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Quem salvará Eike Batista? Petroleira Lukoil nega intenção de comprar fatia da OGX e diz ter se re- cusado a participar de leilão da ANP P. 3 QUARTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2013 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais www.rbth.ru NOTAS Uma nova estação do sistema de localiza- ção russo Glonass, a Sajem-TM, será insta- lada no Brasil até o final deste ano. O Bra- sil já possui uma estação do sistema, concorrente do GPS, a primeira do hemis- fério Sul. “A nova estação fará ajustes na posição de satélites e no campo de navega- ção em tempo real”, disse o vice-presidente da agência Roscosmos, Serguêi Saveliev. RIA Nóvosti Mais Glonass no Brasil A modelo Inna Jirkova decidiu abandonar o título de “Missis Rússia” após grande re- percussão de uma entrevista divulgada no YouTube. Supostamente, o concurso “Mis- sis Russia” seleciona as mais bonitas, inte- ligentes e socialmente ativas jovens mães do país. Entre outras pérolas, na entrevista Inna relacionou sua premiação à erudição, por se esforçar todos os dias “em parecer bonita”, explicou. Ela também não soube responder se o Sol gira em torno da Terra ou o contrário. RBC Modelo abre mão do título de ‘Missis Russia’ Um dos principais críticos do governo de Vladímir Pútin, Aleksêi Naválni anunciou a intenção de concorrer à presidência. O opo- sitor se tornou conhecido por criar diversos projetos na internet de combate à corrup- ção, além de organizar protestos em Mos- cou desde as eleições para a Duma, no final de 2011. Recentemente, o Comitê de Inves- tigação da Rússia abriu novo processo con- tra Naválni por supostos desvio de recur- sos na cidade de Kirov. Aleksandra Gurianova Naválni quer presidência Homem na Lua, agora para ficar CONTINUA NA PÁGINA 4 A Rússia se lança novamente à conquista da Lua. A primei- ra missão espacial ao astro da época pós-soviética já tem da- ta marcada: 2015. O ambicioso projeto prevê o lançamento de três sondas não tripuladas que ficarão encarregadas de cole- tar amostras do solo, buscar água e conduzir estudos astro- físicos, por um orçamento total de 351 milhões de euros. Embora os cientistas russos garantam que é cedo para fa- lar na colonização da Lua, na prática já se trabalha em uma futura nave espacial tripulada que será capaz de realizar fu- turas missões ao satélite natu- ral da Terra. Mal planejada? Como Brasil, Rússia enfrenta o desafio de preparar a casa para receber o torneio em 2018 Autoridades já informaram que orçamento federal não poderá absorver o custo de melhorias locais. A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) calcula que serão ne- cessários US$ 41,5 bilhões para criar uma infraestru- tura adequada nas onze ci- dades russas que sediarão a Copa do Mundo de 2018. Ape- sar das previsões anteriores estimarem um gastos duas vezes inferior, o Ministério dos Esportes advertiu o go- verno que, para realizar o torneio de maneira apropria- da, será necessário investir quase a mesma quantia de- dicada às Olimpíadas de In- verno de 2014, em Sôtchi, cujos custos são estimados em US$ 50 bilhões. O órgão ainda deu a en- Copa sairá pelo dobro do previsto Estádio de futebol em Kazan terá capacidade para 45 mil pessoas OLGA KUVCHINOVA VEDOMOSTI tender que os gastos não se limitarão aos compromissos obrigatórios determinados pela Fifa – construção de es- tádios e de centros de trei- namento, reforma de aero- portos e vias de acesso –, custos que serão cobertos pelo orçamento federal. Modernização Entre as demandas das regi- ões administrativas, estão in- cluídos custos de moderni- zação da infraestrutura da cidade, transporte regional, estações ferroviárias e rede rodoviária. Cerca de 60% dos gastos estão relacionados a tais reestruturações das sedes. A cidade de Samara, no sul da Rússia, por exemplo, está planejando construir novas estações de metrô para a Copa do Mundo 2018. O custo estimado das obras é de US$ 11,17 bilhões – mais de um quarto do custo total do evento. A cidade de Kazan também solicitou US$ 10 bi- lhões para reformar suas estradas. De acordo com a S&P, ape- nas quatro localidades pode- rão cobrir os gastos com re- cursos próprios: Moscou, São Petersburgo, Tartarstão e Krasnodar. Para a maioria das outras sedes, os gastos necessários superam a CONTINUA NA PÁGINA 3 LEIA NO SITE GAZETARUSSA.COM.BR Ursos nas ruas russas: verdade ou mito? WWW.GAZETARUSSA.COM.BR/18773 ALAMY/LEGION MEDIA ITAR-TASS SHUTTERSTOCK/LEGION-MEDIA PHOTOXPRESS Latinos na mira P. 3 PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES Evento no Rio atraiu aten- ção para mercado de armas regional Leia as notícias mais fresquinhas no site Leia as notícias mais fresquinhas no site www.gazetarussa.com.br Leia as notícias mais fresquinhas no site

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Page 1: Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The ... · ou o contrário. RBC ... sos na cidade de Kirov. Aleksandra Gurianova Naválni quer presidência Homem na Lua, agora

Quem salvará Eike Batista?Petroleira Lukoil nega intenção de comprar fatia da OGX e diz ter se re-cusado a participar de leilão da ANP

P. 3

QUARTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2013

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

www.rbth.ru

NOTAS

Uma nova estação do sistema de localiza-ção russo Glonass, a Sajem-TM, será insta-lada no Brasil até o fi nal deste ano. O Bra-sil já possui uma estação do sistema, concorrente do GPS, a primeira do hemis-fério Sul. “A nova estação fará ajustes na posição de satélites e no campo de navega-ção em tempo real”, disse o vice-presidente da agência Roscosmos, Serguêi Saveliev.

RIA Nóvosti

Mais Glonass no Brasil

A modelo Inna Jirkova decidiu abandonar o título de “Missis Rússia” após grande re-percussão de uma entrevista divulgada no YouTube. Supostamente, o concurso “Mis-sis Russia” seleciona as mais bonitas, inte-ligentes e socialmente ativas jovens mães do país. Entre outras pérolas, na entrevista Inna relacionou sua premiação à erudição, por se esforçar todos os dias “em parecer bonita”, explicou. Ela também não soube responder se o Sol gira em torno da Terra ou o contrário.

RBC

Modelo abre mão do título de ‘Missis Russia’

Um dos principais críticos do governo de Vladímir Pútin, Aleksêi Naválni anunciou a intenção de concorrer à presidência. O opo-sitor se tornou conhecido por criar diversos projetos na internet de combate à corrup-ção, além de organizar protestos em Mos-cou desde as eleições para a Duma, no fi nal de 2011. Recentemente, o Comitê de Inves-tigação da Rússia abriu novo processo con-tra Naválni por supostos desvio de recur-sos na cidade de Kirov.

Aleksandra Gurianova

Naválni quer presidência

Homem na Lua, agorapara ficar

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A Rússia se lança novamente à conquista da Lua. A primei-ra missão espacial ao astro da época pós-soviética já tem da-ta marcada: 2015. O ambicioso projeto prevê o lançamento de três sondas não tripuladas que ficarão encarregadas de cole-tar amostras do solo, buscar água e conduzir estudos astro-físicos, por um orçamento total

de 351 milhões de euros. Embora os cientistas russos garantam que é cedo para fa-lar na colonização da Lua, na prática já se trabalha em uma futura nave espacial tripulada que será capaz de realizar fu-turas missões ao satélite natu-ral da Terra.

Mal planejada? Como Brasil, Rússia enfrenta o desafio de preparar a casa para receber o torneio em 2018

Autoridades já informaram que orçamento federal não poderá absorver o custo de melhorias locais.

A agência de classifi cação de risco Standard & Poor’s (S&P) calcula que serão ne-cessários US$ 41,5 bilhões para criar uma infraestru-tura adequada nas onze ci-dades russas que sediarão a

Copa do Mundo de 2018. Ape-sar das previsões anteriores estimarem um gastos duas vezes inferior, o Ministério dos Esportes advertiu o go-verno que, para realizar o torneio de maneira apropria-

da, será necessário investir quase a mesma quantia de-dicada às Olimpíadas de In-verno de 2014, em Sôtchi, cujos custos são estimados em US$ 50 bilhões.

O órgão ainda deu a en-

Copa sairá pelo dobro do previsto

Estádio de futebol em Kazan terá capacidade para 45 mil pessoasOLGA KUVCHINOVA

VEDOMOSTI

tender que os gastos não se limitarão aos compromissos obrigatórios determinados pela Fifa – construção de es-tádios e de centros de trei-namento, reforma de aero-portos e vias de acesso –, custos que serão cobertos pelo orçamento federal.

ModernizaçãoEntre as demandas das regi-ões administrativas, estão in-cluídos custos de moderni-zação da infraestrutura da cidade, transporte regional, estações ferroviárias e rede rodoviária. Cerca de 60% dos gastos estão relacionados a tais reestruturações das sedes.

A cidade de Samara, no sul da Rússia, por exemplo, está planejando construir novas estações de metrô para a Copa do Mundo 2018. O custo estimado das obras é de US$ 11,17 bilhões – mais de um quarto do custo total do evento. A cidade de Kazan também solicitou US$ 10 bi-lhões para reformar suas estradas.

De acordo com a S&P, ape-nas quatro localidades pode-rão cobrir os gastos com re-cursos próprios: Moscou, São Petersburgo, Tartarstão e Krasnodar. Para a maioria das outras sedes, os gastos necessários superam a

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A EUROPA À BEIRA DO ABISMOVÍTIMA DE CONTÁGIO, CHIPRE VAI CONTAMINAR

UMA FORMA DE CASTIGAR OS PAÍSES DO SUL

ALEKSÊI KÚDRINEX-MINISTRO

DAS FINANÇAS

SERGUÊIKARAGANOV

ANALISTA POLÍTICO

Ainda nos idos de 1998, o governo russo declarou ser necessário acabar com o paraíso fi scal do

Chipre. A afi rmação surpreen-deu os líderes cipriotas, já que signifi cava a perda de metade do seu volume de negócios. Mas o presidente do Chipre convenceu Boris Iéltsin a não proibir seus cidadãos de enviar divisas ao país.

Então, o Chipre era considera-do um aliado geopolítico da Rús-sia e os países mantinham for-tes relações bilaterais. Em 2004, no entanto, a ilha entrou para a União Europeia e, quatro anos depois, para a zona do euro. Mesmo assim, o Chipre ainda não conseguiu decidir seu destino.

Mais recentemente, a chance-ler alemã Angela Merkel vem afi rmando que o modelo fi nan-ceiro cipriota é inviável, e que a credibilidade de seu sistema fi -nanceiro está decaindo. Mas o modelo cipriota se tornou inviá-vel apenas quando os bancos lo-cais foram obrigados a amorti-zar a dívida grega. Talvez o setor bancário não fosse muito exigen-te ao comprar obrigações gregas, mas a política europeia era res-gatar a Grécia. E os investidores estavam certos de que a zona do euro resgataria o país.

Uma das principais controvér-sias da crise atual é que, por mo-tivos políticos, os investidores su-perestimaram os “eurobonds” (títulos da dívida europeia) dos países periféricos da UE. Na ver-dade, o Chipre foi contagiado pela crise grega.

A situação europeia no momen-to é muito delicada. O Chipre pode infectar outros países. Não só porque suas empresas perde-rão dinheiro na ilha, mas a ame-aça de um imposto sobre os de-pósitos já assustou os investidores de governos problemáticos.

Sem dúvida, a UE poderia for-necer a quantia necessária de 17 bilhões de euros para o resgate do Chipre, mas há duas nuances aí. Em primeiro lugar, o Chipre deve demonstrar esforços para cumprir seus compromissos, o que é absolutamente lógico. O se-gundo fator, muito menos evi-

Não tenho nenhuma in-formação secreta sobre o que realmente se es-conde por trás do ulti-

mato do Eurogrupo exigindo a expropriação parcial de depósi-tos para salvar o sistema bancá-rio do Chipre.

Mas tenho uma hipótese. A im-prensa russa e a estrangeira afi r-mam que o novo imposto é des-tinado a combater o paraíso fi scal da Rússia. É possível, mas acre-dito que a maior parte do dinhei-ro depositado por russos foi re-tirado antes da crise. Quem sofre com o problema são os deposi-tantes com contas congeladas e que poderão perder todo seu capital.

dente, é a falta de vontade de aju-dar os russos, cujas divisas, de acordo com deputados europeus, foram parar no Chipre como re-sultado de operações escusas.

É óbvio que para os governos europeus se torna cada vez mais

difícil convencer os eleitores sobre a necessidade de apoiar os países periféricos. E o Chipre agora é um exemplo que pode de-monstrar força.

As consequências da crise no

Chipre não estão muito claras. Os detalhes da bancarrota do banco Laiki e o resgate do Banco do Chipre ainda não foram divulgados.

Após as declarações de Ange-la Merkel, a conservação do mo-delo econômico cipriota atual já não é mais possível. De qualquer maneira, a qualidade de vida na ilha cairá e a taxa de desempre-go aumentará. A falta de apoio da União Europeia e do Banco Central Europeu pode levar à saída do Chipre da zona do euro. Nesse caso, a conversão dos ati-vos bancários em moeda local e o pagamento de salários nesta moeda afetariam signifi cativa-mente os negócios.

Os riscos para países europeus periféricos aumentarão. A crise irá se intensifi car, e o apareci-mento de um novo elo mais fraco é só questão de tempo. A respon-sabilidade por um fi m na crise fi nanceira é toda da União Eu-ropeia. Por isso, ela deve tomar todas as medidas necessárias para salvar o Chipre. Superar as consequências da propagação da crise sairá ainda mais caro.

Aleksêi Kúdrin foi ministro das Finanças da Rússia e hoje é presi-dente do Comitê de Iniciativas Civis.

Aleksêi Kúdrin, o especialista em fi nanças mais importante da Rússia, afirma que a culpa da crise é da União Europeia e dos reguladores europeus, que se re-cusaram a resolver os problemas da dívida da ilha antes que a crise estourasse.

As exigências para impor um imposto sobre os depósitos são totalmente absurdas e pouco efi -cientes. Quando os parlamenta-res do Chipre aprovaram essas medidas, cometendo um suicídio político, todo o sistema bancário do país foi condenado à morte.

Os negócios bancários são ba-seados na confi ança. Quando os parlamentares cipriotas aprova-ram o imposto, abriram mão da confi ança de que gozava o siste-ma bancário e que não poderá ser restaurada em um futuro próximo.

É simplesmente impossível que os economistas do Eurogrupo não soubessem disso. Eles desman-telaram o sistema financeiro conscientemente, sabendo que a crise prejudicará todo o sistema bancário da União Europeia.

Jogar fora a estabilidade e a reputação de todo o sistema fi -nanceiro europeu, destruir a eco-nomia de um país da União Eu-ropeia e da zona do euro só para prejudicar alguns milhares de russos e ingleses é realmente absurdo.

Assim, parece que a crise no Chipre não tem nada a ver com a Rússia. Acredito que essa crise tenha o objetivo de mostrar o que aconteceria com outros países no sul da Europa caso eles proíbam a gestão fi nanceira externa e can-c e l e m a s m e d i d a s d e austeridade.

O Chipre é uma ilha com ape-nas 800 mil de habitantes. Não é a Grécia, cuja bancarrota ame-aça a estabilidade política de toda a região dos Bálcãs. Se os ciprio-tas não aceitarem o ultimato e não implementarem o controle estrangeiro sobre seu sistema fi -nanceiro, o país terá que deixar a zona do euro.

Assim, o objetivo da crise ci-priota pode ser a expulsão de al-guns países da zona do euro. Não quero acusar a Alemanha, mas isso pode ser o início de uma ba-talha cruel para salvar toda a Eu-ropa. E, sem dúvida, é preciso sal-var o euro. Eu próprio teria feito o mesmo se estivesse no lugar dos alemães.

A Rússia não conseguirá nada incomodando os alemães, e até colocará mais a perder. A con-cessão unilateral de créditos e a compra dos bancos cipriotas será uma perda de dinheiro que não ajudará o Chipre.

Serguêi Karaganov é o presidente do Presidium do Conselho de Po-lítica Externa e Defesa da Rússia.

União Europeia poderia conceder 17 bilhões de euros necessários para salvar o Chipre, mas não quer ajudar os russos

Mas os depositantes não são apenas russos. Há muitos ale-mães, ingleses e israelenses, entre outras nacionalidades.

Na opinião de muitos especia-listas e líderes russos, o esquema proposto pelo Eurogrupo para

resolver o problema dos bancos cipriotas por meio de uma expro-priação parcial de ativos não é apenas absurdo, mas também in-ju s t o, n ão pr of i s s ion a l e perigoso.

A crise no Chipre não tem nada a ver com a Rússia e parece ser mais voltada à expulsão de países da zona do euro

UM EXERCÍCIO DE AUSTERIDADEVladímir

MauECONOMISTA

O Banco Central da Rússia tem seguido uma política mone-tária bastante res-

tritiva nos últimos três anos, mantendo a taxa básica de juros na máxima de 8,25%, em um esforço para conter a infl ação. Esse era o objetivo vital. Ao contrário da maio-ria das economias ocidentais, a Rússia enfrentou um sério risco de “estagfl ação”, situ-ação típica de recessão, de-pois do início da crise eco-nômica global.

Mas a política apresenta alguns limites e o nível atual da infl ação é sacrifi cado por fatores institucionais e mo-netários. Em outras palavras,

a infl ação está sendo atual-mente impulsionada não só pelas taxas de juros ou polí-ticas monetárias, mas tam-bém pelos preços praticados por monopólios naturais, bem como pela fraqueza dos negócios.

Os preços implementados por monopólios de infraes-trutura estão aumentando de 10% a 15% ao ano, alimen-tando, assim, o crescimento das tarifas de serviços pú-blicos e os preços relaciona-dos. Enquanto isso, a econo-mia está desacelerando para reagir a esses valores. Em meados de 2012, o rendimen-to retornou ao nível pré-cri-se, mas os custos de produ-ção haviam subido até 32% em 2008. A economia preci-sa agora de uma coordena-ção mais efi caz entre as po-

Não há razão para se es-perar qualquer medida sur-preendente ou mudanças drásticas na política quando Serguêi Ignatiev for substi-tuído por Elvira Nabiúllina

na presidência do banco. O objetivo principal de Nabi-úllina é o de traçar um ca-minho que mantenha a es-tabilidade macroeconômica e, paralelamente, promova o crescimento econômico. É um grande desafi o, mas os ban-

cos centrais do mundo desen-volvido estão cada vez mais começando a mirar os em-pregos e o crescimento. O Banco Central russo não pode ignorar esses proble-mas, seja por motivos econô-micos ou políticos.

A instituição também vai enfrentar uma enorme pres-são de todos os lados ao sa-crifi car a estabilidade ma-croeconômica em prol do crescimento econômico. Pode ser difícil convencer seus ad-versários de que o crescimen-to desencadeado por essa troca não deve durar, e que, em um prazo mais longo, pro-vavelmente levaria a um novo surto de crise.

No atual ambiente institu-cional, uma política de estí-mulo econômico que inclui aumento das despesas, taxas

mais baixas e uma maior li-quidez no sistema bancário irá produzir a aceleração de-sejada em termos de cresci-mento. Porém, os eventuais ganhos na produção acaba-riam perdendo para uma pos-sível futura turbulência fi -nanceira em meio aos crescentes riscos sistêmicos e desequilíbrios estruturais da economia.

Vários outros problemas sociais e econômicos deverão ser abordados antes que a Rússia possa entrar em um período de crescimento sus-tentável. A estabilidade ma-croeconômica é prioridade máxima. O “histórico de cré-dito” do país ao longo das úl-timas duas décadas mostra que o governo não pode cor-rer o risco da desestabiliza-ção fi nanceira e monetária.

Uma nova política econô-mica pode ser baseada na transição da “economia do lado da demanda” para uma “economia do lado da ofer-ta”. Estimular a demanda, especialmente do setor pú-blico, diante das atuais cir-cunstâncias, estimularia so-bretudo as importações e a infl ação em vez da produção no mercado interno.

É por isso que a economia russa não precisa de uma po-lítica monetária ou de crédi-to que seja frouxa, mas de um desenvolvimento equili-brado do setor fi nanceiro que atue mais como facilitador do que como o principal motor do crescimento da eco-nomia. O crescimento susten-tável deve gerar uma melho-ra radical do clima de negócios, em seu mais amplo sentido.

Vladímir Mau é economista e reitor da Academia de Eco-nomia Nacional e Adminis-tração Pública.

Banco Central da Rússia terá que se responsabilizar pelo crescimento econômico

líticas monetária, estrutural e institucional.

O Banco Central da Rús-sia terá que ajustar sua es-tratégia e tentar encontrar um equilíbrio entre estabi-

lidade financeira e cresci-mento econômico, apesar de, segundo a Constituição do país, essa instituição ser res-ponsável apenas pela políti-ca monetária e pela estabi-lidade dos preços (e não pelo crescimento econômico).

Economia do país não precisa de política monetária ou de crédito frouxa, mas de equilíbrio

NATA

LIA M

IKH

AYLENKO

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GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Economia e NegóciosPERGUNTAS E RESPOSTAS

“Queremos aumentar exportação de armas para latino-americanos”

RIA Nóvosti

Chefe do departamento regio-nal da Rosoboronexport, a única exportadora autoriza-da de armas e equipamentos militares do país, Serguêi La-díguin falou durante a LAAD sobre os objetivos e problemas de especialistas russos que trabalham com os países da América Latina:

Como o senhor avalia a coo-peração militar entre a Rússia e os países da América Latina?É uma região especialmente promissora, mas o atual nível de cooperação militar não corresponde ao enorme po-tencial que poderíamos desenvolver.

Atualmente, cooperamos com quase todos os países da região. Nos últimos anos, in-

negociações preliminares, e no início deste ano especia-listas brasileiros visitaram a Rússia para estudar os siste-mas. Estamos desenvolvendo o projeto de contrato, mas ainda não podemos falar sobre prazos concretos.

Em que países da América La-tina poderão ser fabricados armamentos e equipamentos militares russos?Estamos negociando a pos-sibilidade de construir heli-cópteros, sistemas de defesa antiaéreos, armamentos, mu-nições e sistemas de artilha-ria com vários países da Amé-rica Latina, inclusive Brasil e Argentina. Essas propostas são muito importantes, por-que ajudam a aumentar as cotas de exportação de armas pa r a o s pa í s e s de s s e continente.

A feira LAAD ajuda a inten-sificar a cooperação entre a Rússia e os países da Améri-ca Latina?A seção russa na feira de 2013 foi maior do que em anos an-teriores. As pessoas que vi-sitaram a feira no ano pas-sado puderam observar a diferença. A Rosoboronex-port apresentou mais de 200 modelos de armamentos.

Que armamento causou maior interesse entre os clientes la-tino-americanos? Evidentemente são os siste-mas de defesa antiaérea. Apresentamos todos os mo-delos para exportação, in-cluindo os sistemas moder-nizados Petchora-M, cujas caraterísticas técnicas foram melhoradas consideravelmen-te, e os sistemas de localiza-ção de navios Palma.

Além disso, os brasileiros querem receber helicópteros militares de transporte Mi-17, helicópteros de combate Mi--35M e helicópteros de trans-porte pesados Mi-26T2, que podem transportar volumes extraordinários de carga.

Veículos blindados Tigr, sistemas de artilharia Kor-net e submarinos diesel-elé-tricos também interessaram os latino-americanos.

Entre os sucessos russos na LAAD deste ano estiveram os sistemas de defesa antiárea, helicópteros e blindados

No fi nal de fevereiro, o presi-dente da Lukoil, Vaguit Alekperov, visitou o Brasil para discutir a possibilidade de implementar projetos con-juntos no país. Mas, apesar de a petroleira russa ter decla-rado repetidas vezes seu in-teresse pelo mercado brasilei-ro, nenhum acordo concreto foi assinado até o momento.

O próprio Alekperov des-mentiu rumores de que a Lukoil estaria em negociação com a OGX durante uma reu-nião do conselho administra-tiva da companhia na Sicília, onde a Lukoil possui uma fá-brica. Na Itália, Alekperov disse que sua companhia não tem interesse em comprar ne-nhuma empresa brasileira e optou por não participar do leilão da ANP, previsto para acontecer neste mês de maio.

“No início deste ano, a Lukoil disse ter interesse em participar de projetos na pla-taforma continental brasilei-ra. O Brasil é uma região pro-missora em termos de aumento da produção de petróleo. O pe-tróleo brasileiro tem boa qua-lidade e apresenta baixo teor de enxofre em comparação com o petróleo venezuelano”, diz o analista da Investkafe, Grigóri Birg.

Para o especialista, a par-ticipação da empresa russa em projetos de exploração no Brasil poderia ajudá-la a oti-mizar seus custos no Ociden-te. Paralelamente, fontes pró-ximas à Lukoil dizem que, embora a transação corpora-tiva não seja realizada, é pos-sível que a Lukoil venha a

Petróleo Eike não terá socorro russo

Lukoil não tem interesse em ativos da OGX

Alekperov: Lukoil não quer fatia da OGX ou da ANP

Presidente da petrolífera privada russa refuta informação sobre interesse em adquirir fatia de 40% da companhia de Eike Batista.

VÍKTOR KUZMINESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

RAIO-X

Serguêi Ladíguin

Serguêi Ladíguin começou sua carreira em 1998 no Serviço Federal de Cooperação Téc-nico-militar da Rússia e hoje

chefia o departamento regio-nal da Rosoboronexport, única exportadora autorizada de ar-mas e equipamentos militares do país. Ladíguin chefiou a delegação russa na LAAD (da sigla em in-glês, Feira Internacional de De-fesa e Segurança), realizada neste ano no Rio de Janeiro.

IDADE: 56

CARGO: CHEFE DE DEPTO.

FORMAÇÃO: MILITAR

tensificamos a cooperação com Venezuela, Cuba, Colôm-bia, México, Peru, Equador e Uruguai. Assinamos con-tratos muito importantes com o Brasil e com a Argentina

para o fornecimento de helicópteros.

O Chile também está mos-trando interesse.

O interesse do Brasil em com-

prar sistemas de defesa an-tiaéreo russos tomou os no-ticiários. Para quando será o contrato de fornecimento de sistemas Pantsir-S1 e Igla-S?Já foram realizadas várias

aderir a um dos projetos da OGX.

Na Rússia, a empresa tem difi culdades em obter acesso a novas jazidas na platafor-ma continental do país, onde só são admitidas empresas com uma grande participação do Estado, como Gazprom e Rosneft.

Foco no exterior Nos últimos três anos, a Lukoil tem registrado queda na produção. De acordo com o portal de internet Gazeta.ru, porém, em 2012 essa queda diminuiu de 5% para 1%. Em 2013, a empresa espera au-mentar sua produção em 2%.

A Lukoil está investindo em iniciativas no exterior e tem como meta aumentar a pro-dução de hidrocarbonetos fora da Rússia em 20%.

Responsável por 2,2% da produção mundial de petró-leo, a empresa russa já está familiarizada com o mercado latino-americano. Em dezem-bro de 2012, a petrolífera dei-xou o projeto de exploração do bloco Condor, na Colôm-bia e, atualmente, a Lukoil Overseas opera na Venezuela como integrante do Consór-cio Nacional de Petróleo para a exploração do bloco Junin-6.

receita do orçamento anual da região. Para a maioria das outras sedes, os gastos neces-sários superam a receita de seus orçamentos anuais. Sa-mara, por exemplo, quer quase o dobro do orçamento, enquanto Kaliningrado, mais que o triplo.

Se os recursos federais co-brirem 70% dos custos, essas duas regiões não poderão pagar nem mesmo os 30% restantes. Mas se o governo federal assumir apenas 50% dos gastos, somente oito das onze sedes conseguirão ab-s o r v e r o s c u s t o s remanescentes.

Cabe lembrar, contudo, que durante os preparativos para a cúpula APEC, a Uni-versíade e as Olimpíadas de Inverno, os recursos federais disponibilizados direta ou indiretamente, por meio de empresas estatais ou emprés-timos, superaram a propor-ção de 90% do orçamento.

“É claro que o apetite das

sedes terá que ser reduzido, mas sua infraestrutura re-almente encontra-se em es-tado precário”, observa a vi-ce-diretora da S & P, Karen Vartapetov.

O governo irá enfrentar uma escolha difícil, conclui a S &P: aumentar os inves-

timentos em infraestrutura regional ou reduzir a quali-dade do torneio.

O orçamento federal foi encolhido em consequência da crise econômica mundial. “O orçamento é bastante rí-gido e praticamente não há como redistribuir os recur-sos”, declarou recentemente o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov.

Segundo as autoridades, já se determinou que os gas-

Copa-2018 pode custar US$ 41,5 biPor onde passará a Copa de 2018

Algumas sedes querem receber, sozinhas, 25% do orçamento definido para a Copa

tos federais com a Copa do Mundo não ultrapassarão os US$ 10 bilhões até 2018.

‘Segunda Sôtchi’O valor citado inclui os com-promissos com a Fifa, segun-do um funcionário federal que preferiu se manter anônimo. “Ainda existem as obrigações para com os hotéis, mas disso irão se ocupar os investidores privados. É simplesmente ina-ceitável que a Copa do Mundo se transforme, em termos de custo, numa ‘segunda Sôtchi’”, diz ele. “Todas as outras re-giões, se quiserem, podem fazer os melhoramentos por conta própria, mas elas não receberão dinheiro para isso.”

No valor proposto também não estão incluídos os planos de construção de linhas fer-roviárias de alta velocidade para trajetos Moscou-São Pe-tersburgo e Moscou-Níjni No-vgorod-Kazan. Pela avaliação da companhia ferroviária RZhD, esses projetos custa-rão, sozinhos, aproximada-mente US$ 50 bilhões.

bilhões de dólares é o valor aproximado requerido pela ci-dade de Samara para construir novas estações de metrô.

por cento dos gastos com a cú-pula da APEC e das Olimpíadas de Inverno de Sôtchi vieram de recursos federais.

bilhões de dólares será o va-lor máximo de recursos fede-rais disponibilizado para a Co-pa até 2018.

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Desde sempre, a Lua exerce atração especial sobre a hu-manidade. E, apesar de o sé-culo 20 ser marcado pela pre-sença do homem no satélite natural, a ambição hoje é muito maior: cientistas rus-sos planejam habitar o astro.

O sonho dos pesquisado-res inclui a utilização de água e materiais de construção na Lua. Iúri Makarov, chefe de planejamento estratégico e de programas especiais da Roscosmos (agência espacial russa), considera a ideia bas-tante viável devido à ausên-cia de ondas sísmicas na Lua. “Lá é possível erguer qual-quer estrutura para fi ns cien-tífi cos”, garante.

Mas ainda falta muito para

LUA, UM LUGAR PARA SE VIVER EM PAZ

Programada para 2015, primeira missão russa à Lua vai colher amostras do solo, procurar água e conduzir estudos astrofísicos.

ANDRÊI LVOVESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

LINHA DO TEMPO

Marcos da corrida lunar

1959 • Começam as pesquisas soviéticas sobre a Lua com sondas espaciais. A estação Luna-1 passa a funcionar.

1966 • A estação Luna-9 es-tuda o satélite e envia à Terra imagens panorâmicas da su-perfície lunar.

1970 • Os soviéticos lançam o rover Lunojod-1, que trans-mite fotos panorâmicas da su-perfície lunar por 11 dias.

2003 • Agência Espacial Eu-ropeia faz sua primeira missão lunar com o Smart-1. A sonda cartografa a Lua com imagens de qualidade durante 3 anos.

1969 • O homem pisa na Lua pela primeira vez com a Apo-lo 11 e os EUA ultrapassam a URSS na corrida espacial.

1972 • A sonda soviética Lu-na-20 traz à Terra amostras de solo coletadas em uma região remota da Lua. A Apolo 11 faz a última viagem à Lua.

1990 • O Japão se torna a ter-ceira “potência lunar” ao en-viar ao espaço o satélite arti-ficial Hiten. As missões à Lua são suspensas nessa década.

Ano em que será enviada ao espaço a sonda não tripulada Luna-Glob-1 com o objetivo de estudar sua exosfera.

É quando será lançado o mó-dulo orbital Luna-Glob-2, que deverá pousar no polo sul da Lua, examinar a cratera e ope-rar por cerca de um ano.

O módulo de aterrissagem pe-sado Luna-Resource, desen-volvido pela Rússia em par-ceria com a Agência Espacial Indiana, entrará em ação.

2015

2016

2017

NÚMEROS

" Temos que combater o estereótipo de que o projeto é caro. É im-

portante entender que esse dinheiro não voará até a Lua. Será investido aqui, em infra-estrutura e tecnologia. Serão criados novos empregos.”

" Se o projeto for bem--sucedido, em seguida daremos preferência à

pesquisa do planeta vermelho. O estudo de Marte proporcio-nará informações essenciais para a compreensão da biosfe-ra e dos processos climáticos na Terra.”

FRASES

Ígor Mitrofanov

Lev Zelióni

CHEFE DO LABORATÓRIO DE ESPECTROS-

COPIA DO IPE (INSTITUTO DE PESQUISAS

ESPACIAIS)

DIRETOR DO IPE

ENTREVISTAGUEÓRGUI GRETCHKO

IDADE: 81

LOCAL DE NASCIMENTO: LENINGRADO

FORMAÇÃO: Instituto de Mecâ-nica de Leningrado, em 1955.

REALIZAÇÕES: Diversos voos para o espaço a bordo das na-ves Soiuz 17, Soiuz 26 e Soiuz T-14.

PRÊMIO: ‘Herói da União Sovié-tica’, a mais alta condecoração durante o regime soviético.

RAIO-X

“Americanos não eram vistos como inimigos”Condecorado duas vezes com o título de “Herói da União Soviética”, o cosmonauta Gue-órgui Gretchko falou à Ga-zeta Russa sobre a concorrên-cia com os norte-americanos e os problemas enfrentados atualmente no setor espacial russo.

A corrida espacial entre a URSS e os EUA foi uma espécie de Guerra Fria no espaço?Não sei como os políticos en-tendiam a competição espa-cial entre as potências. Nós, cosmonautas e técnicos, não encarávamos os americanos como inimigos. Para nós, eles eram colegas. Tínhamos uma causa comum e enfrentáva-mos perigos comuns, além dos projetos conjuntos como a missão Soiuz-Apollo. Contá-vamos com o profi ssionalis-mo uns dos outros, e não com os políticos. Para nós, a polí-tica estava em último lugar.

A União Soviética foi o primei-ro país a lançar um satélite ar-tificial e a realizar um voo es-pacial tripulado, mas os EUA foram os primeiros a pisar no solo lunar. Por que isso aconteceu? Naquela época, a cibernética era vista na União Soviética como pseudociência, estranha à ideologia ofi cial. Por isso, os cientistas da computação eram perseguidos no país por motivos ideológicos, embora projetos cibernéticos fossem muito importantes para oti-m i z a r a d i r e ç ão d a s espaçonaves.

Em uma mostra, tive a oportunidade de comparar equipamentos soviéticos e norte-americanos. Os equipa-mentos fabricados pelos EUA tinham um tamanho muito menor, enquanto nosso equi-pamento era tão grande que simplesmente não cabia na es-paçonave. Estávamos atrasa-dos em relação aos EUA nessa corrida. Enquanto eles esta-vam prestes a desembarcar na Lua, nós só podíamos nos satisfazer em dar uma volta em torno dela e retornar à Terra.

que aventureiros possam ex-pandir seus domínios e cul-tivar seus próprios jardins na Lua.

Um longo caminhoEm primeiro lugar, será ne-cessário fazer uma análise completa do terreno. Para isso, os técnicos russos do IPE (Instituto de Pesquisas Es-paciais) estão desenvolvendo três sondas não tripuladas, destinadas a investigar a su-perfície lunar. Em 2015, está previsto o lançamento da pri-meira delas, a Luna-Glob-1, que terá como missão o de-senvolvimento da platafor-ma de aterrissagem.

Segundo os planos do ins-tituto, no ano seguinte a sonda Luna-Glob-2 irá refa-zer esse caminho e, em 2017, será colocado em ação um módulo de aterrissagem pe-sado, o Luna-Resource, com-posto por um amplo aparato de instrumentos científi cos. A ele será acoplado um mi-

nimódulo lunar de fabrica-ção indiana.

Os trabalhos de constru-ção da sonda Luna-Glob-1 já estão em andamento. O primeiro desafi o será conse-guir simplifi car e desenvol-ver a nave espacial. “O custo do projeto é de aproximada-mente 351 milhões de euros, uma quantia mais do que ra-zoável para uma estação in-terplanetária automática”, afi rma o chefe do laborató-rio de Espectroscopia Cós-mica de Raios Gama do IPE, Ígor Mitrofanov.

Nova corrida espacialUm orçamento de 52 milhões de euros foi aprovado recen-temente pelo governo russo para o desenvolvimento da indústria espacial russa até 2020.

“Assistimos atualmente a algo parecido com aquela corrida espacial que existiu nos anos 1960 e 1970. O foco hoje, assim como naquela época, é a Lua”, afirmou o diretor do IPE, Lev Zelióni, à Gazeta Russa.

A China também anunciou sua intenção de enviar um grupo de astronautas ao sa-télite. O renovado interesse é explicado, até certo ponto, pelos resultados das últimas pesquisas. Em particular, pelas contribuições norte--americanas (com a partici-pação de cientistas russos) e sua sonda Lunar Reconnais-sance Orbiter (LRO).

Lançada no segundo se-mestre de 2009, a missão con-fi rmou a existência de água, em forma de gelo, nos polos lunares. A descoberta foi pos-sível com o auxílio de um dis-positivo russo, o Lunar Ex-

ploration Neutron Detector (LEND). “Isso acende as ex-pectativas de criar algum tipo de instalação habitada”, afi rma Zelióni.

O Luna-Glob investirá no estudo da topografi a e da es-trutura química e mineral das rochas lunares. A ideia é transportar sondas de per-furação até a superfície do satélite a fi m de estudar sua estrutura interna.

Nos planos russos também está a sonda Luna-Resource, desenvolvida com a ajuda de cientistas indianos. Seu ob-jetivo será coletar poeira lunar e preparar o terreno para o regresso dos seres hu-manos à Lua, um evento que a agência espacial russa cal-cula que poderá ocorrer em 2020.

Estação de pesquisaSe o programa atual tiver continuidade, a Lua poderia ser utilizada no futuro como uma estação de pesquisa. Nesse caso, seria construído um radiotelescópio automá-tico, com receptores de rádio individuais e distribuídos de maneira uniforme sobre a su-perfície. Sua grande vanta-gem em relação à Terra seria a ausência de atmosfera, que proporciona maior sensibili-dade ao instrumento, e a pos-sibilidade de realizar obser-vações angulares.

Além disso, abriria o cami-nho rumo a outros planetas. “Se o projeto for bem-suce-dido, deve ser dada preferên-cia ao planeta vermelho. O es-tudo de Marte proporcionará informações essenciais para a compreensão da biosfera e dos processos climáticos na Terra”, afi rma Zelióni.

Nosso programa lunar foi encerrado por não ter mais sentido depois que eles desem-barcaram na Lua, embora todo o pessoal envolvido em nosso projeto pensasse que de-veríamos ir à Lua para adqui-rir uma experiência valiosa e testar novas tecnologias.

Quando o presidente norte--americano John Kennedy tomou posse, ele sugeriu que os dois países colaborassem na exploração do espaço. Você acha que a URSS estava certa em rejeitar essa proposta?Como estávamos muito à fren-te dos EUA, o então líder so-viético Nikita Khruschov não quis dividir nossas conquistas com eles. Com o tempo, os EUA tomaram a dianteira e também não quiseram divi-dir suas conquistas conosco. Acredito que os projetos es-paciais precisam ser concre-tizados em conjunto agora.

Entrevista realizada por Vladímir Ierkovitch

PAÍS TEM PROGRAMA AMBICIOSO PARA ATERRISSAR NA LUA ATÉ 2020,

INCLUINDO COLETA E ESTUDO DE POEIRA E ROCHAS LUNARES PARA

PREPARAR TERRENO E TORNAR ASTRO HABITÁVEL

NOVA CORRIDA OS RUSSOS NO ESPAÇO

AFP/EASTNEWS

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