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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES IV REUNIÃO PREPARATORIA DA ASADIP PARA A REUNIÃO DO CONSELHO GERAL DA CONFERENCIA DA HAIA PUC-RIO, 21 DE MARÇO DE 2014 NADIA DE ARAUJO

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

IV REUNIÃO PREPARATORIA DA ASADIP PARA A REUNIÃO DO CONSELHO GERAL DA CONFERENCIA DA HAIA

PUC-RIO, 21 DE MARÇO DE 2014

NADIA DE ARAUJO

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1. INTRODUÇÃO

A ASADIP promoveu a IV Reunião preparatória para a Reunião de Assuntos Gerais da Conferência da Haia nos dias 20 e 21 de março de 2014.

A coordenação foi realizada pelas Profs. Nadia de Araujo e Daniela Vargas, sob os auspícios do Vice-Presidente de Relações Internacionais da ASADIP, Prof. Lauro Gama. Como nos anos anteriores, o trabalho foi dividido em quatro grupos temáticos, refletindo alguns dos temas objeto da agenda, divulgados pela Conferência da Haia. (veja em www. Hcch.net- work in progress- general affairs -)

Três Grupos de Trabalho (Consumidor Turista, Cooperação Jurídica Internacional e Sentenças Estrangeiras) se reuniram no dia 21, enquanto o Grupo de Contratos Internacionais trocou ideias por meio virtual.

Este relatório resumido expõe as conclusões e recomendações dos grupos de trabalho, com o fito de levar a colaboração da ASADIP na Reunião de Assuntos Gerais da Conferência da Haia.

Finalmente, também integra o presente relatório a Carta da Gávea, manifestação coletiva elaborada ao final da IV Reunião Preparatória, em prol da adição do tema de proteção do Consumidor Turista na agenda de trabalho da Conferência da Haia, que contou com o apoio dos membros da ASADIP e de acadêmicos e profissionais de outras organizações.

2. GT SOBRE CONSUMIDOR TURISTA – RELATOR PROF. CLAUDIA LIMA MARQUES (UFGRS), SECRETARIO JUAN CERDEIRA

Participantes: Claudia Lima Marques (UFRGS), Juan Cerdeira (UBA), Fabiana D’Andrea Ramos (UFF), Rosangela Lunardelli Cavallazzi (UFRJ), Fabiana Barletta (UFRJ), Fernanda Barbosa (UERJ), Eduardo Klausner (UCP), Christian Perrone (OEA), Heloisa Carpena (MPRJ)

O grupo iniciou os trabalhos destacando a importância e o crescimento do turismo de massa nos dias atuais, a intensificação do fluxo turístico nos mercados emergentes, a complexidade dos atuais contratos turísticos, a necessidade de facilitação ao turista de acesso internacional à justiça e à cooperação. Diante dos fatos mencionados, o grupo apoia fortemente que a Conferência de Haia inclua (add) em sua agenda de trabalho (working agenda) o tema da proteção internacional do turista. Também no mesmo sentido o grupo reconhece que a proposta brasileira de projeto de "Convention on co-operation in respect of the protection of tourist and visitors abroad" é necessária, oportuna e factível (feasible) e permitirá a criação de uma rede global de cooperação.

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O grupo discutiu ainda, a título exemplificativo, a situação atual do consumidor turista no Brasil e na Argentina.

O Prof. Eduardo Antonio Klausner, da Universidade Católica de Petrópolis explanou acerca de trabalho anteriormente apresentado no SENACON a respeito da proteção internacional do consumidor. Trata-se de coletânea de jurisprudência abrangendo cerca de 250 casos de diversos tribunais brasileiro sobre a falta de proteção do consumidor no mercado internacional. Constatou-se ainda que os tribunais brasileiros tem se orientado pela aplicação imediata da lei brasileira, mesmo aos casos transnacionais, o que pode acarretar problemas de execução das decisões brasileiras no exterior. Percebeu-se a criação de um direito internacional privado brasileiro específico de proteção do consumidor decorrente da prática judiciária. Conclui-se pela necessidade de pensar em parâmetros internacionais para criar marcos de segurança jurídica e que o projeto de convenção da Haia favoreceria essa necessidade. Constatou-se ainda que a solução para as questões referentes ao consumo transnacional deve necessariamente passar por um esforço conjunto, seguindo o exemplo europeu, na busca, entretanto, de uma solução universal, não somente regional, que ofereça efetiva proteção global do consumidor turista.

O Prof. Juan Cerdeira, da Universidade de Buenos Aires, apresentou a situação atual na Argentina relativa à normatização e proteção do consumidor turista. Iniciou destacando que, diante da importância atual do tema do turismo, é necessário regulamentar os direitos dos turistas que podem se encontrar em situação de vulnerabilidade. Esclareceu que na Argentina a proteção do consumidor turista pode ser abordada pela ótica da relação de consumo, regulada pela Lei argentina de Defesa do Consumidor, ou pela regulação do contrato de turismo, ao qual se aplica o Código Civil, sendo que a Argentina denunciou a convenção do Unidroit de 1970 sobre o assunto. Comentou ainda que há na Argentina diversos tratados bilaterais de cooperação turística, mas que não se referem em geral aos contratos de turismo, mas sim à troca de informações entre os países em matéria de incentivo à atividade e capacitação dos agentes. Destacou o Acordo do Mercosul de 2005 e que no acordo bilateral Argentina-Canadá há cláusula especial sobre acesso à Ao final propugna pela necessidade de que exista algo que regule as situações do consumidor turista.

Ao final o grupo analisou o texto do projeto de "Convention on co-operation in respect of the protection of tourist and visitors abroad" em suas três versões: português, espanhol e inglês e esclareceu alguns conceitos e termos utilizados, tendo sido feitas sugestões de aperfeiçoamento.

3. GT SOBRE CONTRATOS INTERNACIONAIS – RELATOR: PROF. LAURO GAMA (PUC-RIO)

Participantes: Claudia Madrid Martinez (Univ. Central de Venezuela), José A. Moreno Rodriguez (Membro, Working Group Princípios da Haia; Presidente da ASADIP, CEDEP - Paraguai); Elizabeth Villalta (Comitê Jurídico Interamericano, El Salvador); Luis Fernando Rincón (Univ. Nacional de Colombia); Zhandra Marin (Venezuela, EUA); Mercedes Albornoz (Mexico, Argentina); Luciano Timm (Unisinos, Brasil); Adriana Braghetta (Brasil) ; João Bosco Lee (Univ. Positivo,

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Brasil); Eduardo Grebler (Brasil); Marilda Rosado (UERJ, Brasil); Lidia Spitz (Brasil).

Os trabalhos do Grupo sobre Contratos Internacionais ocorreram de modo virtual. O documento sobre o qual os membros opinaram foi o Preliminary Document No. 6 of March 2014 for the attention of the Council of April 2014 on General Affairs and Policy of the Conference.

As contribuições dos participantes foram recebidas por e-mail entre os dias 21 e 25 de março. Foi igualmente recebida mensagem de apoio aos trabalhos, dirigida à ASADIP pela Secretária da Conferência da Haia, Sra. Marta Pertegás, que manifestou sua esperança de que os participantes apoiem o projeto sobre os Princípios da Haia em Matéria de Contratos Comerciais Internacionais em sua fase final e vislumbrem a sua aprovação durante o próximo Conselho sobre Assuntos Gerais de abril.

Os Professores Claudia Madrid Martinez1 e José Moreno Rodriguez2 enviaram contribuições alentadas, que enriqueceram o debate, ao mesmo tempo que foram no sentido de total apoio ao projeto.

1 Comentários da Prof. Claudia Madrid Martinez: I.3. “…all of which are synonyms for the parties’

agreement on the forum (usually a court) that will decide their dispute…”. Si no es un tribunal y más adelante se hace referencia al arbitraje, ¿a que otro tipo de foro se refiere? Principios Art. 1,3. ¿no convendría excluir el tema de las sucesiones y los demás contratos relativos a las relaciones familiares? O ¿estos criterios podrían aplicarse a las capitulaciones matrimoniales, por ejemplo? Comentarios 1,5-6. La definición del carácter comercial de los contratos, a los efectos de la aplicación de los principios es bastante clara y excluye, por sí sola los contratos de consumo. Pero llamar a estos contratos “comerciales” por no ser de consumo o de trabajo podría generar más problemas que soluciones, debido a las discusiones que tal calificación ha generado a nivel de derecho interno. Art. 3 Comentario 3.13. ¿Los usos sólo pueden ser aplicados por incorporación material? Art. 4 Comentario 4.11. “…a choice of court agreement between the parties to confer jurisdiction on a court may be one of the factors to be taken into account in determining whether the parties intended the contract to be governed by the law of that forum”. Podría aclarase que este solo elemento no es suficiente para determinar una elección tácita, de manera de reforzar la diferencia entre el forum y el ius y no contribuir a la aplicación sin más del Derecho del foro. Además, podría aclararse que tal factor no funciona en los casos de cláusulas mixtas o alternativas. Comentario 4.15. “The Principles do not take a position as to procedural issues, in particular, the taking of evidence and the standard and mode of proving a tacit choice of law…”. Determinar si hubo o no elección tácita del derecho aplicable, a partir del propio contrato y de las circunstancias acerca esta actividad a la interpretación de la voluntad de las partes, lo cual podría considerarse en el comentario. Art. 6. Tiene una redacción bastante complicada, que dificulta entender su contenido. Art. 9,g. Aplicación del Derecho elegido por las partes a las obligaciones precontractuales. Esto puede generar dudas. Según reconoce la doctrina, las obligaciones pre-contractuales pueden ser analizadas según se haya concluido o no el contrato. Si el contrato no llegó a concluirse, la mayoría de los sistemas que, a diferencia del Derecho italiano no tienen normas especiales para regular estos supuestos, son partidarios de la aplicación de las normas sobre obligaciones extracontractuales a las conductas pre-contractuales. En caso de haberse concluido el contrato, se ha entendido que todas las tratativas o negociaciones previas a la celebración del contrato, son de alguna manera absorbidas por el régimen de éste y sólo adquieren (footnote continued)

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Os membros do Grupo sobre Contratos Internacionais manifestaram seu integral apoio ao projeto sobre os Princípios da Haia em Matéria de Contratos Comerciais Internacionais em sua fase final. Fazem votos para que os comentários ora realizados sejam apreciados, caso as instâncias competentes da Conferência da Haia ainda os considerem oportunos.

Por fim, os participantes do Grupo esperam que os Princípios da Haia em Matéria de Contratos Comerciais Internacionais sejam aprovados durante o próximo Conselho sobre Assuntos Gerais de abril. Além disso, em nome da ASADIP, põem-se à disposição para estudar medidas de promoção dos Princípios da Haia em seus respectivos países.

Os membros do Grupo sobre Contratos Internacionais manifestaram seu integral apoio ao projeto sobre os Princípios da Haia em Matéria de Contratos Comerciais Internacionais em sua fase final. Fazem votos para que os comentários

cierta relevancia a la hora de interpretar las estipulaciones contractuales a la luz de la intención de las partes, considerando siempre el Derecho que rige el contrato. En tal sentido, pienso que la mención expresa de las obligaciones precontractuales puede conducir a pensar, bien que ésta es innecesaria en caso de haberse concluido el contrato –que es el supuesto al cual parece referirse el comentario 9.12–, bien que resulta lógico que si el contrato se perfeccionó, estas obligaciones precontractuales no son independientes de él y por ello la norma haría referencia a la admisión de una especie de Lex hipothetici contractus, al considerar la elección del Derecho elegido a estas obligaciones que, en ausencia de contrato, pueden ser calificadas como extracontractuales. Art. 10,b. ¿Por qué no hacer referencia a contrato cedido, en lugar de contrato entre deudor y acreedor? Art. 11. ¿Por qué limitar el orden público de un tercer Estado al de aquel cuyo Derecho se habría aplicado a falta de elección y no limitar de ninguna manera a la aplicación de las normas imperativas extranjeras? No veo fundamento para un tratamiento diferenciado. Comentario 11.8. Si esa ley puede ser la aplicable en ausencia de elección, ¿por qué no establecerlo en la norma?”

2 “(…) Yo creo que es importante incluir algún ejemplo así, para no vaciar de sentido el artículo sobre Non State Law. (…) Comment 11.18 states the following: 11.18 The impact of Article 11(1) is also limited in the following way: it controls the application of the chosen law only to the extent that such application is incompatible with the concurrent application to the parties’ relationship of the relevant overriding mandatory provision. Importantly, the conclusion that the chosen law is, in one or more respects, incompatible with an overriding mandatory provision of the law of the forum does not invalidate the parties’ choice or, save to the extent of any incompatibility, negate the consequences of that choice under Articles 2 and following. The chosen law must be applied to the greatest possible extent consistently with the overriding mandatory provision. An illustration may clarify the expression (in italics above) “and following” – the following is Article 3, referring to State Law: Illustration 11-X: Party A and Party B choose the UNIDROIT Principles of International Commercial

Contracts as the governing "rules of law" of their contract. Party A sues Party B in State X for breach of contract. The private

International law rules of State X limit the law that the parties may choose to State law. These private international

law rules do not allow parties to choose non-State "rules of law".The court of State X may decide that

the private international law rule of State X, which limits the law that the parties may choose to State law, is not an overriding

mandatory provision of State X. Accordingly, the court of State X may uphold the parties choice of the UPICC as

the applicable law. (For a precedent in real life, see decision of the Swiss Supreme Court, in www.unilex.info)”.

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ora realizados sejam apreciados, caso as instâncias competentes da Conferência da Haia ainda os considerem oportunos.

Por fim, os participantes do Grupo esperam que os Princípios da Haia em Matéria de Contratos Comerciais Internacionais sejam aprovados durante o próximo Conselho sobre Assuntos Gerais de abril. Além disso, em nome da ASADIP, põem-se à disposição para estudar medidas de promoção dos Princípios da Haia em seus respectivos países.

4. GT SOBRE PROJETO SOBRE SENTENÇAS _ RELATOR: NADIA DE ARAUJO (PUC-RIO), SECRETARIO FABRICIO BERTINI PASQUAT POLIDO (UFMG)

Participantes: Nadia de Araujo (PUC-RJ), (PUC-RJ), Fabricio Polido (UFMG), Inez Lopes (UnB), Carlos Eduardo de Abreu Boucault (UNESP), Marcos Vinicius Torres (UFRJ), Fernando Amorim, Marcelo DeNardi, Bruno Almeida (UFRural); Leila Cavalieri (UFRJ, Estacio)

Os trabalhos do Grupo de Sentenças Estrangeiras (GSE) retomaram a discussão da agenda do Conselho de Assuntos Gerais da CHDIP quanto ao Projeto de Reconhecimento e Execução de Sentenças – Judgments Project –, observando o desenvolvimento recente das atividades do Grupo de Trabalhos e do Grupo de Especialistas.

Para direcionar os debates em sua sessão de 21 de março de 2014, o GSE analisou os documentos disponíveis para a próxima Reunião do Conselho, e aqueles anteriores referentes à matéria.3

3 a) Process Paper on the Continuation of the Judgments Project: drawn up by the Permanent Bureau. August 2013; b) Prel. Doc. No. 7 – Ongoing work on judgments – Choice of Court Convention and Judgments Project. February 2014; c) Report of the Second Meeting of the Working Group of the Judgements Project. February 2014; d) Prel. Doc. No. 4: Recognition and Enforcement of foreign civil protection orders. Permanent Bureau, Report of the Meeting of The Expert Group, 12-13 February, 2014; e) Prel. Doc. No. 12 – Work Programme resulting from the conclusions and recommendation adopted by the conclusion and recommendation adopted by the recent special Commission Meetings on the Practical Operation of the Legal- Cooperation Convention and Status of Implementation. Permanent Bureau. March 2014; e Prel. Doc. N. 16, 2002 – Some reflections on the present state of negotiations on the judgment project. Secretariat. February 2002; Prel.Doc. N. 19, 2002 – Reflection paper to assist in the preparation of a convention on Jurisdiction and recognition (study by Andrea Schulz); Prel. Doc. N. 24, 2002 – Andrea Schulz – The relationship between the judgments project and other international documents; Prel. Doc. No 5 of March 2012 – Ongoing work on international litigation and possible continuation of the Judgments Project.; Prel. Doc. No 3 of March 2013 – Ongoing work on international litigation.

(footnote continued)

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Logo de inicio, o GSE manteve integralmente seu apoio à adoção da Convenção sobre as Cláusulas de Eleição de Foro de 2005, acreditando na total complementaridade desse instrumento com o Judgments Project. O Grupo permaneceu favorável à continuidade do Projeto, sem considerar que uma decisão da Conferência pela adoção de um futuro instrumento na área de reconhecimento e execução de sentenças estrangeiras seja razão para desestimular ou servir de obstáculo à ampla adesão dos Estados contratantes da Conferência à Convenção de 2005.

Mais uma vez, seguindo as conclusões da reuniões preparatórias anteriores da ASADIP (2011, 2012, 2013), o GSE entendeu que a Associação devesse insistir no seu apoio irrestrito, no plano regional, para adesões e ratificações da Convenção de 2005, em particular quanto a ações coordenadas entre a Conferência da Haia de DIP, governos, autoridades locais, academia e setores interessados.

Quanto ao eventual receio da Conferencia da Haia de que o Projeto de Sentenças, hoje em negociação, prejudique uma maior aceitação da Convenção de 2005 e sua adesão pelos Estados Contratantes, o GSE concordou com a posição da Secretaria Permanente de que dificuldades operacionais não devem frustrar o objetivo do Judgments Project. Entendeu que este objetivo fosse, justamente, o de alcançar (conforme os recursos e a disponibilidade dos trabalhos da Conferência) um instrumento multilateral regulando aspectos de reconhecimento e sentenças estrangeiras. Por isso, a ASADIP oferece apoio integral aos membros da região das Américas e à Conferência para que prossigam nas negociações sobre o tema.

O GSE-ASADIP continuará a apoiar todas as iniciativas da Conferência da Haia que avancem em direção de um instrumento internacional contemplando matéria relativa à jurisdição indireta e reconhecimento e execução de sentenças estrangeiras. A exemplo do que ocorre em relação ao movimento de adesões à Convenção de 2005 (em referência ao importante passo dado pela União Europeia quanto à adesão à Convenção em janeiro de 2014), não só é desejável elaborar um instrumento internacional sobre sentenças estrangeiras, (achieve) como é viável adotar o formato de uma convenção multilateral para atingir esse objetivo. Igualmente, será tarefa promover ações e iniciativas na região das Américas, buscando adesão a esse futuro instrumento.

Quanto aos mandatos do Grupo de Trabalho e Grupo de Especialistas, o GSE entendeu que o Conselho de Assuntos Gerais deva optar por manter o sequenciamento das atividades, conforme avaliado pela Secretaria Permanente, em seu instrutivo Procedural Paper, de agosto de 2013, e reforçar que dificuldades operacionais não podem prejudicar o objetivo do Judgments Project.

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Consequentemente, seria desejável que o Judgments Project chegasse à conclusão de um instrumento convencional, aproveitando todo o material e documentos já produzidos e aprofundando novos temas.

A relação entre o Projeto de Sentenças Estrangeiras e certas convenções vigentes também foi objeto de discussão pelo GSE. A ASADIP encontra-se satisfeita com a orientação, no mandato existente para o Judgments Project, de que a matéria de alimentos fique de fora das negociações em curso, e, portanto, de um futuro instrumento em reconhecimento de sentenças estrangeiras. Considera que a Convenção de Alimentos de 1952, por exemplo, já contemplou as hipóteses de reconhecimento para sentenças estrangeiras que versem sobre a matéria.

O Grupo debateu exaustivamente as importantes conquistas do sistema criado pela Convenção de Alimentos, como a de ter solucionado certas dificuldades operacionais no tocante à efetividade do reconhecimento de sentenças de alimentos proferidas no estrangeiro, a partir da consolidação de mecanismos mais ágeis, expeditos, considerando a vulnerabilidade do alimentando/credor.

No que diz respeito a aspectos materiais envolvendo reconhecimento e execução de sentenças estrangeiras, o GSE chegou à conclusão de que a Conferência deva enfatizar, nos trabalhos de negociações, certos princípios elementares do contencioso internacional privado, tais como tratamento nacional centrado em não-discriminação das sentenças estrangeiras (para afastar situações de a discriminação positiva ou seletiva entre sentença estrangeira e sentença nacional em certos ordenamentos jurídicos), além do próprio tratamento equitativo entre partes litigantes no curso de pedidos de reconhecimento de sentenças perante tribunais estatais.

O Grupo considera que seja essencial manter o respeito à diversidade dos ordenamentos jurídicos e o padrão mínimo (standard) de respeito aos povos – todos, no plano horizontal, reforçando eficaz medida de assegurar o reconhecimento das sentenças estrangeiras. Portanto, são princípios e valores totalmente complementares ao princípio da livre mobilidade das sentenças estrangeiras em escala global.

Igualmente, levando em consideração os interesses dos membros das Américas, o GSE reforça a importância de a Conferência da Haia assegurar preocupação com os vulneráveis em qualquer instrumento (escopo material e campo de aplicação). Isso particularmente em relação ao reconhecimento e execução de sentenças originadas de países da região que encontrem dificuldade ou obstáculos em outros Estados Contratantes da Conferência (e.g. em matérias de direito do consumidor, trabalho). A mesma ideia se encontra na demanda continua de aperfeiçoamento de instrumentos de cooperação jurídica em matéria civil e comercial já existentes.

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O GSE/ASADIP concorda com o prosseguimento do tema das Medidas Coercitivas de Proteção em Matéria paralelamente, em separado, ao trabalho do Projeto de Sentenças Estrangeiras, conforme a orientação já estabelecida em 2013. Devido à importância do tema, o GSE também pretende oferecer, à Conferência da Haia, informações adicionais e material legislativo dos países da região, além de subsídios doutrinários para o desenvolvimento das negociações sobre essa matéria.

Por fim, o Grupo observou a importância da participação da ASADIP nas próximas reuniões do Grupo de Trabalho do Judgments Project, para outubro de 2014, ou outra data no segundo semestre, e decidiu criar subgrupos para estudar temas que serão ali discutidos (inter-sessional work). Os temas para os sub-grupos são: i) sentenças envolvendo indenizações por perdas e danos, em matéria contratual e extracontratual, ii) sentenças em procedimentos coletivos, iii) consumidor e iv) direitos de propriedade intelectual.

Os subgrupos serão incentivados a acompanhar os temas pendentes e apresentar relatórios para embasar a posição da ASADIP nessas reuniões. Por isso, a ASADIP solicitará à Secretaria Permanente da Conferência que posicione o GSE sobre o calendário previsto para os trabalhos e sobre a possibilidade de admitir seus representantes nas reuniões do GT e do Grupo de Especialistas, futuramente. Essa tarefa permitirá que delegados da ASADIP possam acompanhar - de modo permanente –as atividades em curso e coordenar posições com os representantes governamentais da região, normalmente em número reduzido.

5. GRUPO SOBRE ATIVIDADES DE COOPERAÇÃO JURIDICA INTERNACIONAL – RELATOR DANIELA VARGAS (PUC-RIO), SECRETARIO THEOPHILO MIGUEL (PUC-RIO)

Participantes: Arnaldo Silveira (DRCI), Leila Cavallieri (UFRJ e Estácio), Theophilo Miguel ( PUC-Rio), Carlos Abreu Boucault (UNESP), Daniela Vargas (PUC-Rio), Gisela Dalfeor (UFRRJ) e Ellen Monteiro (UFFRJ).

O Grupo se debruçou sobre o Documento Preliminar n. 12, cuja metodologia foi dividir as questões em duas partes. Na Parte I, foram listados os pontos que dependem de atuação do Bureau Permanente da Haia (PB); na Parte II, os pontos que dependem da atuação dos Estados-Membros.

Não havia participantes de outros países. Por isso, o grupo fez comentários a

respeito de questões específicas da realidade brasileira e do sistema jurídico brasileiro, além de fazer um balanço sobre o andamento da ratificação das convenções processuais pelo Brasil.

Foi observado que, no Brasil, a cooperação jurídica internacional em matéria

cível é preponderantemente de pedidos feitos do Brasil ao exterior. O DRCI

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processa em torno de 800 pedidos/mes em matéria cível, sendo que 85% dos pedidos são de brasileiros pedindo algo ao exterior (ativos) e somente 15% são de estrangeiros pedindo algo no Brasil (passivos).

Em 2006, Declaração dos Ministros do Mercosul deu apoio à ratificação das 4

convenções processuais pelos países-membros. No caso brasileiro, duas convenções estão em processo final de internalização: a de Acesso à Justiça, para a qual falta somente o Decreto de Promulgação, e a de Provas (Evidence), cujo instrumento de ratificação será depositado. A convenção de Apostila se tornou uma prioridade para o Ministério das Relações Exteriores, e a Exposição de Motivos já foi assinada, para envio ao Congresso brasileiro. A convenção de mais difícil ratificação para o Brasil é a de Comunicação sobre Atos Processuais (Service), e cujo andamento está mais atrasado. Há alguns pontos sensíveis nessa Convenção, como a citação por via postal. Uma questão constitucional também foi levantada, com relação ao juízo de delibação, no sentido de ser ou não ponto essencial e que não poderia, assim, ser suprimido.

O Grupo ressaltou a importância de se ter uma Lei de Cooperação Jurídica no Brasil. Uma sugestão feita pelo MRE é fazer uma normativa pelo CNJ, e dita iniciativa conta com apoio de Conselheiros.

Foi ressaltada a importância de haver uma tradução/versão em portugues dos Manuais referentes ao uso das convenções de Comunicação de Atos Processuais (Service) e Provas (Evidence).

Na análise da Parte I do Doc. Preliminar #12 - Conclusões e Recomendações

que requerem ações específicas pelo PB - foram analisadas as propostas feitas para cada uma das convenções. Alguns pontos são comuns a todas, e considerados pelo grupo como fundamentais: o uso de modelos e formulários padronizados e multilíngues, a migração para um sistema de transmissão eletrônica dos pedidos, e a necessidade de preparar e manter atualizados os manuais de uso das convenções pelos operadores do direito.

Na Convenção de Provas, o grupo foi favorável ao uso de

videolink/videoconferencia, tendo essa tecnologia já sido regulamentada no Brasil pelo Conselho Nacional de Justiça. O grupo observou que no Brasil hoje existe uma diferença entre o procedimento cível e o penal, este último mais fortemente influenciado pelas técnicas do direito comparado. Hoje no Brasil já se permite a pergunta direta pelo advogado (cross-examination) nos procedimentos criminais mas não na esfera cível.

No ponto relativo à propaganda e divulgação das convenções, o grupo apoiou a

ideia de elaborar uma brochura sobre as convenções processuais para mostrar a relevância da cooperação jurídica para o comércio e investimentos internacionais.

Ainda no tocante à promoção do trabalho da Conferencia da Haia e das

convenções em vigor, o grupo destacou a importância do Escritorio Regional da Haia para AL para conseguir essa promoção e divulgação no Continente.

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Com relação à Convenção da Apostila, o grupo foi favorável à iniciativa de

explorar as sinergias e o diálogo com a Interpol e demais agencias, para usar a e-Apostille nos pedidos de extradição, e favorável à criação da plataforma e-Extradition. Também foi favorável ao programa da e-APP (Electronic Apostille Program), aproveitando, no caso do Brasil, a estrutura eletrônica que já existe.

Na Parte II o grupo destacou alguns dos pontos que requerem ações específicas por parte dos Estados: a) com relação à Convenção sobre provas, os Estados devem informar sobre possibilidade de uso de videoconferência; b) na Convenção de Acesso à Justiça, os Estados devem adotar um modelo de formulário multilíngue, incluindo o idioma local no formulário padrão, e deixa-lo disponível para acesso online; c) na Convenção de Apostila, os Estados deveriam usar o modelo para a preparação das apostilas multilingues e deixa-las disponíveis online. Destacou-se a importância dos Estados apoiarem a implantação do programa da e-Apostille (e-APP).

O grupo também considerou importante o apoio permanente ao aumento da

assistência jurídica, em especial no tocante às ações de "bagatela", em especial as ações de consumo e também as que tramitam em juizados especiais de pequenas causas.

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A ASADIP continua a acreditar que um dos trabalhos de maior impacto da Conferência da Haia é o de levantamento de informações acerca da operacionalização das convenções (com a utilização de questionários), e sua implementação através de modelos e formulários padronizados e multilíngues, bem como o fomento à cooperação jurídica internacional no campo administrativo, com o auxílio das autoridades centrais.

O Grupo de Trabalho sobre o Consumidor Turista elaborou e apoia a ampla circulação da Carta da Gávea para que o tema seja incluído na pauta de trabalho da Conferência.

O Grupo de Trabalho sobre contratos internacionais expressou seu apoio ao Doc. Prel. N. 6, esperando que o texto seja aprovado na Reunião de Assuntos gerais.

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O Grupo de Trabalho sobre sentenças estrangeiras apoia a continuação do Judgments Project e entende que este não interfere com o trabalho relativo à adesão dos Estados à Convenção sobre cláusula de eleição de foro. Apoia, ainda, a continuação de grupos de trabalho sobre temática relacionada, como o de acordos privados na área de família e medidas cautelares.

O Grupo de Trabalho sobre Cooperação Jurídica Internacional apoia a continuação dos projetos complementares sobre a aplicação das convenções da apostila, de provas, citação e assistência jurídica nos termos estabelecidos no Doc. Prel. N. 12, com destaque para as iniciativas de padronização e de apoio à incorporação das novas tecnologias para transmissão e cumprimento de pedidos.

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7. ANEXO – PARTICIPANTES DA REUNIAO

Adriana Braghetta (Brasil)

Arnaldo Silveira (DRCI-MJ)

Bruno Almeida (UFRural)

Carlos Eduardo de Abreu Boucault (UNESP)

Christian Perrone (OEA)

Claudia Lima Marques (UFGRS)

Claudia Madrid Martinez (Univ. Central de Venezuela)

Daniela Vargas (PUC-Rio)

Eduardo Grebler (Brasil)

Eduardo Klausner (UCP)

Elizabeth Villalta (Comitê Jurídico Interamericano, El Salvador)

Ellen Monteiro (UFFRJ).

Fabiana Barletta (UFRJ)

Fabiana Ramos (UFF)

Fabricio Polido (UFMG)

Fernanda Barbosa (UERJ),

Fernando Amorim (Cesmac)

Gisela Dalfeor (UFRRJ)

Heloisa Carpena (PUC-Rio)

Inez Lopez (UnB)

João Bosco Lee (Univ. Positivo, Brasil)

José A. Moreno Rodriguez (Membro, Working Group Princípios da Haia; Presidente da ASADIP, CEDEP - Paraguai)

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Juan Jose Cerdeira (UBA, Argentina)

Leila Cavalieri (UFRJ, Estacio)

Lidia Spitz (Brasil)

Luciano Timm (Unisinos, Brasil)

Luis Fernando Rincón (Univ. Nacional de Colombia)

Marcelo De Nardi (JF-4ª. Região)

Marilda Rosado (UERJ, Brasil)

Mercedes Albornoz (Mexico, Argentina)

Nadia de Araujo (PUC-Rio)

Rosangela Cavalazzi (PUC-Rio)

Silvana Nunes da Silva (DRCI-MJ)

Theophilo Miguel (PUC-Rio)

Zhandra Marin (Venezuela, EUA)