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Temos a tendencia de pensar que Ciencia e Ciencia, Cultura e Cultura eSociedade e Sociedade, coisas que nao se misturam. Decorre dai acreditarmosque um fenomeno natural, observado par varios individuos, se apresenta damesma forma para todos, au seja, a observador e neutro, nao imprime seureferencial cultural e social ao observar as fenomenos naturais. Sera? A Hist6riada Ciencia mostra que nao.

Vamos acompanhar as investigac;oes sabre a diversidade da vida nodecorrer do tempo e repensar nossa "crenc;a" na neutralidade da Ciencia e doobservador.

Como teriam surgido, na Terra, tantas e tao diversas formas de vida?Muitas respostas foram dadas a essa pergunta, atraves dos tempos, ate que

a teoria da evoluc;ao fosse formulada e aceita em fins do seculo XIX. Esta teoria,que revolucionou a Ciencia na epoca, mereceu reparos e complementac;oes,principalmente ap6s a desenvolvimento da genetica, a que mostra que a Cienciae dinamica.

Vamos voltar no tempo, ao seculo IV a.C (entreos anos 400 e 300 a.C) e visitar a Grecia Antiga.

Nessa epoca, predominava entre os gregos acrenya de que 0 Universo e a Terra haviam saido docaos e foram se desenvolvendo sob a regencia deuma forya natural, impessoal, neutra, a qual os deu-ses tinham que se submeter.

Viveu nesse tempo um filosofo de nome Aristote-les que estudou e classificou inumeros grupos de ani-mais, vegetais e outros elementos da natureza. Pos-suidor de uma acurada capacidade de observayao ede uma fertil imaginayao, Aristoteles construiu ummodelo para explicar como teriam surgido seres taodiversos. Para ele, deveria haver alguma relayao en-tre os materiais do ambiente, as plantas, os animais eo proprio homem; algo em comum ligava esses serestao diversos. Assim como a Terra, os seres vivos fo-ram se desenvolvendo no tempo, dos mais simples oumenos perfeitos ate os mais complexos ou mais per-feitos. Assim, para Aristoteles, havia uma hierarquiaentre os seres vivos e a diversificayao era um proces-so determinado por uma lei natural e perfeita, a qualos deuses se submetiam, que tinha uma direyao - aaquisiyao da perfeiyao. Vejamos como Aristoteles for-mulou sua ideia: "Ha uma escada natura/ ligan do a

materia inanimada a materia viva, passando pe/os se-res vivos inferiores, pe/os vegetais e animais superio-res e chegando, tina/mente, ao homem".

As ideias dos gregos atravessaram seculos e co-meyaram a perder sua forya com a ascenyao do Impe-rio Romano.

A crenya em uma lei natural imutavel e perfeitadeu lugar a ideia de um mundo submetido a milagrosaintervenyao de Deus.

Durante 0 dominio romano, as investigayoes so-bre os seres vivos passaram a consistir mais na des-criyao da anatomia e fisiologia de cada organismo emseparado. Predominava a ideia de que a Terra e tudo 0

que nela havia tinha sido feito com uma finalidade. Assemelhanyas encontradas entre grupos animais eraminterpretadas como "marcas da criac;ao divina ". Foidessa maneira que Galeno, medico grego que viviaem Roma (130 - 200 d.C), interpretou as inumeras se-melhanyas que encontrou ao investigar a anatomiados macacos e do homem.

Essa ideia de criayao divina (criacionismo), her-dada do juda[smo, tomou forya principal mente nos ul-timos tempos do Imperio Romano (sec. II), quando 0cristianismo se desenvolveu a ponto de converter-sena religiao predominante.

o predominio absoluto do cristianismo comeQoua ser abalado com 0 surgimento do islamismo entre osarabes, no seculo VII dC. A nova religiao expandiu-sepelo sudoeste da Asia, norte da Africa, chegando ate aFranca, a oeste, e ultrapassando Constantinopla, aleste: Durante sua expansao, os arabes descobriramas obras de Aristoteles e Galeno, traduziram-nas parao arabe e teceram comentarios sobre elas.

Quando, mais tarde, 0 cristianismo voltou a seexpandir pelas regiaes de dominie arabe e os estudio-sos europeus entraram em contato com a cultura mu-Qulmana, compreenderam que esta era, em certos as-pectos, mais avanQada e complexa que a cultura euro-peia. Os sabios europeus passaram a se preocuparcom a ciencia dos mUQulmanos e traduziram para 0

latim as obras dos gregos redescobertos.Eo inicio de uma nova epoca, em que as ciencias

e a arte ganham enorme impulso, em que se estabele-ce na Europa urn clima de efervescencia intelectual.

E, assim, chegamos ao Renascimento (sec. XVI).Embora ainda predominasse a ideia de uma naturezafixa e invariavel e, ainda que, para a maioria dos natu-ralistas, tudo houvesse sido feito de urn so golpe pelocriador, 0 problema da diversidade das especies con-tinuava a instigar mentes curiosas.

Pintura do seculo XVI - Genesis segundo a Biblia, comtodas as formas de vida criadas simultaneamente.

Embora 0 criacionismo fosse a ideia predomi-nante, outras duas interpretaQaes ganhavam adeptos.Uma delas, chamada vitalismo, explicava a origem e adiversidade da vida por urn "impulso vital", uma es-pecie de forQa desconhecida que guiava a vida. Paraos vitalistas, havia uma diferenQa essencial entre 0

mundo vivo e 0 mundo dos objetos.

A outra, conhecida como mecanicismo, aproxi-mava 0 mundo vivo dos sistemas do Universo inani-mado. Os mecanicistas relacionavam esses dois mun-dos afirmando que os seres vivos eram sistemas me-canicos bastante complexos, mas que, em essencia,nao se distinguiam dos demais sistemas do Universo.Para os mecanicistas, a chave do desenrolar da vida

Foi nesse clima que, na primeira rnetade do se-culo XIX, Jean Baptiste Lamarck elaborou sua teoriada evoluQao para explicar a diversidade dos seres vi-vos. Seu grande merito foi ter proposto, pela primeiravez, a ideia de evoluQao como urn fate universal, en-volvendo todas as formas de vida num unico processo.Alem disso, ele foi 0 primeiro a propor uma explicaQaosobre como a evoluQao se processa. Seu trabalho foiuma tentativa corajosa, que abriu caminho para futu-ros estudos. Foi Lamarck que apontou a adaptaQao co-mo 0 problema central da evoluQao - ponto abraQado,mais tarde, por Charles Darwin.

estava no desvendamento de como funcionam essessistemas.

A polemica entre mecanicistas e vitalistas atra-vessou seculos e se acirrou no seculo XIX, como vere-mos adiante.

Ao longo desses seculos, dois acontecimentosimpulsionaram as investigaQaes acerca da origem ediversidade da vida - 0 desenvolvimento da anatomia,fisiologia e microscopia, no seculo XVII, e a RevoluQaoFrancesa, no seculo XVIII. 0 primeiro, deu forQa aideia da proximidade entre os seres vivos e a materiainanimada. Com a RevoluQao Francesa, reduz-se aautoridade do rei e da Igreja nos paises europeus, 0que possibilitou 0 aparecimento e a divulgaQao de teo-rias cientificas consideradas, ate entao, hereges.

Lamarck retomou os estudos de anatomia e fi-siologia animal, comparou e agrupou os animais con-forme suas semelhanQas e diferenQas e interpretou-ascomo evidencias de urn processo evolutivo.

Mas, como seria possivel urn grupo animal origi-nar outros tao diversos, como os repteis e os mamife-ros, por exemplo?

De acordo com Lamarck, os orgaos que desen-volvem intensa atividade crescem e se tornam maiseficazes e aqueles pouco utilizados se atrofiam e de-generam (lei do usa e desuso). Essas alteraQaes po-

deriam ser transmitidas aos descendentes (heranc;:ade caracteres adquiridos). Ao longo de muitas gera-c;:6es, 0 acumulo dessas alterac;:6es poderia levar aoaparecimento de novos grupos animais.

Lamarck sugeriu que "a necessidade de seadaptar a um ambiente em transformac;ao forc;ava osanimais a utilizarem mais intensamente certos 6rgaose a deixar de utilizar outros."

Em apoio a sua concepc;:ao, Lamarck tomou 0 exemplo da girafa:

"Antilope primitivo, habituado a comer folhas das arvores, desenvolveu seupescoc;o a forc;a de estica-Io para comer maior quantidade de folhas. Desenvolve-ram-se, tambem, a lingua e as patas. Este crescimento se transmitiu a gerac;aoseguinte. Nesta ultima, esses caracteres tornaram-se ainda mais marcantes eassim, progressivamente, 0 anti/ope se havia transformado em girafa".

ancestrais depesco90 curto

esticam continuamente°pesco90 para a/can9aremfo/has dos ga/hos mais altos

com °passar do tempo°pesco90 foi esticando,esticando e ° anti/opese transformou em girafa

Dais pontos impediram que esta teoria se impu-sesse: a falta de evidencias de que caracteres adquiri-dos sao herdados e a aparente lentidao com que esseprocesso de transformac;:ao deveria ocorrer.

No que diz respeito a herenc;:a de caracteres ad-quiridos, as provas recolhidas nao falavam a favor.Aceitava-se, na epoca, que algumas caracteristicasadquiridas poderiam ser herdadas, como a longo pes-cOyo da girafa. Mas nao se conseguia explicar, parexemplo, a pele manchada das girafas a partir da peledo anti lope, que nao e manchada.

Quanta a lentidao com que deveria ter ocorrido aprocesso evolutivo, colocava-se um outro problema:nao havia registro de nenhum caso de transformayaode um grupo animal em outro durante toda a histariada humanidade. Portanto, se esse processo ocorreu,deve ter exigido centenas de milhares de anos, 0 quecontrariava as palavras da Biblia, segundo a qual aTerra deveria ter mais au menos 6.000 anos. Embora apoder da Igreja estivesse abalado desde a seculoXVIII, a crenya no sentido literal das palavras da Biblia

era profundamente arraigada e nao seria abalada fa-cilmente.

Nesse epoca, uma nova evidencia passa a cha-mar a atenc;:ao' dos naturalistas - as fasseis. Muitosestudiosos pensavam que as fasseis tivessem sidocoisas vivas que se transformaram em pedras; outrosachavam que eles eram restos da Arca de Noe; e ha-via aqueles que pensavam que, se a Terra fosse real-mente muito antiga, as fasseis poderiam ser formasde vida que, com a tempo, tiveram suas substanciasoriginais substituidas par minerais do solo.

Paralelamente a descoberta dos fasseis, foi ob-servado que a crosta terrestre era formada por variascamadas e que, em cada uma del as, havia fasseis naoencontrados nas demais.

Todas essas descobertas interessaram particu-larmente a um bialogo frances, George Leopold Cu-vier. Ele estudou a anatomia dos diferentes organ is-mas, classificando-os de acordo com suas semelhan-

yas estruturais e funcionais. Comparou inumeros f6s-'seis com organismos viventes, registrou-Ihes as se-melhanyas e reparou que, quanta mais antigo 0 f6ssil,mais diferente era das atuais formas de vida. Concluiuque muitos f6sseis poderiam ser colocados em umaordem crono/6gica.

Pois bem, todos esses dados levantados por Cu-

vier pareciam indicar que as ideias de Lamarck se-riam retomadas, ou seja, que os organismos teriam seoriginado uns dos outros, atraves de um processo desucessivas e graduais transformayoes. Mas, por moti-vos religiosos, Cuvier nao podia aceitar a possibilida-de da evoluyao. Interpretou, entao, seus dados, da se-guinte maneira:

"Ainda que a Terra fosse antiga, sofria peri6dicas catastrofes que elimina-vam todo vestigio de vida e depois de cada destruic;8.o eram criadas novas formasde vida, muito diferentes das existentes anteriormente" .

o catastrofismo ganhou inumeros adeptos pois,ao mesmo tempo em que encampava os novos acha-dos sobre a idade da Terra, sobre as transformayoesdos organismos, nao contradizia 0 dogma da criayaodivina. Para Cuvier, as destruiyoes eram rapidos e su-cessivos atos do Criador, seguidos por ato,;; de cria-yao.

Mas 0 continuo achado de f6sseis criou um pro-blema para 0 catastrofismo e alguns seguidores deCuvier tentaram resolve-Io elevando para 270 numerode catastrofes necessarias para explicar a distribui-yao dos f6sseis. Alem disso, Charles Lyell publicou,em 1830, a obra "Principios de Geologia", onde defen-dia a ideia de que a Terra sofria mudanyas graduais enao catastr6ficas.

o estudo dos f6sseis confirmava as ideias de

.A visao catastrofista da hist6ria da Terra es-ta ref/etida nesta gravura de Albrecht Durer.Esta gravura ilustra a passagem da Biblia(capitulo 6, versiculo 13) que comer;a com es-tas palavras: "E as estrelas do ceu cairamsabre a terra ...

Lyell, pois nao havia nenhuma camada terrestre queindicasse a destruiyao de todas as formas de vida da-quele periodo. E mais ainda, os f6sseis de algumasformas de vida mostravam que as mesmas haviam so-brevivido a periodos para os quais os catastrofistaselaboravam hip6teses de destruiyao.

Neste contexto, 0 catastrofismo perde sua forya ecria-se 0 clima para a retomada da teoria da evoluyao.Contribuem ainda para este clima 0 desenvolvimentoda quimica (aproximando os universos vivo e inani-mado), da fisica (evidenciando a possibilidade de con-versao entre formas diferentes de energia), 0 aperfei-yoamento do microsc6pio e 0 desenvolvimento da em-briologia (estudo do desenvolvimento embrionario) eda citologia (estudo das celulas).

Estamos no ana de 1831, na primeira metade doseculo XIX. A marinha real inglesa organiza uma via-gerr, de explorac;:ao cientffica ao redor do mundo, nonavio veleiro Beagle. Charles Darwin, um estudiosoapaixonado pela Historia Natural, sem formac;:ao aca-demica e de familia rica, e convidado a participar des-ta expedic;:ao, como naturalista. A viagem dura 5 an ose torna-se a mais importante da historia da Biologiapois, com os dados obtidos, Charles Darwin elabora aTeoria da Evoluc;:ao.

Quando Darwin partiu, ja conhecia parte da obrade Lyell sobre Geologia. Tinha, portanto, perfeita no-c;:ao da antiguidade da Terra e das transformac;:oesgraduais que 0 planeta sofreu.

Conhecia, tambem, a teoria de Lamarck, bem co-mo as ideias dos pensadores que 0 precederam, evo-lucionistas e nao evolucionistas.

E importante notar que Darwin era um homemreligioso que aceitava 0 principio da criac;:ao. Mas, an-tes de tudo, era um estudioso da Historia Natural etinha uma postura flexivel perante 0 conhecimento.

Durante sua longa viagem, estudou minuciosa-mente os animais que encontrava, coletou inumerosdados acerca das semelhanc;:as e diferenc;:as estrutu-rais entre grupos que viviam geograficamente isola-dos e aqueles que habitavam um mesmo territorio.Recolheu dados acerca dos habitos de vida dessesgrupos - reproduc;:ao, alimentac;:ao, organizac;:ao. Ana-lisou esses dados, relacionando-os a luz do conheci-mento herdado de seus antecessores e das duvidaslanc;:adas por esse mesmo conhecimento.

Impressionou-o especial mente a variedade debicos que encontrou em 14 especies de tentilhoes,passaros do arquipelago de Galapagos, que fica aoeste da America do SuI. Em todas elas, a forma e 0tamanho dos bicos estavam bem adaptados ao tipo degrao que Ihes servia de alimento.

Tais dados e sua analise foram fortes 0 suficientepara que Darwin abandonasse de vez a ideia da cria-c;:ao.0 trecho abaixo e bastante expressive:

" ... Parecia pouco razoavel que tivessem sidocriadas 14 especies diferentes somente para este pe-queno e insignificante arquipelago".

Foi este 0 pensamento de Darwin ao estudar de-talhadamente os tentilhoes.

Bem, se a criac;:ao nao explicava a diversidade 0que, entao, a explicaria?

A ideia de evoluc;:ao ja havia se firmado em La-marck e, apesar das vastas argumentac;:oes em con-trario, muitos estudiosos faziam sua defesa.

Assim, mais do que comprovar que a evoluc;:aoocorre, 0 empenho de Darwin recaiu em explicar comoela se processa e, no centro de suas preocupac;:oes,estava a adaptac;:ao.

Vejamos, inicialmente, do is dos fatores aponta-dos por Darwin, como determinantes da adaptac;:ao: asvariac;:oes e a selec;:ao natural.

Em qualquer populac;:ao ocorrem variac;:oes here-ditarias. Algumas delas tornam seus portadores mais

Retrato fotogratico de Darwin tirado alguns anos ap6s a im-pressao de seu livro "A origem das especies".

aptos a explorar seu ambiente. Estes sobrevivem e sereproduzem deixando uma descendencia portadoradessas variac;:oes. Por outro lado, individuos portado-res de variac;:oes que os tornam pouco habeis a explo-rar seu ambiente, acabam por desaparecer nao con-seguindo, portanto, deixar descendencia (selec;:ao na-tural). Darwin concluiu que

"a natureza poderia atuar e efetuar essa sele-9.30, muito lentamente e durante um perfodo muitogrande, a fim de adaptar as animais a seu meio".

Assim, para Darwin, a selec;:ao natural age elimi-nando os portadores de variac;:oes que dificultam ouimpedem a sobrevivencia e mantendo aqueles cujasvariac;:oes permitem melhor explorar 0 ambiente.

Mas, qual seria a causa das variac;:oes heredita-rias? Como elas ocorreriam?

Embora Darwin nao concordasse com Lamarcksobre os efeitos hereditarios do usa e desuso de or-gaos, nao tendo encontrado outra expl icac;:ao para asvariac;:oes hereditarias acabou incorporando a ideiade Lamarck a sua teoria.

Em verdade, a questao so foi resolvida muitotempo mais tarde, com 0 desenvolvimento da Geneti-ca e 0 estudo das mutac;:oes e das recombinac;:oes en-tre genes.

A grande contribuic;:ao deixada pela imensa obrade Darwin foi, portanto, a ideia da selec;:ao naturalatuando sobre as variac;:oes hereditarias, como meca-nismo fundamental da evoluc;:ao.

Dais anos ap6s seu regresso, Darwin leu a livrode Thomas Robert Malthus sabre "0 Principia da Po-pulaQao". Malthus afirmava que a cresci menta da po-pulaQao humana era sempre maior que a da produQao

"Uma determinada popu/ayao deve se multip/icar incontro/ave/mente ateexceder a quantidade de a/imento disponive/. Com a diminuiyao do a/imento dis-ponive/, os individuos devem entrar em competiyao e aque/es menos aptos abuscar a/imento devem morrer. Assim a popu/ayao se reduz, entrando novamenteem equi/ibrio com 0 a/imento disponive/. Se, entre os individuos dessa popu/ayao,houver a/guns capazes de utilizar um a/imento diferente do habitual, estes teraouma nova e abundante maneira de se alimentar. Sobreviverao e poderao se mul-tip/icar com rapidez ate que a quantidade desse alimento comece a diminuir".

Par volta de 1854, quando Darwin tratava de es-crever sua teoria da evoluQao, Alfred Russel Wallace,naturalista ingles que vivia, entao, no Oriente, envioua Darwin um manuscrito, pedindo sua opiniao acercade um problema que investigava. Darwin ficou surpre-so e perturbado, porque Wallace, sem saber de suasideias, tambem propunha um mecanismo para a evo-IUQao baseado na seleQao natural.

Assim como Darwin, Wallace fez inumeras via-gens por diversos locais do mundo, entre eles a Ame-rica do Sui, a Malasia e as Indias Orientais. Em suasviagens, coletou inumeros dados acerca das varia-Qoes entre grupos animais que habitavam uma mesmaregiao e entre aqueles que habitavam regioes diferen-tes. A analise de seus dados a levou a refletir sabre aevoluQao par seleQao natural e, assim como aconte-ceu com Darwin, a leitura do livro de Malthus sabre aPrincipio da PopulaQao influenciou fortemente a pen-samento de Wallace.

A adaptaQao dos organismos ao ambiente, preo-cupaQao central das investigaQoes de Darwin, foi alvode ataque: de um lado estavam aqueles que achavamque a adaptaQao era muito universal e complicada pa-

de alimentos e que, par esse motivo, a populaQao ha-veria de se reduzir. Influenciado pelas ideias de Mal-thus, Darwin propos que:

ra ser explicada pela simples eliminaQao de certas va-riaQoes devidas ao acaso. De outro lado, encontra-vam-se aqueles que alegavam que a adaptaQao naoera bastante universal e que caracteristicas nao adap-tativas (nao relevantes em termos de sobrevivenciada especie) ou ate mesmo inadaptativas (que prejudi-cam a sobrevivencia da especie) de diversos seresvivos deveriam ter side eliminadas se a selecao natu-ral fosse real mente um fator evolutivo. '

Essas dificuldades foram, tambem, usadas pelosanti- evolucionistas que convertiam as ausencias derespostas em provas de que a evolucao nao existiaafirmando que a criaQao resolvia par inteiro a proble~ma da diversidade das especies.

Lyeli e outros acertaram as coisas para que umartigo de Darwin pudesse ser publicado junto com a deWallace no mesmo numero da revista cientifica "Pro-ceedings of the Linnaean Society", de Londres, em1858.

No ana seguinte Darwin publicou "A Origem dasEspecies por Meio da Seleyao Natural", livro que tevea maior repercussao dentre todas as obras biol6gicaspublicadas ate entao.

Na antiguidade grega, as ideias sobre a hereditarie-dade estavam ligadas a hip6tese da pre-formayao ou ahip6tese das duas particulas.

A primeira, e mais aceita, a da pre-formayao, formu-lada por Arist6teles, propunha que 0 individuo vinhapre-formado no semen paterno e se desenvolvia no orga-nismo materno, grayas a coagulayao do sangue maternaque continha 0 principio vital. Todo esse processo seriaguiado pela inteligencia divina.

Mas, como explicar entao, 0 nascimento de criancasparecidas com a mae ou ainda de irmaos, um mais se~e-Ihante ao pai eo outro a mae?

Dem6crito, contemporaneo de Arist6teles. ao se co-locar essa questao, encontrou como resposta a hip6tesedas duas particulas: deveria haver no cj!rpo do homem eda mulher um grupo especifico de diminutas particulasresponsaveis pela formayao de um novo ser. 0 encontrode uma particula paterna com outra materna, no interiorda mae, originava um individuo que, assim, podia se as-semelhar ao pai, a mae ou a ambos.

Embora houvesse defensores das duas linhas, a hi-p6tese da pre-formayao prevalecia. Em parte porque De-m6crito nao podia provar a existencia das particulas. Haque considerar que, para a epoca, a ideia da pre-forma-(fao tinha uma 16gica capaz de convencer: era possivel

constatar que 0 homem libera semen que, introduzido nocorpo da mulher, pode engravida-Ia; simultaneamente,cessa a menstruayao (0 sangue coagula e nutre 0 novoser) e ela retorna ap6s 0 nascimento da crianya. A pole-mica entre essas duas linha atravessou seculos e cadauma delas assumiu roupagens diversas.

Foi somente com Mendel, na segunda metade do se-culo XIX, que se comeyou a esclarecer por que os filhosse parecem com os pais. Baseado em exaustivas obser-vayoes sobre cruzamentos de ervilhas, 0 monge Mendelpropos um modele que punha por terra a ideia da pre-for-mayao e retomava a ideia de Dem6crito. Os experimen-tos de Mendel mostraram que a heranya nao e produto damistura entre as caracteristicas paternas e maternas, co-mo se fosse uma mistura continua de tintas (ou misturade sangues) em diferentes proporyoes, mas sim de com-binayoes de poryoes bem definidas de materiais paternoe materno, que Mendel chamou de "fatores" e que poste-riormente foram designados como "genes".

Quando 0 trabalho de Mendel se tornou conhecido,no inicio de seculo XX, a Genetica passou a caminhar apassos largos, constituindo mais uma base para a com-preensao da evoluyao, conforme veremos no decorre'deste artigo.

Uma das lacunas da teoria de Darwin era que elanao explicava a causa das varia<;:oes.

Outro problema era 0 conceito limitado de sele-<;:aonatural, explicada como a elimina<;:ao ou sobrevi-vencia de indivfduos em fun<;:aodas varia<;:oes.

Tais problemas deram margem a duvidas quantaa se a teoria explicava a origem das especies ou ape-nas a elimina<;:ao de algumas varia<;:oes.

A adapta<;:ao dos organismos ao ambiente, preo-cupa<;:ao central das investiga<;:oes de Darwin, foi alvode ataque: de um lado estavam aqueles que achavamque a adapta<;:ao era muito universal e complicada pa-ra ser explicada pela simples elimina<;:ao de certas va-

ria<;:oes devidas ao acaso. De outro lado, encontra-vam-se aqueles que alegavam que a adapta<;:ao naoera bastante universal e que caracterfsticas nao adap-tativas (nao relevantes em termos de sobre vivenciada especie) ou ate mesmo inadaptativas (que prejudi-cam a sobrevivencia da especie) de diversos seresvivos deveriam ter side eliminadas se a sele<;:ao natu-ral fosse realmente um fator evolutivo.

Essas dificuldades foram, tambem, usadas pelosanti- evolucionistas que convertiam as ausencias derespostas em provas de que a evolu<;:ao nao existia,afirmando que a cria<;:ao resolvia por inteiro 0 proble-ma da diversidade das especies.

o final do seculo XIX e 0 infcio do seculo XX fo-ram marcados pela polemica entre os neolamarckis-tas e neodarwinistas, ambos tentando solucionar ospontos obscuros da teoria da evolu<;:ao - a causa davariabilidade e a sele<;:ao natural como fatores evoluti-vos.

Os neolamarckistas negavam a sele<;:ao naturale apontavam, como pilastras da evolu<;:ao, os efeitoshereditarios do uso e desuso e os efeitos hereditariosda acao direta do meio sobre os organismos. Para osneol~marckistas a causa da adapta<;:ao seria a rela<;:aoentre embiente, estrutura e fun<;:ao, onde os organ is-mos se alterariam para se adaptar ao ambiente emtransforma<;:ao.

Essa suposi<;:ao foi universal no seculo XIX eDarwin a aceitou sem grandes discussoes. Mas sur-gem os impropriamente chamados neodarwinistas re-jeitando tudo da teoria de Darwin, menos a sele<;:aonatural. Para eles a sele<;:ao natural e 0 mecanismecentral da evolu<;:ao.

Na ansia de buscar a causa da evolu<;:ao, os doisgrupos, neolamarckistas e neodarwinistas, tomaramposi<;:oes extremadas, 0 que possivelmente os impe-diu de perceber que 0 problema central estava emdesvendar como se produz a adapta<;:ao pela intera<;:aode multiplas for<;:as, das quais uma e a sele<;:ao naturalde Darwin.

Por outro lado, a defesa dos pontos de vista dosdo is grupos acabou por trazer enormes contribui<;:oesao estudo da evolu<;:ao, uma vez que cada um deles seempenhou em conhecer profundamente os pontos queacreditava serem a resposta definitiva e em apontar 0.que havia de insustentavel na suposi<;:ao do outro.

Mas, apesar das contribui<;:oes, 0 momenta erade crises, duvidas e desanimo e, nesse clima, ressur-gem as teorias finalistas e vitalistas. Seus proposito-res abandon am 0 causalismo e resolvem a angustiada duvida, preconizando, respectivamente, "algumobjetiva da natureza au de seu criadar" e 0 "impulsovital".

Fai a genetica que trouxe alguma luz ao caos emque se encontrava 0 estuda da evolu<;:ao. Os geneticis-

tas demonstraram a ausencia de base do nealamarc-kismo, ao explicitarem que as caracterfsticas dos indi-viduos sao determinadas por genes e que os genes - enao os caracteres - e que sao transmitidos de umagera<;:ao a outra. Portanto, caracteres adquiridos naosao herdados.

Por outro lado, demonstraram a falha do neodar-winismo mostrando que os genes podem se combinardiferentemente nos indivfduos, produzindo caracterfs-ticas novas que, juntamente com as muta<;:oes, forne-cem a rica varia<;:ao genetica sobre a qual trabalha asele<;:ao natural, nas dire<;:oes impostas pelos diversosambientes.

E aqui a elucida<;:ao das muta<;:oes (altera<;:oes noconjunto genico de uma popula<;:ao) foi de fundamentalimportancia. As muta<;:oes produzem varia<;:oes e osgenes mutantes podem ser transmitidos a gera<;:ao se-guinte. Parecia que a solu<;:ao se apresentava. No en-tanto, no infcio, esta descoberta mais complicou doque solucionou 0 problema pois, ao afirmarem que asmuta<;:oes eram a chave da evolu<;:ao, os mutacionistaspropuseram que: (1) a evolu<;:ao se produzia ao acaso,dado que as muta<;:oes assim ocorriam; (2) nao existiaadapta<;:ao e sim uma preadapta<;:ao acidental.

o derrotismo e os mecanismos de fuga se propa-garam entre as muitos estudiosos da evolu<;:ao, tantoque um paleont610go, nos ultimos anos de uma exis-tencia de pesquisas prolongadas e ferteis sobre 0 as-sunto, chegou a conclusao de que "a evalur;aa deviaser canduzida par anjos bans e maus!" (Simpson,George Gaylord).

o progresso da Genetica trouxe a luz 0 fato deque a sele<;:ao natural devia atuar modificando a distri-bui<;:ao dos genes nas popula<;:oes. Nao era exatamen-te 0 que diziam os neodarwinistas e nem 0 que propu-nham os mutacionistas.

Assim, pesquisador,es de todos os aspectos davida se motivaram e come<;:aram a colaborar, cadaqual contribuindo em seu campo, com sua parcela deverdade sobre a evolu<;:ao. Surgiu daf, a Teoria Sinteti-ca da Evolu<;:ao, que diferia em muitos aspectos daTeoria Darwiniana.

A Teoria Sintetica da Evoluyao, e produto de umacooperayao entre diversos pesquisadores. Com ossubsidios fornecidos por varios campos,esclareceupontos polemicos, como a causa da variabilidade e 0papel da seleyao natural.

o conjunto genico de uma populayao pode se al-terar por mutayoes, por migrayoes e ainda pela re-combinayao genica. As mutayoes parecem ocorrersem causa aparente (exceyao feita aquelas causadaspor radiayoes, medicamentos e substancias existen-tes no ambiente e incorporadas pelos organismos).Mas 0 fato e que surgem novos genes nessa popula-yao e, com eles, variayoes de caracteristicas.

Ja a recombinayao genica e consequencia da re-produyao sexuada. Embora nao introduza novos ge-nes na populayao, garante novas combinayoes geneti-cas nos individuos que compoem essa populayao.

As migrayoes introduzem novos genes numa po-pulayao, na medida em que os migrantes trazem con-sigo seu patrim6nio genetico e, ao se reproduzirem,transferem-no aos seus descendentes. Dessa forma,novas variayoes de caracteristicas tambem surgem napopulayao.

As alterayoes no patrim6nio genetico de uma po-pulayao sac transmitidas e acumuladas ao longo dasgerayoes e se expressam em variayoes de determina-das caracteristicas, ou ainda, em novas caracteristi-cas. Por seu turno, 0 ambiente tambem sofre constan-tes alterayoes, ao longo do tempo - na intensidade dechuvas, na luminosidade, na composiyao dos solos,etc ...

Pois bem, se as novas variayoes, ou ainda, no-vas caracteristicas, permitirem a adaptayao dos indi-viduos ao novo ambiente, esses individuos sobrevive-rao, reproduzir-se-ao e transmitirao tais caracteristi-cas a sua descendencia. Caso tais caracteres sejamimpeditivos de sobrevivencia ou se mostrem menosadequados a explorayao do ambiente, os individuosportadores deles tendem a ser eliminados, nao dei-xando descendencia.

Assim opera a seleyao natural, ou seja, ela agesobre as variayoes, numa dada populayao.

Ao longo de milhares de anos essa populayaopode ter se alterado a tal ponto que nao pode mais seridentificada como tal. Nesse caso originou-se um novogrupo de seres vivos.

Mas, aqui, precisamos responder as seguintesperguntas: "Um novo grupo que surge implica sempreno fim do grupo que 0 antecedeu?". "Uma determina-da populayao origina sempre um unico grupo"?

Para responder a essas questoes, precisamoster claro que estamos sempre lidando com grupos deseres vivos em relacao com 0 meio. Assim, alteradasas condiyoes do a~biente, parte da populayao podemigrar e se estabelecer em outras regioes, podendosofrer variayoes sem que, no entanto, origine outrosgrupos, e sim subgrupos. E importante termos claroque a pressao de seleyao sera diferente nesse novoambiente, pois, se 0 ambiente e diverso, as variayoesselecionadas sac diferentes daquelas selecionadas

no primeiro ambiente. Os individuos que permanecemna regiao de origem e que tambem apresentam varia-yoes, acabam por entrar em competiyao entre si poralimento, espayo, etc. e, nesse caso, os portadoresdas variayoes que permitem melhor explorar 0 meio,vencem a competiyao, sobrevivem e reproduzem-se.Aqui tambem e possivel que nao surja um novo grupoe sim uma variayao do mesmo grupo.

Em ambos os casos e possivel que uma popula-yao, ap6s longo periodo de tempo, origine grupos di-versos uns dos outros e do ancestral comum.

Com a teoria sintetica, parece ter-se elucidado aquestao de como se processa a evoluyao. Com isso,grande parte do conhecimento sobre a diversidadedos seres vivos esta "garantido". Mas, nao podemosdizer que as questoes sobre a evoluyao estejam todasresolvidas.

Pontuacroes na naturezaA decada de 70 deste seculo trouxe novas expli-

cayoes para alguns dos enigmas da teoria darwinianada evoluyao. Um desses enigmas diz respeito as gran-des explosoes de vida, como a que ocorreu no iniciodo cambriano (ha 600 milh6es de anos). Desde quetriunfou a teoria evolucionista, ha mais de um seculo,esta questao vem preocupando os cientistas.

Para 0 ge610go Stephen Jay Gould, tal questaopermanecera enquanto permanecer a ideia de que aevolucao ocorre sempre com a mesma velocidade. Deacord~ com esse modo de pensar, 0 surgimento dascomplexas e diversificadas formas de vida no cam-briano, constitui um evento subito surpreendente, dedificil compreensao, com seu carater analogo ao deuma explosao. Jay Gould propoe que a explosao cam-briana parece seguir uma lei geral de crescimento,que preve uma fase de acentuada acelerayao, suces-sora de um periodo de crescimento vagaroso(pre-cambriano) e antecessora de outra fase de mu-danyas lentas (p6s-cambriano).

Hoje a evoluyao e universalmente ace ita comofato, exceyao feita a algumas seitas religiosas. Entre-tanto, a aceitayao geral da teoria da evoluyao sob suaforma atual nao significa 0 fim das pesquisas sobre 0assunto. Novos conhecimentos sempre trazem novasduvidas. Algumas delas dizem respeito a casualidadee causalidade do processo evolutivo; outras dizemrespeito a evoluyao da especie humana e se localizamna evoluyao do pensamento e da linguagem e 0 efeitoevolucionista da convivencia de grupos com culturasdiferentes.

Estas questoes e muitas outras permanecemabertas e suas respostas poderao, um dia, dar novosrumos a evoluyao das ideias evolucionistas.

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