publicada portaria que recria a “lista suja” do trabalho ... · não será incluído na lista...

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INFORMA TRABALHISTA Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 13 de maio de 2016, a Portaria Interministerial nº 4 dos extintos Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, que cria novas regras sobre o Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo (Lista Suja) e revoga a Portaria Interministerial nº 2, de 31 de março de 2011. A inclusão do empregador na Lista Suja ocorrerá após decisão definitiva irrecorrível relativa ao auto de infração lavrado em ação de fiscalização, assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa em todas as fases do procedimento administrativo. O nome do empregador permanecerá na Lista Suja por um período de 2 anos. Se durante este período for constatada a reincidência na identificação de trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo, com prolação de nova decisão administrativa irrecorrível, o empregador permanecerá na Lista Suja por mais 2 anos a partir de sua reinclusão. A Lista Suja poderá ser atualizada a qualquer tempo, em periodicidade não superior a 6 meses. Publicada Portaria que recria a “Lista Suja” do trabalho escravo junho de 2016 Para informações, entrar em contato com: Aldo Martinez Neto D +55 11 3089 6717 [email protected] www.souzacescon.com.br

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Page 1: Publicada Portaria que recria a “Lista Suja” do trabalho ... · não será incluído na Lista Suja, mas em uma relação apartada, que será divulgada, no entanto, topicamente

INFORMATRABALHISTA

Foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 13 de maio de 2016, a Portaria Interministerial nº 4 dos extintos Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, que cria novas regras sobre o Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo (Lista Suja) e revoga a Portaria Interministerial nº 2, de 31 de março de 2011.

A inclusão do empregador na Lista Suja ocorrerá após decisão definitiva irrecorrível relativa ao auto de infração lavrado em ação de fiscalização, assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa em todas as fases do procedimento administrativo.

O nome do empregador permanecerá na Lista Suja por um período de 2 anos. Se durante este período for constatada a reincidência na identificação de trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo, com prolação de nova decisão administrativa irrecorrível, o empregador permanecerá na Lista Suja por mais 2 anos a partir de sua reinclusão. A Lista Suja poderá ser atualizada a qualquer tempo, em periodicidade não superior a 6 meses.

Publicada Portaria que recria a “Lista Suja” do trabalho escravo

junho de 2016

Para informações, entrar em contato com:

Aldo Martinez NetoD +55 11 3089 [email protected]

www.souzacescon.com.br

Page 2: Publicada Portaria que recria a “Lista Suja” do trabalho ... · não será incluído na Lista Suja, mas em uma relação apartada, que será divulgada, no entanto, topicamente

2 SOUZA, CESCON, BARRIEU & FLESCH ADVOGADOSSÃO PAULO | RIO DE JANEIRO | BELO HORIZONTE | BRASÍLIA | SALVADOR

Dentre as inovações trazidas pela nova Portaria, está a possibilidade de o empregador realizar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou acordo judicial com a União, com o objetivo de reparar os danos causados, sanar irregularidades e adotar medidas preventivas e promocionais para evitar a futura ocorrência de novos casos de trabalho em condições análogas à de escravo.

O empregador que celebrar o TAC ou o acordo judicial não será incluído na Lista Suja, mas em uma relação apartada, que será divulgada, no entanto, topicamente logo abaixo da Lista Suja, no mesmo documento. O empregador permanecerá nesta relação pelo prazo máximo de 2 anos, podendo, no entanto, requerer sua exclusão após 1 ano.

O TAC ou o acordo judicial somente poderá ser celebrado antes da prolação da decisão administrativa irrecorrível de procedência de auto de infração lavrado e deverá conter, como conteúdo mínimo, os compromissos listados na nova Portaria, dentre os quais destacam-se:

• renúncia a qualquer defesa ou recurso na esfera judicial ou administrativa;• pagamento de indenização por dano moral individual, em valor não inferior a 2 vezes o salário do empregado encontrado em condição análoga à de escravo;• ressarcimento ao Estado de todos os custos envolvidos no resgate dos trabalhadores, inclusive o seguro-desemprego devido a cada um deles;• custeio de programa multidisciplinar que seja destinado a assistência e acompanhamento psicossocial, progresso educacional e qualificação profissional de trabalhadores resgatados de trabalho em condições análogas às de escravo;• contratação de trabalhadores oriundos de pro-grama de qualificação mencionado acima, em quantidade equivalente a, no mínimo, 3 vezes o número de trabalhadores encontrados em condições análogas às de escravo;• elaboração e implementação de sistema de audito-ria para monitoramento continuado do respeito

aos direitos trabalhistas de todos os trabalhadores que prestem serviço ao empregador, sejam eles contratados diretamente ou terceirizados; e• comprovação, no prazo de 30 dias, da adoção das medidas de saneamento e reparação necessárias sempre que constatada qualquer violação a direito de trabalhador que lhe preste serviços.

Na hipótese de descumprimento de qualquer obrigação assumida no TAC ou no acordo judicial durante o período de 2 anos contados a partir de sua inclusão na relação apartada, o empregador será imediatamente incluído na Lista Suja. O tempo que o empregador permanecer na relação apartada, no entanto, não será computado na contagem do período de permanência na Lista Suja.

A divulgação da Lista Suja estava suspensa desde dezembro de 2014, por meio de uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Ricardo Lewandowski, proferida no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5209 (ADI), que determinou, em caráter liminar, que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) se abstivesse de divulgar ao público a Lista Suja, fundamentando sua decisão na alegação de inexistência de lei formal que respaldasse a edição da Portaria Interministerial nº 2/2011 pelos ministros do Executivo.

No entanto, em 23 de maio de 2016, foi publicada a decisão do STF que cassou a medida cautelar que impedia a divulgação da Lista Suja e julgou prejudicada a ADI, por perda de objeto. Em sua decisão, a Ministra Carmen Lúcia sustentou que a norma questionada (a Portaria Interministerial nº 2/2011), já tinha sido revogada pela Portaria Interministerial nº 2/2015, e agora pela nova Portaria, as quais alteraram, substancialmente, o conteúdo das normas que levaram ao ajuizamento da ADI, impondo, assim, o reconhecimento da perda de seu objeto.

A Lista Suja será divulgada no website do MTE (www.mte.gov.br).

Este boletim apresenta um resumo de alterações legislativas ou decisões judiciais e administrativas no Brasil. Destina-se aos clientes e integrantes do Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados. Este boletim não tem por objetivo prover aconselhamento legal sobre as matérias aqui tratadas e não deve ser interpretado como tal.