de baixo custo e Mato Grosso
apresenta-se como o estado maior produtor de grãos de soja no Brasil, sendo,
portanto, de fundamental importância o conhecimento do produto que se comercializa
ou exporta.
Nas últimas dez safras, os institutos de pesquisas dedicaram-se ao
desenvolvimento de tecnologias visando elevadas produtividades, como também a
métodos mais eficientes de controle de plantas daninhas, pragas e doenças,
minimizando assim o custo final da lavoura, sendo a qualidade do produto final, muitas
vezes, ignorado dentro do processo produtivo. Entretanto, da mesma forma que o
campo evoluiu, outras atividades, que dependem da soja como matéria-prima,
também evoluíram, principalmente no quesito qualidade do produto e, para garantir
as características desejáveis pelo mercado, é necessário que essa matéria-prima
atenda a um mínimo de qualidade.
A qualidade do grão de soja pode ser determinada por indicadores físicos,
químicos e sanitários. Com relação ao padrão de qualidade física, as indústrias
exigem que os grãos sejam secos (teor de água abaixo de 14%), limpos (máximo de
1% de matérias estranhas e impurezas) e contenham até 8% de grãos avariados
(Brasil, 2007).
Dentre as características de qualidade química, as indústrias possuem padrões
internos de exigência quanto ao conteúdo de óleo e proteína no grão de soja e esses
devem atender ao mínimo para a produção, por exemplo, de farelo de soja com alto
teor proteico (Hipro->48% de proteína). Para atingir esse teor de proteína no farelo, o
grão deve ter, em média, 38% de proteína e 19% de óleo. Quando esse valor não é
atingido, é comum a retirada do tegumento da soja, que apresenta menor
concentração de proteína, encarecendo o custo de produção de farelo (Pípolo, 2002).
Entre indústrias, produtores e pesquisadores, há especulações de que os
conteúdos de proteína e óleo no grão de soja estejam sendo reduzidos. Essa redução
tem sido atribuída aos novos materiais genéticos com baixos teores de proteína e óleo
nos grãos. Esse fato foi percebido principalmente pelas indústrias devido à dificuldade
em se produzir o farelo de soja Hipro (farelo com teor de proteína de 48%). Pressupõe-
10
se que, ao melhorar o rendimento do novo cultivar, houve redução nos conteúdos de
óleo e proteína.
Outro constituinte químico de importância é a acidez, que pode acarretar
prejuízos econômicos para as indústrias de produção de óleo, devido à necessidade
de utilização de produtos químicos para neutralizar essa acidez.
Em relação aos aspectos sanitários, a avaliação de micotoxinas não está
inclusa nas análises de rotinas para verificação do padrão de comercialização e,
embora não se tenha um limite específico para grãos de soja, a ANVISA possui
legislação para os alimentos de consumo humano, e o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, para os produtos destinados à alimentação animal.
Existem vários fatores que interferem nas características de qualidades dos
grãos de soja, dentre os quais se destacam os genéticos, os climáticos e suas
interações. Dificilmente o homem conseguirá controlar o ambiente e, por isso,
compreender a interação clima x genética e suas implicações na qualidade dos grãos
poderá servir de ferramenta para a manutenção da qualidade dos grãos e a
comercialização dos mesmos.
Diante do breve exposto, percebe-se que o pagamento por qualidade deverá
ser cada vez mais adotado em função dos maiores retornos que proporcionam às
indústrias e, nesse contexto, a lucratividade do sojicultor passa por um equilíbrio entre
a quantidade e a qualidade dos grãos produzidos, tornando-se indispensável o
conhecimento das principais características de qualidade dos grãos de soja,
principalmente em Mato Grosso, onde se concentra a maior produção brasileira desse
grão.
Portanto, compreendendo a importância desse trabalho, tem-se como objetivo
a caracterização da qualidade física, química e sanitária dos grãos de soja produzidos
no estado de Mato Grosso nas últimas dez safras (2006/07 a 2015/16).
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Evolução da produção de soja na última década
Entre os anos de 2003 a 2013, o consumo da soja aumentou 57% no mundo,
atingindo 269,7 milhões de toneladas, e a produção cresceu 62% no mesmo período,
atingindo 284 milhões de toneladas, tornando-se um dos grãos mais consumidos no
mundo, perdendo somente para o trigo e milho (Cunha e Espíndola, 2015). Cerca de
90% do consumo é destinado ao esmagamento, dos quais 80% são para a produção
de farelo e 20%, para a produção de óleo de soja (USDA, 2014). Esse farelo,
sobretudo, é matéria-prima para a agroindústria de ração, visando ao agronegócio de
carnes (Cunha e Espíndola, 2015).
Estados Unidos, Brasil e Argentina são os maiores produtores de soja no
mundo e, safra após safra, a produção aumenta (Figura 1). Em termos gerais, diversos
foram os fatores que determinaram o aumento de importância da soja no mundo,
dentre eles, destacam-se: o elevado teor de proteínas presentes no grão (em torno de
40%), que serve para alimentação humana e animal; o considerável teor de óleo, que
pode ser utilizado para diferentes fins (biocombustível, alimentação etc.) e a fácil
absorção e utilização de tecnologias de produção (Hirakuri e Lazzarotto, 2014).
Fonte: USDA, 2016, Conab, 2016 e Argentina, 2016
FIGURA 1. Produtividade e Produção de soja nos Estados Unidos da América
(EUA), Brasil (BRA), Argentina (ARG) e Mato Grosso (MT), entre as
safras 2006/07 e 2015/16.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Pro
dutivid
ade (
Kg h
a-1
)
Pro
dução (
milh
ões d
e t
)
Safras
EUA BRA ARG MT EUA BRA ARG MT
12
Embora haja aumento da produção mundial de soja, é possível notar flutuações
na produção e produtividade de soja nas diferentes safras (Figura 1). Os
levantamentos de safras brasileiras, realizados pela Conab, explicam as principais
causas dessas flutuações que, muitas vezes, são decorrentes das intempéries
climáticas.
De acordo com a Conab, a safra brasileira de soja em 2007/08 foi 2,8% superior
à safra anterior. O referido incremento deve-se ao aumento da área plantada,
motivado pelos bons preços do produto e pela expectativa futura de mercado à época
da implantação da cultura, aliados às boas condições climáticas ocorridas durante
todo o ciclo da lavoura e ao alto nível tecnológico usado (Conab, 2008). Em Mato
Grosso, a produção total foi superior 4,7% à safra 2006/07 (Conab, 2008).
Para a Safra 2008/09, havia expectativas iniciais de redução da produção, em
função do elevado custo de produção no início da safra, aliado ao atraso das chuvas
nos estados de Mato Grosso e Goiás (Conab, 2009). A estiagem do último trimestre
do ano reduziu a produtividade em 6,7% em relação à safra anterior. Entretanto,
superando as adversidades, a produção de soja 2008/09 foi 0,64% superior a 2007/08
(Figura 1).
O comportamento climático na safra 2009/10 beneficiou as lavouras de soja,
que tiveram a produtividade média nacional de 2.918 kg ha-1, 11,0% superior à da
safra anterior e o estado de Mato Grosso constituiu-se no maior produtor nacional com
18,72 milhões de toneladas, Figura 1, (Conab, 2010).
A safra 2010/2011 começou sob a influência do La Niña e superou
significativamente as primeiras previsões, principalmente em função do
comportamento do clima. As chuvas, apesar de terem ocorrido abaixo da média em
alguns meses na região Sul, aconteceram na época e na medida certas para o bom
desenvolvimento das culturas de verão (Conab, 2011). Entretanto, na região Centro-
Oeste, nos meses de fevereiro e março, em algumas áreas pontuais, as precipitações
foram mais intensas, causando transtornos à colheita e perda de qualidade do
produto, porém com aumento de produtividade (Conab, 2011).
O fenômeno “La Niña” também influenciou a safra 2011/12, as condições
climáticas adversas caracterizadas por estiagens prolongadas levaram a uma redução
de 11,9% na produção de soja. A região Centro-Oeste foi a que menos sofreu com as
estiagens que, juntamente com o incremento de 6,2% na área de plantio, favoreceram
13
o aumento de produção de soja no Mato Grosso, porém com redução na produtividade
(Figura1) (Conab, 2012).
A safra 2012/13 foi caracterizada pelo atraso, provocado pelo clima, no início
do plantio na Região Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso e Goiás, e a
ocorrência de chuvas coincidindo com a colheita repercutiu nos níveis de
produtividade da lavoura. O excesso de chuvas provocou perdas no enchimento de
grão pela baixa luminosidade, e na colheita, pela alta incidência de ferrugem asiática.
A produtividade média, em Mato Grosso, foi 3,8% inferior à safra anterior. Apesar das
adversidades, nessa safra, a produção brasileira de grãos de soja teve aumento de
22,7%, Figura 1 (Conab, 2013).
A produtividade média de grãos de soja na safra 2013/14 foi inferior 0,7% à
estimativa aguardada, tendo como causa principal os problemas relacionados ao
clima durante o desenvolvimento (falta de chuva) e colheita (excesso de chuva) da
lavoura. A colheita foi concentrada nos meses de fevereiro e março (Conab, 2014).
A Região Centro-Oeste, maior produtora da oleaginosa do país, sofreu forte
estresse hídrico, causando forte impacto no desenvolvimento das lavouras na safra
2014/15. O tempo seco e a estiagem provocaram redução no ritmo do plantio quando
comparado com o mesmo período da temporada anterior. O atraso no plantio só não
foi maior em função das características dos produtores locais, altamente tecnificados,
e que dispõem de equipamentos em quantidade suficiente para acelerar o plantio,
recuperando-se de eventuais atrasos. A melhoria das condições climáticas,
juntamente com as características dos produtores acima mencionadas, contribuiu
para que em novembro tenha ocorrido o maior percentual de plantio da soja nas
últimas seis temporadas (Conab, 2015).
A safra 2015/16, em Mato Grosso, foi caracterizada por seca no plantio e
excesso de chuva na colheita, dificultando o avanço dos trabalhos de campo. Em
alguns municípios do médio-norte e nordeste, algumas cargas da oleaginosa foram
comercializadas com deságio em decorrência das avarias e umidade acima do
padrão. Em relação à produtividade, havia a expectativa de que, no decorrer da
colheita, ocorresse uma recuperação situando em níveis comparáveis à última safra,
fato que não se consolidou plenamente (Figura 1). Contribuiu para isso o fraco
desempenho apresentado pelas variedades de ciclo longo, tendo em vista que estas
lavouras sofreram mais com as condições climáticas adversas, ocorridas
principalmente em fevereiro (Conab, 2016).
14
2.2 Características de qualidade do grão de soja
A demanda por produtos de qualidade é notória em todo o mundo, e esses
devem ser de excelência e com preço competitivo. Entretanto, muitas vezes, o que
determina a qualidade do produto é a matéria-prima utilizada, cabendo às indústrias
somente escolher aquela que atenda ao padrão desejado.
As indústrias esmagadoras movimentam um dos setores mais produtivos da
economia brasileira, sendo a soja e seu complexo, composto por óleo, farelo e casca.
Essas compram a soja pela massa e pelas características relacionadas à qualidade
dos grãos: umidade, impurezas, avariados e acidez, ou seja, a composição química
dos grãos das diferentes cultivares em termos de óleo, proteína, carboidratos, cinzas
e fibras não é considerada. Contudo, se a composição química fosse levada em
consideração, o retorno financeiro poderia ser maior, devido à agregação de valor no
produto final e, possivelmente, a utilização de menor quantidade de matéria-prima
(Sbardelotto e Leandro, 2008).
O aumento nos conteúdos de proteína e óleo agrega valor ao grão e pode
garantir a competitividade da soja brasileira no mercado mundial (Rodrigues, et al.,
2010). Porém, a escolha de material genético de alto potencial de massa de grão não
garante a composição química desejada, pois esta é influenciada por fatores
genéticos e ambientais.
A variabilidade na composição da semente tem sido problemática para a
indústria, pois as concentrações a serem obtidas nem sempre são alcançadas, sendo
imprescindível a determinação da qualidade do grão na hora do recebimento da
matéria-prima. Não há incentivo econômico estabelecido para a criação de cultivares
de soja com altos teores de proteína (Rangel, et al., 2007 e USDA, 2014). A partir dos
programas de melhoramento, podem-se obter genótipos que expressem bons níveis
de proteína, permitindo a discussão de um preço diferenciado por parte da indústria
de alimentação, visto que se consideram apenas as características físicas de
qualidade (Rangel, et al., 2007).
2.2.1 Qualidade física de grãos de soja
A qualidade física é fator crítico e determinante na comercialização dos grãos
de soja. A Instrução Normativa (IN) nº 11 de maio de 2007, do Ministério da Agricultura
15
e Abastecimento (MAPA) (Brasil, 2007a), define o padrão oficial de classificação dos
grãos de soja considerando requisitos de identidade e qualidade intrínseca e
extrínseca, como o teor de água, a porcentagem de impurezas e matérias estranhas
e a porcentagem de grãos avariados (TAV).
Esses requisitos interferem no processo de comercialização, pois a
porcentagem de defeitos nos grãos determina sua classe como exposto nas Tabelas
1 e 2. Lotes de grãos com valores acima dos limites expostos nas Tabelas 1 e 2 sofrem
deságios na comercialização. E lotes de grãos de soja que contêm porcentuais de
defeitos graves (ardidos, queimados e mofados) superiores a 12%, para a soja
destinada diretamente à alimentação humana (Grupo I); e 40% para a soja destinada
a outros usos, como ração e óleo (Grupo II) são desclassificados e é proibida a sua
comercialização.
Nos Estados Unidos, existem três classes de medições no sistema norte-
americano de classes: classe de fatores determinantes, padrões não classificáveis e
os critérios informativos (USSEC, 2006).
TABELA 1. Limites máximos de tolerância (%) de defeitos em grãos para a soja do
Grupo I, destinados à alimentação humana (IN 11).
Tipo
Avariados
Esverdeados Partidos
Quebrados e Amassados
Matérias Estranhas e impurezas
Total Ardidos e
Queimados
Máximo de Queimados
Mofados Total¹
1 1,0 0,3 0,5 4,0 2,0 8,0 1,0
2 2,0 1,0 1,5 6,0 4,0 15,0 1,0
¹ A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos,
(Brasil, 2007a)
TABELA 2. Limites máximos de tolerância (%) de defeitos em grãos para a soja do
Grupo II, destinado à outros usos (IN 11).
Tipo
Avariados
Esverdeados
Partidos Quebrados
e Amassados
Matérias Estranhas
e impurezas
Total Ardidos e
Queimados
Máximo de Queimados
Mofados Total¹
Padrão
Básico 4,0 1,0 6,0 8,0 8,0 30,0 1,0
¹ A soma de queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos,
(Brasil, 2007a).
Os padrões de classificação norte-americanos listam seis fatores
determinantes de qualidade para a soja, que são: o peso da amostra (densidade a
16
granel), a porcentagem de grãos partidos, o total de grãos danificados, grãos
danificados por calor, material estranho e grãos de soja de outras cores (USSEC,
2006). A umidade é um padrão de não classificável e é determinada em cada lote com
os resultados aparecendo em toda inspeção oficial de certificação (USSEC, 2006). A
análise de óleo e proteína são critérios informativos e será executada a pedido
(USSEC, 2006).
No Padrão norte-americano, os limites de tolerância para o total de grãos
danificados são ≤ 2% na soja Tipo 1, entre 2 e 3% na soja Tipo 2, entre 3 e 5% na
soja Tipo 3, entre 5 e 8% na soja Tipo 4 (Figura 2). O Padrão deles pouco difere em
limites de grãos danificados do brasileiro.
FIGURA 2. Padrão americano de classes de qualidade dos
grãos de soja e os requisitos de classificação.
Fonte (USSEC, 2006).
A Norma XVII da câmera de arbitragem Argentina, terceiro maior produtor
mundial de soja, estabelece a Norma de qualidade para a comercialização da Soja,
apresentada na Figura 3. Percebe-se que, no Padrão argentino, o limite de tolerância
para grãos avariados (5%) é mais exigente do que o Padrão brasileiro e o americano.
17
Dentre os Padrões desses três países, percebe-se que o Padrão utilizado no
Brasil é o único que possui limites para os defeitos ardidos e mofados, provavelmente
o clima no Brasil favoreça mais a ocorrência desses defeitos.
Libre de insectos y arácnidos vivos Arbitraje: para los rubros condición "revolcado en tierra", "olores comercialmente objetables" y "granos amohosados", se establece un arbitraje con un descuento sobre el precio de CERO COMA CINCO POR CIENTO (0,5%) a DOS POR CIENTO (2,0%) según intensidad.
Fonte: ARGENTINA, 2008.
FIGURA 3. Norma de qualidade para a comercialização de soja.
A soja é considerada uma commodity agrícola, ou seja, há negociação dos
preços futuros dessa mercadoria antes mesmo de se obter os resultados de
produtividade e qualidade dos grãos. Essa negociação é uma forma de propiciar ao
produtor certa segurança em relação às flutuações dos preços. Isso ocorre devido ao
fato de as atividades agropecuárias serem dependentes das condições climáticas e a
compreensão da influência desse fator sobre a produção e qualidade dos grãos de
soja pode contribuir na comercialização do produto, o que, na maioria desses
negócios, não é ponderado.
As condições ambientais podem interferir na qualidade física dos grãos desde
o momento da colheita, quando esta coincide com o período chuvoso; a retirada dos
grãos do campo torna-se difícil e essa situação acelera o processo de deterioração
18
dos grãos. À medida que aumenta a precipitação ou a umidade relativa do ar,
aumentam também as porcentagens de grãos avariados (Andrade et al., 2010).
Dos fatores de qualidade física, o teor de água dos grãos é de suma
importância, pois este poderá influenciar os demais parâmetros de qualidade. De
acordo com a IN 11 – MAPA (Brasil, 2007a), o limite máximo aceitável de teor de água
em grãos de soja, para o armazenamento e comercialização, é de 14%, e teores
superiores a esse, combinados com condições ambientais inadequadas, podem
permitir a atividade de microrganismos e enzimas, alterando as características
sensoriais do produto (Alencar et al., 2009).
Na condição de armazenamento, esse fator de qualidade também é muito
relevante. Grãos de soja armazenados com teor de água de 14,8% e temperatura de
30ºC mantiveram o Padrão Básico (< 8% de TAV) de qualidade até os 180 dias de
armazenamento e quando armazenados com 12,8 e 14,8% com temperatura de 40ºC,
foram considerados fora do Padrão Básico a partir de 135 e 90 dias, respectivamente
(Alencar et al., 2009).
Entretanto, quando a condição ambiental favorece a secagem dos grãos, isto
também pode interferir na qualidade desses. Grãos muito secos durante o processo
de colheita e debulha podem sofrer injúrias, gerando trincas e escarificações no
pericarpo ou mesmo a ruptura do tegumento do grão, expondo seu conteúdo à ação
de fungos e de insetos, causando reflexos negativos na potencialidade de
armazenamento, na redução da massa específica e na formação de micotoxinas
(Radünz et al., 2006).
Grãos ardidos é considerado um defeito grave e está relacionado ao teor de
água nos grãos e temperaturas elevadas (Santos et al., 2007). Nessa situação,
ocorrem alterações na coloração e o escurecimento dos cotilédones está associado
ao desenvolvimento de fungos e, consequentemente, há deterioração e elevação de
grãos ardidos. Grãos ardidos são considerados um dos defeitos determinantes
analisados durante a classificação, pois além do escurecimento do produto, causa
aumento da acidez do óleo contido no grão, característica indesejável, pois eleva os
custos no processo industrial para se obter óleo de qualidade (Teixeira, 2001).
Outro defeito considerado grave é a presença de grãos mofados, sendo a
presença de mofo indicativa de problemas tóxicos, podendo gerar sérios riscos à
saúde (Thakur e Hurburgh, 2007). Grãos mofados ocorrem em situações de umidade
relativa do ar acima de 60% e temperatura ambiente acima de 25°C, principalmente
19
em casos de oscilações frequentes de temperatura, associadas às chuvas durante o
período de maturidade da soja (Costa et al., 1994; Meronuck, 1987 e Lacerda Filho,
2014). Para Shotwell et al. (1978), grãos de soja sem injúrias, ou seja, intactos, são
mais resistentes ao ataque e proliferação de fungos.
O defeito fermentado é considerado leve e ele antecede o defeito ardido. A IN
11 – MAPA (Brasil, 2007a) diferencia esses defeitos pela tonalidade da cor. Grãos
ardidos são aqueles que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade
e com coloração marrom-escura acentuada, afetando o cotilédone, e os grãos
fermentados são aqueles que, em razão do processo de fermentação, tenham sofrido
alteração visível na cor do cotilédone que não aquela definida para os ardidos. Essas
denominações geram muita polêmica no processo de classificação de grãos.
Amostras com porcentagens de ardidos acima de 4,0% são consideradas como
fora de tipo ou desclassificadas e não há limite para fermentados (somente dentro do
total de avariados), classificações errôneas podem interferir no padrão de
comercialização dos grãos.
Considerando que fermentado é o início do processo de formação de grãos
ardidos, conclui-se que a condição de ocorrência para esses defeitos são as mesmas.
No trabalho de Alencar et al. (2009), ardido foi o defeito que mais contribuiu para o
aumento do total de avariados.
De acordo com Wilson et al. (1995), a descoloração de grãos de soja atribuída
a fungos está relacionada à qualidade e pelo U.S. Official Standards este processo
também é um indicativo de alterações físicas, químicas, presença de metabólitos ou
outras características desfavoráveis (Sinclair, 1992).
Dentre os defeitos leves, grãos picados por percevejos são considerados como
a causa de outros defeitos. A injúria que o percevejo faz no grão facilita a entrada de
patógenos, levando à deterioração dos grãos (Braccini et al., 2003 e Andrade et al.,
2010), e a prejuízos quantitativos e qualitativos, podendo inviabilizar a industrialização
do grão (Sarmento et al., 2002)
Os percevejos filófagos, por se alimentarem diretamente das vagens, atingem
os grãos, afetando seriamente sua qualidade fisiológica e sanitária (Corrêa-Ferreira et
al., 2009)
O total de grãos avariados (TAV) é a soma dos defeitos queimados, ardidos,
mofados, fermentados, germinados, danificados, imaturos e chochos. O TAV, teor de
água dos grãos e a porcentagem de matéria estranha e impurezas são utilizados pelas
20
indústrias de processamento de soja como padrão 14-1-8, ou seja, 14% de tolerância
máxima para o teor de água, 1%, para impurezas e matérias estranhas e 8%, para os
grãos avariados. Para a alimentação humana, o padrão é 14-1-6. Lotes de soja com
valores acima dessa tolerância apresentam desconto conforme a tabela da empresa
recebedora. O desconto é feito com o intuito de compensar os custos causados por
esses fatores, como a secagem, a limpeza e a redução de qualidade do produto final
(Lazzari, 2002).
Dentre as características físicas de qualidade dos grãos, a massa específica
não é levada em consideração no momento da comercialização dos grãos de soja,
como acontece para o trigo. A massa específica aparente ou peso hectolitro (PH) do
trigo é uma propriedade que assume elevada importância para efeito de
comercialização do produto, uma vez que os preços praticados consideram esta
característica como um indicativo de qualidade e rendimento (Lazzari, 2002).
Para Brooker et al. (1992), a massa específica depende do teor de água dos
grãos e da porcentagem de grãos danificados. Silva et al. (1997) afirmaram que baixos
valores de massa específica são encontrados em grãos que perderam matéria seca
excessivamente, devido à infestação de fungos e insetos no campo ou no
armazenamento. Portanto, a massa específica poderia ser utilizada como indicativo
de qualidade dos grãos.
A determinação de condutividade elétrica é uma importante ferramenta para
avaliar a qualidade de sementes de soja, não sendo muito utilizada para grãos. Porém,
o valor da condutividade está relacionado com a quantidade de íons lixiviados para a
solução, e esse está relacionado com a integridade da membrana celular e
membranas e células danificadas são normalmente associadas com o processo de
deterioração dos grãos e sementes (Krzyzanowski, 1999; Vieira, 1994). Ou seja,
quanto maior a deterioração dos grãos, maiores os valores de condutividade elétrica.
Para sementes, os menores valores no teste de condutividade elétrica
correspondem à menor liberação de exsudatos, indicando alto potencial fisiológico. A
realização do teste de vigor em sementes de alto e baixo vigor, com diferentes teores
de água, encontram valores entre 47 e 93 µS cm-1 g-1 para os lotes de alto vigor e
entre 68 e 140 µS cm-1 g-1, para os de baixo vigor (Vieira et al., 2002). Para grãos, não
há padrões de classificação.
21
2.2.2 Qualidade química de grãos de soja
A soja e seus derivados são classificados como alimentos de alto valor
nutricional que trazem benefícios à saúde humana, pois reduzem alguns fatores de
risco de doenças crônicas, como diabetes mellitus, câncer, doenças cardiovasculares,
osteoporose e outras (Lee et al., 2007).
O teor de proteína em soja pode atingir 40%, enquanto que nas demais
leguminosas o valor mais comum é de 20 a 25% (Mateos-Aparicio et al., 2008). Entre
as 17 commodities de óleo e gordura, a soja ocupa o primeiro lugar na produção de
óleo vegetal no mundo (Farhoosh et al., 2009). Outros constituintes do grão de soja
são minerais, como ferro, potássio, magnésio, zinco, fósforo, manganês, vitaminas do
complexo B e fibras, como descrito na Tabela 3.
TABELA 3. Composição química da soja
Composição Quantidade
Energia (Kcal) 417,0
Umidade (%) 11,0
Proteínas (%) 38,0
Lipídeos (%) 19,0
Carboidratos (%) 23,0
Açúcares e Fibra Alimentar* (%) 4,0
Cinzas (%) 5,0
Cálcio (mg/100 g) 240
Fósforo (mg/100 g) 580,0
Ferro (mg/100 g) 9,4
Sódio (mg/100 g) 1,0
Potássio (mg/100 g) 1900,0
Magnésio (mg/100 g) 220,0
Zinco (μg/100 g) 3200,0
Cobre (μg/100 g) 980,0
Vitamina A (μg/100 g) 12,0
Vitamina E (mg/100 g) 1,8
Vitamina B1 (mg/100 g) 0,8 * A fibra alimentar é constituída pelo teor das fibras propriamente ditas e pelo teor dos carboidratos insolúveis. Fonte: Kagawa, 1995.
Dentre os constituintes químicos da soja, proteína bruta, extrato etéreo e acidez
são os mais importantes para as indústrias.
As proteínas são essenciais na dieta humana e seu valor biológico e nutricional
depende da quantidade, digestibilidade, absorção e utilização dos aminoácidos que a
22
compõem. A digestibilidade indica o quanto das proteínas é hidrolisado pelas enzimas
digestivas e absorvido pelo organismo e o quanto foi excretado nas fezes, constituindo
o primeiro fator que afeta a eficiência da utilização proteica na dieta (Monteiro et al.,
2004).
A qualidade da proteína não é medida por valores quantitativos, ela refere-se a
sua capacidade de satisfazer os requerimentos nutricionais do homem por
aminoácidos essenciais e nitrogênio não essencial, para fins de síntese proteica
(Blanco e Bressani, 1991). Grãos com altos teores de proteína podem não estar
associados a altos teores de aminoácidos (constituintes essenciais na dieta humana
e animal), mas somente associados ao acúmulo de nitrogênio na forma de amônio e
nitrato, ou seja, nitrogênio não proteico (Schmidt et al., 2004).
O nitrogênio não proteico (NNP) não se apresenta como aminoácidos reunidos
por vínculo formando peptídeos. Existe grande variedade de compostos
caracterizados como NNP, tais como os compostos de purinas e pirimidinas, ureia,
biureto, ácido úrico e sais de amônio e nitratos (Aquino et al., 2009).
A fração de extrato etéreo é composta por substâncias solúveis em solventes
orgânicos, como, por exemplo, gorduras, óleos, pigmentos, entre outros (Silva e
Queiroz, 2005). Na soja, os triglicerídeos (óleo) são os principais componentes da
fração lipídica. O óleo de soja contém aproximadamente 11% de ácido palmítico (C
16:0), 4% de esteárico, 24% de oleico (C 18:1), 54% de linoleico (C 18:2) e 7% de
linolênico (C 18:3) (Lanna et al., 2005).
A composição e distribuição dos ácidos graxos livres e das moléculas de
triacilgliceróis determinam a qualidade do óleo, o valor nutricional, o sabor e
propriedades físicas, tais como a estabilidade oxidativa e o ponto de fusão (Lanna et
al., 2005).
Os ácidos graxos mais conhecidos são os das famílias ômega 9 (ω-9), ômega
6 (ω-6) e ômega 3 (ω-3), sendo seus principais representantes o ácido oleico, o ácido
linoleico e o ácido linolênico, respectivamente. Os dois últimos são considerados
essenciais por não serem sintetizados pelo organismo humano, estando presentes
em óleos vegetais, como o óleo de soja, canola e linhaça, além de outros produtos
derivados dessas fontes vegetais (Benatti et al., 2004).
A acidez é utilizada como indicador de qualidade, uma vez que está relacionada
com a qualidade da matéria-prima (Lazzari, 2002). O índice de acidez total em soja
varia, naturalmente, entre 0,3 e 0,5 % quando os grãos estão em formação até a fase
23
de maturação fisiológica. Quando os grãos estão em condições de colheita (máximo
22% b.u.), inicia-se o processo degradativo, proporcionado por operações
inadequadas, até a fase industrial, em que são toleráveis níveis de até 0,7 % de ácidos
graxos livres (Liu, 1997).
Grãos com acidez superior a 0,7% necessitam ser neutralizados em função da
exigência do mercado de óleo (Lacerda Filho et al., 2008). Segundo os mesmos
autores, pode ocorrer perda de óleo em nível dobrado ao de acidez, ou seja, o
incremento de 0,1% de acidez no óleo bruto proporciona redução de 0,2% na massa
de óleo. Torna-se evidente, portanto, que é mais econômico conservar a qualidade
dos grãos durante a fase de armazenagem do que corrigir a acidez (Lacerda Filho et
al., 2008).
2.2.2.1 Variação na composição de proteína e óleo
Os teores de proteína e de óleo dos grãos de soja podem variar em função do
ambiente, do genótipo e da interação desses fatores. Embora a genética geralmente
seja considerada categórica na composição química, as variáveis meteorológicas
também podem influenciar o rendimento de óleo e proteína dos grãos (Rotundo e
Westgate, 2009). Kumar (2006) afirma que a latitude apresentou correlação negativa
com o conteúdo de proteína no grão e positiva com óleo, ou seja, locais de baixa
latitude produzem grãos com porcentagens maiores de proteína e menores de óleo.
Cultivares de soja adaptadas à baixa latitude (maior incidência de radiação solar e
maiores médias de temperatura do ar) apresentaram conteúdo de proteína variando
de 39,45 a 44,5%, média de 41,9% e óleo com valores entre 20,0 e 23,2%, com média
de 21,6% (Vasconcelos et al. 2006).
Dentre os elementos climáticos, a temperatura é um importante fator que
interfere na composição química dos grãos. Pípolo et al. (2004), estudando a
influência da temperatura (17 a 33°C) a partir da fase reprodutiva R5 (início do
enchimento do grão) na composição química do grão de soja (cultivada in vitro),
observaram que o aumento da temperatura diminuiu a proteína e o óleo dos grãos na
maioria dos casos, principalmente quando a taxa de crescimento foi máxima (25°C).
As concentrações de óleo e proteína foram as mais baixas, porém a concentração de
óleo e proteína se relacionou positivamente com a temperatura. Nestas condições in
vitro, o acúmulo de matéria seca foi inferior. Em média, a diminuição do teor foi menos
24
pronunciada para a proteína (aproximadamente 7%) do que para o óleo
(aproximadamente 15%).
Rotundo e Westgate (2009) verificaram que faixas de temperatura média alta
(>26ºC) e baixa (< 26ºC), a partir de R5, interferiram no conteúdo de óleo e proteína
de forma diferente. Tratamentos com faixa de temperatura elevada (> 26ºC)
apresentaram efeito oposto sobre as concentrações de proteína e óleo, houve
diminuição da concentração de óleo; e aumento da concentração de proteína, e o
aumento de temperatura na faixa baixa (< 26 ºC), aparentemente, não teve efeito
significativo sobre esses teores químicos. As temperaturas mais altas são conhecidas
por aumentar a taxa de crescimento da semente e reduzir o tempo de enchimento
(Rotundo e Westgate, 2009). No caso da soja, elevadas temperaturas aceleram o
processo de maturação dos grãos (Farias et al., 2007).
Outro fato que pode ser relacionado ao aumento do conteúdo de proteína nos
grãos de soja, em condições de temperatura mais elevada, é o aumento na taxa de
assimilação de nitrogênio nessas condições. Com o óleo acontece o inverso, pois são
mais dependentes de fotoassimilados que são afetados negativamente pelo aumento
da temperatura, em particular na faixa acima de 26°C e, pelo fato de a síntese de óleo
ser de duração mais curta, a possibilidade de recuperação do conteúdo de óleo é
mínima (Rotundo e Westgate, 2009).
É importante ressaltar que a temperatura não influencia somente o conteúdo
de óleo, mas também a composição da fração lipídica, em particular, a relação entre
os ácidos graxos insaturados. O conteúdo desses ácidos nas sementes é
marcadamente diferente quando estas são submetidas a temperaturas contrastantes.
O conteúdo de ácido palmítico e esteárico não foi afetado pelas temperaturas entre
13 e 22ºC e entre 28 e 34ºC, mas, nas temperaturas mais baixas, o conteúdo de ácido
oleico diminuiu, enquanto que o do linoleico e do linolênico aumentou (Lanna et. al,
2005).
A condição hídrica, juntamente com a temperatura, é considerada um dos
principais fatores que interferem na composição química da semente de soja. Em
condição de deficiência hídrica, o percentual de proteína foi mais elevado nos grãos
das plantas que não receberam irrigação, o menor teor de proteína nos grãos do
tratamento irrigado pode estar relacionado ao fator diluição, uma vez que o rendimento
de grãos foi maior e o conteúdo de óleo não foi alterado pelo estresse hídrico (Maehler,
2003).
25
Restrições hídricas no período reprodutivo elevam os teores de proteínas
(Albrecht et al., 2008), entretanto Rotundo e Westgate (2009) explicam que o estresse
hídrico reduz o ciclo da planta e a produção de todos os componentes da mesma
maneira, ou seja, não há incremento significativo de proteína.
Genótipos com alta porcentagem de proteína nos grãos tiveram baixas
produtividades, curta duração do período de enchimento de grão e rápidas
distribuições do nitrogênio e acumulação da matéria seca (Albrecht et al., 2008). Em
grãos produzidos sob algum estresse como restrição hídrica e alteração nos raios UV,
a concentração de proteína tende a ser menos diluída, resultando em aumento da
concentração desse componente no grão (Wang e Frei, 2011).
A época de colheita também é fator influente na composição química dos grãos
que, quando colhidos no estádio R6, apresentam menor teor de proteínas, ácido fítico
e sacarose e maior teor de lipídios, carboidratos, amido, glicose, frutose, estaquiose
e ácido linolênico, quando comparados com os colhidos no estádio R8 (Santana, et
al., 2012). Durante o desenvolvimento dos grãos de soja, a acumulação de óleo é
muito rápida e ocorre em estágios iniciais, enquanto que a proteína é acumulada em
fases posteriores, de 20 a 40 dias após o florescimento (Saldivar, et. al., 2011).
As condições de manejo da cultura também interferem nos constituintes
químicos da semente. Meschede et al. (2004), avaliando o teor de proteína nas
sementes mediante adubação foliar e com aplicação de molibdênio e cobalto via
tratamento de sementes, concluíram que o teor de proteína dos grãos de soja
aumentou de 36,87% para 38,39%. Esse fato pode estar associado à melhoria na
eficiência da fixação biológica do nitrogênio, uma vez que os elementos citados são
considerados essenciais para tal processo.
Trabalho realizado por Mann et al. (2002), em Minas Gerais, avaliando a
influência da aplicação de manganês na folha e no solo, sobre a qualidade de
sementes de soja, em duas cultivares, concluiu que os menores teores de proteína
foram detectados nos tratamentos testemunha, sem aplicação de manganês e os
maiores teores foram encontrados nos tratamentos que receberam as maiores doses
de manganês. Os teores de óleo também apresentaram um acréscimo de 20% nos
tratamentos que receberam manganês.
Variações no conteúdo de proteína em soja é atribuído, também, ao
melhoramento genético que nos últimos anos desenvolveram cultivares com o objetivo
de aumentar a produtividade, entretanto, a melhoria no rendimento não foi
26
acompanhada pelo aumento no conteúdo de proteína; aparentemente, há uma
relação inversa entre essas duas características. Nos últimos 60 anos, houve uma
diminuição no conteúdo de proteína da soja dos cultivares modernos (Mahmoud et al.,
2006).
O progresso no desenvolvimento da soja é significante, entretanto os estudos
utilizam bases genéticas estreitas, não trazendo melhorias quanto ao conteúdo de
proteína. A exploração de base genética mais diversificada é uma promessa na
exploração de melhoria de cultivares para o incremento de características
agronômicas e componentes negociáveis, como o conteúdo de proteína. Entretanto,
embora o conteúdo de proteína no grão tenha diminuído, a qualidade da proteína não
foi alterada, ou seja, a composição dos aminoácidos é a mesma (Mahmoud et al.,
2006).
2.2.3 Características sanitárias de qualidade
Os fungos presentes nos grãos podem ser divididos em dois grupos: os que
apenas produzem grãos ardidos e os que, além da produção de grãos ardidos, são
exímios produtores de toxinas, denominadas micotoxinas. Entretanto, a presença do
fungo toxigênico não implica, necessariamente, na produção de micotoxinas, pois
essas estão intimamente relacionadas à capacidade de biossíntese do fungo e das
condições ambientais predisponentes como, em alguns casos, a alternância entre
temperaturas diurna e noturna (Pinto, 2005).
Micotoxinas são definidas como sendo os metabólitos secundários, produzidos
por fungos filamentosos, esses metabólitos são formados durante o final da fase
exponencial de crescimento dos fungos e podem causar danos aos animais e ao
homem devido ao seu potencial tóxico (Jay, 2005; Oliveira et al., 2010).
As micotoxinas associadas aos grãos são uma das principais causas de não
conformidade em relação a alimentos seguros. A resolução n° 07 -ANVISA, de 18 de
fevereiro de 2011 (Brasil, 2011), que dispõe sobre os limites máximos tolerados (LMT)
para micotoxinas em alimentos, estabelece o limite de 20 µg kg-1 de aflatoxinas
(AFB1+AFB2+AFG1+AFG2 e AFM1) para alimentos destinados ao consumo humano
e 50 µg kg-1 para qualquer matéria-prima a ser utilizada diretamente ou como
ingrediente para rações destinadas ao consumo animal, este limite é comparável aos
27
estabelecidos por outros países e recomendado pela Organização para Alimentação
e Agricultura (Van Egmond, 2004).
Os produtos agrícolas estão constantemente sujeitos à contaminação fúngica,
sendo que as principais espécies de fungos toxigênicos com capacidade de produzir
micotoxinas são os dos gêneros Aspergillus, Penicillium e Fusarium (Oliveira et al.,
2010). Em grãos e produtos processados de soja, as principais micotoxinas relatadas
são: aflatoxinas (B1, B2, G1, G2), deoxinivalenol, nivalenol, ocratoxina A e
zearalenona, (Sassahara et al., 2003; Martinelli et al., 2004), sendo que a grande fonte
de contaminação por aflatoxina B1 e zearalenona é devida às impurezas e/ou
matérias estranhas presentes no lote de grãos (Oliveira et al., 2010).
A aflatoxina B1 apresenta maior poder toxigênico, seguida por G1, B2, e G2, e
a sua produção é influenciada por fatores físicos, químicos e biológicos; dentre os
fatores físicos, incluem-se a umidade do substrato maior que 14% e a temperatura do
ambiente maior que 25°C (Freire et al., 2007).
Em relação aos fatores químicos, Failla et al. (1986) afirmam que o zinco
desempenha papel de destaque na biossíntese de muitos metabólitos secundários,
incluindo policetídeos do grupo das aflatoxinas. O zinco liga-se ao ácido nucléico,
afetando a expressão dos genes de algumas enzimas envolvidas no metabolismo dos
fungos toxigênicos e na síntese das micotoxinas.
28
3 MATERIAL E MÉTODOS
A avaliação da qualidade dos grãos de soja produzidos em Mato Grosso nas
safras de 2006/07 a 2015/16 foi realizada em amostras de grãos de soja obtidas em
diferentes regiões do estado. Para a definição das regiões, foi utilizado o mapa de
macrorregiões do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) (Figura
4).
FIGURA 4. Mapa de macrorregiões do Instituto Mato-grossense de
Economia Agropecuária.
(Fonte: IMEA, 2010)
As coletas de grãos de soja foram realizadas nos municípios descritos abaixo:
Região Centro-Sul: Diamantino, Nortelândia, Nova Marilândia,
Poconé, Santo Antônio do Leverger e Tangará da Serra.
Região Médio-Norte: Cláudia, Ipiranga do Norte, Lucas do Rio Verde,
Nova Mutum, Tapurah, Santa Carmem, Santa Rita do Trivelato, São
José do Rio Claro, Sinop, Sorriso e Vera.
Região Nordeste: Água Boa, Bom Jesus do Araguaia, Canabrava do
Norte, Canarana, Gaúcha do Norte, Nova Xavantina, Porto Alegre do
Norte, Ribeirão Cascalheira e Querência.
29
Noroeste: Brasnorte e Santo Antônio do Leste.
Região Oeste: Campo Novo do Parecis, Campos de Júlio e Sapezal.
Região Sudeste: Alto Garças, Alto Taquari, Barra do Garças, Boa
Esperança, Campo Verde, Dom Aquino, General Carneiro, Guiratinga,
Jaciara, Itiquira, Pedra Preta, Primavera do Leste, Poxoréo e
Rondonópolis.
Na primeira safra, o número de amostra foi inferior aos demais por ter sido
estipulado um número máximo de 60 amostras. Entretanto, para maior
representatividade, houve a necessidade de aumentar o número de amostras nas
demais safras. A região Noroeste foi representada por apenas dois municípios, nos
quais nem sempre foi possível a coleta de amostras, por isso o número reduzido de
amostras nessa região (Tabela 4).
TABELA 4. Número de amostras coletadas de grãos de soja colhidos nas safras de
2006/07 a 2015/16, por região, no estado de Mato Grosso.
Safra Região/MT
Total Centro- Sul
Médio- Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste
2006/07 18 6 9 0 6 27 66
2007/08 0 33 27 3 33 21 117
2008/09 6 30 30 0 39 21 126
2009/10 33 54 33 0 51 33 204
2010/11 18 70 65 0 36 54 243
2011/12 14 33 29 17 22 66 181
2012/13 3 34 22 2 30 34 125
2013/14 21 75 25 2 30 30 183
2014/15 9 84 60 9 30 66 258
2015/16 20 48 34 2 22 63 189
Total 142 467 334 35 229 415 1692
As amostras de 1 kg de grãos de soja foram coletadas durante o esvaziamento
do depósito da colhedora pelos supervisores de campo da Associação dos Produtores
de Soja e Milho do estado de Mato Grosso (APROSOJA-MT) e enviadas ao Núcleo
de Tecnologia em Armazenagem (NTA) da Universidade Federal de Mato Grosso.
No laboratório (NTA), essas amostras foram identificadas, homogeneizadas e
aferidos os teores de água; e aquelas amostras que apresentaram teor de água
superior a 14% foram secas ao ar livre (± 30°C) e guardadas em câmara fria (± 20°C
30
e 60%) até o momento das análises das características de qualidade. Na figura 5, tem-
se a representação esquemática do fluxograma de rotina de análises realizada nas
amostras de soja.
FIGURA 5. Fluxograma das ações após o recebimento das amostras no laboratório.
3.1 Descrição das determinações das variáveis de qualidade
a) Teor de água (%): obtido por duas metodologias: Quando do recebimento das
amostras no laboratório: foram realizadas em triplicata, utilizando-se o aparelho
G810-Gehaka®. Este aparelho funciona pelo princípio da capacitância, ou seja,
mede a constante dielétrica do grão colocado entre as duas placas de um
capacitor. Como a leitura do teor de água pode ser afetada, umidade,
composição química do material, temperatura, frequência usada, densidade do
grão, forma e dimensões do grão, a não homogeneidade do material, entre
Amostras 1 kg
Identificação
Homogeneização
Determinação do Teor de água (TA)
(G810 - Gehaka®)
Armazenamento em câmara fria
Qualidade Física
Teor de água
Classificação de grãos (IN – 11)
Massa específica
Massa de mil grãos
Condutividade elétrica
Qualidade Química
Proteína bruta (PB)
Nitrogênio não proteíco
Nitrogênio proteico
Extrato etéreo (EE)
Acidez
Qualidade Sanitária
Incidência de fungos (Blotter teste)
Aflatoxinas
Amostras com TA > 14%
Secagem em condições ambientais
31
outros fatores; os resultados obtidos nesse aparelho foram auferidos com os
obtidos na estufa de secagem.
Quando da aferição do aparelho G810: foi realizado em estufa de
secagem por 24 horas ± 1 h a 105 ± 3ºC, de acordo com as RAS - Regras
para Análises de Sementes (Brasil, 2009).
b) Massa específica (kg m-³): obtida de forma indireta, utilizando o aparelho
G810-Gehaka® e os resultados expressos em kg hL-1 foram transformados em
kg m-3 de acordo com metodologia proposta por Brasil (2009), que é a medida
dessa característica no sistema internacional de medidas. Os valores de massa
específica foram corrigidos para o menor teor de água encontrado nas
amostras de grãos de soja.
c) Massa de mil grãos (g): obtida em triplicata, utilizando-se 08 (oito)
subamostras de 100 grãos, cujas massas foram determinadas em balança com
sensibilidade de centésimos de grama. A determinação seguiu as Regras de
Análise de Sementes (Brasil, 2009). Os valores de massa de mil grãos foram
corrigidos para o menor teor de água encontrado nas amostras de grãos de
soja.
d) Classificação física (%): realizada por meio da quantificação do percentual
de grãos avariados (queimados, ardidos, mofados, fermentados, germinados,
danificados, imaturos e chochos), esverdeados, quebrados, partidos e
amassados com base no Padrão de Qualidade da Soja estabelecido pela
Instrução Normativa nº11 – MAPA de 15 de maio de 2007 (Brasil, 2007a) e pela
IN nº 37 - MAPA de 27 de julho de 2007 (Brasil, 2007b).
e) Condutividade elétrica (µS cm-1 g-1): a condutividade elétrica na solução
contendo os grãos de soja foi feita de acordo com a metodologia de “Sistema
de copo” (Vieira e Carvalho, 1994), utilizando-se condutivímetro de bancada
digital – modelo DM-32 – da marca Digimed®. Os testes foram realizados em
quadruplicata utilizando-se 50 grãos para cada amostra. Após a obtenção dos
resultados de condutividade elétrica, estes foram corrigidos com base no teor
de água, segundo a eq. 2. (Carvalho, 1994).
𝐶𝐸 = [0,3227 + 0,0511(𝑇𝐴)]×𝐶𝐸𝑜 (2)
Em que:
CE é a condutividade elétrica corrigida (µS cm-1 g-1);
32
TA é o teor de água observado nas sementes (%);
CEo é a condutividade elétrica observada (µS cm-1 g-1).
As análises de proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas por
dois métodos: o químico (padrão) e o método indireto de espectroscopia de
infravermelho próximo (NIR). As análises químicas foram utilizadas para aferir o
método indireto, que foi o mais utilizado para a determinação de PB e EE por ser
rápido, não destrutivo e de menor custo, visto que não utiliza reagentes químicos.
f) Proteína Bruta - PB (%):
Químico: utilizado nas determinações das amostras das safras 2006/07
a 2011/12. Neste método, a proteína bruta foi obtida a partir da
determinação, em amostras secas e moídas, do nitrogênio total por meio
da técnica do Kjeldahl (1883) com as adequações propostas por Silva e
Queiroz (2005). A análise foi realizada em duplicata e o valor de N total
multiplicado pelo fator 6,25.
Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR): a porcentagem de
proteína bruta foi obtida em amostras de aproximadamente 60 g de
grãos secos (≅13,0%), limpos e inteiros, sem destruição das amostras
no aparelho NIR Spectra Analyzer, modelo Premium, marca Zeutec®,
provido de 19 filtros e faixa espectral entre 1445-2348 nm. A curva de
predição de proteína bruta foi obtida com o auxílio do software
Application Worx, utilizando-se 393 amostras com coeficiente de
correlação (r) = 0,8537 e erro padrão da calibração (RMSEC) =0,9017.
A validação simples foi realizada cruzando os resultados dos valores
obtidos na curva de calibração com o resultado da análise química,
utilizando 30 amostras que não compuseram o banco de dados da curva
de calibração.
g) Extrato Etéreo - EE (%):
Químico: neste método, o teor de EE baseou-se na extração da fração
gordurosa por meio de arraste de solvente, em duas subamostras de 0,5
g de grão moído, utilizando o aparelho Goldfisch modelo SL201/6 e éter
de petróleo como solvente. Após a extração, as cápsulas foram secas a
33
105°C por 1 hora e pesadas. O resultado foi expresso em porcentagem
(Silva e Queiroz, 2005).
Espectroscopia de Infravermelho Próximo (NIR): O procedimento
utilizado no NIR para a determinação da porcentagem de EE foi
semelhante ao da porcentagem de PB. A curva de predição de EE
utilizou 177 amostras, com coeficiente de correlação (r) = 0,75 e erro
padrão da Calibração (RMSEC) =0,6894.
h) Nitrogênio não proteico (NNP) (%): O nitrogênio não proteico foi determinado
no sobrenadante obtido após a precipitação das proteínas com ácido
tricloroacético (TCA) 5%, conforme método indicado por Campos e Nussio
(2004). Os valores foram expressos em porcentagem.
i) Nitrogênio proteico (NP) (%): Obtido pela diferença entre o nitrogênio total
obtido por meio da técnica do Kjeldahl na análise de proteína bruta, e o
nitrogênio não proteico. Os valores foram expressos em porcentagem.
j) Acidez (%): A análise foi realizada de acordo com a metodologia AOCS (1997)
método 5a-40. A determinação é via titulação, utilizando hidróxido de sódio 0,1
mol/L como padrão. Este método permite determinar a acidez livre em óleo
removido da semente por hexano extraído à temperatura ambiente, sendo o
resultado expresso em percentual de acidez na amostra (g 100 g-1).
k) Aflatoxinas (μg kg-1): Para quantificação das aflatoxinas, amostras de 0,1 kg
de grãos de soja foram encaminhadas para o Laboratório SAMITEC (Instituto
de Soluções Analíticas Microbiológicas e Tecnológicas - RS), credenciado pelo
MAPA. A ocorrência de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) nos grãos de soja foi
determinada pela metodologia de separação por cromatografia líquida e
detecção por espectrometria de massas (LC-MS/MS).
l) Incidência fúngica: A quantificação de fungos presentes nos grãos de soja
foi realizada utilizando-se o teste de incubação em papel filtro “Blotter Test”
seguindo a metodologia proposta por Neergaard (1977), modificado por
Machado (2003), com restrição hídrica.
34
3.2 Dados meteorológicos
Os dados meteorológicos de 22 estações automáticas, localizadas nas
diferentes regiões do estado de Mato Grosso (Figura 6), foram obtidos junto ao
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Nessas estações, eram registrados diariamente os valores de radiação solar,
temperatura mínima, média e máxima do ar, umidade relativa mínima, média e
máxima do ar e precipitação. Foram realizados os seguintes procedimentos:
Radiação solar (MJ m-2 dia-1): obtenção de média diária e mensal;
Temperatura mínima (°C) e umidade relativa (%) mínima: seleção da mínima
do dia, e obtenção da média mensal de mínima;
Temperatura máxima (°C) e umidade relativa máxima (%): seleção da máxima
do dia e obtenção da média mensal.
Temperatura média (°C) e umidade relativa média (%): média diária e mensal;
Precipitação (mm): soma dos registros mensais.
FIGURA 6. Posição geográfica dos pontos onde foram coletadas
as amostras de grãos de soja, entre as safras 2006/07
e 2015/16, e das estações meteorológicas utilizadas
para obtenção dos dados de tempo.
35
Para a caracterização das condições ambientais, foram consideradas as
médias do primeiro trimestre do ano (janeiro, fevereiro e março), provável período de
floração e enchimento de grãos. As médias foram plotadas em gráficos que
expressaram os resultados por safra e por região com o uso do programa Microsoft
Excel 2010.
3.3 Análise estatística
3.3.1 Qualidade física - Grãos Avariados – TAV
Para verificar a qualidade física dos grãos de soja, foi realizada análise de
variância e teste de média por safra e região utilizando os dados obtidos entre as
safras 2006/7 e 2014/15 com o auxílio do programa SISVAR (Ferreira, 2008). Para a
obtenção de normalidade e homogeneidade dos dados, as médias foram
transformadas em √𝑥 + 1,
Os resultados também foram plotados em gráficos do tipo boxplot com o intuito
de verificar a variação de grãos avariados, ardidos, mofados, fermentados e picados
por safra e região. Para a produção dos gráficos, foi utilizado o programa IMB SPSS
Estatistics versão 22.
3.3.2 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB)
Realizado como descrito no item de qualidade física, ou seja, testes de médias,
mas com os dados das safras 2006/07 a 2015/16 e o boxplot.
3.3.3 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB
Com o intuito de verificar a relação entre os elementos meteorológicos e a
qualidade química e física dos grãos, foi realizada a correlação de Pearson, com as
médias por safra e região das variáveis: grãos avariados, proteína bruta, extrato
etéreo, temperaturas e umidade relativa do ar máxima, média e mínima, radiação solar
e precipitação, utilizando o programa IMB SPSS Estatistics versão 22.
36
Neste estudo também foram gerados mapas de quantis para o total de grãos
avariados, extrato etéreo, proteína bruta, temperatura e precipitação com os dados de
todas as safras, utilizando-se o programa ArcGIS 10.2®
3.3.4 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação
A análise de cultivares foi realizada com o objetivo de verificar se houve
diferença no teor de extrato etéreo e proteína bruta nas cultivares de soja de mesmo
ciclo de maturação, cultivadas em diferentes regiões dentro de uma mesma safra. As
cultivares foram classificadas, de acordo com o Grupo de maturidade (GM), em:
Precoce: até GM 7.9
Semiprecoce: de GM 8.0 a 8.3
Médio: de GM 8.4 a 8.5
Semitardio: de GM 8.6 a 8.8
Tardio: GM > 8.9
Para a análise de variância e a realização do teste de Scott-Knott, foi utilizado
o programa SISVAR (Ferreira, 2008).
3.3.5 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de
Total de grãos avariados (TAV)
Para essa análise, foram selecionadas 105 (cento e cinco) amostras com
variação nas porcentagens de grãos avariados (TAV) de aproximadamente zero a
aproximadamente 100%.
Pela dificuldade em se conseguir amostras com porcentagens de avariados
acima de 20%, essas foram compostas por misturas de amostras com porcentagem
de grãos avariados inferior a 20% e com defeitos, ou seja, acrescentou-se, em uma
amostra com porcentagem de grãos avariados conhecida, grãos com defeitos para
elevar essa porcentagem de avariados até o nível desejado.
Adotou-se como critério a mistura de grãos com mesmo tamanho e coloração
de casca e hilo.
Para a execução da análise estatística dos dados, as amostras desse
experimento foram separadas nos seguintes extratos:
37
Extrato 1: 0 – 4% de TAV, contendo 12 amostras; coincide com o Grupo I
e Tipo 1.
Extrato 2: 4,1 – 6% de TAV, contendo 16 amostras; coincide com o Grupo
I e Tipo 2.
Extrato 3: 6,1 – 8% de TAV, contendo 19 amostras; coincide com o Grupo
II e Padrão básico.
Extrato 4: 8,1 – 10% de TAV, contendo 15 amostras;
Extrato 5: 10,1 – 15% de TAV, contendo 12 amostras;
Extrato 6: 15,1 – 20% de TAV, contendo 10 amostras;
Extrato 7: > 20% de TAV, contendo 21 amostras.
Para verificar diferenças de qualidade física, química e sanitária entre as
classes de grãos avariados, foi realizado o teste de média Scott-Knott utilizando o
programa SISVAR (Ferreira, 2008). Para variáveis grãos avariados, grãos ardidos,
mofados, fermentados, picados e condutividade elétrica, em que o coeficiente de
variação (Cv) foi acima de 30% e não apresentaram normalidade, houve a
necessidade de transformar as médias em √𝑥 + 1.
3.3.6 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em
diferentes extratos de TAV
Neste estudo, foi realizada a correlação de Pearson entre as variáveis de
qualidade física, química e sanitária, utilizando-se o programa IMB SPSS Statistics
versão 22.
38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização do ambiente - dados meteorológicos
As médias de temperatura e radiação solar do decênio compreendido entre as
safras 2006/07 e 2015/16 estão representadas na Figura 7. Para esse período, as
médias de temperatura durante os meses de janeiro, fevereiro e março (época de
enchimento de grãos) foram de 33,3ºC de máxima, 26,5°C de média e 19,7°C de
mínima (Figura 7), valores maiores que os observados no período da última normal
climatológica (1961-1990) realizada na região que foram de 31,5°C, 25,3°C e 21,2°C,
respectivamente (Ramos, 2009). Embora maiores, os valores estão dentro dos limites
de exigência da cultura, que preconiza temperaturas médias entre 20ºC e 30ºC, sendo
30ºC a temperatura média ideal para seu desenvolvimento (Embrapa, 2011).
FIGURA 7. Médias da radiação solar (linha) e temperaturas máxima, mínima e média
do ar (barras) do estado de Mato Grosso, medidas de janeiro a março entre
os anos 2007 e 2016.
A radiação solar global média foi inferior ao estabelecido no Atlas Solarimétrico
do Brasil, de 16 MJ m-2 dia-1 (Tiba, 2001), sendo as maiores médias registradas na
região Noroeste (14,9 MJ m-2 dia-1) e as menores, na região Oeste (13,8 MJ m-2 dia-1)
(Figura 8).
12
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14
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16
0
10
20
30
40
Radia
ção S
ola
r (K
J m
-²dia
-¹)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Temperatura máxima Temperatura média
Temperatura mínima Radiação Solar
39
FIGURA 8. Médias da radiação solar (linha) e temperaturas máxima, média e mínima do
ar (colunas), de janeiro a março, das safras 2006/07 a 2015/2016, nas regiões
Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O)
e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.
12
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CS MN NE NO O SE
2006/07
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2007/08
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)
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2008/09
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2009/10
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2010/11
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2011/12
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2012/13
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2013/14
Radia
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-1)
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2014/15
Radia
ção s
ola
r (M
J m
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-1)
Tem
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tura
(ºC
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Máxima Média
Mínima Radiação Solar
15
20
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2015/16
Tem
pera
tura
(ºC
)
Máxima Média Mínima
40
A média de radiação solar na região Médio-Norte foi superior a 14 MJ m-2 dia-1
(Figura 8), a disponibilidade energética interfere na produção de biomassa seca,
carboidratos, proteínas, lipídeos e nutrientes minerais nos grãos de soja; em geral,
quanto maior a disponibilidade energética maior será a síntese desses compostos
(Pereira et al., 2002).
É importante ressaltar que, para a planta expressar o seu potencial produtivo
e de síntese de compostos químicos, é necessário que não haja outras limitações
como as edáficas e de manejo (Pereira et al., 2002).
A umidade relativa média (UR) do ar), entre as safras 2006/07 e 2015/16, foi
14,3% inferior ao da Normal Climatológica dos últimos 30 anos, registrada no estado
de Mato Grosso, que foi de 83,4% (Ramos, 2009) (Figura 9). As máximas e mínimas
de UR foram registradas nas regiões Oeste (77,2%) em 2009/10 e Noroeste (62,3%)
em 2014/15, respectivamente (Figura 10). Essas médias de UR podem interferir na
qualidade sanitária das sementes (Costa et al., 2003), como verificado por Oliveira et
al. (2012) que encontraram incidência de patógenos e diferenças na qualidade
sanitária das sementes de soja produzidas em diferentes regiões do Mato Grosso.
FIGURA 9 Médias de umidade relativa máxima, mínima e média do ar (barras) e
precipitação (linha) do estado de Mato Grosso, medidas de janeiro a
março entre os anos 2007 e 2016.
200
300400500
600700800900
1000
30
40
50
60
70
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90
100
Pre
cip
itação (
mm
)
Um
idade r
ela
tiva (
%)
Umidade relativa máxima Umidade relativa média
Umidade relativa mínima Precipitação
41
FIGURA 10. Médias de umidade relativa máxima, mínima e média do ar (barras) e
precipitação (linha), de janeiro a março, das safras 2006/07 a 2015/2016 nas
regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste (NO),
Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.
400
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2006/07
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)
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(mm
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Um
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)
Um
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2009/10
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2012/13
Pre
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(mm
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ela
tiva
(%)
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2013/14
Pre
cip
itação
(mm
)
Um
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tiva
(%)
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800
1000
1200
20
40
60
80
100
CS MN NE NO O SE
2014/15 Pre
cip
itação (
mm
)
Um
idade r
ela
tiva (
%)
Máxima Média
Mínima Precipitação
400
600
800
1000
1200
20
40
60
80
100
CS MN NE NO O SE
2015/16 Pre
cip
itação (
mm
)
Um
idade r
ela
tiva (
%)
Máxima Média
Mínima Precipitação
42
Com exceção dos dados da safra de 2008/09, os demais tiveram valores de
acumulado de precipitação, do primeiro trimestre do ano, superiores à média histórica
do estado de Mato Grosso, de 743,41 mm (Figura 9).
Os menores valores de precipitação foram registrados na região Sudeste em
pelo menos metade das safras agrícolas estudadas (Figura 10).
As médias de precipitações estão dentro dos limites de necessidade hídrica da
cultura, que varia de 450 a 800 mm para todo ciclo fenológico (Farias et al., 2007).
Entretanto, a distribuição deve ser homogênea, para não prejudicar o
desenvolvimento da cultura, o que não aconteceu em alguns anos. Por exemplo, em
2008/09 e 2015/16, a estiagem e irregularidade das chuvas prejudicaram a
produtividade dos grãos (Conab, 2009 e 2016) e em 2007/08, o prolongamento do
período chuvoso causou o retardamento da colheita e a redução na qualidade dos
grãos (Conab, 2008).
4.2 Qualidade física - Grãos Avariados - TAV
A média de grãos avariados nos grãos de soja produzidos entre as safras
2006/07 e 2014/16 no estado de Mato Grosso variou entre as safras e regiões de
cultivo (Tabela 5), o que também foi percebido por De Gaspari e Maluffi (2009) quando
afirmaram que há diferenças na qualidade dos grãos em diferentes anos agrícolas e
atribuíram essas diferenças às variáveis meteorológicas.
TABELA 5. Médias de grãos avariados (%) em amostras de soja coletadas em
diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.
Safras Centro-Sul Médio-Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste
2006/07 3,2 (2,0) A a 2,9 (2,0) A a 3,0 (1,9) A a 4,9 (2,4) A a 4,3 (2,3) A a
2007/08 5,9 (2,5) A b 13,7 (3,8) B c 17,6 (4,3) B b 3,6 (2,1) A a 3,2 (1,9) A a
2008/09 9,1 (3,2) B a 5,7 (2,5) A b 8,9 (3,0) B b 10,6 (3,2) B b 9,7 (3,2) B b
2009/10 7,9 (2,9) A a 9,0 (2,9) A b 7,6 (2,8) A b 8,6 (2,8) A b 7,0 (2,7) A b
2010/11 11,0 (3,3) C a 3,8 (2,1) A a 6,3 (2,6) B b 11,3 (3,4) C b 5,4 (2,3) B a
2011/12 5,9 (2,5) B a 4,3 (2,2) A a 6,1 (2,6) B b 9,0 (3,0) C a 5,6 (2,5) B a 3,0 (1,9) A a
2012/13 10,1 (3,3) A a 6,6 (2,6) A b 5,5 (2,4) A b 3,1 (2,0) A a 4,8 (2,2) A a 9,9 (3,2) A b
2013/14 3,6 (2,1) A a 3,3 (1,9) A a 0,8 (1,3) A a 2,8 (1,9) A a 5,1 (2,3) A a 3,8 (2,1) A a
2014/15 7,6 (2,6) B a 7,3 (2,7) B b 3,0 (2,0) A a 1,4 (1,6) A a 3,6 (2,1) A a
cv (%) 32,70%
* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05). Valores entre parênteses são médias
transformadas em √𝑥 + 1.
43
A maior média de grãos avariados foi observada na safra 2007/08 na região
Noroeste (Tabela 5). Nessa mesma safra, esta região registrou índices pluviométricos
acima de 1000 mm (Figura 10), o que deve ter contribuído para o processo de
deterioração desses grãos. E na safra 2013/14, na região Nordeste, foi verificada a
menor média de grãos avariados (Tabela 5) e os menores índices pluviométricos
(Figura 10), fato que reforça a hipótese de que o volume de chuvas pode ter
influenciado na ocorrência de grãos avariados.
De acordo com a Instrução Normativa nº 11 (Brasil, 2007a), o limite de grãos
avariados para a soja que será destinada a outros usos é de 8%, e esse limite foi
ultrapassado em três safras nas regiões Centro-Sul (2008/09, 2010/11 e 2012/13) e
Oeste (2008/09, 2009/10 e 2010/11) (Tabela 5), coincidindo com os maiores valores
de acumulado de precipitação para o mesmo período (Figura 10). Na região Centro-
Sul, as médias de temperatura do ar, nas três safras citadas acima, foram superiores
às de outras regiões com médias de grãos avariados inferiores.
As menores médias de grãos avariados foram observadas na região Sudeste,
e, em geral, nessa região também foram registradas as menores médias de
temperatura e volume de precipitação (Tabela 5). As duas safras em que a média de
grãos avariados na região Sudeste foi superior a 8% também foram as safras com
maiores índices pluviométricos (Figura 10).
Diante do exposto acima, percebe-se que a associação entre chuva e
temperatura pode ter sido a causa de aumento dos grãos avariados, fato também
discutido por Andrade et al., (2010), Binotti et al. (2008) e França Neto e Henning et
al.(1984) que verificaram que as deteriorações dos grãos de soja são aceleradas nas
condições de elevada temperatura do ar e umidade relativa, e pela Conab, que
apontou o prolongamento do período chuvoso e o retardamento da colheita como
causas da redução da qualidade dos grãos de soja devido ao aumento de grãos
ardidos na safra 2008/09 (Conab, 2009).
A maioria dos grãos de soja colhidos nas safras 2006/07 e 2013/14 tiveram a
porcentagem de grãos avariados inferior a 10% (Figura 11), e analisando os dados
meteorológicos dessas safras verifica-se que eles são similares, principalmente em
relação ao regime de chuva e temperatura média. As safras de 2008/09 a 2010/11
foram as que apresentaram maiores quantidades de amostras com porcentagem de
grãos avariados superior a 10% sendo que em algumas amostras esses valores foram
44
próximos a 30% (Figura 11). Essas mesmas safras são a que apresentaram os
maiores volumes de precipitação.
FIGURA 11. Boxplot de grãos avariados (%) avaliados em amostras de soja colhidas entre
as safras 2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),
Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato
Grosso.
Embora as médias de grãos avariados tenham sido, na maioria das vezes,
inferiores ao limite de 8%, que é o limite da Legislação, em algumas amostras, as
porcentagens de avariados ficaram acima de 25%, com destaque para os grãos
colhidos na região Oeste (Figura 11). Essas porcentagens de grãos avariados,
superior a 25%, também foi observada por outros autores (TAV entre 0,4 e 68,75%),
os quais justificaram que a falta de controle de percevejo e as condições
meteorológicas, de temperatura e umidade relativa do ar elevada foram as causas do
45
aumento de amostras fora do padrão (Boeing et. al., 2014; Bocatti et al., 2013;
Andrade et al., 2010; Alencar et. al., 2009).
Embora os grãos colhidos na região Noroeste tenham apresentado as maiores
médias de grãos avariados, foi na região Oeste que se obteve o maior número de
amostras fora do padrão (Figura 11). Em seis das dez safras analisadas, essas
regiões registraram as maiores médias de precipitação, podendo estar a justificativa
para essa quantidade de amostras fora do padrão comercial, pois segundo Mayer et
al. (2014) o excesso de chuvas após a maturação fisiológica promove a reabsorção
de água pelos grãos e é um dos principais causadores de redução da qualidade.
Na maioria das classificações realizadas, verificou-se que o defeito de maior
ocorrência e variabilidade nos grãos de soja foi o do grão picado por percevejo (Figura
12). Esse defeito depende de práticas agronômicas que são muito particulares de
cada propriedade e da pressão da praga, por isso, são esperadas alta variabilidade e
baixa correlação com as condições meteorológicas. Entretanto, o aumento de chuva
pode diminuir a eficiência do controle dessas pragas, o que pode explicar o aumento
e a variabilidade desse defeito nas safras de 2008/09 a 2010/11.
Os percevejos são considerados os principais causadores de avarias nos grãos
de soja e este problema vem se tornando mais sério a cada safra pelas elevadas
populações, pela falta de monitoramento adequado e pela aplicação indiscriminada
de produtos que levam ao desenvolvimento de resistência (Corrêa-Ferreira et al.,
2009).
O defeito fermentado foi o segundo em ocorrência nas amostras analisadas e,
para algumas regiões, nas safras 2012/13 e 2014/15, este foi superior ao defeito
picado (Figura 12), com porcentagens de grãos fermentados variando entre 0,01% e
15,97%, sendo que as condições de temperatura média do ar e volume de chuva
devem ter sido a causa, visto que nessas safras foram registradas as maiores médias
de temperatura média do ar. Boeing et al. (2014) fazem a mesma suposição para
justificarem o aumento de grãos fermentados em soja quando colhidos em situação
caracterizada pelo excesso de chuva e aumento da temperatura do ar.
Dentre os defeitos graves que podem surgir nos grãos de soja, mofados é o
terceiro em grau de importância, e desses foi o de maior incidência nas amostras
analisadas (Figura 12).
46
FIGURA 12. Boxplot dos defeitos ardidos, mofados, fermentados e picados por percevejos (%) em grãos de soja colhidos
entre as safras 2007/08 e 2014/2015, nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN), Nordeste (NE), Noroeste
(NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato Grosso.
47
Na maioria das amostras analisadas, a porcentagem de grãos mofados foi
inferior a 2,0%, entretanto, em algumas amostras colhidas nas safras 2010/11 e
2012/13, esses porcentuais ficaram próximos a 4%, coincidindo com as safras de
maior volume de chuvas, e segunda maior temperatura média do ar, respectivamente,
situações que favorecem a proliferação de fungos e a ocorrência de grãos mofados.
Para Andrade et al. (2010), o processo de deterioração nos grãos de soja é
intensificado à medida que aumenta o volume de precipitação, culminando no
aumento de grãos mofados. França Neto e Henning (1984) explicam a exposição de
grãos de soja a ciclos alternados de umidade, antes da colheita, pela ocorrência de
chuvas frequentes, que resultará na sua deterioração e essa deterioração será ainda
mais intensa se tais condições estiverem associadas a condições de elevadas
temperaturas.
O defeito ardido, pela Legislação de Classificação de grãos, é considerado o
segundo pior defeito nos grãos de soja, perdendo somente para o defeito queimado
(Brasil, 2007). A porcentagem de grãos ardidos encontrada nas amostras colhidas em
Mato Grosso foi inferior a 1% em 75% do total avaliado (Figura 12). De acordo com a
Instrução Normativa n° 11 (Brasil, 2007), essas amostras atenderiam aos padrões
brasileiros de qualidade para a soja do Grupo I Tipo 2.
Nas amostras em que o percentual de grãos ardidos foi superior a 1% (Figura
12), a justificativa mais aceita é de que as condições meteorológicas favoreceram a
ocorrência de ardido. Condições meteorológicas, de excesso de chuva, que levam ao
atraso o processo de colheita dos grãos, e altas temperaturas podem aumentar a
proporção de grãos ardidos, que passam por processo de fermentação e perdem
qualidade (Conab, 2010). De acordo com Coradi et al. (2015) e Alencar et al. (2009)
o excesso de chuva e umidade relativa acima de 70% causam a absorção de água
pelos grãos que sofrem fermentação, tornam-se rançosos e consequentemente
ardidos, sendo mais acentuado em temperaturas acima de 23°C.
4.3 Qualidade Química - Extrato etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB)
A média do teor de extrato etéreo (EE) verificado nos grãos de soja colhidos
nas últimas dez safras agrícolas foi de 20,8%, com as máximas observadas nas safras
2006/07 e 2007/08 e as mínimas em 2015/16 (Tabela 6); essa média foi superior à
48
observada nos Estados Unidos, entre os anos de 1986 e 2015, que foi de 18,7%
(USSEC, 2016).
TABELA 6. Médias do teor de extrato etéreo (%) em amostras de soja coletadas em
diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.
Safras Centro-Sul Médio- Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste Média
2006/07 21,6 A a 23,0 B d 21,9 A d 21,5 A c 22,2 A d 22,0 f
2007/08 21,9 B c 23,5 C e 24,1 C c 21,1 A c 22,6 B d 22,2 f
2008/09 19,8 B a 23,0 C d 21,7 B d 19,9 A b 20,2 A b 21,1 d
2009/10 20,2 A a 19,8 B a 20,0 B b 18,5 A a 19,9 B b 19,6 b
2010/11 21,4 C a 20,8 A b 21,7 B d 21,7 B c 21,9 B c 21,5 e
2011/12 21,0 B a 21,4 A c 21,4 A d 21,9 A b 21,3 A c 20,6 A b 21,1 d
2012/13 21,1 A a 21,4 A c 20,9 A c 21,3 A b 20,6 A c 21,5 A c 21,1 d
2013/14 20,5 A a 19,8 B a 20,1 B b 18,1 A a 19,5 B b 19,5 B a 19,8 b
2014/15 20,1 B a 20,4 A b 20,1 A b 20,0 A a 20,1 A b 20,4 A b 20,3 c
2015/16 19,5 B a 19,3 A b 19,1 A b 19,0 A a 19,3 A b 19,4 A b 19,3 c
Média 20,6 B 21,0 C 21,0 C 20,8 C 20,31 A 20,6 B 20,8
cv (%) 6,43
* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).
Os grãos colhidos na região Oeste do estado apresentaram os menores teores
de extrato etéreo, mas com diferenças porcentuais, em relação às médias das outras
regiões, inferiores a 1% (Tabela 6). A menor média do teor de EE também foi
registrada nessa região na safra 2009/10 e a maior média foi observada nos grãos
colhidos em 2007/08 na região Nordeste. Os baixos valores no percentual de EE
encontrados na região Oeste podem estar associados à temperatura média e à
radiação solar, que foram mínimas nessa região, sendo 1ºC e 1 MJ m-2 dia-1,
respectivamente inferiores aos valores registrados na região Nordeste.
De modo geral, o teor de EE verificado nos grãos de soja ficou entre 15,5 e
27,4% (Figura 13). Faixas similares foram encontradas em outros trabalhos utilizando
diferentes tipos de manejo e cultivares nas regiões brasileiras (Oliveira et al., 2014;
Albrecht, et al., 2008; Moraes et al., 2006; Costa et al. 2001; Bonato et al., 2000). A
faixa de extrato etéreo da soja observada nos Estados Unidos está entre 15,7 e 21,2%
(USSEC, 2016).
49
FIGURA 13. Boxplot de extrato etéreo avaliado em amostras de soja colhidas entre as safras
2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),
Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato
Grosso.
A partir da safra 2011/12, verificou-se redução nos teores médios de extrato
etéreo (Figura 14), a partir dessa safra, aumentou a diversidade de materiais
50
genéticos recebidos para as análises, sendo recebidas mais amostras de grãos de
soja de ciclo precoce.
Nas safras 2006/07 e 07/08, mais de 75% das amostras avaliadas
apresentaram teor de extrato etéreo acima de 20%, enquanto que em 2015/16, a
maioria ficou abaixo desse porcentual (Figuras 13 e 14), e nas últimas três safras, a
média do ano foi inferior à média dos últimos dez anos (Figura 14). Não foi possível
apontar a causa da redução de extrato etéreo nos grãos de soja nas últimas safras,
visto que as condições meteorológicas foram favoráveis ao incremento, e não à
redução do extrato etéreo nos grãos.
FIGURA 14. Médias, por safra, do teor de extrato etéreo em grãos
de soja colhidos em diferentes regiões do estado de
Mato Grosso e a diferença entre a média das últimas
dez safras.
E o fato de que Cuniberti et al. (2013) tenham observado redução de 1% no
teor de extrato etéreo nos grãos de soja colhidos na Argentina entre as safras 2006/07
e 2012/13 reforça a hipótese de que não seja somente a influência das condições
meteorológicas, outras causas devem estar relacionadas a essa redução.
Os grãos de soja colhidos no período de 2006/07 a 2015//16 apresentaram em
média 37,7% de teor de proteína bruta (Tabela 7), teor esse 2,6% acima da média de
proteína bruta dos grãos de soja colhidos nos Estados Unidos da América no mesmo
período (USSEC, 2016) e 0,9% inferior em relação à média dos grãos colhidos na
Argentina entre as safras 1997/98 a 2012/13 (Cuniberti et al., 2013).
A maior média de proteína bruta nos grãos de soja foi observada na safra
2009/10 e as menores, nas últimas duas safras (Tabela 7), entretanto, não foi possível
51
justificar essa diferença com base nos dados meteorológicos, por isso, supõe-se que
essa diferença possa ocorrer devido ao material genético e/ou ao manejo utilizado.
Com exceção das três primeiras safras em que, na região Nordeste, os grãos
de soja apresentaram os maiores teores de proteína bruta, nas demais safras não foi
possível observar distinção nos teores de PB nas regiões do estado de Mato Grosso.
Nessa região, foi registrada a segunda maior média de radiação solar e a segunda
menor média de umidade relativa do ar, podendo ser a justificativa o fato de a região
se destacar em relação ao conteúdo de proteína bruta nos grãos.
TABELA 7. Médias do teor de proteína bruta (%) em amostras de soja coletadas em
diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.
* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).
A variação do teor de proteína bruta nas amostras de grãos de soja colhidos no
período estudado ficou entre o mínimo de 31,2% e o máximo de 44,7% (Figura 15).
Até a safra 2013/14, foi possível encontrar grãos com teores de proteína bruta igual
ou superior a 40%, fato não observado nas safras 2014/15 e 2015/16. Entretanto, em
2015/16, em todas as regiões, as medianas do teor de proteína bruta foram superiores
a 36%, ou seja, mais de 50% dos dados se enquadram nessa situação. Em 2014/15,
somente as regiões Centro-Sul e Noroeste apresentaram medianas inferiores a 36%
(Figura 15).
Safra
2006/07 37,1 A b 37,8 A c 39,0 B c 36,6 A b 39,0 B c 38,2 d
2007/08 34,9 A a 38,0 C b 39,6 C b 38,2 C c 36,6 B a 37,0 b
2008/09 38,0 B b 38,8 B c 39,2 B c 35,6 A a 39,0 B c 37,9 d
2009/10 39,3 A b 40,1 A d 39,4 A c 39,6 A d 39,2 A c 39,6 e
2010/11 37,7 A b 38,4 A c 37,7 A b 38,2 A c 38,3 A b 38,1 d
2011/12 37,4 A b 38,2 A c 38,1 A b 38,6 A b 38,4 A c 37,7 A b 38,0 d
2012/13 37,6 A b 38,6 A c 38,3 A b 39,1 A b 38,3 A c 38,1 A b 38,3 d
2013/14 38,0 A b 37,5 A c 36,5 A a 39,5 B b 37,1 A b 37,7 A b 37,5 c
2014/15 35,9 A a 36,4 A b 36,1 A a 36,0 A a 35,9 A a 36,4 A a 36,2 a
2015/16 36,1 A a 36,4 A b 36,5 A a 36,1 A a 36,1 A a 36,5 A a 36,4 a
Média
cv (%)
37,7
4,61
37,6 A 37,6 A 37,6 A 38,1 A 37,6 A 37,6 A
Centro Sul Médio Norte Nordeste Noroeste Oeste Sudeste Média
52
FIGURA 15. Boxplot de proteína bruta (%) avaliada em amostras de soja colhidas entre as
safras 2006/07 a 2014/2015 nas regiões Centro-Sul (CS), Médio-Norte (MN),
Nordeste (NE), Noroeste (NO), Oeste (O) e Sudeste (SE) do estado de Mato
Grosso.
Diferenças nos teores de proteína bruta também foram observadas em
trabalhos que avaliaram essa característica em soja produzida nas diferentes regiões
do Brasil, em que os valores de PB oscilaram entre 30 e 44% e essa variabilidade foi
53
atribuída às condições de manejo, genética, ambiente e às interações entre eles
(Oliveira et al., 2014; Albrecht, et al., 2008 e Moraes et al., 2006), o que também pode
ser a causa das variações encontradas nesse trabalho, ou seja, as variações não
podem ser atribuídas somente a um fator mas à associação entre eles.
As médias de proteína bruta de cada uma das safras oscilaram em relação à
média geral entre 2006/07 e 2015/16. Em quatro safras, a diferença entre essas
médias foi negativa, ou seja, a média daquela safra foi inferior à média geral, dentre
essas quatro encontram-se as safras 2013/14, 14/15 e 15/16 (Figura 16). Bonato et
al. (2000) relataram que nos últimos anos têm sido frequentes os questionamentos,
em alguns estados brasileiros, sobre a redução do teor de proteína nas novas
cultivares de soja, ou seja, provavelmente a redução no teor de PB possa estar
relacionada com a introdução dos novos materiais genéticos, os quais preconizam a
produtividade e não o incremento de proteína no grão.
Nas amostras de soja colhidas nas últimas quatro safras nos Estados Unidos
também é possível notar redução nos teores de proteína bruta em relação à média
geral de 35,1% (USSEC, 2016). Nesse mesmo documento, constata-se que os grãos
de soja colhidos em 2015 apresentaram médias de teor de proteína bruta 0,8% mais
baixo e teor de óleo 1,0% maior em relação à média histórica dos grãos colhidos entre
1986 e 2015.
FIGURA 16. Médias, por safra, do teor de proteína bruta em grãos
de soja colhidos em diferentes regiões do estado de
Mato Grosso e a diferença entre a média das últimas
dez safras.
54
4.4 Correlação entre variáveis meteorológicas com TAV, EE e PB
A porcentagem de grãos avariados apresentou correlação positiva e superior a
0,7 com as variáveis radiação solar e temperatura máxima do ar, entretanto essas não
foram significativas (Tabela 8). Boeing et al. (2014) também verificaram associação
positiva entre temperatura e TAV, eles observaram que em grãos de soja colhidos de
janeiro a março, período que se caracterizou pelo excesso de chuva e maior
temperatura do ar, a média de grãos avariados, principalmente o fermentado, foi em
média 10% superior aos grãos colhidos em outras épocas.
TABELA 8. Coeficientes de correlação de Pearson entre grãos avariados (%), extrato
etéreo (%), proteína bruta e as variáveis meteorológicas.
** A correlação é significativa no nível 0,01 * A correlação é significativa no nível 0,05
%Total de grãos avariados (TAV); %extrato etéreo (EE); %proteína bruta (PB); altitude (m); Temperatura máxima, mínima e média do ar (°C); Radiação solar (MJ m-2 dia-1), umidade relativa máxima, mínima e média do ar (%) e precipitação (mm).
Pela carta de quantis de grãos avariados (Figuras 17 e 18), percebe-se que
houve amostras do Grupo I e de Fora de tipo em todas as regiões, sendo difícil a
associação entre as variáveis de qualidade e meteorológicas.
O teor de extrato etéreo apresentou correlação significativa e positiva com
temperatura máxima do ar e negativa com umidade relativa média do ar (Tabela 8).
Trabalhos que avaliaram a relação entre temperatura do ar e o teor de extrato etéreo
em soja, como no de Piper e Boote (1999), verificaram que houve relação positiva
entre essas variáveis, porém observaram que o incremento de óleo na semente foi
até a temperatura média de 28°C.
As Figuras 19 e 20 evidenciam a ocorrência de grãos com mesma faixa de teor
de extrato etéreo distribuídos nas regiões com diferentes faixas de precipitação e
temperatura média, não sendo possível estabelecer distribuição homogênea dos
dados.
TAV EE PB Altitude T máxima T mínima T média Radiação UR máxima UR mínima UR média Precipitação
TAV 1
EE 0,7058 1
PB 0,8064 0,9070* 1
Altitude -0,5420 -0,4000 -0,2279 1
T máxima 0,7211 0,8480* 0,7007 -0,7422 1
T mínima -0,4661 -0,3198 -0,6625 -0,4325 -0,014 1
T média 0,3984 0,5603 0,2625 -0,8850* 0,8540* 0,5064 1
Radiação 0,7221 0,7666 0,7030 -0,1851 0,5599 -0,3589 0,2936 1
UR máxima 0,2266 0,0628 0,1295 0,3919 -0,2556 -0,3647 -0,4087 0,6479 1
UR mínima -0,5802 -0,9710** -0,8590* 0,21661 -0,766626 0,3452 -0,4671 -0,7831 -0,1398 1
UR média -0,5357 -0,9650** -0,8420* 0,298873 -0,8230* -0,2764 -0,5511 -0,6458 0,0757 0,977** 1
Precipitação -0,5235 -0,1587 -0,04576 -0,3250 0,0529219 -0,0582 0,0400 0,2988 0,4378 0,2565 0,3588 1
55
FIGURA 17. Carta de quantis para acumulado total de
precipitação (mm) e total de avariados (%) nos
grãos de soja colhidos em Mato Grosso entre
as safras 2006/07 e 2015/16.
FIGURA 18. Carta de quantis para temperatura média (°C) e
total de avariados (%) nos grãos de soja colhidos
em Mato Grosso entre as safras 2006/07 e
2015/16.
56
FIGURA 19. Carta de quantis para acumulado total de
precipitação (mm) e teor de extrato etéreo (%)
em grãos de soja colhidos em Mato Grosso
entre as safras 2006/07 e 2015/16.
FIGURA 20. Carta de quantis para temperatura média (°C) e
teor de extrato etéreo (%) nos grãos de soja
colhidos em Mato Grosso entre as safras
2006/07 e 2015/16.
57
Correlações significativas entre o teor de proteína bruta com as variáveis
meteorológicas ocorreram somente com a umidade relativa mínima e média do ar, e
essas foram negativas (Tabela 8). Rangel et al. (2007) observaram que nas safras
com elevada precipitação (provavelmente elevada umidade relativa), durante o
período de enchimento de grãos proporcionaram a redução nos teores de PB e Pípolo
(2002) explica que, em locais com temperatura média entre 23 e 27°C, caso deste
trabalho, os resultados de aumento de PB foram melhor explicados pela distribuição
de chuvas durante o enchimento de grãos e a disponibilidade de nitrogênio do que em
relação à temperatura.
Marcos Filho (2005) também relata essa relação entre precipitação e o teor de
proteína nos grãos; ele considera que deficiências hídricas moderadas podem não ser
importantes, dependendo da época em que ocorram, pois a menor taxa fotossintética
pode ser compensada pela redução do número de sementes. Ele justifica que a baixa
disponibilidade de água no solo provoca a produção de sementes de tamanho
reduzido, principalmente no florescimento, e que essas plantas podem produzir
sementes com teores mais elevados de proteína. Além disso, em situações de alta
precipitação pluvial ou sob irrigação mal controlada, há redução no teor de proteínas
(Marcos Filho, 2005).
Nas Figuras 21 e 22, observa-se a distribuição dos grãos com diferentes teores
de proteína bruta em regiões com diferentes faixas de precipitação e temperatura
média do ar, não sendo possível estabelecer distribuição homogênea dos dados.
Nem sempre as variáveis meteorológicas foram suficientes para explicar a
variabilidade no conteúdo de extrato etéreo e proteína nos grãos de soja,
principalmente quando se comparam as médias entre as safras. Essas indagações
sobre a influência das variáveis meteorológicas na composição química dos grãos são
inúmeras e, às vezes, controversas e, por isso, muitos autores elucidam que a melhor
forma de explicar a influência dos elementos climáticos sobre a deposição de proteína
no grão é o estudo em conjunto de todos eles, ou seja, dificilmente uma variável
isolada explicará todas as variações ocorridas, não se esquecendo da variável
genética do grão (Brandelero et al., 2009; Marcos Filho, 2005; Pípolo, 2002 e Piper e
Boote, 1999).
58
FIGURA 21. Carta de quantis para precipitação (mm) e teor
de proteína bruta (%) nos grãos de soja
colhidos em Mato Grosso entre as safras
2006/07 e 2015/16.
FIGURA 22. Carta de quantis para temperatura (°C) e teor de
proteína bruta (%) nos grãos de soja colhidos
em Mato Grosso entre as safras 2006/07 e
2015/16.
59
4.5 Estudo das cultivares de soja por ciclo de maturação
Das amostras de soja analisadas nesse experimento que continham a
identificação de cultivar, foi possível apontar 62 diferentes cultivares, dentre esses, 12
eram de ciclo precoce, 24, de ciclo semiprecoce, 14, de ciclo médio, 9, de ciclo
semitardio e 3, de ciclo tardio (Quadro 1).
As cultivares de ciclo precoce e semiprecoce foram as mais utilizadas nas
últimas cinco safras (Figura 23), tendo como provável justificativa para esse aumento
a possibilidade de uma segunda safra de cultivo; para viabilizar a safra de milho, é
necessária a utilização cultivares precoces ou superprecoces de soja (Debiasi et al.,
2016).
A adoção de cultivares precoces e a antecipação da semeadura são práticas
que estão crescendo entre os produtores rurais, por possibilitar e facilitar o cultivo da
segunda safra (Ferrari et al., 2015). Fietz e Rangel (2008) destacam que, apesar do
risco de queda na produtividade, a antecipação da semeadura é justificada pelo
escape dos períodos de maior infecção de ferrugem da soja, outro motivo é o de evitar
as perdas, devido ao excesso de chuvas na colheita.
A escolha de cultivares é algo que pode interferir tanto na qualidade física como
na qualidade química dos grãos de soja, pois os cultivares diferenciam-se em nível de
resistência quanto à deterioração física e quanto aos teores de extrato etéreo e
proteína bruta.
FIGURA 23. Número de cultivares de soja, de distintos ciclos de maturação,
cultivadas em diferentes safras no estado de Mato Grosso.
60
QUADRO 1. Cultivares de soja plantadas em MT entre 2006/07 e 2015/16
GM – grupo de maturação, RR – cultvar transgênico, Conv – cultivar convencional, P – precoce, SP – semiprecoce, M – médio, ST – semitardio, T – tardio, EE – extrato etéreo, PB – proteína bruta.
Cultivar GM Obtentor Tecnologia Ciclo EE (%) PB (%) Média EE Média PB
SYN 1059 RR - VTop 5.9 Syngenta RR P 20,5 36,5
Flecha IPRO (6266RSF IPRO) 6.6 Brasmax IPRO P 19,7 36,2
M 7211 RR 7.2 Monsoy RR P 20,8 36,6
BRS 7380 RR 7.3 Embrapa RR P 18,9 36,7
AS 3730 IPRO 7.3 Agroeste IPRO P 20,2 36,7
CD 2737 RR 7.3 Coodetec RR P 20,9 36,7
CD 2730 IPRO 7.3 Coodetec IPRO P 20,0 36,2
TMG 123 RR 7.4 TMG RR P 20,1 38,7
ANTA 82 7.4 TMG RR P 20,4 36,9
Desafio RR (8473RSF) 7.4 Brasmax RR P 19,0 36,4
TMG 1176 RR 7.6 TMG RR P 20,5 37,5
M 7639 RR 7.6 Monsoy RR P 21,3 36,1
NS 7901 RR 7.9 Nidera RR SP 20,5 36,6
W 791 RR 7.9 Wehrmann RR SP 21,3 36,6
SYN 1080 RR 8.0 Syngenta RR SP 19,7 37,4
NA 8015 RR 8.0 Nidera RR SP 20,0 37,2
ST 810 RR 8.1 Soytech RR SP 20,0 38,5
MG/BR 46 (Conquista) 8.1 Embrapa Conv SP 20,1 38,2
BRS Valiosa RR 8.1 Embrapa RR SP 20,9 38,2
CD 237 RR 8.1 Coodetec RR SP 20,7 37,6
P98Y12 8.1 Pioneer RR SP 20,1 37,2
P98Y11 8.1 Pioneer RR SP 20,5 37,1
CD 242 RR 8.1 Coodetec RR SP 22,5 36,5
ST 815 RR 8.1 Soytech RR SP 19,7 36,1
RB 8307 RR 8.1 Riber RR SP 21,8 35,4
TMG 4182 8.2 TMG Conv SP 20,1 37,7
CD 256 RR 8.2 Coodetec RR SP 22,0 37,4
AS 3820 IPRO 8.2 Agroeste IPRO SP 19,8 36,8
ST 820 RR 8.2 Soytech RR SP 19,8 36,8
AS 3820 IPRO 8.2 Agroeste IPRO SP 20,5 36,4
FMT Tucunaré 8.3 FMT Conv SP 20,3 38,9
TMG 103 RR 8.3 TMG RR SP 19,0 38,2
TMG 131 RR 8.3 TMG RR SP 21,4 38,2
P98Y30 8.3 Pioneer RR SP 19,8 38,1
CD 246 8.3 Coodetec Conv SP 21,2 37,6
M 8360 RR 8.3 Monsoy RR SP 21,0 35,6
BRSMT Pintado 8.4 Embrapa Conv M 20,7 38,5
M-SOY 8757 8.4 Monsoy Conv M 21,6 37,6
BRS Jiripoca 8.4 Embrapa Conv M 20,4 37,4
CD 254 RR 8.4 Coodetec RR M 24,1 37,2
BG4184 8.4 Biogene RR M 20,2 36,8
W 842 RR 8.4 Wehrmann RR M 19,6 36,7
A 7002 8.5 Nidera Conv M 22,9 38,8
AN 8500 8.5 Nidera Conv M 22,6 38,6
FMT Tabarana 8.5 FMT Conv M 20,9 37,6
TMG 132 RR 8.5 TMG RR M 21,2 37,2
M 8527 RR 8.5 Monsoy RR M 21,9 37,1
P98Y51 8.5 Pioneer RR M 21,2 36,5
W 851 8.5 Wehrmann Conv M 19,7 36,0
TMG 133 RR 8.5 TMG RR M 21,5 36,0
TMG 115 RR 8.6 TMG RR ST 21,4 37,8
TMG 115 RR 8.6 TMG RR ST 21,4 36,9
CD 251 RR 8.6 Coodetec RR ST 22,6 36,8
P98Y70 8.7 Pioneer RR ST 21,6 38,1
M 8766 RR 8.7 Monsoy RR ST 20,6 37,3
M 8766 RR 8.7 Monsoy RR ST 21,9 37,3
GB 874 RR 8.7 Garça Branca RR ST 20,7 36,5
M-SOY 8866 8.8 Monsoy Conv ST 21,0 38,0
P98C81 8.8 Pioneer Conv ST 20,4 37,8
P98R91 8.9 Pioneer RR T 22,8 37,2
P98R91 8.9 Pioneer RR T 22,8 36,6
M 9144 RR 9.1 Monsoy RR T 20,4 37,9
37,3
37,421,5
36,8
37,3
20,2
20,5
21,3
61
Após a seleção e avaliação dos teores de extrato etéreo de algumas cultivares
de soja de diferentes ciclos de maturação, verificou-se que, em relação à média geral,
as cultivares precoces apresentaram menores porcentuais de extrato etéreo (Tabela
9).
TABELA 9. Médias dos teores de extrato etéreo (%), por ciclo de maturação, em
diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso
Safra Região Ciclo de maturação
Precoce* Semiprecoce* Ciclo Médio*
2008/09
Médio-Norte 22,37 Aa 23,78 Aa 23,64 Aa Nordeste 22,64 Aa 22,46 Ab 23,95 Aa
Oeste 22,62 Aa 21,71 Ab 20,90 Ab Sudeste 20,34 Ab 24,75 Aa
2010/11
Médio-Norte 20,34 Aa 20,81 Aa 21,77 Aa Nordeste 19,96 Aa 20,65 Aa
Oeste 18,67 Ba 21,58 Aa Sudeste 21,61 Aa 22,03 Aa 20,59 Aa
2011/12
Médio-Norte 20,16 Aa 21,58 Aa 21,67 Aa Nordeste 20,92 Aa 21,59 Aa 20,70 Aa
Oeste 21,04 Aa 21,10 Aa 21,58 Aa Sudeste 20,51 Aa 20,04 Aa 21,17 Aa
2014/15
Médio-Norte - 20,93 Aa 19,91 Aa Nordeste 19,96 Aa 20,76 Aa 19,90 Aa
Oeste 20,22 Aa 20,21 Aa Sudeste 20,02 Aa 20,48 Aa 21,29 Aa
Média geral 20,79 B 21,38 A 21,60 A Coeficiente de variação (%) 5,32
* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05).
Em relação à porcentagem da proteína bruta, as cultivares de soja de ciclo
precoce também apresentaram os menores teores de PB (Tabela 10). Bellaloui et al.
(2015) verificaram que a antecipação de semeadura (utilizando cultivares mais
precoces) resultou em maior conteúdo de óleo em sementes de soja e menores
concentrações de proteína.
De acordo com Marcos Filho et al. (2005), os cultivares mais precoces ou a
semeadura antecipada podem interferir na composição química das sementes devido
à diminuição do ciclo da cultura e à menor síntese das substâncias de reserva da
semente. Outro ponto a se considerar é que os cultivares precoces, quando
submetidos a algum estresse ambiental, possuem menor tempo de recuperação de
tal adversidade, dificultando a sua recuperação e a síntese de óleo e proteína.
62
TABELA 10. Médias dos teores de proteína bruta (%), por grupo de maturação, em
diferentes safras e regiões do estado de Mato Grosso.
Safra Região Ciclo de maturação
Precoce* Semiprecoce* Ciclo Médio*
2008/09
Médio-Norte 36,29 Ba 38,77 Ba 41,95 Aa
Nordeste 36,24 Ba 39,19 Ba 40,72 Aa
Oeste 33,25 Ab 38,57 Aa 33,15 Bc
Sudeste - 38,39 Aa 38,27 Ab
2010/11
Médio-Norte 38,58 Aa 39,00 Aa 39,39 Aa
Nordeste 38,68 Aa - 38,81 Aa
Oeste 39,46 Aa - 39,64 Aa
Sudeste 38,93 Aa 39,09 Aa 38,64 Aa
2011/12
Médio-Norte 33,95 Bb 38,08 Aa 37,76 Aa
Nordeste 36,55 Aa 38,80 Aa 38,24 Aa
Oeste 37,17 Ba 40,89 Aa 38,29 Ba
Sudeste 38,19 Aa 38,14 Aa 37,24 Aa
2014/15
Médio-Norte - 37,91 Aa 36,01 Aa
Nordeste 36,81 Aa 36,32 Aa 36,34 Aa
Oeste 36,48 Aa 36,88 Aa -
Sudeste 37,60 Aa 36,40 Aa 35,96 Aa
Média geral 37,01 B 38,31 A 38,02 A
Coeficiente de variação (%) 3,60
* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P<0,05).
Os resultados desse estudo por cultivares complementam o que foi dito
anteriormente, quando foi possível perceber que nas últimas safras os teores de
extrato etéreo e proteína bruta foram se reduzindo, coincidindo com o aumento de
amostras de ciclos menores, precoce e semiprecoce. Entretanto, deve-se levar em
consideração o manejo e as condições meteorológicas aos quais essas amostras
foram submetidas. Portanto, a escolha de cultivares de ciclo menor pode ser uma das
causas da redução desses constituintes químicos e não a única, visto que esses novos
materiais genéticos preconizam a produtividade e a resistência a alguma doença ou
praga. A composição química muitas vezes não é levada em consideração na seleção
desses novos materiais.
63
4.6 Características da qualidade de grãos de soja em diferentes extratos de TAV
Em termos quantitativos, os defeitos que mais contribuíram para o
enquadramento das classes foram fermentados e mofados (Tabela 11), sendo que o
defeito do tipo fermentado é observado com maior frequência nas condições em que
não houve o controle do ataque de percevejos na lavoura (Bocatti, 2013), enquanto
que o do tipo mofados é dependente das condições meteorológicas, principalmente a
temperatura e a umidade relativa do período de colheita (Andrade, 2010).
TABELA 11. Características física, química e sanitária, de grãos de soja, em amostras
com diferentes porcentagens de grãos avariados.
¹ porcentagem em relação ao Total de N * Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha, não diferem estatisticamente pelo Teste de Scott-Knott (P>0,05).
Em relação à porcentagem de grãos avariados, independentemente do limite
único de cada defeito e considerando a Legislação de classificação dos grãos de soja,
grãos que estão incluídos até o extrato 3 são classificados como dentro do Padrão
Básico para a comercialização, enquanto que os demais são considerados como Fora
1 2 3 4 5 6 7
0,0-4,0 4,1-6,0 6,1-8,0 8,1-10,0 10,1-15,0 15,1-20,0 >20,0
Grãos avariados (%)2,2
(1,8)A
5,2
(2,5) B
7,2
(2,8)B
9,4
(3,2)C
11,8
(3,6)C
17,2
(4,3)D
48,7
(6,9)E 18,9
Ardidos (%)0,1
(1,0)A
0,1
(1,0)A
0,1
(1,0)A
0,2
(1,0)A
0,5
(1,2)A
1,1
(1,3)B
2,4
(1,6)B 42,0
Mofados (%)0,2
(1,1)A
0,6
(1,2)A
1,3
(1,4)A
2,2
(1,6)A
4,2
(2,2)B
3,9
(2,1)B
13,3
(3,0)B 61,5
Fermentados (%)1,4
(1,5)A
3,8
(2,2)A
5,0
(2,4)A
6,3
(2,7)B
6,2
(2,7)C
11,4
(3,5)C
32,3
(5,4)D 34,0
Picados (%)1,8
(1,6)A
3,3
(2,0)A
3,1
(1,9)A
1,8
(1,6)A
1,9
(1,6)A
1,9
(1,6)A
1,9
(1,6)A 31,4
Proteína bruta (%) 36,7 A 36,7 A 36,8 A 36,8 A 36,8 A 37,3 A 37,2 A 3,2
Nitrogênio não
proteico¹(%)6,9 A 7,5 A 7,4 A 7,3 A 8,5 B 8,2 B 8,4 B
18,2
Nitrogênio proteico¹(%) 93,1 B 92,4 B 92,4 B 92,6 B 91,5 A 91,8 A 91,6 A 1,5
Nitrogênio total (%) 5,9 A 5,9 A 5,9 A 5,9 A 5,9 A 6,0 A 6,0 A 3,2
Extrato etéreo (%) 19,4 A 19,9 A 20,4 A 20,2 A 20,9 A 20,1 A 19,6 A 6,9
Acidez (%) 2,5 A 2,4 A 2,2 A 2,4 A 2,9 B 3,2 B 4,6 C 25,9
Condutividade elétrica
(µS cm-1
g-1
)
134,3
(11,5)A
142,2
(11,8)A
155,4
(12,4)A
171,2
(13,2)A
179,1
(14,1)B
203,1
(14,1)B
286,2
(16,4)C
15,9
Massa de mil grãos (g) 139,6 A 148,5 137,1 A 146,9 A 143,3 A 150,8 A 138,7 A 12,2
Massa específica (kg m-3
) 673,0 A 668,0 A 655,0 A 667,0 A 663,0 A 661,0 A 656 A 3,4
Teor de água (%) 11,2 A 11,1 A 11,6 A 12,8 A 12,5 A 11,9 A 11,8 A 18,6
Aspergillus (%) 48,2 A 50,5 A 63,8 A 73,5 A 47,9 A 56,9 A 69,4 A 31,0
Penicillium (%) 34,6 A 32,9 A 36,9 A 49,6 B 40,3 A 52,3 B 67,6 B 38,2
Fusarium (%) 18,5 A 17,1 A 27,0 A 27,4 A 25,9 A 43,8 B 50,0 B 32,8
Características de
qualidade
Extratos de grãos avariados (%)
cv (%)
64
de Tipo, podendo ser comercializados como se apresentam, desde que identificados
como tal.
Os extratos 6 e 7 apresentaram os maiores porcentuais de grãos ardidos,
entretanto, esses grãos podem ser comercializados para a indústria, desde que
informado o percentual desse defeito, pois o percentual dos defeitos graves (ardidos
e mofados) é inferior a 40%, que é o limite para ser considerado como desclassificado
(Tabela 11).
Com relação aos porcentuais de grãos mofados, esses foram maiores nos
extratos 5, 6 e 7 e de acordo com a legislação de classificação de soja, em relação ao
limite de mofados, os grãos dos extratos 5 e 6 são enquadrados em Padrão Básico e
os da classe 7, como Fora de Tipo, para a soja utilizada como matéria-prima nas
indústrias (Tabela 11).
A porcentagem de grãos fermentados foi aumentando a partir da classe 4,
sendo máxima na classe 7. Esse defeito é considerado para muitos autores como o
de maior ocorrência nas classificações de grão de soja (Lacerda Filho et al., 2014;
Smaniotto et al., 2014; Alencar, 2009; Radünz et al., 2006), fato que não aconteceu
somente no extrato 1, em que o defeito picados foi o de maior ocorrência.
É válido ressaltar que o grão, quando picado por percevejo, tem facilitada a
entrada de patógenos que causam a deterioração do mesmo, tornando-se um grão
fermentado e posteriormente ardido, sendo enquadrado como tal.
As características de qualidade química dos grãos, proteína bruta e extrato
etéreo, não se alteram nos grãos de soja das diferentes classes estabelecidas (Tabela
11). Porém, em termos percentuais, os grãos dos extratos 6 e 7 apresentaram maiores
teores de proteína bruta. Indicações de aumento de proteína em grãos avariados
foram relatadas nos trabalhos dos autores Bhattacharya e Raha (2002) e Delafronte
et al. (2013), principalmente quando as avarias eram decorrentes de grãos atacados
por fungos (originando grãos mofados).
Com relação ao nitrogênio total (NT), o proteico (NP) e o não proteico (NNP),
somente para o NNP foi observado aumento em seus teores nos grãos de soja nos
extratos 5, 6 e 7 (Tabela 11). Abramson (1974 apud Schuh, et al., 2011) justifica que
o aumento do NNP em grãos avariados é atribuído ao processo de deterioração dos
grãos e da complexação com açúcares redutores, com o escurecimento dos grãos e
a diminuição do teor de nitrogênio proteico. As principais avarias encontradas nos
grãos desses extratos foram fermentados e mofados.
65
O teor de acidez aumentou nas classes com maiores percentuais de grãos
avariados, podendo ser utilizado como indicativo de qualidade dos grãos, como citado
por Biaggioni e Barros (2006) em que o teste de acidez foi utilizado como índice de
qualidade em grãos de arroz devido ao fato de o nível de ácidos graxos estar
relacionado à classificação comercial por tipos, em grãos de arroz.
A condutividade elétrica dos grãos também foi maior nas classes com maiores
valores de grãos avariados, podendo ser utilizada como indicativo de qualidade de
grãos e sementes (Krzyzanowski, 1999; Leite et al., 2014 e Coradi et al., 2015) (Tabela
12).
Em relação à ocorrência de Aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2), somente uma
amostra apresentou resultado com limite de quantificação, por isso essa característica
não foi apresentada na Tabela 11. Resultados semelhantes foram observados por
Gonçalez et al. (2001), que não encontraram nenhuma micotoxina em amostras de
grãos de soja e por Shotwell et al. (1978) que, ao analisarem 1046 amostras de seis
cultivares de soja, encontraram aflatoxinas em apenas duas e justificaram o resultado
pelo fato de a soja não ser um bom substrato para a produção de aflatoxina, devido
ao baixo teor de zinco no grão.
4.7 Correlações entre as características de qualidade de grãos de soja em
diferentes extratos de TAV
A correlação entre as características de qualidade dos grãos permitiu verificar
a associação positiva e significativa entre os fungos Penicillium e Fusarium com grãos
avariados, ardidos, mofados, fermentados, ardidos, proteína bruta e acidez (Tabela
12). Esse resultado complementa o que foi observado no item anterior em que os
extratos com maior quantidade de grãos avariados apresentaram, em termos
percentuais, os maiores teores de proteína bruta. Portanto, o aumento desses fungos
nos grãos ocasiona o aumento de grãos avariados e de proteína nesses.
Observações semelhantes foram citadas por Bhattacharya e Raha, (2002) e os
autores justificam que a tendência de aumento de proteína no grão é devido à
formação de proteína fúngica. Embora o aumento de proteína seja algo benéfico, é
importante avaliar o aumento das frações de nitrogênio proteico e não proteico, esses
parâmetros não apresentaram correlação significativa com fungos.
66
Tabela 12. Coeficientes de correlação de Pearson entre as características de
qualidade de grãos de soja
** A correlação é significativa no nível 0,01 * A correlação é significativa no nível 0,05
%Total de grãos avariados (TAV); %grãos ardidos (Ard); %grãos mofados (Mof); %grãos fermentados (Ferm); % picados (%); %proteína bruta (PB); % nitrogênio total (NT); %nitrogênio não proteico (NNP); % nitrogênio proteico (NP); %extrato etéreo (EE); %Acidez; %condutividade elétrica (Cond); massa de mil grãos (M.mil) (g); massa específica dos grãos (M.esp) (kgm-³); %teor de água (TA); %Aspergillus (Asp); %Penicillium (Penici) e %Fusarium (Fus).
Os fungos Penicillium e Fusarium também apresentaram correlações positivas
com acidez e condutividade elétrica, e estes com os grãos avariados, retomando a
questão de que a acidez e a condutividade podem ser utilizadas para indicar a
qualidade dos grãos de soja, podendo servir de respaldo para a classificação dos
grãos, visto que é uma metodologia de caráter subjetivo.
O extrato etéreo não apresentou correlação significativa com nenhuma das
características avaliadas, entretanto, houve tendência a associar-se negativamente
com os grãos atacados por fungos, o que também foi observado nos trabalhos de
Teixeira (2001), Alencar et al. (2009), Oliveira et al. (2013) e Coradi et al. (2015).
TAV Ard Mof Ferm Pic PB NT NNP NP EE Acidez Cond M.mil M.esp TA Asp Penici Fus
TAV 1
Ard 0,973** 1
Mof 0,991** 0,965** 1
Ferm 0,998** 0,967** 0,981** 1
Pic -0,387 -0,544 -0,445 -0,353 1
PB 0,806* 0,877** 0,761* 0,813* -0,461 1
NT 0,806* ,877** 0,761* 0,813* -0,461 1,000** 1
NNP 0,645 0,703 0,693 0,611 -0,427 0,616 0,616 1
NP -0,645 -0,703 -0,693 -0,611 0,427 -0,616 -0,616 -1,000** 1
EE -0,246 -0,250 -0,169 -0,283 0,148 -0,210 -0,210 0,469 -0,469 1
Acidez 0,972** 0,990** ,971** 0,964** -0,567 0,817* 0,817* 0,654 -0,654 -0,310 1
Condut ,983** 0,960** ,970** 0,982** -0,376 0,863* 0,863* 0,665 -0,665 -0,178 0,945** 1
MMIL -0,053 0,045 -0,064 -0,057 -0,144 0,192 0,192 0,156 -0,156 -0,014 0,052 0,025 1
Ma esp -0,593 -0,555 -0,581 -0,591 -0,016 -0,559 -0,559 -0,648 0,648 -0,325 -0,466 -0,602 0,484 1
TA 0,649 0,577 0,695 0,627 -0,238 0,484 0,484 0,587 -0,587 0,300 0,575 0,731 0,096 -0,399 1
Aspergi 0,491 0,335 0,442 0,517 0,355 0,405 0,405 0,067 -0,067 -0,044 0,303 0,573 -0,195 -0,473 0,646 1
Penic 0,916** 0,894** 0,897** 0,919** -0,356 0,873* 0,873* 0,573 -0,573 -0,185 0,875** 0,971** 0,122 -0,508 ,789* 0,664 1
Fus 0,874* 0,907** 0,846* 0,876** -0,431 0,971** 0,971** 0,675 -0,675 -0,102 0,850* 0,929** 0,044 -0,676 0,634 0,527 0,931** 1
67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudo em que se avalia a qualidade dos grãos, em condições de campo, é
dificultado pelo fato de não serem todas as variáveis controladas ou até mesmo por
serem desconhecidas, visto que tanto a qualidade física como a química podem ser
alteradas em função da genética, manejo e condições meteorológicas.
Dentre os resultados observados nesta pesquisa, dois ganham destaque: o
primeiro, a redução ou não de extrato etéreo e proteína, fato que vem preocupando a
indústria por não conseguir produtos com a mesma qualidade que obtém ao utilizar
grãos com teores desses constituintes mais elevados.
Essa evidência de redução não foi totalmente elucidada, pela falta de controle
ou pelo desconhecimento de alguns dados, como os de manejo. Contudo, algumas
inferências podem ser demonstradas, como a correlação positiva entre proteína e
temperatura e a correlação negativa com pluviosidade e o indício de que as cultivares
de menor ciclo poderiam ser uma das causas dessa redução.
Ocorrendo a variação da qualidade dos grãos em função da ação conjunta de
ambiente, genética e manejo, embora não se possa afirmar nada com relação ao
manejo, neste trabalho, é importante que, em futuros trabalhos, seja avaliado o efeito
da dessecação antecipada da soja na qualidade dos grãos. A síntese de proteína
ocorre até o final do ciclo da planta, portanto, a antecipação da colheita pode cessar
previamente a síntese de proteína no grão.
Outro fato relacionado ao manejo que interfere diretamente na qualidade dos
grãos é o controle de percevejos. Grãos picados foi o principal defeito encontrado
neste estudo, portanto, melhorar esse controle é fundamental para a obtenção de
grãos de melhor qualidade física. Portanto, estudos em que se controle mais as
variáveis que influenciam a qualidade do grão poderão elucidar mais essas alterações,
como também auxiliar o produtor na escolha da melhor cultivar e do melhor manejo
para a obtenção de grãos com maior qualidade.
O segundo resultado que se destacou é a correlação positiva entre grãos
avariados e o teor de proteína. Porém, é um resultado que deve ser tratado com
cautela, pois não se sabe qual o perfil aminoácido dessa proteína e quais as
consequências do uso de grão, com maior quantidade de grãos avariados, quando
utilizados na matéria-prima de alimentos para os animais.
68
Outro ponto de questionamento em relação a esse resultado é o desconto que
esses grãos recebem ao serem comercializados, pois embora a qualidade física seja
menor, a qualidade química não é, e é essa última que se utiliza para a produção de
óleo de farelo, principais subprodutos da soja. É importante ressaltar que esse lote de
grãos que sofreu desconto não foi descartado; é utilizado, pela indústria, para a
obtenção dos subprodutos.
Em relação a esses últimos resultados, é uma pesquisa muito primitiva, que
deve ser mais explorada e envolver outros setores, como os de alimentação humana
e animal.
69
6 CONCLUSÕES
A qualidade dos grãos de soja depende das condições meteorológicas;
Grãos de soja produzidos em Mato Grosso atendem ao Padrão comercial;
O defeito mais frequente encontrados nos grãos de soja recém-colhidos é o
grão picado por percevejo;
Os grãos de soja produzidos em Mato Grosso possuem em média 20,8% de
extrato etéreo e 37,7% de proteína bruta;
Cultivares de soja de ciclo precoce apresentam teores de proteína bruta inferior
às de ciclo médio;
Há correlação positiva entre proteína bruta e grãos avariados, principalmente
quando atacados por fungos.
70
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