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ALINY SIMONY RIBEIRO CONTROLE GENÉTICO DA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DA SOJA EM PRESENÇA E AUSÊNCIA DA FERRUGEM ASIÁTICA MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO – 2006

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ALINY SIMONY RIBEIRO

CONTROLE GENÉTICO DA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DA SOJA EM PRESENÇA E AUSÊNCIA DA FERRUGEM ASIÁTICA

MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO – 2006

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ALINY SIMONY RIBEIRO

CONTROLE GENÉTICO DA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DA SOJA EM PRESENÇA E AUSÊNCIA DA FERRUGEM ASIÁTICA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Maringá, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento, para a obtenção do título de Mestre.

MARINGÁ PARANÁ – BRASIL DEZEMBRO - 2006

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Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte (A autora)

R484c Ribeiro, Aliny Simony. Controle genético da produtividade de grãos da soja em presença e ausência da ferrugem asiática / Aliny Simony Ribeiro. – Maringá, 2006. 60f. : il.

Orientador : Maria Celeste Gonçalves Vidigal. Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento) − Universidade

Estadual de Maringá, 2006. Bibliografia : f. 51-60.

1. Soja – Melhoramento genético – Teses. 2. Soja – Doenças e pragas

– Teses. 3. Fungos-da-ferrugem – Teses. I. Vidigal, Maria Celeste Gon-çalves. II. Universidade Estadual de Maringá. III. Título.

CDU 631.52:633.34

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iii

À Deus, razão principal de nossa existência,

Aos meus pais, Zontina e Antonio, por acreditarem, apoiarem e financiarem meus

objetivos,

À minha família, em especial, meu irmão Eduardo e à sua esposa Letícia, e às

minhas avós, Carola e Mariquinha,

Ao Dante, pelo incentivo e amor dado que me fortaleceram nesta jornada,

Dedico.

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iv

AGRADECIMENTOS

À Deus, pois sem ele nada existiria.

Ao Programa de Pós-Gradução em Genética e Melhoramento (PGM) da

Universidade Estadual de Maringá pela oportunidade oferecida para a realização

do Curso de Mestrado.

À Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do

Paraná pela concessão da bolsa de estudo.

À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por oferecer estrutura

e pessoal para o desenvolvimento deste trabalho.

À professora Maria Celeste Gonçalves-Vidigal pela orientação, ensino e amizade

conquistados durante o curso.

Ao Colegiado do Programa de Genética e Melhoramento por toda dedicação.

Ao Doutor José Francisco Ferraz de Toledo, pelo incentivo e grande contribuição

na execução deste trabalho.

Aos pesquisadores da Embrapa: Carlos Alberto Arrabal Arias, José Ubirajara

Vieira Moreira, Leones Alves de Almeida, Rodrigo Luis Brogin, Cláudia Godoy,

José Yorinori Tadashi, pela contribuição.

Aos professores Conselheiros, Pedro Soares Vidigal Filho e Adriana Gonela,

pelas sugestões dispensadas ao meu trabalho.

Aos funcionários da Embrapa Soja, em especial a Paulo Roberto Choucino

Andreghetti, Rogério Matsuo Omura, Manoel Alves, Manoel Pinto da Silva,

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v

Luciano Siqueira, Paulo Henrique de Souza Silva, Joel Antonio da Silva, Elias

Pereira Nunes, Algeniro Alves Pereira, João da Silva.

Ao Francisco José da Cruz, secretário do PGM, pela dedicação e contribuição

durante a realização do Curso.

Aos amigos, pela amizade e estímulo, e a todos que, de alguma forma,

contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

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vi

BIOGRAFIA ALINY SIMONY RIBEIRO, filha de Zontina Antonia de Almeida Ribeiro e

de Antonio Ribeiro Neto, nasceu em Jataizinho, Estado do Paraná, aos 11 dias do

mês de novembro de 1983.

Graduou-se em Ciências Biológicas em Fevereiro de 2005, pelo Centro

Universitário Filadélfia, em Londrina, Paraná.

Em Março de 2005, iniciou o curso de Pós-Graduação, nível de Mestrado

em Genética e Melhoramento, na Universidade Estadual de Maringá.

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ÍNDICE RESUMO ..............................................................................................................viii ABSTRACT............................................................................................................ ix 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1 2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................3

2.1. A cultura da soja (Glycine max [L.] Merr.).....................................................3 2.2. Ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi Sydow P. Syd.).............6

2.2.1. Histórico e danos provocados pela doença ...........................................6 2.2.2. Sintomatologia .......................................................................................7 2.2.3. A Ferrugem em outras Culturas.............................................................8 2.2.4. Resistência genética ..............................................................................9

2.3. Parâmetros genéticos.................................................................................11 2.4. Previsão do potencial genético...................................................................13

3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................15 3.1. Genitores ....................................................................................................15 3.2. Obtenção das gerações F1 , F2 e F3 ............................................................16 3.3. Experimento de campo...............................................................................17 3.4. Preparo do inóculo do patógeno (Phakopsora pachyrhizi Sydow P. Syd.) .20 3.5. Análise dos dados ......................................................................................23

3.5.1. Componentes genéticos da média.......................................................24 3.5.2. Componentes genéticos e de ambiente...............................................25 3.5.3. Metodologia de predição do potencial genético dos cruzamentos.......28 3.5.4. Herdabilidade.......................................................................................29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................31 4.1. Danos causados pela ferrugem asiática da soja ........................................31 4.2. Análise dos componentes genéticos da produtividade de grãos ................33 4.2.1. Componentes de médias.........................................................................34

4.2.2. Componentes de variâncias.................................................................40 4.2.3. Previsão do potencial genético do cruzamento....................................43 4.2.4. Estimativa da Herdabilidade (h2)..........................................................47

5. CONCLUSÕES .................................................................................................50 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................51

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viii

RESUMO

RIBEIRO, Aliny Simony, M. Sc, Universidade Estadual de Maringá, dezembro de 2006. Controle Genético da produtividade dos grãos da soja em ausência e presença da ferrugem asiática. Professora Orientadora: Maria Celeste Gonçalves-Vidigal. Professores Conselheiros: José Francisco Ferraz de Toledo, Pedro Soares Vidigal Filho e Adriana Gonela.

A soja é uma das mais importantes culturas no Brasil, devido ao seu amplo

cultivo em diferentes regiões e condições edafo-climáticas do país, bem como à

sua crescente expansão para novas fronteiras agrícolas. As doenças são as

principais ameaças à produtividade e à competitividade da soja brasileira. A

ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, destaca-se como

uma das principais doenças da soja, propiciando, mundialmente, uma perda que

varia 10% a 80% na produtividade. Uma medida efetiva de controle da ferrugem

asiática é a obtenção de cultivares com elevada resistência e produtividade,

porém, ainda não há disponibilidade de cultivar comercial resistente. As

estimativas de componentes genéticos de médias e de variâncias fornecem

informações de forma a auxiliar a seleção de genótipos superiores em programas

de melhoramento. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi identificar as perdas

de produtividade ocasionadas pela ferrugem asiática e estimar os componentes

genéticos da produtividade. Desta forma, foram estudadas características de seis

cultivares, das gerações segregantes F2, F3 e de seus recíprocos. Os dados foram

obtidos em dois experimentos conduzidos em delineamento inteiramente

casualizado. A produção de grãos da soja foi reduzida quando submetida à

ferrugem asiática, resultando em perdas de aproximadamente 90% em alguns

dos genótipos analisados. Os resultados demonstraram que os efeitos aditivos

foram predominantes no controle genético da produtividade de grãos. A cultivar

BRS 231 foi a que melhor se comportou frente à ferrugem asiática, a qual

apresentou superioridade de produtividade variando de 15 a 55% em relação às

outras cultivares. As combinações que se mostraram mais promissoras foram

BRS 184 x BRS 231 e BRS 154 x BRS 214. A herdabilidade para o rendimento de

grãos variou de 0,15 a 0,52, mostrando possibilidades de obtenção de

segregantes superiores em programas de melhoramento.

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ix

ABSTRACT

RIBEIRO, Aliny Simony, M.S., Universidade Estadual de Maringá, May 2006. Genetic control of the productivity of the grains of the soybean in absence and presence of the Asian rust. Adviser: Maria Celeste Gonçalves-Vidigal. Committee members: José Francisco Ferraz de Toledo, Pedro Soares Vidigal Filho and Adriana Gonela.

Soybean is one of the most important crops in Brazil, due to its ample

cultivation in different regions and edafoclimatics conditions of the country, as well

as its increasing expansion to new agriculture frontiers. Diseases are the main

threats to yield and competitiveness of Brazilian soybeans. The Asian rust, caused

by Phakopsora pachyrhizi, is one of the major diseases of soybean, which has

caused yield losses from 10% to 80% worldwide. One effective method of control

for Asian rust is to obtain cultivars with high resistance and yield, although there is

no such resistant commercial cultivar available. The estimative of means and

variances of genetic components give some information to help the selection of

superior genotypes for breeding programs. Therefore, the objective of this wok

was to identify the yield loss caused by Asian rust and to estimate the yield’s

genetic components. Thus, were evaluated data referring to six cultivars and their

segregant populations F2, F3 and their reciprocals. The data were obtained in two

experiments carried out in a full randomized design. The soybeans grain yield was

reduced when submitted to Asian rust, resulting in losses of approximately 90% in

some analyzed genotypes. Beyond that, additive effects were predominant in the

genetic control of grain yield. The cultivar BRS 231 was the one that reacted better

to Asian rust, which presented superiority of productivity varying from 15 to 55% in

relation to the other tested genitors. The combinations that showed to be more

promising were BRS 184 x BRS 231 and BRS 154 x BRS 214. The herdability for

yield seed varied from 0.15 to 0.52, demonstrating possibilities to obtain superior

segregant for breeding programs.

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1. INTRODUÇÃO

A soja (Glycine max (L.) Merr.) ocupa posição de destaque na agricultura

brasileira, sendo uma das culturas com maior área cultivada, aproximadamente

23,3 milhões de hectares, com produção de cerca de 52,7 milhões de toneladas,

e produtividade média de 2.301 kg/ha-1 (FAO, 2006). Atualmente, o Brasil

participa com 25% da produção mundial da soja, sendo o segundo maior produtor

dessa oleaginosa (Conab, 2006).

Segundo Almeida (2001), a produtividade média da soja poderia ser

superior a 3.200 kg/ha-1 caso houvesse redução do efeito das doenças que

prejudicam a cultura. Dentre elas, a ferrugem asiática, causada pelo fungo

Phakopsora pachyrhizi Sydow P. Syd. destaca-se como a mais agressiva,

gerando perdas que podem variar de 10 a 80% na produtividade.

Em geral, as ferrugens resultam em elevadas perdas nas mais diversas

culturas, principalmente nas gramíneas, tais como o trigo, a cevada e o milho.

Além das gramíneas, elas afetam também as culturas do cafeeiro, feijoeiro,

plantas ornamentais, frutíferas e hortículas (Bedendo, 1995).

O fungo P. pachyrhizi é causador da ferrugem asiática da soja, e por esta

razão, tem sido motivo de preocupação devido ao elevado potencial de danos, em

especial nos países asiáticos. Porém, nos últimos anos, a ferrugem asiática da

soja disseminou-se rapidamente em decorrência da ampla área de cultivo dessa

leguminosa na América do Sul. Conseqüentemente, essa expansão propiciou a

detecção de acentuados prejuízos econômicos, os quais comprometem a não só

a rentabilidade dos produtores, mas também a economia de países que possuem

a soja como destaque de seu agronegócio.

Uma medida de controle efetivo e econômico da ferrugem é a obtenção

de cultivares resistentes e que apresentem uma elevada produtividade (Brogin,

2005). Atualmente, sabe-se que a resistência específica à ferrugem asiática é

conferida ao menos por quatro genes dominantes e independentes identificados,

quais sejam: Rpp1 (McLean e Byth 1980), Rpp2 (Bromfield e Hartwig, 1980),

Rpp3 (Bromfield e Hartwig, 1980; Hartwig e Bromfield, 1983) e Rpp4 (Hartwig,

1986). No entanto, estudos realizados por Arias et al. (2004) demonstraram que a

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resistência conferida pelos genes Rpp1 e Rpp3 foi superada por um novo isolado

da ferrugem asiática originário na região Centro-Oeste do Brasil.

Até o presente momento, não há registros de cultivar comercial resistente

a esse patógeno, embora algumas cultivares apresentem certa tolerância à

doença, a qual pode ser caracterizada pela presença de genes menores que

propiciam uma resistência do tipo horizontal ou quantitativa.

A avaliação dos genótipos de indivíduos de uma população é obtida

através do conhecimento de vários tipos de ação gênica, fato este muito útil para

a exploração e o melhor aproveitamento da sua variabilidade genética. Desta

forma, existem métodos de análise para esses tipos de ação gênica, os quais são

baseados nos mecanismos de herança quantitativa. Tais métodos fornecem

parâmetros que indicam a contribuição de genes aditivos, de dominância,

interação entre genes, efeitos de ambiente e a interação entre genes e ambiente

para a variância de populações segregantes. Portanto, o conhecimento desses

efeitos nas médias e nas variâncias de uma população segregante possibilita a

predição do potencial desta população vir propiciar genótipos desejáveis para

serem selecionados (Ramalho et al., 1993; Cruz e Carneiro, 2003).

Os valores fenotípicos para caracteres quantitativos podem ser divididos

em dois componentes, sendo constituídos de uma parte genética e uma parte

ambiental. O componente genético de uma planta possui uma parte que é

transmitida à sua descendência, denominada parte aditiva, e outra que não é

transmitida, denominada parte ou componente dominante (Destro e Montalvan,

1999).

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo quantificar as

perdas de produtividade de grãos ocasionadas pela ferrugem asiática, bem como

estimar os componentes genéticos da produção, a fim de facilitar a obtenção de

genótipos de soja resistentes à referida doença.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A cultura da soja (Glycine max [L.] Merr.)

A soja (Glycine max (L.) Merr.) é uma planta originária da China e, deste

país, expandiu-se para outras partes da Ásia, por volta do século XI a.C.

Domesticada em latitudes compreendidas entre 30 e 45ºN, foi disseminada,

posteriormente, para a América do Norte, Europa e América do Sul (Priolli et al.,

2004).

A soja é uma das mais importantes culturas oleaginosas cultivadas no

mundo, principalmente por apresentar elevados teores de proteína (40%), óleo

(20%) e elevado rendimento de grãos. No Brasil, desde o final do século XIX e

durante muitas décadas do século XX, a soja foi cultivada somente em caráter

experimental por algumas Instituições de Pesquisa. A partir da década de 60,

entretanto, a cultura passou a adquirir importância no país, inicialmente na região

Sul (latitudes 30 a 22ºS), onde apresentou melhor adaptação, devido à

semelhança com as regiões tradicionais de cultivo no mundo (Priolli et al., 2004).

Com a crescente demanda por matéria-prima protéica nos países

desenvolvidos, observou-se o aumento da produção e a rápida expansão da área

de cultivo desta leguminosa da região Sul do Brasil rumo aos “Cerrados”, onde

predomina as latitudes 20 a 5ºS (Urben Filho e Souza, 1993), levando o Brasil de

uma posição inexpressiva no cenário mundial, para a de segundo maior produtor

de soja (FAO, 2006).

Diversos programas de melhoramento genético contribuíram para o

desenvolvimento de cultivares de rendimento superior e adaptadas às diferentes

condições agroclimáticas do Brasil, proporcionando em quase 15 anos, um ganho

de produtividade de aproximadamente 1.500 kg.ha-1 (Figura 1). A redução na

produtividade nos anos agrícolas de 2003/04 e 2004/05 ocorreu em decorrência

de alguns fatores, tais como, a escassez de chuvas e, principalmente, a presença

do patógeno Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática (Toledo,

comunicação pessoal).

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Figura 1 – Produtividade de grãos de soja (Kg.ha-1), no Brasil no período de 1990 a 2005 (Fonte: CONAB, 2006).

De acordo com Paludzyszyn Filho et al. (1993), na região tradicional de

cultivo da soja no Brasil (região sul), os programas de melhoramento tiveram

como base as introduções de linhagens desenvolvidas no Sul dos EUA, onde a

cultura encontrou efetivas condições para se desenvolver e expandir, dadas as

semelhanças climáticas do ecossistema de origem (sul dos EUA), com as

condições climáticas predominantes no extremo sul do Brasil. Posteriormente,

iniciou-se o desenvolvimento de cultivares melhores adaptadas as baixas latitudes

dos climas tropicais. Por sua vez, na região de expansão, os programas de

melhoramento genético seguiram a estratégia de desenvolvimento de linhagens

adaptadas às condições tropicais (baixas latitudes) e viabilizando o seu cultivo em

qualquer ponto do território nacional, através da incorporação da característica de

período juvenil longo (Kiihl e Garcia, 1989; Toledo et al., 1993).

Segundo Brogin (2005), os avanços obtidos a cada ano com relação à

produtividade dos genótipos ocorrem em conseqüência da melhoria do material

genético utilizado pelos produtores brasileiros, onde houve-se oferta de cultivares

de soja desenvolvida por meio de pesquisas realizadas em instituições públicas e

privadas. Além disso, o melhoramento da soja, envolvendo áreas de pesquisa de

1.500

1.750

2.000

2.250

2.500

2.750

3.000

1990

/91

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2000

/01

2001

/02

2002

/03

2003

/04

2004

/05

Anos Agrícolas

(Pro

dutiv

idad

e em

Kg/

ha-1

)

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fitopatologia, de entomologia e de biotecnologia, propicia a obtenção de cultivares

com elevado potencial produtivo, tornando-os competitivos no mercado.

O melhoramento genético de plantas está entre as principais contribuições

da ciência para o bem-estar da sociedade, especialmente quanto ao atendimento

às necessidades em termos de alimentos e de fibras, tanto em quantidade como

em qualidade. Um dos fatores que promoveu o aumento da produtividade das

principais espécies cultivadas, em aproximadamente 50%, foi a utilização do

melhoramento genético. No futuro, sua contribuição poderá ser ainda maior de

forma a atender a uma população crescente, exigente em alimentos de qualidade

e, principalmente, na redução dos efeitos ambientais decorrentes de insumos

utilizados na produção agrícola (Raposo et al., 2000).

Os programas de melhoramento de soja geralmente exigem tempo e

trabalho até a obtenção dos genótipos desejados na forma de linhagens ou de

cultivares. Além disso, a hibridação além de trabalhosa, resulta num número

reduzido de sementes, sendo necessários vários anos de estudos até que a

população se torne homozigota, e seus genótipos possam ser avaliados e

recomendados como novas cultivares (Triller, 1994).

O efeito básico da seleção em programas de melhoramento genético

condiciona a mudança relativa das freqüências alélicas da população. Tal efeito

pode ser evidenciado pelas alterações observáveis ao longo das gerações sob

seleção, através dos parâmetros populacionais, tais como a média dos valores

fenotípicos e a variância genética. Dessa forma, a avaliação genética com

elevada precisão é fator fundamental para uma eficiente seleção (Allard, 1971;

Carneiro et al., 2001).

O objetivo principal dos programas de melhoramento consiste no aumento

da produtividade da cultura da soja em cada ciclo de seleção, ainda que para isso

sejam necessárias avaliações extensas e demoradas das progênies em

condições de campo. Além disso, nem sempre tais condições são favoráveis,

podendo sofrer influências de fatores ambientais, tais a ocorrência de doenças,

que podem contribuir para a variação do rendimento da cultura. Portanto,

estimações precisas dos componentes de variância são importantes para a

predição de valores genéticos e para maximizar a seleção (Farias Neto et al.,

2001).

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A freqüência da incidência de doenças em soja aumentou nos últimos

anos, ocasionando em perdas nos plantios comerciais, exigindo respostas rápidas

da pesquisa para o desenvolvimento e a aplicação de técnicas de controle, pois

aproximadamente 40 patógenos infectam a soja no Brasil e as perdas anuais da

produção por doença são estimadas em cerca de 15 a 20%, no entanto, algumas

doenças podem ocasionar perdas de quase 100% (Embrapa, 2005a). Uma das

principais doenças da soja é a ferrugem asiática, sendo considerada a mais

destrutiva e causadora de danos a essa cultura (Embrapa, 2005b).

Algumas das características exigidas pelos produtores, afim da obtenção

da aceitação comercial da soja, consistem em cultivares produtivas e estáveis.

Dentre os fatores que garantem a estabilidade dessas cultivares, destaca-se a

resistência genética a doenças, que é o método de controle mais eficiente e de

custo mais baixo, além de ser o mais adequado às práticas de conservação do

ambiente (Brogin, 2005).

2.2. Ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi Sydow P. Syd.)

2.2.1. Histórico e danos provocados pela doença A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Sidow e

P. Syd., foi descrita pela primeira vez no Japão, em 1902 e por volta de 1934,

surgiu em caráter epidêmico em vários países da Ásia e no Sul da Austrália

(Bromfield e Hartwig, 1980). A primeira ocorrência dessa doença na Índia foi em

1951 (Sharma e Mehta, 1996). Em 1996, foi relatada pela primeira vez no

continente africano, concentrando-se em Uganda, Kênia e Rwanda (Levi et al.,

2002). Em março de 2001, foi detectada na África do Sul, onde em 2002, atingiu

caráter epidêmico (Caldwell e Laing, 2006). No Brasil, foi relatada pela primeira

vez no final da safra de 2000/01, representando uma grande ameaça para os

países do continente americano (Godoy e Canteri, 2004). No outono de 2004 foi

confirmada a presença do patógeno em campos de produção de soja nos estados

de Louisiana, Mississippi, Florida, Geórgia e Missouri nos Estados Unidos

(Schwartz et al., 2005).

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Inicialmente, os custos empreendidos no controle da doença foram da

ordem de dois bilhões de dólares (Dall´Agnol, 2005), em que, a intensidade dos

danos provocados pela doença, depende da época de sua incidência na cultura,

das condições climáticas favoráveis à multiplicação do patógeno,

desenvolvimento dos sintomas iniciais, da resistência/ tolerância da cultivar e do

ciclo da cultura.

No ano agrícola de 2001/02, foi relatada incidência da ferrugem nas

principais regiões produtoras no Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Mato

Grosso, onde nos casos mais severos, as perdas atingiram níveis de até 70%

(Yorinori et al., 2002b). No ano agrícola subseqüente, a ferrugem asiática atingiu

praticamente todas as regiões produtoras representando uma ameaça para a

cultura em função dos prejuízos causados pelo aumento do custo de produção

para seu controle, ocasionando perdas de grãos estimadas em 3,4 milhões de

toneladas, ou o equivalente a US$ 758,9 milhões na safra 2002/03 (Embrapa,

2005b).

Os danos mais significativos na produtividade da soja decorrentes da

incidência da ferrugem asiática no Brasil, aliado à fatores ambientais, ocorreram

no ano agrícola de 2003/04 com perda de 4,5 milhões de toneladas, ocasionados

pela presença de uma nova raça de P. pachyrhizi, oriunda do estado do Mato

Grosso, cujo inóculo permaneceu de forma contínua no período subseqüente de

entressafra (Yorinori et al., 2004).

2.2.2. Sintomatologia

A ferrugem asiática da soja pode aparecer em qualquer estádio de

desenvolvimento da planta, e os sintomas iniciais da doença são pequenas

pústulas foliares, de coloração castanha a marrom-escura. Segundo Hartman et

al. (1997), a ferrugem asiática se manifesta nas folhas da soja através de lesões

marrom claro (TAN), a marrom escuro ou marrom avermelhado (RB) com uma ou

muitas urédias erumpentes, globosas e estioladas. As lesões TAN caracterizam

genótipos suscetíveis à ferrugem, enquanto que as lesões RB, caracterizam a

reação de resistência dos genótipos.

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Na face inferior da folha pode-se observar uma ou mais urédias, que ao

se romperem liberam os uredósporos, podendo aparecer em pecíolos, vagens e

caules (Oliveira, 2005). Plantas infestadas de forma severa apresentam desfolha

precoce, comprometendo a formação, o enchimento de vagens e o peso final dos

grãos. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e,

conseqüentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (Yang et al.,

1991).

A doença manifesta-se de forma irregular, dependendo das condições

ambientais tais como a umidade e a temperatura (Brogin, 2005). A mesma é

favorecida por chuvas bem distribuídas e longos períodos de umidade, sendo o

período mínimo para o desenvolvimento da infecção estimado em 6 horas,

associado a temperaturas de 20 a 25oC. A temperatura ótima para o

desenvolvimento do patógeno varia entre 18º e 26,5ºC. Temperaturas que

favorecem o crescimento e desenvolvimento de plantas de soja também

favorecem o desenvolvimento da ferrugem. Temperaturas inferiores a 15oC ou

superiores a 30oC, associadas à condições secas, retardam o desenvolvimento da

ferrugem asiática. Além disso, a disseminação da ferrugem asiática ocorre por

meio da dispersão eólica dos uredósporos, sendo quase impossível sua

contenção (Embrapa, 2005a).

2.2.3. A Ferrugem em outras Culturas Em geral, as ferrugens provocam constantemente enormes perdas em

várias culturas, tais como a aveia, o trigo, o milho, o feijão, dentre outras

(Bedendo, 1995).

Estudos desenvolvidos por Chaves et al. (2004), mostraram que na

ferrugem da aveia (Puccinia coronata f. sp. avenae) componentes de resistência

contribuem para o progresso lento da doença, tais como a eficiência da infecção,

o período de latência, a produção de esporos por pústula, e o tamanho de

pústulas. Os autores afirmaram que o resultado dos efeitos combinados dos

componentes de resistência gera a resistência quantitativa, não havendo

componente responsável isoladamente pela expressão da característica, quando

em experimentação a campo.

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Por outro lado, a ferrugem do feijoeiro (Uromyces appendiculatus (Pers.)

Unger) é uma importante doença em regiões temperada e tropical de produção de

feijão, com condições ideais frias a moderadas para o desenvolvimento da

doença, aliada a elevada umidade (95%) por períodos de 7 a 8 horas, intercalado

com períodos ventosos mais secos que favorece dispersão dos esporos (Harter et

al., 1935).

A ferrugem da folha do trigo (Puccinia triticina) e da cevada (Puccinia

hordei), apresentam o período de latência como o fator mais importante. Por sua

vez, a ferrugem amarela do trigo (Puccinia striiformes) possui como componentes

determinantes, a freqüência de infecção e a produção de esporos (Parlevliet,

1988). De acordo com Knott (1988), a resistência à ferrugem da folha do trigo

aumenta à medida que as plantas atingem o estádio adulto. A resistência

qualitativa à ferrugem também é observada em trigo, onde a cultivar BR 35,

portadora de dois genes para resistência a ferrugem da folha, vem apresentando

resistência em planta adulta por mais de 12 anos (Sbalcheiro et al., 2005).

O uso da resistência horizontal tem sido mais eficiente no controle da

ferrugem do milho (Zea mays L.), tanto a ferrugem polisora como a ferrugem

tropical, causada pelo fungo Puccinia striiformis e Physopella zeae,

respectivamente, uma vez que esses patógenos obrigatórios possuem ampla

variabilidade, fato que dificulta a eficácia da utilização da resistência vertical

(Pinho et al., 2001).

Por outro lado, em plantas de café (Coffea arabica), há influência do clima

no progresso da ferrugem, causada pelo fungo Hemileia vastatrix Berk. et Br.,

pois além do tempo de umidade necessário para infecção das plantas, a

temperatura ideal deve variar entre 20-25 oC (Vale et al., 2000).

2.2.4. Resistência genética

A obtenção de cultivares resistentes tem constituído uma das maiores

contribuições dos melhoristas de plantas, pois é o processo mais eficaz no

controle de doenças, quando comparado com outros métodos que envolvem

tratamentos que aumentam o custo de produção, tais como o uso de fungicidas

(Bueno et al., 2001).

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Considerando o desenvolvimento de cultivares resistentes à ferrugem

asiática, o desafio maior baseia-se na agressividade e na variabilidade genética

do patógeno. No ano agrícola de 2001/2002 as cultivares resistentes

selecionadas tiveram sua resistência vencida por isolados do fungo Phakopsora

pachyrhizi Sydow P. Syd. provenientes do Estado do Mato Grosso. Assim, na

ausência de cultivares resistentes, medidas de manejo tais como a utilização de

cultivares de ciclo precoce, semeaduras no início da época recomendada e o

monitoramento constante da lavoura associado ao controle químico com

fungicidas, têm sido recomendadas para diminuir os danos que a ferrugem

asiática pode causar (Embrapa, 2005a).

As cultivares resistentes normalmente são obtidas mediante a

transferência de alelos de resistência provenientes de fontes exóticas, as quais

não são adaptadas para o cultivo comercial. Em virtude da co-evolução entre

hospedeiro e o patógeno e, conseqüentemente, o surgimento de novas raças,

resultam numa busca constante de cultivares resistentes. Portanto, é uma

situação que faz parte da dinâmica da interação planta-patógeno, sendo

necessária sua compreensão pelo melhorista (Flor, 1955; 1956).

Em 2003, segundo Brogin et al., diversos testes foram realizados com o

objetivo de identificar fontes de resistência, tendo sido testados genótipos que

foram identificados como fontes de resistência em outros países e, também,

germoplasma de soja adaptado às condições brasileiras.

Segundo Agrios (1988), a resistência a doenças pode ser controlada

geneticamente pela presença de um ou poucos genes (resistência vertical), ou

muitos genes (resistência horizontal).

A resistência vertical é usualmente controlada por um ou poucos genes.

Por sua vez, cultivares portadoras de resistência vertical, geralmente, apresentam

resistência completa ao patógeno específico sob condição ambiental adequada,

mas uma única mutação pode ser capaz de produzir uma nova raça capaz de

infectá-las (Robinson, 1979).

Tradicionalmente, tem sido utilizada a resistência qualitativa,

condicionada por genes de efeitos maiores, em virtude da capacidade de

transferência a genótipos elite. Entretanto, este tipo de resistência, com algumas

exceções, não é durável por longos períodos. Isto ocorre porque as ferrugens,

sendo parasitas obrigatórios, co-evoluíram com seus hospedeiros como

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componentes de um sistema muito influenciado pelas condições ecológicas.

Sendo assim, qualquer mudança no hospedeiro reflete na população patogênica,

a fim de restabelecer o equilíbrio (Wahl et al., 1984).

Fontes de resistência em introduções de plantas (PI’s) ao patógeno P.

pachyrhizi foram identificadas como sendo portadoras de quatro genes

dominantes, quais sejam, Rpp1 (McLean e Byth 1980), Rpp2 (Bromfield e

Hartwig, 1980), Rpp3 (Bromfield e Hartwig, 1980; Hartwig e Bromfield, 1983) e

Rpp4 (Hartwig, 1986). Atualmente, das quatro fontes de resistência, apenas os

genes Rpp2 e Rpp4 condicionam resistência à ferrugem asiática no Brasil (Arias

et al., 2004). Este fato é explicado devido à ampla variabilidade apresentada pelo

patógeno.

O tipo de resistência quantitativo, envolvendo uma série de genes, com

efeitos diferenciados, associados ao efeito do ambiente, ocasiona uma variação

fenotípica contínua na reação do hospedeiro. Sendo assim, cultivares com

resistência horizontal são mais estáveis, porém suas reações podem apresentar

diversas reações ao patógeno em diferentes condições de ambiente. Até o

presente momento, nenhum genótipo foi identificado, entre as cultivares

comerciais, com resistência satisfatória, sendo a sua obtenção um dos desafios

para os pesquisadores (Ribeiro et al., 2006).

2.3. Parâmetros genéticos

Nas populações utilizadas em programas de melhoramento, os parâmetros

de interesse são de duas naturezas: genética e não genética. As estimativas

destes parâmetros indicam o tipo de variabilidade genética e ambiental presente

no material em estudo, e auxiliam na análise das predições.

A estimação dos parâmetros genéticos de uma população permite obter

informações sobre a natureza da ação dos genes envolvidos na herança dos

caracteres e estabelecer a base para a escolha dos métodos de melhoramento

mais convenientes. Ao se estimar as variâncias genéticas, tanto os genótipos

quanto os ambientes de experimentação devem constituir amostras apropriadas,

respectivamente da população e da área geográfica de interesse (Cockerham,

1956; Robinson e Cockerham, 1965). Ressalta-se ainda, a necessidade de

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considerar que não se consegue estimar o componente da variação genética

independentemente do componente devido a interação genótipo x ambiente,

quando um simples ensaio é conduzido (Gardner, 1963).

Segundo Allard (1971), foi atribuída ao dinamarquês Johannsen, que

conduziu o experimento sobre a Teoria das Linhas Puras, a demonstração de que

a variação fenotípica, observável, resulta da ação conjunta do genótipo e do

ambiente. Com o advento da genética quantitativa, foi possível compreender

também o componente genotípico da variação fenotípica, o qual resulta da ação e

da interação entre os genes do mesmo locus ou de loci diferentes.

Segundo Hill (1984) a primeira elucidação de um modelo de herança

poligênica foi desenvolvendo em 1904, por Pearson, o qual demonstrou interesse

pela teoria de evolução e pelo estudo dos caracteres de variação contínua.

Conforme citado por Cockerham (1956), Strickberger (1985) e Gardner e

Snustad (1986), a demonstração definitiva de que os caracteres quantitativos

eram herdados de acordo com a lei mendeliana para os caracteres qualitativos,

foi fornecida por Nilsson-Ehle (1909) e por East (1919). Por sua vez,

considerando a herança poligênica do padrão mendeliano clássico, torna-se mais

adequado o estudo da população por meio da estimação de médias e variâncias.

Falconer (1987) descreveu que para os caracteres métricos, as questões

primárias da genética são formuladas em termos de variância e do parcelamento

em componentes atribuíveis a diferentes causas. Em 1918, foi realizada a

primeira decomposição da variância genética em três componentes, quais sejam:

1) a variância aditiva, devida aos efeitos médios dos genes; 2) a variância

dominante, devida as interações entre alelos do mesmo locus; e 3) a variância

epistática, proveniente das interações entre alelos de diferentes loci (Fisher,

1984).

Diversos trabalhos foram realizados a fim de compreender a determinação

dos componentes da variância genética. Dentre eles são evidenciadas as

contribuições de Wright (1921a, 1921b), Mather (1949), Cockerham (1954, 1956,

1971, 1983), Horner e Weber (1956), Harris (1964), Weir e Cockerham (1977),

Cockerham e Weir (1984) e Wright (1987).

Além da obtenção das estimativas de variâncias genéticas e de médias,

outros parâmetros genéticos, tais como o coeficiente de herdabilidade e de

variação genética, o índice de variação e as correlações genéticas, são

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importantes para se predizer ganhos, avaliar a viabilidade de determinado

programa de melhoramento e orientar na adoção da estratégia mais eficiente de

seleção (Vencovsky, 1969).

As médias e as variâncias das diversas gerações permitem a obtenção de

um conjunto de equações relacionando-as aos efeitos genéticos. Segundo Toledo

(1991), uma maneira eficiente de estimar os parâmetros genéticos não viesados e

de mínima variância é a utilização de uma análise de quadrados mínimos

ponderados.

Segundo Oliveira (1994), o conjunto restrito P1, P2, F2 e F3, por sua

praticidade de uso em plantas autógamas, tais como a soja, também tem sido

utilizado para essas análises, ao invés das seis gerações básicas (P1, P2, F1, F2,

RC1, RC2). No entanto, a detecção de epistasia por meio do conjunto restrito é

menos eficiente, pois o [j] não pode ser estimado e, os componentes [i] e [l] são

detectados em um menor número de oportunidades.

2.4. Previsão do potencial genético

Na condução de um programa de melhoramento por hibridação, o

melhorista deve tomar algumas decisões. A primeira delas e de maior

importância, da qual depende o sucesso de todo o trabalho de seleção, é a

escolha das populações segregantes. A existência de ampla variabilidade

genética entre os progenitores que serão cruzados é fundamental para gerar

população segregante de forma a propiciar a seleção de genótipos (Ramalho et

al., 1993b). A população ideal é aquela que associa média elevada e suficiente

variabilidade genética, que possibilite a seleção de linhagens com desempenho

superior aos pais (Santos et al., 2001).

Entre vários procedimentos que podem ser utilizados na escolha das

populações segregantes, um deles é o método de Jinks e Pooni (1976). O método

permite fazer predições sobre as linhas puras derivadas de um cruzamento

simples com as informações apenas das suas gerações iniciais. Ainda segundo

Jinks e Pooni (1976), para características quantitativas controladas por um

número k de genes igual ou superior a seis, a distribuição das linhas puras F∞

extraídas sem seleção de um cruzamento simples entre duas linhagens

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homozigotas, apresenta a distribuição normal. Portanto, estima-se a probabilidade

da obtenção de linhagens superiores a um determinado padrão na F∞, utilizando

estimativas da média e variância nas gerações iniciais. Ao utilizarem a média e a

variância das gerações derivadas, esses métodos maximizam o uso da

informação existente (Triller, 1994).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Genitores Seis cultivares comerciais de soja foram utilizadas como genitores: FT-2,

Embrapa-48, BRS 154, BRS 184, BRS 214 e BRS 231. Essas cultivares foram

escolhidas de acordo com certas características, tais como: níveis diferenciados

de resistência; grupo de maturação similar, conforme classificação Internacional

de Grupos de Maturação e elevada média de produtividade, pois todos os seis

parentais são considerados potencialmente produtivos (Toledo, comunicação

pessoal). A seleção dos parentais baseou-se também em seus pedigrees

(Miranda, 2005), cujas peculiaridades sobre os genitores utilizados neste

experimento encontram-se descritas a seguir: a) FT-2 - possui um gene maior,

provavelmente Rpp1 ou Rpp3, que confere resistência à ferrugem asiática (P.

pachyrhizi), isolado identificado no Brasil em 2001, porém é compatível ao novo

isolado da doença, proveniente do Mato Grosso. Esta cultivar pertence ao grupo

de maturação 6,4. FT-2 é uma seleção em IAS-5, sendo desta a origem do gene

maior (Rpp1 ou Rpp3); b) Embrapa 48 - é suscetível a ferrugem e foi escolhida

por ser a segunda cultivar mais plantada no Estado do Paraná em 2002/03, e

apresenta grupo de maturação 6,8. Esta cultivar tem como um de seus ancestrais

a cultivar Paraná, que é irmã de IAS-5, porém a cultivar Paraná não herdou o

gene maior de IAS-5; c) BRS 154 - é a cultivar padrão para susceptibilidade à

ferrugem asiática na maioria dos experimentos conduzidos no Brasil, com grupo

de maturação 7,4. Tem como um de seus ancestrais a IAS-5, porém não herdou o

gene maior para resistência; d) BRS 184 - é suscetível à ferrugem asiática, mas

possui genes que expressam um certo nível de resistência quantitativa à doença,

sendo pertencente ao grupo de maturação 6,7. Tem a cultivar Paraná como um

de seus ancestrais, mas assim como a Embrapa 48, não teve nenhuma

expressão de gene maior, além disso, também possui em sua genealogia a PI

274454, que possui um gene maior para resistência a ferrugem, porém, também

não herdou essa resistência; e) BRS 214 - é suscetível à ferrugem asiática, mas

possui genes que expressam resistência quantitativa à doença e pertence ao

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grupo de maturação 7,4. Esta cultivar possui em sua genealogia ancestrais dos

genitores de IAS-5, sendo que também não herdou o gene de resistência; f) BRS 231 - é moderadamente resistente (resistência quantitativa) à ferrugem asiática,

pertence ao grupo de maturação é 7,6. Esta cultivar é irmã da BRS 214,

possuindo os mesmo ancestrais, porém possuem características agronômicas

diferenciadas.

3.2. Obtenção das gerações F1 , F2 e F3

As gerações F1, F2 e F3 foram obtidas e conduzidas nos experimentos

compostos pelos trinta possíveis combinações de cruzamento entre os seis

parentais, inclusive os recíprocos.

As linhas parentais foram derivadas das cultivares comerciais por

descendência de uma única planta. Essas plantas únicas foram previamente

multiplicadas, para gerar o material usado em cruzamento e nos experimentos.

Os genitores foram cruzados entre si, obedecendo a um esquema de

cruzamentos dialélicos completos, com a inclusão dos recíprocos para obtenção

das sementes F1, em condições de casa de vegetação, do Centro Nacional de

Pesquisa da Soja (CNPSo-Embrapa), durante o ano de 2003. Após a realização

das 15 possíveis combinações de cruzamento entre os seis parentais, e o avanço

de geração F1 em casa de vegetação, parte das sementes da geração F1 foi

plantada para obter sementes F2. As sementes destinadas à experimentação a

campo (parentais, F2, F3 e os recíprocos) foram produzidas em casa de

vegetação, no período de outono-inverno de 2004. Desta forma, garantiu-se que

todas as sementes tivessem a mesma idade, minimizando os efeitos de erros

experimentais de pré-casualização e, também, que se evitassem problemas

causados por mistura de sementes durante a etapa de trilha, ou por polinização

cruzada ocorrida naturalmente.

A semeadura em casa de vegetação foi realizada em vasos de plástico

contendo um substrato de 2:1:7 de esterco, areia e terra, respectivamente. O

plantio das sementes dos parentais foi realizada individualmente em 10 vasos,

utilizando-se três sementes em cada um deles. Após a emergência das plântulas

foram mantidas duas plantas por vaso. Da mesma forma, as gerações F1 e os

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recíprocos foram semeados em 16 vasos de cada cruzamento, e as gerações F2 e

os recíprocos de cada cruzamento, foram semeados em 15 vasos de cada

geração (três sementes para cada vaso), fazendo desbaste para deixar duas

plantas por vaso. No total, para a obtenção das sementes dos parentais e das

gerações segregantes, foram utilizados 990 vasos mantidos em casa de

vegetação, com irrigações freqüentes e temperaturas controladas entre 23 a

25ºC.

Após a colheita, as plantas foram trilhadas individualmente, sendo que as

sementes de cada parental e da F2 de cada cruzamento foram agrupadas. Por

outro lado, as plantas F3 foram trilhadas individualmente, para obtenção de

sementes das famílias dentro de cada cruzamento. O armazenamento das

sementes desses genótipos foi realizado em sacos de papel, devidamente

identificados e guardados em câmara fria até o preparo do experimento de

campo.

3.3. Experimento de campo

O experimento de campo foi realizado no ano agrícola de 2004/2005, na

Fazenda Experimental do Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa –

CNPSo), Londrina, Paraná, localizada na latitude 23º23´S, em latossolo roxo

eutrófico, enquanto que o clima é temperado sub quente e sub úmido, com

temperaturas anuais variando de 11-29ºC.

Dois experimentos foram realizados, sendo que no primeiro as plantas

foram tratadas com aplicação de fungicida preventivamente a cada 15 dias e o

segundo sofrendo inoculações do patógeno nas bordaduras quando as plantas

estavam predominantemente no estágio V3. A semeadura do Experimento I foi

realizada no dia 10/11/2004, sendo o plantio do segundo experimento efetuado

em 17/11/2004. As semeaduras foram espaçadas em uma semana para que as

anotações diárias não fossem prejudicadas pela excessiva quantidade de

trabalho. Cada experimento foi composto por 5.700 parcelas, em delineamento

inteiramente casualizado, utilizando a metodologia de plantio em covas, com

casualização individual de plantas (1 planta = 1 cova = 1 parcela).

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O sorteio dos tratamentos foi efetuado, para cada experimento, mantendo

a completa independência e casualização dos genótipos dentro de cada

experimento. Três sementes, de uma mesma geração, foram distribuídas em

cada parcela para diminuir a possibilidade de perda de parcelas por problemas de

germinação ou outros imprevistos. Após a germinação das sementes e antes da

emissão da primeira folha trifoliolada, foi efetuado o desbaste aleatório para que

cada cova ficasse com apenas uma planta. A distância das plantas, dentro e entre

as linhas, foi de 0,20 m e de 1,5 m, respectivamente. No intervalo entre duas

linhas úteis do experimento foram semeadas duas linhas de bordadura com

sementes remanescentes do experimento para garantir a presença de inóculo da

ferrugem asiática, e para manter a população de plantas, por área, semelhante à

recomendada para o plantio da cultura, com densidade populacional de 250.000 a

300.000 plantas/ha-¹, conferindo-se assim um nível de competição homogênea

para as plantas das parcelas (covas) úteis. Os seis parentais foram representados

por 50 repetições cada um, enquanto a geração F2 e seu recíproco foram

representados por 80 plantas cada uma, e a geração F3 e seu recíproco

representados por 20 famílias com cinco indivíduos cada uma (Quadro 1).

Quadro 1 – Parentais e gerações segregantes utilizados no experimento com os respectivos números de famílias e de indivíduos dentro de cada família

Geração Cultivar e linhagens Nº de famílias Nº indivíduo

Parental 1 FT-2 1 50

Parental 2 Embrapa 48 1 50

Parental 3 BRS 154 1 50

Parental 4 BRS 184 1 50

Parental 5 BRS 214 1 50

Parental 6 BRS 231 1 50

F2 FT-2 X Embrapa 48 1 80

F2 FT-2 X BRS 154 1 80

F2 FT-2 X BRS 184 1 80

F2 FT-2 X BRS 214 1 80

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Quadro 1 – Continuação ... Geração Cultivar e linhagens nº de famílias nº indivíduo

F2 Embrapa 48 X BRS 154 1 80

F2 Embrapa 48 X BRS 184 1 80

F2 Embrapa 48 X BRS 214 1 80

F2 Emb 48 X BRS 231 1 80

F2 BRS 154 X BRS 184 1 80

F2 BRS 154 X BRS 214 1 80

F2 BRS 154 X BRS 231 1 80

F2 BRS 184 X BRS 214 1 80

F2 BRS 184 X BRS 231 1 80

F2 BRS 214 X BRS 231 1 80

F2 Embrapa 48 X FT-2 1 80

F2 BRS 154 X FT-2 1 80

F2 BRS 184 X FT-2 1 80

F2 BRS 214 X FT-2 1 80

F2 BRS 231 X FT-2 1 80

F2 BRS 154 X Embrapa 48 1 80

F2 BRS 184 X Embrapa 48 1 80

F2 BRS 214 X Embrapa 48 1 80

F2 BRS 231 X Embrapa 48 1 80

F2 BRS 184 X BRS 154 1 80

F2 BRS 214 X BRS 154 1 80

F2 BRS 231 X BRS 154 1 80

F2 BRS 214 X BRS 184 1 80

F2 BRS 231 X BRS 184 1 80

F2 BRS 231 X BRS 214 1 80

F3 FT-2 X Embrapa 48 20 5

F3 FT-2 X BRS 154 20 5

F3 FT-2 X BRS 184 20 5

F3 FT-2 X BRS 214 20 5

F3 FT-2 X BRS 231 20 5

F3 Embrapa 48 X BRS 154 20 5

F3 Embrapa 48 X BRS 184 20 5

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Quadro 1 – Continuação... Geração Cultivar e linhagens nº de famílias nº indivíduo

F3 Embrapa 48 X BRS 214 20 5

F3 Embrapa 48 X BRS 231 20 5

F3 BRS 154 X BRS 184 20 5

F3 BRS 154 X BRS 214 20 5

F3 BRS 154 X BRS 231 20 5

F3 BRS 184 X BRS 214 20 5

F3 BRS 184 X BRS 231 20 5

F3 BRS 214 X BRS 231 20 5

F3 Embrapa 48 X FT-2 20 5

F3 BRS 154 X FT-2 20 5

F3 BRS 184 X FT-2 20 5

F3 BRS 214 X FT-2 20 5

F3 BRS 231 X FT-2 20 5

F3 BRS 154 X Embrapa 48 20 5

F3 BRS 184 X Embrapa 48 20 5

F3 BRS 214 X Embrapa 48 20 5

F3 BRS 231 X Embrapa 48 20 5

F3 BRS 184 X BRS 154 20 5

F3 BRS 214 X BRS 154 20 5

F3 BRS 231 X BRS 154 20 5

F3 BRS 214 X BRS 184 20 5

F3 BRS 231 X BRS 184 20 5

F3 BRS 231 X BRS 214 20 5

3.4. Preparo do inóculo do patógeno (Phakopsora pachyrhizi Sydow P. Syd.)

Neste experimento utilizou-se o isolado mais agressivo proveniente do

Mato Grosso, o qual foi mantido em casa de vegetação inoculado em plantas de

soja. O procedimento para o preparo do inóculo do patógeno P. pachyrhizi

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consistiu na coleta de folhas infectadas da cultivar de soja BRS Bacuri e posterior

coleta dos esporos (uredósporos), utilizando um pincel esterilizado e água

destilada. A cultivar BRS Bacuri é derivada de FT-2, a qual possui o genr de

resistência Rpp1 ou Rpp3 (Ribeiro et al., dados não publicadod), sendo então

resistente ao isolado antigo, porém suscetível ao novo isolado do patógeno

proveniente do Mato Grosso.

Após a obtenção da suspensão de esporos, foi realizada a contagem dos

mesmos, em câmara de contagem de células (Neubauer), e efetuado a diluição,

para obtenção da concentração de 104 esporos/mL-1. À solução final, foi

adicionado o espalhante adesivo Tween 20, na proporção de 0,5 mL/L-1 de

solução (Brogin, 2005).

As plantas foram inoculadas em 01/12/2004, quando as mesmas

atingiram predominantemente o estádio V3 de crescimento, de acordo com a

escala proposta por Fehr e Caviness (1981). Já a segunda, e última, inoculação

foi realizada em 07/12/2004.

Um pulverizador manual foi utilizado para a inoculação das plantas, sendo

efetuada ao anoitecer, aproximadamente às 20 horas, para evitar a inviabilização

dos esporos pela falta de água livre nas folhas e pela baixa umidade do ambiente.

As condições do experimento foram àquelas comuns à cultura da soja

(Embrapa, 2005b), tais como o preparo de solo adequado, a calagem e a

adubação corretiva. Também foram realizadas capinas freqüentes e aplicação de

inseticidas na presença de pragas que pudessem afetar o crescimento e

desenvolvimento das plantas. Além disso, duas irrigações suplementares

semanais foram realizadas para assegurar o desenvolvimento do patógeno, pois

umidade abundante influencia em uma eficiente infecção, conduzindo para um

estabelecimento inicial com sucesso e rápido da doença (Del Ponte et al., 2006).

Os dados meteorológicos obtidos do Laboratório de Agrometeorologia da

Embrapa Soja estão apresentados na Figura 2. Durante os três meses nos quais

foram realizadas as avaliações, as temperaturas máximas e mínimas foram

adequadas para o desenvolvimento da ferrugem (Embrapa, 2005a).

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22

048

12162024283236

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dezembro de 2004

Tem

pera

tura

em

ºC

0102030405060708090100

Prec

ipita

ção

em m

m

048

12162024283236

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Janeiro de 2005

Tem

pera

tura

em

ºC

0102030405060708090100

Prec

ipita

ção

em m

m

Figura 2 – Precipitação pluvial e temperaturas máximas e mínimas no período de

novembro de 2004 a janeiro de 2005, obtidas no Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Soja.

048

12162024283236

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Novembro de 2004

Tem

pera

tura

em

ºC

0102030405060708090100

Prec

ipita

ção

em m

m Chuva T máx T méd T mín

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23

3.5. Análise dos dados As seguintes características foram avaliadas em cada geração, seguindo

a mesma metodologia de Oliveira (1994):

a) data de emergência e de emissão da primeira folha trifoliolada;

b) data de abertura da primeira flor;

c) coloração da flor;

d) altura da planta na floração;

e) data de maturação;

f) altura da planta na colheita;

g) número total de nós; e

h) peso de grãos por planta.

Além desses caracteres, no experimento em que as plantas foram

inoculadas com o patógeno da ferrugem asiática, foram feitas quatro avaliações

de severidade da doença, sendo que a primeira realizada somente para detectar

a presença do patógeno nas plantas. As avaliações foram conduzidas segundo a

escala diagramática para a ferrugem da soja, proposta por Canteri e Godoy

(2003), através da quantificação da porcentagem do tecido do hospedeiro

afetado.

Ao atingirem o estádio R7, ou seja, plantas com maturidade fisiológica, as

plantas foram colhidas, individualmente, sendo identificadas e submetidas à

secagem natural em galpão coberto, porém com ventilação. Posteriormente, as

plantas foram trilhadas individualmente e, tiveram suas produtividades de grãos

anotadas.

As características consideradas neste trabalho foram a produtividade de

grãos dos experimentos com presença e ausência de ferrugem asiática. A

estimativa de danos causados pela doença foi obtida pela diferença entre a

produção de grãos das parcelas sadias e produção de grãos de parcelas doentes.

Os dados de produtividade de grãos foram organizados e analisados com

o auxílio computacional do Sistema de Genética Quantitativa (SGQ), desenvolvido

no Centro Nacional de Pesquisa de Soja (Embrapa – Soja), sendo avaliados os

dados de todas as gerações. As análises genéticas foram obtidas seguindo o

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24

modelo dos quadrados mínimos ponderados conforme metodologia proposta por

Toledo (1991).

Os parentais e as gerações F2 forneceram dados relativos às médias, às

variâncias totais e os graus de liberdade, enquanto que as gerações F3 além

destes dados propiciaram, também as variâncias entre e dentro de famílias.

As informações sobre a natureza dos efeitos genéticos envolvidos nos

genótipos foram obtidas com base em Oliveira (1994), através do ajuste de

modelos genéticos para os componentes de média e de variância das gerações

parentais, F2, F3 e recíprocos. As análises foram realizadas para estimar os

componentes da variabilidade genética (aditivos, dominância, epistáticos ou de

ligação gênica), que estariam envolvidos no controle da produtividade grãos dos

genótipos, na ausência e na presença da ferrugem asiática da soja.

3.5.1. Componentes genéticos da média

Os componentes genéticos de média foram obtidos tal como demonstrado

em Oliveira (1994), utilizando-se o modelo genético simples, do tipo aditivo-

dominante, envolvendo os componentes m, [d] e [h]. Neste modelo, m foi definido

como a média da distribuição genotípica de todas as linhagens puras extraídas,

sem seleção de um cruzamento (van der Veen, 1959), ou o valor médio entre os

parentais; o componente [d] representando a soma algébrica dos efeitos aditivos

de todos os k loci pelos quais P1 e P2 diferem, resultando na diferença fenotípica

entre os dois homozigotos; enquanto o componente [h] sendo a soma algébrica

dos efeitos de dominância dos mesmos k loci, como o desvio do fenótipo do

heterozigoto do ponto médio entre os homozigotos (m).

A composição das médias dos parentais e das gerações F2 e F3 em

função de m, [d] e [h] (Mather e Jinks, 1982) está apresentada no Quadro 2.

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Quadro 2 – Componentes genéticos aditivos e dominantes de média dos parentais e de suas das gerações F2 e F3

Geração M [d] [h]

P1 1 1 0 P2 1 -1 0 F2 1 0 1/2 F3 1 0 1/4

De acordo com Mather e Jinks (1982), quando o modelo genético

simplificado não é satisfatório para explicar os mecanismos genéticos de controle

destas características, ou seja, apresentar um qui-quadrado (χ2) significativo ao

nível de 5% de probabilidade, testa-se um novo modelo, com a presença de

interação não alélica entre pares de loci, adicionando ao modelo genético os

componentes [i] e [l]. O componente [i] representa a interação dos loci em

homozigose (epistasia do tipo aditivo x aditivo) e [l] representa a interação entre

loci em heterozigose (epistasia do tipo dominante x dominante). A proporção dos

componentes de m, [d], [h], [i] e [l] presentes nas gerações utilizadas para

determinar o modelo, é demonstrada no Quadro 3.

Quadro 3 – Componentes genéticos aditivos, dominantes e epistáticos de média dos parentais e de suas gerações segregantes

Geração m [d] [h] [i] [l]

P1 1 1 0 1 0 P2 1 -1 0 1 0 F2 1 0 1/2 0 1/4 F3 1 0 1/4 0 1/16

3.5.2. Componentes genéticos e de ambiente

A utilização da variância, uma estatística de segunda ordem, ao invés da

média, estatística de primeira ordem, é complementar porque esta última pode,

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algumas vezes, não representar realmente os efeitos genéticos em função de

cancelamento dos efeitos. Utilizando as médias, tal como foi mostrado

anteriormente, o que se obtém no final é uma soma algébrica de cada um dos

locos individualmente, o que pode levar ao cancelamento de um efeito, como o

sentido da dominância. O uso da variância elimina isto, pois os efeitos individuais

de cada loco são elevados ao quadrado, não havendo possibilidades deles se

cancelarem (Ramalho et al., 1993).

As gerações parentais e F2 possuem apenas variância entre indivíduos

dentro de geração ou simplesmente variância dentro, pois estas gerações não

têm estrutura de famílias. A geração F3 é composta por famílias de progênies e,

as análises de variância realizadas com elas são constituídas por:

a) uma variância entre famílias, que possui como quadrado médio

esperado (QME) a seguinte composição: end 22 σσ + , onde d2σ é o

componente de variância fenotípica dentro de famílias, n é a média

harmônica do número de indivíduos dentro das famílias e e2σ é o

componente de variância genética entre famílias; e

b) uma variância dentro de famílias, que possui como quadrado médio

esperado (QMD) somente o componente d2σ .

O Quadro 4 mostra os componentes das variâncias utilizando o conjunto

restrito de gerações através do método dos quadrados mínimos ponderados

(Toledo et al., 1991), em que D representa a variância genética aditiva, H

representa a variância genética de dominância e E representa a variância

ambiental.

Quadro 4 – Componentes do modelo genético simples presentes nas variâncias dos parentais e de suas gerações segregantes, mostrando as variâncias entre famílias (QME) e das variâncias dentro de famílias (QMD)

Gerações D H E

VP1 0 0 1 VP2 0 0 1 VF2 ½ 1/4 1 V1F3 ½ 1/16 0

V2F3 QMD ¼ 1/8 1 V3F3 QME (1/4 + n/2) (1/8 + n/16) 1

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Quando o modelo genético se mostra insatisfatório com os parâmetros D,

H e E para explicar os mecanismos genéticos em controle, testa-se um novo

modelo, com a presença de interação genótipo por micro ambiente, E1 e E2

(Quadro 5).

O termo interação genótipo x micro-ambiente mencionado está

relacionado à interação diferenciada de cada genitor com o ambiente ao qual foi

submetido (Mather e Jinks, 1982), não havendo conotação com macro-ambiente

contrastante (anos, locais e outros).

Quadro 5 – Componentes de variância genética aditivo, de dominância e de

interação genótipo x micro-ambiente dos parentais e de suas gerações segregantes

Geração D H E1 E2

VP1 0 0 1 0

VP2 0 0 0 1

VF2 1/2 ¼ 1/2 ½

VF3e 1/4 + n/2 1/8 + n/16 1/2 ½

VF3d 1/4 1/8 1/2 ½

Quando os modelos anteriores não forem adequados para explicar a

variação, utiliza-se outro modelo (Quadro 6), envolvendo a presença de ligação

gênica que pode ser evidenciada através da comparação dos valores estimados

de D1 e D2. D1 representa os efeitos aditivos que ocorrem após a primeira

recombinação nas diferentes gerações segregantes em função da segregação

gênica da meiose da geração F1. Os efeitos aditivos que ocorrem após a segunda

recombinação gênica da geração F2 são representados por D2. A ligação que

impede a livre recombinação genética que ocorre na meiose produz efeitos

diferentes em D, os quais variam de acordo com a associação ou repulsão destes

genes. Assim, na presença de ligação, há uma tendência de D ser superestimado

nas gerações iniciais de desenvolvimento quando os genes ligados estão em

associação, acontecendo o inverso quando estão em repulsão (Jinks e Pooni,

1983).

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Quadro 6 – Componentes de variância genética de interação do tipo aditivo por aditivo de dominância e de interação genótipo x micro-ambiente dos parentais e de suas gerações segregantes

Geração D1 D2 H E1 E2

VP1 0 0 0 1 0

VP2 0 0 0 0 1

VF2 1/2 0 ¼ 1/2 ½

VF3e 1/4 + n/2 1/4 1/8 + n/16 1/2 ½

VF3d 0 1/4 1/8 1/2 ½

3.5.3. Metodologia de predição do potencial genético dos cruzamentos

O método de previsão do potencial genético de cruzamentos simples

utilizado neste trabalho foi o desenvolvido por Jinks e Pooni (1976). A

metodologia emprega a distribuição das linhas puras derivadas, sem seleção de

um cruzamento entre dois parentais homozigotos. As características que são

controladas por vários genes (k ≥ 6), têm as linhas puras extraídas de um

cruzamento simples entre duas linhagens homozigotas e obedecem a uma

distribuição normal, quando apenas efeitos aditivos e de dominância controlam o

caráter. A média e a variância que definem essa distribuição correspondem às

das linhas puras F∞. Quando se estimam esses valores, é possível se prever a

proporção das linhas puras que sejam superiores ou inferiores às suas linhagens

parentais ou outra referência qualquer.

A previsão do potencial das populações foi desenvolvida para estimar a

probabilidade da população sob avaliação originar linhagens que superem um

determinado padrão ou referência, sendo neste caso, a média da produtividade

do melhor parental na presença da doença ferrugem, qual seja, a cultivar BRS

231. Essa probabilidade corresponde à área direita de um determinado valor de x

na abscissa da distribuição normal. A fim de estimar essa área foi utilizada a

expressão:

DmrefZ −

=

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em que,

ref ≅ corresponde à média considerada padrão;

Neste trabalho utilizou-se ref = 27,45 g/parcela no Experimento I;

ref = 8,83 g/parcela no Experimento II, valor superior à maior média encontrada

entre os parentais na presença de ferrugem (BRS 231);

m ≅ corresponde à média das linhagens na geração F∞ que corresponde à média

de qualquer geração segregante;

D ≅ corresponde à variância genética aditiva;

Após obter estes valores, verificou-se numa tabela de Z, a proporção

esperada de linhas puras no cruzamento para o caráter em questão

(produtividade), que foram superiores ou inferiores à referência escolhida.

3.5.4. Herdabilidade

A herdabilidade ( 2h ) é um dos parâmetros genéticos que mais contribui

para o trabalho do melhorista, sendo importante para a escolha de uma estratégia

eficaz de seleção, pois fornece a proporção da variância genética presente na

variância fenotípica total. Ela permite antever a possibilidade de sucesso com a

seleção, uma vez que reflete a proporção da variação fenotípica que pode ser

herdada. Em outras palavras, ela mede a confiabilidade do valor fenotípico como

indicador do valor reprodutivo.

É relevante enfatizar que a herdabilidade de um caráter não é uma

estimativa imutável. Pelo contrário, ela varia com a variação genética presente e

com o efeito do ambiente. É possível, desse modo, aumentar a estimativa da

herdabilidade utilizando população com maior variação genética e também

realizando um efetivo controle do ambiente.

É possível estimar dois tipos de herdabilidade: Herdabilidade no sentido

restrito ( 2rh ) e Herdabilidade no sentido amplo ( 2

ah ). A herdabilidade no sentido

restrito considera apenas a variância genética aditiva – aquela que é fixada pela

seleção – sendo evidentemente a mais importante para os melhoristas de plantas

autógamas (Ramalho et al., 1993), e, portanto foi adotado neste trabalho.

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Uma das características de maior interesse na cultura de soja é a

produção de grãos. Tal característica é essencialmente quantitativa, com baixa

herdabilidade, cujos valores variam entre 0,03 e 0,58 (Brim, 1973).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Danos causados pela ferrugem asiática da soja

No presente estudo, os genótipos apresentaram elevada perda na

produtividade quando inoculados com esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi. A

estimativa de danos causados pela ferrugem, obtida pela diferença entre a

produção das parcelas tratadas com fungicidas do experimento I e a produção de

parcelas sem tratamento com fungicidas do experimento II encontra-se no Quadro

7.

Quadro 7 – Produção média de grãos dos parentais no Experimento I (ausência de ferrugem asiática) e Experimento II (presença de ferrugem asiática) e percentagem de perda

Genótipos Experimento I

g/parcela Experimento II

g/parcela

1Perda %

BRS 214 35,25 4,92 86,04 a

FT-2 24,13 3,96 83,59 ab

Embrapa 48 26,91 4,79 82,20 ab

BRS 154 22,74 5,67 75,07 ab

BRS 184 30,31 7,57 75,02 bc

BRS 231 27,45 8,83 67,83 c 1 Médias com a mesma letra nas colunas, não são significativamente diferentes em nível de 5% de

probabilidade pelo Teste Tukey.

Conforme apresentado na Figura 3, pode-se observar a diferença de

rendimento de grãos dos genitores nos dois experimentos. Os dados de redução

de produtividade devido à ferrugem asiática estiveram de acordo com a amplitude

de 10 a 90%, relatado por Hartman et al. (1999).

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05

10152025303540

FT-2 Emb-48 BRS 154 BRS 184 BRS 214 BRS 231

Parentais

Prod

ução

de

grão

s (g

/pla

nta)

Experimento I Experimento II

Figura 3 – Comparação de produtividade de grãos de plantas sadias e doentes

dos parentais. Média de peso Individual de planta.

Dentre os parentais, a BRS 231, foi a cultivar que melhor se comportou

frente à ferrugem asiática, tendo uma perda de produtividade de 67,83% (Quadro

7), enquanto que a BRS 214 exibiu a maior perda de produtividade (86,04%) e, a

cultivar FT-2 foi a que menos produziu na presença da ferrugem (3,96 g/planta),

em comparação com os outros genitores, que permaneceram intermidiários aos

genótipos citados. Comparando os genitores usados neste experimento, a BRS

231 apresentou as seguintes proporções de genhos de rendimento em relação

aos parentais:

FT-2 = 55%

Embrapa 48 = 46%

BRS 154 = 36%

BRS 184 = 15%

BRS 214 = 44%

Essas proporções novamente comprovam a superioridade da cultivar

BRS 231 com relação aos genitores usados neste experimento.

Em relação à evolução da severidade da ferrugem nestas cultivares

(Figura 4), a doença iniciou de forma semelhante nos seis genótipos, porém, na

terceira avaliação a cultivar FT-2 foi o genótipo que apresentou maior

susceptibilidade, enquanto que a cultivar BRS 231 apresentou maior tolerância à

ferrugem asiática. Os dados obtidos encontram-se de acordo com as informações

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33

oriundas da análise de perdas de produtividade de grãos, indicando haver

variabilidade genética para a resistência/tolerância à doença nessas cultivares.

Resultados semelhantes foram encontrados por Yorinori e Kiihl (2001), os quais

verificaram que as doenças constituem os principais fatores limitantes do

rendimento e da qualidade da produção da soja e, também, são as que exigem

maior conhecimento técnico.

0

5

10

15

20

25

30

35

FT-2 Emb 48 BRS 154 BRS 184 BRS 214 BRS 231

Folh

a af

etad

a (%

)

1ª Avaliação

2ª Avaliação

3ª Avaliação

Figura 4 – Evolução da ferrugem asiática da soja nos genótipos parentais.

Em relação às populações segregantes, a maioria delas manifestou

reduções significativas na produtividade de grãos, cuja amplitude de redução

variou de 40 a 90%.

4.2. Análise dos componentes genéticos da produtividade de grãos

Com base nos dados da produtividade de grãos dos dois experimentos,

estimou-se os componentes genéticos para verificação da possibilidade de

seleção de genótipos tolerantes e/ou resistentes. A produtividade de grãos é uma

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característica governada por múltiplos genes. Os quais também são denominados

de caracteres quantitativos, e as informações sobre a natureza dos efeitos

genéticos envolvidos devem ser obtidos através do ajuste de modelos genéticos

dos componentes de média e de variância, para o conjunto restrito de gerações,

P1, P2, F2 e F3 (Mather e Jinks, 1982). A eficiência do melhoramento de plantas

depende de um melhor conhecimento da variabilidade genética e do tipo de ação

gênica predominante no controle do caráter sob seleção (Ramalho e Vencovsky,

1978).

4.2.1. Componentes de médias

As médias e as variâncias da produtividade de grãos das gerações F2, F3

e recíprocos indicaram ausência de diferenças recíprocas em todos os

cruzamentos. Conseqüentemente, os valores de F2 e RF2 (recíproco F2) e de F3 e

RF3 (recíproco F3) foram agrupados para obter um total de 15 combinações F2 e

de 15 combinações F3.

As estimativas de médias e de variâncias e os graus de liberdade das

gerações P1, P2, F2 e F3, utilizados para a obtenção dos parâmetros genéticos de

média da produtividade de grãos dos dois experimentos encontram-se no Quadro

8. Este quadro nos mostra as análises de variâncias para todas as gerações,

mostrando variabilidade entre os genótipos analisados.

Inicialmente, os componentes de média foram estimados para os dois

experimentos admitindo-se um modelo envolvendo apenas efeitos aditivos e de

dominância dos genes. No entanto, devido ao modelo simples não ter sido

suficiente para explicar os mecanismos genéticos presentes em alguns

cruzamentos, outros modelos incluindo a epistasia foram utilizados para análises

das gerações desses cruzamentos adicionados, de forma a ajustarem-se ao

modelo adequado para explicar os efeitos genéticos.

Os ajustes dos modelos de média para o caráter produtividade de grãos

nos dois experimentos são mostrados nos Quadros 9 e 10.

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Quadro 8 - Graus de liberdade (Gl), médias e variâncias dos parentais e gerações F2 e F3 para a característica produtividade de grãos (g/parcela). Dados de 15 cruzamentos, sendo o Experimento I com ausência e o Experimento II com presença da ferrugem asiática da soja

Experimento I Experimento II

Parentais / Cruzamentos Gl Médias1 Variâncias Gl Médias1 Variâncias

FT-2 49 24,13 c 79,83 49 3,96 c 6,26

Embrapa 48 49 26,91 bc 66,9 48 4,79 c 6,79

BRS 154 49 22,74 c 78,67 49 5,67 bc 13,76

BRS 184 48 30,31 ab 99,02 48 7,57 ab 18,00

BRS 214 49 35,25 a 168,87 49 4,92 c 10,95

BRS 231 49 27,45 bc 73,73 45 8,83 a 24,85

FT-2 x Embrapa 48

F2 157 26,26 85,3 156 5,52 7,37

F3 194 27,37 107,88 197 5,49 10,22

F3 entre (famílias) 39 -- 235,79 39 -- 12,13

F3 dentro (famílias) 155 -- 74,65 158 -- 9,74

FT-2 x BRS 154

F2 159 29,85 138,46 158 5,97 13,18

F3 196 27,68 120,84 197 5,88 13,99

F3 entre (famílias) 39 -- 190,06 39 -- 24,45

F3 dentro (famílias) 157 -- 103,13 158 -- 11,33

FT-2 x BRS 184

F2 154 32,35 110,97 155 7,48 14,82

F3 197 30,26 147,12 197 6,48 15,76

F3 entre (famílias) 39 -- 326,85 39 -- 30,04

F3 dentro (famílias) 158 -- 101,5 158 -- 12,14

FT-2 x BRS 214

F2 159 34,2 166,97 157 6,06 17,55

F3 196 32,12 163,11 197 6,25 11,69

F3 entre (famílias) 39 -- 245,34 39 -- 10,93

F3 dentro (famílias) 157 -- 142,07 158 -- 11,88

FT-2 x BRS 231

F2 154 28,02 122,31 153 8 29,28

F3 194 25,8 143,59 191 6,29 18,52

F3 entre (famílias) 39 -- 241,94 39 -- 25,92

F3 dentro (famílias) 155 -- 117,9 152 -- 16,55 1 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem significativamente, entre si, em nível de

5% de probabilidade pelo Teste Tukey.

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36

Quadro 8 – Continuação...

Experimento I Experimento II Parentais / Cruzamentos

Gl Médias Variâncias Gl Médias Variâncias

Embrapa 48 x BRS 154

F2 155 27,72 150,54 157 5,76 16,01

F3 198 25,63 106,73 195 6,12 21,23

F3 entre (famílias) 39 -- 179,01 39 -- 35,38

F3 dentro (famílias) 159 -- 88,52 156 -- 17,58

Embrapa 48 x BRS 184

F2 156 32,94 106,38 158 6,73 14,1

F3 197 30,15 92,23 194 6,6 13,77

F3 entre (famílias) 39 -- 103,28 39 -- 17,54

F3 dentro (famílias) 158 -- 89,43 155 -- 12,79

Embrapa 48 x BRS 214

F2 158 29,92 147,38 155 5,19 12,42

F3 194 29,26 152,88 194 5,8 14,68

F3 entre (famílias) 39 -- 293,14 39 -- 20,93

F3 dentro (famílias) 155 -- 116,44 155 -- 13,05

Embrapa 48 x BRS 231

F2 155 32,58 142,39 153 8,2 31,66

F3 199 25,02 97,45 195 4,68 6,1

F3 entre (famílias) 39 -- 120,65 39 -- 7,06

F3 dentro (famílias) 160 -- 91,65 156 -- 5,85

BRS 154 x BRS 184

F2 156 34,17 158,4 156 8,35 28,64

F3 194 30,39 161,01 197 8,15 32,61

F3 entre (famílias) 39 -- 222,68 39 -- 61,14

F3 dentro (famílias) 155 -- 144,99 158 -- 25,37

BRS 154 x BRS 214

F2 156 34,78 168,74 159 6,75 15,6

F3 196 30,94 180,42 196 6,38 19,9

F3 entre (famílias) 39 -- 209,89 39 -- 35,16

F3 dentro (famílias) 157 -- 172,88 157 -- 15,99

BRS 154 x BRS 231

F2 157 30,12 134,53 158 8,09 27,45

F3 199 25,38 88,22 196 5,58 14,26

F3 entre (famílias) 39 -- 114,93 39 -- 18,76

F3 dentro (famílias) 160 -- 81,55 157 -- 13,11

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37

Quadro 8 – Continuação...

Experimento I Experimento II Parentais / Cruzamentos

Gl Médias Variâncias Gl Médias Variâncias

BRS 184 x BRS 214

F2 158 39,92 172,02 159 7,56 23,27

F3 197 35,48 148,59 199 7,01 19,31

F3 entre (famílias) 39 -- 205,37 39 -- 24

F3 dentro (famílias) 158 -- 134,18 160 -- 18,13

BRS 184 x BRS 231

F2 157 35,62 172,59 154 8,8 43,8

F3 195 28,02 173,63 187 7,95 41,34

F3 entre (famílias) 39 -- 295,51 39 -- 59,67

F3 dentro (famílias) 156 -- 142,21 148 -- 36,16

BRS 214 x BRS 231

F2 158 31,83 151,67 153 6,32 22,88

F3 196 28,5 139,52 188 5,79 14,05

F3 entre (famílias) 39 -- 177,82 39 -- 21,72

F3 dentro (famílias) 157 -- 129,67 149 -- 11,95

A maioria dos cruzamentos demonstrou efeitos aditivos [d] e dominantes

[h] significativos em ambos experimentos. O sinal de [h] foi predominantemente

positivo, indicando dominância no sentido de aumentar a produtividade. O [h]

negativo, que ocorreu em duas oportunidades no Experimento I ocorreu em

conjunto com o componente epistático [l] positivo, indicando haver efeito

epistático de genes duplicados. A forte correlação entre [h] e [l] torna difícil a

interpretação do sinal de [h] em um modelo em que ambos estão presentes.

Portanto, é provável que a dominância avaliada por [h] na ausência de [l] e por

{[h] + [l]} quando ambos estão presentes não deva ser interpretada como havendo

mudança de direção, mas sim preponderantemente no sentido de aumentar a

produtividade.

No Experimento I (Quadro 9), os efeitos aditivos [d] e/ou os efeitos de

dominância [h] foram significativos em 14 dos 15 cruzamentos. Também foi

observado em dois cruzamentos a presença de efeitos epistáticos entre loci

homozigotos [i], acompanhado de efeitos aditivos e de dominância. Nesses dois

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38

casos, devido à falta de graus de liberdade, não foi possível testar a adequação

do modelo genético.

Quadro 9. Modelos genéticos de médias ajustados para o caráter produtividade

de grãos, Experimento I

a [d] e [h] são significativos em nível de 10% de probabilidade; b Sem condição de testar por falta de graus de liberdade;

Nota: todas as estimativas foram significativas em nível de 5% de probabilidade, exceto quando especificamente anotadas tal como em nível

de 10% de probabilidade.

No Experimento II (Quadro 10), com a presença de ferrugem, também

foram observados efeitos aditivos e/ou de dominância significativos em 14 dos 15

cruzamentos. Neste experimento foram observados 10 cruzamentos com a

presença de efeitos aditivos e de efeitos de dominância positivos. Efeitos

epistáticos entre locos homozigotos [i] foram encontrados em três genótipos,

sendo que para esses cruzamentos o modelo ajustado não pode ser testado por

falta de graus de liberdade. Também foram observados efeitos epistáticos entre

locos heterozigotos [l] negativos em 3 genótipos (Quadro 10).

Cruzamento/Parâmetro m [d] [h] [i] [l] χ2 Gl P

FT 2 x Embrapa 48 26,49 ± 0,45 - - - - 5,12 3 0,16

FT 2 x BRS 154 23,83 ± 0,80 - 12,91 ± 2,57 - - 1,66 2 0,44

FT 2 x BRS 184 27,41 ± 0,85 3,11 ± 0,95 10,18 ± 2,54 - - 0,20 1 0,66

FT2 x BRS 214 29,77 ± 0,98 5,59 ± 1,10 8,99 ± 3,02 - - 0,02 1 0,88

FT2 x BRS 231 25,41 ± 0,80 1,67 ± 0,88a 4,44 ± 2,49 a - - 1,08 1 0,30

Embrapa 48 x BRS 154 24,58 ± 0,77 2,10 ± 0,85 5,63 ± 2,59 - - 0,43 1 0,51

Embrapa 48 x BRS 184 28,30 ± 0,79 1,64 ± 0,91 a 8,78 ± 2,45 - - 0,46 1 0,50

Embrapa 48 x BRS 214 29,96 ± 0,56 3,69 ± 1,01 - - - 1,69 2 0,43

Embrapa 48 x BRS 231 27,17 ± 0,84 - -28,00 ± 7,75 - 77,65 ± 15,10 0,10 1 0,75

BRS 154 x BRS 184 26,54 ± 0,86 3,79 ± 0,95 15,29 ± 2,76 - - 0,00 1 0,97

BRS 154 x BRS 214 28,60 ± 0,99 6,11 ± 1,10 11,67 ± 3,04 - - 0,60 1 0,44

BRS 154 x BRS 231 20,64 ± 1,62 2,36 ± 0,87 18,96 ± 4,55 4,45 ± 1,84 - b - -

BRS 184 x BRS 214 32,35 ± 1,01 2,36 ± 1,15 14,45 ± 3,11 - - 0,56 1 0,45

BRS 184 x BRS 231 28,66 ± 0,92 - -19,10 ± 9,58 - 65,89 ± 18,74 2,34 1 0,13

BRS 214 x BRS 231 25,17 ± 1,95 3,90 ± 1,10 13,32 ± 5,16 6,18 ± 2,24 - b - -

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39

Quadro 10 - Modelos genéticos de médias ajustados para produtividade de grãos, Experimento II

a [d] e [h] = significativos em nível de 10% de probabilidade; b Sem condição de testar por falta de graus de liberdade;

Nota: todas as estimativas são significativas em nível de 5% de probabilidade, exceto quando especificamente anotadas tal como, em nível

de 10% de probabilidade.

A não detecção do parâmetro [d] em alguns cruzamentos não significa

que não exista variabilidade aditiva, mas sim, que pode estar ocorrendo dispersão

de genes nos pais. Este fato pode ser comprovado através da análise do

componente de variância aditiva D, que não é afetada pela dispersão de genes

nos pais. Resultados similares foram obtidos por Oliveira (1994).

Assim de forma análoga também, a ausência de dominância em alguns

cruzamentos em ambos os experimentos pode ser explicado pelo fato de que

num determinado genótipo envolvendo vários locos em heterozigose, alguns

deles podem ser positivos e outros negativos, gerando dominância em direções

opostas, o que leva ao cancelamento de seus efeitos (Ramalho et al., 1993).

Os modelos ajustados mostraram valores de [d] pequeno em relação à

[h], indicando que há dispersão dos genes nos pais ou que há efeito de

Cruzamento / Parâmetro m [d] [h] [i] [l] χ2 gl P

FT 2 x Embrapa 48 4,35 ± 0,26 - 6,76 ± 2,42 - -8,84 ± 4,52 2,61 1 0,11

FT 2 x BRS 154 5,02 ± 0,28 0,93 ± 0,31 2,24 ± 0,85 - - 2,04 1 0,15

FT 2 x BRS 184 5,70 ± 0,31 1,77 ± 0,34 3,46 ± 0,93 - - 0,15 1 0,70

FT2 x BRS 214 4,31 ± 0,28 - 12,02 ± 2,66 - -17,04 ± 5,23 2,68 1 0,1

FT2 x BRS 231 4,58 ± 0,76 2,43 ± 0,41 6,84 ± 2,14 1,81 ±

0,86 - b

Embrapa 48 x BRS 154 5,70 ± 0,19 0,59 ± 0,31a - - - 3,80 2 0,15

Embrapa 48 x BRS 184 6,54 ± 0,17 1,55 ± 0,33 - - - 1,48 2 0,48

Embrapa 48 x BRS 214 4,84 ± 0,29 - 6,98 ± 2,86 - -12,56 ± 5,46 0,05 1 0,83

Embrapa 48 x BRS 231 1,16 ± 0,57 2,02 ± 0,41 14,08 ± 1,95 5,65 ±

0,71 - b - -

BRS 154 x BRS 184 6,83 ± 0,37 0,98 ± 0,40 3,52 ± 1,17 - - 1,77 1 0,18

BRS 154 x BRS 214 5,40 ± 0,31 - 2,94 ± 0,93 - - 2,06 2 0,36

BRS 154 x BRS 231 3,07 ± 0,68 1,58 ± 0,45 10,04 ± 1,98 4,18 ±

0,82 - b - -

BRS 184 x BRS 214 6,29 ± 0,34 1,34 ± 0,38 2,63 ± 1,08 - - 0,07 1 0,79

BRS 184 x BRS 231 8,23 ± 0,28 - - - - 3,36 3 0,34

BRS 214 x BRS 231 6,15 ± 0,20 1,65 ± 0,40 - - - 4,7 2 0,09

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40

sobredominância. Contudo, esta suposição não pode ser comprovada, baseando-

se apenas nos estudos das médias, devendo ser analisado conjuntamente com

os componentes de variância, pois a sobredominância pode ocorrer simplesmente

porque a contribuição dos loci em homozigose se cancela em proporção maior do

que a dos loci em heterozigose.

4.2.2. Componentes de variâncias

Inicialmente, é necessário salientar que a variação em cada uma das

cultivares parentais (que são linhas puras) é exclusivamente ambiental, pois todos

indivíduos de uma mesma cultivar devem possuir genótipos idênticos. Por sua

vez, em relação às gerações F2 e F3, além da variação ambiental, ocorre também

a variação genética. A variância genética é formada principalmente pela variância

aditiva, que mede o afastamento dos homozigotos em relação à média dos

progenitores, e pela variância de dominância, que mede os desvios dos

heterozigotos correlacionados à média dos progenitores (Ramalho et al., 1993).

Os componentes genéticos e ambientais da variância das gerações P1,

P2, F2 e F3, foram inicialmente estimados para um modelo simplificado,

envolvendo apenas efeitos aditivos, de dominância e de ambiente. Entretanto,

este modelo não conseguiu explicar toda a variabilidade existente para dois

cruzamentos do Experimento I, e para quatro cruzamentos do Experimento II. Por

outro lado, nos cruzamentos que não apresentaram adequação ao modelo

simplificado, os testes de ligação e de interação genótipo x micro-ambiente foram

utilizados para auxiliar no ajuste de modelos adequados.

Os ajustes dos modelos de variância para o caráter produtividade de

grãos encontram-se nos Quadros 11 e 12.

O conjunto das gerações tiveram seus efeitos aditivos D observados em 9

casos no Experimento I (Quadro 11) e 8 casos no Experimento II (Quadro 12),

sendo que um dos modelos de cada experimento apresentou efeitos de ligação

gênica D1 e D2.

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41

Quadro 11 – Modelos genéticos de variância ajustados para produtividade de grãos, Experimento I

a D: Estimado como 0,5 (D1 + D2), onde D1 e D2 são estimativas de D na presença de ligação (Mather e Jinks, 1982).

Nota: Todas as estimativas são significativas em nível de 5% de probabilidade

E: Um componente aditivo ambiental na ausência de interação genótipo x micro-ambiente;

E1 e E2: Componentes aditivo ambiental de P1 e P2, respectivamente, na presença de interação genótipo x micro-ambiente.

Um cruzamento no Experimento I (Quadro 11) e, três no Experimento II

(Quadro 12), apresentaram efeitos de interação genótipo x micro-ambiente, com

E1 e E2 significativos. Tais componentes são indicativos da existência de interação

diferenciada entre os genótipos e o micro-ambiente no qual foram conduzidos.

Em dois casos no Experimento I e, em cinco casos no Experimento II,

nenhum modelo foi suficiente para representar a variabilidade observada,

provavelmente indicando a necessidade de um modelo mais complexo para

explicar a variabilidade existente. Por outro lado, em quatro oportunidades no

Experimento I, e em duas no Experimento II, não foi detectada variabilidade

genética entre os parentais.

Cruzamento / Parâmetro D ou

D1 e D2

H E ou

E1 e E2 χ2 Gl P

FT 2 x Embrapa 48 51,65 ± 15,71 - 65,52 ± 6,88 2,19 3 0,53

FT 2 x BRS 154 31,58 ± 12,69 - 99,17 ± 8,60 6,04 3 0,11

FT 2 x BRS 184 74,83 ± 21,24 - 83,11 ± 8,92 1,79 3 0,62

FT2 x BRS 214 49,48 ± 22,44 - 131,73 ± 12,36 6,24 3 0,10

FT2 x BRS 231 67,97 ± 21,03 - 88,76 ± 9,28 2,18 3 0,53

Embrapa 48 x BRS 154 37,16 ± 10,21a - 88,47 ± 7,41 7,12 3 0,07

Embrapa 48 x BRS 184 - - 95,08 ± 6,34 3,72 4 0,44

Embrapa 48 x BRS 214 66,70 ± 23,52 - 154,67 ± 22,92

64,43 ± 12,49 0,79 2 0,67

Embrapa 48 x BRS 231 - - - - - -

BRS 154 x BRS 184 62,46 ± 23,12 - 114,90 ± 11,41 5,26 3 0,15

BRS 154 x BRS 214 - - 163,96 ± 10,93 8,48 4 0,08

BRS 154 x BRS 231 - - - - - -

BRS 184 x BRS 214 - - 153,58 ± 10,22 7,8 4 0,10

BRS 184 x BRS 231 109,21 ± 28,76 104,07 ± 11,49 4,56 3 0,21

BRS 214 x BRS 231 - - 139,7 ± 9,29 8,97 4 0,06

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42

Quadro 12 – Modelos genéticos de variância ajustados para produtividade de grãos, Experimento II

a D: Estimado como 0,5 (D1 + D2), onde D1 e D2 são estimativas de D na presença de ligação (Mather e Jinks, 1982).

Nota: Todas as estimativas são significativas em nível de 5% de probabilidade

E: Um componente aditivo ambiental na ausência de interação genótipo x micro-ambiente;

E1 e E2: Componentes aditivo ambiental de P1 e P2, respectivamente, na presença de interação genótipo x micro-ambiente.

Por sua vez, em todos os cruzamentos as análises de médias e/ou

variâncias, quando analisadas conjuntamente, detectaram a presença de

variabilidade para produtividade de grãos. As análises de potencial genético e

herdabilidade que serão apresentadas posteriormente complementam o

panorama encontrado no material genético estudado.

Em geral, o parâmetro [d], que indica presença de efeitos aditivos entre os

parentais, foi detectado em 70% dos modelos. Os efeitos de D, D1 ou D2, que

também indicam a presença de efeitos aditivos, estiveram presentes em

aproximadamente 57% dos modelos analisados. A freqüência relativa dos efeitos

epistáticos [i] foi de aproximadamente 17% dos modelos.

A dominância não é afetada pela dispersão dos genes e foi melhor

detectada pela análise de médias do que pela análise de variância. Isso é

esperado devido à alta sensibilidade da análise de médias em comparação a

Cruzamento / Parâmetro D ou

D1 e D2

H E ou

E1 e E2 χ2 Gl P

FT 2 x Embrapa 48 - - 8,43 ± 0,56 9,42 4 0,05

FT 2 x BRS 154 5,51 ± 2,02 - 10,10 ± 1,00 6,83 3 0,08

FT 2 x BRS 184 6,61 ± 2,37 - 16,49 ± 2,38

6,06 ± 1,18 0,56 2 0,76

FT2 x BRS 214 - - - - - -

FT2 x BRS 231 - - - - - -

Embrapa 48 x BRS 154 9,29 ± 2,96 - 17,60 ± 2,68

7,50 ± 1,47 4,4 2 0,11

Embrapa 48 x BRS 184 - - 20,20 ± 2,14

7,06 ± 1,37 2,31 3 0,51

Embrapa 48 x BRS 214 4,50 ± 1,90 - 10,43 ± 1,00 4,40 3 0,22

Embrapa 48 x BRS 231 - - - - - -

BRS 154 x BRS 184 19,73 ± 5,11 - 18,21 ± 2,02 2,66 3 0,45

BRS 154 x BRS 214 7,85 ± 2,71 - 12,81 ± 1,29 1,57 3 0,67

BRS 154 x BRS 231 - - - - - -

BRS 184 x BRS 214 3,15 ± 0,97a - 17,73 ± 1,36 4,87 3 0,18

BRS 184 x BRS 231 23,06 ± 6,95 - 27,42 ± 2,99 6,59 3 0,09

BRS 214 x BRS 231 - - - - - -

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43

análise de variância. A dominância direcional [h] foi encontrada em 80% dos

modelos. A análise dos modelos genéticos indicou a presença de efeitos

genéticos complexos controlando a produtividade de grãos, embora a presença

de efeitos aditivos tenha predominado. Esse fato foi acentuado com a presença

de ferrugem asiática da soja.

A interação genótipo por micro-ambiente foi detectada em

aproximadamente 13% dos modelos, sendo mais freqüente no Experimento II.

4.2.3. Previsão do potencial genético do cruzamento As estimativas do potencial genético de cada cruzamento foram calculadas

utilizando-se os componentes m e D para os dois experimentos (Quadro 13 e 14),

e a equação de distribuição normal de acordo com a metodologia proposta por

Jinks e Pooni (1976) e Toledo et al. (1991).

Ressalta-se que os valores menores de Z correspondem a valores

elevados de probabilidade, sendo assim quanto menor o valor de Z, maior será a

probabilidade de selecionar linhagens superiores na F∞ (Santos et al., 2001).

Sendo assim, a média é um bom referencial para selecionar os materiais

genéticos superiores. A probabilidade de serem obtidos descendentes mais

produtivos do que a cultivar BRS 231 encontram-se sumarizados no Quadro 15, o

qual apresenta os dados do experimento com a presença e a ausência de

ferrugem asiática.

A probabilidade de gerar cultivares de soja superior à produtividade média

de grãos da BRS 231 no Experimento I foi elevada (Quadro 13), sendo 26,11% o

menor valor. Isso era esperado, pois a cultivar BRS 231 não é uma cultivar ótima

para produtividade de grãos, mas sim importante para a resistência ao nematóide

de cisto, portanto pode-se afirmar também, possuidora de resistência à ferrugem

asiática, baseado nos dados obtidos neste experimento. Porém, as estimativas de

se obter cultivares de soja com produtividade de grãos superiores à apresentada

por BRS 231 no Experimento II, mostraram-se abaixo da expectativa, pois os

genótipos reduziram bastante seu rendimento de grãos quando na presença da

ferrugem asiática (Quadro 14).

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Quadro 13 - Média de produtividade de grãos da cultivar BRS 231 e os componentes m e D das gerações segregantes no Experimento I para obter os valores de Z com suas respectivas percentagens de linhagens superiores à BRS 231

Cruzamentos Valor de Z

−=

DmBRSZˆ231

Linhagens superiores à BRS 231 (%)

FT-2 x Embrapa 48 13,065,51

49,2645,27=

−=z 44,83

FT-2 x BRS 154 64,058,31

83,2345,27=

−=z 26,11

FT-2 x BRS 184 005,083,74

41,2745,27=

−=z 50

FT-2 x BRS 214 33,048,49

77,2945,27−=

−=z 62,93

FT-2 x BRS 231 25,097,67

41,2545,27=

−=z 40,13

Embrapa 48 x BRS 154 47,016,37

58,2445,27=

−=z 31,92

Embrapa 48 x BRS 184 *0

54,2645,27=

−=z *

Embrapa 48 x BRS 214 31,070,66

96,2945,27−=

−=z 62,17

Embrapa 48 x BRS 231 *0

17,2745,27=

−=z *

BRS 154 x BRS 184 11,046,62

54,2645,27=

−=z 45,62

BRS 154 x BRS 214 *0

60,2845,27=

−=z *

BRS 154 x BRS 231 *0

64,2045,27=

−=z *

BRS 184 x BRS 214 *0

35,3245,27=

−=z *

BRS 184 x BRS 231 12,021,109

66,2845,27−=

−=z 54,78

BRS 214 x BRS 231 *0

17,2545,27=

−=z *

(*) Não foi encontrado variabilidade.

Os valores elevados na média de produtividade de grãos das gerações

segregantes propiciam uma estimativa maior de proporção de linhas puras

superiores a referência usada (BRS 231), tal como ocorreu nos cruzamentos BRS

184 x BRS 231 e BRS 154 x BRS 184. Ainda neste contexto, ressalta-se que ao

diminuir a média da geração segregante, resultou em uma estimativa de maior

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proporção de linhas puras inferiores à BRS 231, tal como ocorreu nos

cruzamentos entre Embrapa 48 x BRS 214 e FT-2 x BRS 154.

Os resultados obtidos neste trabalho em relação à probabilidade de extrair

linhagens superiores à BRS 231 de uma determinada população indicam como

mais promissora linhagens oriundas do cruzamento entre BRS 184 x BRS 231,

seguida de BRS 154 x BRS 214, onde mostraram-se produtivas também na

presença de ferrugem.

Quadro 14 – Média de produtividade de grãos da cultivar BRS 231 e os

componentes m e D das gerações segregantes no Experimento I para obter os valores de Z com suas respectivas percentagens de linhagens superiores à BRS 231

Cruzamentos Valor de Z

−=

DmBRSZˆ231 Linhagens superiores à BRS 231 (%)

FT-2 x Embrapa 48 *0

35,483,8=

−=z *

FT-2 x BRS 154 62,151,5

02,583,8=

−=z 5,26

FT-2 x BRS 184 22,161,6

70,583,8=

−=z 11,12

FT-2 x BRS 214 *0

31,483,8=

−=z *

FT-2 x BRS 231 *0

58,483,8=

−=z *

Embrapa 48 x BRS 154 03,129,9

70,583,8=

−=z 15,15

Embrapa 48 x BRS 184 *0

54,683,8=

−=z *

Embrapa 48 x BRS 214 88,150,4

84,483,8=

−=z 3,01

Embrapa 48 x BRS 231 *0

16,183,8=

−=z *

BRS 154 x BRS 184 45,073,19

83,683,8=

−=z 32,64

BRS 154 x BRS 214 22,185,7

40,583,8=

−=z 11,12

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Quadro 14 – Continuação...

Cruzamentos

Valor de z

−=

DmBRSZˆ231

Linhagens superiores à Brs 231 (%)

BRS 154 x BRS 231 *0

07,383,8=

−=z *

BRS 184 x BRS 214 43,115,3

29,683,8=

−=z 7,64

BRS 184 x BRS 231 12,006,23

23,883,8=

−=z 45,22

BRS 214 x BRS 231 *0

15,683,8=

−=z *

*: Nenhum modelo foi suficiente para representar a variabilidade existente.

Na maioria dos cruzamentos houve um desequilíbrio entre as proporções

estimadas de linhas puras superiores à BRS 231, quando se comparam os

experimentos (Quadro 15). Isso pode ser explicado quando as estimativas são

influenciadas pela ocorrência acentuada de heterozigose, [h], e de interação não

alélica [ l ]. Estes dois componentes, quando positivos, causam uma elevação da

média da geração segregante, e quando negativos, resultou em sua diminuição.

Segundo Triller (1994), quando ocorrem juntos e são de sinais opostos os seus

valores podem se cancelar.

Outro fator que pode causar desequilíbrio entre as proporções de linhas

puras superiores à BRS 231 é a interação não-alélica [ i ]. Segundo Triller (1994),

esta interação, quando presente, afeta a média dos parentais, mas não a média

da geração segregante. Quando o [ i ] é positivo, ele aumenta a média dos

parentais, levando a uma menor proporção de linhas puras superior à BRS 231.

Para aqueles cruzamentos que não ajustaram-se a um modelo genético ou

nenhum modelo foi suficiente para representar a variabilidade encontrada, não foi

possível estimar a probabilidade de se gerar cultivares superiores a BRS 231

(Quadro 15).

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Quadro 15 – Probabilidade de gerar cultivares de soja com produtividade de grãos

superior à BRS 231 (Experimento I = 27,45 g/parcela; Experimento II

= 8,83 g/parcela)

Cruzamentos Experimento I

(ausência de ferrugem asiática) (%)

Experimento II (presença de ferrugem

asiática) (%)

FT-2 x Embrapa 48 44,83 *

FT-2 x BRS 154 26,11 5,26

FT-2 x BRS 184 50 11,12

FT-2 x BRS 214 62,93 *

FT-2 x BRS 231 40,13 *

Embrapa 48 x BRS 154 31,92 15,15

Embrapa 48 x BRS 184 * *

Embrapa 48 x BRS 214 62,17 3,01

Embrapa 48 x BRS 231 * *

BRS 154 x BRS 184 45,62 32,64

BRS 154 x BRS 214 * 11,12

BRS 154 x BRS 231 * *

BRS 184 x BRS 214 * 7,64

BRS 184 x BRS 231 54,78 45,22

BRS 214 x BRS 231 * * *: Nenhum modelo foi suficiente para representar a variabilidade existente.

4.2.4. Estimativa da Herdabilidade (h2)

As estimativas da herdabilidade no sentido restrito dos genótipos nos dois

experimentos, com base em famílias da geração F∞ foram obtidos baseados nos

componentes das variâncias e estão apresentados no Quadro 16. Estes valores

indicam a percentagem da variação fenotípica da produtividade de grãos dos

genótipos devida à variação genética aditiva.

Os valores de herdabilidade encontrados podem ser considerados de

baixos a médios. Os valores encontrados no experimento conduzido sob pressão

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de ferrugem (Experimento II - Quadro 16) indicaram ser possível realizar seleção

para maior produtividade em presença do fungo (maior tolerância).

A presença de níveis baixos e de variações no parâmetro herdabilidade

pressupõem a necessidade de se utilizar métodos de melhoramento de elevada

precisão, bem como de fontes de base genética adequada, para se obter

genótipos com elevada produção de grãos (Triller, 1994).

Quadro 16 – Estimativa da herdabilidade (h²) no sentido restrito para os dois experimentos

Cruzamento / Parâmetro Experimento I Experimento II

FT-2 x Embrapa 48 0,44 *

FT-2 x BRS 154 0,24 0,35

FT-2 x BRS 184 0,47 0,37

FT-2 x BRS 214 0,27 *

FT-2 x BRS 231 0,43 *

Embrapa 48 x BRS 154 0,30 0,42

Embrapa 48 x BRS 184 * *

Embrapa 48 x BRS 214 0,38 0,30

Embrapa 48 x BRS 231 * *

BRS 154 x BRS 184 0,35 0,52

BRS 154 x BRS 214 * 0,38

BRS 154 x BRS 231 * *

BRS 184 x BRS 214 * 0,15

BRS 184 x BRS 231 0,51 0,46

BRS 214 x BRS 231 * * (*) Nenhum modelo foi suficiente para representar a variabilidade existente.

A herdabilidade não é apenas uma propriedade do caráter, mas também

da população e das condições ambientais a que foram submetidos os indivíduos.

Na realidade, a herdabilidade pode ser aumentada não somente pela introdução

de mais variação genética na população, mas também melhorando as condições

experimentais, de modo a reduzir a contribuição da variação ambiental para a

variação fenotípica total.

Apesar das diferenças que ocorrem na herdabilidade de uma da

característica, as estimativas apresentadas na literatura mostram que cada

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49

caráter apresenta uma amplitude de valores da herdabilidade que lhe é peculiar

(Pimentel-Gomes, 1966). Assim é que características, tais como a produção de

grãos de uma planta, são características muito influenciadas pelas condições

ambientais e apresentam herdabilidades baixas (Ramalho et al., 2004).

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50

5. CONCLUSÕES

1 - Os genitores usados como parentais apresentaram elevada redução

na produtividade de grãos, quando submetidos à presença do patógeno

Phakopsora pachyrhizi, agente causador da ferrugem asiática da soja.

2 - A cultivar BRS 231 foi a que melhor se comportou na presença da

ferrugem asiática, a qual apresentou uma superioridade de produtividade variando

de 15 a 55% a mais em relação às cultivares utilizadas avaliadas.

3 - Em relação aos genótipos segregantes, o rendimento de grãos da soja

foi severamente prejudicado, resultando em perdas de mais de 90% em alguns

genótipos avaliados.

4 –Efeitos genéticos aditivos foram predominantes para a característica

rendimento de grãos.

5 - As combinações que mostraram maior potencial para extrair linhagens

superiores foram BRS 184 x BRS 231 e BRS 154 x BRS 184, as quais se

mostraram produtivas em presença de ferrugem asiática.

6 - A herdabilidade no sentido restrito, em nível de indivíduos da geração

F∞ para o rendimento da soja variou de 0,15 a 0,52.

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